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Ilicitude e Culpabilidade: Teoria do Tipo Penal

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Autor: Prof. Flaviano do Rosário de Melo Pierangeli
Colaboradora: Profa. Elizabeth Nantes Cavalcante
Ilicitude e Culpabilidade
Professor conteudista: Flaviano do Rosário de Melo Pierangeli
Mestre em Direito Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2008), e pós-graduando em 
Direito Corporativo e Compliance pela Escola Paulista de Direito – EPD. Tem especialização em Direito Penal Econômico 
e Europeu pela Universidade de Coimbra/Portugal (2008) e especialização lato sensu em Direito Processual Penal pela 
Escola Paulista da Magistratura – EPM (2003). É graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo – PUC/SP, com especialização no ramo penal: direito penal, direito processual penal e medicina legal (1994). 
Membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e da Associação dos Advogados de São Paulo, é professor de 
Direito Penal, Direito Processual Penal e Prática Forense da UNIP desde 2013.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P615i Pierangeli, Flaviano do Rosário de Melo.
Ilicitude e Culpabilidade / Flaviano do Rosário de Melo 
Pierangeli. – São Paulo: Editora Sol, 2021.
104 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
CDU 343.222
U510.95 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Kleber Souza
Sumário
Ilicitude e Culpabilidade
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 TIPO ....................................................................................................................................................................... 11
1.1 Teoria do tipo penal ............................................................................................................................ 11
1.2 Conceito de tipo penal ....................................................................................................................... 12
1.3 Funções do tipo legal .......................................................................................................................... 13
1.3.1 Função de garantia ................................................................................................................................ 13
1.3.2 Função fundamentadora ..................................................................................................................... 13
1.3.3 Função indiciária da ilicitude ............................................................................................................. 13
1.3.4 Função diferenciadora do erro .......................................................................................................... 14
1.3.5 Função seletiva ........................................................................................................................................ 14
1.4 Espécies de tipo penal ........................................................................................................................ 14
1.5 Elementos estruturais do tipo: objetivos, subjetivos e normativos ................................. 18
1.5.1 Elementos objetivos ............................................................................................................................... 20
1.5.2 Elementos subjetivos ............................................................................................................................. 20
1.5.3 Elementos normativos .......................................................................................................................... 20
1.6 Classificação dos tipos penais ......................................................................................................... 20
1.7 A Estrutura do tipo penal conforme o elemento subjetivo ................................................ 22
1.7.1 Tipo penal nos crimes dolosos ........................................................................................................... 23
1.7.2 Tipo penal nos crimes culposos ........................................................................................................ 25
2 TIPICIDADE ......................................................................................................................................................... 32
2.1 Tipicidade conglobante ...................................................................................................................... 32
3 ANTIJURIDICIDADE ......................................................................................................................................... 33
3.1 Conceito ................................................................................................................................................... 33
3.2 Classificações ......................................................................................................................................... 34
3.3 Relação entre antijuridicidade e Ilicitude .................................................................................. 35
3.4 Causas excludentes de antijuridicidade ...................................................................................... 35
3.4.1 Denominações .......................................................................................................................................... 35
3.4.2 Previsão normativa ................................................................................................................................ 36
3.4.3 Excesso no exercício das causas excludentes .............................................................................. 38
4 CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE .................................................................................................... 40
4.1 Estado de necessidade........................................................................................................................ 40
4.1.1 Conceito...................................................................................................................................................... 40
4.1.2 Natureza jurídica ..................................................................................................................................... 40
4.1.3 Teorias unitária e diferenciadora ...................................................................................................... 40
4.1.4 Requisitos ................................................................................................................................................... 41
4.1.5 Formas de estado de necessidade ....................................................................................................44
4.2 Legítima defesa ..................................................................................................................................... 45
4.2.1 Conceito...................................................................................................................................................... 46
4.2.2 Natureza jurídica ..................................................................................................................................... 46
4.2.3 Requisitos ................................................................................................................................................... 46
4.2.4 Excesso ........................................................................................................................................................ 49
4.2.5 Commodus discessus............................................................................................................................. 49
4.2.6 Ofendículos ............................................................................................................................................... 49
4.3 Estrito cumprimento do dever legal ............................................................................................. 50
4.3.1 Conceito...................................................................................................................................................... 50
4.3.2 Natureza jurídica ..................................................................................................................................... 51
4.3.3 Dever legal ................................................................................................................................................. 51
4.4 Exercício regular de direito ............................................................................................................... 52
4.4.1 Conceito...................................................................................................................................................... 52
4.4.2 Natureza jurídica ..................................................................................................................................... 53
4.4.3 Ofendículos ............................................................................................................................................... 53
4.4.4 Excesso punível ........................................................................................................................................ 53
Unidade II
5 CULPABILIDADE ............................................................................................................................................... 57
5.1 Conceito ................................................................................................................................................... 57
5.2 Teorias da culpabilidade .................................................................................................................... 57
5.2.1 Teoria psicológica da culpabilidade ................................................................................................. 58
5.2.2 Teoria normativa ou psiconormativo da culpabilidade ........................................................... 58
5.2.3 Teoria normativa pura da culpabilidade ........................................................................................ 58
5.2.4 Teoria extremada da culpabilidade ou teoria limitada da culpabilidade ......................... 59
5.3 Natureza jurídica .................................................................................................................................. 59
5.4 Espécies de culpabilidade .................................................................................................................. 59
5.4.1 Coculpabilidade ....................................................................................................................................... 60
5.5 Elementos da culpabilidade ............................................................................................................. 60
5.6 Dirimentes da culpabilidade ............................................................................................................ 61
6 CAUSAS EXCLUDENTES DA CULPABILIDADE ........................................................................................ 61
6.1 Imputabilidade ...................................................................................................................................... 61
6.1.1 Conceito...................................................................................................................................................... 61
6.1.2 Elementos da imputabilidade ............................................................................................................ 61
6.1.3 Actio libera in causa .............................................................................................................................. 62
6.2 Causas excludentes da imputabilidade ....................................................................................... 63
6.3 Critérios ou sistemas de aferição da inimputabilidade ........................................................ 63
6.3.1 Biológico ou etiológico ........................................................................................................................ 63
6.3.2 Psicológico ................................................................................................................................................. 63
6.3.3 Biopsicológico .......................................................................................................................................... 64
6.4 Doença mental ...................................................................................................................................... 64
6.4.1 Dependência de substância psicotrópica ...................................................................................... 65
6.5 Desenvolvimento mental incompleto .......................................................................................... 66
6.6 Desenvolvimento mental retardado ............................................................................................. 69
6.7 Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior ............................. 70
6.7.1 Conceito de embriaguez ...................................................................................................................... 70
6.7.2 Fases da embriaguez .............................................................................................................................. 70
6.7.3 Modalidades de embriaguez .............................................................................................................. 70
6.7.4 Responsabilidade penal decorrente de embriaguez ................................................................. 71
6.7.5 Embriaguez patológica ......................................................................................................................... 72
6.7.6 Embriaguez preordenada ..................................................................................................................... 72
6.7.7 Panorama sobre a embriaguez e a imputabilidade ................................................................... 73
6.8 Emoção e paixão ................................................................................................................................... 74
6.8.1 Efeitos legais decorrentes da emoção e paixão ......................................................................... 74
6.9 Semi-imputabilidade .......................................................................................................................... 75
6.9.1 Conceito......................................................................................................................................................75
6.9.2 Requisitos ................................................................................................................................................... 76
6.9.3 Responsabilidade penal decorrente da semi-imputabilidade .............................................. 76
6.10 Potencial consciência da ilicitude ............................................................................................... 77
6.10.1 Conceito ................................................................................................................................................... 77
6.11 Causa de exclusão da potencial consciência da ilicitude .................................................. 78
6.11.1 Erro de proibição escusável .............................................................................................................. 79
6.11.2 Erro de proibição inescusável .......................................................................................................... 80
6.12 Exigibilidade de conduta diversa ................................................................................................. 80
6.13 Causas de inexigibilidade de conduta diversa ....................................................................... 81
6.13.1 Coação moral ......................................................................................................................................... 81
6.13.2 Obediência hierárquica ...................................................................................................................... 81
6.13.3 Conceito de ordem de superior hierárquico ............................................................................. 82
6.13.4 Espécies de ordem e consequências legais ................................................................................ 82
Unidade III
7 CONCURSO DE PESSOAS.............................................................................................................................. 87
7.1 Conceito ................................................................................................................................................... 87
7.2 Teorias sobre o concurso de pessoas ............................................................................................ 87
7.2.1 Teoria pluralista ....................................................................................................................................... 87
7.2.2 Teoria dualista .......................................................................................................................................... 87
7.2.3 Teoria unitária .......................................................................................................................................... 88
7.3 Espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas .............................................................. 88
7.4 Espécies de concurso de pessoas ................................................................................................... 89
7.5 Requisitos do concurso de pessoas ............................................................................................... 89
7.6 Formas de concurso de pessoas ..................................................................................................... 90
7.7 Autoria ...................................................................................................................................................... 90
7.7.1 Modalidades de autoria ....................................................................................................................... 91
7.7.2 Autoria colateral ..................................................................................................................................... 92
7.7.3 Autoria incerta ......................................................................................................................................... 92
7.7.4 Autoria ignorada ..................................................................................................................................... 92
7.7.5 Coautoria sucessiva ............................................................................................................................... 93
7.7.6 Coautoria de escritório ......................................................................................................................... 93
7.8 Participação ............................................................................................................................................ 93
7.8.1 Espécies de participação ...................................................................................................................... 94
7.8.2 Natureza jurídica da participação .................................................................................................... 94
7.8.3 Conivência e participação negativa ................................................................................................ 94
7.8.4 Participação em cadeia......................................................................................................................... 95
7.8.5 Participação sucessiva .......................................................................................................................... 95
8 PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS ....................................................................................... 96
8.1 Participação de menor importância ............................................................................................. 96
8.2 Cooperação dolosamente distinta................................................................................................. 96
8.3 Comunicabilidade e incomunicabilidade de elementares e 
circunstâncias do crime ............................................................................................................................ 97
8.4 Hipóteses de impunibilidade ........................................................................................................... 98
9
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
O conteúdo do presente livro-texto visa a vários objetivos, a começar por propiciar o prosseguimento 
no contato com a Parte Geral do Código Penal e sua linguagem técnica.
Quem conhece a Parte Geral reúne melhores condições de compreender não apenas a Parte Especial 
do Código Penal, mas também a legislação penal extravagante.
Afinal de contas, o avanço nos estudos sobre as regras gerais capacita o aluno a conhecer e interpretar 
diversas figuras jurídicas, formando juízos de valor acerca do seu cabimento ou não.
A partir deste módulo, a fixação do conteúdo programático contribui para a compreensão das 
diferentes estruturas que compõem um tipo penal.
Além disso, com a ilicitude se completa o estudo dos elementos do crime e suas diferentes hipóteses 
de exclusão de responsabilidade penal.
Por sua vez, a culpabilidade e suas excludentes levam à compreensão da reprovação social acerca 
de um comportamento criminoso, analisada pelo magistrado, ao impor a sanção àquele que viola a 
legislação penal, seja como autor, seja como partícipe.
INTRODUÇÃO
O Direito Penal é uma ciência complexa e dinâmica em nossa sociedade. Não há dia que se passe sem 
notícia sobre a ocorrência de algum fato que envolva tal ciência. Basta acessarmos as grandes mídias 
para comprovarmos que as manchetes divulgam a ocorrência de um sem-número de eventos dos mais 
variados crimes que assolam a sociedade.
Por outro lado, o ele não se mostra a primeira via de solução para os problemas que afligem a 
coletividade em geral. Ao contrário, somente após as demais áreas do Direito porventura revelarem 
insuficiência para a superação de conflitos é que o Direito Penal deve ser acionado para o desate de 
tais questões.
A sucessividade do acionamento de respostas decorre do fato de o Direito Penal implicar possível 
restrição, senão privação de liberdade, em contrariedade ao estado natural doser livre.
Por outras palavras, não se deve empregar as soluções próprias ao Direito Penal sem antes se 
buscar o equilíbrio das relações interpessoais que os demais ramos do Direito tiverem aptidão para o 
necessário apaziguamento.
Em especial neste livro-texto, a construção dos tipos penais em suas diferentes modalidades enseja 
uma visão técnico-redacional, bem ainda uma reflexão sobre o seu conteúdo e alcance jurídicos.
10
De outra parte, o estudo da ilicitude e respectivas causas excludentes dimensiona o delito; enquanto 
o primeiro o completa, o segundo traz hipóteses que o justificam.
Mais adiante, a culpabilidade e suas hipóteses de exclusão enfrentam a adequação da punição ao 
violador da norma penal. Para além da existência de um delito, avalia-se se a resposta estatal punitiva é 
condizente com a situação pessoal do seu autor.
Por fim, contemplaremos as diferentes espécies de concorrências delinquencial e correlatas 
responsabilidades penais, conforme a importância do comportamento de cada indivíduo para a 
realização de um delito.
A partir do conteúdo da disciplina Ilicitude e Culpabilidade, será possível que se reúna condições 
para elaboração de juízos críticos cada vez mais elaborados em relação ao ordenamento jurídico e sua 
correlação com os fenômenos sociais que se apresentam em nosso dia a dia.
Assim, se perfaz o presente material, que acompanhará você, estimado aluno, ao longo dos seus 
estudos e, decerto, de sua vida profissional, dada a relevância de seu conteúdo.
Bons estudos!
11
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Unidade I
1 TIPO
O conceito de crime varia conforme a acepção jurídica que se busca alcançar. Dentre tais, sob visão 
analítica, crime pode ser conceituado como o fato típico, antijurídico e culpável, como sustenta a teoria 
tripartida ou, como preferimos, crime é o fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade o pressuposto 
da pena, de acordo com a teoria bipartida.
Nesse diapasão, o estudo do tipo e da tipicidade estão inseridos no primeiro elemento do crime 
- o fato típico - porquanto neste são analisados a conduta, o resultado, o nexo causal e a tipicidade.
1.1 Teoria do tipo penal
Em 1906, Ernst Beling escreveu “A teoria do tipo”, provocando uma revolução no Direito Penal, 
graças à inovadora forma de interpretar o fato criminoso, o que conduziu à reelaboração do conceito 
analítico de crime.
Em constante evolução, a teoria do tipo apresentou diversas fases:
Fase do tipo neutro ou da independência
Desprovido da antijuridicidade e da culpabilidade, o tipo penal se caracteriza por tão somente 
descrever a conduta humana, ‘livre de valor’, como ensina Cezar Roberto Bitencourt (2014, p. 340):
 
A função do tipo, para Beling, era definir delitos, e por isso se caracterizava 
pela sua natureza objetiva e neutra, isto é, livre de valor. O caráter objetivo 
do tipo significava a ausência de elementos subjetivos ou anímicos que, 
nessa época, integravam a culpabilidade; o caráter neutro, por sua vez, 
significava a ausência de valorações legais ou normativas que pudessem 
estar relacionadas com o ‘juízo de antijuridicidade’.
Fase do tipo indiciário ou da ratio cognoscendi
Com a contribuição de Max Ernst Mayer (“Tratado de direito penal”, de 1915), a tipicidade não 
se limita a descrever um fato juridicamente relevante, constituindo um ‘indício de antijuridicidade’, 
embora se reconheça a independência entre a tipicidade e a antijuridicidade. Como bem leciona Juarez 
Tavares (1980, p. 23):
 
12
Unidade I
O tipo tem, antes de tudo, um caráter formal, não sendo mais do que um 
objeto, composto de caracteres conceituais objetivo-descritivos do delito, 
sobre o qual, posteriormente (na antijuridicidade), incidirá um juízo de valor, 
deduzido das normas jurídicas em sua totalidade.
Fase da ratio essendi da ilicitude
Contando com os estudos de Edmund Mezger (“Tratado de direito penal”, de 1931), o tipo legal 
ostenta função constitutiva da antijuridicidade. Assim, se o fato for considerado lícito, deverá ser 
considerado atípico; ao contrário, se houver tipicidade, deverá a ela corresponder a antijuridicidade.
Como exemplificam André Estefam e Victor Rios Gonçalves (2016): “A ilicitude faz parte da tipicidade. 
O tipo penal do homicídio não seria matar alguém, mas matar alguém fora das hipóteses de legítima 
defesa, estado de necessidade etc.”.
 Observação
Em decorrência da ratio essendi, duas teorias foram concebidas:
Teoria dos elementos negativos do tipo: se o fato for acompanhado 
por causa eximente da ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, 
exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal), a 
tipicidade será excluída, pois atua como elemento negativo do tipo penal.
Teoria do tipo de injusto penal: a tipicidade está inserida na ilicitude, 
sendo-lhe estranha a culpabilidade.
1.2 Conceito de tipo penal
Tipo penal é a denominação recebida pelos dispositivos legais “em que o legislador prevê condutas 
delituosas”, como ensina JANAÍNA PASCHOAL, e acrescenta “cada conduta proibida pelo direito penal 
constitui um tipo penal” (PASCHOAL, 2015, p. 48).
Nesse sentido, podemos ir além: tipo penal é todo artigo de lei de natureza penal, que apresente 
conteúdo proibitivo, como é o caso do “tipo do furto” ou do “tipo do roubo”, que incriminam um 
comportamento e preveem uma punição correspondente, ou conteúdo não proibitivo, a exemplo do 
art. 10, que trata da contagem de prazo, ou o art. 6º, que dispõe sobre o lugar do crime, de natureza 
explicativa ou permissiva.
Concebido por Ernst Beling (“A teoria do tipo”, de 1906), o “delito-tipo” representaria um molde, 
uma estampa, um modelo no qual podem se encaixar os fatos da vida comum.
13
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Segundo Beling, o crime poderia ser identificado como um quadro, uma estampa, na qual estão 
presentes todos os fatos da vida comum. Como toda figura delitiva é formada por certos elementos, 
suas identidades caracterizam um certo crime.
Desde então, exatamente por ser genérico e abstrato, o tipo legal descreve conduta criminosa ou 
da conduta permitida, sob proteção de determinado bem jurídico, definido como “fruto do consenso 
democrático em um Estado de Direito” (BITENCOURT, 2014, p. 349).
1.3 Funções do tipo legal
Além de criar infrações penais, o tipo legal possui relevantes funções, tais como: de garantia, 
fundamentadora, indiciária da ilicitude, diferenciadora do erro e seletiva.
1.3.1 Função de garantia
Decorrente da previsão constitucional do princípio da reserva legal, somente a lei em sentido material 
(isto é, norma geral e abstrata que regula a relação jurídica) e formal (aquela que atende ao processo 
legislativo constitucional) pode criar um tipo incriminador.
Trata-se de garantia do indivíduo, pois ao conhecer as condutas compreendidas como ilícitas pelo 
Direito Penal, o ser humano pode praticar livremente todas as demais não incriminadas.
1.3.2 Função fundamentadora
A previsão de uma conduta criminosa por um tipo penal ‘fundamenta’ o direito de punir do Estado 
quando o indivíduo viola a lei penal, legitimando-se e limitando-se o poder-dever estatal.
1.3.3 Função indiciária da ilicitude
O tipo penal delimita a conduta penalmente ilícita. Dessa forma, se a ação ou omissão é típica, 
presume-se que tal seja impregnada de ilicitude, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico.
Referida presunção é relativa, devendo ser provada caso a caso. Assim, se o agente sustentar a licitude 
do fato, caberá ao mesmo a prova da existência de uma das excludentes do art. 23 do Código Penal.
Exemplo: o policial que atende ao chamado de socorro, não responde por invasão de domicílio 
se tiver de arrombar porta da residência para salvar seus moradores de um incêndio que expunha a 
risco suas vidas.
14
Unidade I
 Lembrete
Vale a pena recordar: a presunção relativa é aquela que depende de 
efetiva aferição para a sua adoção, isto é, deve ser alegada e provada.
Por outro lado, a presunção absoluta independe de prova no caso 
concretoporque deriva da própria lei, ou seja, é a lei que dispõe em 
determinado sentido, conferindo juízo de certeza ao seu conteúdo.
1.3.4 Função diferenciadora do erro
O dolo do agente deverá alcançar todas as elementares do tipo legal, sendo que eventual ignorância 
sobre elementar do tipo penal configura erro de tipo, afastando o dolo, de acordo com o preceito inserto 
no art. 20 do Código Penal:
Erro sobre elementos do tipo:
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o 
dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Por conseguinte, o autor de um fato típico somente poderá ser responsabilizado pela prática de 
crime doloso quando conhecer as circunstâncias de fato.
1.3.5 Função seletiva
Compete ao tipo penal ‘selecionar’ as condutas que deverão ser proibidas (crimes comissivos) ou 
ordenadas (crimes omissivos) pela lei penal, considerando os princípios do Direito Penal.
1.4 Espécies de tipo penal
Os tipos penais são divididos em incriminador e não incriminador, sendo que este se subdivide em 
permissivo e explicativo.
Tipo incriminador ou legal
Trata-se da síntese legal da conduta criminosa, isto é, o comando normativo que prevê um 
comportamento proibido pelo Estado.
Exemplos: 
• art. 121 do CP, ao tratar da vedação da supressão da vida humana por outro ser humano;
• art. 33 da Lei n. 11.343/2006, cujo tipo ‘incrimina’ dezoito comportamentos que revelam a conduta 
criminosa de tráfico de drogas ilícitas.
15
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Além da descrição de um comportamento proibido, o tipo penal traz, necessariamente, uma sanção, 
como consequência lógica do descumprimento da norma.
Imagine alguém se comportando tal como prevê o art. 155 do CP: a pessoa subtrai alguma coisa 
móvel de sua vítima, acrescentando tal bem ao seu patrimônio, ou ao de outra pessoa, ilicitamente. Quem 
assim age, se submete à sanção penal, como consequência lógica de seu comportamento criminoso, ou 
seja, à pena, de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
 Observação
No tocante ao Código Penal, esta espécie de tipo não é encontrada na 
Parte Geral, que trata de regras gerais e não de hipóteses específicas de delitos.
Já em relação às leis extravagantes, não há divisão do texto legal entre 
partes geral e especial, sendo reservado capítulo próprio para tratar dos 
crimes em espécie.
Estrutura do tipo incriminador
Nomen juris, título ou rubrica é a anotação lançada na margem de cada artigo e, por vezes, nos 
parágrafos ou mesmo nos incisos. Seu objetivo é identificar um delito, nomeando-o em sua modalidade 
fundamental, bem ainda especificando sua eventual forma privilegiada, qualificada ou circunstâncias 
atenuantes ou agravantes.
Acompanhe o exemplo a seguir:
Homicídio simples 
(caput)
Homicídio qualificado 
(§2º)
Caso de diminuição de 
pena (§1º)
Homicídio culposo 
(§3º)
Homicídio
Figura 1 
Como se depreende da figura anterior, no tocante ao crime de homicídio, destacamos o nomen juris, 
título ou rubrica, dentre outras, as hipóteses do homicídio simples, caso de diminuição de pena, sua 
forma qualificada e, por fim, o homicídio culposo.
16
Unidade I
Preceitos primário e secundário
Os tipos incriminadores contêm duas preceitos: o primário e o secundário. O preceito primário 
diz respeito ao comportamento que o Estado proíbe, enquanto o preceito secundário corresponde à 
consequência lógica que decorre da violação ao preceito primário, ou seja, a sanção penal.
A elaboração de preceitos primário e secundário é exclusiva dos tipos penais incriminadores porque 
somente nesses é que temos um comportamento normativo, cuja violação sujeita o agente a uma 
sanção penal.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o 
próprio filho, durante o parto ou logo após.
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Preceito primário
Preceito secundário
Figura 2 
Na figura anterior, uma vez violado o comportamento previsto no art. 123 CP, o Estado poderá 
exercer seu poder-dever de punir o agente (jus puniendi), com a aplicação de sanção penal de dois a 
seis anos, sob regime de detenção.
Tipo não incriminador
O tipo penal não incriminador não traz em seu conteúdo a descrição de um crime. Ao contrário, 
descreve (VENERAL; FERREIRA, 2020, p. 127): “as situações que admitem a conduta apesar de o fato ser 
típico, referindo-se à causas de exclusão da ilicitude (eximentes ou justificantes)”.
São modalidades do tipo penal não incriminador o permissivo e o final, explicativo ou 
complementar.
O tipo penal permissivo é a forma fundamental pela qual se define casos de exclusão de ilicitude 
ou de culpabilidade.
Exemplo: art. 23 CP, que traz as hipóteses legais de excludentes da ilicitude:
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela 
Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
17
ILICITUDE E CULPABILIDADE
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito.
Por exemplo: art. 26 e seu parágrafo único, do CP, que contemplam as hipóteses de inimputabilidade 
e semi-imputabilidade, respectivamente:
 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação 
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei 
n. 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984).
O tipo penal final, explicativo ou complementar, por sua vez, enuncia conceito e delimita o 
âmbito de sua aplicação.
Exemplo: art. 14 CP, que aborda as hipóteses de crime consumado, de tentativa e sua correspondente 
forma de punição:
 
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição 
legal; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a 
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
18
Unidade I
 Observação
Há crimes que punem a tentativa de igual forma à sua consumação, 
como ocorre com o art. 352 do CP, que trata da “evasão mediante violência 
contra a pessoa”.
ou
Fugir
Tentar fugir
ou
Figura 3
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo 
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra 
a pessoa: pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena 
correspondente à violência.
1.5 Elementos estruturais do tipo: objetivos, subjetivos e normativos
Para descrever um comportamento punível, o tipo penal é estruturado com um núcleo e suas 
elementares, além de eventuais circunstâncias – relativas à qualifi cadoras e fi guras privilegiadas.
O núcleo do tipo penal é a primeira etapa para a construção de um tipo penal incriminador. Ele é 
formado por um ou mais verbos, cujo objetivo consiste em, ao lado dos demais elementos que integram 
um tipo penal, conferir perfeita compreensão acerca de um interesse que se pretende proteger, ou 
seja, um bem jurídico.
Como exemplos de núcleo de tipo penal, temos: “subtrair” (furto e roubo); “matar” (homicídio); 
“constranger” (constrangimento ilegal, extorsão, estupro).
19
ILICITUDE E CULPABILIDADE
 Observação
Os tipos penais constituídos por vários verbos típicos são denominadostipos mistos alternativos, de ação múltipla ou conteúdo variado.
Nesses tipos penais é empregado o princípio da alternatividade, pelo 
qual basta a prática de uma das condutas previstas no seu conteúdo para já 
configurar o delito. Então, ainda que o agente adote mais de uma conduta 
(“verbo tipo”), haverá um só crime.
Exemplo: o art. 33 da Lei de Drogas é bem esclarecedor. Referido tipo 
penal trata da figura do “tráfico de drogas”. Uma só conduta basta para 
configurar o mencionado crime. Mas o art. 33 é composto por nada menos 
que 18 (dezoito) verbos. Confira:
“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar”
Como se vê, são múltiplas as possibilidades de se praticar a conduta que 
configura a expressão “traficar”.
Logo, pela aplicação do princípio da alternatividade, não importa que o 
agente tenha realizado mais de uma conduta descrita nos diversos verbos 
que compõem o tipo penal do art. 33 da Lei de Drogas. O agente se sujeita 
a responder por um só crime.
Sem dúvida, o núcleo é importante para a construção de um tipo penal. Todavia, tão só o núcleo 
não é suficiente para a perfeita compreensão da proteção legal ao bem jurídico. Afinal de contas, como 
mencionado no exemplo anterior, o mesmo verbo “constranger” foi empregado na elaboração dos delitos 
de constrangimento ilegal (art. 146), extorsão (art. 158) e estupro (art. 213), dentre outros.
Isto posto, é imprescindível somar ao verbo outros elementos para a adequada elaboração de um tipo 
penal. Tratam-se de elementares ou elementos objetivos, subjetivos e normativos, além de ocasionais 
circunstâncias, que são agregados em torno do núcleo, com o objetivo de proporcionar perfeita descrição 
da conduta criminosa.
20
Unidade I
1.5.1 Elementos objetivos
Elementos objetivos são aqueles que descrevem um comportamento criminoso, sem levar em 
consideração o estado anímico do agente. Revela um juízo de certeza, constatável por qualquer pessoa.
Exemplo: “alguém” (art. 121 CP) significa outra pessoa humana, que não seja o agente.
1.5.2 Elementos subjetivos
Elementos subjetivos dizem respeito ao estado anímico do agente, isto é, à atitude psíquica 
interna que cada tipo objetivo requer.
Exemplo: no furto (art. 155 CP) não basta a subtração de coisa alheia móvel; exige-se o ânimo de 
assenhoreamento definitivo (‘animus rem sibi habendi’).
1.5.3 Elementos normativos
Elementos normativos agregam um juízo de valor ao tipo penal para a sua perfeita compreensão. 
Dividem-se em:
Elementos normativos jurídicos ou impróprios exigem um juízo de valor eminentemente jurídico.
Exemplo: cheque; funcionário público; ilicitude; duplicata.
Elementos normativos culturais, morais ou extrajurídicos envolvem conceitos próprios de 
outras áreas do conhecimento humano, tais como artes, literatura ou ciências.
Exemplo: ato obsceno; ato libidinoso; dignidade; decoro.
1.6 Classificação dos tipos penais
Os tipos penais podem ser classificados, doutrinariamente, em tipos normal e anormal; fundamental 
e derivado; fechado e aberto; simples e misto; congruente e incongruente.
Tipo normal e tipo anormal
• Tipo normal: contém apenas elementos objetivos, ou seja, não depende de valoração por parte 
do intérprete.
Exemplo: art. 121 CP – “Matar alguém”. O significado da palavra ‘alguém’ já é suficiente para 
compreender que se trata de outra pessoa humana, que não o agente.
21
ILICITUDE E CULPABILIDADE
• Tipo anormal: contém elementos normativos ou subjetivos, acerca dos quais recai valoração por 
parte do intérprete.
Exemplo: art. 155 CP: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. A expressão “para si 
ou para outrem” revela a intenção do agente de assenhoreamento da coisa subtraída.
Tipo fundamental e tipo derivado
• Tipo fundamental ou básico: trata-se da forma mais simples da conduta criminosa. Em regra, 
está situado no caput do dispositivo legal.
Exemplo: furto simples (art. 155, caput, CP).
• Tipo derivado: é aquele estruturado a partir do tipo básico, contendo circunstâncias que 
aumentam ou diminuem a pena.
Exemplo: homicídio qualificado (art. 121, § 2º, CP); homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, CP).
Tipo fechado e tipo aberto
• Tipo fechado ou cerrado: é o que possui descrição completa da conduta criminosa.
Exemplo: furto; homicídio.
• Tipo aberto: é o que não possui descrição típica completa, exigindo atividade valorativa, a 
cargo do julgador.
Exemplo: Art. 134 CP – “Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria”. 
O magistrado deve identificar, no caso concreto, a presença e o real alcance do que vem a ser 
‘desonra própria’.
Tipo simples e tipo misto
• Tipo simples: é o que apresenta um único núcleo, um verbo típico. Caracteriza crime de 
“ação única”.
Exemplo: art. 157 CP. A conduta identificada como “roubo” se dá por meio de um único verbo 
típico, qual seja, “subtrair”.
• Tipo misto: é o que tem na sua descrição típica dois ou mais núcleos. Caracteriza os crimes de 
“ação múltipla” ou “conteúdo variado”.
Exemplo: art. 33 da Lei de Drogas. Embora baste a prática de apenas um verbo nuclear constante 
do caput, a conduta de ‘tráfico de substâncias ilícitas’ pode ser caracterizada por nada menos 
que dezoito formas diferentes, a saber: ”importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, 
22
Unidade I
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
Tipo congruente e tipo incongruente
• Tipo congruente: trata-se do tipo em que há perfeita coincidência entre a vontade do autor 
e o fato descrito na lei penal.
Exemplo: art. 121 CP: homicídio simples. Querendo matar, o agente age de acordo com a sua 
vontade e, efetivamente, provoca tal resultado.
• Tipo incongruente: é aquele em que não há perfeita coincidência entre a vontade do autor 
e o fato descrito na lei penal
Exemplo: tentativa. Não é a vontade do agente ‘tentar’ violar a legislação penal. Assim, embora 
desejando praticar um homicídio e, agindo de acordo com tal intenção, o agente não alcança seu 
objetivo por circunstâncias alheias à sua vontade. Sua responsabilidade penal só é identificada 
mediante a combinação das figuras do homicídio e da tentativa – arts. 121 e 14, II, ambos do Código 
Penal. Isto porque o tipo penal relativo ao homicídio, prevê tal resultado e não a sua forma tentada.
1.7 A Estrutura do tipo penal conforme o elemento subjetivo
Como já visto ao longo da disciplina Teoria Geral do Crime, dentre vários critérios diferenciadores, os 
delitos podem ser dolosos, culposos e preterdolosos, levando-se em consideração sua intenção delitiva.
Crimes dolosos são aqueles em que o sujeito quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. 
Exemplo: tráfico de drogas (art. 33 da Lei n. 11.343/06).
Crimes culposos são aqueles em que o sujeito, embora não deseje, dá causa ao resultado por 
imprudência, negligência ou imperícia. Exemplo: homicídio culposo na direção de veículo automotor 
(art. 302 da Lei n. 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro).
Em princípio, os tipos penais contemplam a conduta dolosa. Apenas excepcionalmente, e desde que 
previstas em lei, será punível a forma culposa.
As definições anteriores estão previstas no art. 18 do CP, bem como a regra da excepcionalidade do 
crime culposo, em seu parágrafo único. Vejamos:
 
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
23
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia.
Parágrafo único -Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido 
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Crimes preterdolosos ou preterintencionais são aqueles em que o agente adota conduta dolosa, 
agravada por um resultado provocado por negligência, imprudência ou imperícia, não querido, ou seja, 
não intencional. Exemplo: o agente agride a vítima, lesionando o seu corpo. Com o ataque, a vítima 
perde o equilíbrio, cai, vindo a falecer em razão de bater a cabeça contra o solo (art. 129, § 3º, do CP).
Como não poderia deixar de ser, a intenção delitiva conduz às estruturas típicas diferentes, conforme 
se trate de crimes dolosos ou de crimes culposos.
1.7.1 Tipo penal nos crimes dolosos
Por definição, dolo é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo penal.
Ressalte-se que a dita vontade significa querer algo; objetivar alguma coisa, ao passo que a 
consciência diz respeito ao conhecimento acerca do fato delituoso.
Não uma, mas duas são as teorias que orientam o delito doloso, como se depreende da definição 
legal constante do art. 18, I, do Código Penal.
• Teoria da vontade: dolo significa a vontade, de forma consciente, de realizar o resultado descrito 
no tipo penal, que se sabe contrário à lei penal.
• Teoria do assentimento: é suficiente a aceitação de produzir o resultado, a partir da sua previsão 
ou consciência.
Quanto às suas espécies, temos as seguintes classificações doutrinárias:
• Dolo natural ou neutro: vontade do agente de realizar os elementos objetivos do tipo legal, 
sendo irrelevante a consciência da ilicitude. Ou seja, basta a consciência e a vontade. Trata-se de 
concepção dominante, na atualidade.
• Dolo híbrido ou normativo: contém, além da consciência e vontade, a consciência relativa à 
ilicitude. Trata-se de concepção ultrapassada, hoje em dia, porque a consciência sobre a ilicitude 
integra a culpabilidade.
• Dolo direto ou imediato: o agente quer produzir o resultado criminoso. Exemplo: agente quer 
desferir uma facada em região vital com o fim de matar alguém.
24
Unidade I
O dolo direto se subdivide em 1º e 2º graus.
— Dolo direto de 1º grau: relaciona-se com o fim visado pelo sujeito para alcançá-lo.
— Dolo direto de 2º grau ou de consequências necessárias: relaciona-se com os meios 
escolhidos (efeitos colaterais) da conduta, considerados necessários.
Exemplo: terrorista visa matar “A”, durante voo. Para tanto, aciona dispositivo explosivo que mata 
seu alvo (dolo direto de 1º grau), além de todos os demais passageiros (dolo direto de 2º grau ou de 
consequências necessárias).
• Dolo indireto, indeterminado ou mediato: a vontade do agente não se dirige a certo e 
determinado resultado.
O dolo indireto se subdivide em dolo alternativo e dolo eventual.
— Dolo alternativo: a vontade do agente se dirige à produção de um ou outro resultado, 
indistintamente. Exemplo: “A” desfere golpes de faca contra “B”, com intenção de provocar a 
sua morte ou apenas de feri-lo gravemente.
— Dolo eventual: o agente não quer diretamente o resultado, mas, com a sua conduta, aceita 
a possibilidade de produzi-lo. Exemplo: trafegar com velocidade excessiva, sobre calçadão 
repleto de pessoas, sendo ou não a intenção do agente, certo é que ele admite a hipótese de 
atropelar algum pedestre.
• Dolo de dano: o agente realiza o comportamento criminoso com o fim de lesar o bem jurídico 
protegido pela norma penal.
• Dolo de perigo: basta ao agente, com o seu comportamento criminoso, expor determinado bem 
jurídico a perigo, sem intenção de provocar lesão efetiva.
• Dolo genérico: é a vontade do agente de praticar determinada conduta criminosa sem uma 
finalidade especial.
• Dolo específico: é a vontade do agente de praticar certa conduta criminosa visando uma 
finalidade específica.
Assim, orientando-se o tipo penal pela intenção do agente, os tipos penais são ordinariamente 
formulados a partir de uma conduta dolosa. Daí que se diz que somente por exceção, é que se pune uma 
conduta culposa. Ou seja, só será relevante ao Direito Penal a conduta culposa quando expressamente 
prevista como delituosa.
Nessa linha, prevê o art. 18, II do CP, que o crime será considerado culposo “quando o agente deu 
causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
25
ILICITUDE E CULPABILIDADE
1.7.2 Tipo penal nos crimes culposos
Conceitua-se culpa como a quebra do dever de cuidado imposto às pessoas de razoável diligência.
Para melhor compreensão acerca do que vem a ser a tal “razoável diligência”, utiliza-se de 
comparação entre o comportamento do agente em determinado caso e aquele previsto na norma. 
Por conseguinte, não havendo coincidência entre ambos, restará configurada a culpa do agente.
Quanto aos tipos culposos, estes têm como característica a estipulação normativa em aberto, 
recebendo a denominação de tipos penais abertos. Ou seja, sendo impossível descrever as múltiplas 
hipóteses de condutas culposas, a redação dos tipos penais culposos emprega fórmulas genéricas, a 
partir das quais o intérprete compara o comportamento adotado pelo agente com a norma.
Por exemplo, podemos citar o homicídio culposo, previsto no art. 121, § 3º do CP, cuja redação é 
estipulada nos seguintes termos: “Se o homicídio é culposo”.
Ora, como saber o que vem a ser a modalidade culposa de homicídio?
Bem, para identificarmos a forma culposa, temos de comparar o comportamento adotado pelo 
agente com as hipóteses de homicídio. Isto é, se a conduta não foi intencional, não se fazendo presente 
qualquer hipótese dentre as qualificadoras, nem mesmo sob a forma dolosa simples prevista no caput 
do artigo em questão, então resta a modalidade culposa, para o caso de o agente ter agido sem a 
intenção de matar alguém, apesar de ser o responsável por tal resultado.
Portanto, temos a ocorrência do resultado ‘morte’, não em virtude da vontade do agente, mas pela 
conduta descuidada do agente, incomum ao senso comum da sociedade. Nesse sentido, as pessoas em 
geral teriam adotado algum comportamento diferente daquele ostentado pelo agente, o que evidencia 
a sua culpa, passível de responsabilidade criminal.
1.7.2.1 Elementos do fato típico culposo
São elementos do fato típico nos crimes culposos:
• Conduta voluntária.
• Inobservância do dever de cuidado objetivo.
• Resultado lesivo involuntário.
• Previsibilidade.
• Tipicidade.
26
Unidade I
Conduta voluntária
Trata-se de ação ou omissão criticável, uma vez que impregnada de desvalor.
É irrelevante a finalidade do agente, mas importam o modo e a forma impróprios de seu comportamento.
Exemplo: motorista conduz veículo automotor, em velocidade excessiva, com o intuito de assistir à 
uma missa religiosa. No percurso, infelizmente, perde o controle, vindo a atropelar e ferir um pedestre.
Não importa o propósito louvável do indivíduo (prática de fé religiosa), mas a falta de cuidado com 
que agiu ao exceder a velocidade máxima permitida em determinada via pública e, imprudentemente, 
provocar o acidente automobilístico.
Dever de cuidado objetivo
O dever de cuidado objetivo condiz com a cautela necessária para os atos da vida, de modo a não 
causar danos a bens jurídicos alheios.
Exemplos: direção profissional ou não; manipulação de lixo tóxico.
Todos devem ter cuidado, de modo a ser evitado qualquer lesão ao bem jurídico alheio. Não só, mas 
especialmente quem tem evidente conhecimento técnico sobre determinado assunto.
Nessa linha, e de acordo com os exemplos anteriores, toda pessoa habilitada a dirigir veículo 
automotor tem o dever de cuidado para não cometer, por culpa, algum delito. Contudo, é evidente, que 
o motorista profissional deve adotar cuidado ainda maior, em razão de sua ocupação laboral. Por sua vez, 
é de conhecimento geral que todo lixo tóxico deve ser manipulado e descartado seguindo determinadas 
posturas administrativas. Então, quem trabalha com resíduos tóxicos bem sabe todo o cuidado com o 
qual deve agir para evitar, por exemplo, a contaminação dealguém ou do meio ambiente, deixando de 
incorrer em eventual crime culposo.
 Observação
Sempre é bom relembrar que, por conta do princípio da ‘alteridade’, o 
Direito Penal somente se ocupa da lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico 
alheio. Logo, não lhe diz respeito um ataque a bem jurídico próprio, como 
é o caso da autolesão.
Por exemplo, o fato de alguém se lesionar não configura qualquer 
comportamento delituoso. Todavia, se a pessoa provocar lesão em si mesa 
e pleitear indenização securitária, esta pretensão fará surgir o interesse 
estatal sobre eventual responsabilidade penal do sujeito.
27
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Resultado lesivo involuntário
Somente haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado resultar efetiva lesão a um 
bem jurídico, involuntariamente.
Exemplo: conduzir veículo automotor sem a devida atenção pode gerar um acidente com vítima, 
configurando crime culposo.
Por outro lado, ainda que atuando de forma desatenta, se o motorista de um caminhão não provocar 
um sinistro, inexistirá interesse do Estado para apurar responsabilidade do condutor, de natureza penal.
Relação de causalidade 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem 
a qual o resultado não teria ocorrido.
Mas, atenção, não basta o resultado para configurar o delito, ele deve ter sido provocado pelo 
agente, ou seja, deve haver nexo causal entre o fato e o resultado, em obediência ao art. 13 CP.
Previsibilidade
Como ensina Damásio (1999, p. 295), previsibilidade consiste na “possibilidade de ser antevisto o 
resultado, nas condições em que o sujeito se encontrava”.
Exemplo: sob chuva, o motorista de um veículo automotor deve reduzir a velocidade, considerando 
que eventual frenagem poderá levar à falta de controle do carro, com risco de causar acidente.
Não se trata de exercício de ‘adivinhação’, mas de conduta cuidadosa que qualquer pessoa 
prudente adotaria.
Por isso, entende-se a verificação de ‘previsibilidade’ adota critério objetivo, importando-se com o 
comportamento que a maioria das pessoas empregaria em dada situação.
 Observação
Por outro lado, a previsibilidade, sob critério subjetivo, levaria em 
consideração as razões pelas quais o agente agiu ou deixou de agir de certa 
maneira, para avaliar a reprovabilidade de sua conduta. Nestes termos, diz 
respeito, portanto, à Culpabilidade e não à Ilicitude.
28
Unidade I
Tipicidade
Ao contrário do que ocorre nos crimes dolosos - em que a tipicidade corresponde à perfeita adequação 
de dada situação fática à certo tipo penal - nos crimes culposos a ação não está descrita nos tipos 
penais, pois estes são tipos abertos, necessitando de complementação para sua compreensão.
Exemplo: no art. 129, § 6º, CP, temos: “Se a lesão é culposa: Pena – detenção [...]”.
Então, você deve se perguntar: “como saberei se a lesão é ou não culposa?”
Bem, a resposta é determinada mediante comparação entre a conduta do agente e o comportamento 
ideal, ou seja, aquele que teria uma pessoa de discernimento e prudência ordinários.
Se a conduta do sujeito não encontrar apoio no comportamento que a maioria das pessoas seguiria, 
então restará evidenciada a sua culpa. Logo, o agente deverá responder por lesão corporal culposa.
1.7.2.2 Modalidades de culpa
De acordo com o art. 18, II, CP, são modalidades de culpa a:
• Imprudência é caracterizada pela ação precipitada, realizada de uma forma afoita.
Exemplo: limpar arma de fogo carregada, próximo a outras pessoas.
• Negligência é caracterizada pela inação, por displicência.
Exemplo: não frear o veículo automotor, ao estacioná-lo.
• Imperícia é caracterizada pela imprudência ou negligência profissional, isto é, a não aplicação de 
conhecimentos técnicos no exercício legal de arte ou profissão.
Exemplo: casa desaba e mata proprietário, por culpa do engenheiro.
1.7.2.3 Espécies de culpa
As espécies de culpa não se confundem com as modalidades de culpa. Estas, como visto, compreendem 
as diferentes formas pela qual o agente realiza uma conduta delitiva, por falta de diligência ordinária, 
comum ao senso comum da sociedade.
De sua parte, as espécies de culpa se referem às classificações doutrinárias de um crime culposo, 
levando-se em conta características que os diferenciam entre si.
Assim, a culpa é classificada em inconsciente ou consciente, e própria ou imprópria, além da culpa 
mediata ou indireta.
29
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Culpa inconsciente ou culpa sem previsão
Trata-se da culpa comum, em que o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível.
Exemplo: estaciono o meu veículo automotor, esquecendo-me de freá-lo, vindo a atropelar 
um pedestre.
Culpa consciente ou culpa com previsão
Refere-se ao resultado que é previsto pelo agente, embora espera que não ocorra ou que 
possa evitá-lo.
Exemplo: em caçada, eu vejo um companheiro ao lado da caça. Aponto para esta, disparo mas 
acontece aquilo que eu tinha convicção de que não ocorreria: acerto o caçador.
Culpa própria
Diz respeito ao resultado, o qual, embora previsível, não é previsto pelo agente. Equivale à culpa 
inconsciente.
Exemplo: ao limpar minha arma de fogo, disparo-a, acidentalmente, ferindo um colega que estava 
ao meu lado.
Culpa imprópria, por extensão ou por equiparação
Consiste na culpa fundada no erro do agente. Diferentemente das demais hipóteses de culpa, nesta 
o sujeito quer o resultado, mas sua vontade está viciada por um erro que poderia, com o cuidado 
necessário, ter evitado.
Exemplo: policial militar atira para neutralizar a ação de um ladrão; atingido em sua perna, este 
tenta se levantar, em vão, ocasião em que o policial continua a alvejá-lo, pois acredita que o ladrão 
ainda não foi dominado.
Culpa mediata ou indireta
Trata-se da realização de um resultado, de forma culposa, indiretamente.
Exemplo: durante um assalto, o roubador aborda o motorista de um veículo automotor que aguarda 
a liberação do sinal de semáforo. Assustado, a vítima abandona o carro e corre em direção ao cruzamento 
das vias, vindo a ser atropelado e morto por um caminhão.
Neste caso hipotético, o roubador deve responder pelo homicídio culposo na direção de veículo 
automotor, tendo em vista ser previsível a fuga da vítima de um assalto, além de responder pelo roubo, 
sob forma tentada.
30
Unidade I
 Lembrete
A culpa deve ser provada, no caso concreto, porque o ordenamento 
jurídico rechaça a responsabilidade penal objetiva. Daí, atualmente, não se 
admite a ‘culpa presumida’.
1.7.2.4 Graus de culpa
Os graus de culpa se referem à maior ou menor possibilidade de previsão do resultado ou dos 
cuidados adotados ou pelo agente.
Diante do afastamento do agente dos deveres objetivos de cuidado, quanto maior for a frustração 
da previsibilidade, maior será o grau de sua culpa. Temos, pois, em grau crescente, as culpas levíssima, 
leve e lata ou ampla.
Os diferentes graus de culpa, no âmbito do Direito Penal não têm importância, uma vez que importa 
apenas verificar a presença ou a ausência dos deveres de cuidado, sob as modalidades imprudência, 
negligência ou imperícia, para a configuração de um delito culposo.
Por outro lado, o juiz criminal, por ocasião da sentença, poderá fixar a pena, levando em consideração 
a maior ou menor intensidade de descuido do agente, por ocasião da análise acerca das ‘circunstâncias 
do fato”, como prevê o art. 59 CP.
1.7.2.5 Compensação de culpas
Entende-se por compensação de culpas a possibilidade de se neutralizar a responsabilidade penal 
de um agente cujo comportamento delitivo se deu mediante culpa em face de outro comportamento 
delituoso, também culposo.
Não se admite a compensação de culpas no Direito penal brasileiro.
Assim, se duas pessoas se ferem mutuamente, por conduta culposa, ambas devem responder, cada 
qual pelo delito praticado. Isto porque não se trata de direito disponível, diferentemente do Direito civil.
1.7.2.6 Concorrência de culpasSe duas pessoas, agindo sob qualquer modalidade de culpa, desconhecendo uma a atitude da outra, 
atingirem terceira pessoa, lesionando a sua integridade física, ambas devem responder, cada qual pelo 
crime que praticou.
31
ILICITUDE E CULPABILIDADE
1.7.2.7 Culpa exclusiva da vítima
A partir da conduta do agente, se o resultado for imputável somente à própria vítima, àquele não 
deve ser imposta qualquer responsabilidade criminal.
Exemplo: decidida a praticar suicídio, a vítima se joga de um viaduto, vindo a cair logo à frente de 
um ônibus, cujo condutor a atropela, fatalmente.
A responsabilidade do agente é anulada pelo comportamento imprevisível da vítima.
1.7.2.8 Excepcionalidade do crime culposo
O tipo penal incriminador é, em regra, formado pelo dolo. Contudo, desde que prevista expressamente 
em lei, admite-se a forma culposa.
Esta regra é prevista no parágrafo único do art. 18, do Código Penal:
 
Art. 18 - Diz-se o crime:
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido 
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Por isso se diz que o dolo é a regra, e a culpa é exceção.
Como exemplos de crimes culposos previstos no Código Penal, temos: homicídio (art. 121, §3º); 
lesões corporais (art. 129, §6º); incêndio (art. 250, §2º); explosão (art. 251, §3º) etc.
1.7.2.9 Crime preterdoloso
Também conhecido como preterintencional, o crime preterdoloso é aquele formado por dois 
elementos subjetivos: o dolo e a culpa, em razão do resultado especialmente agravado.
Em sua trilha delituosa, o agente age de forma dolosa e, em decorrência desta, advém um resultado 
não querido.
Estruturalmente, temos o dolo na conduta antecedente e a culpa no consequente.
Lesão corporal
 (dolo)
Morte 
(culpa) art. 129, §3º
Figura 4 
32
Unidade I
No exemplo anterior, temos o crime de lesão corporal seguida de morte, previsto no art. 129, 
§ 3º, do CP.
2 TIPICIDADE
Chama-se tipicidade a perfeita adequação de um fato atribuível ao ser humano em relação a 
determinado tipo legal.
Em decorrência desta análise da conduta humana e a letra da lei, é considerado típico o comportamento 
que coincide com a previsão legal e, por sua vez, atípico quando há não há coincidência entre tais.
Dessa forma, o fato de alguém matar outra pessoa é típico porque a supressão da vida encontra 
expressa previsão legal no art. 121 do CP. Há, portanto, tipicidade.
Por outro lado, o fato de alguém deixar de pagar quitar uma dívida passível de regular cobrança não 
é típico porque inexiste previsão legal nesse sentido. Há, assim, atipicidade da conduta diante de sua 
irrelevância ao Direito penal.
Trata-se, portanto, da “exteriorização do princípio da legalidade no corpo da estrutura analítica do 
delito” (BUENO, 2012, p. 26), que impõe os limites de interesse do Estado pela intervenção penal, diante 
dos inúmeros fatos comuns da vida.
O Estado, na figura do legislador, descreve “as condutas consideradas nocivas à ordem 
jurídica” (DAMÁSIO, 1999, p. 265), não toleradas pela sociedade, as quais têm por consequência 
previsão punitiva.
2.1 Tipicidade conglobante
Tipicidade conglobante ou antinormatividade é:
 
a comprovação de que a conduta legalmente típica está também proibida 
pela norma, o que se obtém desentranhando o alcance da norma proibitiva 
conglobada com as restantes normas da ordem normativa (ZAFFARONI; 
PIERANGELI, 2011, p. 400).
Trata-se de um dos elementos da tipicidade penal, à qual se junta a tipicidade legal.
Por sua vez, a tipicidade legal ou ‘adequação à formulação legal do tipo’ significa, de acordo com os 
citados doutrinadores: “a individualização que a lei faz da conduta, mediante o conjunto dos elementos 
descritivos e valorativos (normativos) de que se vale o tipo legal”.
33
ILICITUDE E CULPABILIDADE
Como exemplo, os autores citam a hipótese de o oficial de justiça, ao cumprir um mandado judicial, 
promove o sequestro de uma obra de arte, para colocá-la à disposição do Juízo. Tendo em vista que 
o estrito cumprimento de dever legal, não se revela criminosa a conduta do funcionário público, de 
acordo com a excludente de ilicitude prevista no art. 23, III, do CP, embora típica.
Todavia, Zaffaroni e Pierangeli (2011, p. 399) criticam a citada tipicidade desta conduta, eis que a 
tipicidade implica contrariedade à norma, razão pela qual eles não admitem que:
 
na ordem normativa uma norma ordene o que outra proíbe. Uma ordem 
normativa, na qual uma norma possa ordenar o que a outra pode proibir, 
deixa de ser ordem e de ser normativa e torna-se uma ‘desordem’ arbitrária. 
As normas jurídicas não ‘vivem’ isoladas, mas num entrelaçamento em que 
umas limitam as outras, e não podem ignorarem-se mutuamente.
Nesse sentido, as condutas que configuram excludentes de ilicitude – estrito cumprimento de um 
dever legal e o exercício regular de direito - deveriam ser tratadas como atípicas, diante da ausência da 
tipicidade conglobante.
Embora relevante e inovadora a visão crítica dos doutrinadores, convém destacar que, 
independentemente de ser observada a tipicidade conglobante, exemplos como a lesão desportiva 
ou a intervenção medico-cirúrgica não configuram crime, seja por ausência de ilicitude, seja por 
atipicidade conglobante.
 Saiba mais
A fim de se aprofundar sobre a estruturação dos tipos penais, 
recomendamos o livro a seguir:
MÉDICI, S. O. Teoria dos tipos penais: parte especial do direito penal. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.
Além da formação dos tipos penais, o autor se dedica a evidenciar 
critérios a serem adotados na elaboração da legislação penal.
3 ANTIJURIDICIDADE
3.1 Conceito
Antijuridicidade ou ilicitude consiste na contraposição do fato ao ordenamento jurídico, mediante 
exposição a perigo de dano ou lesão a certo bem juridicamente tutelado.
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Unidade I
3.2 Classificações
Antijuridicidade formal
Do ponto de vista formal, a antijuridicidade pertence ao estudo da tipicidade, eis que aqui interessa 
a análise da correspondência do fato à previsão legal.
Exemplo: o furto, como fato humano, é formalmente antijurídico porque viola a previsão legal do 
art. 155 do CP.
Antijuridicidade material
Sob perspectiva material, a antijuridicidade é aquela que reside na conduta humana que viola o bem 
jurídico tutelado pela norma.
Exemplo: matar alguém viola a vida, como bem juridicamente protegido.
Antijuridicidade subjetiva
A configuração da antijuridicidade subjetiva depende da imputabilidade do sujeito. Portanto, “só 
há infração ao comando em relação à vontade, não em relação a ocorrências naturais ou condutas 
humanas que não podem ser atribuídas à vontade imputável” (DAMÁSIO, 1999, p. 355) que, segundo o 
autor diz respeito à culpabilidade e não à ilicitude.
Antijuridicidade objetiva
A antijuridicidade objetiva diz respeito ao fato humano capaz de contrariar determinada norma. 
Tem existente própria, independente da culpabilidade do sujeito.
Em termos práticos, a título de exemplo: um louco pratica crime porque seu comportamento viola a 
expectativa social em torno da proteção da vida humana.
Antijuridicidade genérica
A antijuridicidade objetiva está relacionada à frustração do fato com a norma em abstrato, com a 
afetação de um bem jurídico tutelado penalmente.
Antijuridicidade específica
A antijuridicidade específica é aquela que contém termos normativos, tais como “casa alheia”, 
“repouso noturno”.
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ILICITUDE E CULPABILIDADE
3.3 Relação entre antijuridicidade e Ilicitude
Como vimos, o tipo penal possui várias funções, dentre as quais a função indiciária da ilicitude, 
eis que o tipo delimita a conduta penalmente ilícita. Dessa forma, se a ação ou omissão é típica, 
presume-se que tal seja impregnada de ilicitude, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico.
Claro, tal presunção é relativa, isto é, depende de prova no caso concreto. Exemplo: o policial que 
atende ao chamado de socorro, não responde por invasão de domicílio se tiver de arrombar porta da 
residência para salvar seus moradoresde um incêndio que expunha a risco suas vidas.
Nesse panorama, a relação entre a ilicitude e a tipicidade dá conta de que esta configura um indício 
daquela, desde que não presente alguma causa eximente de ilicitude.
3.4 Causas excludentes de antijuridicidade
Partindo-se da premissa, segundo a qual o crime possui dois elementos – o fato típico e a 
antijuridicidade – na hipótese de prática de um fato típico, se tal não se revelar antijurídico, o crime não 
restará configurado.
Nas palavras de Janaina Paschoal (2015, p. 34):
 
Se alguém mata uma pessoa, a conduta se subsume ao tipo penal, sendo, 
portanto, típica. Essa tipicidade, por sua vez, seria pressuposto (indício) da 
antijuridicidade do ato. A antijuridicidade somente restaria descaracterizada 
com a demonstração de que a morte se deu em legítima defesa ou em 
qualquer outra situação excludente.
Em sintonia com o entendimento anterior, resta claro que se o Estado autoriza a pessoa, por exemplo, 
a se defender de uma injusta agressão, não é razoável que este mesmo Estado configure tal conduta 
como crime atribuível à vítima. Afinal de contas, a prática de legítima defesa está de acordo com a lei.
Portanto, ao agir em conformidade com o ordenamento jurídico, o sujeito deve ser absolvido porque, 
embora típico o fato, não há ilicitude, o que afasta a caracterização de um delito.
3.4.1 Denominações
Sobre as hipóteses de exclusão da ilicitude, várias são as nomenclaturas empregadas pela doutrina, 
tais como: descriminantes, justificantes, eximentes, causas permissivas.
Em geral, as excludentes são identificáveis pela expressão normativa “não há crime”.
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Unidade I
Exemplos:
 
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: […]
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena 
de sexo ou de pornografia (Incluído pela Lei n. 13.718, de 2018)
Art. 218-C. […]
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei n. 13.718, de 2018)
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput 
deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou 
acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da 
vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) 
anos (Incluído pela Lei n. 13.718, de 2018).
3.4.2 Previsão normativa
Em nosso ordenamento jurídico, há causas genéricas e específicas, ambas contidas no Código Penal. 
Além destas, há hipóteses extrapenais e supralegais.
Causas genéricas
Previstas no art. 23 do Código Penal, portanto, em sua Parte Geral.
Aplicáveis a qualquer espécie de delito, tratam-se das figuras do estado de necessidade, da legítima 
defesa, do estrito cumprimento do dever legal e do exercício regular de direito.
Causas específicas
Estão localizadas na Parte Especial do Código Penal, assim, aplicáveis somente aos crimes a 
eles referidos.
Exemplo:
 
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra 
a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências […]
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ILICITUDE E CULPABILIDADE
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em 
suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar 
prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali 
praticado ou na iminência de o ser.
Causas extrapenais
As causas extrapenais lidam com hipóteses não previstas na legislação penal.
Exemplos:
No Código Civil, ao tratar dos “efeitos da posse”:
 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se 
por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de 
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição 
da posse.
Na Lei n. 9.605/98, ao tratar dos crimes contra a fauna:
 
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou 
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela 
autoridade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo 
órgão competente.
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Unidade I
Causas supralegais
As causas supralegais decorrem de entendimentos éticos sobre determinados assuntos cuja 
sociedade os aceita, além de encontrarem aceitação doutrina e jurisprudencial.
Exemplo: o consentimento do ofendido em relação às lesões corporais decorrentes da prática de 
artes marciais.
 Observação
Nem todos aceitam a possibilidade de uma causa supralegal excludente 
da ilicitude. Nesse sentido, oportuna a observação:
Anote-se, porém, ser vedado o reconhecimento de causas supralegais para 
os partidários do caráter formal da ilicitude: se esta é compreendida como a 
mera contrariedade entre o fato praticado e o ordenamento jurídico (posição 
legalista), somente esse mesmo ordenamento jurídico pode, taxativamente, 
afastar a ilicitude legalmente configurada (MASSON, 2012, p. 376).
3.4.3 Excesso no exercício das causas excludentes
Em que consiste o ‘excesso’?
Excesso significa o exagero que resulta de uma conduta, em princípio, considerada legítima.
Para que o agente se comporte com exagero, seja ele doloso ou culposo, ele deve se encontrar sob 
uma das hipóteses de exclusão da ilicitude, como prevê o parágrafo único do art. 23 CP:
 
Não há crime quando o agente pratica o fato
Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, 
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
3.4.3.1 Modalidades
A doutrina classifica o excesso em doloso ou consciente, e não intencional ou inconsciente.
Doloso ou consciente
Logo após ter agido licitamente, acobertado uma das causas excludentes da ilicitude, o agente 
emprega exagero em sua conduta, de forma intencional.
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ILICITUDE E CULPABILIDADE
Exemplo: durante roubo, a vítima desarma o roubador (licitamente). Embora sem qualquer nova 
investida criminosa, a vítima passa a agredi-lo (ilicitamente).
Consequência: a vítima deve responder pelo excesso intencional, na forma dolosa.
Não intencional ou inconsciente
Baseada na falsa percepção da realidade, ou seja, em erro do agente.
O “sujeito ultrapassa os limites da excludente sem se dar conta disso. Para determinar sua 
responsabilidade penal, será preciso avaliar se o erro por ele cometido foi evitável ou não” (ESTEFAM; 
GONÇALVES, 2016, p. 395).
Nesse passo, importante verificar o erro era evitável ou inevitável.
Considera-se evitável o erro praticado por pessoa sem as cautelas que dele se podia esperar, ao 
contrário do comportamento adotável pelo homem médio.
Exemplo: sem perceber que o ladrão já não mais lhe representava qualquer perigo, a vítima continua 
agredindo o agente.
Consequência: afastado o dolo, a vítima responderá por culpa, se prevista em lei tal modalidade.
Por outro lado, considera-se inevitável o erro com que age a pessoa, tal como agiria a maioria das 
pessoas em igual situação.
Exemplo: vítima reage ao roubo, disparando mortalmente contra o roubador, que segurava uma 
arma de brinquedo, semelhante arma de fogo.
Consequência: afasta-se o dolo e a culpa, apesar do excesso, que é considerado exculpante.
 Observação
O excesso exculpante é aquele que se apoia na culpa imprópria, por 
equiparação ou assimilação, o qual elimina qualquer responsabilidade 
penal do agente.
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Unidade I
4 CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE
4.1 Estado de necessidade
Diz o Código Penal, no caput do art. 24:
 
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de 
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 
razoável

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