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Pneumologia @juju_medresumos 1 DPOC Introdução o A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma limitação do fluxo aéreo das vias aéreas inferiores, não reversível, provocada por uma resposta inflamatória a toxinas ina- latórias. O processo inflamatório crônico pode provocar alterações nos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar) o É uma doença comum, prevenível e tratável o É caracterizada por: ▪ Sintomas respiratórios persistentes ▪ Limitação do fluxo de ar ▪ Alterações alveolares e das vias aéreas o Geralmente é causada por: exposição significativa a partículas/gases nocivos e influenciada pelas características do doente, incluindo o desenvolvimento pulmonar anormal Epidemiologia o É uma das três principais causas de morte em todo o mundo o 90% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda o Mais de 3 milhões de pessoas morreram por DPOC em 2012 (6% de todas as mortes no mundo) o É uma das principais causas crônicas de morbidade e mortalidade em todo o mundo Fatores associados ao desenvolvimento e progressão da DPOC o História de tabagismo o Exposição à queima de biomassa / partículas Pneumologia @juju_medresumos 2 o Fatores genéticos → deficiência de alfa-1 antitripsina → (é uma causa importante de enfisema em não tabagistas) o Idade e sexo o Desenvolvimento pulmonar o Status socioeconômico o Asma e hiper-reatividade das vias aéreas o Bronquite crônica o Infecções Fisiopatologia o Inalação da fumaça de cigarro e outras partículas nocivas → causam inflamação pulmonar o Inflamação crônica: ▪ Induz destruição do parênquima (enfisema) ▪ Alteração dos mecanismos de reparo e defesa (resultam em fibrose da pequena via aérea) o Aprisionamento aéreo e limitação ao fluxo aéreo progressiva Diagnóstico o DPOC deve ser considerada em qualquer paciente com: ▪ Dispneia ▪ Tosse crônica ou com expectoração ▪ História de infecção do trato respiratório inferior de repetição ▪ História de exposição aos fatores de risco para doença Pneumologia @juju_medresumos 3 o Espirometria é necessária para o diagnóstico → VEF1/CVF <0,70 no pós broncodilatador o Screening para deficiência de alfa-1-antitripsina: ▪ OMS preconiza rastrear qualquer paciente com diagnóstico de DPOC ▪ Familiares também devem ser rastreados o Exames de imagem: ▪ RX de tórax → procurar sinais de hiper insuflação, retificação do diafragma, aumento do espaço retroesternal ▪ TC de tórax → não é rotineiramente recomendada; serve para rastreio de câncer de pulmão o Volumes pulmonares e difusão de CO ▪ Aprisionamento aéreo → aumento do VR → alteração precoce ▪ Hiper insuflação pulmonar → aumento da CPT ➔ Diagnósticos diferenciais: Avaliação o Objetivos: ▪ Avaliar o grau de limitação ao fluxo aéreo Pneumologia @juju_medresumos 4 ▪ Impacto do grau de limitação ao fluxo aéreo no status de saúde (intensidade dos sintomas) ▪ Risco de eventos futuros (exacerbações) ▪ Presença de comorbidades Classificação de gravidade da limitação do fluxo aéreo o Avaliada por meio da espirometria o Fraca relação entre VEF1 e os sintomas Classificação de gravidade dos sintomas Dispneia mMRC Expectoração Limite das atividades diárias Qualidade do sono Disposição CAT Pneumologia @juju_medresumos 5 Tratamento 1. Cessação do tabagismo o 40% dos pacientes com DPOC continuam fumando o Impacto negativo no prognóstico e na progressão dos sintomas o Cessação de tabagismo é o melhor modo de influenciar a história natural da DPOC Pneumologia @juju_medresumos 6 2. Vacinação o Vacinas contra influenza, COVID-19, pneumo 23, pneumo 13, tétano, tetravalente (sarampo, rubéola, caxumba e varicela) 3. Medicações o O tratamento farmacológico tem como objetivos: redução de sintomas; redução da frequência e gravidade das exacerbações; melhora da tolerância ao exercício; melhora da qualidade de vida ➔ Broncodilatadores: o São os mais utilizados no tratamento de manutenção da DPOC o Beta2-agonistas: ▪ Relaxamento do músculo liso da via aérea ao estimular os receptores beta2- adrenérgicos o Formoterol e salmeterol (LABAs – Beta Agonista de Longa Duração): ▪ Aumentam significativamente o VEF1 e volumes pulmonares ▪ Melhoram a dispneia, status de saúde, taxa de exacerbações e número de exacerbações ▪ Não tem efeito na mortalidade ou na taxa de declínio da função pulmonar o Antimuscarínicos: o Metilxantinas ▪ Efeito broncodilatador modesto quando comparado com placebo ▪ Teofilina é a mais utilizada ▪ A adição teofilina + salmeterol → melhora do VEF1 e dispneia ▪ Efeitos adversos: toxicidade dose dependente; índice terapêutico é baixo ➔ COMBINAÇÃO DE BRONCODILATADORES: o Combinação de broncodilatadores com diferentes mecanismos de ação e duração: ▪ Melhora da função pulmonar Pneumologia @juju_medresumos 7 ▪ Menor risco de efeitos adversos o Em estudos: melhora do impacto dos desfechos relatados pelos pacientes o Diminuição da taxa de exacerbações: ▪ Quando comparado com LABA/ICS ➔ Corticoide inalatório (ICS) o In vitro: a inflamação associada à DPOC tem resposta limitada a corticosteroides o ICS isolado: ▪ Não modificam o declínio doVEF1 ou mortalidade o LABA/ICS: ▪ Nos pacientes com DPOC moderada a muito acentuada e exacerbações ▪ Combinação LABA/ICS é mais efetiva que os componentes isolados na melhora da função pulmonar, status de saúde e redução das exacerbações o Eosinofilia: ▪ Relação coma magnitude do efeito do ICS ▪ >300 células/μl o Efeitos adversos: candidíase oral; rouquidão; hematomas na pele; pneumonia (Fatores a considerar sobre quando iniciar o tratamento com ICS) ➔ Corticoide oral: o Não tem efeito benéfico no tratamento de manutenção da DPOC o São utilizados no tratamento de exacerbações o Inúmeros efeitos colaterais: miopatia; fraqueza muscular; perda de funcionalidade; insuficiência respiratória ➔ Inibidores da fosfodiesterase-4 o Reduz a inflamação por inibir a degradação do AMP cíclico intracelular o Reduz exacerbações moderadas a graves: ▪ Em pacientes com bronquite crônica, DPOC muito grave e história de exacerbações ▪ Em associação com corticoide sistêmico Pneumologia @juju_medresumos 8 o Efeitos adversos: diarreia, náuseas, inapetência, perda ponderal, dor abdominal, distúrbios do sono, cefaleia ➔ Antibióticos: o Utiliza-se em pacientes exacerbadores o Reduz o risco de exacerbações o Azitromicina ▪ 250mg/dia ou 500mg 3x/semana por 1 ano o Eritromicina ▪ 250mg 2x/dia por 1 ano o Efeitos adversos: aumento do risco de resistência bacteriana; prolongamento do intervalo QT; prejuízo auditivo ➔ Mucolíticos: o O tratamento com carbocisteína, acetilcisteína pode reduzir as exacerbações e melhorar a qualidade de vida Pneumologia@juju_medresumos 9 (Manejo da DPOC) (Tratamento farmacológico inicial) (Tratamento de manutenção) Pneumologia @juju_medresumos 10 Exacerbações o Piora aguda dos sintomas respiratórios → que resultam em terapia adicional o Impacto negativo na qualidade de vida, nas taxas de hospitalização e progressão da doença o Podem ser precipitadas por vários fatores, mas os mais comuns são infecções do trato respiratório o Ocorre: ▪ Aumento da inflamação da via aérea ▪ Aumento da produção de muco ▪ Aprisionamento aéreo ▪ Contribuem para dispneia, aumento da expectoração, tosse e sibilância o Diagnósticos diferenciais: pneumonia; pneumotórax; derrame pleural; embolismo pulmonar; edema pulmonar relacionado com condições cardíacas; arritmias cardíacas o Classificação: ➔ Indicações de hospitalização: o Sinais e sintomas de gravidade, como: piora repentina de dispneia em repouso; elevação da FR; queda da saturação; confusão mental; sonolência excessiva o Insuficiência do tratamento domiciliar o Não resposta/ou falha, ao tratamento medicamentoso inicial o Presença de sérias comorbidades ➔ Manejo de situações graves, mas sem risco de vida: o Solicitar gasometria, radiografia o Iniciar oxigenioterapia Pneumologia @juju_medresumos 11 o Broncodilatadores: aumentar doses e/ou frequência de broncodilatadores de curta duração o Considerar o uso de corticoide oral ➔ Gravidade da exacerbação em pacientes internados: 1. Sem insuficiência respiratória: ▪ FR: 20-30 rpm ▪ Sem uso de musculatura acessória ▪ Sem alteração do estado mental ▪ Hipoxemia melhorada com máscara de Venturi 24-35%Sem aumento da PaCO2 2. Com insuficiência respiratória aguda – SEM ameaça à vida: ▪ FR> 30 rpm ▪ Uso de musculatura acessória ▪ Sem alteração do estado mental ▪ Hipoxemia melhora com máscara de Venturi > 35% ▪ Hipercapnia (PaCO2 entre 5—60 mmHg) 3. Com insuficiência respiratória aguda – COM ameaça à vida: ▪ FR> 30 rpm ▪ Uso de musculatura acessória ▪ Alteração do estado mental ▪ Hipoxemia que não melhora com máscara de Venturi ou necessita de mais de 40% de FiO2 ▪ Hipercapnia (PaCO2 >60 mmHg ou acidose / pH< 7,25) ➔ Indicações para VNI: o Pelo menos um dos seguintes sintomas: ▪ Acidose respiratória (PaCO2 ≥ 6,0 kPa e pH ≤ 7,35) ▪ Dispneia severa com sinais clínicos de músculos respiratórios fadigados e/ou com esforço respiratório (como uso de musculatura acessória, movimento paradoxal do abdome, retração dos espações intercostais) ▪ Hipoxemia persistente, mesmo com oxigenioterapia Pneumologia @juju_medresumos 12 ➔ Indicações para VMI: o Incapacidade ou falha de VNI o Comprometimento respiratório ou circulatório o Broncoaspiração ou vômito o Impossibilidade de remover secreções respiratórias o Instabilidade hemodinâmica severa, sem resposta a drogas vasoativas o Arritmias ventriculares ou supraventriculares severas o Hipoxemia com risco de vida, com incapacidade de tolerar o uso de VNI (Critérios de alta e recomendações para o acompanhamento) TABAGISMO o Cerca de 15% dos tabagistas desenvolvem DPOC no decorrer da vida ❖ Avaliação clínica do fumante: Pneumologia @juju_medresumos 13 ❖ Avaliação do grau de dependência (Teste de Fagerstrom): ❖ Critérios diagnósticos da DSM-5 para a dependência à nicotina: Pneumologia @juju_medresumos 14 ❖ Avaliação do grau de motivação: o Os 3 primeiros meses são os mais importantes, pois é quando mais há chance de recaída ❖ Abordagem terapêutica: o Intervenções motivacionais: Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) o Farmacoterapia: ▪ 1° linha: - Terapia de reposição de nicotina (TRN) - Bupropiona - Vareniclina ▪ 2° linha: - Nortriptilina - Clonidina
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