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-Estado clínico resultante da ação inapropriadamente elevada dos hormônios tireoidianos nos tecidos -Doença de Graves representa a etiologia mais comum de hipertireoidismo (80% dos casos) -A Doença de Graves tem prevalência de 0,4 a 1% da população, mais comum em mulheres da 2ª a 4ª década de vida e se associa a outras doenças autoimunes Taquicardia Nervosismo Palpitações Bócio Sudorese Fadiga Alterações cutâneas Hipersensibilidade ao calor Alterações oftalmológicas Tremores Sopro na tireoide Dispneia Perda de peso Esplenomegalia Ginecomastia Ritmo cardíaco irregular Aumento do apetite Edema de membros inferiores Eritema palmar Fraqueza Hiperdefecção Queixas oculares Diarreia Anorexia -Na Doença de Graves o bócio é difuso, sendo observado em 90% dos pacientes -Pode ser assimétrico ou lobular ou com volume variável -Frêmito e sopro sobre glândula são exclusivos da doença de Graves -Hipertireoidismo + bócio = doença de Graves (até que se prove o contrário) -Em idosos, tende a ser pequeno Leucopenia (comum) Redução do colesterol total Hipercalcemia e hipercalciúria (ocasionais) Elevação de transaminases Hiperbilirrubinemia (casos mais graves) -Diagnóstico de doença de Graves eutireoidea -Diagnóstico de hipertireoidismo apatético -Distinção entre doença de Graves e tireoidite pós-parto ou tireoidite subaguda linfocítica -Avaliação de risco de recidiva de hipertireoidismo após suspensão do tratamento com tionamidas -Gestantes com doença de Graves, mesmo que controlada (para predizer o risco de hipertireoidismo fetal) Observado em pacientes idosos, em que não há os sintomas de hiperatividade adrenérgica (agitação, nervosismo), mas sim astenia intensa, fraqueza muscular, prostração ou depressão grave Associada à RAIU normal ou elevada Associada à RAIU diminuída Doença de Graves Tireoidite subaguda linfocíti- ca (indolor) Adenoma tóxico Tireoidite aguda granuloma- tosa de DeQuervain: dolorosa Bócio multinodular tóxico Tireoidite induzida por amio- darona (tipo 2) Tireoidite induzida por amio- darona (tipo 1) Teratoma ovariano (Struma ovarii) Tireotropinoma (tumor hipo- fisário secretor de TSH) Tireotoxicose factícia (inges- ta excessiva de T3 ou T4) Resistência hipofisária a T3 e a T4 Metástase funcionante de carcinoma folicular Doença trofoblástica (mola hidatiforme ou coriocarcino- ma) Efeito Jod-Basedow (hiper- tireoidismo induzido por excesso de iodo) Carcinoma folicular RAIU: cintilografia com iodo radioativo -Para controle dos sintomas adrenérgicos -Propanolol: dose de 10-40 mg, VO, de 8/8h a 6/6h; B- bloqueador não seletivo e com longa experiência; escolha em mulheres em amamentação e gestantes; pode bloquear a conversão de T4 a T3 em altas doses -Atenolol: dose de 25-100 mg, VO, 1x/dia ou de 12/12h; B- bloqueador seletivo, maior aderência pela posologia, evitar durante gestação -Metoprolol: 25-50 mg, VO, de 6/6h, mas disponível em apresentação com uma dose ao dia; B-bloqueador seletivo -Respondem ao B-bloqueador: taquicardia, tremor, sintomas mentais, retração palpebral, intolerância ao calor e sudorese, diarreia, miopatia proximal -Não respondem ao B-bloqueador: consumo de O2, exoftalmia, bócio, sopros, concentrações circulantes de T4 e perda de peso -Também está indicado o propranolol na tempestade tireotóxica, pois reduz rapidamente a frequência cardíaca (2- 3h após a administração via oral e minutos após via endovenosa) -Alternativa: nos pacientes com contraindicação ao B- bloqueador, é possível utilizar BCCs para controle de taquicardia (Diltiazem 60 mg VO 12/12h ou 180-240 mg 1x/dia) -Estão indicadas na terapia primária em pacientes com melhor chance de remissão (sexo feminino, idade < 40 anos, doença leve, bócios pequenos, TRAb baixo), em oftalmopatia moderada a grave, em pacientes com cirurgia ou irradiação cervical prévias, e para controle em pacientes idosos, com comorbidades ou muito descompensados, antes de se realizar terapia com iodo ou cirurgia. -Geralmente prefere-se o MMI ao PTU devido à maior meia- vida, posologia mais adequada, maior taxa de sucesso e tempo de resposta mais rápido -Apenas na tempestade tireoidiana, na reação alérgica à substância do MMI e no primeiro trimestre da gestação prefere-se o PTU -Metimazol (MMI): inicial: 20-40 mg VO 1x/dia (se a dose for 40 mg pode ser dividida em 2x/dia); quando atingir estado eutireoideo: 5-10 mg VO 1x/dia -Propiltiouracil (PTU): inicial: 50-150 mg VO de 8/8h; quando atingir estado eutireoideo: 50-100 mg de 12/12h ou 8/8h -Proporção MMI/PTU : 1/20 (em caso de necessidade de mudança da medicação) -OBS: o bócio nodular tóxico raramente sofre remissão com o tratamento ou com drogas antitireoidianas; essas são utilizadas apenas no preparo para o tratamento cirúrgico ou com I131 -Contraindicações: não iniciar as tionamidas se neutropenia (<1000) ou se elevação das transaminases > 5x o valor da normalidade Seguimento após tionamidas -Reavaliação do T3 total e T4 livre a cada 4-6 semanas: se eutireoideo, reduzir gradualmente a tionamida (30-50%) por vez até que se obtenha a menor dose possível para níveis eutireoidianos. A partir daí, as consultas passam a ser trimestrais. Suspender a tionamida após 12-18 meses de uso. Tireotoxicose Dosar TSH, T4l e T3 TSH diminuído, T4l aumentado com oftalmopatia e com bócio Doença de Graves sem oftalmopatia e com bócio avaliar captação no RAIU Alta Doença de Graves Bócio Nodular Tóxico Baixa com bócio: TSA granulomatosa dolorosa, TSA linfocítica indolor, fase aguda de tireoidite de Hashimoto; doença de Graves ou BNT em paciente que ingeriu iodo ou medicação rica em iodo; AIT Sem bócio: tireotoxicose factícia, struma ovarii, metástase funcionante de CA folicular, AIT sem oftalmopatia e sem bócio avaliar captação no RAIU TSH aumentado e T4l aumentado Tireotropinoma hipofisário ou resistência a T3 e T4 -Não há utilidade no uso de TSH nos primeiros meses de tratamento com tionamidas, pois ele permanece suprimido por mais tempo -Remissão: níveis séricos de TSH e T4l normais por 1 ano após a descontinuação da tionamidas (a taxa de remissão não melhora com o tratamento por > ou = 18 meses) -Objetiva controlar o hipertireoidismo, levando ao eutireoidismo ou hipotireodismo (na maioria das vezes) -Administração: VO em soluções ou cápsulas -Indicação: como terapia inicial ou como terapia definitiva de 2ª linha nos casos de recidiva após uso das tionamidas ou de efeitos colaterais a elas -Preparação: realizar teste de gravidez 48 h antes do I131; em casos de uso de MMI, suspender de 5 a 7 dias antes em todos, e retomar 3 a 7 dias depois apenas nos casos graves ou em pacientes com comorbidades importantes -Posologia: a dose inicial é controversa (maioria prefere doses fixas de 10 a 15 mCi); a recomendação mais aceita é uma única dose suficiente para promover o hipotireoidismo (até 40% dos pacientes podem requerer mais de uma dose) -Eficácia: A maioria dos pacientes responde com normalização dos testes de função tireoidiana e dos sintomas no período de 4-8 semanas; a transição para hipotireoidismo ocorre mais comumente entre 2-6 meses na DG -Complicações: hipotireoidismo, tireoidite actínica ou de radiação (transitória), exacerbação da oftalmopatia (principalmente em tabagistas), crise tireotóxica (rara) -Seguimento: Considerar nova administração de persistência dos sintomas após 6 meses ou resposta mínima ao tratamento após 3 meses. Se em uso de tionamidas, deve-se suspender após 2 meses se a função tireoidiana estiver normal -Contraindicações: gestantes ou lactantes (amamentação proibida por 2 meses após iodo); planejamento de ter filhos nos próximos 4- 6 meses (tanto homem quanto mulher); demências ou impossibilidade de tomar terapia oral sem cuspir (motivo de saúde pública) -Indicações: refratariedade às tionamidase que recusem o I131, doenças com bócios volumosos (> ou = 80 g) ou sintomas compressivos que não respondem à tionamidas, nódulos grandes (especialmente > 4 cm), suspeita de neoplasia tireoidiana, desejo de engravidar precocemente, casos com hiperparatireoidismo acentuado, 2º opção em crianças e adolescentes não responsivos ou com recidivas após tionamidas -Complicações: hipocalcemia (transitória ou permanente, configurando o hipoparatireoidismo), lesão dos nervos laringorecorrentes ou laríngeo superior, sangramento, crise tireotóxica peri ou pós-operatória (raro), hipotireoidismo franco (tardia) -OBS: no caso de tireoidectomia total, iniciar reposição com levotiroxina 1,7 mcg/kg e avaliar TSH após 6 a 8 semanas Apesar de ser uma doença autoimune órgão-específica, a DG cursa com manifestações ou complicações sistêmicas, tanto autoimunes quanto decorrentes do excesso de hormônios tireoidianos. Nervosismo Queixas oculares Sudorese excessiva Edema de membros inferiores Intolerância ao calor Hiperdefecação (sem diarreia) Palpitação Diarreia Fadiga Distúrbios menstruais Perda de peso Anorexia Dispneia Constipação intestinal Fraqueza Ganho ponderal Aumento do apetite Alterações oculares Taquicardia Fibrilação atrial Bócio Esplenomegalia Tremor nas mãos Ginecomastia Pele quente e úmida Eritema palmar Sopro sobre a tireoide -O hipotireoidismo pode preceder, suceder ou ser concomitante -Oftalmopatia transitória ou permanente sem hipertireoidismo: Graves EuTireoideo -Na DG, 50% dos pacientes tem oftalmopatia clinicamente evidente -Edema periorbital e exoftalmia praticamente confirma DG CLÍNICA -Homens idosos e fumantes têm maior risco de desenvolver oftalmopatia grave -Exoftalmia da DG geralmente é bilateral, mas pode ser unilateral Comum Raro Grave Retração palpebral Diplopia Defeitos nos campos visuais Olhar fixo e assustado Oftalmoplegia Perda da visão Lid laid (retardo na descida da pálpebra superior, quando o globo ocular é movido para baixo) Ptose palpebral Distúrbio da visão em cores Disfunção de nervo óptico (compressão ou isquemia) TRATAMENTO -Sintomas leves: protetor ocular, lágrimas artificiais e elevação da cabeceira -Sintomas moderados: Prednisona 30 mg VO 1x/dia por 4 semanas; opções: radiação externa ou pulsoterapia com tireoide -Sintomas graves: cirurgia descompressiva – -Espessamento da pele, na área pré-tibial, devido ao acúmulo de glicosaminoglicanos -Placas na pele em aspecto de casca de laranja e coloração violácea -Envolve toda a parte inferior da perna, podendo se estender até os pés -O mixedema pré-tibial é da DG -Acomete 5-10% dos pacientes -Quase sempre está associado à oftalmopatia infiltrativa e a níveis elevados do TRAb -Excepcionalmente, é vista em pacientes eutireoideos com doença de Graves ou tireoidite de Hashimoto -Deve ser tratada em conjunto com endocrinologista, oftalmologista e dermatologista -Pode necessitar de corticoide, irradiação orbital e cirurgia -AIT Tipo 1: ocorre no bócio nodular ou na DG, uma forma de hipertireoidismo induzido pelo iodo (pelo alto teor de iodo na amiodarona) -AIT Tipo 2: tireoidite destrutiva (lesão direta das células foliculares) -A distinção entre os tipos 1 e 2 nem sempre é clara, podendo alguns pacientes ter ambos os tipos -A decisão de suspender a amiodarona deve ser individualizada e vai depender das manifestações clínicas e da presença ou não de terapia antiarrítmica alternativa efetiva -AIT tipo 1: Tapazol 40 mg/dia até atingir eutireoidismo (em 3 a 6 meses) -AIT tipo 2: Prednisona 40 mg, 1x/dia, por 2 a 4 semanas, com redução gradual em 2 a 3 meses, baseando-se na resposta clínica Referências: Oliveira, C. Q., Souza, M. M. C. Yellowbook: fluxos e condutas – Ambulatório saúde da família e condutas do dia a dia. Sanar: 1ª edição, 2020
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