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1 TEORIA GERAL DO PROCESSO 2020 –INTERVENÇÃO DE TERCEIROS MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS O novo Código de Processo Civil trouxe inovações e correções que são de imprescindível estudo por todo operador do Direito. Intervenção de terceiros no cpc 1973 Intervenção de terceiros no cpc 2015 Oposição (arts. 56 a 61) Não é mais intervenção de 3º Virou procedimento especial (arts 682 a 686) NOMEAÇÃO A AUTORIA (arts. 62 a 69) Não existe mais no CPC/2015. Todavia existe instituto similar: Correção da ilegitmidade passiva (arts. 338 a 339) ALGUNS DOUTRINADORES CHAMAM DE NOVA NOMEAÇÃO (ELPIDIO DONIZETTE) Sem correspondente no título, mas estava no litisconsórcio (pluralidade de partes) assistência (simples e litisconsorcial (arts. 119 a 124) Denunciação da lide (arts. 70 a 76) Denunciação da lide (arts. 125 a 129) Chamamento ao processo (arts. 77 a 80) Chamamento ao processo (arts. 130 a 132) Sem correspondência Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133 a 137) Sem correspondência Amicus curiae (art. 138) CONCEITUANDO - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS A relação processual instaura-se em princípio entre as partes que figuram na petição inicial: autor x réu. Acontece que diante do princípio da economia processual, a lei permite que a relação jurídica se amplie ou se modifique, possibilitando a resolução de conflitos subsidiários entre as partes originarias e terceiros ou autorizando que esses terceiros venham aos autos prestar auxílio a uma delas. Portanto, intervenção de terceiros é a legitimação de um sujeito que não pertence inicialmente ao processo em andamento, mas que participará dele. Para tanto, essa permissão deve, necessariamente, estar prevista em lei, pois, uma vez parte do processo, o terceiro passa a integrá-lo. 2 A intervenção de terceiros baseia-se nos pressupostos da economia processual e na harmonização das decisões, assim como o litisconsórcio. É possível, portanto, definir que a intervenção de terceiros como sendo o instituto que possibilita o ingresso no processo de um terceiros, estranho à relação originária entre autor e réu, estabelecendo uma nova relação jurídica secundária, autônoma e independente daquela que lhe deu origem. ASSISTÊNCIA A assistência tem cabimento sempre que terceiro, estranho a relação processual originária, cuja formação foi provocada pelo autor, tem interesse jurídico na vitória de uma das partes da demanda e pretende auxiliá-la na busca de uma sentença favorável. O assistente intervém no processo para defender interesse jurídico próprio, consistente justamente na existência de uma relação jurídica entre ele e uma das partes e sua possível alteração pela decisão no processo (art. 119 CPC/2015). A assistência, em suma, consiste no ingresso de terceiro no processo para auxiliar uma das partes litigantes a obter decisão judicial favorável. Independentemente de o terceiro ingressar de maneira voluntária ou não. O assistente não é parte relevante do processo como o são autor e réu, pois a lide não diz respeito ao seu direito, a lei o trata por parte não principal. O único pressuposto de validade da assistência é: O interesse jurídico do sujeito alheio ao processo. Também aqui há um ponto importante: para ser assistente, o terceiro deve demonstrar a possibilidade de ser afetado, juridicamente, pela decisão judicial. Grifou-se a expressão interesse jurídico porque o interesse tem que ser nesse campo, ainda que tenha efeito em outras áreas. Não se justifica, portanto, o interesse exclusivamente econômico ou de fato. De modo que, a alegação de que o interessado poderá sofrer grande prejuízo financeiro não é suficiente para recorrer-se à assistência. A ocorrência do interesse jurídico é analisada pela influência que a sentença exerceria sobre a esfera de direitos de quem pretende ser assistente. Ou seja, há interesse jurídico quando a sentença puder alterar direito do assistente. Como se disse, o interesse para o cabimento da assistência deve ser jurídico. No entanto, o art.5º, parágrafo único, da Lei Federal nº 9.469/97, admite a assistência em caso de interesse ECONÔMICO de pessoas jurídicas de direito público: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas. Nesse caso, ocorrerá a assistência atípica. Exceção: permite a assistência de interesse meramente econômico: Art. 5º, lei n. 9.469/97. A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais. Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes. 3 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA: Assistência simples Tem cabimento sempre que o assistente mantiver relação jurídica com o seu assistido (exemplo: alienante de objeto litigioso, sub-locatário). O assistente atua como auxiliar da parte principal embora com os mesmos poderes e sujeitando-se ao mesmo ônus do assistido. No caso de revelia, segue ele como substituto processual da parte. Por não ser o titular do direito, não pode o assistente simples obstar atos de disposição de direitos (matérias ou processuais) da parte assistida (CPC, art. 121). Ao assistente simples não são aplicados os efeitos próprios da coisa julgada, mas, sim, a preclusão de discutir a justiça da decisão ou matérias para as quais teve ampla oportunidade de produzir provas (art. CPC 123). Assistência litisconsorcial O assistente que mantiver relação jurídica com o adversário do assistido será considerado litisconsorte (CPC, art. 124, por exemplo: herdeiro em ação ajuizada contra o espólio ou devedores solidários). A sentença vai também influir entre ele e a outra parte (co-proprietário). Nesses casos o assistente poderia ter sido parte no feito (litisconsórcio facultativo – pluralidade de partes processual não obrigatória), mas não o foi por opção do autor da ação. Observações importantes acerca da assistência litisconsorcial: Não existe consenso a respeito da posição que o assistente litisconsorcial assume no processo. Parte da doutrina e da jurisprudência entende relevante tal distinção para a análise dos poderes do assistente no processo e para determinar a que título intervém ele no processo. Cuidado! Para esse posicionamento, o assistente simples tem atuação meramente acessória da parte principal. Enquanto o assistente litisconsorcial assumiria a qualidade de parte no feito, não estando sujeito as restrições contidas no art. 122 do CPC, sendo lícito que prossiga na defesa de seu direito (próprio), independentemente de eventuais atos dispositivos praticados pelo assistido nos autos. O que não se concorda. Afinal em sendo litisconsórcio não necessário, ou seja faculdade concedida em lei ao autor da ação, não se concebe o estabelecimento de uma pluralidade de partes contra a sua vontade, sob pena de ser-lhe imposto litigar em face de que m não deseja. Como entender possível que a garantia civil da dívida solidária, consistente em possibilitar ao autor a cobrança de qualquer um dos devedores da integralidade da dívida, possa ser violada pela admissão de um codevedor, muito embora não escolhido pelo autor para ser réu no feito. 4 Nem sempre a assistência ocorre na fase postulatória, impedindo que o assistente litisconsorcial possa ser considerado como parte no feito e desenvolva todas as atividades inerentes à defesa de um direito próprio em julgamento. Como sustentar a extensão dos efeitos da coisa julgadaum assistente litisconsorcial interveniente no feito apenas em grau de recurso, quando a sentença já foi proferida? Portanto, os poderes do assistente não diferem conforme a polaridade da relação jurídica motivadora de seu interesse me juízo, servindo a distinção apenas para indicar que ao assistente litisconsorcial é facultada a intervenção em feitos do qual poderia ter sido parte, mas não o foi por opção do Autor. Procedimento da assistência O terceiro solicita a participação no processo por petição fundamentada, não havendo necessidade de preencher os requisitos para petição inicial, no art. 319 CPC/2015. O pedido pode se dá em qualquer grau e tempo de jurisdição. Não sendo caso de rejeição liminar pelo juízo as partes serão intimadas para manifestação em 15 dias. Senão oferecida qualquer impugnação, que deverá limitar-se a existência ou não do interesse jurídico tutelável, o pedido será deferido. Caso contrário, será o pedido analisado nos próprios autos, sem suspensão do processo (art. 120). Artigos do CPC, relacionado: Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; 5 II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Os efeitos da coisa julgada material e formal se aplicam diretamente ao assistente, tanto que uma vez tendo transitada em julgado a sentença (justiça da decisão) não poderá ser discutida em processo posterior. A regra ACIMA (que foi mantida plenamente no NCPC, art. 123, I, II) traz apenas duas exceções, caso o assistente alegar e provar que: pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. DENUNCIAÇÃO DA LIDE É intervenção de terceiros forçado, mediante requerimento de uma das partes da relação jurídica principal, com o fim de trazer ao processo o seu garante, terceiro contra o qual tem direito de regresso caso venha a ser perdedora na ação principal. O instituto tem base no principio da economia processual, pois a parte porventura perdedora da demanda poderá, desde logo, acertar sua relação jurídica com seu garante, ressarcindo-se dos prejuízos decorrentes de sua condenação. Mas a própria economia processual demanda a interpretação restritiva quando ao cabimento do instituto, Daí porque de o art. 125, § 2º do CPC, admitir apenas uma única denunciação sucessiva, remetendo o denunciado sucessivo a propositura de ação autônoma para fazer valer seu direito de regresso. Uma fez realizada a denunciação, surge uma nova relação jurídica processual entre denunciante e denunciado, mas dependente da solução a ser dada na existente entre autor e réu, já que o direito de regresso só será exercido em caso de eventual condenação do denunciante na lide principal. O parágrafo único do art. 128 autoriza o autor a requerer o cumprimento da sentença contra o denunciado, desde que seja o caso e nos limites da condenação deste na ação regressiva. Em suma, a denunciação da lide é de natureza obrigatória e serve para que um terceiro seja responsabilizado pelo ressarcimento de eventuais danos causados pelo resultado do processo. Assim, o fator que legitima a denuncia à lide é o direito de regresso – parte/terceiro ou, de modo excepcional, autor/réu. 6 Isso porque, reconhecidamente uma das mais importantes vantagens proporcionadas pelo instituto da denunciação da lide é a economia processual, de maneira a se evitar que os fatos já decididos em uma ação sejam postos novamente em discussão durante a ação de regresso. HIPOTESES LEGAIS: ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; É garantia implícita de qualquer negócio jurídico oneroso (elemento natural) a responsabilidade do alienante pelo ressarcimento do adquirente caso a coisa alienada venha a ser perdida em demanda judicial (Cc, arts. 447 a 457), portanto, o réu de ação na qualquer que se discute o domínio do objeto litigioso deve denunciar da lide, pois, em caso de derrota da demanda, poderá exercer de imediato o direito de regresso contra o seu alienante. Terceiro que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda (seguro). Cuidado! É obrigatória ou não? Por força do art. 125, § 1º se diz que a denunciação da lide não é obrigatória, pois o direito regressivo poderá ser sempre exercido em ação autonomoa. Procedimento da denunciação para o autor – art. 127 Muito embora a denunciação seja um instituto de maior utilização pelo réu, pois ele é quem se sujeitará aos efeitos da eventual sentença condenatória, permite a lei processual seja ele feita por aquele que provocou a tutela jurisdicional. Deve ser realizada na petição inicial, mediante requerimento de citação do denunciado e do réu. Deferida a denunciação e determinada sua citação, nos prazos previstos no art. 132 pode o denunciado: a) Permanecer inerte, quando a relação secundária entre denunciante e denunciado segue a sua revelia. b) comparecer a assumir a demanda, na qualidade de litisconsorte do autor e com poderes para aditar a inicial. c) negar sua qualidade de garante, questão essa a ser solucionada na futura sentença de mérito. Um das hipóteses de denunciação da lide pelo autor é a realizada nas ações de caráter dúplice (ação de exigir contas – art. 550 do CPC ou possessórias, art. 556). Por serem essas capazes de gerar uma condenação ao autor, independentemente de reconvenção. Frise-se ser facultada ao autor a denunciação. O autor pode também denunciar da lide seu garante quando de oposição de embargos de terceiros, visando a exclusão de constrição determinada em execução, sobre bem adquirido do denunciado. Isso se justifica pela constatação de que a improcedência dos embargos implicará perda judicial da coisa objeto, dando azo para a solução imediata dos direitos regressivos do embargante denunciante contra o alienante (perdas e danos) 7 Procedimento da denunciação para o réu – art. 128 A denunciação deverá ser formulada no prazo parasua resposta, em preliminar de contestação. Deferido o pedido é realizada a citação do denunciado. Este pode ver ao feito para: a) Afirmar sua qualidade de garante, assumindo a qualidade de litisconsorte do réu e contestando o feito; b) Quedar-se inerte, com o prosseguimento do feito entre as partes originais, a revelia do denunciado; c) Vir aos autos negar sua condição de garante, questão a ser solucionada com a sentença de mérito final. A sentença que fixar a responsabilidade do denunciante com relação à parte adversa deverá, obrigatoriamente, analisar a denunciação da lide, determinando a presença ou não do direito regressivo condenando o denunciado a ressarcir as perdas e danos suportados por seu garantido no processo. Em caso de vitória da denunciante, a denunciação não terá seus pedidos examinandos, sem prejuízo da sua condenação ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. Artigos do CPC, relacionado: Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131 . Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art131 8 III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. CHAMAMENTO AO PROCESSO Ato exclusivo do réu. Modalidade de intervenção de terceiros exclusiva do réu, na qual este traz aos autos os demais coobrigados pela dívida objeto da demanda, para obtenção desde logo de condenação regressiva que lhe possibilite executá-las pelo que for obrigado em sentença a pagar. O chamamento ao processo (art. 130 e seguintes do CPC) tem ligação com situações em que há uma coobrigação devido à existência de mais de um responsável perante o credor. É uma espécie de natureza coercitiva em que o terceiro, independentemente de sua concordância, integra a relação jurídica processual a pedido do Réu. No chamamento ao processo, há uma dívida solidária externa (aquele em que todos os devedores devem a divida por inteiro ao credor), na qual cabe direito de regresso do devedor que cumpre a obrigação por inteiro contra os demais devedores, seja na proporção de suas quotas-partes, seja integralmente, nos casos de fiador e devedor principal (art. 130). Assim, aquele devedor processo isoladamente pelo credor pode chamar ao processo os outros devedores para que, por economia processual já seja feito todo o acerto entre eles, no mesmo processo. Muito embora também fundado com o direito de regresso, o chamamento ao processo não se confunde com o instituto da denunciação da lide. Quadro comparativo entre Chamamento ao processo Denunciação da lide Exclusivo do réu facultada ao autor e ao réu Relação jurídica existente entre os chamados e o adversário daquele que realiza o chamamento. inexiste relação jurídica entre denunciado e adversário do denunciante O chamado poderia ter sido parte na demanda (litisconsórcio facultativo do autor) O denunciado jamais poderia ter sido parte.. Ressarcimento como regra proporcional a quota parte do chamado ou integral nos casos de fiador/afiançado. Ressarcimento integral, nos limites da responsabilidade regressiva. O chamado poderia como regra ser admitido nos autos como assistente litisconsorcial. O denunciado poderia como regra ser admitido nos autos como assistente simples 9 Artigos do CPC, relacionado: Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA O véu da personalidade jurídica foi criado para proteger o sócio de empresa uma vez que sua atividade é reconhecidamente de risco. Ocorre que essa proteção teve sua finalidade desviada, sendo utilizada para se promover fraudes. O código civil adotou a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Já o Código de Defesa do Consumidor adota a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica (teoria atualmente adotada pela Justiça do Trabalho): Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentesdeste código. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem_Veto/anterior_98/vep664-L8078-90.htm#art28%C2%A71 10 § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Embora o Código Civil mencione que a desconsideração ocorrerá pelo requerimento da parte não há esclarecimento quanto ao momento ou como se fará essa integração do polo passivo da demanda (regras de tempo, contraditório...) Nesse sentido, a doutrina: “A despeito desses princípios de aplicação, no entanto, ainda se vê na prestação jurisdicional brasileira o emprego indistinto deste dispositivo, e isso se deve, sobretudo, ao fato de que seus alicerces são, ainda, excessivamente casuísticos. Muito embora até existam critérios sensíveis à aplicação do instituto, sob a ótica da teoria do abuso da personalidade - tanto no desvio de personalidade quanto no desvio patrimonial - tais critérios são ignorados, aplicando- se por regra a teoria menor mitigada de forma que basta a dificuldade na localização de bens para que a execução recaia sobre bens da pessoa natural, o que não parece em muitas situações razoável. Não há definição clara e segura de quais são os critérios para que se aplique a desconsideração da personalidade jurídica, o que coloca em risco não somente o tocante à pessoa jurídica, mas também direitos materiais de pessoas naturais e pode, ainda, desestimular a atividade empresarial como um todo. Reconhecer a autonomia da pessoa jurídica não pode se confundir com tolerância e complacência diante de seu uso para fins fraudulentos e ilícitos. Tendo isto em tela, e a fim de apaziguar um pouco o uso excessivamente empírico deste mecanismo, o novo CPC pretende organizar garantir às partes do processo maior lisura em sua aplicação.” 1 O novo CPC com o fim de eliminar essa insegurança trouxe um capítulo autônomo para disciplinar a aplicação do instituto, qual seja, o capítulo IV do título II, denominado justamente: "Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica". Artigos do CPC, relacionado: Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. § 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 1 http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI218182,81042-A+desconsideracao+da+personalidade+Juridica+no+novo+CPC Acessado em 01.09.2015 http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI218182,81042-A+desconsideracao+da+personalidade+Juridica+no+novo+CPC 11 § 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. § 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. § 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º. § 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. Deve-se destacar que o incidente também será cabível nos casos de desconsideração inversa da personalidade jurídica da empresa O procedimento doutrinário costumeiramente utilizado hoje no Poder Judiciário apesar de por vezes faltar a razoabilidade, por certo prestigiava a celeridade do processo, o que não acontecerá com o novo Código. Por muitas vezes os juízes integram os sócios à lide de oficio e sem dar prazo para defesa, procedimento que não poderá mais ser adotado. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica só poderá ocorrer a requerimento da parte ou do Ministério Público (quando lhe couber intervir no processo) e em qualquer fase do processo (conhecimento, liquidação de sentença e execução de título judicial ou extrajudicial). Com o incidente instaurado, o processo será suspenso e o sócio ou pessoa jurídica será citado para apresentar defesa em 15 dias. Conforme se nota da redação do art. 136 do NCPC, pode ocorrer a necessidade de instrução (audiência e produção de provas), fato que comprometerá significativamente a celeridade do processo dando possibilidade do réu procrastinar o andamento processual. Ultrapassada as discussões, o incidente será decidido por decisão interlocutória. O incidente só não será instaurado caso a desconsideração já tiver sido requerida logo na petição inicial, sendo citado o sócio ou pessoa jurídica já no inicio do processo. Esse último ponto é o mais importante aos advogados que pretendam adentrar com ações novas antes da vigência do NCPC e objetivem evitar a instauração do incidente. 12 AMICUS CURIAE Quando, por força da relevância da matéria versado, da especificidade do tema objeto da demanda ou da repercussão social da controvérsia, o juiz ou o relator sentir necessidade, poderá ele, solicitar ou admitir no processo a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada e com representatividade adequada (CPC, art. 138). A função do amicus curiae é levar, como portador de interesses institucionais, elementos de fato ou de direito que possam ajudar ao julgador na formação de seu convencimento a respeito da matéria. A decisão a respeito do amicus curiae, bem como da definição de seus poderes, é irrecorrível mesmo porque, não sendo ele parte do processo e nem titular do direito controvertido e a necessidade intima do julgador que indica para a aceitação ou não dessa intervenção. Por esses mesmos motivos não tendem eles poderes para recorrer, salvo a interposição de embargos de declaração e recorrer da decisão que julgar o incidente de demandadas repetitivas. O amicus curiae, expressão latina que significa “amigo da corte” teve sua existência colocada em evidência e questionamento por meio dos julgamentos das ações constitucionais no STF. Conforme o STF: "Amigo da Corte". Intervenção assistencial em processos de controle de constitucionalidade por parte de entidades que tenham representatividade adequada para se manifestar nos autos sobre questão de direito pertinente à controvérsia constitucional. Não são partes dos processos; atuam apenas como interessados na causa. Plural: Amici curiae (amigos da Corte). Entende-se esse instituto como manifestação da democratização do debate nas ações de constitucionalidade, auxiliando os julgamentos em matérias técnicas e/ou de grande relevância e especialização. ANTES DO NCPC ERA previsto nos seguintes dispositivos: 1. art. 7º, § 2º, da Lei 9.868/99, que regula a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no processo de controle de constitucionalidade; 2. art. 14, § 7º, da Lei 10.259/2001 (Lei dos Juizados Especiais Federais), no que concerne ao incidentede uniformização de Jurisprudência, descrito como “eventual interessado que não seja parte no processo”; 3. art. 3º, § 2º, da Lei 11.417/2006, que trata da edição, revisão e cancelamento das súmulas vinculantes do Supremo Tribunal Federal. Assim: “Amicus Curiae é o "amigo da Corte", aquele que lhe presta informações sobre matéria de direito, objeto da controvérsia. Sua função é chamar a atenção dos julgadores para alguma matéria que poderia, de outra forma, escapar-lhe ao conhecimento. Um memorial de amicus curiae é produzido, assim, por quem não é parte no processo, com vistas a auxiliar a Corte para que esta possa proferir 13 uma decisão acertada, ou com vistas a sustentar determinada tese jurídica em defesa de interesses públicos e privados de terceiros, que serão indiretamente afetados pelo desfecho da questão.” 2 Embora seja mencionada sua participação em algumas leis, o procedimento de sua participação não tinha sido regulamentado e o NCPC vem para suprir essas lacunas. Ao se observar a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, o juiz poderá de ofício ou a requerimento por meio de decisão irrecorrível solicitar ou admitir a participação do amicus curiae. Este pode ser tanto pessoa jurídica, física órgão ou entidade especializada e ele próprio pode requerer sua intervenção no processo. O amicus curiae não tem poderes para recorrer no processo, exceto para embargos de declaração ou da decisão que julgar incidente de demandas repetitivas. Por fim, sua intervenção não implicará alteração de competência, como se poderia questionar no caso de entidade ou órgão federal intervindo em processos da Justiça Estadual. As espécies típicas são aplicadas ao processo de conhecimento e subsidiariamente aos processos cautelares e de execução sendo que nestes dois últimos apenas se admite a assistência.. Essas quatro espécies, elencadas no capítulo IV do CPC, são exemplificativas. Dessa forma, há intervenções de terceiros que são classificadas como espécies atípicas. Não há, no entanto, entendimento pacífico entre os doutrinadores de quais são as espécies atípicas, o que se deve guardar é que a definição das espécies atípicas ocorre por meio da amplitude da atipicidade. O STF entende que o amicus curiae também não é parte no processo. Em relação a isso: “A jurisprudência deste Supremo Tribunal é assente quanto ao não cabimento de recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual nos processos objetivos de controle de constitucionalidade”. Resumo do julgado: Ação Direta de Inconstitucionalidade. Embargos de Declaração Opostos por amicus curiae. Ausência d elegitimidade. (Relatora: Cármen Lúcia. Julgamento: 17.03.2008. Tribunal Pleno). Mas, o que é amicus curiae (amigo da corte)? De caráter democrático, permite que terceiro neutro integre o processo para dar contribuição intelectual sobre fato de interesse social e que seja inédito ou de difícil solução. Esta previsto, por exemplo na Lei n. 9.868/99, que trata da ação direta de inconstitucionalidade. Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. § 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades. 2 Amicus Curiae – intervenção de terceiros. Disponível em: http://www.cjf.gov.br/revista/numero18/artigo16.pdf. Acessado em: 11 de julho de 2004 http://www.cjf.gov.br/revista/numero18/artigo16.pdf 14 Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. § 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae . § 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. ATENÇÃO: NOMEAÇÃO A AUTORIA foi extinta, mas, o novo CPC trouxe no capítulo sobre a contestação o art 339 NCPC, com o seguinte texto: Deixou de existir. Mas o NCPC estabelece algo parecido. Art.339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. §1º. O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. §2º. No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. Portanto, houve notória simplificação do procedimento, não existindo mais a questionável possibilidade do nomeado simplesmente não aceitar sua nomeação e fugir da inevitabilidade da lide, como dispunha o art. 65 do CPC/73. OPOSIÇÃO Deixou de existir como intervenção de terceiros típica, agora é processo de rito especial. Seu conceito era simples e pode ser entendido como a busca de direito ou coisa, que esta sendo disputado no processo, pelo terceiro. Significa dizer que o sujeito alheio ao processo, procura para si, o objeto da disputa. É uma espécie em que o terceiro voluntariamente ingressa no processo (contra autor e réu) para defender um direito próprio.
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