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Orelha - Caldas Neto, cap.14 e Moore, cap.7 Embriologia Pavilhão Auricular - Se desenvolve a partir de proliferações mesenquimais do 1º e 2º arcos faríngeos que circundam o 1º sulco faríngeo. - O lóbulo é a última parte da aurícula a se desenvolver. - Apresenta a estrutura adulta na 22º semana, embora não alcance o seu tamanho adulto até os 9 anos de idade. Meato Acústico Externo - Desenvolve-se a partir da parte dorsal do 1º sulco faríngeo . Durante a 8º semana de gestação, o ectoderma superficial na região da extremidade superior do primeiro sulco faríngeo (dorsal) torna-se mais espesso e, por volta da 21º semana tem início a reabsorção desse núcleo, tornando-se oco para formar um canal, que vem a ser completada na 28º semana, porém, a sua ossificação só será finalizada por volta dos 3 anos de idade, e o tamanho adulto é alcançado aos 9 anos. Membrana Timpânica - Na 28º semana a MT é formada pela união do MAE com a TA. - O desenvolvimento da membrana timpânica envolve a participação dos 3 folhetos : Ectoderma (do 1º sulco faríngeo), Mesoderma (do 1º e 2º arcos faríngeos) e Endoderma (do recesso tubotimpânico). O músculo tensor do tímpano, preso ao martelo, se origina do mesênquima do primeiro arco faríngeo e é inervado pelo NC V. Já o músculo estapédio é originado do segundo arco faríngeo e é suprido pelo NC VII. Ossículos - Martelo e Bigorna: aparecem como uma massa única derivada da cartilagem do 1º arco faríngeo ( cartilagem de Meckel ) e, por volta da 8º semana, se separam com a formação da articulação maleoloincudal. - Estribo: originado pela cartilagem do 2º arco faríngeo ( cartilagem de Reichert ). Orelha Interna - É a primeira das 3 partes da orelha a se desenvolver. - A partir da 4º semana ocorre a formação da vesícula ótica, a qual originará o primórdio do labirinto membranáceo. - A vesícula ótica é dividida em parte utricular dorsal, que dá origem ao utrículo, aos ductos semicirculares e ao ducto endolinfático, e uma parte sacular ventral, que dá origem ao sáculo e ao ducto coclear. Orelha Externa A orelha externa, é formada pela orelha ou pavilhão auricular (fixada lateralmente à cabeça), responsável pela captação do som, e por um canal ou conduto, denominado meato acústico externo (MAE) , que se estende da orelha para o interior do órgão até alcançar uma parede de natureza membranácea, a membrana timpânica (MT), que determina o limite entre a orelha externa e média. Pavilhão Auricular Estruturalmente, a orelha é constituída por uma fina placa de cartilagem elástica coberta por uma membrana conjuntiva, denominada pericôndrio, sobre o qual se dispõe uma camada fina de tecido fibroso e a pele. Sua principal função é conduzir as ondas sonoras para o meato acústico externo. MAE O MAE é um tubo cheio de ar pelo qual as ondas sonoras devem passar para atingir a orelha média e, estruturalmente, consiste em um terço lateral cartilagíneo e dois terços mediais ósseos. No tecido subcutâneo da porção cartilaginosa do meato, são encontradas glândulas sebáceas, ceruminosas e folículos pilosos . As glândulas ceruminosas são túbulos simples e enovelados que produzem a cera do ouvido ou cerume, uma secreção que evita a entrada de pequenos corpos estranhos e também protege o revestimento do meato de possível maceração pela retenção de água , assim, ajuda a preservar a integridade do MAE e reduzir as possibilidades de infecções . ! Otite externa (orelha de nadador): inflamação dos folículos pilosos ou das glândulas produtoras de cerume. Membrana Timpânica Camada muito fina que representa o limite entre a orelha externa e média que tem como papel funcional de vibrar quando a energia sonora incide sobre ela, porém, essa vibração não é simétrica e a amplitude da sua oscilação é maior na periferia do que no centro. Subdivide-se em uma parte flácida , que é fina, frouxa e está diretamente aderida à incisura timpânica do osso timpânico e, por isso, é comumente perfurada , e uma parte tensa , que está firmemente distendida e situada inferiormente às pregas ou ligamentos maleares. A MT viva e normal apresenta cor pérola acinzentada e reflete um "cone de luz" (reflexo luminoso) no quadrante anteroinferior, usualmente chamado "cone luminoso”. Para se localizar as estruturas internas da cavidade timpânica costuma-se dividir a MT em quadrantes : I anterossuperior; II anteroinferior; Ill posteroinferior e IV posterossuperior, sendo esses determinados por um eixo que passa pela estria malear e por outro perpendicular a este, cuja intersecção é no umbigo do tímpano. Orelha Média A orelha média consiste em uma pequena câmara pneumática na parte petrosa do osso temporal, denominada cavidade timpânica (CT). A orelha média é a parte do órgão incumbida de executar a transmissão e amplificação do som , além da proteção da orelha interna contra sons muito intensos. ! Caso haja uma lesão mecânica da orelha média por objeto pontiagudo, devemos nos preocupar com um possível acometimento do nervo corda do tímpano ( ramo do n.facial ). Cavidade Timpânica A cavidade tem duas partes: a cavidade timpânica propriamente dita, o espaço diretamente interno à membrana timpânica, e o recesso epitimpânico , o espaço superior à membrana. A cavidade timpânica está unida à parte nasal da faringe pela tuba auditiva e na parte posterossuperior às células mastóideas através do antro mastóideo. Paredes da CT - Parede tegmental (teto): tegme timpânico, lâmina fina de osso que separa a cavidade timpânica da dura-máter . - Parede jugular (assoalho): lâmina de osso separando a cavidade timpânica da veia jugular interna. - Parede membranácea (lateral): formada pela convexidade da membrana timpânica e pela parede lateral do recesso epitimpânico. - Parede labiríntica (medial): separa a cavidade timpânica da orelha interna . - Parede mastoidea (posterior): possui uma abertura, ádito ao antro mastoideo , que une a cavidade timpânica às células mastoideas. - Parede carótica (anterior): separa a cavidade timpânica do canal carótico, tem a abertura da tuba auditiva e o canal para o músculo tensor do tímpano. Tuba Auditiva A tuba auditiva une a cavidade timpânica à parte nasal da faringe e tem como função igualar a pressão da orelha média à pressão atmosférica. Essa tuba permite a entrada e a saída de ar da cavidade timpânica, equilibrando a pressão nos dois lados da membrana por meio da ação do músculo levantador do véu palatino e do músculo tensor do véu palatino . Como esses são músculos do palato mole , a equalização da pressão está comumente associada a atividades como bocejar e deglutir . ! Casos de infecção nasal podem comumente ocasionar otite devido a relação do nariz com a tuba auditiva. Mucosa A membrana mucosa da CT e da cavidade mastóidea é contínua com a da faringe através da TA . As secreções produzidas pelas células caliciformes da mucosa resultam num muco, considerado um sistema de defesa da orelha média pelo qual chegam os vasos que nutrem os ossículos . Ossículos da Audição Os ossículos da audição formam uma cadeia articulada suspensa na CT, responsável (juntamente com aMT) pela condução das ondas sonoras da orelha externa para a interna. Os ossículos da audição aumentam a força, mas diminuem a amplitude das vibrações transmitidas da membrana timpânica para a orelha interna. Martelo É o primeiro e o maior ossículo da cadeia, atua como uma alavanca com o colo situando-se contra contra a parte flácida e com a extremidade do cabo no umbigo da membrana timpânica, assim, o martelo move-se com a membrana . O martelo é sustentado pela sua fixação na MT, pelo músculo tensor do tímpano, pelos ligamentos próprios e pela articulação com a bigorna. Bigorna Está localizada entre o martelo e o estribo e articula-se com eles. O corpo grande situa-se no recesso epitimpânico , onde se articula com a cabeça do martelo, e o ramo longo situa-se paralelo ao cabo do martelo, e sua extremidade interna articula-se com o estribo através do processo lenticular. Estribo É o menor dos ossículos, sua cabeça articula-se com a bigorna e a base, encaixa-se na janela do vestíbulo na parede medial da cavidade timpânica. ! Sistema de Alavanca : a vibração que chega à membrana timpânica é transmitida para o martelo, a bigorna e o estribo, que se move para frente e para trás gerando vibrações na janela oval . Estruturas da Cavidade Timpânica Articulações As articulações ossiculares são articulações verdadeiras ou sinoviais, sendo elas: - articulação incudomalear: junção do tipo selar entre os ossículos martelo e bigorna. - articulação incudoestapedial: junção do tipo esferóide entre o processo lenticular da bigorna e a fóvea da cabeça do estribo. - articulação timpanoestapedial: junção do tipo sindesmose entre a base do estribo e a janela vestibular, sendo essa articulação comumente acometida na otosclerose . ! Otosclerose é uma doença hereditária e degenerativa durante a formação do estribo (2º arco faríngeo) que leva à fixação desse osso (originalmente móvel), ocasionando uma surdez de condução congênita . Músculos - Músculo Tensor do Tímpano: se insere no cabo do martelo e o puxa medialmente, tensionando a membrana timpânica e reduzindo a amplitude de suas oscilações no intuito de evitar lesão da orelha interna quando exposta a sons altos. É inervado pelo nervo mandibular . - Músculo Estapédio: se insere no colo do estribo e o traciona posteriormente, inclinando sua base na janela do vestíbulo, tensionando o ligamento anular e reduzindo a amplitude oscilatória a fim de impedir o movimento excessivo deste ossículo. É inervado pelo nervo facial. Orelha Interna Responsável por transmitir as vibrações mecânicas à endolinfa do labirinto membranoso e, consequentemente, converter essas vibrações em impulsos elétricos para transdução sensorial nas células pilosas. A orelha interna (labirinto) é composta por duas partes, uma dentro da outra: - O labirinto ósseo é uma série de canais na porção petrosa do osso temporal preenchido por perilinfa , um líquido que tem uma concentração relativamente baixa de K+. Dentro desses canais ósseos, circundado pela perilinfa, está o labirinto membranoso. - O labirinto membranoso replica a forma dos canais ósseos e é preenchido pela endolinfa , um líquido rico em K+. Labirinto Ósseo O labirinto ósseo é circundado pelo osso compacto da cápsula ótica e contém um líquido, a perilinfa , que envolve todo o labirinto membranáceo. O labirinto tem três componentes: a cóclea (contendo receptores para a audição), os canais semicirculares (contendo receptores que respondem à rotação da cabeça) e os órgãos otolíticos (que contêm receptores que respondem à gravidade e à inclinação da cabeça). Vestíbulo É uma pequena câmara oval que contém o utrículo, sáculo e partes do aparelho do equilíbrio (labirinto vestibular), além da janela do vestíbulo em sua parede lateral, ocupada pela base do estribo. O vestíbulo é contínuo com a cóclea óssea anteriormente, os canais semicirculares posteriormente e a fossa posterior do crânio pelo aqueduto do vestíbulo , que estende-se até a face posterior da parte petrosa do temporal e se abre ao meato acústico interno, atuando também como passagem ao ducto endolinfático . Canais Semicirculares Os canais semicirculares (anterior, posterior e lateral) comunicam-se com o vestíbulo do labirinto ósseo, sendo ocupados pelos ductos semicirculares do labirinto membranáceo e pela perilinfa circulante no labirinto ósseo. Cóclea A cóclea é um sistema de tubos espiralados que contém o ducto coclear , a parte da orelha interna associada à audição . Apresenta um centro cônico de osso esponjoso em torno do qual o canal espiral da cóclea faz a volta, o modíolo , que contém canais para os vasos sanguíneos e para distribuição dos ramos do nervo coclear. A cóclea pode ser dividida funcionalmente em rampa vestibular (perilinfa), rampa média (endolinfa) e rampa timpânica (perilinfa). As rampas vestibular e média são separadas pela membrana de Reissner , e as rampas timpânica e média são separadas pela membrana basilar , que tem em sua superfície o órgão de Corti . As rampas vestibular e timpânica contém perilinfa e comunicam-se no ápice da cóclea por uma pequena abertura chamada de helicotrema , contudo, a rampa média (câmara coclear do meio) é contínua com o labirinto membranoso e não se comunica com as outras duas escalas. O órgão de Corti, na membrana basilar , se estende do ápice à base da cóclea (formato espiral) e contém os receptores auditivos altamente especializados ( células ciliadas ), cujos processos perfuram a dura lâmina reticular. As células ciliadas estão dispostas em quatro fileiras: três fileiras de células ciliadas externas, laterais ao túnel formado pelos bastonetes de Corti, e uma fileira de células ciliadas internas, mediais ao túnel. Além disso, cobrindo as fileiras de células ciliadas externas há uma membrana tectorial em que a ponta dos cílios dessas células estão embutidas. As células ciliadas internas estimulam as fibras nervosas que vão para o gânglio espiral de Corti , no modíolo, e, assim, as células desse gânglio emitem axônios para o nervo coclear. Labirinto Membranáceo Consiste em um conjunto de vesículas e ductos preenchidos por um líquido claro, a endolinfa . Esse conjunto está em sua maior parte circundado pelo espaço perilinfático e sustentado por tecido conjuntivo, estando ambos dentro do chamado labirinto ósseo. As partes fundamentais do labirinto membranáceo são: utrículo, sáculo, ducto e saco endolinfáticos, três ductos semicirculares e ducto coclear. As várias partes desse labirinto formam um sistema fechado de condutos que comunicam entre si , assim, os ductos semicirculares abrem-se no utrículo e este se continua com o sáculo através do ducto utriculossacular, que também se liga ao ducto endolinfático, que se estende até o saco endolinfático. O sáculo une-se ao fundo de saco (cecum vestibular) do ducto coclear pelo ducto de reunião (ductus reuniens). Líquidos da Orelha Interna Perilinfa É um típico fluido extracelular, cuja composição iônica assemelha-se ao plasma, tendo como principal íon o Na . A perilinfa contribuipara a transmissão das ondas sonoras , geradas pelo movimento do estribo na janela oval, permitindo que ocorra uma deflexão da membrana basilar e do órgão de Corti e, consequentemente, gerando impulsos nervosos elétricos para serem interpretados pelo SN. A perilinfa está presente na rampa vestibular e na rampa timpânica , porém, a sua composição na escala vestibular é diferente daquela da escala timpânica, uma vez que na escala vestibular , o nível de potássio (K+) é significativamente alto e o nível de Na+ um pouco mais baixo. Endolinfa A endolinfa, ou líquido ótico, preenche todas as partes do labirinto membranáceo e tem em sua composição baixas concentrações de Na+ e altíssima concentração de K+ , além de manter uma voltagem positiva com relação à perilinfa, denominado de potencial endococlear . Sua composição contribui para despolarização das células ciliadas do Órgão de Corti (alto nível de K), além do seu baixo nível de cálcio e do potencial endococlear, extremamente importantes para o funcionamento normal da cóclea. Admite-se que a endolinfa é um produto das células e dos capilares da estria vascular , na parte externa da rampa média . Triagem Auditiva Neonatal A TAN deve ser realizada, preferencialmente, nos primeiros dias de vida (24h a 48h) na maternidade e, no máximo, até o 3º mês de vida , a não ser em casos quando a saúde da criança não permita a realização dos exames. - Teste da Orelhinha: para os neonatos e lactentes sem indicador de risco , utiliza-se o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE). As emissões otoacústicas evocadas são uma resposta a um estímulo acústico e depende de propriedades ativas da cóclea , podendo ser captado por um microfone acoplado a uma sonda colocada no conduto auditivo externo. Caso não se obtenha resposta satisfatória (falha), repetir o teste de EOAE, ainda nesta etapa de teste e, caso a falha persista , realizar de imediato o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (BERA). - BERA: procedimento que possui a finalidade de avaliar a atividade elétrica que ocorre em todo o sistema auditivo, desde a orelha interna até o córtex cerebral . O exame avalia o nervo auditivo, a cóclea e o tronco encefálico baixo e alto, permitindo identificar uma possível perda auditiva em maior ou menor grau. Fatores de Risco - Peso inferior a 1,5kg (prematuro) e permanência em UTI. - Medicações ototóxicas (aminoglicosídeos). - História familiar de perda auditiva precoce. - Alcoolismo e drogas psicotrópicas na gestação.
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