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UNIDADE 2 - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS (1)

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DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
1. INTERVENÇÃO VOLUNTÁRIA DE TERCEIRO 
 
1.1. Regra geral: no processo civil, a intervenção de terceiros é regida pelo princípio 
segundo o qual a intervenção em processo alheio só é possível mediante expressa 
permissão legal. 
 
1.2. Classificação: 
 
a. De acordo com a iniciativa do terceiro: intervenção voluntária ou espontânea e, a 
obrigatória ou provocada; 
 
b. Conforme a inserção do terceiro na relação processual existente: em assistência, 
nomeação à autoria, chamamento ao processo; 
 
c. Quanto à formulação de nova relação jurídica processual no mesmo processo: em 
oposição e denunciação da lide. 
Obs: como as normas do processo civil em regra são cogentes é o próprio CPC, quem 
determina qual a modalidade de intervenção aplicável a cada caso concreto; 
 Entre os casos de intervenção voluntária temos: a assistência simples; a assistência 
litisconsorcial; a oposição e, o recurso do terceiro prejudicado. Aqui o terceiro 
intervém voluntariamente por que possui interesse jurídico – e não meramente 
econômico – na causa. 
 
 Entre os casos de intervenção forçada temos: a denunciação à lide; o chamamento ao 
processo e a nomeação à autoria. Aqui o terceiro interveem, porque o juiz, a 
requerimento da parte e, em alguns casos somente, após a concordância do terceiro, 
passará a integrar à lide. 
 
A. ASSISTÊNCIA. (artigo 50 do CPC) 
 
 Na assistência temos a intervenção de terceiro no processo com o intuito de auxiliar 
uma das partes, seja o autor ou o réu, em razão da existência de interesse jurídico na 
vitória da parte assistida. 
Athos de Gusmão Carneiro define que “a assistência é uma forma de 
intervenção espontânea, que não ocorre por ação, mas por inserção 
do terceiro na relação processual pendente. 
 
 
 A assistência é cabível em qualquer causa pendente em quaisquer dos tipos de 
procedimento e em todos os graus de jurisdição. Cabe assistência no processo de 
conhecimento, sob o rito ordinário ou sumário, ou sob procedimentos especiais, assim 
como o procedimento cautelar. 
 
 Divergência doutrinária do cabimento da assistência: 
 
1ª corrente: Nelson Nery e Celso Agrícola Barbi defendem a assistência em qualquer 
processo de conhecimento, de execução e cautelar, defendendo inclusive sua 
aplicação em procedimentos de jurisdição voluntária caso a decisão reflita sobre 
terceiro. 
 
2ª corrente: Athos de Gusmão e Alexandre Câmara defendem que a assistência é 
cabível no processo de conhecimento e no processo cautelar, mas não no processo de 
execução propriamente dito, por não haver na execução sentença favorável a uma das 
partes a ensejar o interesse do assistente, salvo no processo incidental de embargos 
(cuja natureza é de cognição) e no procedimento de liquidação de sentença. 
 
3ª corrente: a assistência só é cabível no processo de conhecimento, porque, tanto no 
processo de execução como no processo cautelar não existiria sentença de mérito, 
razão pela qual seria incabível a assistência. 
 
Entendimento mais aceito entre os doutrinadores é o exposto pelo 2ª corrente, que 
admite sentença de mérito na execução apenas nos caso de embargos e liquidação 
de sentença. 
 
a.1. Assistência Simples: haverá assistência simples quando o assistente tiver interesse 
jurídico indireto na relação processual. 
 
Síntese: na assistência simples, a relação jurídica material da qual o assistente é sujeito 
não é objeto do processo, mas sobre ela poderá produzir reflexos a sentença. 
 
EX: Intervenção do sublocatário no processo de despejo em que figura como réu o 
locatário-sublocador. 
 
a.2. Assistência Litisconsorcial: ocorre quando o interesse for direto, ou seja, quando 
o terceiro estiver juridicamente vinculado ao adversário do assistido. 
 
O assistente participa da própria relação jurídica material debatida no processo, de 
modo mais evidente do que na assistência simples, pois é diretamente afetado pela 
sentença. Embora o assistente não seja parte no processo, a sentença ali proferida irá 
afetar diretamente a relação jurídica de direito material entre ELE – ASSISTENTE e o 
ADVERSÁRIO DO ASSISTIDO. 
 
Ex: Ação de cobrança de valores inadimplentes. O assistente litisconsorcial do autor, p. 
ex. pode ser dele um credor, tendo interesse que o mesmo ganhe o processo em face 
do réu, que lhe pagará o devido nos autos. Recebendo o autor os valores, o assistente 
poderá receber o autor que lhe é devido. – tem interesse direto na procedência da 
ação. Se o autor perder, a decisão em favor do réu prejudicará o assistente. 
 
 
Efeitos: 
 
 Assistência Simples: 
 
a. caso o assistido desista da ação, cessa automaticamente a assistência; 
b. se o assistido não recorrer ou desistir de alguma prova, não poderá o assistente 
recorrer ou produzir a prova; 
c. o assistente é mero coadjuvante de uma das partes da demanda, não podendo 
agir contra os interesses do assistido, salvo se for revel, hipóteses em que poderá 
oferecer contestação caso ingresse no feito a tempo de oferecê-la; 
d. o assistente simples não é parte na demanda, nada pedindo para si, pois é apenas 
um auxiliar da parte sendo chamado de parte secundária ou acessória pois buscar 
atender um interesse próprio; 
e. atua complementando a atividade processual do assistido e conforme sua 
orientação sob pena de ter seu ato reputado inválido, logo, não pode praticar 
nenhum ato que não praticaria o assistido; 
f. pode apresentar rol de testemunhas, se o assistido não requereu julgamento 
antecipado da lide; 
g. pode requerer perícia, se o assistido não considerou desnecessária a prova; 
h. pode recorrer se o assistido não renunciou a tal direito e até mesmo impedir a 
revelia e seus efeitos, tornando-se equiparado a um gestor de negócios do 
assistido e tomando ciência de todos os atos processuais; 
i. a doutrina majoritária entende que o assistente simples, por ter uma atuação 
apenas complementar do assistido e por não haver qualquer relação sua deduzida 
em juízo, não é cabível que peça antecipação de tutela na forma do artigo 273 do 
CPC, salvo quando o assistido é revel e o assistente ao contestar assume a 
direção do processo como seu gestor de negócios; 
j. caso o assistido revel ingresse no autos, receberá o processo no estado em que se 
encontra, cessando o papel do assistente como gestor de negócios. 
 
 Assistência litisconsorcial: 
 
a. aqui o assistente é equiparado ao litisconsorte (art.54 do CPC). O assistente terá 
uma forma de intervenção principal na qual o interveniente exerce verdadeira 
ação paralela a uma das partes em face da outra. Aqui poderá recorrer, poderá 
produzir as provas; 
b. aqui o assistente também não é parte da demanda, mas seu direito também esta 
em discussão, tanto que a doutrina admite que seu regime jurídico é análogo ao 
do litisconsórcio ulterior; 
c. pode agir no processo e conduzir sua atividade sem subordinação ao assistido, 
podendo ir além do assistido e até contrariar sua vontade; 
d. esta assistência é exercida por uma terceiro que ingressa no processo por um 
interesse jurídico que possui em relação ao desfecho da relação processual; 
e. cabe em todos os procedimentos, salvo o dos juizados especiais cíveis, conforme 
art. 10 da Lei n. 9.099/95; 
 
 A principal diferença entre eles estão nos poderes atribuídos ao assistente no 
processo. 
 
 O assistente pode entrar no feito a qualquer tempo, fazendo o requerimento ao juiz, e, 
demonstrando seu interesse processual, que dará prazo para manifestação das partes; 
 
 Sem impugnação e havendo interesse jurídico reconhecido, o juiz deferirá a 
assistência,atuando o terceiro na relação processual; 
 
 Havendo impugnação das partes ou de uma delas, o juiz determinará o 
desentranhamento das referidas petições, mandará autuar em apenso, sem 
suspensão do processo, para determinar que sejam produzidas provas para melhor 
esclarecimento da controvérsia, decidindo o incidente em 05 dias (artigo 51 do CPC); 
 
 Deferida a assistência, o assistente recebe o processo no estado em que se encontra, 
sem prejudicar seu andamento e sem voltar as fases já ultrapassadas, que não 
admitem discussão. 
 
 EFEITOS DA COISA JULGADA (ART.55 do CPC). O assistente simples não poderá em 
processo posterior discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que, pelo 
estado em que recebeu o processo ou pelas declarações ou atos do assistido, tenha 
sido impedido de produzir provas capazes de influir na sentença ou que o assistido, 
por dolo ou culpa, não se valeu. 
a.3. AMICUS CURIAE 
 É um instituto que não deve ser tratado como intervenção de terceiros, segundo 
entendimento minoritário da doutrina tal como regulado pelo CPC, porém, a doutrina 
majoritária acaba por denominá-lo como uma forma atípica de intervenção de 
terceiros, com características peculiares por não necessitar de interesse jurídico na 
solução da demanda, embora se apresente de forma adequada e suficiente no 
processo; 
 De acordo com o direito material, é um legítimo portador de interesse institucional, 
assim entendido como o interesse que ultrapassa a esfera jurídica de um individuo e 
que, por isso, exerce um interesse TRANSINDIVIDUAL. 
 Sua função é chamar atenção para fatos e circunstâncias que não poderiam ser 
notadas, tornando-se um portador de vozes da sociedade e do próprio Estado, pra 
aprimorar a prestação jurisdicional. 
 
 É encontrado inclusive em na legislação extravagante: 
 
 Lei n. 6.385/76 – veio permitir a intervenção da CVM em processo individuais nos 
quais devessem ser apreciadas questões sobre direito societário, no plano 
administrativo, que esta sobre a competência desta autarquia federal, trazendo 
conhecimentos técnicos ao Poder Judiciário. 
 
 Lei n. 9.469/97 – autoriza a intervenção de pessoas jurídicas de direito público em 
processos judiciais para esclarecimentos; 
 
 Lei n. 9.784/99 – autoriza a intervenção do Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica (Cade) nos processos judiciais em que seja aplicada a lei relativa a infrações 
contra a ordem econômica. 
 
B. RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO 
 
 Esta previsto nos artigos 280 e 499, caput, parágrafo 1º do CPC, sendo uma forma 
voluntária de intervenção de terceiros; 
 Exige-se que seja demonstrado interesse jurídico quando o terceiro quiser intervir na 
relação processual, destacando que, nesse caso o terceiro é autorizado a intervir 
porque somente tomou conhecimento do processo, após proferida a sentença; 
 Aqui o terceiro somente ingressa no feito, na fase recursal, após a sentença de 
mérito; 
 O recurso do terceiro prejudicado é autônomo em relação ao da parte principal, assim 
deve haver nexo entre alguma relação jurídica material de que participe o terceiro e a 
sentença proferida, de modo que a eficácia natural desta atinja a referida relação 
jurídica interessante ao terceiro; 
 o recurso do terceiro prejudicado deve passar por dois juízos de admissibilidade: o que 
é feito pelo juízo monocrático e o que será feito pelo Tribunal; 
 cabe ao terceiro intervir com recurso na esfera da fase de execução, na modalidade de 
embargos de terceiros fixada no artigo 1.046 do CPC; 
 Sua intervenção consiste em efetivo direito de ação com a instauração de um processo 
novo e, por conseguinte, de uma relação jurídica nova, o que causa grande discussão 
doutrinária quanto a aceitação desta figura como uma modalidade de intervenção de 
terceiros, como fixado pelo CPC. 
 
 
 
 
C. DA OPOSIÇÃO 
 
c.1. CONCEITO. É uma forma de intervenção de terceiro que consiste no ajuizamento 
de ação em face das partes (autor e réu). 
 
c.2. Legitimidade: segundo o artigo 56 do CPC, o terceiro, denominado “oponente” 
que pretende, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre o qual controvertem as 
partes no processo principal, denominados de “opostos”. 
 
Ex: ação reivindicatória movida por A contra B, sendo que C se apresenta como 
oponente, afirmando que o imóvel não nem de A nem de B, mas seu. 
 
c.3. Cabimento: a oposição pode ser intentada até que seja proferida a sentença no 
processo principal, ou seja, dentro do processo de conhecimento por ser um tipo de 
intervenção AD EXCLUDENDUM, sendo distribuída por dependência, a petição da 
oposição deve observar os requisitos do artigo 282 e 283 do CPC, sendo que os 
opostos serão citados na pessoa de seus advogados (art.57 do CPC). 
 
Autuada em apenso ao processo principal, a oposição correrá simultaneamente com 
a ação principal, sendo ambas julgadas pela mesma sentença (art. 59 do CPC), 
embora primeiro o juiz deva conhecer a OPOSIÇÃO (artigo 61 CPC), pois pode ser que 
seja uma prejudicial de analise de mérito da ação principal. 
 
Obs: no procedimento sumário, pelo artigo 280 do CPC, não cabe intervenção de 
terceiros, salvo a assistência. 
 
Cândido Ragel Dinamarco: “oposição é a demanda através da qual o terceiro deduz 
pretensão incompatível com os interesses conflitantes de autor e réu de um 
processo cognitivo pendente.” 
 
 A doutrina afirma que na OPOSIÇÃO, forma-se um LITISCONSORCIO NECESSÁRIO DAS 
PARTES DA AÇÃO PRINCIPAL, QUE DEVEM SE UNIR PARA COMBATER A PRETENSÃO 
DO OPONENTE. 
 Parte minoritária da doutrina entende que a oposição não é intervenção de terceiro, 
mas uma AÇÃO AUTÔNOMA; 
 A OPOSIÇÃO não impe a suspensão do processo principal. 
 
 
 
 
 
INTERVENÇÃO FORÇADA DE TERCEIROS 
A. NOMEAÇÃO À AUTORIA 
a.1. CONCEITO: é o ato obrigatório ao réu, que visa corrigir o polo passivo da ação. 
Ex: Citado em ação em que é demandado por uma coisa, móvel ou imóvel, da qual o réu seja o 
mero detentor (CASEIRO – MOTORISTA – GESTOR DE NOGÓCIOS), o réu deverá, no prazo 
PARA CONTESTAÇÃO, INDICAR AO JUÍZO QUE SEJA O PROPRIETÁRIO OU POSSUIR INDIRETO. 
Art. 62, CPC. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-
lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o 
proprietário ou o possuidor. 
a.2. Procedimento: 
* a nomeação somente pode ser pedido pelo RÉU ILEGÍTIMO, no prazo que possui para 
resposta, sendo obrigado a nomear aquele que entende ser o réu legitimo, sob pena de 
preclusão, além da responsabilização ao final do processo, pelo pagamento de perdas e danos 
sofridos seja pelo autor, seja pelo réu legítimo. 
* recebida a nomeação, o juiz suspenderá o processo principal e mandará ouvir o autor no 
prazo de 05 dias (artigo 64 do CPC); 
* Intimado da nomeação, o autor poderá aceitá-la ou recusá-la, pois ninguém é obrigado a 
litigar em face de quem não queira; 
* No caso de recusa pelo autor, o processo retomará o seu curso normal, concedendo-se novo 
prazo para apresentação integral da CONTESTAÇÃO pelo réu originário, se não tiver sido 
apresentada (artigo 67 do CPC), porém, vendo o juiz que o nomeado realmente é o réu da 
ação, poderá extinguir o processo sem resolução do mérito por entender ilegitimidade de 
parte do nomeante; 
* No caso de aceitação, o autor deverá providenciar a CITAÇÃO DO NOMEADO, que, por sua 
vez, poderá ou não, ao ser citado, reconhecer a qualidade que lhe é atribuída. NEGANDO-A o 
processo continuará em face do NOMEANTE (artigo 65 e 66 do CPC). 
* Se a recusa for por parte do NOMEADO, a nomeação é tornada sem efeito, prosseguindo o 
processo normalmente contra o NOMEANTE (art. 66CPC), mas o NOMEADO responderá por 
eventual prejuízo sofrido pelo autor do processo, segundo a DOUTRINA MINORITÁRIA. 
* a nomeação pressupõe dupla concordância, ou seja, do autor e do réu intimado para integrar 
à lide. EM CASO DE INÉRCIA OU CONCORDÂNCIA DAS PARTES, OPERA-SE A CHAMADA 
EXTROMISSÃO, DEIXANDO O RÉU ANTIGO O POLO PASSIVO E ASSUMINDO O NOMEADO; 
 
Ovídio Batista da Silva “nomeação à autoria é o incidente por meio do qual o detentor da 
coisa demandada, sendo erroneamente citado para a causa, nomeia o verdadeiro 
proprietário ou possuidor, a fim de que o autor contra este dirija sua ação.” 
Ex: Uma hipótese de detenção de bem. O autor formula sua pretensão, exteriorizada pelo 
pedido, em face do réu, que na verdade, não seria o proprietário do imóvel ou do bem em 
questão, mas sim apenas detentor, tal como ocorre no caso do detentor ser mero empregado 
do verdadeiro proprietário. 
 
B. CHAMAMENTO AO PROCESSO 
B.1. CONCEITO: é o ato pelo qual o réu chama outros coobrigados para integrar a lide, 
tornando-os seus litisconsortes. O “Chamado” fica vinculado ao feito, subordinando-o aos 
efeitos da sentença, pois sobre ele incidirão os efeitos da coisa julgada material. 
Art. 77, CPC. É admissível o chamamento ao processo: (Redação 
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; (Redação dada 
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um 
deles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de 
um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. 
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
* Aquele que satisfizer a divida poderá exigi-la por interiro do devedor principal, ou de cada 
um dos codevedores (ou de algum deles), na proporção de sua cota-parte. Dessa forma, a 
finalidade do chamamento ao processo é promover a ampliação subjetiva do processo, 
trazendo para ele os demais coobrigados solidariamente responsáveis perante o credor. 
* Aqui temos hipótese de garantia simples e não de ação de regresso, esta é conferida a 
Denunciação à lide. No chamamento todos os COOBRIGADOS TEM VÍNCULO OBRIGACIONAL 
COM O CREDOR – AUTOR DA AÇÃO, HAVENDO A CHAMADA SUB-ROGAÇÃO DE DÍVIDA. 
B.2. PROCEDIMENTO 
 Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda a 
citação do chamado no prazo de 10 dias, quando este residir na mesma comarca. Em 
30 dias quando residir em outra comarca (artigo 79 do CPC); 
Art. 79, CPC. O juiz suspenderá o processo, mandando observar, 
quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts. 72 e 74. 
Art. 72, CPC. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo. 
§ 1º - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor 
indireto ou do responsável pela indenização far-se-á: 
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias; 
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro 
de 30 (trinta) dias. 
 
 Citado o Chamado pode negar a qualidade que lhe fora imputada ou PERMANECER 
REVEL. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modo que a sentença que 
julgar a procedência da ação valerá COMO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL EM FAVOR 
DO DEVEDOR QUE SATISFIZER A DÍVIDA EM PROL DO AUTOR (artigo 80 do CPC). 
 
 Admite-se o “CHAMADO SUCESSIVO”, pois o terceiro que fora chamado poderá em 
sua defesa chamar outro e assim sucessivamente, conforme a responsabilidade 
consagrada no artigo 77 do CPC. 
 
EX: Chamamento ao processo do devedor principal, quando o FIADOR for réu; 
Chamamento dos outros FIADORES, quando na ação for citado apenas um deles; 
Chamamento de todos os devedores solidários, quando o CREDOR EXIGIR DE UM OU DE 
ALGUNS DELES, PARCIAL OU TOTALMENTE, A DÍVIDA COMUM. 
Ação de responsabilidade civil do fornecer de produtos e serviços, o réu que houver 
contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o SEGURADOR. – 
situação fixada no CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NESTA REGRA CONSUMERISTA, 
CABE O CHAMAMENTO EXCEPCIONALMENTE NO RITO SUMÁRIO. 
B.3. Observações 
 O chamamento cabe em todos os procedimentos, salvo na execução forçada e no 
processo cautelar; 
 É direito privativo do réu; 
 Deve ser exercido no prazo da contestação; 
 Deve haver petição própria de chamamento ao processo ou em capitulo próprio na 
contestação. 
 
C. DENUNCIAÇÃO À LIDE 
C.1. CONCEITO. É o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de regresso, no caso de 
que acabe vencida na ação, chama terceiro à lide garantidor, afim de que este integre o 
processo. Dessa forma, se por acaso o juiz vier a condenar ou julgar improcedente o pedido do 
denunciante, deverá, na mesma sentença, declarar se o denunciado, por sua vez, deve ou não 
indenizá-lo. 
* Com a denunciação se estabelece duas lides no processo. 
 
 
Art. 70, CPC. A denunciação da lide é obrigatória: 
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo 
domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o 
direito que da EVICÇÃO Ihe resulta; 
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de 
obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do 
credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, 
exerça a posse direta da coisa demandada; 
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a 
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a 
demanda. 
INCISO I – Evicção pode ser definida como a perda de um direito em razão de conhecimento 
de direito anterior de outro sujeito sobre o mesmo objeto. Nesta hipótese temos caso de 
LIDE OBRIGATÓRIA, por se tratar de garantia própria da evicção. 
Ex: A vende para B, 80 toneladas de milho do total de 100 toneladas, assim que sair a safra. C 
sabendo da safra de A, oferece mais dinheiro e compra as 100 toneladas. B ajuíza ação de 
evicção contra C, alegando seu direito às 80 toneladas de milho. C, citado no processo, 
denuncia à lide A, pois se perder as 80 toneladas, terá direito no mesmo processo de ser 
indenizado por A, em face do direito de regresso. 
INCISO II - possuidor direto por força de contrato 
Ex: A ajuíza ação de perdas e danos, por benfeitoria feita pelo locatário (B), que fez um muro e 
adentrou em seu terreno. Citado o réu, na defesa, denuncia à lide o proprietário do bem, pois 
este lhe assegurou os limites do terreno e deu o devido consentimento para construção. Caso 
seja condenado, cobrará os danos sofridos do proprietário. 
INCISO III – Responsabilidade civil 
Ex: acidente de transito, entre A e B, em que B, culpado, nega-se a indenizar. A ajuíza ação de 
indenização por danos morais e materiais em face de B, que possui seguro do carro em caso de 
acidentes com prejuízos à terceiro. Citado, B denuncia a seguradora à lide para obter a 
indenização que eventualmente poderá pagar para A. 
C.2. OBSERVAÇÕES 
 Quando a denunciação for feita pelo autor, deverá fazê-la na petição inicial. Ao deferir 
o pedido, o juiz suspenderá o processo principal, determinando ao denunciante que 
proceda a CITAÇÃO do denunciado no prazo de 10 dias, quando residir na Comarca e 
30 dias em comarca diversa (artigo 72 do CPC); 
 Citado o litisdenunciado, poderá aceitar a denunciação, recusá-la ou permanecer 
REVEL; 
 Em qualquer caso ficará vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar 
procedente a ação declarará, conforme o caso, a SUA RESPONSABILIDADE EM FACE 
DO DENUNCIANTE, valendo como TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (art. 76 do CPC); 
 É possível ocorrer “DENUNCIAÇÕES SUCESSIVAS”, ou seja, o denunciado poderá, por 
sua vez, denunciar terceiro e assim sucessivamente. (conformeartigo 73 do CPC). 
 O VÍNCULO JURÍDICO AQUI É ENTRE DENUNCIADO E DENUNCIANTE. A condenação 
do denunciado nunca será em favor do vencedor da ação, mas sim do denunciante, 
se perdedor; 
 É a única modalidade de intervenção forçada de terceiro que pode ser feita pelo autor 
e pelo réu; 
 Constitui em verdadeira demanda incidental de garantia, onde se formula pretensão 
em face de terceiro para integrar a lide; 
 Temos a formulação de uma nova demanda no mesmo processo, em verdade UMA 
AÇÃO REGRESSIVA (in simultaneus processus), ou seja, uma ação de regresso 
antecipada em caso de eventual sucumbência do denunciante; 
 Se as partes não fizerem a denunciação à lide, é assegurado direito subjetivo de 
propor ação própria para cobrar devido ressarcimento, segundo a doutrina na forma 
dos inciso II e III é facultatia, pois no inciso I é obrigatória a denunciação à lide; 
 Cabe em caso de responsabilidade extracontratual do Estado, em face do servidor ou 
agente público que em seu nome causou o dano (artigo 70, III do CPC c/c art.37, 
parágrafo 6º da CF/88); 
 Se a denunciação partir do autor, deve-se citar o denunciado para apresentar 
contestação junto o réu. Se for o réu, deve-se citá-lo, dando-lhe prazo próprio para 
defesa. 
 
Art. 73, CPC. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, 
por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o 
possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim, 
sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto 
no artigo antecedente.

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