Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONVERSÃO DE ENERGIA AULA 5 Prof. Samuel Polato Ribas 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, serão estudas duas fontes de energia: a energia produzida a partir de usinas termoelétricas e a gerada a partir de sistemas fotovoltaicos. As usinas termoelétricas, por já serem uma tecnologia consolidada e com literatura já difundida e conhecida, serão abordadas rapidamente apenas para que seu princípio seja estudado. Com maior chance de desenvolvimento e em constante evolução, a energia solar fotovoltaica tem ganhado destaque por ser uma energia obtida de uma fonte teoricamente infinita, que não gera resíduos ao meio ambiente e tem baixo impacto ambiental. CONTEXTUALIZANDO Primeiro, será desenvolvido o conteúdo referente a usinas termoelétricas. Este tipo de usina, que utiliza gás e carvão, por exemplo, como combustíveis, contribui com grande percentual da energia gerada no mundo. Mesmo considerando o elevado nível de poluentes que libera, atualmente ainda é uma fonte de energia fundamental e indispensável. A tendência global é que fontes poluidoras do ambiente, como a destas usinas, sejam gradualmente substituídas por fontes de usinas não poluentes, como a de usinas fotovoltaicas. Seja em sistemas isolados, sistemas de geração de energia para a rede da concessionária ou em usinas de grande capacidade de geração, a utilização da energia do sol tem um futuro muito promissor. Problematizando A tendência mundial é a desativação das usinas termoelétricas com o passar dos anos. Porém, mesmo a mais otimista das previsões não nos dá a possibilidade de não conhecer estas usinas. Pelo fato de a energia fotovoltaica estar em constante crescimento e desenvolvimento, não é admissível no cenário atual não conhecer o estado da arte das atuais tecnologias empregadas na concepção de células e painéis solares, bem como as perspectivas para o seu futuro. 3 Pesquise Qual é o cenário atual da energia termoelétrica no Brasil e no mundo? Seria possível utilizar um combustível para usinas termoelétricas que não gerasse resíduos agressivos ao meio ambiente? Com relação a energia solar fotovoltaica, pesquise outras formas de utilizá-la que não sejam para geração de energia elétrica. Uma das formas óbvias é para aquecimento. Como isso é feito e que sistemas já formas desenvolvidos com este propósito? TEMA 1 – ENERGIA TERMOELÉTRICA A energia termoelétrica é a energia proveniente de centrais termoelétricas que produzem eletricidade a partir da energia química ou nuclear de elementos utilizados como combustíveis. Os combustíveis com maior utilização são petróleo, gás natural, madeira, gases da decomposição de biomassa, derivados de xisto e carvão. Tendo em vista os tipos de combustíveis utilizados, podemos então chegar à conclusão de que as usinas que utilizam a energia da biomassa são, no final das contas, usinas térmicas, assim como as usinas nucleares, porém o combustível utilizado são elementos nucleares como o urânio e o plutônio, por exemplo, que são utilizados para liberar energia por meio do processo de fissão nuclear. Sendo assim, podemos classificar como usinas termoelétricas qualquer usina que utiliza energia térmica para o seu funcionamento. No Brasil, a energia proveniente de centrais termoelétricas é utilizada majoritariamente como complemento para a geração de energia das usinas hidrelétricas ou em caso de emergências. Outra situação que exige o acionamento destas usinas é em períodos prolongados de falta de chuva, resultando na redução no nível dos reservatórios de água. Como exemplo de usina termoelétrica no Brasil, pode-se citar a Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEGA), localizada na cidade de Araucária, no Paraná. Essa usina opera com turbogeradores acionados por turbinas a gás e a vapor. Em relação a usinas termoelétricas nucleares, o Brasil possui duas plantas no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, chamadas de Usinas de Angra 1 e 2. Uma terceira usina, Angra 3, está em construção. Ao 4 seu término, o Brasil contará com estas três usinas termoelétricas nucleares, porém não há perspectiva do aumento do número de usinas deste tipo. A Figura 1 apresenta uma visão geral de uma das usinas de Angra dos Reis. Figura 1 – Visão geral da usina termonuclear de Angra dos Reis Os dois tipos de centrais termoelétricas mais utilizadas são as centrais a vapor e as com turbina a gás. As centrais a vapor podem trabalhar em circuito aberto ou fechado, também chamados de ciclo aberto e combinado. O ciclo aberto é recomendável para a centrais que utilizam o calor para outros processos além de geração. O clico combinado é preferível porque possibilita o aumento da potência específica da máquina, ou seja, reduz-se o volume para uma mesma potência, e também o aumento do rendimento da turbina. Um exemplo de turbina a vapor é mostrado na Figura 2. Figura 2 – Exemplo de turbina a vapor 5 Para a geração de energia com turbinas a vapor, o mais indicado é utilizar o ciclo de Rankine e usar água como fluido de transporte para a energia. O ciclo de Rankine juntamente com o diagrama T-s é mostrado na Figura 3. Figura 3 – Ciclo de Rankine (a) e diagrama T-s (b) O ciclo acontece da seguinte maneira: o líquido que se encontra no condensador é enviado para a caldeira pela bomba. Na caldeira, o líquido é aquecido, sem alteração de pressão. Na sequência, o vapor é usado sob elevada pressão na turbina, onde o trabalho é realizado. Esse ciclo é utilizado na maioria das usinas termoelétricas e nele o trabalho desenvolvido na turbina é equivalente à quantidade de calor cedida ao sistema pela caldeira, menos a rejeição do calor que ocorre no condensador e a energia consumida pela bomba. Matematicamente, 21412334 WQQW (1) onde W34 é o trabalho gerado na turbina, Q23 é o valor da energia térmica fornecida pela caldeira, Q41 é a energia térmica rejeitada pelo condensador e W12 é o trabalho realizado pela bomba. A área interna do diagrama T-s da Figura 3 representa o trabalho líquido realizado pelo ciclo. O rendimento termodinâmico deste ciclo é influenciado pela temperatura em que o calor é transferido para a água na caldeira e também pela temperatura na qual o calor é rejeitado pelo condensador. Portanto, caso deseje- se aumentar a eficiência do ciclo de Rankine, é aconselhável atuar sobre essas temperaturas. O rendimento térmico é dado por H BT H LH H L R q WW q qq q W (2) onde ηR é o rendimento térmico do ciclo de Rankine, WL é o trabalho líquido executado, qH é o calor fornecido ao sistema, qL é o calor retirado do 6 sistema, WT é o trabalho realizado pela turbina e WB é o trabalho realizado pela bomba. É usual escrever o rendimento térmico em função da entalpia do líquido no estado em que ele se encontra. Os estados são definidos pelos números 1, 2, 3 e 4 na Figura 3(a). Portanto, sabendo que 43 12 14 23 hhW hhW hhq hhq T B L H (3) o rendimento do ciclo de Rankine pode ser reescrito a partir das equações (2) e (3) e fica 23 141 hh hh R (4) onde h1, h2, h3 e h4 representam a entalpia no estado indicado na Figura 3(a). Na geração termoelétrica utilizando turbinas a gás, destaca-se o ciclo de Brayton, que é mostrado na Figura 4 juntamente com o seu diagrama T-s. Figura 4 – Ciclo de Brayton (a) e diagrama T-s (b) O ciclo de Brayton é utilizado em usinas que funcionam com turbinas a gás. Trata-se de um ciclo aberto, em que o ar entra no compressor onde sua temperatura e pressão são elevadas. Este ar é enviado para a câmera de combustão onde juntamente com o combustível (gás natural, por exemplo) reage, liberando energia térmica. Os gases resultantes da queima são enviados para a turbina, realizando trabalho.7 A equação que representa o trabalho desenvolvido pela turbina é CLHTG WQQW (5) em que QH é o calor fornecido pelo sistema, QL é o calor rejeitado pelo sistema, WTG é o trabalho gerado pela turbina e WC o trabalho realizado pelo compressor. O rendimento do ciclo de Brayton é simples de ser calculado. Basta fazer H L B Q Q 1 (6) onde ηB é o rendimento do ciclo. Outra forma de calcular o rendimento desse ciclo é por meio das temperaturas do ar e do gás envolvidas no ciclo. Considere que T1, T2, T3 e T4 são as temperaturas do ar e dos gases nos trechos 1, 2, 3 e 4 da Figura 4 (a), então o rendimento pode ser dado por 32 141 TT TT B (7) Tanto o ciclo de Brayton como o ciclo de Rankine apresentam rendimento baixo. Por isso, o processo mais utilizado em usinas termoelétricas é o que chamamos de ciclo combinado Brayton-Rankine. Este ciclo é mostrado na Figura 5. Pela análise da Figura 5, percebe-se que o ciclo combinado é composto por um ciclo de Brayton em sequência com um ciclo de Rankine. O principal objetivo desta combinação é reduzir as deficiências termodinâmicas que os ciclos possuem individualmente. O rendimento térmico de um ciclo combinado é dado por F TVTG BR Q WW (8) em que ηBR é o rendimento térmico do ciclo combinado, WTG é a potência gerada pelo ciclo de Brayton, WTV é a potência gerada pelo ciclo de Rankine e QF representa a energia disponibilizada pelo combustível. Todas as grandezas são dadas em watts ou joule por segundo. 8 Figura 5 – Ciclo combinado Brayton-Rankine Vale ressaltar ainda que pcimQ CF (9) onde mC é a vazão da massa de combustível, em kg/s, e pci é o poder calorífico inferior do combustível, em J/kg. Para finalizar, o rendimento global do sistema é a relação entre a energia produzida nos terminais do gerador e a energia fornecida pelo combustível e pode ser calculado como F G G Q P (10) onde PG é a potência gerada pelo ciclo combinado, ou seja, a potência que será desenvolvida pelas turbinas. TEMA 2 – CÉLULAS SOLARES Como início do nosso estudo sobre energia fotovoltaica, vamos conhecer as células solares e como são construídas. Para isso, é necessário retornar à teoria atômica. Sabe-se que em um átomo em equilíbrio, o número de elétrons e o de prótons é o mesmo. Tomemos como exemplo o silício, que é um dos materiais mais utilizados para a fabricação 9 de células fotovoltaicas. Os elétrons de um átomo de silício, ou de qualquer outro átomo, ficam em órbitas ao redor do núcleo chamadas de bandas. A banda mais externa de um átomo, que pode ou não ser associada à banda de outro átomo, é chamada banda de valência. Os elétrons localizados na banda de valência do átomo podem se receber uma quantidade de energia suficiente para migrarem para uma banda muito mais distante do núcleo. Essa banda recebe o nome de banda de condução. Portanto existirá uma diferença de energética entre os átomos localizados na banda de valência e na banda de condução. Essa diferença é chamada de “gap” de energia. Pelo fato de já possuírem uma certa quantidade de energia, os átomos da banda de condução se desprendem do núcleo muito facilmente ao receberem uma pequena quantidade de energia, gerando calor e condução elétrica. Os gaps de energia têm seu valor expresso em eletron-volt (eV) e definido pelo tipo de material (isolantes ou semicondutores). O silício, que é um material semicondutor, possui um gap de energia de 1,11eV e quatro elétrons na sua banda de valência. Alguns outros valores de gap de energia de materiais utilizados para a fabricação de células solares são mostrados na Tabela 1. Em estado puro, como encontrado na natureza, ele é um semicondutor intrínseco, mas, se nele for injetado uma quantidade de impurezas, em um processo chamado de dopagem, ele passa a ser um semicondutor extrínseco. Dependendo das características do dopante (impurezas), o silício pode se tornar um semicondutor do tipo p ou do tipo n. Tabela 1 – Gaps de energia de materiais fotovoltáicos Material Gap de Energia Silício (Si) 1,11 eV Telureto de cádmio (CdTe) 1,44 eV Sulfeto de cádmio (CdS) 2,42 eV Disseleneto de cobre e índio (CuInSe2) 1,01 eV Arsenieto de gálio (GaAs) 1,40 eV Fosfeto de gálio (GaP) 2,24 eV Fosfeto de índio (InP) 1,27 eV 10 Semicondutores do tipo p e do tipo n podem formar junções do tipo pn. O motivo para se dopar semicondutores como o silício e formar junções do tipo pn é que o aumenta-se o fluxo de elétrons. Portanto, se possuirmos um semicondutor com junção tipo pn e aplicarmos a ele uma energia que faça com que um elétron migre da banda de valência para a banda de condução, haverá o início de um fluxo de corrente. No caso da célula fotovoltaica, a energia que libera o fluxo de corrente é proveniente de um fóton. A energia de um fóton é igual a vhE (11) em que E é a energia do foton, h é constante de Planck que vale 6,625x10- 34 Js e v é a frequência, que pode ser escrita como c v (12) onde c é a velocidade da luz e vale aproximadamente 3x108 m/s, e λ é o comprimento de onda. Assim, para o silício, o comprimento de onda que faz um elétron migrar da banda de valência para a banda de condução é igual a m E ch 12,1 106,111,1 10310625,6 19 834 (13) É válido lembrar que a energia de 1,11 eV foi multiplicada por 1,6x10-19, para converter de elétron-volt para joule. A partir do momento em que existe a circulação de corrente pela junção pn, haverá uma densidade de corrente, Jj. A densidade de corrente da junção é dada pela soma da corrente que vai da junção p para a junção n, Jo, com a corrente que vai da junção n para a junção p, Jr. Em uma célula fotovoltaica iluminada, a densidade de corrente de recombinação induzida pela luz é dada por Tk Ve JJ oor exp (14) onde eo é a carga elementar do elétron e vale 1,6x10-19 J/V e k é a constante de Boltzmann que vale 1,381x10-23 J/K. Assim, a densidade de corrente de junção será dada por 11 1exp Tk Ve JJ JJJ o oj orj (15) Com base na Equação 15, o circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica é apresentado na Figura 6. Nela, a densidade de corrente da carga, JL, é dada pela diferença entre a densidade de corrente da célula solar, JS, e a densidade de corrente da junção, Jj. Pela Equação 15, a densidade de corrente da carga pode ser dada por 1exp Tk Ve JJJ ooSL (16) Figura 6 – Circuito equivalente da célula fotovoltaica A tensão de circuito aberto, VOC, ocorre quando a densidade de corrente da carga é zero. Em outras palavras, é a tensão que a célula gera quando está sem carga. Esta tensão é dada por 1ln o S O OC J J e Tk V (17) onde T é o valor da temperatura, em Kelvin. Um valor típico para VOC é 0,6V. Quando conecta-se uma carga, como no circuito da Figura 6, haverá uma densidade de potência que será transmitida à carga. Essa densidade é dada pela densidade de corrente da carga, JL, multiplicada pela tensão aplicada na carga, V, em volts, e multiplicada pela área da célula fotovoltaica, A, em m2, ou seja AVJW L (18) em que W é densidade de potência dada em W/m2. TEMA 3 – GERADOR FOTOVOLTAICO O objetivo aqui é apresentar quanta energia será gerada por um painel fotovoltaico. Como mencionado por Hodge (2011), o site da Photowatt International traz uma série de especificações técnicas a respeito das células 12 fotovoltaicas Photowatt. Fica a cargo do estudante pesquisar neste site informações sobre painéis solares que complementem o conteúdo aqui apresentado. Primeiro, vamos entender as partes que compõem um sistema gerador fotovoltaico. Um arranjo é formado por umadeterminada quantidade de painéis fotovoltaicos chamados de módulos, e os módulos são formados por células fotovoltaicas, como as que estudamos anteriormente. A Figura 7 traz uma compreensão gráfica desta formação. Figura 7 – Célula, módulo e arranjo fotovoltaicos. Em uma célula fotovoltaica é sempre importante analisar a relação entre tensão e corrente. O funcionamento normal de uma célula é que, à medida que a corrente fornecida por ela aumenta, a sua tensão diminui, para uma mesma intensidade luminosa que incide sobre a célula. Este comportamento é ilustrado pelo gráfico da Figura 8. Figura 8 – Relação tensão x corrente de uma célula fotovoltaica Na Figura 8, o ponto denominado PMP é chamado de ponto de máxima potência. É nesse ponto que o produto entre VM e IM é máximo, ou seja, a área 13 entre eles que representa a potência fornecida é a maior possível. O gráfico ainda apresenta o valor da tensão de circuito aberto, VOC, e o valor da máxima corrente fornecida pela célula, chamada de corrente de curto-circuito, representada por ISC. Os módulos fotovoltaicos da Figura 7 são formados por células que se comportam como fontes de tensão de corrente contínua. Ou seja, as células podem ser conectadas em série ou em paralelo. Se forem ligadas em série, a tensão delas será somada, e a corrente será a mesma de uma única célula, e se forem ligadas em paralelo a tensão será a mesma de uma única célula, e a corrente será somada. É possível ainda utilizar ligações mistas, ou seja, células em série e paralelo, o que é mais usual. Dessa forma, é possível obter valores de tensão e corrente que se tornem mais viáveis para a sua utilização. A Figura 10 mostra arranjos em série, paralelo e misto de células solares. Figura 10 – Arranjos série, paralelo e misto de células fotovoltaicas As células são interligadas de modo que a tensão e a corrente do módulo sejam as desejadas para o módulo. Portanto, para determinarmos as características elétricas do módulo, basta conhecer as características elétricas das células. Considere que cada célula fotovoltaica possui uma corrente IC, uma tensão VC e uma potência PC. Para determinarmos a potência do módulo fotovoltaico, basta fazer CCCMOD IVnP (19) em que PMOD é a potência do módulo, em watts, e nC é o número de células do módulo. 14 Para sabermos a tensão e a corrente do módulo, deve-se conhecer o número de células ligadas em série e em paralelo. Vamos supor que o módulo possui nCS células ligadas em série. Então, a tensão do módulo será CCSMOD VnV (20) onde VMOD é a tensão do módulo fotovoltaico. Vamos supor que o módulo possui nCP conjunto de células ligadas em paralelo, então a corrente do módulo, IMOD, será dada por CCPMOD InI (21) Entretanto, a tensão e a corrente das células não são sempre as mesmas, pois sofrem forte influência da temperatura. Na Figura 11 é possível verificar qual é o comportamento de uma célula fotovoltaica em função da variação da temperatura. Figura 11 – Variação típica da tensão e da corrente de uma célula fotovoltaica em função da temperatura Portanto, é importante conhecer como estimar quais serão os valores de tensão e corrente de uma célula fotovoltaica mediante a variação de temperatura. Isso é possível fazendo TPP TVV TII OC OOC OSC 1 1 1 (22) onde IO, VO, PO são os valores correspondentes na temperatura de referência, α, β e γ são coeficientes de temperatura para corrente, tensão e potência, respectivamente. 15 É valido ressaltar que o comportamento da célula fotovoltaica em função da temperatura varia de acordo com o fabricante. Por isso, os valores dos coeficientes α e β devem ser fornecidos pelo fabricante. TEMA 4 – SISTEMAS FOTOVOLTAICOS Os sistemas fotovoltaicos possuem uma gama de aplicações bastante diversificada. Podemos citar principalmente as seguintes: Sistema diretamente acoplado a carga. Sistemas com armazenamento de energia. Sistema de energia híbrida. Sistemas conectados à rede elétrica. Sistemas para a produção de energia. Um sistema diretamente acoplado consiste em ligar diretamente o módulo, ou o arranjo de painéis fotovoltaicos, a uma carga. Esta aplicação destina-se a aplicações em corrente contínua e é recomendada para aplicações de baixa potência. A Figura 12 apresenta um exemplo deste sistema. Figura 12 – Sistema fotovoltaico diretamente acoplado Em um sistema com armazenamento de energia, existe um dispositivo que fará o armazenamento da energia gerada que não é consumida imediatamente. Uma das formas mais comuns de fazer esse armazenamento é por meio de banco de baterias. Neste tipo de sistema, é obrigatória a utilização de um condicionador ou controlador de carga. Este dispositivo faz a adequação dos níveis de tensão e corrente gerados pelo arranjo fotovoltaico para a carga do banco de baterias. Normalmente este tipo de sistema opera de forma isolada e pode alimentar cargas de alta ou baixa potência, usualmente em corrente alternada, portanto necessita de um circuito inversor. A Figura 13 mostra um exemplo desse sistema. 16 Figura 13 – Sistema fotovoltaico com armazenamento de energia O sistema fotovoltaico de energia híbrida é um sistema que possui mais uma fonte de energia além do sistema de geração fotovoltaico. Essa fonte pode ser proveniente de qualquer outra forma de geração de eletricidade, como a eólica. Esta segunda fonte pode auxiliar tanto na carga do banco de baterias como na alimentação da carga. A Figura 14 mostra um exemplo desse tipo de geração. Os sistemas fotovoltaicos são conectados à rede elétrica da concessionária, cujo esquema de ligação é mostrado na Figura 15. O grande atrativo desse sistema é que o consumidor pode fornecer energia para a concessionária, diminuindo a sua fatura de energia mensal. Figura 14 – Sistema fotovoltaico híbrido Uma questão que deve ser analisada neste tipo de sistema é o valor que a concessionária pagará por kWh que vai receber de seu consumidor. Cabe ao interessado em investir neste tipo de sistema verificar a viabilidade econômica da instalação. Além disso, deve-se ficar atento aos pré-requisitos de conexão à 17 rede da concessionária. A tensão de saída do inversor deve possuir a mesma tensão, a mesma frequência e a mesma sequência de fases da rede. Figura 15 – Sistema fotovoltaico conectado a rede elétrica Os sistemas fotovoltaicos para a produção são, basicamente, usinas de energia fotovoltaicas. São sistemas que geram energia em grandes potências para fornecê-la ao sistema elétrico. Possuem basicamente o mesmo esquema de ligação da Figura 15, porém sua energia é conectada a um transformador que faz a ligação com a rede de distribuição ou de transmissão do sistema elétrico. A Figura 16 ilustra essa situação. Figura 16 – Sistema fotovoltaico para produção de energia TEMA 5 – PERSPECTIVAS DA GERAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA Quando falamos em perspectivas da geração de energia fotovoltaica, devemos ter em mente a produção em larga escala. Isso significa que deve ser visualizada a produção de energia visando a substituição de formas de geração de eletricidade onde há produção de resíduos prejudiciais ao meio ambiente. Primeiro, vamos falar sobre algo essencial para a produção de energia solar fotovoltaica: o espaço físico. Embora não necessite da construção de grandes lagos, como a energia hidráulica, nem precise de um combustível fóssil, como na geração termoelétrica, a geração fotovoltaica precisa utilizar uma grande área de terra para a fixação dos painéis fotovoltaicos. Sabe-se que a potência e a eficiência de conversão das células fotovoltaicas é baixa em relação a outras formas de conversão de energia, o que faz com que a área utilizada por painéis seja muito grande.Para se ter uma ideia mais concreta do tamanho dessa área, estima-se que, para produzir a mesma energia de uma central hidrelétrica convencional, a área ocupada pelos painéis fotovoltaicos é 10 vezes maior que a central 18 convencional. Porém, a grande vantagem da energia fotovoltaica é que sua geração não precisa ser centralizada como em uma usina convencional, o que a torna atrativa neste quesito. Além disso, quando se fala em geração de energia fotovoltaica, não podemos nos restringir apenas à conversão direta utilizando arranjos fotovoltaicos. Uma forma de utilizar a energia fotovoltaica é por meio de centrais solares térmicas, como mostrado na Figura 17. Figura 17 – Exemplo de central solar térmica Neste caso, a luz do sol é redirecionada por meio de espelhos para uma torre que absorve e concentra a energia em forma de calor. A partir deste ponto, o funcionamento é semelhante ao de uma usina térmica. Pelo fato de depender exclusivamente dos raios solares, esse tipo de usina destina-se a regiões ensolaradas. No Brasil, por exemplo, esse tipo de usina seria uma opção para a região nordeste, que possui a maior incidência de raios solares em todo o país. A outra forma de geração é diretamente pelos arranjos fotovoltaicos. Como comentado anteriormente, a área utilizada por esse tipo de geração é bastante grande. Para se ter uma ideia do tamanho dessa área, basta uma breve análise da Figura 18. Nela, nota-se uma central de energia solar em terra e outra na água. O fato de os arranjos estarem em balsas sobre a água nos dá uma ideia de como podemos descentralizar a produção de energia deste tipo. Em outras 19 palavras, a energia fotovoltaica pode ser gerada em pequenas quantidades, mas em vários locais diferentes, que, quando somados, resultam em uma potência considerável. Figura 18 – Centrais solares de grande porte sobre a terra (a) e sobre a água (b) Nesse ponto, a geração descentralizada ganha força. Para consolidar esse conceito, a seguir estão listadas alternativas de geração descentralizada que a tornam atrativas para o mercado de energia. Pode ser feita a geração fotovoltaica no telhado de residências e no terraço de edifícios. Edifícios podem ser “revestidos” com painéis fotovoltaicos. Sistemas fotovoltaicos com baterias podem ser utilizados individualmente em postes para alimentação de lâmpadas de LED. Sistemas fotovoltaicos com baterias podem ser utilizados individualmente para alimentação de semáforos com LEDs. Utilização em áreas rurais para alimentação de pequenas cargas. Algumas dessas aplicações já são viáveis atualmente, porém outras dependem de fatores como: Evolução da tecnologia e desenvolvimento de módulos fotovoltaicos mais baratos e mais eficientes. Políticas públicas de incentivo à produção e utilização de energia fotovoltaica. Interesse da iniciativa pública e privada em pesquisa e desenvolvimento. A tendência global é que este tipo de energia ganhe força, assim como as outras fontes de energia limpa e renovável, porém depende-se do interesse dos 20 órgãos responsáveis em viabilizar o uso dessa energia e também de incentivos a produção de energia fotovoltaica. NA PRÁTICA Pesquise quais centrais solares são mais relevantes no Brasil atualmente. Pesquise também onde estão localizadas as principais centrais fotovoltaicas térmicas no mundo e qual é a sua capacidade de geração. FINALIZANDO Nesta aula foi visto o princípio de funcionamento de usinas termoelétricas e os ciclos térmicos que elas utilizam. Em relação a energia fotovoltaica, foi analisado o princípio de funcionamento das células solares e como são formados os arranjos de módulos fotovoltaicos. Ainda, foram abordados os sistemas de geração fotovoltaicas possíveis de serem implementados e, por fim, foi feita uma breve análise do cenário atual e futuro da energia solar. 21 REFERÊNCIAS HODGE, B. K. Sistemas e aplicações de energia alternativa. Rio de Janeiro: LTC, 2011. PALZ, W. Energia solar e fontes alternativas. Curitiba: Hemus, 2002.
Compartilhar