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E-book - Bioestatística e Epidemiologia

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BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
E-Book 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
 
 
 
 
Sumário 
Unidade 1 ................................................................................................................................................ 4 
1. FATOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA ................................................................................... 4 
1.1. PRIMÓRDIOS DA EPIDEMIOLOGIA ...................................................................................... 4 
1.2. EPIDEMIOLOGIA CLÁSSICA .................................................................................................. 8 
1.3. EPIDEMIOLOGIA MODERNA .............................................................................................. 10 
1.4. CONCEITOS DA EPIDEMIOLOGIA ....................................................................................... 11 
1.5. A EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS USOS .................................................. 15 
Unidade 2 .............................................................................................................................................. 18 
2. FERRAMENTAS DA EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................ 18 
2.1. CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS ........................................................................................ 18 
2.2. SAÚDE X DOENÇA .............................................................................................................. 20 
2.3. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA ...................................................................................... 25 
2.4. PRINCÍPIOS DA CAUSALIDADE E INDICADORES DE SAÚDE ............................................... 27 
2.5. EPIDEMIA, ENDEMIA, PANDEMIA E SURTO ...................................................................... 34 
Unidade 3 .............................................................................................................................................. 38 
3. INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA ................................................................................................... 38 
3.1. MODA, MEDIANA E MÉDIA ............................................................................................... 40 
3.1.1. Moda ......................................................................................................................... 40 
3.1.2. Mediana .................................................................................................................... 40 
3.1.3. Média ........................................................................................................................ 41 
3.2. DESVIO PADRÃO, VARIÂNCIA E CURVA DE DISTRIBUIÇÃO ............................................... 41 
3.2.1. Desvio Padrão ............................................................................................................ 41 
3.2.2. Variância ................................................................................................................... 43 
3.2.3. Curva de Distribuição ................................................................................................ 44 
3.3. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS DADOS E TIPOS DE ESTUDOS ......................................... 46 
3.4. ESTUDO TRANSVERSAL, ESTUDO DE OBSERVAÇÃO E ESTUDO ECOLÓGICO .................... 50 
3.4.1. Estudo de Observação ............................................................................................... 50 
3.4.2. Estudo de Observação ............................................................................................... 50 
3.4.3. Estudo Ecológico ........................................................................................................ 51 
3.5. ESTUDO CASO CONTROLE, ESTUDO DE COORTE E ESTUDO EXPERIMENTAL ................... 52 
Unidade 4 .............................................................................................................................................. 57 
4. EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL ..................................................................................................... 57 
4.1. SAÚDE PÚBLICA X SAÚDE COLETIVA E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL ................................. 57 
4.2. A CRIAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ............................................................. 59 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
 
 
 
 
4.3. DATASUS ............................................................................................................................ 61 
4.4. TICS .................................................................................................................................... 63 
4.5. EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL ......................................................................................... 64 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 69 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
4 
 
Unidade 1 
Unidade 1 
1. FATOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA 
É de praxe e muito importante entendermos o conceito, significado e a história da 
epidemiologia, principalmente para entendermos atualmente o que houve ou não de 
mudança com essa ciência. Utilizamos a epidemiologia a muitos séculos e, desde o seu 
surgimento, basicamente, utilizamos os mesmos conceitos, porém com mudanças 
tecnológicas, o que simplificou e agilizou os métodos de avaliação epidemiológica. 
Mas qual o significado da palavra epidemiologia, esta palavra vem do grego onde epi 
significa sobre, demo significa população (demografia) e logia significa estudo, em termos 
mais amplos podemos descrever a epidemiologia como o estudo sobre a população, o que já 
caracteriza bem o que ela significa que nada mais é o estudo de um grupo populacional, 
portanto a epidemiologia não vê o indivíduo e sim a população como um todo. 
A epidemiologia é dividida em três partes distintas de atuação no tempo e anos de 
conhecimento e nessas partes distintas existiram grandes nomes que mudaram a 
epidemiologia até chegar ao que conhecemos nos tempos atuais. A epidemiologia é dividida 
em primórdios da epidemiologia (ou tempo inicial), epidemiologia clássica e epidemiologia 
moderna. 
1.1. PRIMÓRDIOS DA EPIDEMIOLOGIA 
Os primórdios da epidemiologia são basicamente o início de tudo, neste tempo 
podemos dizer que se iniciou com Hipócrates (médico grego) e se originou das suas 
observações feitas há mais de 2000 anos na Grécia antiga durante o século VI a.C. Nesta época, 
a epidemiologia era fortemente ligada à Medicina em que Asclépio, Deus da Medicina, tinha 
duas filhas Higéia que era ligada ao conceito de medicina preventiva (higiene) e Panacéia 
ligada ao conceito de medicina curativa e, através destes conceitos, principalmente ligada à 
Higéia, surgem as bases científicas da Medicina ligadas a epidemia e endemia. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
5 
 
Unidade 1 
 
Hipócrates 460 A.C. – 377 A.C. 
Hipócrates determinou que fatores ambientais influenciavam na ocorrência de 
doenças. Diferentemente dos tempos atuais, neste período, utilizava-se uma epidemiologia 
observacional, de modo que as descobertas eram feitas somente por observação da 
população, não existia como hoje, um processo um pouco mais invasivo para descoberta das 
doenças. Com suas observações, Hipócrates criou os “Enunciados das Teorias Hipocráticas” 
que basicamente eram distribuídas em 6 pontos; 
Cada doença tem uma causa natural; 
Um efeito similar pode ser provocado por diferentes causas; 
A doença é um desiquilíbrio do estado natural do corpo; 
Os fatores causais das doenças podem ser de forma internos (dieta e exercício) ou 
externo (ar, vento, calor e frio); 
Definiu que o equilíbrio do corpo era basicamente constituído por fluidos corporais e 
determinou que este equilíbrio era causado pelos humores corpóreos (sangue, fleugma ou 
muco, bile amarelae bile negra e um desiquilíbrio desses fluidos causavam algum tipo de 
doença; 
Relação sexual, feridas e ferimentos podem causar doenças. 
Já, Galeno (129 – 199), nesse mesmo período, revisou a teoria humoral e ressaltou 
também a importância dos quatro temperamentos no estado de saúde. Galeno via como uma 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
6 
 
Unidade 1 
das causas da doença sendo um fator endógeno, ou seja, estaria no próprio indivíduo, em sua 
constituição física ou em hábitos de vida que levassem ao desequilíbrio corporal. 
 
Na Roma antiga, ainda nos primórdios da epidemiologia, esses postulados tanto de 
Hipócrates como de Galeno começaram a ser mais difundidos e estudados nesse período e é 
onde surgem os princípios da medicina curativa e individual, sendo os primeiros médicos de 
Roma. Em geral, escravos gregos que trabalhavam para a corte, exército ou para famílias 
nobres. Os governantes viam a cura através de fluidos como a água, nessa época era muito 
comum a construção de saunas curativas, tanto a sauna seca como a sauna úmida, eles 
acreditavam que poderiam curar as pessoas com o calor e as doenças saiam pelos poros 
através do suor. 
Neste período, também foram criadas as realizações de censos e registros 
compulsórios de nascimento e óbito (o quem se utiliza até hoje), houve se a preocupação de 
se ter um registro populacional e sabemos que isto ocorria principalmente devido à 
arrecadação de fundos aos governantes, hoje se utiliza para controle populacional. Além 
dessas contribuições, foi nesse período também, começaram as construções de aquedutos e 
esgotos, tornando o que é hoje uma infraestrutura sanitária importante para a não 
propagação de doenças. 
Outro fator histórico e importante nos primórdios da epidemiologia foi na idade média, 
com a queda do Império Romano o domínio da Igreja veio forte ocorrendo uma hegemonia 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
7 
 
Unidade 1 
da igreja católica e os cuidados da saúde eram realizados por ordem religiosa, pois a salvação 
da alma era muito mais importante. O domínio do cristianismo determinou o retorno a 
práticas de saúde “mágico-religiosa”, de modo que foram “perdidos” alguns contextos de 
Hipócrates e Galeno. A Igreja acreditava que as doenças eram acometidas em indivíduos 
devido a alguma heresia acometida como resultado do pecado e a cura como questão de fé; 
o cuidado de doentes estava, em boa parte, entregue a ordens religiosas, que administravam 
inclusive os hospitais, instituição que o cristianismo desenvolveu muito, não como um lugar 
de cura, mas de abrigo e de conforto para os doentes, neste contexto a pessoa era curada 
pela oração ou pela “Mão de Deus”. 
 
Surge paralelo neste período a Medicina Árabe quando um médico muito respeitado 
chamado Avicena compartilhou a filosofia individual e coletiva, precursora, hoje, do 
pensamento científico moderno da Epidemiologia. Neste período, os médicos muçulmanos 
preservavam os textos hipocráticos paralelo às práticas religiosas e adotavam os princípios de 
higiene e saúde pública com alto grau de organização social. A medicina Árabe estabeleceu 
registros de informações demográficas e sanitárias e até sistemas de vigilância 
epidemiológica, óbvio que não tão tecnológico como nos tempos atuais mais com princípios 
basicamente utilizados até nos tempos de hoje. 
 
 
 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 1 
1.2. EPIDEMIOLOGIA CLÁSSICA 
No século XV, Paracelsus (1493–1541) afirmava que as doenças eram provocadas por 
agentes externos e não por agentes internos ao organismo. Neste período e, pegando o 
caminho da alquimia, a química começava a se desenvolver e tinha uma influência na 
medicina. Paracelsus dizia que, se os processos que ocorrem no corpo humano são químicos, 
os melhores remédios para expulsar a doença seriam também químicos, e passou então a 
administrar aos doentes, pequenas doses de minerais e metais, notadamente o mercúrio, 
empregado no tratamento da sífilis, doença que, em função da liberalização sexual, tinha-se 
tornado epidêmica na Europa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paracelsus 1493 – 154 
Já o desenvolvimento da mecânica influenciou as ideias de René Descartes, no século 
XVII começando o paradigma da ciência, junto com Francis Bacon publicaram as obras que 
introduzem o método científico. Descartes postulava uma dualidade mente–corpo, o corpo 
tinha um funcionamento como uma máquina. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da 
anatomia, também consequência da modernidade, afastou a concepção de Hipócrates sobre 
a teoria humoral da doença, que passou a ser localizada diretamente nos órgãos. Descartes 
compõe um manual que introduz a um método até naquele momento científico, este manual 
era composto de 4 regras: 
➢ Aceitar como verdadeiro somente o que se conhece de modo evidente, excluindo 
qualquer dúvida. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
9 
 
Unidade 1 
➢ Cada problema pode ser solucionado, dividindo-o em quantas partes seja possível 
(dividir significa conhecer o problema). 
➢ Conduzir o pensamento em ordem, começando pelo mais simples até o 
conhecimento mais composto. 
➢ Fazer sempre inventários tão completos e exaustivos que se fique certo de nada ter 
sido omisso, para que qualquer outro possa repetir. 
 
René Decartes - 1596 – 1650 
Com o surgimento destes métodos, o homem saí da condição de observador e passa a 
intervir na natureza das doenças, quando surgem as clínicas. Antes do surgimento das clínicas, 
a população doente era colocada em um mesmo espaço, portanto, um grupo de indivíduos 
com uma doença infecto contagiante, permanecia no mesmo local com indivíduos com 
doenças mais simplistas. A partir do surgimento das clínicas, houve a intenção de separar estes 
indivíduos e tratá-los conforme as suas doenças não ocasionando o que conhecemos 
atualmente como infecções cruzadas. 
Mas a ciência continuava avançando e, no final do século XIX, registrou-se aquilo que 
depois seria conhecido como a revolução pasteuriana. No laboratório de Louis Pasteur e, em 
outros laboratórios, o microscópio descoberto no século XVII, mas, até, então, não muito 
valorizado, estava revelando a existência de microrganismos causadores de doenças e 
possibilitando a introdução de soros e vacinas. Era uma revolução porque, pela primeira vez, 
fatores etiológicos desconhecidos estavam sendo identificados; doenças, agora, poderiam ser 
prevenidas e curadas. 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 1 
1.3. EPIDEMIOLOGIA MODERNA 
Em meados dos anos 1838 ou no século XIX, surge a epidemiologia moderna. Neste 
período, já tinham muitas ferramentas importantes para a constituição e análise da 
epidemiologia. Porém, faltavam alguns dados importantes para melhorar este processo e, é 
neste período, que se começam a introduzir a estatística com a epidemiologia em 1825, 
Alexandre Louis (1787 – 1872), médico e matemático publica em Paris um estudo estatístico 
de 1960 casos de tuberculose. Sendo também o percursor da avaliação de eficácia dos 
tratamentos clínicos utilizando os métodos estatísticos. 
Nesta época, surge também a Revolução Industrial e sua economia política trazem o 
fato e a ideia da força de trabalho. A formação de um proletariado urbano, submetido a 
intensos níveis de exploração, causa um desgaste da classe trabalhadora deteriora 
profundamente as suas condições de saúde principalmente pelo uso constante de tabaco e 
álcool, pois os trabalhadores passam a usar estas substâncias para conseguir superar horas de 
trabalho a fio gerando diversas doenças como as respiratórias, stress, depressão, etc. 
 
A revolução industrial de 1760 
Na epidemiologia moderna, tendo esses conhecimentos impulsionando a chamada 
medicina tropical. O trópico atraía a atenção do colonialismo, mas os empreendimentos 
comerciais eram ameaçados pelas doenças transmissíveis endêmicas e epidêmicas. Daí a 
necessidade de estudar, prevenire curar. Nessa época, nascia também a epidemiologia, 
baseada no estudo pioneiro do cólera em Londres, feito pelo médico inglês John Snow (1813–
1858). Ele identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 1 
entre 1848 – 49 e 1853 – 54 e notou uma evidente associação entre a origem da água utilizada 
para beber e as mortes ocorridas. A partir disso, Snow comparou o número de óbitos por 
cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias e verificou que a taxa de morte foi 
mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark, devido 
a isso John Snow é considerado o pai da epidemiologia moderna. 
Baseado nessa sua investigação, Snow construiu a teoria sobre a transmissão das 
doenças infecciosas, em geral e, sugeriu que a cólera era disseminada através da água 
contaminada. Dessa forma, foi capaz de propor melhorias no suprimento de água, mesmo 
antes da descoberta do micro-organismo causador da cólera; além disso, sua pesquisa teve 
impacto direto sobre as políticas públicas de saúde. Graças a essas medidas adotadas em 1850 
é fundada a primeira sociedade de epidemiologia em Londres, e John Snow é considerado até 
hoje o pai da epidemiologia moderna. No século XX, desenvolvem-se os conceitos de riscos e 
as técnicas estatísticas. A abordagem epidemiológica que compara os coeficientes (ou taxas) 
de doenças em subgrupos populacionais, tornou-se uma prática comum no final do século XIX 
e início do século XX. 
Após a II guerra, o foco da epidemiologia é também nas doenças não transmissíveis, 
até, então, só utilizada para doenças transmissíveis quando esses métodos foram aplicados 
para doenças crônicas não transmissíveis tais como doença cardíaca e câncer, sobretudo nos 
países industrializados. 
1.4. CONCEITOS DA EPIDEMIOLOGIA 
Graças a estes conceitos podemos determinar que a epidemiologia é uma ciência 
fundamental para a saúde pública e tem dado grande contribuição à melhoria da saúde das 
populações sendo essencial no processo de identificação e mapeamento de doenças 
emergentes. Podemos considerar também a epidemiologia como uma ciência que utiliza 
métodos quantitativos para o estudo dos problemas de saúde, isto graças a estatística, e é um 
ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores 
determinantes dos eventos relacionados a saúde. (PEREIRA, 1995). 
Entendendo estes conceitos, até este momento, podemos mostrar o que cada 
indivíduo na área da saúde faz. Isto, quando falamos de médico e epidemiologista. O médico 
investiga alterações no organismo, realiza exames clínicos, solicita exames complementares, 
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12 
 
Unidade 1 
chega a um diagnóstico e indica prescrição. Já o epidemiologista investiga o agravo na 
população, frequência e distribuição da doença, informações com dados adquiridos, cria 
hipóteses de fatores determinantes, realiza associação fator-doença e profilaxia. Sendo assim, 
qual o objetivo da epidemiologia? Os principais objetivos são contribuir para a compreensão 
da doença, conduzir a métodos de prevenção, forma de transmissão e determinantes da 
doença, circunstâncias: microbiológicos, toxicológicos e fatores genéticos, sociais ou 
ambientais. Tem como objeto de estudo populações humanas, saúde e doença. 
 
A partir do que já se estudou, viu-se que a epidemiologia é como uma ferramenta de 
“ajuda” no entendimento das doenças e auxílio à medicina, mas por um longo período, houve 
a discussão do que seria a saúde, não havia ainda um conceito universal. Para tal, seria 
necessário um consenso entre as nações, possível de obter somente num organismo 
internacional. A Liga das Nações, surgida após o término da Primeira Guerra, não conseguiu 
esse objetivo. Foi necessário haver uma Segunda Guerra e a criação da Organização das 
Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), para que isto acontecesse. 
O conceito da OMS, divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 (desde então 
o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do direito à saúde e da obrigação do 
Estado na promoção e proteção da saúde, diz que "Saúde é o estado do mais completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade". Este conceito refletia, 
de um lado, uma aspiração nascida dos movimentos sociais do pós-guerra: o fim do 
colonialismo, a ascensão do socialismo. Saúde deveria expressar o direito a uma vida plena, 
sem privações. Um conceito útil para analisar os fatores que intervêm sobre a saúde e, sobre 
os quais, a saúde pública deve, por sua vez, intervir, é o de campo da saúde (health field), 
formulado em 1974 por Marc Lalonde, titular do Ministério da Saúde e do Bem-estar do 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
13 
 
Unidade 1 
Canadá – país que aplicava o modelo médico inglês. De acordo com esse conceito, o campo 
da saúde abrange: 
A biologia humana, que compreende a herança genética e os processos biológicos 
inerentes à vida, incluindo os fatores de envelhecimento; 
O meio ambiente, que inclui o solo, a água, o ar, a moradia, o local de trabalho; 
O estilo de vida, do qual resultam decisões que afetam a saúde: fumar ou deixar de 
fumar, beber ou não, praticar ou não exercícios; 
A organização da assistência à saúde. A assistência médica, os serviços ambulatoriais, 
hospitalares e os medicamentos são as primeiras coisas em que muitas pessoas pensam 
quando se fala em saúde. No entanto, esse é apenas um componente do campo da saúde e, 
não necessariamente, o mais importante; às vezes, é mais benéfico para a saúde ter água 
potável e alimentos saudáveis do que dispor de medicamentos. É melhor evitar o fumo do que 
se submeter a radiografias de pulmão todos os anos. É claro que esses fatos não são 
excludentes, mas a escassez de recursos na área da saúde obriga, muitas vezes, a selecionar 
prioridades. 
 
A amplitude do conceito da OMS (visível também no conceito canadense) acarretou 
críticas, algumas de natureza técnica (a saúde seria algo ideal, inatingível; a definição não pode 
ser usada como objetivo pelos serviços de saúde), outras de natureza política, libertária: o 
conceito permitiria abusos por parte do Estado, que interviria na vida dos cidadãos, sob o 
pretexto de promover a saúde. Em decorrência da primeira objeção, surge o conceito de 
Christopher Boorse (1977) de que saúde é ausência de doença. A classificação dos seres 
humanos como saudáveis ou doentes seria uma questão objetiva, relacionada ao grau de 
eficiência das funções biológicas, sem necessidade de juízos de valor. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
14 
 
Unidade 1 
Uma resposta a isto, foi dada pela declaração final da Conferência Internacional de 
Assistência Primária à Saúde realizada na cidade Alma–Ata (no atual Cazaquistão), em 1978, 
promovida pela OMS. A abrangência do tema foi, até certo ponto, uma surpresa. A par de suas 
tarefas de caráter normativo e classificação internacional de doenças, elaboração de 
regulamentos internacionais de saúde, de normas para a qualidade da água, a OMS havia 
desenvolvido programas com a cooperação de países-membros, mas esses programas tiveram 
como alvo inicial duas doenças transmissíveis de grande prevalência: malária e varíola. 
A Conferência enfatizou as enormes desigualdades na situação de saúde entre países 
desenvolvidos e subdesenvolvidos; destacou a responsabilidade governamental na provisão 
da saúde e a importância da participação de pessoas e comunidades no planejamento e 
implementação dos cuidados à saúde. Trata-se de uma estratégia que se baseia nos seguintes 
pontos: 
➢ As ações de saúde devem ser práticas, exequíveis e socialmente aceitáveis; 
➢ Devem estar ao alcance de todos, pessoas e famílias, portanto, disponíveis em locais 
acessíveis à comunidade; 
➢ A comunidade deve participar ativamente na implantaçãoe na atuação do sistema 
de saúde; 
O custo dos serviços deve ser compatível com a situação econômica da região e do 
país. Estruturados dessa forma, os serviços que prestam os cuidados primários de saúde 
representam a porta de entrada para o sistema de saúde, do qual são, verdadeiramente, a 
base. O sistema nacional de saúde, por sua vez, deve estar inteiramente integrado no processo 
de desenvolvimento social e econômico do país, processo este do qual saúde é causa e 
consequência. 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 1 
Os cuidados primários de saúde, adaptados às condições econômicas, socioculturais e 
políticas de uma região deveriam incluir pelo menos: educação em saúde, nutrição adequada, 
saneamento básico, cuidados maternos-infantis, planejamento familiar, imunizações, 
prevenção e controle de doenças endêmicas e de outros frequentes agravos à saúde, provisão 
de medicamentos essenciais. Deveria haver uma integração entre o setor de saúde e os 
demais, como agricultura e indústria. 
O conceito de cuidados primários de saúde tem conotações. É uma proposta 
racionalizadora, mas é também uma proposta política; em vez da tecnologia sofisticada 
oferecida por grandes corporações, propõe tecnologia simplificada, "de fundo de quintal". No 
lugar de grandes hospitais, ambulatórios; de especialistas, generalistas; de um grande arsenal 
terapêutico, uma lista básica de medicamentos enfim, em vez da "mística do consumo", uma 
ideologia da utilidade social. Ou seja, uma série de juízos de valor, que os pragmáticos da área 
rejeitam. A pergunta é: como criar uma política de saúde pública sem critérios sociais, sem 
juízos de valor? 
Por causa disso, nossa Constituição Federal de 1988, artigo 196, evita discutir o 
conceito de saúde, mas diz que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e 
recuperação. Este é o princípio que norteia o SUS, Sistema Único de Saúde. No princípio que 
está colaborando para desenvolver a dignidade aos brasileiros, como cidadãos e como seres 
humanos. 
1.5. A EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS USOS 
Já que estamos falando de Brasil, como se inicia a epidemiologia em nosso país? 
A história da epidemiologia começa em 1903 com Oswaldo Cruz, nomeado 
pelo presidente da República Rodrigues Alves, sendo nomeado para Diretor-geral de Saúde 
Pública. Neste cargo, Oswaldo Cruz institui a polícia Sanitária do Rio de Janeiro tendo um 
caráter autoritário, pois eles intervinham nos domicílios, mesmo sem o consentimento dos 
proprietários e moradores, sua principal tarefa era sanear o Rio de Janeiro em conter as 
principais epidemias da época que eram febre-amarela, peste bubônica e varíola. Para termos 
uma ideia do caráter autoritário da Polícia Sanitária, a campanha contra a febre-amarela era 
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16 
 
Unidade 1 
estruturada em moldes militares, sendo impostas medidas rigorosas como aplicação de 
multas, intimação aos proprietários de imóveis insalubres para reformar ou demolir. 
Após Oswaldo Cruz, no comando da Diretoria Geral de Saúde Pública, entra em cena 
seu sucessor Carlos Chagas em meados dos anos 1920. Ele reestruturou o Departamento 
Nacional de Saúde e introduziu as propagandas e educação sanitária. Além disso, criou os 
órgãos especializados na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas, criou 
também a assistência hospitalar infantil e a higiene industrial individualizado, expandindo as 
atividades de saneamento para outros Estados fora do Rio de Janeiro. 
Após analisarmos os fatos históricos, podemos compreender quais são os principais 
usos da epidemiologia. Análise da situação da saúde: conhecer a situação de saúde da 
população e suas tendências com vistas a implementar ações de saúde adequadas, efetivas e 
oportunas através de inquéritos de saúde, monitoramento das condições de saúde e 
diagnóstico das necessidades de saúde. Avaliação de programas, serviços ou tecnologias: 
avaliar o impacto dos diversos serviços, programas e tecnologias disponíveis em modificar a 
situação de saúde ou prevenir a ocorrência de agravos e doenças em uma dada população 
através de estudos analíticos experimentais ou observacionais de avaliação. 
Planejamento e organização de serviços: definição de prioridades e melhor uso dos 
recursos através de subsídio ao planejamento para indicação de ações que aprimorem a 
atenção à saúde, modificando, assim, as condições de saúde da população. A epidemiologia 
em serviços de saúde é uma ciência com condições de contribuir com a capacidade dos 
serviços de saúde para transformar as condições de vida e a situação de saúde da população 
e se baseia através de dados e informações dos serviços de saúde, informações clínico-
laboratoriais, ciências básicas da saúde, demografia, estatística, ciências sociais e ciências 
humanas, política, administração e gestão de serviços, informática e tecnologia da 
informação. 
Com isto, podemos determinar variáveis epidemiológicas que são baseadas por 
características da população através de dados como: idade, gênero e nascimentos, morbidade 
e mortalidade, determinantes sociais como educação, saneamento, habitação, emprego, 
transporte, cultura, organização social e política. Serviços de saúde através de rede de 
unidades: características, instalações e equipamentos, oferta de serviços, cobertura, acesso e 
distribuição, e outros interesses como recursos humanos, orçamento e custos, tecnologia e 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
17 
 
Unidade 1 
processos de trabalho. Na epidemiologia, há uma questão denominada problema 
epidemiológico que é quando o problema tem origem quando doenças acometem grupos 
humanos. É a necessidade de remover fatores ambientais contrários à saúde ou de criar 
condições que a promovam, que determina a problemática própria da epidemiologia. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
18 
 
Unidade 2 
 
Unidade 2 
2. FERRAMENTAS DA EPIDEMIOLOGIA 
2.1. CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS 
Como já foi estudado, a história da epidemiologia levou a diversos fatores modificáveis 
e atuantes na saúde pública. Então, temos que ter uma definição definitiva do que é 
epidemiologia e ter em mente que a epidemiologia tem como objetivo a pesquisa 
quantitativa, e não qualitativa. Expressa desfechos clínicos, sintomas e incapacidades de um 
grupo populacional e existem alguns princípios que a regem como os da probabilidade. Neste, 
os desfechos são incertos, por isso, não podemos predizer com certeza que é um desfecho 
clínico. 
É através da probabilidade que podemos determinar os riscos epidemiológicos, sendo 
que o risco é a probabilidade de um indivíduo desenvolver uma mudança no seu status de 
saúde, ao longo de um determinado período de tempo. A probabilidade é expressa em 
decimais sendo 0 impossível e 1 certeza. A experiência anterior em que se tem a observação 
de grupos similares e os erros sistemáticos são conhecidos como vieses, podem invalidar uma 
pesquisa. Assim, dizemos que toda a epidemiologia e toda observação clínica está sob a 
influência do acaso e as observações são baseadas em princípios científicos sólidos. 
 
Fonte: Depositphotos 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
19 
 
Unidade 2 
 
 
No que se refere a Viés, é qualquer situação, em qualquer estágio da inferência, que 
tende a produzir resultados e conclusões, que diferem sistematicamente da verdade e 
ocasiona a distorção de uma estimativa de uma determinada variável. O Viés pode ser 
classificado como: 
Viés de Seleção: que é uma amostra não representativa na população e pode ocorrer 
um erro sistemático, devido à manipulação da amostra à solução. Para que isto não aconteça, 
deve-se realizar uma aleatorização ou randomização das amostras. 
Viés de Aferição: quandoos métodos de medida diferem entre os grupos. 
Viés Confusão (Confounding): quando não há comparabilidade entre os grupos 
estudados, acontece quando variáveis que produzem os desfechos clínicos, estão 
desigualmente distribuídas entre os grupos. 
Um fator importante de se analisar em Epidemiologia é a população e amostra. Neste 
contexto, população é um grupo de indivíduos que vive num determinado contexto ou que 
tem características em comum. A amostra é uma parte desta população, isto é importante 
pelo fator de que, por exemplo: em uma pesquisa epidemiológica na qual se estudarão 
indivíduos obesos, ao se analisar em um contexto não muito amplo como indivíduos obesos 
do estado de São Luís do Maranhão, é um pouco improvável tanto no fator custo quanto no 
fator logístico fazer esta pesquisa. Sendo assim, analisa-se uma parte desta população que 
terão as mesmas características da doença para representar este grupo populacional. Para 
designar esta amostra populacional, seguem-se alguns critérios específicos, a amostra é 
classificada em amostra por conveniência, amostra aleatória e amostra consecutiva. 
Na amostra por conveniência não é possível se determinar quais foram os reais 
critérios de sua seleção e tem-se ainda suspeita de viés. Nesta, os indivíduos são inclusos na 
amostra sem probabilidade previamente especificada ou conhecida de eles serem 
selecionados, por isso, este tipo de amostra, não tem valor científico. Porém, tem a vantagem 
de permitir que a escolha de amostras e a coleta de dados sejam relativamente fáceis de 
acordo com o que for conveniente para quem está realizando a pesquisa. Este tipo de amostra 
é excelente para se realizar um teste piloto de um questionário que será utilizado depois em 
uma pesquisa posterior. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
20 
 
Unidade 2 
 
Em se tratando de Amostra aleatória, esta tira do investigador o poder de definir, de 
antemão, quem fará parte da amostra evitando o viés de seleção. Já a Amostra consecutiva é 
feita de acordo como que aparecer. 
 
Fonte: Depositphotos 
2.2. SAÚDE X DOENÇA 
Quando pensamos em saúde logo vem à mente que é simplesmente ausência da 
doença. Mas há que se ir além. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nas 
Diretrizes de 1984 confere que saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social e não 
apenas a mera ausência de doença. Considerando esta diretriz, você se considera uma pessoa 
com saúde? Se você estiver com algum tipo de problema social, por exemplo, desempregado, 
porém seu bem-estar físico e mental estão em condições ideias, você é considerado uma 
pessoa doente e este processo evolutivo entre saúde e doença depende de cada pessoa e 
sempre segue cursos diferentes de evolução. 
Para se determinar estes estados de saúde e doença são necessários alguns critérios 
de diagnósticos que basicamente pertencem à área médica detalhados como sinais e 
sintomas, história clínica e resultado de testes (passíveis de modificação), agregado a isto, há 
alguns determinantes que influenciam o processo saúde e doença que são divididos em: 
fatores biológicos que podem ser determinados por idade, gênero e fatores genéticos, fatores 
sociais e econômicos que representa a posição social, o emprego, a pobreza, a exclusão social, 
fatores culturais determinados pelo acesso aos serviços como educação, saúde, serviços 
sociais, transportes, lazer e fatores ambientais. Estes últimos, determinados pela qualidade 
do ar e da água. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
21 
 
Unidade 2 
 
Um dos pontos que podem influenciar estes aspectos são os padrões de evolução da 
doença e, através dela, pode-se entender o estado e o que pode acontecer ao indivíduo. O 
padrão da evolução da doença segue 5 princípios que serão determinados pelas letras A, B, C, 
D e E. 
Figura 1: Padrão de Evolução de Doenças 
 
Fonte: Google 
Este padrão de evolução é determinado por evoluções e por linhas. Sendo a linha a 
baixo da linha de recuperação de saúde, quando os indivíduos se recuperam, a linha 
pontilhada é denominada limiar clínico que é quando a população necessita de ajuda 
profissional da área da saúde e a linha superiora representa o óbito da população. A partir 
disso temos as evoluções da doença. 
• A: evolução aguda e fatal: este determinante, mostra aquelas doenças fatais, as 
quais, em um determinado momento, não têm cura como infarto agudo do 
miocárdio. 
• B: evolução aguda clinicamente evidente com recuperação: neste determinante, 
mostra aquelas doenças em que o paciente tem assistência de um profissional de 
saúde e se recupera, a exemplo da gripe. 
• C: evolução subclínica: esta evolução é aquela não manifesta sinais e sintomas da 
doença, pois o próprio corpo a “combate” sem apresentá-la. 
• D: evolução crônica progressiva com óbito em curto e longo prazo: este determinante 
mostra as doenças não têm cura e, em algum período do tempo, leva os indivíduos a 
óbito, a exemplo do câncer. 
• E: evolução crônica com períodos assintomáticos e exacerbações: este determinante 
mostra as doenças em que os indivíduos têm uma doença crônica que se apresenta 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
22 
 
Unidade 2 
 
em períodos específicos e o indivíduo convive com esta doença gerando mais 
cronicidade ou não, por exemplo, a asma. 
Baseado nos conceitos, pode-se afirmar que a doença também segue um fluxo 
determinado por fatores de risco, pode ser adquirida por hábitos pessoais ou de exposição 
ambiental, que está associado ao aumento da probabilidade da ocorrência de alguma doença 
e utilizados para predizer que a ocorrência das doenças pode ser modificada. 
Outro fator que tem uma influência no processo saúde e doença são os fatores 
etiológicos, processos que agem nas origens da doença. Este fator é importante para 
determinar os aspectos envolvidos nas doenças e identificar suas causas, facilitam a 
interpretação e aplicação de ações saneadoras. Um detalhe importante é que os fatores 
etiológicos diferem da história natural da doença não levando em consideração os pontos 
negativos e positivos dela. 
Nos fatores etiológicos, uma estratégia importante para mostrar a disseminação das 
doenças são as cadeias de eventos que são um modelo linear da doença, representa uma 
forma de sequência de acontecimentos. Através da sequência, podemos determinar a saúde 
ou a doença, lembrando que o foco da cadeia de eventos é no agente causador da doença e, 
a partir do momento que se descobre o foco, o processo fica preciso. 
Os agentes da cadeia de eventos ou dos fatores etiológicos são determinados por ser 
agentes do tipo biológico (bactérias e vírus), genéticos, por exemplo, a translocação de 
cromossomo na síndrome de Down, os agentes químicos como os nutrientes, drogas ilícitas e 
lícitas, a poluição entre outros. Os agentes físicos como a radiação, os psíquicos também 
entram nestes agentes, pois o estresse derivado de algum distúrbio acaba deixando a 
população doente. 
 
 
 
 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
23 
 
Unidade 2 
 
Figura 2: Cadeia de transmissão de doenças 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma das grandes utilidades de reconhecer os agentes é compreender a relação destes 
com o homem e a transformação fisiológica que eles causam, além de se ter noção de 
prevenção pelos rompimentos dos elos na cadeia de eventos acabando com as doenças. Um 
modelo muito importante para compreendermos como romper o elo deste agente e ajudar a 
população na melhoria da condição de saúde, é compreender os modelos de estudos 
ecológicos. Dentre estes, temos dois modelos importantes, a tríade e dupla ecológica. 
Para uma fácil compreensão destes modelos podemos simplificar que a tríade 
ecológica é perfeita para entendermos as doenças transmissíveis e a dupla ecológica para as 
doenças não transmissíveis. A tríade ecológica representada pela Figura 3, representa a cadeia 
de eventos entre o Hospedeiro que,neste caso, é o homem, o agente já visto anteriormente 
e, o ambiente representado pelo meio que vive. 
 
 
 
 
Agente 
infeccioso 
Reservatório 
Porta de 
saída 
Via de 
transmissão 
Porta de 
entrada 
Hospedeiro 
suscetível 
Identificar e eliminar ou controlar 
o local de reservatório 
Eliminar a via de transmissão 
Bloquear a colonização 
da infecção 
Modificar o risco do 
hospedeiro 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
24 
 
Unidade 2 
 
Figura 3: Cadeia de eventos entre o hospedeiro, o agente e o meio ambiente 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagine-se, por exemplo, se há um agente agressor como o vírus do Sars Cov2, até o 
presente momento, sabemos que este vírus é transmitido ao hospedeiro e até, então, está no 
meio que este hospedeiro vive. O maior desafio é saber onde se quebra este elo. Na maioria 
dos vírus, a quebra do elo se dá no hospedeiro, mas como fazer isso? Se o agente não pode 
ser erradicado como a dengue, a melhor forma de romper o elo, no caso da Sars Cov2, é 
imunizando o hospedeiro para que ele não transmita o vírus pelo meio ambiente e que este 
agente não ganhe mais força. Outro modelo importante para compreender esta cadeia e 
saber como quebrar o elo da transmissão das doenças, é o modelo da dupla ecológica. 
Ressalta-se que este modelo é importante para entender principalmente as doenças 
adquiridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGENTE MEIO AMBIENTE 
HOSPEDEIRO 
AMBIENTEFÍSICO 
AMBIENTEBIOLÓGICO AMBIENTE SOCIAL 
HOMEM 
HERANÇA 
GENÉTICA 
ANATOMIA 
FISIOLOGIA 
ESTILO DE 
VIDA 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
25 
 
Unidade 2 
 
Este modelo representa o homem envolvido ao meio ambiente, este meio pode sofrer 
modificações através do meio social, biológico e físico. Esta mudança pode influenciar a 
anatomia e fisiologia, a herança genética e o estilo de vida desse homem. Em termos práticos, 
podemos exemplificar o homem que tem um estilo de vida sedentária, ele será uma pessoa 
obesa que mudará sua anatomia e fisiologia. Automaticamente, transformará o seu ambiente 
social, biológico e físico. Para quebrar este elo, neste caso, há que modificar o homem, 
mudando seu estilo de vida, fazendo com que ele tenha uma condição de vida mais saudável 
com atividades físicas ou mudanças de hábitos alimentares melhorando sua condição. Porém, 
qual a utilidade, vantagens e desvantagens desses processos ecológicos? Uma das utilidades 
é a análise do processo da doença, verificando se o agente etiológico se encontra no 
hospedeiro ou no ambiente, a localização racional das intervenções e impedir ou interromper 
o processo de doença, relacionadas ao meio ambiente ou ao indivíduo. 
2.3. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
Outro fator importante e uma ferramenta para o processo de saúde e doença é a 
denominada história natural da doença. Esta difere da história da doença, ao se falar de 
história da doença, refere-se aos fatos históricos como o ano de aparição dos primeiros casos, 
onde e como apareceu. Já a história natural da doença é a base para se entender tudo que 
acontece de modificação da doença, desde o agente causador, as modificações fisiológicas até 
o que ele causa na população e se refere aos estágios da doença. A história natural da doença 
é dividida em 4 fases. 
A primeira é chamada de inicial, quando a doença ainda não está na população ou no 
indivíduo, mas existem condições propensas para ela adentrar no sistema fisiológico como 
crianças que convivem com fumantes têm propensão a adquirir doenças respiratórias. A 
segunda é denominada fase pré-clínica ou patológica, nesta, a doença já está instalada no 
sistema fisiológico, mas ela não se manifesta clinicamente como sinais e sintomas. É nesta 
fase que a doença está fazendo alterações no organismo dos indivíduos. Por exemplo, 
indivíduos que usam tabaco por um longo período de tempo promovem a redução de células 
ciliares que são células especializadas em retirar as impurezas do sistema respiratório inferior, 
provocando uma maior inflamação neste sistema. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
26 
 
Unidade 2 
 
A terceira fase é denominada fase clínica, pois a doença já realizou modificações 
importantes no sistema fisiológico e os indivíduos apresentam sinais clínicos. Em resumo, 
nesta fase, existe a necessidade de uma intervenção do profissional da saúde, no caso de 
pessoas com o câncer, apresentam sinais clínicos evidentes. A última fase é denominada de 
incapacidade residual, quando a doença causa algum tipo de sequela nos indivíduos que 
necessitem de um acompanhamento. Nesta fase, a doença não evolui para o óbito e nem foi 
curada. 
 
 
 
 
Neste conhecimento da história natural da doença, existem as medidas de prevenção, 
são classificadas em três ações: primárias, secundárias e terciárias. Um detalhe importante é 
que a fase patológica ou pré-clínica não tem uma ação de prevenção, uma vez que não se sabe 
se os indivíduos estão “alojando” a doença. Salienta-se que, na fase pré-clínica, a doença não 
se manifesta clinicamente, por isso, não há como fazer ações de prevenção. 
A fase primária diz respeito à fase inicial da história natural da doença. Nesta fase, o 
objetivo é prevenir doenças ou manter a saúde. A utilização de máscaras ou a higienização 
das mãos, por exemplo, evitam a propagação de doenças transmitidas por vírus como o Sars 
Cov2. A fase secundária diz respeito à fase clínica, na qual necessita de intervenção do 
profissional de saúde. Esta ação é utilizada após a instalação da doença, visam curar ou 
impedir a progressão para o óbito ou evitar o surgimento de sequelas como de qualquer 
doença que necessita de algum tipo de intervenção e ou medicamento. 
A fase terciária refere-se à incapacidade residual, nesta fase, procura-se minimizar os 
danos já ocorridos com a doença, por exemplo um câncer benigno de mama. Neste caso, é 
feita a cirurgia para retirada do nódulo. 
 
 
 
 
INICIAL 
PATOLÓGICA 
/PRÉ CLÍNICA CLÍNICA 
INCAPACIDADE 
RESIDUAL 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
27 
 
Unidade 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4. PRINCÍPIOS DA CAUSALIDADE E INDICADORES DE SAÚDE 
Outra ferramenta importante para auxílio e informações das doenças se chama 
causalidade, cujo objetivo é orientar na prevenção e controle de doenças, promoção de saúde, 
identificando as causas e as formas de evitá-las. Esta ferramenta é muito importante para o 
diagnóstico e tratamento. A motivação para entender os efeitos da causa ou causalidade é a 
necessidade de conhecer a causa e a motivação dos pesquisadores para isso acontecer. 
Na ferramenta causalidade, há dois princípios que são a causa suficiente e a causa 
necessária. Apesar de gerar alguma confusão, é de fácil entendimento, a causa necessária, por 
exemplo, o próprio nome diz que existe a necessidade de algo para que ocorra a causa de 
alguma coisa. Nesse caso, a doença (já que estamos falando de epidemiologia). Em termos 
técnicos, dizemos que a causa necessária existe quando a doença só se desenvolve na 
presença de um agente causador. Como já visto anteriormente, existem diversos tipos de 
agentes como biológico, químico, etc. Já, na causa suficiente, é um conjunto de ações ou 
eventos mínimos que produzem ou dão início a uma doença. Nesta causa, ela é composta por 
diversos componentes e, dificilmente, conhecem-se todos os componentes. Uma causa 
suficiente contém causas necessárias como um dos seus componentes, ficou confuso? Ver 
Figura 4. 
 
 
Prevenção 
Primária 
Prevenção 
Secundária 
Prevenção 
Terciária 
Promoção de 
Saúde 
Diagnóstico e 
Tratamento Precoce Reabilitação 
Proteção 
Específica 
Limitação da 
Invalidez 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
28 
 
Unidade 2 
 
Figura 4: Causa da Tuberculose 
 
 
No caso, a causa necessária para se adquirir a tuberculose é o agente biológico Bacilo 
de Koch. Se este bacilo não existisse, os indivíduos não teriam tuberculose. No entanto, 
existem causassuficientes que fazem o micro-organismo se instalar e prejudique ainda mais 
o indivíduo. Algumas dessas causas são o fator nutricional e as condições adversas de trabalho, 
como as dos profissionais de saúde sem a proteção necessária assim como a aglomeração 
dentre outras. 
Ressalta-se que até aqui, abordamos apenas a causalidade de doenças transmissíveis. 
Ao se falar de doenças crônicas, como podemos tratar da causalidade nestes casos? Quando 
falamos de doenças crônicas, além de serem degenerativas são mais complexas. Uma doença 
como o infarto agudo do miocárdio, pode ter diferentes causas suficientes como uma 
combinação de diabetes + hipertensão arterial sistólica + tabagismo + sedentarismo + 
obesidade, não necessariamente, todos eles em conjunto, mas, pelo menos, dois fatores 
destes. Pode ser também o mesmo fator causal para diferentes doenças a exemplo da 
obesidade a qual pode gerar uma diabete, hipertensão, artrose, dentre outras. 
Sendo assim, são múltiplos fatores que merecem ser estudados para compreensão das 
doenças. Dessa forma, a investigação epidemiológica parte de uma doença ou a busca das 
suas causas, porém, é possível investigar uma causa potencial como os efeitos da poluição no 
organismo. Uma vez identificados todos os componentes, podem ser tomadas medidas 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
29 
 
Unidade 2 
 
preventivas como a remoção do efeito causador prevenido os indivíduos do agravo ou da 
doença. 
Podemos entender também a cadeia causal das doenças em que existe uma sequência 
de acontecimentos que conduz a um efeito final que pode ser a cura, o óbito ou a sequela da 
doença. Normalmente, a cadeia causal existe por doenças multifatoriais, necessitando a 
prevenção para mais de um fator, existindo também sinais e sintomas que confundem o seu 
diagnóstico e podem ser conectadas, ou seja, um fator leva ao outro. 
Para os fatores, na causalidade, há o fator predisponente que diz respeito à idade, 
gênero ou traço genético dos indivíduos. O fator incapacitante que se trata da dieta 
insuficiente, pobreza ou condições sociais dos indivíduos; o fator capacitante que são os 
determinantes sociais e econômicos populacionais; o fator precipitante que nada mais é a 
exposição a um agente específico causador de algum dano e fator reforçador que seria a 
exposição repetida a um agente e que, pode ser uma exposição laboral ou ambiental. 
Os indicadores de saúde são uma ferramenta indispensável e importante para 
determinarmos o estado de saúde das pessoas em uma comunidade, utilizando variáveis que 
podem ser medidas diretamente, que são os indicadores de saúde. Estes indicadores 
permitem comparar populações e refletem o panorama da saúde populacional. Um dos 
indicadores que refletem de forma significantes a estes parâmetros e utilizado pela 
Organização Mundial de Saúde e é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que dá três 
dimensões de como anda a saúde populacional que são: 
Vida longa e saudável: este parâmetro afere a longevidade populacional, ou seja, se 
este grupo populacional tem a promoção e desenvolvimento humano, oportunidade para as 
pessoas evitarem as mortes prematuras, garantia de um ambiente saudável e acesso a saúde 
de qualidade. 
Acesso ao conhecimento: este parâmetro afere a educação populacional, verifica se 
este grupo populacional tem acesso ao conhecimento. 
Padrão de vida: este parâmetro afere a renda populacional sendo essencial para as 
necessidades básicas como água, comida e moradia. 
O IDH é medido em uma escala que vai de < 0,48 a > 0,88 sendo este último, o melhor 
lugar para se viver seguindo os parâmetros de longevidade, conhecimento e renda. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
30 
 
Unidade 2 
 
Quadro 1: Países com maiores e piores IDHs 
Posição País IDH 2019 
IDH ajustado por 
Pressões Planetárias 
1 Noruega 0.957 0.781 
2 Irlanda 0.955 0.833 
2 Suíça 0.955 0.825 
4 Hong Kong (China) 0.949 - 
4 Islândia 0.949 0.768 
6 Alemanha 0.947 0.814 
84 Brasil 0.765 0.710 
185 Burundi 0.433 0.431 
185 Sudão do Sul 0.433 0.430 
187 Chade 0.398 0.396 
188 
República Centro-
Africana 
0.397 0.393 
189 Níger 0.394 0.390 
Fonte: El País 
Salienta-se que não existe somente este indicador de saúde, somente a OMS possui 
mais de 50 indicadores que refletem sobre a condição de vida populacional. No Brasil também 
não é uma exceção seguir alguns padrões de indicadores de saúde, os mais conhecidos são: 
mortalidade/sobrevivência, morbidade/gravidade/incapacidade funcional, 
nutrição/crescimento e desenvolvimento, aspectos demográficos, condições 
socioeconômicas, saúde ambiental, serviços de saúde dentre outros. 
A Morbidade/Gravidade/Incapacidade: é um termo genérico utilizado para designar o 
conjunto de casos de uma afecção ou a soma dos agravos à saúde ao qual atinge um grupo de 
indivíduos, mais abrangente é a mensuração da frequência populacional e sensível para 
expressar mudanças a curto prazo e pouco letais. Os índices de morbidade têm influência nos 
índices de mortalidade sendo afetado através da mudança do padrão de morbidade e 
letalidade. Isto acontece devido à redução da incidência (prevenção) e à redução da letalidade 
(melhorias nos tratamentos). 
As medidas de morbidade variam em função do aspecto, o qual é levado em 
consideração na aferição dos índices de morbidade. Desse modo há dois tipos de aferição, a 
morbidade referida, influenciada por aspectos sociais, culturais e percebida pelo relato dos 
indivíduos (entrevista) como sintomas, incapacidades físicas, uso dos serviços de saúde, 
automedicação, dentre outros. A morbidade observada influenciada por critérios de 
anormalidade empregados, é percebida por um examinador independente (um examinador 
técnico, profissional da saúde com nível superior), utilizando métodos apropriados de 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
31 
 
Unidade 2 
 
avaliação desta morbidade, como os sinais e sintomas, alterações de exames laboratoriais, 
diagnóstico clínico, dentre outros. 
Os índices de mortalidade/sobrevivência dizem respeito ao número de óbitos em 
relação aos habitantes. Para este índice, utilizamos os coeficientes de mortalidade geral, 
mortalidade materna, mortalidade infantil, mortalidade específica, dentre mais inúmeros 
coeficientes para determinar o limiar de mortalidade populacional. 
Mortalidade geral: este coeficiente representa o risco de óbito geral de uma 
comunidade, seus principais usos dizem respeito às condições de saúde populacional, a uma 
investigação epidemiológica, à avaliação de ações, representa a probabilidade de morte em 
uma dada população, região ou ano e é representada para cada 1000 habitantes. Taxas 
elevadas podem ser associadas a baixas condições socioeconômicas ou um número elevado 
de idosos em uma comunidade. O coeficiente de mortalidade geral é representado desta 
forma: 
CMG*= N°de óbitos /período X constante (nesse caso 1000 habitantes) 
População total/período 
*CMG = Coeficiente de mortalidade geral. 
Em regra, o coeficiente de mortalidade geral é o cálculo do número de óbitos durante 
um período dividido pela população total da comunidade no mesmo período de tempo, vezes 
a constante que é determinada para cada 1000 habitantes (no caso de coeficiente de 
mortalidade). 
Exemplo: em dado de 10 mortes em janeiro de 2019 em uma população de 10.000 
habitantes, qual seria o coeficiente de mortalidade geral desta comunidade? 
CMG = 10/janeiro (2019) X 1000 
 10.000 /janeiro de 2019 
CMG = 0,001/janeiro (2019) para cada 1000 habitantes 
Mortalidade infantil: este coeficiente representa o nível de saúde populacional de 
uma comunidade. Ela afere o número de óbitos durante o primeiro ano de vida, dividido pelo 
número de nascidos vivos do mesmo ano. O resultado deste coeficiente dá parâmetro 
conforme os índices estipulados pela OMS, são classificadas em: 
• Altas: 50 óbitos para cada 1000 habitantes ou maisBIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
32 
 
Unidade 2 
 
• Média: 20 a 49 óbitos para cada 1000 habitantes 
• Baixa: menos de 20 óbitos para cada 1000 habitantes 
Altas taxas de mortalidade infantil refletem, de maneira geral, baixos níveis de saúde 
e de desenvolvimento socioeconômico, já as taxas reduzidas também podem encobrir para 
más condições de vida em segmentos sociais específicos. 
CMI= N° de óbitos no primeiro ano de vida /período X 1000 
 N° nascidos vivos / período 
Coeficiente de mortalidade materna: diz respeito à morte de uma mulher durante a 
gestação ou até 42 dias após o término gestacional, isto, devido a qualquer causa relacionada 
com a gravidez ou agravada por ela, porém não a causas acidentais ou incidentais. 
CMM = n° de óbitos durante a gestação ou 42 dias após/ período x 1000 
 N° de gestante / período 
Coeficiente de mortalidade específica: diz respeito ao número de óbitos de algo 
específico como acidente de trânsito, acidentes por queimaduras dentre outros. Este 
coeficiente é importante para determinar ações de promoção de saúde. 
CME = n° de óbitos específico / período X 1000 
N° habitante total comunidade/período 
Outros dois coeficientes muito importantes são os de natalidade e fecundidade. O 
primeiro se refere ao coeficiente de nascidos, é importante para determinar o tamanho da 
população. Há alguns anos, tem ocorrido um decréscimo desses índices, o que reflete um 
panorama no qual as mulheres estão mais ativas em relação ao trabalho, deixando de ser 
mães. 
CN = nascidos vivos em determinada área/ período x constante 
 População da mesma área / período 
Coeficiente de fecundidade: diz respeito ao número médio de filhos que uma mulher 
teria ao final de sua idade reprodutiva. 
CF = nascidos vivos em uma determinada área/período x constante 
 Mulheres de 15 a 49 anos na mesma área/ período 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
33 
 
Unidade 2 
 
Outros índices muito importantes nos coeficientes de mortalidade e morbidade são as 
taxas de incidência e prevalência. Esta taxa reflete quantas pessoas (entre sadios) tornam-se 
pessoas doentes em um determinado período e quantas pessoas (entre doentes) apresentam 
uma dada complicação ou morrem. 
Taxa de incidência = n° de “casos novos” em um determinado período x constante 
 N° de pessoas expostas ao risco, no mesmo período 
Já a taxa de prevalência diz respeito ao número de casos existentes encontrados em 
uma população definida em um determinado ponto de tempo. 
Taxa de prevalência: n° de “casos existentes” x constante 
 N° de pessoas na população 
 
Fonte: Pereira (2005). 
 
Fonte: Pereira (2005). 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
34 
 
Unidade 2 
 
Segundo Pereira (2005), os critérios para seleção de indicadores são: 
• Validade: afere ou representa o fenômeno considerado. 
• Reprodutilidade: obtém resultados semelhantes quando a medida é repetida. 
• Representatividade: maior cobertura populacional. 
• Questão ética: não acarreta malefícios ou prejuízos a pessoa investigada e preserva 
a confidencialidade dos dados. 
• Oportunidade, simplicidade, facilidade e obtenção a custo compatível. 
2.5. EPIDEMIA, ENDEMIA, PANDEMIA E SURTO 
Nos últimos anos, muito se ouviu essas palavras, porém precisamos saber qual o 
significado real delas. Para isso, é preciso entender que a epidemiologia é a distribuição de 
doenças no espaço e tempo e, para estabelecer, se o que está ocorrendo é um surto, como 
uma endemia, epidemia ou uma pandemia, necessita-se responder 3 perguntas básicas: 
quem? Quando? Onde? 
• Quem: características pessoais como gênero, Idade, etnia, condição socioeconômica, 
hábitos alimentares e hábitos culturais. 
• Quando: avalia as tendências e os períodos de maior ocorrência das doenças, a 
velocidade da ocorrência e a evolução temporal. Pode-se predizer sua ocorrência 
futura. 
• Onde: analisa a possibilidade de haver padrões espaciais na distribuição de doenças 
e as áreas específicas para manifestação das doenças. 
Respondendo estas 3 perguntas pode-se ter um melhor conhecimento do processo 
saúde-doença, definição de grupos mais vulneráveis, determinar as áreas de risco para 
intervenção em saúde, avaliar o impacto das intervenções de saúde e planejamento: onde e 
como empregar recursos públicos. Um determinante importante para a distribuição das 
doenças no espaço é determinar as tendências no espaço como a distribuição geográfica e as 
suas características naturais, além das características e os processos sociais dos indivíduos 
desta comunidade. Desta maneira, “o principal objetivo do estudo das variações geográficas 
das doenças é a formulação de hipóteses etiológicas através da análise conjunta das variações 
nos fatores ambientais.” (MEDRONHO, 2009). 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
35 
 
Unidade 2 
 
Tendo a relação geográfica estabelecida e determinada, podemos perfazer uma 
análise espacial em saúde, ou seja, um estudo quantitativo da distribuição das doenças ou 
serviços de saúde, de Lmodo que o objeto de estudo está referenciado geograficamente. Esta 
análise é utilizada para identificar padrões espaciais de morbidade ou mortalidade e seus 
fatores associados como descrever os processos de difusão das doenças; gerar conhecimento 
sobre etiologia de doenças e visualizar o padrão de distribuição de eventos em um mapa. 
Figura 5: Situação Epidemiológica Zika, 2016 
 
Fonte: Sinan-NET (10/03/2016) 
Quais são os métodos para análise espacial? 
• Visualização: onde o mapeamento de eventos de saúde é a ferramenta primária. 
• Análise Exploratória de Dados: utilizada para descrever padrões espaciais e relações 
entre mapas. 
• Modelagem: utilizada quando se pretende testar formalmente uma hipótese ou 
estimar relações. 
E pré-determinando todas essas variantes, é possível realizar estudo de transição 
epidemiológica como o estudo dos migrantes. Este estudo determinar se o risco de adoecer 
entre migrantes oriundos de uma região com alto (ou baixo) risco muda após a migração para 
uma região de baixo (ou alto) risco. Isto quer dizer em termos práticos que, normalmente, as 
pessoas transitam entre cidades ou estados e podem levar ou trazer algumas doenças 
provenientes destes locais que elas utilizam para trabalhar, estudar, etc. Já a distribuição de 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
36 
 
Unidade 2 
 
doenças no tempo, fornece informações para compreensão, previsão, busca etiológica, 
prevenção de doenças e avaliação do impacto de intervenções de saúde e obedece a padrões. 
Exemplo: aumento da ocorrência de dengue no verão. 
É preciso verificar tendências a longo prazo para avaliar se há uma elevação acima da 
frequência habitual da doença em um determinado período do tempo, o que poderia indicar 
a presença de uma epidemia. Existem quatro tipos principais de aspectos relacionados à 
evolução temporal das doenças: 
Tendência secular: análise das mudanças na frequência de uma doença por um longo 
período (geralmente décadas). 
Variações cíclicas: flutuações na incidência de uma doença ocorrida em um período 
maior que um ano. Grandes populações suscetíveis, a incidência de sarampo tende a 
aumentar a cada três anos. (Sucessivo nascimento de crianças suscetíveis). 
Variações sazonais: variação na incidência de uma doença, cujos ciclos coincidem com 
as estações do ano. Esta variação ocorre no período de um ano. Doenças infecciosas agudas 
são exemplos típicos, mas também podem ocorrer com doenças crônicas. (maior número de 
acidentes de trabalho durante época de colheita agrícola). Depende de fatores como 
radiações solares, temperatura, umidade do ar, precipitação, etc. Um conglomerado de 
pessoas no inverno pode favorecer o aparecimento de diversas doenças respiratórias como a 
gripe. Maior consumo de água no verão pode favorecer a transmissão feco-oral (diarreias 
infecciosas). 
Variações irregulares:alterações inusitadas na incidência das doenças, diferente do 
que seria esperado. Incidência esperada baseada em dados históricos: Endemia. Não 
esperado: epidemia. 
Qual o significado destas palavras em seu contexto? 
Endemia: presença usual de uma doença, nos limites esperados, em uma determinada 
área geográfica, por um período ilimitado. É uma doença habitual, presente entre membros 
de um determinado grupo, em uma população definida como malária, doença de chagas, 
esquistossomose. 
Epidemia: elevação brusca, temporária e significativamente acima do esperado da 
incidência de uma determinada doença. Alteração nos fatores relacionados ao agente, 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
37 
 
Unidade 2 
 
hospedeiro e/ou ambiente. Ela não representa a ocorrência de muitos casos, a exemplo da 
Poliemielite, não ocorre no Rio de Janeiro desde 1989, logo um único caso autóctone já 
representaria uma epidemia. 
Caso autóctone: é o caso oriundo do mesmo local onde ocorreu. 
Caso alóctone: é o caso importado de outra localidade. 
A epidemia pode ser de dois fatores: 
Epidemia por fonte comum: pode ser veiculada por água, alimentos, ar, não havendo 
em geral, a transmissão de pessoa para pessoa, é de rápida progressão no número de casos, 
o pico de incidência em curto período e há indícios de contaminação por uma única fonte. 
Curto espaço de tempo – Fonte pontual, espaço de tempo mais longo – Fonte persistente. 
Epidemia progressiva ou propagada: normalmente, é lenta, geralmente de pessoa 
para pessoa e ocorre em comunidades suscetíveis e isoladas (aldeias indígenas) pode provocar 
epidemias explosivas. 
Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, 
atingindo várias nações. Uma série de epidemias localizadas em diferentes países que 
ocorrem ao mesmo tempo. Exemplo: Epidemia de AIDS no mundo, H1N1, Covid 19. 
Surto: quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma 
região específica. Para ser considerado surto, o aumento de casos deve ser maior do que o 
esperado pelas autoridades. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
38 
 
Unidade 4 
Unidade 3 
3. INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA 
Vimos que esta ciência foi determinante no período clássico principalmente para 
determinar quantidade de indivíduos em uma comunidade doente, ou para calcular óbitos, 
nascimentos. A estatística é um ramo da matemática para coleta de dados, é uma ciência que 
tem por objetivo, planejar, coletar, tabular, analisar e interpretar informações. Através dela 
podemos extrair conclusões que permitam a tomada de decisões acertadas mediante 
incerteza. No período moderno foi institucionalizado a bioestatística que é um ramo da 
estatística, porém, é aplicada nos campos relacionados à saúde, biologia, biotecnologia dentre 
outras. 
Para realizar uma pesquisa importante para a saúde, há dois princípios de coleta a 
população e a amostra. A população é quando há um total de pessoas que, como estamos 
falando de saúde, estão doentes, é a população geral doente e amostra é uma parte desta 
população que irá representar a população como um todo. Para calcular a amostra 
populacional, existem alguns critérios como os de exclusão, inclusão e cálculo do tamanho da 
amostra. 
• Critérios de inclusão: são os elementos que serão incluídos no estudo que são as 
principais características da população alvo do estudo. 
• Critérios de exclusão: são outras características que podem alterar o resultado do estudo 
como outras doenças daquelas estudadas, paciente mais graves, dentre outras 
características. 
• Cálculo do tamanho da amostra: este cálculo é muito importante para que não se tenha 
um viés de seleção dos indivíduos e para que o estudo seja elegível e tenham critérios de 
validade. O tamanho da amostra depende da frequência da doença estudada, tamanho 
da população, desenho do estudo. Este cálculo da amostra é representado pela seguinte 
equação: 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
39 
 
Unidade 4 
 
N= Z² x P x Q 
 E² 
Sendo: 
N: o número de indivíduos selecionados 
Z: o nível de confiança de 95% = 1,98* 
P: Prevalência estimada 
Q: I – P (incidência menos a prevalência) 
E: Precisão desejada 
* O nível de confiança sempre dever ser de 95%, sendo os outros 5% considerados os erros que podem ocorrer 
nos estudos. 
Para análise estatística existem alguns parâmetros, ou seja, uma medida numérica que 
descreve algumas características da população. Através deles, podemos coletar por meio de 
dois objetos, os dados secundários e os dados primários. Os dados primários são os dados 
coletados pelo próprio pesquisador e pela sua equipe, são os dados conseguidos por 
entrevistas ou medidas diretas. Os dados secundários são os coletados, obtidos de fontes 
oficiais como artigos e periódicos, institutos de pesquisa como o DataSus, o IBGE, OMS dentre 
outros oficiais. Com a tecnologia, hoje, as pesquisas e, consequentemente, as análises são 
feitas em softwares como o GraphPad Prism, Bioestat, Sigmata, dentre inúmeros que existem. 
A escolha dos softwares depende do conhecimento do pesquisador a respeito destes 
programas. 
Mas devemos entender de estatística básica, principalmente, para entendermos como 
os softwares funcionam. Sendo assim, 3 cálculos são fundamentais para análise estatística, a 
moda, média e mediana. 
 
 
 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
40 
 
Unidade 4 
3.1. MODA, MEDIANA E MÉDIA 
3.1.1. Moda 
A moda é o conjunto de dados com os elementos repetidos, é o valor que ocorre com 
maior frequência ou o valor mais comum em um conjunto de dados. 
Tabela 1: Período de incubação de gripe em 11 crianças 
Crianças 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 
Dias 19 16 37 15 16 32 15 16 20 16 15 
Fonte: elaboração própria 
 O que mais se repete, denomina-se – moda. Neste caso, temos o número 16. 
A moda é: 16. 
Observação: quando dois valores ocorrem com a mesma frequência, é chamado de 
BIMODAL. Se mais de dois valores ocorrem com a mesma frequência máxima, é chamado de 
MULTIMODAL. Quando nenhum valor é repetido o conjunto não tem moda. 
3.1.2. Mediana 
Mediana é o valor que separa a metade maior e a metade menor de uma amostra, 
uma população ou uma distribuição de probabilidade. Para calcular a mediana, primeiro 
precisamos ordenar os dados em ordem crescente. 
Tabela 2: O mesmo número de crianças em um período de incubação de 11 dias. 
Crianças 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 
Dias 19 16 37 15 16 32 15 16 20 16 15 
Fonte: elaboração própria 
Ordenar em ordem crescente: 15,15,15,16,16,16,16,19,20,32,37. O valor que se 
encontra no meio é uma mediana, no caso, o 16 é o número do meio. Se o valor for par, são 
12 crianças: 15,15,15,16,16,16,16,19,20,32,37,39. Pode se observar que não existe um valor 
central. Logo, para calcular a mediana somam-se os dois valores centrais (16 e 16) e divide o 
resultado por 2. 
16 + 16= 32 / 2 = 16 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
41 
 
Unidade 4 
Não é afetada por valores extremos e é indicada quando existem valores discrepantes. 
Numa distribuição assimétrica ela é muito mais representativa do que a média. 
3.1.3. Média 
A média é a soma dos valores divididos pela quantidade calculada. 
Tabela 3: Soma de valores 
Crianças 1 2 3 4 5 6 
Dias 19 16 37 15 32 20 
Fonte: elaboração 
Pegamos os valores e somamos: 19 + 16 + 37 + 15 + 32 + 20 = 139 
139/6 = 23,16 
23,16 é a média 
Adequado quando a distribuição dos dados obedece à distribuição normal. À medida 
que o tamanho da amostra aumenta, há maior chance de aparecer um valor extremo e 
deslocar a média. Não se aplica a dados nominais. 
3.2. DESVIO PADRÃO, VARIÂNCIA E CURVA DE DISTRIBUIÇÃO 
3.2.1. Desvio Padrão 
Um outro processo muito importante na estatística é o que chamamos de desvio 
padrão que indica os limites prováveis dentro dos quais se situam certas proporções de 
observações no caso se a dispersão é biológica (clínica) use o desvio padrão, se a dispersão é 
técnica, mostre a médiae o erro padrão. Em termos gerais e mais simplificado o desvio padrão 
é uma medida de dispersão, ou seja, é uma medida que indica o quanto o conjunto de dados 
é uniforme. Quando o desvio é baixo quer dizer que os dados do conjunto estão mais próximos 
da média, um dado muito importante é que quanto mais próximo de 0 o desvio padrão, mais 
homogêneo são os dados. A fórmula do desvio-padrão pode aparentar ser um pouco 
complexa, mas se desmembrarmos ela, ficará mais fácil de entender. Assim, siga os passos 
que vamos te mostrar e calcule corretamente o desvio padrão de uma amostra de dados 
numéricos. 
• Primeiro passo: calcule a média aritmética do conjunto de dados numéricos. 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 4 
• Segundo passo: calcule o quadrado da diferença entre cada valor e a média calculada 
no primeiro passo. 
• Terceiro passo: some os valores obtidos no segundo passo da Etapa 2. 
• Quarto passo: dívida pela quantidade de dados do conjunto numérico. 
• Quinto passo: calcule a raiz quadrada do valor obtido no passo anterior. 
Vamos a fórmula do desvio padrão: 
 
Sendo: 
DP = o desvio padrão 
Xi = valor qualquer no conjunto de dados na posição i 
MA = Média aritmética do conjunto dos dados 
n = quantidade total dos dados do conjunto 
Vamos a um exemplo para facilitar nossa compreensão: 
Em uma avaliação de adultos de um bairro temos as seguintes alturas na anamnese desses 
indivíduos: 1,80; 1,95; 1,98; 1,88; 2,04. Qual a altura média destes indivíduos? Qual o desvio 
padrão de altura deles? 
M (média) = (1,80 + 1,95 + 1,98 + 1,88 + 2,04) = 1,93 
 5 
Na sequência se calcula o desvio padrão: 
 
DP = √ 
 (1,80 – 1,93)² + (1,95 – 1,93)² + (1,98 – 1,93)² + (1,88 – 1,93)² + (2,04 – 1,93)² = 
 5 
DP= 0, 082946 (lembre-se se estiver próximo a 0 mais homogêneo são os dados). 
 
 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
43 
 
Unidade 4 
3.2.2. Variância 
O cálculo da variância igual ao desvio também é uma medida de dispersão que indica 
a regularidade de um conjunto de dados em torno da média. Ela é semelhante ao próprio 
desvio padrão, uma vez que um deriva do outro. A variância é calculada como o quadrado do 
desvio padrão, que resulta basicamente na exclusão da raiz quadrada da fórmula do desvio 
padrão, assim a variância é dada por: 
 
Vimos o que é variância e desvio padrão, mas quando utilizamos o desvio padrão em 
uma amostra ou uma população? Amostra é uma parte da população e população é um todo. 
Normalmente, estamos interessados em saber o desvio padrão de uma população, ou seja, 
de uma quantidade muito grande de dados. Isso porque, a população é o nosso objeto de 
interesse. Portanto, normalmente, calcular-se-ia desvio da população se: 
Tiver toda a população ou uma amostra de uma população maior, mas só se interessa 
nesta amostra e não se deseja generalizar descobertas para a população. No entanto, em 
estatística, geralmente, utiliza-se com uma amostra da qual desejamos estimar (generalizar 
para) uma população e o desvio padrão não é uma exceção para isso. Portanto, se tudo o que 
se tem é uma amostra, mas deseja uma declaração sobre o desvio da população a partir da 
amostra, usa-se o desvio padrão da amostra. 
Por exemplo, para calcular a média de altura das crianças de um colégio de 1000 alunos 
(população) não precisa medir a altura de todos. Pega-se uma amostra da população, ou seja, 
100 alunos e a partir disso estima a altura média. Porém, um problema pode acontecer, logo 
é preciso atentar, caso essa amostra seja de alunos muito baixos ou muito altos, o que não 
seria uma boa representação da sua população. A sacada aqui é estimar um tamanho de 
amostra que represente de fato a sua população. 
 
 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 4 
3.2.3. Curva de Distribuição 
Outra medida muito importante na estatística é a distribuição Gaussiana ou conhecida 
também como distribuição normal, esta distribuição se correlaciona com a média e o desvio 
padrão, em termos práticos e mais simples distribuição gaussiana é uma curva simétrica em 
torno do seu ponto médio, apresentando assim seu famoso formato de sino. 
Como interpretar uma curva gaussiana? 
Conseguimos desenhar uma curva de distribuição normal tendo apenas dois 
parâmetros: média e desvio padrão. Considerando a probabilidade de ocorrência de um 
fenômeno, a área sob a curva representa 100%. Isso quer dizer que a probabilidade de uma 
observação assumir um valor entre dois pontos quaisquer, é igual à área compreendida entre 
esses dois pontos. 
 
O ponto mais alto na curva, representa o valor com a maior moda do processo, ou seja, 
o valor que mais aparece na base de dados. Esse é representado na curva pelo corte central 
deste diagrama. Os outros cortes verticais, representam o desvio padrão em relação à média, 
ou seja, temos uma faixa de valores que significa a soma ou subtração de um desvio padrão 
em relação à média. Outro detalhe importante e conhecido da curva de distribuição normal é 
que cada faixa de valores representa uma certa probabilidade de ocorrência. 
Neste exemplo, na primeira faixa, de menos 1 desvio padrão até 1 desvio padrão, está 
compreendido 68, 26% da base de dados. Se ampliarmos um pouco mais e pegar a faixa que 
vai de mais até menos 2 sigma, já teremos 95,44% de possibilidade de ocorrência. Por fim, se 
pegarmos a faixa mais ampla dessa distribuição, ou seja, mais ou menos 3 sigmas. Essa faixa 
já representa 99, 74% dos dados. Essa região é chamada de faixa natural de variação do 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
45 
 
Unidade 4 
processo. A estatística entende que um processo possui uma certa variabilidade, ou seja, 
trabalha dentro de uma faixa de valores, com determinada variação. 
Se esse processo é um processo estável, significa que a sua variação vai acontecer 
nesta faixa de valores. Caso tenha algum problema ou perturbação maior no processo, pode 
ser que ele produza um resultado que não é o esperado, ou que não era provável, um 
resultado muito acima ou muito abaixo do normal. Esse resultado seria um ponto fora dessa 
faixa de variação natural do processo, ou seja, o famoso ponto fora da curva. Um ponto cuja 
probabilidade é tão baixa de acontecer que o denominamos de outlier. 
Com esse conceito de distribuição normal contextualizado para um processo, é 
possível comparar e entender, que quando se tem uma base de dados representada pela 
curva de Gauss compreendida entre uma faixa de mais ou menos 3 sigma, esse processo é 
considerado estável. 
Para melhor explicar como montar uma curva de distribuição normal, imagine que, em 
uma sala de aula, o professor anotou a idade de cada um de seus quarenta alunos presentes. 
Após coletar os dados, ele percebeu que a distribuição da idade dos alunos possuía o formato 
de uma distribuição normal com média e desvio padrão respectivamente de, μ= 23 e σ= 2. O 
objetivo é projetar a curva de distribuição normal correspondente aos valores de média e 
desvio padrão da idade dos alunos. Além de determinar qual é o percentual de alunos com 
idade entre 21 e 25 anos. E qual o percentual de alunos com idade entre 19 e 27 anos. 
De antemão, já sabemos que o valor de média igual a 23 anos, estará no centro da 
nossa distribuição. Que ao mesmo tempo é o ponto de valor mais alto da curva. Como a 
distribuição normalmente começa próximo do menos 3 sigma e termina próximo do mais 3 
sigma, sabemos que a curva irá começar próximo ao valor de 23-3*2, ou seja 17 anos, e vai 
ter o decaimento próximo de 23+3*2, ou seja, 29 anos. 
 
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
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Unidade 4 
Os alunos com idade entre 21 e 25 anos representam exatamente ± 1σ, ou seja, 68,26% 
dos alunos. Já os alunos que possuem idade entre 19 e 27 anos, representam a variação de ± 
2σ, representando assim 95,44% do total de alunos. Isso representa aproximadamente 38 
alunos. 
3.3. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS DADOS E TIPOS DE ESTUDOS

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