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Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade

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SOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
JURÍDICOS 
Martha Luciana Scholze
Arbitragem: conceito, 
natureza jurídica 
e finalidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir o que é arbitragem.
  Explicar a natureza jurídica, a finalidade e o conceito de convenção 
arbitral.
  Analisar a Lei nº. 9.307, de 23 de setembro de 1996, os arts. 851 a 853 
do Código Civil e o compromisso arbitral.
Introdução
A arbitragem é uma forma de solução de conflitos prevista em lei que 
pode ser utilizada quando estamos diante de um impasse decorrente 
de um contrato. Para isso, as partes nomearão árbitros, que poderão ser 
qualquer pessoa maior de idade, no domínio das suas faculdades mentais, 
e que tenham a confiança das partes. Também deverão ser independentes 
e imparciais — isto é, não podem ter interesse no resultado da demanda 
nem estar vinculados a qualquer das partes. 
A arbitragem não é instituto novo no Direito brasileiro. Desde a Cons-
tituição Imperial de 1824 até a atualidade, sempre esteve presente no 
ordenamento jurídico, com a denominação de juízo arbitral ou compro-
misso. A pouca utilização da arbitragem se devia ao fato de não oferecer 
garantia jurídica e ser muito burocratizada. Atualmente, a arbitragem 
é regulamentada pela Lei nº. 9.307, de 23 de setembro de 1996, tendo 
ganhado força com o Código de Processo Civil (CPC) de 2015.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de arbitragem, entender 
a natureza jurídica, a finalidade e o conceito de convenção arbitral, bem 
como analisar a Lei da Arbitragem, junto com alguns artigos do Código Civil.
Arbitragem
A arbitragem, conforme nos ensina Cahali (2017), ao lado da jurisdição, re-
presenta uma forma heterocompositiva de solução de confl itos. Diante de um 
litígio, as partes capazes, de comum acordo ou por meio de uma convenção, 
estabelecem que um terceiro, ou um colegiado, terá poderes para solucionar 
a controvérsia, sem a intervenção estatal, sendo que a decisão terá a mesma 
efi cácia que uma sentença judicial.
Por essas razões, a arbitragem também é chamada de mecanismo privado 
de resolução de litígios, ou meio alternativo de solução de controvérsia. Esse 
dispositivo assim se denomina tendo como parâmetro a jurisdição; no entanto, 
não atua como substituto de um sistema jurídico, capaz de se desvencilhar do 
ordenamento. Na arbitragem, aplica-se o Direito Material e Processual, além 
dos princípios gerais da Constituição Federal; ou seja, é uma alternativa à 
Justiça estatal, mas que segue regras jurídicas para o julgamento. Denomina-
-se, ainda, método extrajudicial de solução de conflitos. 
Na busca pela melhor alternativa às partes, temos na arbitragem o modelo 
mais adequado para diversas situações. É o caso de conflitos complexos, que 
envolvem o aprofundamento em matérias específicas e exigem estrutura e 
dedicação, aspectos difíceis de serem obtidos no Poder Judiciário, pelas suas 
características genéricas e pelo grande volume de trabalho.
Conforme Cahali (2017), uma das mais reconhecidas vantagens da arbi-
tragem é a possibilidade, em certa medida, de escolha do julgador dentre as 
pessoas que mais inspiram confiança às partes, levando-se em consideração a 
experiência, a conduta, os conhecimentos específicos sobre a matéria, a idade, 
etc. Observe, porém, que a definição do árbitro ou do colegiado, bem como as 
regras de impedimento dos julgadores, são temas um pouco mais complexos.
Também se pode apontar como benefício do procedimento arbitral a sua 
rapidez, principalmente ao se tomar como comparativo o processo judicial. 
Enquanto a taxa de congestionamento dos tribunais aponta um prazo de-
masiadamente longo para o trânsito em julgado de uma sentença judicial, a 
Lei de Arbitragem estabelece que o procedimento arbitral deve encerrar em 
seis meses após a instituição da arbitragem, embora as partes, o árbitro e os 
regulamentos das câmaras arbitrais possam dispor de forma diversa.
Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade2
Há questões complexas que serão resolvidas pela arbitragem que podem levar um 
tempo maior para serem julgadas. Porém, mesmo com uma instrução tumultuada 
e vários incidentes no decorrer do julgamento, as estimativas realizadas entre as 
instituições que trabalham com a arbitragem demostram que o prazo é mais célere 
que o andamento processual. De qualquer forma, é necessária a fixação de um prazo 
final para a arbitragem, o que afasta o risco de o julgamento se prolongar no tempo. 
Com isso, dificilmente ocorrem situações em que o prazo é superior a um ano.
Um dos motivos para essa celeridade é o fato de que o julgamento arbitral 
se faz em única instância, ou seja, sem a possibilidade de recursos. Querendo, 
as partes podem estabelecer um julgamento colegiado, mas este acompanha 
o procedimento desde seu início e não em instância recursal. Segundo Cahali 
(2017), pressupõe-se que as partes escolheram as pessoas mais habilitadas para 
o exame daquela questão, como lhes é facultado. E, na perspectiva de terem 
os eleitos se dedicado intensamente ao estudo e à solução do conflito, não se 
justifica pensar em instância recursal.
Outro aspecto importante que devemos considerar em relação à arbitragem é 
a flexibilidade do procedimento. O método arbitral é muito pragmático. Com 
efeito, pela sua abrangência a toda e qualquer situação, as regras estabelecidas no 
Código de Processo Civil e os procedimentos cartorários no Judiciário geram a 
necessidade da prática de uma série de atos, protocolos, providências, despachos, 
inúmeras formalidades (até para a segurança do jurisdicionado). Já na arbitragem, 
o foco maior é a solução da matéria de fundo, e, assim, há maior informalidade 
nas providências para se alcançar o objetivo: solucionar a controvérsia.
Cahali (2017), na sua obra, nos apresenta mais algumas importantes van-
tagens do procedimento arbitral:
Cumprimento espontâneo das decisões. As partes estão comprometidas em 
aceitar como imperativo a sentença arbitral por elas encomendada, visto que 
elegeram o julgador por vontade própria, pela confi ança, e considerando ser 
ele conhecedor da matéria; a experiência demonstra que as partes respeitam 
a sentença arbitral e a ela se submetem voluntariamente.
Confi dencialidade. Embora não tenha na Lei da Arbitragem a exigência 
de procedimento arbitral confi dencial ou sigiloso, geralmente não só a con-
venção arbitral dispõe sobre essa reserva de publicidade, como também os 
3Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade
regulamentos das principais câmaras de arbitragem estabelecem essa regra, 
salvo se o procedimento envolver a Administração Pública. Um exemplo é 
o caso do art. 17.4 do Regulamento da Câmara de Conciliação, Mediação e 
Arbitragem CIESP/FIESP: 
O procedimento arbitral é rigorosamente sigiloso, sendo vedado aos membros 
da Câmara, aos árbitros e às próprias partes divulgar quaisquer informações 
com ele relacionadas, a que tenham acesso em decorrência de ofício ou de 
participação no referido procedimento (CÂMARA DE ARBITRAGEM, 
MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO DO CIERGS, 2018). 
Tanto as partes quanto o objeto conflituoso não serão divulgados, evitando-
-se, por exemplo, ferir a imagem da empresa ou divulgar segredos industriais 
ou, até mesmo, o valor da demanda.
Método econômico-fi nanceiro. Em um primeiro momento, os valores para se 
instaurar um procedimento arbitral poderiam desencorajar o uso do instituto, 
mas o resultado fi nal, medido a partir do custo-benefício — por exemplo, a 
confi dencialidade, a tecnicidade do árbitro ou a insegurança das decisões 
judiciais, bem como a celeridade na obtenção do resultado —, pode levar a 
outra conclusão quando comparado a um processo na Justiça estatal. Só de 
se pensar em um julgamento em instância única, sem os ônus decorrentes da 
demora e das despesas para sustentar o processo com diversos recursos, já se 
pode reconhecer a vantagem econômica.
Contudo, nem todos os litígios podem ser resolvidospela arbitragem. A 
Lei nº. 9.307/1996 estabelece limites ao objeto da arbitragem, de acordo com 
a qualidade das partes envolvidas ou a matéria em questão.
A cláusula compromissória é autônoma com relação ao contrato ou ao negócio jurídico 
a que está ligada, não o seguindo em caso de nulidade ou qualquer outra questão, de 
acordo com o art. 8 da Lei de Arbitragem. Essa autonomia tem origem no princípio 
competência-competência do juízo arbitral, o qual é competente para decidir sobre 
a sua própria competência.
Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade4
A natureza jurídica e a finalidade da arbitragem 
e o conceito de convenção arbitral
A arbitragem tem natureza jurídica pública, e a função exercida pelos ár-
bitros é também pública, por ser função de pacifi cação de confl itos, de nítido 
caráter de colaboração com o Estado na busca de seus objetivos essenciais. 
Portanto, tem-se que a natureza da arbitragem e seus requisitos são públicos, 
e não estatais. A convenção de arbitragem é a matriz desse método de solu-
ção de confl itos, ou seja, é a forma pela qual as partes exercem a sua opção 
pela jurisdição arbitral e representa o espaço de liberdade, o lugar para as 
partes contratarem livremente, nos limites da lei e de seus detalhes. Sendo 
bem delineada a convenção, há expectativa de um caminhar tranquilo para 
a solução do confl ito. Porém, se vícios ou falhas vierem a existir nessa fase, 
compromete-se a saúde da arbitragem, exigindo um tratamento de maior ou 
menor complexidade, podendo até mesmo obstar sua utilização.
Conforme Abreu (2014), quando é convencionada a arbitragem entre as 
partes, fica excluída a apreciação do litígio pelo Poder Judiciário. Essa con-
dição é conhecida como efeito negativo da convenção arbitral, o qual é 
dirigido ao Estado. Já o efeito positivo se refere às partes, as quais somente 
poderão submeter seus conflitos à jurisdição privada. Conforme Martins 
(1999), ao firmarem a cláusula compromissória, os contratantes concordam 
com a submissão de eventual conflito à justiça privada, não mais podendo 
arrepender-se ou reverter a questão, unilateralmente, à jurisdição ordinária. 
Entretanto, isso não significa dizer que, convencionada a arbitragem, as partes 
estão obrigatoriamente vinculadas a tal instituto em qualquer hipótese. 
Na legislação, há expressa referência à convenção, como gênero do qual 
são espécies a cláusula compromissória e o compromisso arbitral, conforme o 
art. 3º da Lei nº. 9.307/1996. A arbitragem somente poderá ser instituída pela 
vontade livre das partes por meio da convenção de arbitragem, conforme 
Sentença Estrangeira Contestada nº. 6.75307: 
A convenção de arbitragem é a fonte ordinária do direito processual arbitral, 
espécie destinada à solução privada dos conflitos de interesses e que tem por 
fundamento maior a autonomia da vontade das partes. Estas, espontaneamente, 
optam em submeter os litígios existentes ou que venham a surgir nas relações 
negociais à decisão de um árbitro, dispondo da jurisdição comum (BRASIL, 
2002, documento on-line). 
Com isso, veremos os conceitos de cláusula compromissória e compromisso 
arbitral, bem como as suas diferenças.
5Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade
A cláusula compromissória é a previsão em contrato de que eventuais 
conflitos dele emergentes serão resolvidos pela arbitragem. Nos contratos, 
ela é uma cláusula preventiva, sendo que as partes que contratam esperam 
que haja o cumprimento dos compromissos acertados no contrato. Caso isso 
não ocorra, o litígio ou a divergência deve ser resolvido por arbitragem, e não 
pelo judiciário. Para tanto, a Lei de Arbitragem faz exigência de que esse tipo 
de cláusula seja escrita, podendo estar inserida no próprio contrato ou em 
documento apartado que a ele se refira, sob pena de nulidade. Além disso, para 
que seja válida, conforme o art. 2º da Lei de Arbitragem, deverá ser assinada 
por pessoas capazes (arts. 1º ao 5º do Código Civil brasileiro) e apenas poderá 
prever soluções de litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Fora 
os requisitos acima apontados, a Lei não faz mais nenhuma exigência formal.
É importante ressaltar que, conforme Abreu (2014) nos ensina, havendo 
nulidade em qualquer cláusula contratual ou sendo nulo o contrato, a cláusula 
arbitral permanecerá válida, cabendo ao árbitro julgar a nulidade do contrato 
ou de suas cláusulas. O contrário também é possível: no caso de a cláusula 
arbitral ter sido pactuada de forma que seja nula, seja por não ter sido escrita, 
ou por não ter sido firmada por pessoas capazes, tal fato não tornará o contrato 
nulo ou anulável.
Por sua vez, o compromisso arbitral vem previsto no art. 9º da Lei de 
Arbitragem, para o qual o compromisso arbitral é a convenção arbitral por meio 
da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, 
podendo ser judicial ou extrajudicial (BRASIL, 1996). Diferentemente da 
cláusula arbitral, cujo único requisito específico é o de ser escrita, a Lei, além 
daqueles requisitos genéricos, previstos em seu art. 2º, prevê outros requisitos. 
O compromisso judicial deverá ser celebrado por termo nos autos, perante juízo 
ou tribunal onde tiver curso a demanda. Já o extrajudicial será celebrado por 
escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público. 
Além desses requisitos, quanto à forma de constituição do compromisso, o 
legislador também fez exigências quanto ao conteúdo do mesmo, as quais vêm 
previstas no art. 10 da mencionada Lei (BRASIL, 1996): 
  o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; 
  o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o 
caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação 
de árbitros; 
  a matéria que será objeto da arbitragem; 
  o lugar em que será proferida a sentença arbitral.
Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade6
A diferença entre o compromisso arbitral e a cláusula compromissória consiste no fato 
de que, enquanto o compromisso arbitral se destina a submeter ao juízo arbitral uma 
controvérsia concreta já surgida entre as partes, a cláusula compromissória objetiva a 
submeter ao processo arbitral apenas questões indeterminadas e futuras, que possam 
surgir no decorrer da execução do contrato, como já decidiu a Corte Especial do 
Superior Tribunal de Justiça.
São, então, dois momentos distintos, com circunstâncias e características 
próprias. Enquanto a previsão da cláusula compromissória se faz em contrato 
ou em documento próprio a ele reportado, cujo cumprimento se espera das 
partes, no compromisso o litígio já está presente, e diante dele as partes resol-
vem buscar a solução arbitral para preservar os direitos que entendem lesados. 
A cláusula pressupõe o vínculo contratual. Já o compromisso pode referir-se 
à relação conflituosa com origem em negócio ou em fato jurídico, sem ter 
sido necessariamente cogitada a arbitragem previamente ao nascimento do 
conflito. Fora isso, o compromisso arbitral exige requisitos próprios, e a Lei 
de Arbitragem sugere também elementos facultativos.
Para Cahali (2017), conforme o que contém na cláusula compromissória, 
verificado o conflito, podem surgir duas situações distintas:
1. ser prontamente instaurado o procedimento arbitral; 
2. ser necessária a formalização de um compromisso arbitral, diretamente 
entre as partes ou por meio de procedimento judicial próprio, conforme 
os arts. 6º e 7º da Lei nº. 9.307/1996.
Sob outra perspectiva, o compromisso pode ou não ser precedido de cláusula 
compromissória, conforme o caso, e, ainda, poderá ser judicial ou extrajudicial. 
Ainda, na convenção arbitral (por compromisso ou cláusula), pode-se eleger 
tanto a arbitragem institucional como a arbitragem ad hoc, tudo de acordo 
com a vontade das partes.
7Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade
É sabido que a arbitragem pode ser utilizada em disputas relacionadas a direitos 
patrimoniais por qualquerpessoa que tenha condições e esteja disposta a contratar o 
serviço, e hoje também é oferecida por startups. Exemplo disso é a Câmara Internacional 
de Arbitragem e Mediação em Tecnologia da Informação, E-commerce e Comunicação 
(CIAMTEC), que iniciou as suas atividades no Brasil. Ela funciona como um tribunal de 
arbitragem formado por profissionais especializados nas leis e no Direito aplicado à 
tecnologia da informação. A sua função é resolver conflitos que envolvem golpes 
eletrônicos, fraudes, concorrência desleal, compras coletivas, violação de privacidade 
e outros assuntos relacionados à tecnologia da informação.
A Lei nº. 9.307/1996, os arts. 851 a 853 
do Código Civil e o compromisso arbitral
O compromisso arbitral é a convenção por meio da qual as partes submetem 
à arbitragem um litígio já inaugurado. É isso que o Código Civil prevê nos 
arts. 851 a 853 (BRASIL, 2002):
  no art. 851, é admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para 
resolver litígios entre pessoas que podem contratar;
  no art. 852, é vedado compromisso para solução de questões de estado, 
de direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estri-
tamente patrimonial;
  no art. 853, admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para 
resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida 
em lei especial.
O compromisso arbitral pode ser judicial, celebrado nos termos nos autos, 
perante o juízo ou tribunal onde tem curso a demanda, ou extrajudicial, pro-
movido por meio de instrumento público ou particular, sendo, nessa última 
forma, necessariamente por documento escrito e com duas testemunhas. 
Quando realizado no curso do processo judicial, segue a forma do termo 
previsto no art. 209 do CPC, sendo necessária a assinatura das partes e dos 
respectivos patronos. Adverte-se que o advogado só poderá firmar compro-
misso em nome das partes se lhe tiverem sido outorgados poderes especiais 
e específicos para tanto.
Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade8
Com o compromisso, extingue-se o processo sem resolução de mérito. 
Subtrai-se do judiciário a análise do mérito, outorgando-se às partes a ju-
risdição privada e o poder decisório ao árbitro. Conforme Carmona (2009), 
o compromisso judicial ou extrajudicial representa negócio jurídico com 
forma prescrita em lei e, portanto, com requisitos próprios. Assim, além das 
formalidades, o art. 10 da Lei de Arbitragem traz exigências específicas para 
a validade do compromisso arbitral, conforme visto anteriormente. In verbis:
Art. 10 Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:
I — o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II — o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, 
a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros;
III — a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV — o lugar em que será proferida a sentença arbitral (BRASIL, 1996, 
documento on-line).
Sobre a natureza jurídica do compromisso arbitral, discute-se muito a 
respeito. Alguns o consideram como contrato processual, tendo como conteúdo 
o procedimento arbitral. Já outros autores enquadram o compromisso como 
um contrato complexo e composto, ou seja, uma combinação unitária de vários 
contratos elementares, concluindo que concerne mais propriamente à ação 
ou às suas modalidades de exercício, tendo os efeitos no campo do processo. 
Pode-se concluir que o compromisso arbitral tem natureza jurídica contratual, 
eis que se trata de um acordo de vontades firmado pelas partes, a fim de ver 
solucionado o conflito por meio da arbitragem, afastando a competência 
estatal para tanto.
Com relação à indicação dos árbitros, pode ser feito no compromisso, 
desde o início, mesmo se encomendada a arbitragem a uma instituição. Porém, 
nesse caso, é recomendado que a instituição eleita aceite o procedimento com 
árbitros estranhos ao seu quadro. O comum, nessas situações, é a instauração 
de um colegiado arbitral, sendo que os árbitros escolhidos pelas partes, no 
compromisso, devem definir qual será o terceiro e o presidente do painel, 
dentre aqueles integrantes da instituição indicada. E, na divergência quanto à 
escolha, esta caberá à instituição. Por outro lado, quando há a indicação direta 
do árbitro, é prudente a enumeração de outros em substituição ao primeiro 
escolhido, para a hipótese de impedimento, recusa ou qualquer outro fator 
que impeça a participação do eleito.
Quanto ao objeto da arbitragem, é relevante saber que, na latitude da 
autonomia da vontade, podem as partes limitar o quanto será tratado no 
9Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade
procedimento e o quanto seguirá no Judiciário, excluído do objeto definido 
pelas partes. Pode-se, por exemplo, em conflitos envolvendo diversas questões 
relativas a uma obra, como prazo, responsabilidade, cumprimento de diversas 
obrigações, reservar para a arbitragem matérias técnicas, como medição e 
qualidade de materiais, mantendo-se no judiciário os demais aspectos. Em 
momento apropriado, quando da instalação da arbitragem, as partes deverão 
especificar seus pedidos e divergências. Se houver dúvida, verificada a ne-
cessidade de explicitar a questão disposta na convenção de arbitragem, será 
elaborado, juntamente com as partes, um adendo firmado por todos, que 
passará a fazer parte integrante da convenção, conforme o art. 19 da Lei nº. 
9.307/1996. Se houver conflito a respeito da extensão do compromisso, cabe 
ao árbitro a decisão, na amplitude do seu poder. 
O tema da arbitragem pode ser encontrado em muitos estudos sobre o tema. Algumas 
dicas de leitura podem ser conferidas nos links abaixo.
https://goo.gl/s8JiQx
https://goo.gl/Pf62DL
A arbitragem pode ser utilizada em contratos de locação residencial ou comercial, 
contratos de compra e venda de bens em geral, cobranças de títulos vencidos empre-
sariais, contratações de serviços, conflitos trabalhistas, seguros, inventários, questões 
comerciais em geral, etc.
Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade10
ABREU, M. S. O. Da convenção de arbitragem e seus efeitos. JusBrasil, 21 out. 2014. 
Disponível em: <https://daniellixavierfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/146770849/da-
-convencao-de-arbitragem-e-seus-efeitos>. Acesso em: 18 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil, Brasília, DF, 24 set. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L9307.htm>. Acesso em: 18 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 18 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 18 jul. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Sentença Estrangeira Contestada nº. 6.75307, Tribunal 
Pleno. Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, Acórdão de 13 jun. 2002.
CAHALI, F. J. Curso de Arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
CÂMARA DE ARBITRAGEM, MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO DO CIERGS. Regulamento de 
Arbitragem da CAMERS. 2018. Disponível em: <http://cbar.org.br/site/wp-content/
uploads/2018/04/camers-arbitragem.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2018.
Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade11
CARMONA, C. A. Arbitragem e processo. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, P. A. B. Convenção de arbitragem: aspectos fundamentais da Lei de Arbitragem. 
Rio de Janeiro: Forense, 1999.
Leituras recomendadas
ALEM, F. P. Arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2009.
GRINOVER, A. P.; CINTRA, A.; DINAMARCO, C. Teoria geral do processo. 30. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014. 
GUILHERME, L. F. V. A. Distinção entre cláusula compromissória e compromissoarbitral. 
Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 58, 1 ago. 2002. Disponível em: <https://jus.com.
br/artigos/3090/distincao-entre-clausula-compromissoria-e-compromisso-arbitral>. 
Acesso em: 18 jul. 2018.
MORAIS, J. B.; SPENGLER, F. M. Mediação e arbitragem: alternativas à jurisdição. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2018.
12Arbitragem: conceito, natureza jurídica e finalidade

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