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Bioinformação e Tecnologias Digitais Para Educação Física - Unidade 3 - Introdução a Epidemiologia

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Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
1 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física 
Unidade 3: Epidemiologia 
Epidemiologia 
substantivo feminino 
1. medicina 
ramo da medicina que estuda os diferentes fatores que intervêm na difusão e 
propagação de doenças, sua frequência, seu modo de distribuição, sua evolução e a 
colocação dos meios necessários à sua prevenção. 
Origem 
⊙ ETIM rad. epidemio- (formado de epidemia) + -logia 
 
Como toda história existe um começo, com a epidemiologia também não seria 
diferente. Imagina-se que ela tenha surgido na Grécia Antiga com Hipócrates, grande 
pensador que naquela época estudava epidemias e doenças de uma maneira 
diferente, observando a distribuição delas. Essa ação marcava o início do raciocínio 
epidemiológico. 
A partir da apropriação cultural realizada pelo Império Romano, os primeiros 
médicos surgem como escravos gregos, que se inspiraram em Galeno, e receitavam 
medicamentos para os doentes. Galeno foi médico particular do Imperador Marco 
Aurélio e o primeiro a demonstrar que as artérias possuíam sangue. A história nos 
mostra que o Império Romano deixou um legado para a epidemiologia, 
principalmente pelo registro compulsório de nascimentos e óbitos e pela realização 
de censos periódicos. 
Durante toda a Idade Média predominaram-se as práticas de saúde baseadas em 
questões mágicas, principalmente em função da força da Igreja Católica na época. 
Contudo, o tratado clínico desse período revela que um médico Persa, chamado 
Avicena, foi o responsável por reintroduzir as teorias de Hipócrates e Galeno dentro 
da medicina ocidental. 
Neste texto, reflita sobre o juramento de Hipócrates e o quanto ele se relaciona com a 
Educação Física. 
“Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por 
testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e 
minha razão, a promessa que se segue: 
Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida 
comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
2 
próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-
la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, 
das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os 
discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. 
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, 
nunca para causar danos ou mal a alguém. 
A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que 
induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância 
abortiva. 
Conservarei imaculada minha vida e minha arte. 
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa 
operação aos práticos que disso cuidam. 
Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o 
dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as 
mulheres ou com os homens livres ou escravizados. 
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da 
sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei 
inteiramente secreto. 
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente 
da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele 
me afastar ou infringir, o contrário aconteça. 
(CREMESP, [s.d.], [s.p.])” 
A epidemiologia baseia-se em três eixos principais em sua formação histórica: o saber 
clínico, a estatística e a medicina social. 
- O saber clínico tem como principal conceito a história natural das enfermidades. 
- A estatística, na epidemiologia, tem um fundo político, pois, a partir da implantação 
da lógica capitalista de produção, havia a necessidade de não apenas contar o povo e 
o exército, mas também ter a população disciplinada e saudável. Contudo, pensando 
em conceitos numéricos, a teoria das probabilidades passa a ser adaptada e 
aperfeiçoada nas análises de grandes números, tentando entender as questões de 
mortalidade e demais fenômenos em saúde. 
- Por fim, a medicina social surge em meio à tentativa de resolver os problemas de 
espaço nas cidades, fazendo com que o vento circulasse nas ruas, isolando áreas 
miasmáticas. 
Mesmo com a evolução da medicina social no final do século XIX, a medicina passou 
a ter um enfoque individualizado e voltado para a pesquisa básica, relacionada, 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
3 
principalmente, com doenças infecciosas. Esse modelo é elaborado por Abraham 
Flexner, o qual reforçou a distinção entre o individual e o coletivo, passando para uma 
dicotomia de saudável ou não saudável. 
No início do século XX, surgiu a Escola de Higiene e Saúde Pública de John Hopkins, 
nos Estados Unidos, financiada pela Fundação Rockefeller, para dar sustentação ao 
modelo de escolas de saúde pública. Nesse contexto, o Professor Wade Prost se torna 
o primeiro a lecionar a disciplina de Epidemiologia no mundo, fazendo-se valer de 
técnicas da estatística para que pudesse observar o comportamento das doenças 
transmissíveis e avaliar os possíveis determinantes sociais. 
 
Ainda no início do século passado, o Professor Major Greenwood se tornou o 
responsável por introduzir o pensamento estatístico na pesquisa epidemiológica, o 
que contribuiu para o surgimento da epidemiologia experimental. Esse fato só foi 
possível graças à junção de duas universidades em Londres, além de Greenwood ter 
sido aluno do fundador da estatística moderna e do primeiro professor de 
Epidemiologia da Inglaterra. 
A crise econômica de 1929 provocou um retardo nas pesquisas das práticas médicas 
em razão dos custos e da exclusão dos mais pobres ao acesso à assistência à saúde, 
principalmente no momento em que a população como um todo precisava de acesso 
aos serviços. Esse fato fez com a epidemiologia, que estava ganhando maior 
visibilidade e interesse em ser estudada, assumisse cada vez mais o caráter social, por 
auxiliar no entendimento das doenças sob o contexto social que elas estavam 
inseridas. 
Nesse contexto, a epidemiologia buscou privilegiar o conceito coletivo, entendendo 
que a sociedade não é apenas um conjunto de pessoas, e enxergar as pessoas além das 
doenças e epidemias. 
Entender como ocorre a história natural das doenças foi um dos pilares para que a 
medicina preventiva surgisse, pois durante muito tempo houve a discussão sobre 
qual seria a ideologia dominante da medicina – paradigma que foi proposto por Jonh 
Ryle. Deste modo, durante a construção teórico-metodológica da epidemiologia, em 
sua fase embrionária, não havia dúvidas quanto ao escopo científico, contudo, 
posteriormente, gerações de pesquisadores deram ênfase às questões metodológicas 
em detrimento aos conceitos, causando um empobrecimento nos aspectos 
epistemológicos. 
Optar por métodos em função dos conceitos fez com que muitos países escolhessem 
uma das vertentes. Isso ocorreu nas décadas de 1930 e 1940, quando os Estados 
Unidos optaram por criar alguns conteúdos de prevenção no ensino médico, 
enquanto os países da Europa estavam realizando uma reforma muito mais profunda 
no sistema de saúde nos países. 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
4 
Ainda na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, foram criados estabelecimentos 
voltados para o bem-estar social, incorporando as questões sociais, fortalecendo o 
conceito de medicina social, que teve seu maior destaque quando passou a comunicar 
os artigos voltados para a epidemiologia em revistas cientificas especializadas, como 
American Journal Epidemiology, que foi criadaem 1964. 
Podemos notar que novos desenhos metodológicos foram criados, a fim de conseguir 
identificar o processo evolutivo de uma doença. Por exemplo, os estudos 
longitudinais de coorte, sendo que o primeiro a ser realizado foi o Estudo de 
Framingham, nos Estados Unidos. A partir disso, padrões para os indicadores foram 
estabelecidos, como a prevalência e a incidência, a fim de conseguir estratificar o 
risco, assim a bioestatística é introduzida como um fundamental instrumento. Além 
de ter técnicas da matemática inseridas para que seja encontrado o risco relativo de 
uma doença para determinadas pessoas, houve também a introdução da técnica de 
regressão logística para tentar entender possíveis associações entre algumas doenças 
e o comportamento delas. 
Como em toda sociedade, a epidemiologia também sentiu os efeitos da tecnologia. 
Nos anos de 1960, tivemos o início da utilização de computadores para auxiliar nesse 
processo, levando a uma matematização ainda maior. Tal fato se deu em virtude da 
utilização de bancos de dados e das novas técnicas estatísticas, ampliando ainda mais 
o campo de possíveis investigações epidemiológicas. Por meio dessas técnicas 
estatísticas, houve um avanço considerável no campo da investigação da 
epidemiologia sobre o processo da saúde, a doença e o cuidado. 
Nas décadas de 1970 e 1980, existiram três grandes tendências da epidemiologia, 
sendo elas: 
• Os aprofundamentos das bases matemáticas em epidemiologia. 
• A proposta da consolidação da epidemiologia clínica, que excluía a questão 
social em suas abordagens. 
• A epidemiologia como uma abordagem crítica à dicotomia doente/não doente 
na saúde pública, não levando em conta o contexto do indivíduo como um 
todo. 
Atualmente, a epidemiologia apresenta diversas tendências distintas. Além disso, 
novas abordagens facilitam o surgimento de novos estudos que levem à reflexão dos 
conceitos dessa ciência, possibilitando o melhor entendimento de grupos 
populacionais específicos. Isso leva à ampliação de novas perspectivas de pesquisa, 
como a farmacoepidemiologia, a epidemiologia dos serviços de saúde e a 
epidemiologia da atividade física. 
Estudos descritivos 
A pesquisa descritiva descreve como as doenças ou os problemas de saúde ocorrem 
na população com base em certas características, especialmente aquelas relacionadas 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
5 
às pessoas, ao lugar e ao tempo. As características humanas incluem fatores 
demográficos, como idade, sexo, raça, ocupação, estado civil, classe social e 
nascimento, e variáveis relacionadas ao estilo de vida, como dieta, bebida e certas 
drogas ilegais, hábitos de fumar e exercícios físicos. As características de localização 
referem-se à distribuição geográfica das doenças e às diferenças entre países, regiões, 
cidades ou entre áreas urbanas e rurais. 
A ocorrência de doenças na população depende da interação de uma série de fatores 
relacionados ao hospedeiro (o vetor no ambiente). Como o desempenho de cada fator 
muda ligeiramente, os resultados de vários fatores são diferentes, e a frequência da 
doença também muda. Quando todos os fatores (especialmente os relacionados) não 
estão operando com atividades anormais, a doença ocorre na forma de doença 
endêmica. O número de casos está dentro de um certo intervalo de chance, que é 
próximo à média, o que é uma característica do nível de epidemia da doença. Para 
facilitar a compreensão e visualização desse evento, embora essa distribuição de 
probabilidade seja aplicada à ocorrência da doença na comunidade, ainda é utilizada 
a distribuição normal ou distribuição gaussiana. Quando as variações no tempo são 
caracterizadas por irregularidades (ocorridas na população), devido à frequência de 
ocorrências em anos anteriores, em um determinado período, o número de casos é 
superior ao esperado, chamamos isso de epidemia. 
As variações chamadas como sazonais são determinadas quando se distribuem os 
casos observados de uma doença durante meses e anos e, na maioria das vezes, a 
distribuição não é uniforme, apresentando variações de acordo com as estações do 
ano e oscilações casuais maiores do que se poderia esperar. 
Em epidemiologia, a construção de indicadores é a base para que se verifique a saúde 
da população. Um desses indicadores é a morbidade, a qual é considerada a partir de 
diversos eventos em várias ocasiões na vida. Dentre as medidas utilizadas para 
refletir a morbidade estão a prevalência e a incidência. 
• A prevalência é definida como o número de casos de doenças existentes em 
uma população em um período específico dividido pelo número total dessa 
população no mesmo período. Ela pode ser pensada como uma fotografia 
instantânea da população. 
• A incidência é definida como o número de casos novos que ocorrem em um 
período determinado de tempo em uma população exposta ao risco de adoecer. 
Esse coeficiente é a proporção de casos novos de uma doença ou fator de risco 
para uma doença na população que esteve exposta ao risco de adoecer durante 
o período considerado. 
Importante salientar que incidência e prevalência são coeficientes diferentes, 
contudo ambos estão interligados ao ponto de que, quanto maior a incidência, maior 
a prevalência. A quantidade de pessoas que estiveram doentes durante o período de 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
6 
tempo do estudo é a prevalência, pois são contabilizadas as entradas (casos novos) e 
subtraída a soma das saídas (curas, mortes e perdas de acompanhamento). 
Os dois coeficientes medem aspectos diferentes de uma doença ou fator de risco, no 
entanto a incidência é indicada para doenças agudas e de curta duração, enquanto a 
prevalência é mais recomendada para doenças crônicas de longa duração, pois os 
pacientes tendem a sobreviver por muitos anos. 
Algumas doenças têm maior incidência nos meses quentes, como febre tifoide, 
infecções intestinais, malária e outras enfermidades transmitidas por vetores 
biológicos (mosquitos e bactérias), enquanto outras doenças se propagam pela via 
respiratória nos meses mais frios, como gripe e meningite. 
Ressalta-se que a relação com a temperatura não se limita às doenças infecciosas, 
visto que também pode ser lembrada em situações de doenças alérgicas (que 
dependem de mais alérgenos em um determinado ano), vítima de acidente de 
trânsito durante as férias no verão ou até queimadura em razão dos fogos durante as 
comemorações juninas. 
Ao se analisar por vários anos o coeficiente de mortalidade ou morbidade relacionado 
a determinadas doenças, pode-se observar que seu valor aumenta em intervalos mais 
ou menos regulares, de modo que é possível prever a recorrência dessa situação no 
final do ano, aproximadamente na mesma época – essas mudanças são chamadas de 
cíclicas. 
Uma explicação razoável para esse fenômeno envolve a concentração de grupos 
suscetíveis na população. Se a proporção de pessoas suscetíveis for alta, a introdução 
de patógenos na comunidade resultará em um aumento maciço do número de casos, 
levando ao processo de imunização dessas pessoas pela produção de anticorpos ou 
eventualmente ao falecimento decorrente da doença. Dessa forma, há uma tendência 
ao esgotamento dos indivíduos suscetíveis na medida em que a maioria dos 
indivíduos fica imune à doença, levando à diminuição de sua incidência. Com o 
tempo, novos indivíduos suscetíveis podem ser introduzidos à população por meio 
do nascimento, da migração ou da perda da resistência daqueles que desenvolveram 
a imunidade. 
Portanto, quando o número de indivíduos que passam da suscetibilidade à 
imunidade é menor que o número de novos indivíduos suscetíveis que surgem, sua 
presença na população tende a aumentar. Quando a proporção de indivíduos 
suscetíveis atinge um determinado valor crítico, surgirão condiçõespropícias à 
ocorrência de um grande número de casos, e um novo período de ascensão começará 
novamente. 
A falta de populações suscetíveis é causada pela própria doença, podendo ter 
alterações periódicas, ou pela vacinação. O estado imunológico da população é 
denominado "imunidade de rebanho ou coletiva", que varia de zero a 100%. 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
7 
Obviamente, imunidade coletiva extremamente baixa corresponde a um grande 
acúmulo de pessoas suscetíveis, o que pode levar a um maior número de casos. Por 
outro lado, alta imunidade coletiva faz com que se reduza o número de pessoas 
suscetíveis, dificultando ou impedindo a circulação do agente causador da doença, o 
qual ser um mosquito ou um vírus. 
A diminuição de pessoas suscetíveis e a imunidade do rebanho são fundamentais 
para a sobrevivência de toda a espécie humana. De fato, devido à redução das 
populações suscetíveis, mesmo no desenvolvimento das epidemias mais 
devastadoras do passado, estas foram naturalmente incluídas, mesmo em uma época 
em que não havia conhecimento sobre os seus determinantes. Exemplo disso é 
quando observamos casos em que uma criança contraía uma doença específica, e os 
pais isolavam todas as crianças para que elas contraíssem no mesmo período. As 
variações ou tendências são as formas que as características das doenças ocorrem de 
forma lenta e gradual, podendo levar longos períodos ou até séculos. 
O Vigitel faz parte do sistema de vigilância de fatores de risco do Ministério da Saúde 
para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), e é combinado com outras 
pesquisas (domiciliares e escolares, por exemplo). É realizado um inquérito telefônico 
por meio de números de telefone sorteados para participação do Vigitel, sendo 
questionados fatores de risco entre as doenças mais comuns no Brasil, dentre elas, a 
inatividade física. 
A epidemiologia consiste no estudo da distribuição dos determinantes da prevalência 
da doença em uma população. Com a aplicação das técnicas aprendidas na seção 
anterior, podemos traçar estratégias para controlar problemas de saúde. Essa forma 
didática de apresentar a epidemiologia possui duas partes diferentes: os estudos 
descritos e os estudos analíticos, os quais fazem parte de um tipo de estudo 
epidemiológico, que é o observacional. 
Quando falamos nos estudos descritivos, nos referimos ao estudo da distribuição de 
um evento em uma população, ou seja, determinar a distribuição das doenças e das 
possíveis condições de saúde, de acordo com tempo, local do evento ou características 
da população estudada. 
Os estudos descritivos observam a incidência ou prevalência de doenças ou condições 
relacionadas à saúde e quais mudanças podem ser observadas de acordo com certas 
características (sexo, idade, educação, renda, etc.), sendo que a partir dessa condição 
é possível identificar os grupos de alto risco e traçar a melhor estratégia de prevenção 
dessa doença, além de levantar novos questionamentos, ou seja, elaborar novas 
hipóteses para novas pesquisas. 
Os estudos analíticos como parte do método epidemiológico têm como principal 
função testar hipóteses de associação entre possíveis causas e efeito. Na medicina, na 
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8 
maioria das vezes, esses estudos estão relacionados com a tentativa de estabelecer a 
relação entre a exposição e um possível fator causal de uma doença. 
A partir dos estudos descritivos é possível formular uma hipótese, realizar os estudos 
analíticos e testar, por meio de técnicas, a hipótese de associação entre a possível 
causa e o efeito. Baseado nos estudos analíticos e nos testes de hipóteses é possível 
concluir sobre a relação causal e, em algumas vezes, perceber a necessidade de novos 
estudos descritivos e novas hipóteses a serem formuladas. 
Quando estudamos a epidemiologia, precisamos definir um delineamento do estudo. 
Seja qual for esse desenho, é preciso que já esteja definida a hipótese do estudo, que 
consiste na resposta provisória do estudo, pois, após as análises, essa hipótese inicial 
pode ser confirmada ou rejeitada. 
Para se confirmar ou rejeitar a hipótese, é necessário utilizar o teste de hipóteses 
(abordaremos na próxima unidade). Adota-se o termo hipótese nula para designar a 
hipótese inicial do estudo. Por exemplo, se um estudo tem como objetivo verificar a 
associação entre a inatividade física (fator de exposição) e a incidência da 
hipertensão, então a hipótese nula é: a incidência de hipertensão independe da 
presença da inatividade física. Se houver rejeição da hipótese nula, a hipótese 
alternativa deve ser adotada, o que consiste na hipótese considerada verdadeira. 
Para que as hipóteses se confirmem, é necessário que o desenho do estudo possibilite 
a observação sistemática dos fenômenos de interesse, além de utilizar métodos 
estatísticos, a fim de analisar e interpretar os dados. Os delineamentos podem ser 
divididos em experimentais, que possuem como principal característica o controle 
da exposição ao fator de interesse, por exemplo, avaliar o quão efetiva e segura é uma 
intervenção terapêutica (utilização de drogas combinadas) sobre o paciente. No 
delineamento quasi-experimentais, o controle por parte do investigador está no 
fator de risco, contudo a distribuição dos grupos de participantes não é aleatória. Um 
bom exemplo desse delineamento é a comparação de ocorrência de cárie dentária 
entre duas populações, sendo que em uma a água consumida com a utilização de 
flúor, e a outra, não. Já em desenhos observacionais, o investigador não controla a 
exposição e a divisão dos grupos de participantes, observando os resultados. 
Podemos classificar as investigações epidemiológicas analíticas da seguinte maneira: 
• Experimentais 
• Observacionais 
 2.1 Transversais 
 2.2 Longitudinais 
 2.1 Coorte 
 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
9 
Estudos experimentais 
Os estudos experimentais são também conhecidos como estudos de intervenção e se 
caracterizam em razão de o investigador determinar um grupo de expostos (a+b) e 
não expostos (c+d) a um certo fator. A partir disso, o ponto inicial é a variável 
independente e a distribuição dos participantes nos grupos de expostos e não 
expostos. Tal fato pode ser representado na tabela a seguir. 
 Doença Presente Doença Ausente Total 
Exposição Presente a b a+b 
Exposição Ausente c d c+d 
Total a+c b+d n 
Fonte: elaborada pelo autor. 
Quando se realiza a separação em dois grupos, o objetivo é que se possa realizar o 
experimento, a fim de compará-los para um determinado possível resultado, 
podendo ser representado no esquema a seguir. 
 
Fonte: elaborada pelo autor. 
• População de Referência: é o grupo de pessoas em que o resultado pode ser 
generalizado. 
• População de Estudo: é o grupo de pessoas retirado da população de referência 
(amostra). 
• Participantes: são os indivíduos que farão parte do estudo. 
• Não participantes: são os indivíduos que fazem parte da população de estudo, 
mas, por não atenderem aos critérios de inclusão, foram excluídos da pesquisa. 
• Grupo de Estudo: são os participantes que serão submetidos à exposição de um 
ou mais fatores. Corresponde ao grupo a+b da tabela. 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
10 
• Grupo de Controle: são os participantes que não serão submetidos à exposição 
dos fatores, representados na tabela como o grupo c+d. Sem o grupo de controle, 
o estudo seria meramente descritivo. 
• Resultado 1: são os resultados encontrados no grupo de estudo. 
• Resultado 2: são os resultados encontrados no grupo de controle. 
A separação em dois grupos nesse exemplo é para uma melhor visualização, pois pode 
havermais grupos a serem avaliados. No esquema apresentado, podemos analisar a 
eficácia de uma nova droga contra uma doença específica, por exemplo. É possível 
avaliar esse novo produto, que seria ministrado para o grupo de estudo, contra um 
tratamento padrão, ministrado ao grupo de controle, e comparar os resultados de 
cada um deles. Há também a possibilidade de o grupo de controle receber placebo. 
A epidemiologia possibilita estudar como se desenvolve uma doença ou um fator de 
risco em uma determinada população. Para isso, são utilizados diversos métodos para 
que o estudo seja o mais próximo da realidade. Nesse sentido, falaremos sobre 
placebo. Esse recurso é utilizado em muitos casos em pesquisas experimentais, e 
nada mais é do que uma substância inerte, sem eficácia terapêutica, administrada 
com o objetivo de avaliar o possível efeito na redução de alguma doença, causado 
apenas pela ingestão de uma substância que acredita ser o medicamento, gerando 
“cura” psicológica. 
Estudos transversais 
Os estudos transversais são as estratégias de estudos epidemiológicos que se 
caracterizam pela observação direta de uma determinada quantidade planejada de 
indivíduos em uma única oportunidade. Outra característica dos estudos 
transversais é a utilização de amostras de uma determinada população e, 
posteriormente, a generalização dos resultados para a população de referência. Isso 
ocorre porque, quando se realiza a observação da população de análise e ela é muito 
numerosa, o estudo torna-se relativamente caro. Nesse caso, opta-se por realizar uma 
seleção dos participantes, e assim é construída uma amostra. Ao realizar a observação 
dos participantes no momento do estudo, os resultados devem estar sempre 
relacionados ao local e à época demarcados. 
Basicamente, os estudos transversais estão ligados à necessidade de conhecer como 
uma ou mais características (individuais ou coletivas) estão distribuídas na 
população. É um excelente método para descrever as características de uma 
população em um determinado período. 
Os estudos transversais não conseguem testar hipóteses sobre causa e efeito, mas 
ainda é possível testar a associação entre dois eventos, como doença e exposição. Caso 
utilize uma quantidade de amostra adequada (adquirida pelo cálculo amostral), esse 
modelo pode se mostrar como uma fotografia de uma população. Deste modo, não é 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
11 
possível estabelecer com exatidão se a exposição ocorre antes da doença ou se é 
resultado dela. 
Um exemplo dessa situação é a relação entre o indivíduo ser fisicamente inativo e a 
obesidade. O achado de maior número de pessoas obesas entre os fisicamente 
inativos pode ser interpretado como uma relação causal, em que o segundo seria o 
fator determinante do primeiro. 
Estudo longitudinal 
Entre os estudos longitudinais, destacam-se os estudos de coorte e caso controle, que 
possuem a característica de monitorar os participantes ao longo de um determinado 
tempo. 
Os estudos de coorte são considerados observacionais. Neles, a situação dos 
participantes em relação à exposição ao fator de interesse a ser estudado determina o 
convite para o estudo, sendo esses indivíduos monitorados ao longo do tempo, a fim 
de verificar a incidência de alguma doença ou desfecho de interesse. 
A principal característica desse tipo de estudo é que a seleção da população estudada 
deve ser realizada partindo da variável independente, aproveitando que os diferentes 
grupos de pessoas se expõem ou não à ação de um fator de risco qualquer 
naturalmente. 
Podemos exemplificar com a hipótese de que o tabagismo aumenta o risco de câncer 
de pulmão. No estudo de coorte, os participantes seriam divididos em dois grupos, 
sendo um de fumantes (a+b) e um de não fumantes (c+d). Com o acompanhamento 
padronizado e sistematizado dos dois grupos, eles seriam avaliados e comparados 
conforme a incidência de câncer de pulmão entre os expostos e não expostos. 
Os estudos de coorte também podem ser classificados em prospectivos e 
retrospectivos, sendo o modelo prospectivo caracterizado quando as pessoas 
expostas e não expostas são selecionadas no momento zero do estudo e 
acompanhadas ao longo do tempo, verificando-se a incidência de doenças em ambos 
os grupos. Já no modelo retrospectivo é possível selecionar os indivíduos do estudo 
com base em uma exposição que já ocorreu, estudando no momento presente as 
doenças que possivelmente tenham sido ocorridas pela exposição. 
A hipótese de que a exposição à radiação causada por uma explosão nuclear está 
associada ao aparecimento de uma determinada alteração cromossômica e através 
do estudo de coorte retrospectivo, pois bastaria, no momento atual, selecionar o 
grupo de indivíduos que foram submetidos a essa exposição e verificar a alteração 
cromossômica. 
Quanto ao estudo prospectivo, um exemplo são os estudos de coortes que 
acompanham o indivíduo durante algum tempo, a fim de analisar possíveis doenças 
que ele possa adquirir durante o período de acompanhamento. Em coorte de 
Bioinformação e Tecnologias Digitais para Educação Física – Educação Física – Pitágoras 
12 
indivíduos saudáveis que estão acompanhados até o momento que o tiver interesse 
em participar, e ao longo do tempo o participante desenvolve um câncer de pulmão 
em virtude do tabagismo durante a vida. 
Inegavelmente, as pesquisas científicas utilizando seres humanos nos estudos 
experimentais são muito ricas e trazem benefícios para a sociedade, contudo sempre 
há o conflito de a pessoa ser submetida a um estudo experimental. Deste modo, reflita 
sobre a diferença ética em modelo experimental versus estudos observacionais em 
humanos. 
A transição demográfica e epidemiológica 
Segundo previsões, no terceiro milênio, a população deveria chegar à casa dos 
bilhões. Esse valor foi atingido, porém demorou vários séculos para isso, e apresentou 
diferentes ritmos de crescimento com o passar dos anos. Há aproximadamente 8 mil 
anos (a.C.) havia períodos específicos para caça (nômades), e no início da era da 
agricultura a população mundial correspondia a, aproximadamente, oito milhões de 
habitantes. Posteriormente, já na era cristã (ano I d.C.), há relatos de que a marca de 
300 milhões de pessoas tinha sido alcançada, no entanto foram necessários mais de 
1000 anos para que esse valor fosse duplicado. Por volta de 1750, a população 
mundial estava em 800 milhões de habitantes. Desde esse ponto, foram necessários 
por volta de 150 anos para que a população fosse dobrada novamente, chegando a 
1.700.000 habitantes em 1900; depois de 50 anos, houve nova duplicação, com uma 
população total chegando a 2,5 milhões de habitantes. Em 2000, a população 
mundial era de 6.085.572 habitantes (um crescimento de 2,5 vezes em 50 anos), com 
estimativa de um total 9.075.903 para o ano de 2050. Apesar de esses dados serem 
predominantemente de países europeus, representam uma forma de referência para 
uma aproximação geral dos processos demográficos ocorridos na humanidade 
(BERQUÓ, 1991). 
A partir do século XVIII, nota-se um aumento acelerado da população mundial, em 
ritmo e tamanho diferentes de todas as épocas anteriores, o que coincide com a 
expansão do capitalismo industrial para os países europeus mais desenvolvidos. As 
razões para esse comportamento demográfico parecem estar ligadas ao 
desenvolvimento das forças produtivas desencadeado pelo advento do capitalismo, 
particularmente, o capitalismo industrial e o modelo de sociedade por ele gerado 
(urbanizada e industrializada), ou ao chamado processo de industrialização. De 
qualquer modo, esse processo favoreceu o crescimento da produção e da riqueza e o 
desenvolvimento da técnica e da ciência moderna, com um maior domínio sobre a 
natureza, incluindo as doenças, as epidemias e a própria fecundidade humana, o que 
ocasionoutransformações culturais profundas nas sociedades, com reflexos na 
natalidade, na mortalidade e no ritmo de crescimento populacional (VERMELHO; 
MONTEIRO, 2006). 
Teoria da transição demográfica 
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A teoria da transição demográfica surgiu no início do século XX, tomando como 
referência em sua formulação as modificações observadas nos países europeus nos 
séculos anteriores, especialmente a partir do século XVIII. Procurava relacionar as 
transformações demográficas, particularmente os coeficientes de natalidade e 
mortalidade, com o processo de industrialização. Assim, em diversas etapas do 
desenvolvimento da sociedade pré e pós-industrial, poderiam ser identificados 
específicos comportamentos da mortalidade e da natalidade, com seus reflexos no 
tamanho e na composição da população. Nesse processo de transição clássico, foram 
identificados três períodos principais que tomaram a industrialização como ponto de 
referência: a fase pré-industrial, caracterizada por um crescimento populacional 
lento; a fase de industrialização, com crescimento populacional intenso; a fase de 
consolidação da sociedade industrial, com uma tendência populacional estável ou 
regressiva (PRATA, 1992; VERMELHO; MONTEIRO, 2006). 
A teoria da transição demográfica consolidou-se como um modelo explicativo 
abrangente para mudanças demográficas verificadas no decorrer da história das 
sociedades e seus determinantes históricos, sociais e econômicos, tanto que, a partir 
dos anos 1940 e 1950, ela foi relacionada ao desenvolvimento econômico. Era 
fundamentada na observação de que a taxa de fecundidade era alta em sociedades de 
base rural, não-industriais, constituindo-se o número elevado de filhos em garantia 
de mão de obra na agricultura tradicional e seguridade, em uma realidade na qual 
prevaleciam altas taxas de mortalidade. Defendia que a modernização da sociedade, 
entendida como industrialização e urbanização, concorria para a redução da 
fecundidade, pelas mudanças culturais e econômicas decorrentes, promovendo 
particularmente mudanças nos padrões de família, onde a intervenção de políticas 
de controle da natalidade tinha um papel relevante (PRATA, 1992; OMRAN, 1996). 
A população mundial está envelhecendo. Isso ocorre em virtude de a base da 
pirâmide etária estar se tornando mais estreita em decorrência da baixa taxa de 
natalidade. Vale a pena refletir sobre o quanto os idosos que já estão se aposentando 
ainda são muito produtivos, podendo contribuir com a economia do país. 
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14 
 
Fonte: Pena (2015, [s.p.]). 
De acordo com Vermelho e Monteiro (2006), o conceito de transição demográfica, 
basicamente, é a passagem de um contexto populacional, no qual prevalecem altos 
coeficientes de mortalidade e natalidade. Em termos demográficos, uma sociedade 
passa por quatro fases. Veja, a seguir, um pouco mais sobre cada fase 
especificamente. 
• Fase 1: típica das sociedades pré-industriais, caracteriza-se por coeficientes de 
natalidade e mortalidade (principalmente infantil) elevados, dos quais se gera 
um crescimento populacional lento (equilíbrio populacional). Esta fase 
concluiu-se em meados do século XVIII, quando ocorreu a Revolução 
Industrial e todas as transformações dela decorrentes. 
• Fase 2: fase intermediária, própria dos países em processo de industrialização. 
O coeficiente de mortalidade se reduz de forma importante, mas o coeficiente 
de natalidade continua elevado, gerando um desequilíbrio traduzido pelo 
grande aumento da população (explosão populacional). Com a Revolução 
Industrial do século XVIII, os países conhecidos como desenvolvidos passaram 
para a Fase 2, iniciando o rápido crescimento da população mundial. Alguns 
países em desenvolvimento iniciaram a transição demográfica para essa fase 
de modo mais tardio e repentino, especialmente durante o século XX. 
• Fase 3: o coeficiente de natalidade inicia uma importante redução ao mesmo 
tempo em que o coeficiente de mortalidade continua com uma tendência 
decrescente, iniciada no estágio 2. Por essa razão, o crescimento demográfico 
nesta terceira fase continua sendo relativamente alto. Com isso, a população 
passa a ficar mais envelhecida, o que é conhecido como envelhecimento 
populacional. Os países ricos completaram todo o processo de passagem da 
Fase 2 para a 3 ainda no século XX, momento em que estabilizaram em um 
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15 
nível mais baixo seus coeficientes de natalidade e de mortalidade. Já em alguns 
países da América Latina, Ásia e África, esse processo tende a ocorrer 
lentamente e mais tardio. 
• Fase 4: esta fase é típica das sociedades pós-industriais e se caracteriza por 
coeficientes de mortalidade e natalidade reduzidos. Consequentemente, o 
crescimento natural da população volta a alcançar um estado de equilíbrio. É 
reconhecida também como uma fase de pós-transição. A estabilização é 
representada pela aproximação dos níveis de fecundidade com os de reposição, 
gerando aumento da expectativa de vida e envelhecimento populacional de 
uma forma geral. 
• Fase 5: é representada pela inversão dos níveis de fecundidade com a taxa de 
mortalidade, ou seja, morrem mais pessoas e não nascem crianças suficientes 
para haver a reposição. Quanto maior a diferença entre esses níveis, maior será 
o decréscimo da população. 
Cabe ressaltar que um estudo de Baena et al. (2013) apontou para disparidades 
demográficas e epidemiológicas entre as regiões brasileiras. Em regiões mais pobres, 
como Norte e Nordeste, estariam proporcionalmente na Fase 3 da transição 
demográficas, enquanto regiões mais ricas, como Sul e Sudeste, já estariam na Fase 4. 
 
Fonte: https://bit.ly/3ciXtNQ. Acesso em: 26 dez. 2020. 
A teoria da transição demográfica vem assumindo um papel importante na 
elucidação da dinâmica populacional, ao ponto de refletir em outras disciplinas, 
como a epidemiologia, que criou um conceito parecido: a transição epidemiológica. 
A população está envelhecendo, com isso cada vez mais haverá uma necessidade de 
esse público buscar atividade física. Deste modo, aprimorar as aulas baseadas nele 
pode ser uma ótima oportunidade de promover saúde por meio de uma vida mais 
ativa. 
Transição epidemiológica 
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16 
A partir da segunda metade do século XIX, os países considerados centrais da 
economia mundial – por seu desenvolvimento industrial – começaram a apresentar 
mudanças significativas em seu perfil epidemiológico. De uma forma geral, essas 
mudanças ocorreram por dois fatores principais: devido às alterações associadas à 
estrutura etária da população, ocorridas ao longo do processo de transição 
demográfica, e às alterações de longo prazo nos padrões de morbidade e de 
mortalidade, do qual houve uma substituição gradual das doenças infecciosas e 
parasitárias e das deficiências nutricionais pelas doenças crônico-degenerativas e 
aquelas relacionadas a causas externas e ao comportamento (PRATA, 1992; PEREIRA; 
ALVES-SOUZA; VALE, 2015) . 
O Brasil, especialmente, apresenta bons números em relação a alguns fatores que 
estão relacionados à mortalidade. Por exemplo, houve uma redução de mortalidade 
precoce entre os anos 2000 a 2010, quando se passou de 12,7% para 7,4%. Da mesma 
forma, a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias apresentou queda no 
mesmo período de 4,7% para 4,3%. Por outro lado, as doenças crônicas 
representaram 73,9% em 2010, sendo que 80,1% foram em decorrência de doenças 
cerebrovasculares, câncer, doenças respiratórias e diabetes (BRASIL, 2012). 
 
Sistema de vigilância em saúde 
A vigilância em saúde visa observar e analisar permanentementeo estado de saúde 
da população, esclarecer um conjunto de ações a serem tomadas e controlar os 
determinantes, riscos e agravos à saúde da população em determinados territórios, 
para garantir cuidados em relação à integridade das pessoas, incluindo abordagens 
individuais e coletivas dos problemas de saúde. 
As Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde (BRASIL, 2010) mostram que entre as 
ações de vigilância há a prevenção, promoção e controle de doenças e seus agravos. 
Inclui-se também a vigilância e o controle das doenças transmissíveis; a vigilância 
das doenças e dos agravos não transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, 
vigilância ambiental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e vigilância 
sanitária. Utiliza-se de ferramentas especificas para desenvolver habilidades de 
programação e planejamento, a fim de proporcionar o acesso a diferentes atividades 
e ações de saúde. 
A integração da vigilância à saúde com a atenção primária à saúde é condição 
obrigatória para a construção de uma atenção integral à saúde e o alcance dos 
resultados, e seu fluxo de trabalho de desenvolvimento deve ser condizente com as 
reais condições locais, preservando as particularidades de cada departamento. 
Outro aspecto básico do monitoramento da saúde é a proteção abrangente da saúde 
das pessoas por meio da promoção da saúde. A política visa melhorar a qualidade de 
vida e permitir que as pessoas reduzam vulnerabilidades e riscos à saúde 
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17 
relacionados aos seus determinantes e condições, incluindo estilo de vida, condições 
de trabalho, moradia, meio ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e 
serviços básicos. Podemos elencar ações específicas voltadas para: alimentação 
saudável, atividades físicas/esportivas, prevenção e controle do tabagismo, redução 
da morbimortalidade pelo uso de álcool e outras drogas, redução da 
morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência e incentivo à 
cultura paz, além de promover o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010). 
Indicadores de mortalidade e morbidade 
As medidas de mortalidade sempre foram utilizadas como indicadores dentro de uma 
sociedade. A popularidade desses indicadores se dá pelo fato de haver disponibilidade 
de dados sobre a ocorrência de morte. Inicialmente, essa medição era realizada pela 
Igreja, pois havia um registro sistemático de fatos vitais, como óbitos e nascimentos. 
No Brasil, de acordo com a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015, de 31 de dezembro 
de 1973), o sepultamento só pode ser realizado mediante a apresentação da certidão 
de óbito emitida pelo cartório. Por sua vez, para a emissão dessa certidão, é necessária 
a apresentação da declaração de óbito assinada pelo médico. 
Os índices de mortalidade e morbidade não conseguem cobrir o país como um todo. 
Isso se dá em virtude de ainda existirem regiões muito distantes de cidades, por isso, 
em alguns desses bancos dados pode haver subnotificação de algum agravo ou óbito. 
Uma forma de sanar essa situação é padronizando os dados, para, assim, poder ter 
comparação. 
Perceba a importância da declaração de óbito, pois esses dados vão para um banco de 
dados, o SIM (Sistema de Informação de Mortalidade), gerido pelo IBGE e pelo 
Ministério da Saúde. Além dos dados relativos à ocorrência do óbito nesse sistema, é 
possível obter informações sobre a causa básica do óbito, unidade de federação e seus 
municípios, sexo, idade e causa da morte segundo o CID-10. 
Entre os indicadores, o coeficiente geral de mortalidade é referente a toda a 
população, resultando na taxa bruta dela, sendo representado na seguinte equação. 
 
Diversas fontes de dados são necessárias para os indicadores de morbidade em 
populações, isso se dá pela natureza multidimensional da morbidade e pelo fato de 
que o indivíduo possivelmente já foi acometido por mais de um evento mórbido. 
No Brasil, as fontes dos dados estão nos mais variados sistemas, sendo algum deles: 
Sistema de Informação de Agravos e Notificações (Sinan); Registro de Câncer de Base 
Populacional (RCPB); Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (PNAD); Pesquisa de 
Orçamento Familiar (POF). 
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18 
Para realizar a construção de um indicador, é necessário associar dados de fontes 
diferentes, por exemplo, se o interesse é saber a taxa de incidência de Aids: 
 
 
 Referências: 
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