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DISCIPLINA: GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA E TESOURARIA AULA 6 Prof.ª Kessyane Novaes Horbucz 2 CONVERSA INICIAL Olá, caro aluno. Finalizaremos o conteúdo de nossa disciplina, mantendo a visão analítica do fluxo de caixa e de outras demonstrações contábeis. É interessante que você pratique resolvendo os exercícios, porém não se dê por satisfeito em apenas encontrar o resultado. Tente analisar os números obtidos, perguntando-se quais seriam suas decisões como gestor. Saiba mais: Assista o vídeo abaixo e observe as más decisões tomadas por um empresário e, posteriormente, as soluções encontradas por seu novo sócio. Perceba que a empresa não possuía capital de giro, e os ciclos econômicos e financeiros eram elevados, os quais desencadearam para a situação de insolvência da empresa: https://www.youtube.com/watch?v=5h3poQeMtas Bons estudos! CONTEXTUALIZAÇÃO Durante nossas aulas, observou-se o quão importante para a sobrevivência de uma empresa é a gestão dos recursos financeiros, sendo que um dos pontos que não se pode deixa estudar é o capital de giro, pois ele é essencial para manter as atividades operacionais. É muito mais do que um instrumento de controle de dinheiro da empresa; o capital de giro transmite informações sobre o valor da empresa. O tempo das atividades também é um quesito a ser avaliado, afinal, as empresas necessitam saber o tempo de giro de um produto, o tempo de recebimento dos produtos vendidos e tempo de pagamento das matérias-primas. É por meio de indicadores financeiros que gestores, analistas, investidores e consultores conseguem medir o desempenho de uma empresa, sendo que alguns dos indicadores mais avaliados são os de liquidez, os quais medem a capacidade da empresa de honrar suas obrigações no curto prazo. https://www.youtube.com/watch?v=5h3poQeMtas 3 Desse modo, ressalta-se a importância de compreender o que englobam essas ferramentas e indicadores, pois encontrá-los por si só não faz um gestor. A competência do gestor está em lograr êxito em obter os dados, fazendo deles um instrumento para tomadas de decisões assertivas. PESQUISE O que é capital de giro? Qual a importância do fluxo de caixa descontado? O que é efeito tesoura? Quais são os ciclos de prazos analisados quando se trata de capital de giro? TEMA 1: FLUXO DE CAIXA DESCONTADO O Fluxo de Caixa Descontado é uma importante ferramenta de avaliação financeira, que serve também para a medição do tempo de retorno do capital investido. Segundo Sá (2012), o fluxo de caixa descontado é utilizado amplamente por investidores, bancos de investimento, empresários e consultores, tendo a finalidade de calcular o valor de uma empresa. Essa preocupação com o valor da empresa costuma surgir quando se prospectam sócios e há intenção de venda da empresa ou de uma fusão. O método do fluxo de caixa descontado leva em conta, além do fluxo de caixa, o valor da empresa no futuro, ou seja, pela quantidade de recursos que serão gerados no futuro, acrescida ao seu valor nos dias atuais, subtraindo-se o tempo e o risco que estão associados a tais estimativas (Sá, 2012). Vejamos o seguinte exemplo: Uma determinada empresa elaborou as projeções de geração de caixa de R$ 1.730.000,00, para os próximos cinco anos, e seus acionistas desejam saber quanto essa geração de caixa equivale aos valores atuais (VP) a um custo de capital de 10% a.a. Elabore o fluxo período a período: 4 Quadro 1 Fonte: A autora. Posteriormente, traga a valor presente os valores referentes à geração de caixa período a período, a um custo de capital de 10% a.a. Quadro 2 Fonte: A autora. Resultado final perfaz um valor presente de R$ 1.268.158,53. Quadro 3 Fonte: A autora. ANO CAIXA 1 Custo 220.000,00 2 de 280.000,00 3 Capital 360.000,00 4 10% a.a. 420.000,00 5 450.000,00 TOTAL 1.730.000,00 FLUXO DE CAIXA ANO CAIXA 1 Trazer *=200000/1,10^1 2 a *=280000/1,10^2 3 Valor *=360000/1,10^3 4 Presente *=420000/1,10^4 5 10% a.a *=450000/1,10^5 TOTAL Valor presente FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANO CAIXA 1 Trazer 200.000,00 2 a 231.404,96 3 Valor 270.473,33 4 Presente 286.865,65 5 10% a.a 279.414,60 TOTAL 1.268.158,53 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO 5 Outra opção de resolução: Figura 1 Fonte: A autora. Quadro 4 Fonte: A autora. Dessa maneira, o fluxo de caixa descontado é mais uma ferramenta de gestão financeira da empresa. Todavia, focaliza-se a mensurar o valor de uma organização; veja bem: estamos falando de "valor", e não de "preço". Então, qual é a diferença de preço e valor? Preço (o que se paga) é a expressão quantitativa do valor de um bem, já o valor (o que se leva) é expressão da soma dos benefícios que recebemos ou buscamos. ANO CAIXA 1 Custo 220.000,00 2 de 280.000,00 3 Capital 360.000,00 4 10% a.a. 420.000,00 5 450.000,00 TOTAL 1.730.000,00 VPL (fx) R$1.268.158,53 FLUXO DE CAIXA 6 Por meio do fluxo de caixa descontado, a empresa pode, dentre outras análises, calcular o seu valor de mercado. Seguindo esse raciocínio, o fluxo de caixa descontado proporciona uma projeção dos ganhos e custos e, também, da estimativa de sua saúde financeira. TEMA 2: O CAPITAL DE GIRO Ao estudarmos os tipos de investimentos, aprendemos que existem dois tipos de investimentos que a empresa estabelece primeiramente. São eles: o investimento fixo, o qual é utilizado para a aquisição de máquinas, móveis, prédios, veículos, enfim, para investir em itens do ativo imobilizado; e outro importante investimento, tanto para a empresa que se inicia quanto para aquela já consolidada, é o capital de giro. O capital de giro é composto por recursos financeiros com o intuito de reserva, a qual será utilizada para honrar os compromissos, ou seja, refere-se a um tipo de capital circulante dentro de um negócio, recursos disponíveis para usar nas operações rotineiras ou em razão de imprevistos financeiros. Esses recursos correspondem àqueles bens que podem ser transformados, rapidamente, em capital, como os produtos em estoque, o dinheiro em caixa da loja e determinadas aplicações financeiras, por exemplo. Dentro da contabilidade, o capital de giro constitui a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, ou seja, as obrigações de pagamento que a ótica tem a curto prazo, como dívidas com fornecedores ou contas de serviços mensais básicos (Luz, 2014). 7 Figura 2 Fonte: A autora. O fluxo de caixa é altamente impactado pelo capital de giro; isso ocorre porque o capital giro tem a função de ajustar o desalinhamento dos pagamentos e recebimentos (ciclo operacional). A diferença entre o ativo corrente (ativo circulante) e o passivo corrente (passivo circulante) é o capital circulante líquido (CCL), ou capital de giro líquido (CGL). Quando a soma dos elementos do ativo corrente é maior do que a dos elementos do passivo corrente, o CCL é positivo; do contrário, o CCL é negativo (Hoji, 2004). Os recursos do ativo ficam nos estoques, nas contas a receber, no caixa e no banco, fazendo a empresa girar. Conforme Lopes (2010), o estoque de uma empresa é formado e mantido em função das necessidades do mercado consumidor; portanto, ele está sempre sofrendo mudanças de investimentos, seja em tipos de itens ou em quantidades. Quanto maior a necessidade de investimento em estoques, mais recursos financeiros a empresa deverá ter. Nas vendas, quanto maior o prazo oferecido aos clientes, ou quanto maior for a parcela de vendas a prazo no seu faturamento, mais recursos financeiros a empresadeverá ter. Uma parte dos recursos financeiros disponíveis da empresa é alocada nas contas banco e caixa, ou seja, aqueles que a empresa pode utilizar a qualquer tempo para honrar os compromissos diversos. 8 Dependendo do saldo inicial, das entradas e bem como das saídas, pode- se deparar com falta ou sobra de recursos em momento específico, dia ou semana. Para que isso não ocorra, as decisões de compra e venda devem ser tomadas levando em conta critérios estabelecidos. Sempre que uma decisão for tomada, é necessária a realização de análise acerca da disposição dos recursos financeiros da empresa. Caso seja tomada decisão de compra em excesso ou de dar mais tempo para os clientes nas vendas a prazo, a empresa deverá ter uma quantidade maior de dinheiro (recursos financeiros). Se tais recursos não existirem, a entidade precisará utilizar recursos emprestados de bancos, de fornecedores ou de outras fontes, havendo a necessidade de pagamentos de juros, com isso, diminuindo a margem de lucro do negócio (Luz, 2012). Portanto, o capital de giro (capital circulante) é o recurso financeiro utilizado para financiar as operações de uma empresa. Quando se menciona a operação da empresa, está se referindo à sua atividade econômica; portanto, o capital de giro é o dinheiro que financiará o estoque, a inadimplência, a redução das vendas, etc. TEMA 3: CICLO ECONÔMICO, FINANCEIRO E OPERACIONAL A administração financeira observa os ciclos econômicos e financeiros da organização, mas não deixa de considerar, também, todo o ciclo de operações, sendo fundamental para a organização um olhar mais amplo do gestor financeiro. Essa mensuração realizada por meio dos ciclos serve para observar o tempo em que as atividades da empresa são desenvolvidas. O que tem papel fundamental no controle gerencial e na gestão de negócios, refletindo a cultura organizacional da empresa, dentro do seu ramo de negócios. Seus valores dependem dos processos de produção, capacidade de vendas e recebimentos de clientes (Sá, 2012). Chama-se ciclo financeiro o tempo decorrido entre saída dos pagamentos dos insumos necessários à geração da receita e ao recebimento do pagamento por parte dos clientes, pelos produtos ou pelos serviços adquiridos. Portanto, o 9 ciclo financeiro de uma empresa percorre o interregno que compreende do momento do pagamento da matéria-prima até o recebimento das vendas realizadas (Luz, 2012). Também denominado de ciclo de conversão de caixa é o tempo entre o pagamento a fornecedores e o recebimento das vendas. Quanto maior o poder de negociação da empresa com seus fornecedores, menor será o ciclo financeiro. Figura 3 CICLO FINANCEIRO Fonte: A autora. Conforme Luz (2012), quanto ao ciclo econômico de uma empresa, a visão se limita à compra de matéria-prima e à venda do produto acabado, pois o ciclo econômico é o tempo em que a mercadoria permanece em estoque. Vai desde a aquisição dos produtos até o ato da venda, não levando em consideração o recebimento das vendas. Figura 4 CICLO ECONÔMICO Fonte: A autora. 10 Já o ciclo operacional é o intervalo de tempo entre a compra de matéria- prima e o recebimento das vendas. Dessa maneira, pode-se mensurar o tempo necessário, somando o prazo médio de estocagem (PME) e o prazo médio de recebimento (PMR). Assim, compreende o período entre a data da compra até o recebimento de cliente. Na hipótese de a empresa somente trabalhar com vendas à vista, o ciclo operacional tem o mesmo valor do ciclo econômico. Figura 5 CICLO OPERACIONAL Fonte: A autora. Vejamos um exemplo: Considere uma empresa em que as mercadorias permaneçam 32 dias em estoque, com uma média de recebimento de clientes igual a 50 dias, sendo em 20 dias realizado o pagamento a fornecedores. Haverá os seguintes valores para o cálculo dos ciclos, como exemplo: Prazo Médio de Estocagem (PME) = 32 dias Prazo Médio de Contas a Receber (PMR) = 50 dias Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMP) = 20 dias Ciclo Financeiro ou Ciclo de conversão de caixa Fórmula: Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional - Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMP) Exemplo: Ciclo Financeiro = 82 dias - 20 dias Ciclo Financeiro = 62 dias 11 Ciclo Econômico Fórmula: Ciclo Econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME) Exemplo: Ciclo Econômico = 32 dias Ciclo Operacional Fórmula: Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Contas a Receber (PMR) Exemplo: Ciclo Operacional = 32 dias + 50 dias Ciclo Operacional = 82 dias Figura 6 CF = 62 dias CE = 32 dias CO = 82 dias Fonte: A autora. É importante para a empresa sempre buscar alternativas que resultem em ciclos financeiros reduzidos. Não é interessante à empresa pagar os seus fornecedores e demorar para receber de seus clientes. No caso acima, pode-se observar que, durante o ano, a empresa gira aproximadamente 6 vezes, ou seja, durante os 365 dias, o ciclo financeiro de 62 dias ocorre em 5,9 vezes. 12 De acordo com Luz (2012), quanto maior for o prazo dado pelos fornecedores e menor o período que seus clientes precisam para pagar, mais dinheiro estará disponível no caixa da empresa. Além disso, menor será a dependência de financiamentos ou de pagamentos de juros bancários, por exemplo. Dessa maneira, quanto menor for o prazo dado pelos fornecedores e maior o prazo de pagamento de seus clientes, maior será a necessidade de sua empresa usar seu capital de giro ou seu caixa para financiar as atividades (Luz, 2012). O ideal é que se procure ter o menor ciclo econômico possível, reduzindo os gastos com estoque, e um menor ciclo financeiro, o que diminuirá a necessidade de uso do capital da empresa ou de terceiros para financiar as atividades. TEMA 4: NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO E EFEITO TESOURA Dentro do ciclo financeiro de uma empresa, pode surgir a necessidade de capital de giro. É claro que toda empresa deverá perseguir recebimentos antes dos pagamentos, porém, na maioria das vezes, isso não é possível. As empresas compram matéria-prima, produzem, estocam, vendem e depois recebem, implicando na Necessidade de Capital De Giro (NCG) para esse processo. Sendo assim, quanto maior for o ciclo financeiro, maior será a necessidade de capital de giro. Para Sá (2012), a necessidade de capital de giro é um conceito econômico-financeiro, e não uma definição legal. Necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da empresa. Quando o ciclo de caixa é longo, a demanda por capital de giro é maior, e vice-versa. Assim, a redução do ciclo de caixa, em resumo, significa receber “mais cedo” e pagar “mais tarde”, consubstanciado em meta da administração financeira. A despeito disso, a redução do ciclo de caixa requer adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o encurtamento dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas. O cálculo por intermédio do ciclo financeiro 13 possibilita mais facilmente prever a necessidade de capital de giro em função de uma alteração nas políticas de prazos médios ou no volume de vendas. Para que se possa determinar a NCG, é necessário que se faça uma reclassificação no Ativo e Passivo Circulante da empresa, consistindo na subdivisão do ativo e do passivo circulante em financeiro e operacional. No subgrupo financeiro, ficam classificadasas contas que não estão diretamente relacionadas com o ciclo operacional da empresa, ao passo que, no subgrupo operacional, estão as contas diretamente relacionadas com o ciclo operacional da empresa. As contas que integram o operacional (para o ativo) são estoques, duplicatas a receber, dentre outras. No passivo operacional, estão classificadas as contas como fornecedores, salário dos funcionários, dentre outras. Figura 7 Fonte: A autora. Na maioria das empresas industriais, as saídas de caixa ocorrem antes das entradas. Tal situação cria uma necessidade de aplicação permanente de recursos; logo, há uma necessidade de capital de giro quando a NCG é positiva. Empresas de serviços que exigem altos níveis de entradas, ou pagamentos antecipados, têm geralmente NCG negativa, assim como algumas empresas no setor de varejo, ou seja, as empresas com NCG negativa recebem antes de desembolsar, resultando em ciclo financeiro negativo. NCG = ACO - PCO ACO: Ativo circulante operacional. PCO: Ativo circulante operacional. ACO > PCO: A empresa necessita de capital de giro. ACO < PCO: A empresa com uma certa folga não necessita de capital de giro. 14 ACP = PCO: A empresa está equilibrada e não necessita de capital de giro no momento. Quando a empresa possui dinheiro suficiente para honrar as obrigações financeiras de curto prazo, é sinal de que ela possui um saldo positivo de tesouraria. Caso o contrário, a empresa estará operando de forma inadequada, o pode acarretar no efeito tesoura; isso se dá quando a empresa precisa cada vez mais de capital de giro. Figura 8 Uma importante função da gerência financeira de uma empresa é acompanhar a evolução do saldo em tesouraria, a fim de evitar que permaneça constantemente negativo e crescente. Por intermédio do saldo de tesouraria, pode-se identificar o grau de utilização de recursos de terceiros no curto prazo, que geralmente são destinados a financiar as necessidades líquidas de capital de giro da empresa. Caso o saldo seja positivo, pressupõe-se que a organização detém folga financeira, ou seja, ela possui recursos financeiros aplicados no curto prazo. Se o saldo for negativo, significa que os recursos financeiros de curto prazo estão financiando as atividades operacionais da empresa. Isso porque o saldo em tesouraria pode sinalizar o grau de adequação da política financeira empregada pela administração. O saldo de tesouraria (ST) pode ser demonstrado pela seguinte fórmula: Saldo de Tesouraria = AC Financeiro – PC Financeiro 15 A maioria das empresas, as quais operam com saldo em tesouraria negativo crescentemente, apresenta uma estrutura financeira inadequada, revelando uma dependência excessiva de empréstimos de curto prazo, que poderá conduzi-la em estado de insolvência. A fim de evitar o “efeito tesoura”, as empresas devem planejar a evolução do Saldo de Tesouraria. A evolução do saldo de tesouraria depende de variáveis que afetam o autofinanciamento da necessidade de capital de giro e de decisões estratégicas, que modificam o capital de giro (Luz, 2014). A definição do efeito tesoura foi exposta pelo francês Michel Fleuriet, e baseia-se no fato de uma empresa precisar de capital de giro cada vez maior, dispondo de um saldo em tesouraria cada vez menor (negativo). O nome efeito tesoura vem da forma como as linhas do gráfico dessa relação ficam dispostas: como uma tesoura aberta. Figura 9 Fonte: Motta, 2014. Por meio do modelo de Fleuriet, é possível avaliar a posição de liquidez da empresa, pois, se o aumento das vendas significar que a empresa esteja contraindo empréstimos para pagar as dívidas já existentes, a saúde financeira estará prejudicada, o que pode levar uma empresa à falência. O ideal é reinvestir seu lucro no próprio negócio, para assim, aumentar as vendas (Hoji, 2004). A forma como os recursos serão utilizados deve ser levada em conta para se evitar o efeito tesoura. Os empréstimos, prazo e taxas devem estar em conformidade com o ciclo das vendas. Se a opção for por investimento em imobilizado, é importante que as taxas sejam baixas; por outro lado, os prazos, 16 longos. Essas medidas são essenciais para manter o saldo da tesouraria positivo, caso contrário, o efeito tesoura será inevitável. TEMA 5: AVALIAÇÃO DE LIQUIDEZ DO CAPITAL DE GIRO “A liquidez de uma empresa é medida pela sua capacidade de satisfazer suas obrigações de curto prazo, na data de vencimento”. (Gitman, 2010) Dessa maneira, três indicadores foram desenvolvidos para medir a liquidez de uma empresa, quais sejam: o primeiro indicador é o de liquidez corrente, que indica a capacidade de pagamento por parte da empresa no curto prazo; o segundo é o de liquidez seca, cujo indicador se assemelha ao de liquidez corrente, com a diferença de que se eliminam os estoques do ativo circulante da empresa; e, por último, o de liquidez imediata, o qual também mede a capacidade de pagamento da empresa, observando apenas uma parte do ativo circulante (as disponibilidades em caixa), caso se tenha que pagar no ato (Blatt, 2001). Liquidez Corrente: esse índice indica se a quantidade de recursos que a empresa tem no ativo circulante é suficiente para pagar as dívidas do passivo circulante. Permite conhecer como está a liquidez da empresa no curto prazo (Blatt, 2001). Fórmula: ILC =Ativo Circulante/Passivo Circulante Liquidez Seca: o índice de liquidez seca consiste no ativo circulante menos os estoques, dividindo-se tudo pelo passivo circulante, a exclusão dos estoques é necessária para verificar se a empresa depende das vendas para liquidar seus compromissos. (Blatt, 2001) Fórmula: ILS = Ativo Circulante – estoques/Passivo Circulante Liquidez Imediata: O índice em apreço pode responder à seguinte pergunta: O volume de disponibilidade da empresa é suficiente para cobrir as obrigações no curto prazo? (Blatt, 2001) 17 Geralmente, as disponibilidades não são suficientes para cobrir as obrigações de curto prazo; mesmo assim, isso não é tão preocupante para a empresa. O disponível se traduz nos recursos financeiros disponíveis para a empresa. Todavia, o que acontece é que, na maioria das vezes, a empresa deixa seus recursos em aplicações financeiras, que exigem certo tempo de carência, com a finalidade de obter maiores rentabilidades. Fórmula: ILI = Disponibilidades/Passivo Circulante Interpretação dos índices Quanto ao índice de liquidez corrente, quanto maior, melhor, pois isso sugere que os investimentos no ativo circulante são suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo (Blatt, 2001). ILC > 1: Demonstra folga no disponível para uma possível liquidação das obrigações. ILC = 1: Os valores de direitos e obrigações a curto prazo são equivalentes. ILC < 1: Sem disponibilidades suficientes para quitar as obrigações de curto prazo. Similar ao índice de liquidez corrente, o índice de liquidez seca exclui do cálculo os estoques; ou seja, não considerando os estoques, a empresa pode conhecer se tem condições de adimplir o que deve no curto prazo. ILS > 1: Demonstra folga no disponível para uma possível liquidação das obrigações sem levar em conta os estoques; ILS = 1: Os valores de direitos e obrigações a curto prazo neutros; ILS < 1: Sem disponibilidades suficientes para quitar as obrigações de curto prazo até mesmo excluindo os estoques. Já o índice de liquidez imediata é um índice conservado, pois considera apenas caixas, saldos bancários e aplicações financeiras, expurgando, além dos estoques, as contas e valores a receber. ILI > 1: Demonstra folga nas contas de altíssima liquidez. ILI = 1: Os valores docaixa, aplicações, bancos e obrigações, no curto prazo, neutros; 18 ILI < 1: Sem disponibilidades suficientes para quitar as obrigações de curto prazo, somente com o caixa, bancos e aplicações. Vejamos um exemplo: Figura 10 Fonte: A autora. ILC = 112.000,00/70.000,00 ILC = 1,60 ILS = 70.000,00/70.000,00 ILS = 1,00 ILI = 20.300,00/70.000,00 ILI = 0,29 O resultado encontrado no exemplo supramencionado demonstra que a liquidez da empresa é favorável a ela, sendo que apenas não conseguirá honrar suas obrigações de imediato caso necessite possuir apenas 29% disponível em relação ao passivo circulante. 19 Leitura obrigatória Leia mais sobre capital de giro no livro Análise e demonstrações financeiras (Luz, 2014), unidade 4, páginas 85-105. TROCANDO IDEIAS Leia o artigo abaixo e reflita sobre a importância do capital de giro: http://exame.abril.com.br/pme/por-que-uma-empresa-precisa-de-capital-de- giro-para-crescer/ NA PRÁTICA Calcule o fluxo de caixa descontado com a f(x) e, posteriormente, o fluxo de caixa, período a período. Quadro 5 FLUXO DE CAIXA ANO CAIXA 1 Custo 42.000,00 2 de 47.500,00 3 Capital 51.000,00 4 15% a.a. 55.000,00 5 57.000,00 6 59.900,00 TOTAL 312.400,00 VPL (fx) R$_________________________________ http://exame.abril.com.br/pme/por-que-uma-empresa-precisa-de-capital-de-giro-para-crescer/ http://exame.abril.com.br/pme/por-que-uma-empresa-precisa-de-capital-de-giro-para-crescer/ 20 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANO CAIXA 1 Trazer R$________________________________ 2 o R$________________________________ 3 Valor R$________________________________ 4 Presente R$________________________________ 5 R$________________________________ 6 15% a.a. R$________________________________ TOTAL R$________________________________ Fonte: A autora. Gabarito Quadro 6 Fonte: A autora. ANO CAIXA 1 Custo 42.000,00 2 de 47.500,00 3 Capital 51.000,00 4 15% a.a. 55.000,00 5 57.000,00 6 59.900,00 TOTAL 312.400,00 VPL (fx) R$191.653,82 FLUXO DE CAIXA ANO CAIXA 1 Trazer 36.521,74 2 a 35.916,82 3 Valor 33.533,33 4 Presente 31.446,43 5 28.339,07 6 15% a.a 25.896,42 TOTAL 191.653,82 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO 21 SÍNTESE Depois de entender os conceitos básicos de administração financeira, tesouraria e fluxo caixa, nada como colocar os conceitos em prática, interpretando os dados a partir da mensuração de vários indicadores, tais como: fluxo de caixa descontado, PMP, PMR, PME, NCG, CCC ou CF, Liquidez seca, corrente e imediata. Já diria Deming: "o que não é medido não é gerenciado". Dessa maneira, objetivou-se, com essa aula, desenvolver os métodos mais utilizados para extrair os indicadores das atividades operacionais das empresas e analisar a solvência das organizações. Afinal, com uma avaliação econômico-financeira bem elaborada, será possível obter um retrato fiel do capital da empresa, ou seja, conhecer e acompanhar a saúde financeira de uma empresa. REFERÊNCIAS BLATT, A. Análise de balanços: Estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Education, 2010. HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e controle financeiro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. IAVELBERG, M. Por que uma empresa precisa de capital de giro para crescer? Revista Exame, 2011. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/noticias/por-que-uma-empresa-precisa-de- capital-de-giro-para-crescer>. Acesso em: 25 nov. 2016. LOPES, A. S. A contribuição da controladoria na tomada de decisão do administrador financeiro. 50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Auditoria e Controladoria) – Instituto A Voz do Mestre, Rio de Janeiro, 2010. 22 LUZ, E. E. Análise e demonstrações financeiras. São Paulo: Pearson Education, 2014. MOTTA, R. Principal causa mortis das pequenas empresas. LinkedIn. 2014. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/20141004000939-39848- principal-causa-mortis-das-pequenas-empresas>. Acesso em: 25 nov. 2016. SÁ, C. A. Fluxo de caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
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