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DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 1. INTERVENÇÃO VOLUNTÁRIA DE TERCEIRO 1.1. Regra geral: no processo civil, a intervenção de terceiros é regida pelo princípio segundo o qual a intervenção em processo alheio só é possível mediante expressa permissão legal. 1.2. Classificação: a. De acordo com a iniciativa do terceiro: intervenção voluntária ou espontânea e, a obrigatória ou provocada; b. Conforme a inserção do terceiro na relação processual existente: em assistência, nomeação à autoria, chamamento ao processo; c. Quanto à formulação de nova relação jurídica processual no mesmo processo: em oposição e denunciação da lide. Obs: como as normas do processo civil em regra são cogentes é o próprio CPC, quem determina qual a modalidade de intervenção aplicável a cada caso concreto; Entre os casos de intervenção voluntária temos: a assistência simples; a assistência litisconsorcial; a oposição e, o recurso do terceiro prejudicado. Aqui o terceiro intervém voluntariamente por que possui interesse jurídico – e não meramente econômico – na causa. Entre os casos de intervenção forçada temos: a denunciação à lide; o chamamento ao processo e a nomeação à autoria. Aqui o terceiro interveem, porque o juiz, a requerimento da parte e, em alguns casos somente, após a concordância do terceiro, passará a integrar à lide. A. ASSISTÊNCIA. (artigo 50 do CPC) Na assistência temos a intervenção de terceiro no processo com o intuito de auxiliar uma das partes, seja o autor ou o réu, em razão da existência de interesse jurídico na vitória da parte assistida. Athos de Gusmão Carneiro define que “a assistência é uma forma de intervenção espontânea, que não ocorre por ação, mas por inserção do terceiro na relação processual pendente. A assistência é cabível em qualquer causa pendente em quaisquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de jurisdição. Cabe assistência no processo de conhecimento, sob o rito ordinário ou sumário, ou sob procedimentos especiais, assim como o procedimento cautelar. Divergência doutrinária do cabimento da assistência: 1ª corrente: Nelson Nery e Celso Agrícola Barbi defendem a assistência em qualquer processo de conhecimento, de execução e cautelar, defendendo inclusive sua aplicação em procedimentos de jurisdição voluntária caso a decisão reflita sobre terceiro. 2ª corrente: Athos de Gusmão e Alexandre Câmara defendem que a assistência é cabível no processo de conhecimento e no processo cautelar, mas não no processo de execução propriamente dito, por não haver na execução sentença favorável a uma das partes a ensejar o interesse do assistente, salvo no processo incidental de embargos (cuja natureza é de cognição) e no procedimento de liquidação de sentença. 3ª corrente: a assistência só é cabível no processo de conhecimento, porque, tanto no processo de execução como no processo cautelar não existiria sentença de mérito, razão pela qual seria incabível a assistência. Entendimento mais aceito entre os doutrinadores é o exposto pelo 2ª corrente, que admite sentença de mérito na execução apenas nos caso de embargos e liquidação de sentença. a.1. Assistência Simples: haverá assistência simples quando o assistente tiver interesse jurídico indireto na relação processual. Síntese: na assistência simples, a relação jurídica material da qual o assistente é sujeito não é objeto do processo, mas sobre ela poderá produzir reflexos a sentença. EX: Intervenção do sublocatário no processo de despejo em que figura como réu o locatário-sublocador. a.2. Assistência Litisconsorcial: ocorre quando o interesse for direto, ou seja, quando o terceiro estiver juridicamente vinculado ao adversário do assistido. O assistente participa da própria relação jurídica material debatida no processo, de modo mais evidente do que na assistência simples, pois é diretamente afetado pela sentença. Embora o assistente não seja parte no processo, a sentença ali proferida irá afetar diretamente a relação jurídica de direito material entre ELE – ASSISTENTE e o ADVERSÁRIO DO ASSISTIDO. Ex: Ação de cobrança de valores inadimplentes. O assistente litisconsorcial do autor, p. ex. pode ser dele um credor, tendo interesse que o mesmo ganhe o processo em face do réu, que lhe pagará o devido nos autos. Recebendo o autor os valores, o assistente poderá receber o autor que lhe é devido. – tem interesse direto na procedência da ação. Se o autor perder, a decisão em favor do réu prejudicará o assistente. Efeitos: Assistência Simples: a. caso o assistido desista da ação, cessa automaticamente a assistência; b. se o assistido não recorrer ou desistir de alguma prova, não poderá o assistente recorrer ou produzir a prova; c. o assistente é mero coadjuvante de uma das partes da demanda, não podendo agir contra os interesses do assistido, salvo se for revel, hipóteses em que poderá oferecer contestação caso ingresse no feito a tempo de oferecê-la; d. o assistente simples não é parte na demanda, nada pedindo para si, pois é apenas um auxiliar da parte sendo chamado de parte secundária ou acessória pois buscar atender um interesse próprio; e. atua complementando a atividade processual do assistido e conforme sua orientação sob pena de ter seu ato reputado inválido, logo, não pode praticar nenhum ato que não praticaria o assistido; f. pode apresentar rol de testemunhas, se o assistido não requereu julgamento antecipado da lide; g. pode requerer perícia, se o assistido não considerou desnecessária a prova; h. pode recorrer se o assistido não renunciou a tal direito e até mesmo impedir a revelia e seus efeitos, tornando-se equiparado a um gestor de negócios do assistido e tomando ciência de todos os atos processuais; i. a doutrina majoritária entende que o assistente simples, por ter uma atuação apenas complementar do assistido e por não haver qualquer relação sua deduzida em juízo, não é cabível que peça antecipação de tutela na forma do artigo 273 do CPC, salvo quando o assistido é revel e o assistente ao contestar assume a direção do processo como seu gestor de negócios; j. caso o assistido revel ingresse no autos, receberá o processo no estado em que se encontra, cessando o papel do assistente como gestor de negócios. Assistência litisconsorcial: a. aqui o assistente é equiparado ao litisconsorte (art.54 do CPC). O assistente terá uma forma de intervenção principal na qual o interveniente exerce verdadeira ação paralela a uma das partes em face da outra. Aqui poderá recorrer, poderá produzir as provas; b. aqui o assistente também não é parte da demanda, mas seu direito também esta em discussão, tanto que a doutrina admite que seu regime jurídico é análogo ao do litisconsórcio ulterior; c. pode agir no processo e conduzir sua atividade sem subordinação ao assistido, podendo ir além do assistido e até contrariar sua vontade; d. esta assistência é exercida por uma terceiro que ingressa no processo por um interesse jurídico que possui em relação ao desfecho da relação processual; e. cabe em todos os procedimentos, salvo o dos juizados especiais cíveis, conforme art. 10 da Lei n. 9.099/95; A principal diferença entre eles estão nos poderes atribuídos ao assistente no processo. O assistente pode entrar no feito a qualquer tempo, fazendo o requerimento ao juiz, e, demonstrando seu interesse processual, que dará prazo para manifestação das partes; Sem impugnação e havendo interesse jurídico reconhecido, o juiz deferirá a assistência,atuando o terceiro na relação processual; Havendo impugnação das partes ou de uma delas, o juiz determinará o desentranhamento das referidas petições, mandará autuar em apenso, sem suspensão do processo, para determinar que sejam produzidas provas para melhor esclarecimento da controvérsia, decidindo o incidente em 05 dias (artigo 51 do CPC); Deferida a assistência, o assistente recebe o processo no estado em que se encontra, sem prejudicar seu andamento e sem voltar as fases já ultrapassadas, que não admitem discussão. EFEITOS DA COISA JULGADA (ART.55 do CPC). O assistente simples não poderá em processo posterior discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que, pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações ou atos do assistido, tenha sido impedido de produzir provas capazes de influir na sentença ou que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. a.3. AMICUS CURIAE É um instituto que não deve ser tratado como intervenção de terceiros, segundo entendimento minoritário da doutrina tal como regulado pelo CPC, porém, a doutrina majoritária acaba por denominá-lo como uma forma atípica de intervenção de terceiros, com características peculiares por não necessitar de interesse jurídico na solução da demanda, embora se apresente de forma adequada e suficiente no processo; De acordo com o direito material, é um legítimo portador de interesse institucional, assim entendido como o interesse que ultrapassa a esfera jurídica de um individuo e que, por isso, exerce um interesse TRANSINDIVIDUAL. Sua função é chamar atenção para fatos e circunstâncias que não poderiam ser notadas, tornando-se um portador de vozes da sociedade e do próprio Estado, pra aprimorar a prestação jurisdicional. É encontrado inclusive em na legislação extravagante: Lei n. 6.385/76 – veio permitir a intervenção da CVM em processo individuais nos quais devessem ser apreciadas questões sobre direito societário, no plano administrativo, que esta sobre a competência desta autarquia federal, trazendo conhecimentos técnicos ao Poder Judiciário. Lei n. 9.469/97 – autoriza a intervenção de pessoas jurídicas de direito público em processos judiciais para esclarecimentos; Lei n. 9.784/99 – autoriza a intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nos processos judiciais em que seja aplicada a lei relativa a infrações contra a ordem econômica. B. RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO Esta previsto nos artigos 280 e 499, caput, parágrafo 1º do CPC, sendo uma forma voluntária de intervenção de terceiros; Exige-se que seja demonstrado interesse jurídico quando o terceiro quiser intervir na relação processual, destacando que, nesse caso o terceiro é autorizado a intervir porque somente tomou conhecimento do processo, após proferida a sentença; Aqui o terceiro somente ingressa no feito, na fase recursal, após a sentença de mérito; O recurso do terceiro prejudicado é autônomo em relação ao da parte principal, assim deve haver nexo entre alguma relação jurídica material de que participe o terceiro e a sentença proferida, de modo que a eficácia natural desta atinja a referida relação jurídica interessante ao terceiro; o recurso do terceiro prejudicado deve passar por dois juízos de admissibilidade: o que é feito pelo juízo monocrático e o que será feito pelo Tribunal; cabe ao terceiro intervir com recurso na esfera da fase de execução, na modalidade de embargos de terceiros fixada no artigo 1.046 do CPC; Sua intervenção consiste em efetivo direito de ação com a instauração de um processo novo e, por conseguinte, de uma relação jurídica nova, o que causa grande discussão doutrinária quanto a aceitação desta figura como uma modalidade de intervenção de terceiros, como fixado pelo CPC. C. DA OPOSIÇÃO c.1. CONCEITO. É uma forma de intervenção de terceiro que consiste no ajuizamento de ação em face das partes (autor e réu). c.2. Legitimidade: segundo o artigo 56 do CPC, o terceiro, denominado “oponente” que pretende, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre o qual controvertem as partes no processo principal, denominados de “opostos”. Ex: ação reivindicatória movida por A contra B, sendo que C se apresenta como oponente, afirmando que o imóvel não nem de A nem de B, mas seu. c.3. Cabimento: a oposição pode ser intentada até que seja proferida a sentença no processo principal, ou seja, dentro do processo de conhecimento por ser um tipo de intervenção AD EXCLUDENDUM, sendo distribuída por dependência, a petição da oposição deve observar os requisitos do artigo 282 e 283 do CPC, sendo que os opostos serão citados na pessoa de seus advogados (art.57 do CPC). Autuada em apenso ao processo principal, a oposição correrá simultaneamente com a ação principal, sendo ambas julgadas pela mesma sentença (art. 59 do CPC), embora primeiro o juiz deva conhecer a OPOSIÇÃO (artigo 61 CPC), pois pode ser que seja uma prejudicial de analise de mérito da ação principal. Obs: no procedimento sumário, pelo artigo 280 do CPC, não cabe intervenção de terceiros, salvo a assistência. Cândido Ragel Dinamarco: “oposição é a demanda através da qual o terceiro deduz pretensão incompatível com os interesses conflitantes de autor e réu de um processo cognitivo pendente.” A doutrina afirma que na OPOSIÇÃO, forma-se um LITISCONSORCIO NECESSÁRIO DAS PARTES DA AÇÃO PRINCIPAL, QUE DEVEM SE UNIR PARA COMBATER A PRETENSÃO DO OPONENTE. Parte minoritária da doutrina entende que a oposição não é intervenção de terceiro, mas uma AÇÃO AUTÔNOMA; A OPOSIÇÃO não impe a suspensão do processo principal. INTERVENÇÃO FORÇADA DE TERCEIROS A. NOMEAÇÃO À AUTORIA a.1. CONCEITO: é o ato obrigatório ao réu, que visa corrigir o polo passivo da ação. Ex: Citado em ação em que é demandado por uma coisa, móvel ou imóvel, da qual o réu seja o mero detentor (CASEIRO – MOTORISTA – GESTOR DE NOGÓCIOS), o réu deverá, no prazo PARA CONTESTAÇÃO, INDICAR AO JUÍZO QUE SEJA O PROPRIETÁRIO OU POSSUIR INDIRETO. Art. 62, CPC. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo- lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor. a.2. Procedimento: * a nomeação somente pode ser pedido pelo RÉU ILEGÍTIMO, no prazo que possui para resposta, sendo obrigado a nomear aquele que entende ser o réu legitimo, sob pena de preclusão, além da responsabilização ao final do processo, pelo pagamento de perdas e danos sofridos seja pelo autor, seja pelo réu legítimo. * recebida a nomeação, o juiz suspenderá o processo principal e mandará ouvir o autor no prazo de 05 dias (artigo 64 do CPC); * Intimado da nomeação, o autor poderá aceitá-la ou recusá-la, pois ninguém é obrigado a litigar em face de quem não queira; * No caso de recusa pelo autor, o processo retomará o seu curso normal, concedendo-se novo prazo para apresentação integral da CONTESTAÇÃO pelo réu originário, se não tiver sido apresentada (artigo 67 do CPC), porém, vendo o juiz que o nomeado realmente é o réu da ação, poderá extinguir o processo sem resolução do mérito por entender ilegitimidade de parte do nomeante; * No caso de aceitação, o autor deverá providenciar a CITAÇÃO DO NOMEADO, que, por sua vez, poderá ou não, ao ser citado, reconhecer a qualidade que lhe é atribuída. NEGANDO-A o processo continuará em face do NOMEANTE (artigo 65 e 66 do CPC). * Se a recusa for por parte do NOMEADO, a nomeação é tornada sem efeito, prosseguindo o processo normalmente contra o NOMEANTE (art. 66CPC), mas o NOMEADO responderá por eventual prejuízo sofrido pelo autor do processo, segundo a DOUTRINA MINORITÁRIA. * a nomeação pressupõe dupla concordância, ou seja, do autor e do réu intimado para integrar à lide. EM CASO DE INÉRCIA OU CONCORDÂNCIA DAS PARTES, OPERA-SE A CHAMADA EXTROMISSÃO, DEIXANDO O RÉU ANTIGO O POLO PASSIVO E ASSUMINDO O NOMEADO; Ovídio Batista da Silva “nomeação à autoria é o incidente por meio do qual o detentor da coisa demandada, sendo erroneamente citado para a causa, nomeia o verdadeiro proprietário ou possuidor, a fim de que o autor contra este dirija sua ação.” Ex: Uma hipótese de detenção de bem. O autor formula sua pretensão, exteriorizada pelo pedido, em face do réu, que na verdade, não seria o proprietário do imóvel ou do bem em questão, mas sim apenas detentor, tal como ocorre no caso do detentor ser mero empregado do verdadeiro proprietário. B. CHAMAMENTO AO PROCESSO B.1. CONCEITO: é o ato pelo qual o réu chama outros coobrigados para integrar a lide, tornando-os seus litisconsortes. O “Chamado” fica vinculado ao feito, subordinando-o aos efeitos da sentença, pois sobre ele incidirão os efeitos da coisa julgada material. Art. 77, CPC. É admissível o chamamento ao processo: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) * Aquele que satisfizer a divida poderá exigi-la por interiro do devedor principal, ou de cada um dos codevedores (ou de algum deles), na proporção de sua cota-parte. Dessa forma, a finalidade do chamamento ao processo é promover a ampliação subjetiva do processo, trazendo para ele os demais coobrigados solidariamente responsáveis perante o credor. * Aqui temos hipótese de garantia simples e não de ação de regresso, esta é conferida a Denunciação à lide. No chamamento todos os COOBRIGADOS TEM VÍNCULO OBRIGACIONAL COM O CREDOR – AUTOR DA AÇÃO, HAVENDO A CHAMADA SUB-ROGAÇÃO DE DÍVIDA. B.2. PROCEDIMENTO Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda a citação do chamado no prazo de 10 dias, quando este residir na mesma comarca. Em 30 dias quando residir em outra comarca (artigo 79 do CPC); Art. 79, CPC. O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts. 72 e 74. Art. 72, CPC. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo. § 1º - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far-se-á: a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias; b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias. Citado o Chamado pode negar a qualidade que lhe fora imputada ou PERMANECER REVEL. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar a procedência da ação valerá COMO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL EM FAVOR DO DEVEDOR QUE SATISFIZER A DÍVIDA EM PROL DO AUTOR (artigo 80 do CPC). Admite-se o “CHAMADO SUCESSIVO”, pois o terceiro que fora chamado poderá em sua defesa chamar outro e assim sucessivamente, conforme a responsabilidade consagrada no artigo 77 do CPC. EX: Chamamento ao processo do devedor principal, quando o FIADOR for réu; Chamamento dos outros FIADORES, quando na ação for citado apenas um deles; Chamamento de todos os devedores solidários, quando o CREDOR EXIGIR DE UM OU DE ALGUNS DELES, PARCIAL OU TOTALMENTE, A DÍVIDA COMUM. Ação de responsabilidade civil do fornecer de produtos e serviços, o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o SEGURADOR. – situação fixada no CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NESTA REGRA CONSUMERISTA, CABE O CHAMAMENTO EXCEPCIONALMENTE NO RITO SUMÁRIO. B.3. Observações O chamamento cabe em todos os procedimentos, salvo na execução forçada e no processo cautelar; É direito privativo do réu; Deve ser exercido no prazo da contestação; Deve haver petição própria de chamamento ao processo ou em capitulo próprio na contestação. C. DENUNCIAÇÃO À LIDE C.1. CONCEITO. É o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de regresso, no caso de que acabe vencida na ação, chama terceiro à lide garantidor, afim de que este integre o processo. Dessa forma, se por acaso o juiz vier a condenar ou julgar improcedente o pedido do denunciante, deverá, na mesma sentença, declarar se o denunciado, por sua vez, deve ou não indenizá-lo. * Com a denunciação se estabelece duas lides no processo. Art. 70, CPC. A denunciação da lide é obrigatória: I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da EVICÇÃO Ihe resulta; II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada; III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda. INCISO I – Evicção pode ser definida como a perda de um direito em razão de conhecimento de direito anterior de outro sujeito sobre o mesmo objeto. Nesta hipótese temos caso de LIDE OBRIGATÓRIA, por se tratar de garantia própria da evicção. Ex: A vende para B, 80 toneladas de milho do total de 100 toneladas, assim que sair a safra. C sabendo da safra de A, oferece mais dinheiro e compra as 100 toneladas. B ajuíza ação de evicção contra C, alegando seu direito às 80 toneladas de milho. C, citado no processo, denuncia à lide A, pois se perder as 80 toneladas, terá direito no mesmo processo de ser indenizado por A, em face do direito de regresso. INCISO II - possuidor direto por força de contrato Ex: A ajuíza ação de perdas e danos, por benfeitoria feita pelo locatário (B), que fez um muro e adentrou em seu terreno. Citado o réu, na defesa, denuncia à lide o proprietário do bem, pois este lhe assegurou os limites do terreno e deu o devido consentimento para construção. Caso seja condenado, cobrará os danos sofridos do proprietário. INCISO III – Responsabilidade civil Ex: acidente de transito, entre A e B, em que B, culpado, nega-se a indenizar. A ajuíza ação de indenização por danos morais e materiais em face de B, que possui seguro do carro em caso de acidentes com prejuízos à terceiro. Citado, B denuncia a seguradora à lide para obter a indenização que eventualmente poderá pagar para A. C.2. OBSERVAÇÕES Quando a denunciação for feita pelo autor, deverá fazê-la na petição inicial. Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo principal, determinando ao denunciante que proceda a CITAÇÃO do denunciado no prazo de 10 dias, quando residir na Comarca e 30 dias em comarca diversa (artigo 72 do CPC); Citado o litisdenunciado, poderá aceitar a denunciação, recusá-la ou permanecer REVEL; Em qualquer caso ficará vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar procedente a ação declarará, conforme o caso, a SUA RESPONSABILIDADE EM FACE DO DENUNCIANTE, valendo como TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (art. 76 do CPC); É possível ocorrer “DENUNCIAÇÕES SUCESSIVAS”, ou seja, o denunciado poderá, por sua vez, denunciar terceiro e assim sucessivamente. (conformeartigo 73 do CPC). O VÍNCULO JURÍDICO AQUI É ENTRE DENUNCIADO E DENUNCIANTE. A condenação do denunciado nunca será em favor do vencedor da ação, mas sim do denunciante, se perdedor; É a única modalidade de intervenção forçada de terceiro que pode ser feita pelo autor e pelo réu; Constitui em verdadeira demanda incidental de garantia, onde se formula pretensão em face de terceiro para integrar a lide; Temos a formulação de uma nova demanda no mesmo processo, em verdade UMA AÇÃO REGRESSIVA (in simultaneus processus), ou seja, uma ação de regresso antecipada em caso de eventual sucumbência do denunciante; Se as partes não fizerem a denunciação à lide, é assegurado direito subjetivo de propor ação própria para cobrar devido ressarcimento, segundo a doutrina na forma dos inciso II e III é facultatia, pois no inciso I é obrigatória a denunciação à lide; Cabe em caso de responsabilidade extracontratual do Estado, em face do servidor ou agente público que em seu nome causou o dano (artigo 70, III do CPC c/c art.37, parágrafo 6º da CF/88); Se a denunciação partir do autor, deve-se citar o denunciado para apresentar contestação junto o réu. Se for o réu, deve-se citá-lo, dando-lhe prazo próprio para defesa. Art. 73, CPC. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo antecedente.
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