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Análise - A onda

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MARIA HORTÊNCIA DE SOUSA FREITAS DA GRAÇA
CAROLINE SAMPAIO DE ARAÚJO
MARIANA SOARES DE SOUZA
CAIRO RIBEIRO BARBOSA
ANÁLISE REFERENTE AO FILME “A ONDA”
Fortaleza – CE / 2022
ANÁLISE REFERENTE AO FILME “A ONDA”
Nas primeiras mudanças realizadas pelo Professor Rainer Wenger, os alunos são separados de seus grupos sociais (seus alicerces), formados por pessoas com as quais eles se identificam e com as quais se sentem seguros. Tal atitude gera desconforto nos jovens, antes que um novo processo de socialização se inicie. Segundo Hendi Tajfel, as relações intergrupais se dão por processos de identificação e de comparação, e por meio destes, criam-se noções de igualdade. Em pouco tempo, a Onda chega para os alunos de Wenger como uma unidade e, sem que percebam, estão seguindo as ordens de seu líder para, logo em seguida, buscarem em sala de aula a aceitação do coletivo, conferindo em seu entorno se seus colegas estão fazendo o mesmo ou se parecem aprovar aquele comportamento. Há, portanto, a comparação de pensamentos e de atitudes entre os colegas da turma, e posteriormente a identificação desses. Como resultado, ocorre a aglutinação dos pequenos grupos existentes e a formação de um maior, permitindo a aproximação de indivíduos que, embora frequentem a mesma sala, não costumavam interagir. Logo, o sentimento de união se faz presente na turma, gerando nos adolescentes uma necessidade de proteger um ao outro (os que são iguais a eles), o que, por conseguinte, fortalece a confiança no coletivo. Há o desenvolvimento de pertença porque existe, nos adolescentes da obra, uma necessidade de fazer parte de algo e de se sentir aceito (ser diferente seria algo negativo) e a Onda chega para eles como um escape para a rejeição que encontram em outros grupos sociais em que estão inseridos, como suas famílias — o que fica nítido com a fala do personagem Tim, quando este afirma não ter ninguém além do Professor Rainer e de seus colegas da Onda. Destarte, ao encontrarem no grupo os sentimentos almejados, buscam formas de reforçá-los com a criação de uma imagem: criam um nome, uma página na internet, um uniforme e uma marca. Vemos, então, outro pensamento de Tajfel se manifestar: o autoconceito é derivado da identificação e da pertença grupal. Os alunos passam a se enxergar através da Onda, do que acreditam que ela representa e dos papéis que exercem dentro dela. É relevante salientar, no entanto, que a tentativa de tornar tudo e todos iguais dentro da Onda gera a sensação de igualdade porque os indivíduos perdem sua individualidade dentro do grupo. Seus pensamentos, suas atitudes e seus dizeres são apenas reproduções dos interesses e dos pensamentos do coletivo. Os alunos que participaram da “demonstração prática” de como funciona uma ditadura, relataram por meio de redação entregue ao professor responsável pelo curioso projeto semanal, como 
eles se sentiram durante a experiência. São colocadas afirmações como “não importa agora quem é o mais bonito, mais popular, ou faz mais sucesso, “a onda” nos tornou iguais”, “pertencemos a um movimento, “a onda” deu significado à nossa vida, ideais pelos quais lutar”. Algumas cenas reforçam a ideia que eles tinham de força, união (como mencionado no início “união nos deixa mais fortes”; “disciplina é poder”), superioridade (achar que aquele grupo/movimento era o melhor), além de pouca tolerância à frustração e contrariedade. Vemos isso quando o professor busca mostrar no auditório da escola o quão intolerante e perigosa a turma se tornou em relação aos demais que discordavam de seus ideais, e por isso impôs o encerramento do projeto imediatamente (o que também não foi inicialmente aceito pelos integrantes). Em fluência às formas de coligação vislumbradas ante o filme “a onda” e os arcabouços materializados no decorrer do curso, torna-se claro que uma das fontes de rejeição apresentadas no filme é a uniformização refletida nas vestes brancas, onde os sujeitos perdem parte de sua diferenciação individual para uma maior facilidade de categorização enquanto coletivo. Uma cena que interage, fortemente, com esses ditos é o próprio estranhamento e o afastamento da personagem Karo ao não submetimento da convenção, quando tem sua voz eufemizada perante a escolha dos nomes e até mesmo é julgada como uma traidora do movimento que estava sendo instaurado. Outrossim, outra forma pungente de desenvolvimento da rejeição é expressa pela promoção de uma rivalidade ou competição entre grupos, ou seja, o filme demonstra uma segregação de ideias e condutas comportamentais entre as turmas de anarquia e autocracia. Dentro desse enfoque separatista é visualizada a promoção de uma autoestima positiva que cativa participantes do outro grupo a migrarem para o do professor, já que “a onda” naquele curto espaço de dispersão de ideias e de comportamentos é tido como um patamar mais elevado a ser alcançado (melhoramento estético ou superficial do semblante e das vísceras do endogrupo para o exogrupo). Ademais, é perceptível quando evocamos os saberes acumulados durante o semestre de que o favoritismo do coletivo apresentado no filme valida-se pelo paradigma do grupo mínimo, implicando em dizer que embora não emerjam quaisquer estímulos discriminativos frente ao grupo exterior, ainda nasceram conflitos intergrupais como forma de assegurar a bonança e o bem-estar do grupo, para além das percepções assimétricas presentes. Acrescentando um pouco mais ao que já foi dito, os próprios processos de categorização podem gerar um somatório de conhecimentos que passam a 
ser entendidos como inibidores de fraqueza, favorecendo uma pertença ainda maior ao grupo; localizando os dizeres com o filme, pois em certo trecho o personagem Tim estava em apuros e os seus colegas de classe, integrantes da “onda”, manifestam timbres acentuados de proteção para com ele, sendo assim executada uma adesão ainda mais radical por parte do intérprete. Adicionalmente, um relevante indicador de favoritismo grupal é patrocinado pela dissonância cognitiva, dado que o sujeito elege compreensões precipitadas que atendam suas direções. Isto é iluminado, no filme, quando um coadjuvante é surpreendido com a negação de uma casquinha de sorvete (criação de preconceitos subliminares defronte a um senso de superioridade ilusório). Os processos de favoritismo e a valorização de pertencimento ao grupo dos integrantes da “onda” ocasionaram o preconceito e a discriminação dos indivíduos que não faziam parte do grupo de autocracia, uma vez que a dissociação de ideias entre os anarquistas e autocratas contribuíam para as rivalidades e a violência entre as turmas. Ademais, a criação de regras e características próprias promoviam a exclusão de outros alunos, em contrapartida, o sentimento de reconhecimento e pertença grupal oriundo do personagem Tim, que ao vivenciar negligências e conflitos familiares, encontra na “onda” o seu grande propósito e entrega-se ao projeto vorazmente. Contudo, as experiências e comportamentos ditatoriais produzem relações de preconceito, discriminação e violência, além de desencadear a morte de um dos colegas de turma e o suicídio de Tim, que se sentiu completamente desamparado com o encerramento da “onda”, que era seu lugar de aceitação.

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