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A SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DA ALPARGATAS S.A.: Uma análise comparativa entre o período anterior e posterior à crise econômica no Brasil Willames de Souza Silva1 Igor José Santana de Araújo2 RESUMO O presente artigo teve como objetivo verificar a situação financeira da Alpargatas S.A. no período anterior e posterior à crise, compreendido entre os anos de 2012 a 2017. Os índices macroeconômicos (PIB, Inflação e Desemprego) foram levados em consideração a fim de visualizar o impacto da crise na companhia. O estudo foi realizado por meio de uma análise fundamentalista dos dados financeiros e econômicos, extraídos das demonstrações contábeis da companhia, divulgadas no site da B3, bem como no portal institucional da empresa, onde a mesma mantém relação mais direta com seus investidores. Entre os índices utilizados por essa pesquisa, tem-se os indicadores de estrutura, mercado e rentabilidade. Dentre os principais resultados obtidos por meio da análise, alguns indicadores se destacaram, tais como: Grau de Endividamento, Imobilização do Patrimônio Líquido e EBITDA, além dos indicadores de Inflação e Desemprego. Dessa forma, pode-se inferir que, apesar da crise econômica em seu ápice, atingir o resultado da organização suas estratégias mercadológicas retornaram resultados satisfatórios, com aumento do reconhecimento de suas marcas internacionalmente devido a expansão de suas operações. Palavras-chave: Crise econômica; Alpargatas S.A.; Análise econômico-financeira; B3. ABSTRACT The objective of this article was to verify the financial position of Alpargatas SA in the period before and after the crisis, between the years of 2012 to 2017. The macroeconomic indices (GDP, Inflation and Unemployment) were taken into account in order to visualize the impact of the crisis in the company. The study was carried out through a fundamental analysis of the financial and economic data extracted from the company's financial statements, disclosed on the B3 website, as well as in the company's institutional portal, where the companie keeps more direct relationship with its investors. Among the indexes used by this research are the indicators of structure, market and profitability. Among the main results obtained through the analysis, some indicators stood out, of which cite them the level of indebtedness, Fixed Assets of Net Equity and EBITDA, besides the Inflation and Unemployment indicators. Therefore, it can be inferred that despite the economic crisis, at its apex, attain the organization's result, its business strategies returned satisfactory results, with an increase in the recognition of its brands internationally due to the expansion of its operations. Keywords: Economic crisis; Alpargatas S.A.; Economic and financial analysis; B3. 1 Acadêmico (a) do curso de Ciências Contábeis oferecido pelo Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. E-mail: willames.souza7@gmail.com 2 Professor do Centro Universitário de João Pessoa - Unipê. Mestre em Desenvolvimento Regional - Economia (Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN), além de graduação em Economia pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba). E-mail: igor.araujo@unipe.br 2 1 INTRODUÇÃO Na atual conjuntura internacional, em que a globalização está difundida no mercado e a competitividade mais acirrada entre as empresas, devido às diversas opções disponibilizadas aos consumidores, os gestores das organizações necessitam, cada vez mais, de informações que subsidiem a tomada de decisões, de modo que venham a tornar mais atraentes os seus produtos ou serviços e, com isso, garantir a geração de receitas. Para isso, a contabilidade, através da utilização de técnicas, como a escrituração e as demonstrações contábeis, objetiva demonstrar a situação econômico-financeira das organizações em um determinado momento. De acordo com Joia et al. (2018), a contabilidade assume um caráter dinâmico, adequando-se às necessidades da organização a qual está enquadrada, de forma que vem a transmitir os fenômenos empresariais de maneira mais propícia aos usuários da informação inseridos no âmbito da organização. As demonstrações contábeis agrupam os dados relativos às movimentações realizadas pela organização, visando evidenciar uma aproximação da realidade empresarial, para servir de subsídio aos gestores no processo de análise para tomada de decisões. Do mesmo modo, elas “[...] são elaboradas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas”, conforme verificado no Pronunciamento Técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 00 (2011, p. 3). No entanto, para que possam ter efetividade, tais demonstrativos precisam ser analisados e interpretados. Isso torna-se possível através da análise das demonstrações contábeis, ou análise das demonstrações financeiras, haja vista que, para Bruni (2014), a análise financeira permite a comparação dos dados fornecidos pela empresa com períodos anteriores e, até, comparações com outras organizações, preferencialmente, do mesmo setor. Neste sentido, o analista busca entender a situação financeira de empresas, de modo a divulgar informações pertinentes ao mercado acionário e demais usuários, valendo-se das análises financeiras provenientes de demonstrativos contábeis. Padoveze (2010, p.198) complementa o exposto, ao afirmar que “o analista vale-se de uma série de cálculos matemáticos, traduzindo os demonstrativos contábeis em indicadores de análise de balanço.” Sobretudo num momento de vulnerabilidade econômica, a realização da análise financeira pode ser relevante, tendo em vista as incertezas do mercado interno, bem como dos investimentos estrangeiros realizados nele. A partir disso, os administradores podem encontrar meios alternativos que viabilizem a alocação de recursos para que as empresas superem as crises econômicas, com vistas a alcançar resultados positivos ou definir melhores estratégias. 3 Em se tratando da crise econômica do Brasil, indica-se que, após um período de expansão (2004-2013), a taxa de crescimento média foi de 4,0% a.a., acompanhado por um processo de melhoria na distribuição de renda e, consequentemente, na redução da pobreza, mas contraiu abruptamente, a partir de 2014, vindo a sofrer uma forte e prolongada recessão em 2015-2016 (PAULA; PIRES, 2017). Diante dessa perspectiva, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2016) mostra que o PIB, embora tenha superado a expectativa dos analistas, que esperavam um resultado menor para o período, começou a apresentar variações insatisfatórias a partir do ano de 2014, considerado, até então, o pior resultado desde o ano de 2009, tido como auge da crise econômica internacional. O IBGE (2009) ainda complementa que, para a composição do PIB, há a contribuição de diversos setores do mercado, dentre os quais encontra-se o setor industrial, classificado como o mais atingido no mesmo ano. Considerando este cenário, cita-se a empresa Alpargatas S.A., que é uma indústria de calçados, considerada líder no segmento de sandálias no Brasil, classificada no setor de consumo cíclico, com suas ações listadas na Brasil, Bolsa, Balcão (B3). Entretanto, suas atividades estão vulneráveis às flutuações da macroeconomia, principalmente em momentos de recessão ou expansão econômica, haja vista a variação do consumo de bens semi duráveis. Enqvist, Graham e Nikkinen (2014) abordam que a desaceleração econômica, por impactar a economia política, acarreta em flutuações na demanda do mercado consumidor, afetando as organizações, principalmente com a queda nas vendas. Baseado nesse contexto, formula-se a seguinte questão de pesquisa: Qual é o reflexo da crise econômica brasileira na situação econômica-financeira da Alpargatas?Para tanto, tem-se como objetivo verificar a situação patrimonial e financeira da referida empresa no período anterior e posterior à crise. Em virtude da instabilidade sofrida pela economia brasileira, a Alpargatas tornou-se alvo de especulações acerca da capacidade de manutenção das suas atividades empresariais na Paraíba. Diante de tais circunstâncias, o presente estudo tem, como justificativa, a necessidade da observação da situação econômico-financeira, uma vez que a empresa possui uma grande importância tanto na economia nacional, quanto na local. 4 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A crise econômica brasileira Para Damas (2017), a ocorrência da crise é considerada como decorrência dos excessos de endividamento do governo, bem como da sociedade em geral, seja associadamente ou não, ocorridos devido a grande oferta de recursos monetários na economia. Embora a crise que eclodira nos últimos anos tenha sido justificada por outras vertentes, como apresenta Coronato e Oliveira (2016), que responsabiliza o protecionismo e o estímulo ao consumo pelo atual cenário econômico, o Brasil tem sido impactado pela crise financeira internacional desde o ano de 2008, conhecida como subprime3, a qual diz respeito aos créditos imobiliários concedidos no mercado norte-americano sem a devida preocupação com o risco atrelado a essas concessões (TEIXEIRA NETO, 2016). Não obstante, pode-se afirmar ainda que atrelado a esta tem-se as tomada de decisões inadequadas por parte do governo em um momento não oportuno, como é o caso do aumento sucessivo da taxa de juros básica – Selic, passando de 12,25% para 12,75% a.a., em menos de dois meses, no início de 2015 (MARTELLO,2015). Dessa forma, a crise que o Brasil enfrentou, resulta em sucessivas quedas no PIB e, consequente, aumento da inflação. Segundo Paula e Pires (2017), essa queda atingiu seu ápice entre 2015-2016 alcançando uma taxa negativa média de -3,7% a.a, com expressiva representatividade do setor industrial, com uma taxa de -6,3%. Em complemento a esses dados na indústria, Oreiro (2016) explica que dentro do setor, a produção de bens de consumo semi e não-duráveis foi a única que manteve-se estável, apresentando uma queda, inferior a 1%. Em paralelo a desaceleração do PIB, Garcia (2016) explica que, teve-se um enorme alargamento da dívida pública, apresentando um aumento de 5,9%, em 2014, posteriormente, no ano de 2015, um salto ainda maior, passando de 57,2% para 66,2%. Segundo o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no governo Lula4, Luiz Fernando Furlan esses aumentos na dívida, decorre do exacerbado gastos do governo e concessão de subsídios, o que ocasionou o endividamento das famílias brasileiras. Além disso, alguns teóricos corroboram Coronato e Oliveira (2016) como o economista José Pastore, onde o mesmo atenta para o aumento da taxa de desemprego, que cresce rapidamente contrapondo-se ao tempo necessário para que a mesma tivesse uma redução pela 3 Subprime ou hipotecas podres, eram assim chamadas por serem concedidas a pessoas que não possuíam condições sociais e econômicas compatíveis com os créditos oferecidos (POZZI, 2017). 4 Presidente da República do Brasil entre Jan - 2003 e Dez - 2011. 5 metade. O economista salienta ainda, que as consequências desse cenário afetam principalmente as famílias, causando um impacto que pode perdurar por um longo período de tempo e prejudicar na educação dos filhos. 2.2 Indicadores econômicos e financeiros Os índices têm como característica primordial propiciar uma visão ampla do cenário econômico e financeiro de uma organização, servindo de ferramenta para avaliação e auxílio gerencial. Padoveze (2010 p. 198) aborda que “indicadores buscam também evidenciar as características das principais integrações existentes entre a situação patrimonial apresentada pelo balanço e a dinâmica da empresa representada pela demonstração de resultados”. 2.2.1 Índices de Endividamento Diante disso, torna-se importante a utilização de indicadores de endividamento, pois estes podem evidenciar a estrutura e origem do capital que a empresa aplica em seu ativo com a finalidade de financiar suas atividades e garantir a geração de lucros. Esse índice, inter- relaciona as fontes de recursos, estabelecendo a posição relativa do capital próprio frente ao capital de terceiros, além de demonstrar o endividamento da empresa (MARTINS, MIRANDA e DINIZ, 2014). Dessa forma, para que uma análise seja realizada, tem-se alguns índices que poderão ser utilizados: Quadro 1 - Índices de Estrutura Patrimonial Índices Fórmulas Objetivo Endividamento ou Grau de Endividamento (GE) 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 Mostrar o total de dívida que a empresa tem com terceiros, em relação ao capital próprio - o Patrimônio Líquido. Composição do Endividamento (CE) 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 Comparar as dívidas a curto prazo com as obrigações totais, indicando quanto se tem concentrado e deverá ser pago no curto prazo 6 Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL) 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 Indicar o montante do capital próprio que encontra-se destinado a composição dos ativos não circulante, exceto os ativos realizáveis a longo prazo. Fonte: Martins, Miranda e Diniz (2014). Considerando a variação constante da economia e do mercado empresarial, devido à inflação, trabalhar com Capital de Terceiros, por vezes, pode se apresentar muito atrativo para as empresas, desde que este capital não gere ônus, explicitamente, agressivos à saúde financeira da organização (MARION, 2012). No entanto, para identificar a vantagem de utilização do mesmo, Martins, Miranda e Diniz (2014 p. 140) afirmam que: É necessário analisar a qualidade da dívida (prazo de vencimento, taxa de juros, risco de moeda - se em reais, se em dólar etc.), pois se uma empresa tiver alto endividamento com terceiros a longo prazo e baixo custo, pode ser extremamente interessante do ponto de vista da rentabilidade que os sócios desejam. Nesse sentido, pode-se considerar que as vantagens quanto ao aproveitamento do capital de terceiros só serão bem aceitas quando a exigibilidade relativa ao capital, apresentar juros baixos e, principalmente, se concentrada no longo prazo, por possibilitar a circulação do capital e geração de recursos capazes de sanar as obrigações. 2.2.2 Índices de Bolsa Os índices de bolsa tem por finalidade expor ao investidor todas as características de mercado. Nesse sentido, se uma empresa de capital aberto possuir bons índices neste segmento, interpreta-se que o mercado e as economias, nacionais e internacionais, veem com bons olhos esta empresa, atraindo investimentos e aumentando as cotações das suas ações no mercado. As ações emitidas pelas sociedades anônimas de capital aberto ou fechado podem ser caracterizadas como títulos representativos de uma parte fracionária do capital social da organização, que outorga aos seus adquirentes o caráter de coproprietário, com direito à participação nos resultados econômicos e, por vezes, no processo de tomada de decisões (BRITO, 2013; ASSAF, 2015). O acompanhamento do preço das ações apresenta uma importante relevância na análise e avaliação dos resultados de uma organização, sobretudo para os usuários externos, como é o caso dos investidores em ações. Em vista disso, Padoveze (2010) afirma que, as organizações constituídas sob a forma jurídica de sociedade anônima, ou sociedade por ações, necessitam de 7 um acompanhamento interno, tendo como pretensão, a observaçãodas perspectivas do mercado frente à empresa. Desta forma, uma maneira possível de se avaliar as perspectivas financeiras do mercado seria a partir de índices de mercado. Nesse sentido, Assaf Neto (2015), exprime que os indicadores financeiros utilizados para realizar a análise de ações e o retorno proporcionado aos investidores, só terão pertinência quando avaliados em conjunto e em comparativo a outros indicadores de análise financeira, ao longo do tempo e, concomitantemente, aos indicadores apresentados por empresas do mesmo porte. O mesmo autor ainda coloca que, para ter validade, a informação financeira transmitida pelos indicadores deverão estar em consoante com os valores patrimoniais apresentados pela contabilidade, efetivando, dessa forma, a verificabilidade da informação contábil. Segundo Iudícibus (2017), a avaliação desses indicadores mostra significativa importância, principalmente, no momento de decisões acerca da realização de investimento em ações, pois possibilita estimar a valorização da empresa no mercado, o tempo de retorno do capital investido, entre outros. Para realização da análise de tais indicadores, terá como respaldo a utilização dos índices expressos no quadro abaixo: Quadro 2 - Índices de Bolsa Índices Fórmulas Objetivo Valor Patrimonial da Ação (VPA) 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 Expressa o fragmento do capital próprio da organização que concerne a cada ação em determinado momento, com base nos valores acumulados no passado. Lucro Por Ação (LPA) 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐴çõ𝑒𝑠 𝐸𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 Demonstra a fração do resultado líquido alcançado pela empresa no exercício, que cabe a cada ação. Preço/Lucro (P/L) 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜 Retrata o tempo necessário de retorno do investimento acionário. Dividendos Por Ação (DPA) 𝐷𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 Corresponde ao valor pago aos acionistas, a título de dividendos, para cada ação lançada no mercado. Fonte: Assaf Neto (2015). 8 2.2.3 Índices de Rentabilidade Dentre os índices que compõem a análise das demonstrações contábeis, tem-se os índices de rentabilidade, considerado índice de análise econômica, Marion (2012) coloca que estes destinam maior atenção às informações apresentadas na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). Vieira et al (2011) dispõe que o índice de rentabilidade objetiva verificar a geração de resultados líquidos da organização, em comparabilidade ao capital investido, de modo a analisar o rendimento ocorrido sobre o investimento realizado. Não obstante a isso, Silva (2017) complementa que a análise visa constatar não apenas o retorno acerca do investimento, mas, também, sobre as vendas totais e sobre o seu patrimônio líquido, ou seja, o capital próprio. Dessa forma, Martins, Miranda e Diniz (2014), como também Matarazzo (2010), definem que a rentabilidade é o princípio vital de um empreendimento, visto que se não houver rentabilidade, a manutenção deste pode-se apresentar comprometida, pois tanto a empresa, quanto seus investidores, necessitam de um retorno econômico, para poder realizar novos investimentos. Nesse sentido, entende-se que para realizar um investimento é fundamental a avaliação da rentabilidade gerada pelo negócio desejado. Para realizar a análise de rentabilidade, a literatura dispõe, basicamente, dos indicadores apresentados no quadro abaixo: Quadro 3 - Índices de Rentabilidade Índices Fórmulas Objetivo Retorno sobre o Investimento (ROI) 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜) 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑥 100 Representa o resultado obtido com referência aos investimentos realizados na organização. Giro do Ativo 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 Possibilita a comparação entre as vendas realizadas e o investimento. Margem Operacional 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜) 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑥 100 Evidencia o percentual das vendas que tenham sido transformados em lucro líquido. Retorno sobre o Patrimônio Liquido 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) Apresenta a capacidade da organização em remunerar 9 o capital próprio, ou seja, investido pelos sócios. Alavancagem Financeira 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜/𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜)/𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 Representa a relação existente entre a taxa de retorno do patrimônio líquido e do investimento. EBITDA Recursos Antes dos Juros, Impostos e Depreciação (Resultado líquido + Desp Depreciação + Desp. Exaustão + Desp Amortização + Desp Financeiras + Imposto de Renda e Contribuição Social) Demonstra o lucro auferido pela organização antes de deduzidas as despesas operacionais de alocação sistemática, além dos juros e impostos incidentes sobre o lucro. Economic Value Addes (EVA) EVA = LOLAI – (CCP% x PL) Evidencia a capacidade de pagamento que a empresa possui para sanar todas as despesas do exercício e remunerar o capital próprio. Fonte: Assaf Neto (2015); Martins, Miranda e Diniz (2018). 2.3 A Alpargatas S.A. A Alpargatas é empresa multinacional, com sede no Brasil, instituída em 03 de abril de 1907 com a fundação realizada por Robert Fraser, a organização foi intitulada inicialmente como Sociedade Anonyma Fábrica Brazileira de Alpargatas e Calçados. Atualmente a empresa atua na industrialização de calçados, vestuários e acessórios, classificados como bens semi e não duráveis, pertencentes ao setor de consumo cíclico (BOVESPA, 2018). Possui sede situada na cidade de São Paulo-SP e unidades fabris distribuída entre três estados da federação brasileira, dentre os quais destaca-se a Paraíba com presença de três, das seis unidades. Segundo Luiz Alberto Leite (2017), em entrevista à Rádio Campina FM, a Alpargatas é o maior empregador do estado paraibano, empregando cerca de oito mil pessoas, onde aproximadamente seis mil estão em Campina Grande, na fábrica das sandálias Havaianas. No entanto, de acordo com informações fornecidas no site da empresa, a atuação da referida não se limita apenas ao Brasil, com oito unidades produtivas na Argentina, além de dez escritórios dispostos entre países europeus, nos Estados Unidos, Hong Kong e Colômbia. Além disso, desenvolve a comercialização direta de suas marcas através de suas lojas próprias. 10 A empresa está sempre preocupada na inovação dos seus produtos, de modo a aumentar o seu portfólio e agregar valor às suas marcas. Para isso, baseia seus valores no comprometimento dos seus colaboradores de forma individual para atingir os objetivos planejados, como também no respeito às pessoas. 3 METODOLOGIA Considerando o objetivo inicial da presente pesquisa, a referida é classificada como uma pesquisa descritiva, uma vez que para Gil (2018) esta, busca examinar as relações existentes entre as mutações ocorridas em algumas variáveis, utilizando-se para o estudo os indicadores macroeconômicos e os econômico-financeiro. O proceder dessa pesquisa se dá através de análise de dados da empresa Alpargatas S.A.. Dessa forma, caracterizar-se-á também como sendo um estudo de caso, pois esta baseia-se na análise exclusiva de apenas uma ou poucas fontes de dados, possibilitando assim o desenvolvimento de uma averiguação mais focalizada e abrangente do caso abordado (GIL, 2018). Segundo Santos, Kienen e Castiñeira (2015) a aplicação desse método torna a pesquisa um tanto restritiva, sendo conveniente quando se tem a expectativa de conhecer as especificidadesdo objeto. No entanto, ressalta-se que a restrição não se dá no sentido negativo do entendimento, mas sim na restrição do objeto de pesquisa, ou seja, como em qualquer levantamento, é indispensável que a discussão seja envolta apenas entorno de um foco específico sem perturbações externas. Utiliza-se de uma abordagem tanto de caráter qualitativa que preocupa-se em compreender as características e o contexto do fato, dando atenção aos sujeitos da pesquisa e interpretando as informações obtidas (LAKATOS; MARCONI, 2017), bem como de caráter quantitativo, haja vista que emprega a análise econômico e financeira para entendimento da situação organizacional, em que esta última concentra-se na utilização de métodos matemáticos e/ou estatísticos (SANTOS; KIENEN; CASTIÑEIRA, 2015). Ainda quanto a tipologia, esclarece-se que a pesquisa dar-se-á como qualitativa quando forem abordadas as interpretação dos índices para análise ao longo do tempo, e, quantitativa, quando dos dados primários forem calculados os índices de análise das demonstrações contábeis. Quanto a realização da coleta, os dados financeiros foram extraídos das demonstrações financeiras consolidadas e dos relatórios da administração, disponibilizados no Site do IBGE, 11 da B3 bem como no portal institucional da Companhia, onde a referida mantém a relação com seus investidores através da apresentação dos resultados de forma mais dinâmica. No período compreendido entre 2012 a 2017, caracteriza-se o período de 2012 a 2013 como anterior à crise; 2014 a 2016 como o momento em que a economia estava instável, em cenário de crise e, por fim, 2017 como o ano em que a economia já estava se recuperando. Para este trabalho considerou-se como crise para o cenário econômico do país as variações ocorridas nos indicadores macroeconômicos como o PIB, a Inflação e o Desemprego. Já em relação às considerações adotadas para a Alpargatas foram apreciados os decréscimos nos resultados auferidos, apresentados no lucro e nas vendas líquidas, aos quais estão atrelados, por exemplo, os custos para produção, bem como as despesas operacionais e não operacionais, visualizadas por meio dos impactos nos indicadores da análise econômica, financeira e de mercado reportados pela companhia. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 A economia brasileira x Alpargatas Com o aumento dos juros e consequente aumento acelerado da inflação, como pode ser observada no Quadro 4, que apresenta a situação econômica e empresarial do Brasil no contexto em que a Alpargatas está inserida, a economia sentiu de imediato as consequências das decisões outrora tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ocasionando o início de uma recessão generalizada, atingindo todos os setores. Isso pode ser corroborado pelos dados divulgados pelo IBGE (2017) em que após doze anos, o consumo familiar veio a sofrer a primeira retração, atingindo 3,2%. Tabela 1 - Situação econômica versus empresarial Ano BRASIL ALPARGATAS S.A. (Reais Mil) PIB (Milhões de Reais) Inflação Desemprego Vendas Líquidas Lucro Líquido 2012 R$ 4.814.760 5,83% 7,4% R$ 3.006.982 R$ 280.536 2013 R$ 5.331.619 5,91% 7,2% R$ 3.425.959 R$ 309.763 2014 R$ 5.778.953 6,41% 6,8% R$ 3.538.029 R$ 286.528 2015 R$ 5.995.787 10,67% 8,6% R$ 4.038.676 R$ 263.248 2016 R$ 6.267.205 6,29% 11,6% R$ 4.054.404 R$ 358.473 2017 R$ 6.553.843 2,21% 12,7% R$ 3.721.863 R$ 350.562 Fonte: Dados da pesquisa, 2018. 12 No tocante aos setores que foram afetados pela recessão, o setor industrial apresentou a maior queda, com 5,8%, dentro dele tem-se a participação da indústria de transformação como a segunda mais impactada, em uma queda de 8,5% (IBGE, 2017). Diante disso, sendo a Alpargatas uma empresa inserida na indústria de transformação de bens não duráveis, nem tampouco prioritários ao consumo, pode-se visualizar na Tabela 1, que refere-se a contexto da economia em paralelo ao da empresa, os efeitos da conjuntura nacional nos resultados econômicos da referida que podem ser atrelados à elevação da inflação em vista que esta causa o aumento do preço médio generalizado. Ainda que a empresa tenha conseguido manter a obtenção de resultado líquido positivo também no exercício de 2015, em que o mercado estava instável com o aumento da inflação e do desemprego, a organização necessitou intensificar suas estratégias mercadológicas (ALPARGATAS, 2015). A empresa, no seu Relatório da Administração, atribui que esse resultado se dá como reflexo do desempenho satisfatório das operações realizadas com o mercado internacional, em que apenas no decorrer do ano, foram instaladas 15 lojas da Havaianas no exterior. Além da expansão de suas lojas próprias, o relatório ainda traz outras estratégias que foram fundamentais para resistir à crise, como a aliança firmada com o mercado norte americano que concedeu à Havaianas o título de marca oficial da Walt Disney World® Resort, Disneyland® Resort e Disney Vacation Club. Já no âmbito nacional, a mesma justifica o aumento da receita líquida pela elevação do preço médio das sandálias, bem como dos calçados esportivos, que realizou uma compensação haja visto a diminuição do volume de vendas em relação ao ano imediatamente anterior, enquanto o volume de exportação obteve um aumento de 2%. 4.2 A situação da Alpargatas Em se tratando da situação econômico-financeira da empresa a análise através dos indicadores retornaram os valores que seguem nas Tabelas 2, 3 e 4, apresentando em alguns momentos os reflexos direto da situação econômica no cenário ao qual a empresa esteve inserida. A Tabela 2 apresenta o resultados dos índices de endividamento da Alpargatas entre os períodos de 2012 à 2017, bem como as respectivas médias dos índices Grau de Endividamento (GE), Composição do Endividamento (CE) e Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL). 13 Tabela 2 - Resultado dos índices de endividamento Ano Índices GE CE IPL 2012 65,01% 69,96% 46,47% 2013 83,27% 66,42% 57,10% 2014 73,57% 64,41% 65,21% 2015 94,87% 71,47% 73,25% 2016 83,08% 57,95% 66,39% 2017 70,18% 70,58% 53,74% MÉDIA 70,33% 66,80% 60,36% Fonte: Elaboração própria, 2018. Na medida em que se intensificaram as estratégias adotadas pela empresa, em relação a expansão de sua comercialização e implantação de suas lojas, o endividamento da mesma foi crescendo paralelamente, tendo em vista os investimentos realizados para ampliação de suas unidades fabris, bem como da sua capacidade de produção. Segundo a Alpargatas (2013), o aumento de 12,94% acima da média ocorrido no período de 2013, diz respeito aos financiamentos realizados para dar sustentação aos projetos de investimentos na Região Nordeste, na fábrica da Havaianas, em Montes Claros-MG e às operações de exportação. Não obstante ao citado, ainda pode-se observar que a evolução desse índice se deu também pelo reconhecimento da obrigação circulante referente a aquisição de participação acionária na Terras de Aventura Indústria de Artigos Esportivos S.A. (Osklen), a qual foi reconhecida através de estimativa do preço de aquisição sendo considerado o total de 13 vezes o EBITDA da referida no período de um ano a partir de 1° de março de 2013, data do contrato firmado entre as partes. Com referência a continuidade de elevação do indicador em 2014 e 2015, a empresa apresenta que parte significativa desse montante demonstra os recursos advindos de financiamentos que objetivaram subsidiar os custos necessários para as exportações de sandálias, para isso os contratos realizados tinham como cláusula a exigência de apresentar os resultados alcançados enquanto perdurasse o prazo para fim da vigência do contrato. Já em relação a imobilização do Patrimônio Líquido da organização, sua alavancagem sedá devido a aplicação dos recursos na compra de máquinas e equipamentos necessários para desenvolvimento das atividades operacionais nas unidades ampliadas, bem como na renovação do maquinário têxtil já utilizados. 14 Diante dos resultados expostos pela análise anterior e na busca em atingir o objetivo dessa pesquisa, torna-se importante desenvolver a análise dos índices de bolsa para visualizar a valorização da empresa frente ao mercado acionário e a relação com seus investidores, conforme pode ser contemplado na Tabela 3. Tabela 3 - Resultados dos índices de bolsa Ano Índices VPA LPA P/L DPA 2012 R$ 4,27 R$ 0,72 20,93 R$ 0,07 2013 R$ 4,29 R$ 0,72 20,43 R$ 0,08 2014 R$ 4,47 R$ 0,61 11,90 R$ 0,11 2015 R$ 4,11 R$ 0,56 12,72 - 2016 R$ 4,39 R$ 0,76 13,14 - 2017 R$ 4,81 R$ 0,75 23,42 R$ 0,06 Fonte: Elaboração própria, 2018. A redução dos índices de ações no exercício de 2015 pode estar atrelada a queda do lucro auferido pela empresa, em razão destes índices utilizarem para a realização do cálculo a variável Lucro Líquido. Ao analisar as Demonstração de Resultado do Exercício, é possível observar que um dos fatores ligados a referida queda decorreu principalmente pelo aumento no custos do produtos (4,5%) e das despesas operacionais (12%) realizadas no exercício. No entanto, o que se tornou mais considerável no impacto do resultado foi o surgimento de algumas despesas abrangidas em Outras Despesas Operacionais que elevaram-se ao nível de 29,44% e a elevação das Despesas Financeiras em 32,53% quando comparadas com o resultado de 2014. Parte dessas despesas surgidas no período estão ligadas à reestruturação acionária da Companhia, visto que de acordo com a Alpargatas (2015) a troca de controle realizado entre a Camargo Correa transferindo-o para a J&F, gerou para ela uma despesa de R$ 16.434 (Reais Mil) que representa 13,38% em relação ao total desse grupo. Em vista a redução do Valor Patrimonial apresentado no ano de 2015, tem-se que esse fato pode ser justificado por diversas mutações ocorridas no patrimônio líquido que acarretou na redução deste em 8,1%, como por exemplo, a diminuição da Reserva de Retenção de Lucros e a ausência dos Dividendos Adicional Proposto. Por este último, pode-se justificar também o índice Dividendos por Ação do exercício de 2015 e 2016, os quais vieram a ser declarados 15 apenas em 2017 ao montante de R$ 69,6 milhões a título de Dividendos de lucro de exercícios anteriores a ser pago em abril de 2018. Dando continuidade à análise, apresenta-se na Tabela 4 a real rentabilidade gerada pela Companhia no período que compreende esse estudo. Realizou-se o cálculo de todos os índices de rentabilidade, entretanto os indicadores de Rentabilidade do Investimento (ROI) e o Giro do Ativo (GA), foram analisados em paralelo à Alavancagem Financeira, podendo considerar os resultados do ROI como um dos fatores responsáveis pelo impacto direto na alavancagem. Ao passo que a determinação desses resultados se dá devido estes indicadores utilizarem a variável Investimentos, a qual apresentou uma elevada diminuição dos montantes em 2014 em contraposto aos de 2013, pois a Companhia desfez seus investimentos na Coligada Tavex e adquiriu mais participação no recente investimento na Osklen apostando no controle da investida, bem como no das suas subsidiárias. Tabela 4 - Resultados dos cálculos do índice de rentabilidade Ano Índice ROI GA ML ROE Alavancagem Financeira EBITDA EVA 2012 869,26% R$ 89,59 9,70% 16,89% 1,94% R$ 347,1 R$ 1.526 2013 177,72% R$ 18,71 9,50% 16,89% 9,50% R$ 494,4 R$ 1.790 2014 15916,70% R$ 1.732,63 9,19% 13,64% 0,09% R$ 470,5 R$ 1.906 2015 15750,80% R$ 1.741,56 9,04% 13,63% 0,09% R$ 567,1 R$ 2.718 2016 21411,74% R$ 1.837,90 11,65% 17,35% 0,08% R$ 575,9 R$ 2.820 2017 28743,71% R$ 2.819,59 10,19% 15,48% 0,05% R$ 486,2 R$ 2.223 Fonte: Elaboração própria, 2018. Ao observar a Margem Líquida (ML), disposta na Tabela 4, pode-se atribuir que a diminuição do índice em 2015 deve-se à elevação dos custos dos produtos e das despesas operacionais, que não resultou em diminuição do lucro operacional devido ao aumento do preço médio e consequente aumento da receita. Já em 2016 o aumento deste indicador foi resultante da ascendência das receitas e diminuição dos custos de produção visto que a inflação já apresentara uma redução significativa, conforme pôde ser visualizada na Tabela 1. No que se refere a Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido, apresentada como ROE na Tabela 4, tem-se que a consecutiva elevação negativa do lucro líquido em relação a média foi o responsável por tamanho impacto no indicador por diminuir a destinação do resultado às reservas de lucros, visto que o patrimônio líquido, segundo Martins et al. (2017), é composto 16 pelo capital integralizado pelos sócios ou através da integração dos resultados auferidos nos exercícios, por meios das reservas. A variação da taxa de câmbio no ano de 2012, bem como a alta das commodities foram os fatores que causaram impactos negativos no EBITDA. Da mesma forma, em 2013 as variações das commodities, aumento do custo do algodão e queda do custo da borracha, como também o aumento do lucro bruto impactaram positivamente elevando o EBITDA em 25,23%. Já a recaída do mesmo em 2014, conforme a Tabela 4, provém, dentre outros fatores, do aumento das despesas operacionais realizadas para custear as operações de exportações e dos custos dos produtos acabados importados para o Brasil. Contanto, as despesas agregadas às operações de exportações tiveram retorno logo em 2015, haja visto o acréscimo de 20,53% decorrentes das operações internacionais. Quanto o Economic Value Addes (EVA), seu crescimento deve-se ao aumento das receitas auferidas pela entidade, suficientemente capaz de suprir todas os custos necessários à venda dos seus produtos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Visto a importância da análise fundamentalista para as empresas e os seus stakeholders, bem como a relevância da Alpargatas S.A. na economia interna, principalmente no cenário de incertezas, o presente estudo teve como objetivo verificar a situação patrimonial e financeira da referida empresa no período anterior e posterior à crise. Diante dos dados apresentados pela organização nos anos abrangidos por essa análise foi possível identificar as estratégias que a empresa se utilizou para desenvolver suas atividades, com poucos investimentos realizados em outras sociedades, a Alpargatas concentra seus investimentos no controle integral das empresas do Grupo Alpargatas. Dentre as quais apenas a Alpargatas S.A.I.C. - Argentina possui a participação acionária de outro investidor. Além disso, embora o país estivesse passando por um momento difícil quanto a estabilidade econômica, a empresa não mudou o seu foco principal, qual seja a inovação dos seus produtos destinados ao comércio no varejo e o aumento do seu portfólio, diversificando-o cada vez mais, de tal modo que alcançou a elevação sucessiva das suas vendas no mercado nacional e internacional. Foi possível averiguar que tal elevação resultou da alavancagem de suas operações internacionais que foram impulsionadas pela taxa de câmbio, bem como pelo aumento dos preços médios no Brasil. No entanto, essa alavancagem não foi suficiente para aumentar o lucro 17 líquido da companhia, tendo em vista que o preço das commodities e as despesas operacionais, sobretudo os impostos e taxas aumentaram em paralelo ao crescimento da inflação e dos custos com exportação e importação. Embora a empresa tenha encerrado as suas operaçõesem algumas unidades operacionais durante o período estudado, realizando também a alienação dos imóveis onde eram instaladas, a imobilização do seu patrimônio líquido expandiu consideravelmente devido aos investimentos realizados na ampliação das unidades fabris responsáveis pela produção dos artigos Havaianas. Diante os indicadores obtidos pelo estudo tem-se que a estratégia principal da organização e seu posicionamento frente à crise, foi ampliar sua atuação no mercado, através da expansão de suas lojas próprias que totalizavam 583, em 2013, sendo 455 no Brasil e 128 no exterior, voltando-se mais para a ampliação das lojas Havaianas. Desse modo, ao final de 2016 já contava com 698 lojas dispersas pelo mundo. Como fatores restritivos ao estudo, pode-se destacar a ausência de métodos estatísticos mais robustos, tais como regressões, que poderiam possibilitar a mensuração do real impacto da crise nos resultados da companhia, bem como a falta de comparação com demais empresas que possuem as mesmas características mercadológicas. Por fim, tendo em vista a relevância do setor calçadista para a economia global, indica- se para a realização de estudos futuros, aumentar a amostra, analisando-se companhias do mesmo segmento, bem como analisar os demais setores econômicos da B3, evidenciando um possível paralelo entre os resultados. REFERÊNCIAS ADVFN.com. Inflação | IPCA. Disponível em: <https://br.advfn.com/indicadores/ipca>. Acesso em: 23 nov. 2018. ______. Desemprego | Pnad | IBGE. Disponível em: < https://br.advfn.com/indicadores/pnad>. Acesso em: 01 dez. 2018. AGÊNCIA BRASIL. Entenda a crise econômica. 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