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PROFESSORES Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Dr. Diego Augusto Santos Silva Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store EPIDEMIOLOGIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3254 2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Lucas Pinna Silveira Lima, Designer Educacional Rossana Costa Giani, Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira, Ilustração André Azevedo, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SILVA, Diego Augusto Santos; BRUSCO, Eliane Cristina de Andrade Gonçalves. Epidemiologia na Educação Física. Diego Augusto Santos Silva; Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco. Maringá - PR.:Unicesumar, 2021. 202 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1.Epidemiologia 2.Educação 3.Física EaD. I. Título. ISBN 978-65-5615-226-4 CDD - 22ª Ed. 614.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduaçãoLeonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Doutora e Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Ca- tarina - UFSC. Especialista em Anatomia e Histologia Humana e graduada em Educação Física, ambas pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Atual- mente, é Professora no Centro Universitário de Maringá - Unicesumar (Educa- ção a Distância). Revisora de diferentes periódicos nacionais e internacionais. Tem experiência na área de Educação Física e Saúde Pública, com ênfase em cineantropometria e atividade física e saúde, atuando, principalmente, no tema relacionado a fatores de risco à saúde. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/4282923137916528>. Dr. Diego Augusto Santos Silva Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe. Mestrado e Doutorado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-Doutorado no Children’s Hospital of Eastern Ontario Research Institute, Department of Pediatrics, University of Ottawa, Canadá. Professor Visitante no Children’s Hospital of Eastern Ontario Research Institute, Department of Pediatrics, University of Ottawa, Canadá. Professor Visitante no Departamento de Saúde Pública e Doenças Infecciosas da Sapienza University of Roma, Itália. Servidor público federal no cargo de Professor Associado, lotado no Departa- mento de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Permanente (orientador de mestrado, doutorado e supervisor de pós-doutorado) do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/8188066843033561 apresentação do material Epidemiologia na Educação Física Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco e Dr. Diego Augusto Santos Silva Olá discente, seja bem-vindo(a) a nossa jornada acadêmica sobre a Epidemiologia na Atividade Física. É um prazer imenso ter você aqui! Esta obra foi escrita com muito carinho, reunindo e apresentando os principais conteúdos que abrangem a epidemiologia e a relação que ela tem com a atividade física. Você acha mesmo que a Epidemiologia se relaciona com a Atividade Física? Já parou para pensar nisso? Se a resposta for “sim”, de qual maneira será que isso acontece? Como você acha que a atividade física pode contribuir com os dados epidemiológicos? Para responder a todos esses questionamentos, dividimos esta obra em cinco unidades, as quais abrangem desde o conceito tradicional de Epidemiologia, até como o profissional de Educação Física deve atuar no âmbito da saúde pública. Portanto, em um primeiro momento, abordaremos temas como a história da Epidemiologia, os conceitos de Epidemiologia que encontramos na literatura, o conceito de saúde, os indicadores de saúde e as medidas epidemiológicas que nos proporcionam avaliar as doenças e agravos à saúde da população. Após você ter aprendido sobre essas temáticas, abordaremos sobre os padrões de adoecimento da população. Então, você fará uma viagem ao passado e conhecerá os tipos de transições, demográfica e epidemiológica, que a sociedade passou e, digamos que ainda passa atualmente. Você perceberá que esses processos possibilitaram o aparecimento de doenças e agravos à saúde, como o caso da inatividade física, agravo que tam- bém será discutido, apresentando os padrões da prática de atividade física no mundo. Em um terceiro momento, você será direcionado a conhecer as evidências científicas que permeiam os estudos de associação entre atividade física e diferentes marcadores de saúde. Isso te proporcionará entender que a atividade física, de fato, auxilia na prevenção e na promoção de saúde. Inclusive, nesta mesma unidade, apresentaremos os Programas de Promoção da atividade física em saúde pública. Após você ter acesso a esse conteúdo, abordaremos um pouco sobre a his- tória do nosso sistema de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), destacando seus princípios e diretrizes. Além disso, discutiremos sobre o Núcleo de Apoio à Saúde da Família, a Estratégia Saúde da Família e a Atenção em Saúde. Você apresentação do material verá quão amplo este assunto é! Para finalizar nossa jornada acadêmica, espe- cificaremos a abordagem sobre a Atenção Primária à Saúde, abrangendo seus conceitos e diretrizes, bem como a Política Nacional de Promoção da Saúde. Aqui, de fato, você sairá sabendo a diferença entre a prevenção e a promoção da saúde (assim eu espero!). Ainda, conhecerá sobre a atuação dos profissionais na promoção da saúde, especialmente o profissional de Educação Física, destacando a necessidade de uma formação continuada para garantir saúde e bem-estar para toda a popu- lação. Eu desejo que sua jornada seja leve, dinâmica e repleta de novos saberes e conhecimentos. Divirta-se! Bons estudos! Bons estudos! sumário UNIDADE I INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMIOLÓGICAS: PREVA- LÊNCIA, INCIDÊNCIA, MORBIDADE E MORTALIDADE 14 Breve história do surgimento da epidemiologia 19 Epidemiologia, atividade física e saúde 21 Indicadores e medidas epidemiológicas UNIDADE II PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO 54 Padrões de adoecimento da população 69 Atividade física: definições e padrões na população UNIDADE III ATIVIDADE FÍSICA, PROGRAMAS EM SAÚDE PÚBLICA E MARCADORES DE SAÚDE 90 Relação da atividade física com marcadores de saúde 94 Atividade física e todas as causas de mortalidade na população 112 Programas de promoção da atividade física em saúde pública UNIDADE IV SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 130 Uma breve história dos serviços de saúde 135 Sistema Único de Saúde (SUS) 142 Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF-AB) UNIDADE V PROMOÇÃO DA SAÚDE E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA 160 Atenção primária à saúde: prevenção e promoção da saúde 170 Política Nacional de Promoção da Saúde 174 Atuação do profissional na Promoção da Saúde Professora Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Breve história do surgimento da Epidemiologia • Epidemiologia, atividade física e saúde • Indicadores e Medidas epidemiológicas Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da epidemiologia. • Discutir sobre os conceitos da epidemiologia, da atividade física, da saúde e a relação entre essas. • Apresentar os indicadores e medidas de frequência. INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMI- OLÓGICAS: PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA, MORBIDADE E MORTALIDADE unidade I INTRODUÇÃO O lá caro (a) aluno(a), espero que você esteja bem e preparado para iniciarmos nossos estudos que irão abordar este primei- ro ensaio. Esta unidade será dividida em três tópicos, os quais tratarão sobre a história da epidemiologia, a relação entre a epidemiologia e o conceito de saúde e atividade física e os indicadores e medidas epidemiológicas existentes. Desta forma, primeiramente, será resgatado, de forma sucinta, o sur- gimento da epidemiologia, apresentando os relatos históricos e os estudos que permearam a difusão das pesquisas epidemiológicas. Nesse sentido, veremos quem foram os pioneiros e quais foram as pesquisas mais im- portantes neste campo. Na sequência, conheceremos sobre os conceitos referentes à epidemiologia. Você notará que o conceito de epidemiologia pode abranger um grande campo. Além disso, aprofundaremos um pouco sobre a relação que existe entre epidemiologia e atividade física. Assim, poderemos com- preender as características de cada uma e como elas caminham juntas. Após, serão apresentados os indicadores e medidas de frequência. Você notará que este tópico será dividido em vários outros, isso por- que você poderá conhecer especificamente as medidas de frequência co- nhecidas como prevalência e incidência, bem como quando você deverá utilizar cada uma delas.Além disso, você poderá ler sobre os diferentes indicadores de saú- de e notará que eles podem ser embasados em indicadores de saúde de mortalidade e indicadores de saúde de morbidade, encerrando, assim, o nosso primeiro tópico. Todos os fatores abordados nesta unidade nos darão subsídios para os nossos próximos encontros. Não deixe de fazer suas anotações, destacando os pontos primordiais. Desejo bons estudos! 14 Breve história do surgimento da epidemiologia 15 EDUCAÇÃO FÍSICA perceber que a maioria das vezes que o termo “doença” for mencionado, ele estará acompanhado de “agravo à saúde”, porque não necessariamente a epidemiologia trata apenas das doenças, mas também de agravos à saúde, como o caso da inatividade física. A área de atuação da epidemiologia é sempre des- tinada à população humana, ou seja, os estudos epide- miológicos são realizados com indivíduos, que podem ser definidos em termos sociodemográficos. Assim, ge- ralmente a população de um estudo epidemiológico é determinada pela área ou país em um certo período de tempo. Isso forma a base para a definição de subgrupo que constituirá o estudo, separados por sexo, faixa etária, etnia ou outros fatores. É importante frisar que as estru- turas populacionais variam conforme a área geográfica e o tempo. Isso deve ser levado em consideração nas análi- ses epidemiológicas, por exemplo: um grupo de pessoas sedentárias ou um grupo de atletas pode constituir uma unidade de estudo. Diferentemente da clínica que estuda o processo saúde-doença nos sujeitos que objetiva especificamente o tratamento e a cura de casos isolados, a epidemiologia se preocupa com o processo de ocorrência de doenças, mortes, quaisquer outros agravos e situações de risco à saúde, seja propriamente na comunidade, ou em grupos dessa, com a finalidade de propor estratégias que melho- rem o nível de saúde das pessoas que compõem essa co- munidade. Para você entender a diferença entre o diag- nóstico clínico, ou seja, especificamente o atendimento de casos isolados, e o diagnóstico comunitário de saúde (aquele que possibilita o conhecimento do processo saú- de-doença na comunidade), analise a Figura 1, a seguir: Antes de aprendermos sobre os indicadores e tipos de medidas epidemiológicas mais utilizadas, é importante que saibamos, de fato, o que é, onde nasceu e como se fundamentou a epidemiologia. Ela está relacionada ao estudo da distribuição das doenças nas populações e dos fatores que influenciam ou determinam essa distribui- ção, passando por três eixos fundamentais e associados: a Clínica, a Estatística e a Medicina Social. Portanto, a epidemiologia parte do pressuposto de que as doenças, as moléstias ou até mesmo a ausência de doença não ocorrem ao acaso em uma população. O que determina as doenças ou agravos à saúde podem estar lincados a fatores genéticos, resultantes de exposição a perigos am- bientais, a exposição a algumas atividades de trabalho ou atividades cotidianas e até mesmo pela forma como a sociedade se organiza. A epidemiologia foi definida por Last (2001) como o estudo da distribuição e dos determinantes de eventos ou estados relacionados à saúde em populações espe- cíficas e sua aplicação na prevenção e no controle dos problemas de saúde. Portanto, ela é uma ciência que estuda o processo saúde-doença na população huma- na, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de pre- venção, controle e erradicação da doença e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, à administração e à avaliação das ações de saúde (ROU- QUAYROL; SILVA, 2013). Isso demonstra a inter-relação da epidemiologia, não apenas com o estado de doença ou morte, mas também com a melhoria dos indicadores de saúde e a maneira de como promover saúde. Assim, você irá 16 Figura 1 - Diferenças entre diagnóstico clínico e diagnóstico comunitário / Fonte: adaptada de Vaughan e Morrow ((1992, p. 184). Descrição da Imagem: A Figura 1 é composta por um quadro que consta a diferença das características de um diagnóstico clínico para um diagnós- tico comunitário, como objetivos, informações necessárias, tipo de diagnóstico, plano de ações e avaliação. A primeira linha do quadro possui duas imagens. A imagem da coluna esquerda é composta por um médico em atendimento individual ao paciente. Nessa coluna, apresenta o diagnóstico clínico. Tem como objetivo curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo (prevenção da saúde), as informações necessárias deste diagnóstico são histórico clínico, exames físicos e exames complementares. O tipo de diagnóstico é individual. Tem o tratamento e/ou a reabilitação como plano de ações e, por último, a avaliação, que é o acompanhamento clínico (melhora da saúde/cura da doença ou agravo). A coluna da direita apresenta uma imagem que consta várias pessoas, demonstrando ser uma comunidade. Nessa coluna está o diagnóstico co- munitário. Tem como objetivo melhorar o nível da saúde da comunidade (promoção da saúde). Dados gerais sobre a população, doenças/agravos à saúde existentes, casos de morte e serviços de saúde são as informações necessárias desse diagnóstico. Como o nome já diz, é um diagnóstico comunitário. O plano de ações são problemas de saúde coletiva que sejam prioritários e mudanças no estado de saúde da população é a avaliação. Diagnóstico Clínico Objetivos Informações necessárias Plano de ações Curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo (prevenção da saúde) • Histórico clínico • Exames físicos • Exames complementares Tipos de diagnóstico Avaliação Diagnóstico individual Tratamento/reabilitação Acompanhamento clínico (melhora da saúde/cura da doença ou agravo) Diagnóstico comunitário Melhorar o nível da saúde da comunidade (promoção da saúde) • Dados gerais sobre a população • Doenças/agravos à saúde existentes • Casos de morte • Serviços de saúde Diagnóstico comunitário Problemas de saúde coletiva que sejam prioritários Mudanças no estado de saúde da população 17 EDUCAÇÃO FÍSICA RELATOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA Na Grécia Antiga, Asclépio era cultuado como o deus da Medicina (tanto que representa até hoje o símbolo da profissão médica e da farmácia) e tinha duas filhas cha- madas Panacéia e Higéia, que representavam o antago- nismo entre a medicina individual e a medicina coletiva. A primeira filha retratava a medicina curativa, prática terapêutica baseada em intervenções sobre pessoas do- entes, por meio de encantamentos e uso de medicamen- tos. A segunda, era adorada por quem considerava a saú- de como resultado de uma harmonia entre o homem e o ambiente, buscando promover essa harmonia por meio de ações preventivas e que mantinham o perfeito equilí- brio entre os elementos: água, ar, fogo e terra (MEDRO- NHO, 2009). Podemos observar, então, o surgimento da medicina individual e da medicina coletiva. A maioria dos textos que abordam sobre as raízes históricas da epidemiologia afirmam que ela se originou há mais de 2000 anos com os estudos de Hipócrates. Isso porque os escritos hipocráticos sobre as epidemias e en- fermidades antecipam o chamado raciocínio epidemio- lógico, ou seja, já demonstravam discernimento sobre o que seria, futuramente, a epidemiologia, confirmando que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças. Na Roma Antiga, a principal contribuição para a epi- demiologia foi o início de um registro compulsório de nascimentos e óbitos registrado pelo Imperador conheci- do como Marco Aurélio, que mais tarde seria conhecido como “estatísticas vitais” (um tipo de indicador de saúde). O século XIX é conhecido como o período em que se estabeleceram as bases históricas da moderna epi- demiologia, isso porque, como consequência da revo- lução industrial, as cidades cresciam e as condições da vida humana pioravam. A maioria das pessoas vivia em ambientes extremamente poluídose sem saneamento básico, muito semelhante às condições de vida atuais da maioria das cidades de países de classe baixa. Nesta época, foi consolidada a primeira era da epidemiolo- gia moderna baseada no “miasma”. Este termo da teoria miasmática defendia que as doenças eram adquiridas por meio de emanações ambientais provenientes do solo, do ar ou da água. A década de 50 foi determinante para a epidemiolo- gia devido aos achados do inglês John Snow. Em 1954, ele descobriu que o risco de contrair cólera em Londres esta- va relacionado ao consumo de água de uma determinada companhia, impulsionando outras novas grandes desco- bertas epidemiológicas. Além de John Snow, William Farr, na Inglaterra, e Louis René Villermé, na França, também se destacaram com seus achados relacionados à área da epidemiologia (ALMEIDA FILHO, 2003). O inglês John Snow identificou o local de mo- radia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres, entre os anos de 1848-1849 e 1853-1854. Ele notou que existia uma asso- ciação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas. A partir de en- tão, Snow iniciou a comparação do núme- ro de casos de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias de fornecimento de água e identificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark. Assim, o inglês construiu a teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era dissemi- nada por meio da água contaminada. O fato proporcionou a melhoria no suprimento de água, mesmo anteriormente a descoberta do microrganismo causador da cólera. Ademais, seu estudo contribuiu diretamente sobre as políticas públicas de saúde. CONCEITUANDO 18 Os estudos de Snow foram apenas uma parte de uma série abrangente de investigações que incluiu o exame de processos químicos, biológicos, físicos, políticos e so- ciais, como o estudo de Louis Pasteur, no final do sécu- lo XIX. Ele demonstrou que os organismos vivos eram agentes de epidemias, como a tuberculose e a leptospi- rose. Portanto, esse período ficou conhecido como a era das doenças infecciosas causadas por “germes”. Em meados do século XX, surge a era das doen- ças crônicas degenerativas. Os estudos de caso-contro- le e coorte sobre câncer pulmonar e a relação com o consumo de cigarro, e as pesquisas preliminares sobre doença arterial coronariana, que estabeleceram o há- bito de fumar e o colesterol como fatores de risco para seu desenvolvimento, demonstraram a força deste tipo de método de estudo. Entre vários epidemiologistas da época, os britânicos Jeremy Morris, Richard Doll e Thomas McKeown se destacaram com seus achados (MEDRONHO, 2009). E então você deve estar se perguntando, “tudo bem, mas o que isso tem a ver com a atividade física?”. Eu vou ex- plicar para você no próximo tópico. O estudo caso-controle é caracterizado por ser um tipo de estudo observacional que se inicia com a seleção de um grupo de pessoas portadoras de uma determinada doença, (que são classificados como os “casos”) e um outro grupo de pessoas que não sofrem dessa doença (que serão classificados como os “controles”). O objetivo principal desse tipo de estudo é identi- ficar características específicas que ocorrem em maior ou menor frequência entre os “casos” do que entre os “controles”. Em contrapartida, os estudos de coorte são estudos de caráter ob- servacional, ou seja, a situação dos participantes em relação à exposição de interesse (podendo ser, por exemplo, o sedentarismo) determina sua seleção para o estudo. As pessoas são mo- nitoradas durante toda a duração do estudo para avaliar a incidência do desfecho. EXPLORANDO IDEIAS 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Nós já aprendemos sobre o conceito e o significado de epidemiologia. Agora é importante sabermos sobre a atividade física e a saúde, para então entendermos a re- lação que existe entre elas. Você com certeza já leu sobre a definição de ativi- dade física, que é qualquer movimento corporal, pro- duzido pela musculatura esquelética e que resulta em gasto energético. Assim, é importante destacar que a atividade física pode ir além, abordando componen- tes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental e pode ser praticada de várias for- mas, como danças, esportes, atividades laborais, deslo- camentos, jogos e exercícios físicos. Você irá aprender mais afundo sobre as definições e padrões da atividade física da população na Unidade 2. O conceito de saúde é descrito como multiplicidade de aspectos do comportamento humano direcionados a um estado de completo bem estar físico, mental e social. Portanto, saúde vai muito além de ausência de doenças. Ela é uma condição humana com dimensões física, so- cial e psicológica (SILVA; SCHRAIBER; MOTA, 2019). Epidemiologia, atividade física e saúde 20 A relação epidemiologia, atividade física e saúde teve início em meados do século XX - a era epidemiológica das doenças crônicas degenerativas citada anteriormen- te. Isso porque os achados dos estudos sobre as doenças identificaram (e continuam identificando) que o se- dentarismo é um fator determinante de agravos à saú- de. Esse momento coincide com a chamada transição epidemiológica, que foi a inversão das causas de mor- te. As pessoas deixaram de morrer apenas por doenças infecciosas e começaram a adoecer por doenças cardio- vasculares. Assim, ocorreram modificações drásticas no padrão demográfico e no perfil de doenças e mortali- dade da população, caracterizando-se como processos de transição demográfica, transição epidemiológica e transição nutricional, padrões que serão analisados mais afundo nos próximos capítulos. A transição epidemiológica envolve uma evolução gradual dos problemas relacionados à saúde, os quais determinam mudanças nas taxas populacionais, ou seja, alta morbidade e mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em detrimento das doenças in- fecciosas e parasitárias. No Brasil, essa transição pode ser observada a partir dos anos 80, com o predomínio das causas de óbito por DCNT em comparação com as doenças infecciosas e parasitárias. Podemos usar esse mesmo período dos anos 80 no Brasil, para caracterizarmos a transição demográfica. Nessa época, o número de idosos (acima de 80 anos) au- mentou devido à queda da taxa de mortalidade e da fe- cundidade no país. Com o acréscimo do envelhecimen- to populacional, houve um aumento da probabilidade de manifestação das DCNT. A transição nutricional abrange os processos de transição demográfica e epidemiológica. Essa transição é caracterizada por modificações constantes e sequenciais no padrão nutricional da população devido às transfor- mações sociais, demográficas, econômicas e sanitárias. 21 EDUCAÇÃO FÍSICA Você deve ter notado que falamos, anteriormente, sobre taxas de mortalidade, morbidade e outros indicadores de saúde. Descreveremos sobre essas medidas de frequ- ência e indicadores de saúde mais utilizados na área da epidemiologia, para que você possa entender cada um e, ao assistir alguma reportagem sobre medidas epide- miológicas ou ler uma pesquisa e se deparar com algum indicador de saúde, já saberá sobre o que se trata. A forma mais básica de se determinar a frequência de uma doença ou agravo à saúde é por meio da simples contagem das pessoas afetadas. Contudo, para a área da epidemiologia, essa forma pouco informa sobre a popu- lação de referência. Em estudos epidemiológicos, é ne- cessário saber o tamanho da população ou grupo que deu origem aos casos e em que período de tempo o fato aconteceu. Portanto, são utilizadas medidas relativas que relacionam o número de casos da doença ou agravo à saúde com a população ou grupo. Em geral, existem três medidas matemáticas básicas que podem ser utilizadas para expressar a relação entre o número de casos da doença ou agravo com a popula- ção ou grupo de origem: a razão,a proporção e a taxa (KLEINBAUM; KUPPER; MORGENSTERN, 1982). A razão é a simples divisão de uma quantidade pela outra e não há necessidade de relação em denominador e numerador. Indicadores e medidas epidemiológicas 22 Portanto, é um termo geral em que acaba por in- cluir outras medidas, como proporção, porcenta- gem e taxa. A medida matemática conhecida como proporção caracteriza-se como um tipo de razão em que há necessidade de relação entre o nume- rador e o denominador. A taxa é um tipo especial de razão, em que o denominador obrigatoriamente será composto por uma medida de tempo (HEN- NEKENS; BURING, 1987). Observa-se, na literatura médica, o termo taxa, bem como os termos coeficiente e índice, sendo usados de maneira sinônima e referindo-se tanto a razões como proporções, ou taxas propriamente ditas. Contudo, foi demonstrado que os três termos (razão, taxa e propor- ção) representam medidas distintas. Assim, é muito im- portante que fique bem claro para você a diferença entre cada um deles, para que não haja erros de interpretações em estudos epidemiológicos futuros que você for realizar. O uso de sinônimo não acontece apenas com as me- didas matemáticas citadas anteriormente. Isso também acontece com os termos indicador e índice, portanto, é necessário caracterizá-los. Indicador é uma medida que reflete uma característica ou aspecto particular, geral- mente não sujeitos à observação direta, ou seja, inclui apenas um aspecto relativo ao que se deseja medir. Um indicador de saúde tem como objetivo refletir a situação 23 EDUCAÇÃO FÍSICA de saúde de um sujeito ou de uma população, como a medida da pressão arterial, a avaliação do próprio esta- do de saúde, assim como o nível de atividade física. No âmbito populacional, os coeficientes de mortalidade são um dos exemplos de indicadores de saúde, os quais se- rão abordados mais adiante. Um índice, por sua vez, condensa em uma única medida diferentes dimensões do atributo de interesse. Os escores gerados por meio dos instrumentos para ava- liação da qualidade de vida relacionada à saúde, que en- globam múltiplos itens relacionados com uma ou mais dimensões, é um exemplo. Além deste, o índice de de- senvolvimento humano (IDH) também pode ser citado. MEDIDAS DE FREQUÊNCIA As medidas de frequência são definidas a partir de dois conceitos epidemiológicos fundamentais designados de prevalência e incidência. A prevalência expressa o número de casos existentes de uma determinada do- ença ou fator estudado em um determinado momento. Incidência refere-se à frequência com que novos casos de uma doença surgem dentro de um intervalo de tem- po (MEDRONHO, 2009). A relação entre prevalência e incidência varia entre as doenças ou agravos. Uma mesma doença ou agravo à saúde pode apresentar baixa incidência e alta preva- lência, como o caso do diabetes - ou alta incidência e baixa prevalência - como um resfriado comum. O res- friado ocorre mais frequentemente do que o diabetes, mas por um curto período de tempo, enquanto que o diabetes é menos frequente, porém demanda um longo período. Outras medidas muito utilizadas na área da epidemiologia e da saúde pública, como as de morta- lidade, letalidade e sobrevida, podem ser entendidas como variações do conceito de incidência. Entendere- mos um pouco mais sobre prevalência e incidência e mortalidade mais adiante. A expressão matemática das medidas de frequên- cia de doenças/agravos à saúde é diversa e depende do conceito epidemiológico subjacente, assim como de algumas características das populações a que se refere. Essas expressões podem ser apresentadas como frequ- ências absolutas ou relativas. As frequências relativas são as mais comuns, sendo fundamentais quando o objetivo do estudo é comparar frequências de ocorrência de pro- blemas de saúde entre duas populações ao longo de um mesmo período e/ou em uma mesma população, po- rém, em momentos diferentes. Independentemente da medida de frequência utilizada, é importante enfatizar que deve necessariamente estar referida às dimensões do espaço, da população e do tempo. A seguir, discutiremos sobre os conceitos das medi- das de frequência e os indicadores de saúde. 24 Prevalência Prevalência pode ser definida como a frequência de ca- sos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde, em uma determinada população e em um dado momento. Portanto, pode-se considerar que esta medi- da de frequência possibilita a determinação do número total de casos existentes, identificados como casos pre- valentes de uma doença ou agravo à saúde em um perí- odo de tempo e população específica, ou seja, trata-se do total de casos existentes, desconsiderando se são casos novos ou não. Diante disso, a prevalência é tratada como um indicador da magnitude da presença de uma doença ou agravo à saúde na população. Para que você possa entender melhor, podemos dizer que os casos prevalentes são aqueles indivíduos que ado- eceram ou obtiveram o agravo em algum momento do passado (casos antigos) conjuntamente com possíveis ca- sos “novos” (e que estão vivos quando é realizada a obser- vação). Então, podemos pensar no conceito de prevalên- cia como uma fotografia, na qual registramos a fração de indivíduos doentes ou com algum agravo à saúde, naquele instante de tempo. Consequentemente, é uma medida de frequência estática em relação ao processo dinâmico do adoecimento, pois os indivíduos componentes da amos- tra que se deseja estudar são observados uma única vez. 25 EDUCAÇÃO FÍSICA Os estudos de prevalência são os estudos descriti- vos populacionais mais propagados em epidemiologia, caracterizados como estudo transversal. Estes também permitem investigar associações entre fatores de risco e doença, porém é necessário frisar que este tipo de deline- amento não é o mais eficiente para se estudar causalida- de, mas assim podem ser classificados como analíticos. A taxa de prevalência pode ser estimada pela fór- mula: P = Número de pessoas com o evento de interesse (infecção, doença, agravo à saúde) População sob o risco de apresentar o evento de interesse em determinado período de tempo x 100 A população do numerador destina-se ao número de pessoas que durante a observação obteve ou já obtinha a doença ou agravo à saúde. A população apresentada no denominador, ou seja, àquela que está sob risco de adoecer, designa-se à população do estudo. É importante frisarmos que existem diferentes tipos de medidas de prevalência. O tipo citado anteriormente é conhecido como prevalência pontual. Portanto, todas as vezes que você observar o termo prevalência e ele não for especificado, faz-se, então, referência à medida deno- minada de prevalência pontual. A prevalência pontual, ou também chamada de prevalência instantânea, mede a frequência de uma doença ou problema de saúde em um dado instante de tempo. Essa é a medida mais utilizada nos estudos epidemiológicos seccionais ou transversais. A prevalência de uma doença ou agravo à saú- de é determinada pela sua incidência e duração, assim como pelos movimentos migratórios. Portanto, quanto mais elevada a incidência e/ou a duração da doença ou agravo, maior será a sua prevalência. Entretanto, uma alta taxa de incidência não implica necessariamente em altas proporções de prevalência, particularmente quan- do a duração do problema de saúde em questão é curta (SZKLO; NIETO, 2000). É o que acontece com algumas doenças infecciosas agudas, em que os pacientes acome- tidos evoluem para a cura ou óbito, em um curto perí- odo de tempo. Portanto, mesmo apresentando elevados níveis de incidência nos períodos epidêmicos, os casos de doenças como dengue se mantêm por pouco tempo e, assim, não podem ser devidamente detectados nos es- tudos de prevalência instantânea. Em contrapartida, altas proporções de prevalência podem se sobrepor a baixos níveis de incidência, quan- do a duração do agravo é longa, como as doençascrôni- cas degenerativas. Por exemplo, por mais que os casos novos de esclerose múltipla, que surgem a cada intervalo de tempo, sejam poucos, os pacientes podem sobreviver por um longo período, sendo possível identificá-los du- rante um estudo transversal. Incidência Do ponto de vista epidemiológico, há grande interesse em identificar especificamente quantos novos casos de uma doença ou agravo à saúde surgem em uma mesma população durante um período de tempo. Mais especi- ficamente, é importante conhecer quantos novos casos surgem de uma população que está em risco de sofrer uma determinada doença ou agravo à saúde, isso é, um indicador da velocidade de mudança do processo dinâ- mico de saúde e doença de uma população. Assim, inci- dência caracteriza-se como a frequência de casos novos de uma determinada doença ou agravo num determina- do período de tempo, advindos de uma população sob risco de adoecimento no início da observação. Portanto, trata-se da ocorrência do primeiro episódio da doença ou agravo à saúde em questão. Este caso é, necessaria- 26 mente, relacionado a doenças infecciosas que deman- dam imunidade permanente e de algumas doenças crô- nicas, como o diabetes mellitus (MEDRONHO, 2009). Em determinadas circunstâncias, pode-se computar múltiplas ocorrências de uma doença em uma mesma pessoa, ao longo de um intervalo de tempo. Esta me- dida é caracterizada como incidência total e pode ser utilizada em estudos de doenças agudas, na ausência de imunidade adquirida ou até mesmo na identificação de doenças não infecciosas, como o caso do infarto agudo do miocárdio (ROTHMAN; GREENLAND, 1998). A incidência de um agravo qualquer pode ser medi- da ou estimada por meio de maneiras diferentes. A mais simples é o número de casos incidentes, geralmente de- nominados incidência. Por exemplo, entre 1975 e 2016 foram notificados, aproximadamente, 124 milhões de crianças e adolescentes (de 5 a 19 anos) com obesidade ao redor do mundo (NCD RISK FACTOR COLLABO- RATION, 2017). Trata-se de uma medida adimensional, cujos valores possíveis variam de zero a infinito. Contu- do, o tamanho da população sob risco de adoecimento determina o limite máximo possível do número de ca- sos incidentes. Ainda assim, nota-se que a referência a uma população e período determinados se faz presente, mesmo que indiretamente, neste caso, o período de tem- po (1975 a 2016) e a população (população mundial de crianças e adolescentes). Devo esclarecer que, embora o cálculo da incidên- cia pareça ser simples – e você verá isso mais adiante – o número de casos incidentes, por si só, não permite comparações da incidência entre diferentes populações ou entre diferentes períodos. Os 124 milhões de jovens obesos no mundo notificados no mesmo período teriam um significado epidemiológico diferente se referidos à metade da população mundial; ou se referidos a um pe- ríodo mais curto, como entre 1975 e 2010. A taxa de incidência é a expressão da frequência com que surjam novos casos de uma doença ou agravo à saúde, por unidade de tempo e relacionada ao tamanho de uma determinada população em questão. Assim, ela é calculada como a razão entre o número de casos novos da doença ou agravo à saúde e o total de pessoa/tempo gerado a partir da população de estudo acompanhada. A taxa de incidência pode ser estimada pela fórmula: I = Número de casos novos da doença/agravo à saúde em uma população durante um intervalo de tempo Número de pessoas sucessíveis ao risco da doença/agravo à saúde durante o referido intervalo de tempo x 105 A taxa é expressa em relação a uma determinada quan- tidade de pessoas-ano de exposição ao risco de ado- ecimento, representada pela estimativa da população (geralmente residentes ou habitantes de determinadas cidades) e período em questão, assumida a premissa da estabilidade. Note que há uma multiplicação (x 105) na fórmula, a qual permite a inferência do resultado sobre a quantia de 100.000 habitantes. 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando deve-se usar a prevalência e quando deve-se usar a incidência? A escolha entre o uso da incidência ou prevalência de- pende de alguns fatores. Geralmente, quando tratamos de doenças agudas, pesquisas etiológicas, estudos de prognóstico (aqueles estudos que tratam de questões clí- nicas de um modo semelhante aos estudos de coorte em relação ao desfecho de doenças) ou análise da eficácia de ações terapêuticas e preventivas, a incidência é mais utilizada. Para doenças crônicas, como as cardiovascu- lares ou fatores de risco à saúde, a determinação da pre- valência é mais indicada. Por isso que dificilmente você verá estudos relatando a incidência da inatividade física, sedentarismo ou obesidade, por exemplo. A prevalência também é mais utilizada quando o assunto se refere ao planejamento e administração de serviços. Ilustrei uma representação gráfica para que você consiga observar a diferença entre as medidas de preva- lência e incidência. 28 01 de Janeiro 31 de Dezembro Legenda: Início da doença Duração da doença Término da doença População: 100 pacientes Casos incidentes: 6 Casos prevalentes: 11 Coe�ciente de incidência: 7 por 100 pacientes Coe�ciente de prevalência: 11 por 100 pacientes Figura 2 - Representação gráfica de casos da doença “X” (início, desenvolvimento e fim) de 01 de janeiro a 31 de dezembro em um grupo de 100 pacientes internados em um hospital “Y” / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: A Figura 2 é uma representação gráfica de um estudo hipotético sobre uma doença que foi analisada entre os dias 01 de janeiro a 31 de dezembro. Na data de 01 de janeiro, há uma linha na vertical representando o início do estudo; e em 31 de dezembro, há outra linha na vertical representando o final do estudo. Dentre essas duas linhas estão dispostas as pessoas que já tinham a doença ou que adquiriram a doença durante esse período, representando graficamente a diferença entre prevalência e incidência. 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Vamos observar a Figura 2. Nota-se que, no dia 01 de janeiro, cinco pacientes de uma mesma clínica hipotéti- ca tinha a doença “X”. Assim, a prevalência dessa doença “X”, no dia 01 de janeiro, é de 5/100, que é igual a 0,05. Esse valor também pode ser expresso em percentual, o qual representaria 5% do grupo de pacientes. Durante o período de 01 de janeiro a 31 de dezem- bro, ocorreram seis novos casos da doença/agravo. Con- siderando que entre os 100 pacientes da clínica, cinco já haviam desenvolvido a doença/agravo “X” no início do estudo, então, somente 95 estavam em risco de desenvol- ver a doença. Portanto, a incidência cumulativa da do- ença “X” nesse hospital deve ser calculada como sendo 5/95, que resultaria em 0,053, ou, 5,3% ao ano. INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM MEDIDAS DE MORTALIDADE A mortalidade pode ser caracterizada como um caso particular do conceito de incidência, quando o evento de interesse é a morte e não o adoecimento. Portanto, essa medida pode ser referida a um problema de saú- de específico, por exemplo o câncer de mama, ou a um grupo de problemas, como as doenças cardiovasculares. Quando relacionada a todas as causas, é denominada de mortalidade geral, diferente do termo letalidade, que se refere à uma medida de mortalidade restrita aos sujeitos que apresentam um determinado problema de saúde. A letalidade expressa a frequência de óbitos por uma doença ou agravo à saúde “x” entre os próprios indivíduos que apresentam essa determinada doença ou agravo à saúde “x”. CONCEITUANDO É importante que você entenda que a magni- tude da mortalidade por uma doença ou agra- vo à saúde em uma determinada população é dependente da letalidade e da incidência. Por exemplo, uma doença altamente letal, porém rara, apresentará baixa mortalidade. O mesmo fato ocorrerá caso a incidência seja alta, porém a letalidade baixa, e quando ambas forem baixas. Em contrapartida, quando a mortalidade é alta, a letalidadee a incidência também serão altas. EXPLORANDO IDEIAS 30 Semelhante à medida de frequência incidência, estu- dada anteriormente, a mortalidade pode ser medida por meio de taxas ou proporções. A interpretação da taxa e da proporção de mortalidade é parecida com as medidas de incidência. A diferença é que substi- tuímos o evento do adoecimento pela morte. Os indicadores de saúde baseados em dados sobre mortalidade são classificados em dois tipos (WHO, 1957): indicadores globais - como coefi- ciente geral de mortalidade, razão de mortalidade proporcional (ou índice de Swaroop e Uemura) e a esperança de vida ao nascer; e os específicos - como os coeficientes de mortalidade infantil e de mortali- dade por doenças transmissíveis. Primeiramente, serão apresentados os indicado- res baseados em medidas de frequência, no caso, o coeficiente geral de mortalidade, e aqueles baseados em informações relativas à causa da morte e à ida- de ou o período da vida em que o óbito ocorre. Em seguida, são apresentados os indicadores expressos segundo unidades de tempo de vida. Coeficiente Geral de Mortalidade O coeficiente geral de mortalidade, aqui denomina- do de “CGM”, também conhecido como taxa bruta de mortalidade, refere-se a toda uma população, ou seja, é o quociente entre o total de óbitos e a população de uma área, em um determinado período de tempo. A população no denominador do CGM é referida ao período em questão. É importante deixar claro que, aqui, há uma pressuposição que a distribuição de nascimentos, óbitos e migrações é homogênea. Ge- ralmente, o valor final resultante da equação é mul- tiplicado por 1.000. Assim, o CGM por uma doença/ agravo à saúde é estimado pela equação: CGM= 1.000M x P Em que: M representa o número de mortes; e P representa a quantidade de pessoas da população, durante o estudo. Vou te dar um exemplo, utilizando a equação anterior, para que você possa entender melhor o cálculo. Suponha que no ano de 2018 tenham sido registrados 900.000 óbitos em todo o Brasil e, em 1º de julho deste mesmo ano, a população brasilei- ra era constituída de 190.000.000. Considerando a equação anterior, o CGM relativo ao Brasil no ano de 2018 foi cerca de 4,7 óbitos por 1.000 habitantes. Assim, o CGM expressa o risco de morte na popu- lação brasileira em 2018: para cada 1.000 habitantes, cerca de 4,7 faleceram neste ano. Um dos benefícios de se utilizar o CGM é a pos- sibilidade de relacionar o nível de saúde de diferen- tes áreas no tempo, por meio de dados mais fide- dignos do que aqueles que compõem os coeficientes específicos, geralmente mais difíceis de serem ob- tidos. Esse fato é devido à facilidade do cálculo do CGM, requerendo apenas o conhecimento do nú- mero de óbitos ocorridos em uma população em um determinado ano, sem a necessidade de informações específicas adicionais, como o sexo ou a idade dos sujeitos falecidos ou, até mesmo, a causa da morte. É importante destacar que o CGM está sujeito a erros que podem incidir no seu numerador e/ou no seu denominador, subestimando ou superesti- mando os valores. No numerador, a subenumeração de óbitos, ou seja, valores abaixo do real, são encon- tradas frequentemente em áreas menos desenvol- vidas devido, principalmente, às falhas no registro de óbitos. Entre os anos de 1997 e 2001, por exem- 31 EDUCAÇÃO FÍSICA plo, estimou-se um subregistro de óbitos no Brasil em torno de 18%, chegando a 26% no Norte e 34% no Nordeste, ambas regiões menos desenvolvidas quando comparadas às outras do país (LAURENTI; MELLO; GOTLIEB, 2005). A subenumeração de óbitos pode estar relacio- nada a erros no registro de dados, como o local de residência, levando a uma evasão de mortes, os quais deixam de ser considerados no cômputo do CGM de suas respectivas populações de origem. Caso não corrigida, a subestimação de óbitos proporcionará a subestimação do CGM (RIPSA, 2002). Em contrapartida à evasão, é possível que haja uma invasão de óbitos erroneamente classificados como de residentes em uma determinada localidade. É o caso de localidades com maior oferta de serviços de saúde, pois tendem a atender a demanda da assis- tência médica provenientes de outras áreas. Esse fato possibilita a superestimação dos valores de CGM. Em relação ao denominador, a fonte principal de erro é decorrente das estimativas incorretas dos con- tingentes populacionais, principalmente nos perío- dos de anos censitários, ou seja, os anos em que são realizados censos a fim de obter informações de di- versos fatores sobre aquela determinada população. Esses erros se tornam ainda mais prováveis de ocor- rer quanto maiores forem as mudanças na dinâmica populacional, à medida que aumenta o tempo trans- corrido desde a realização do último censo. Quan- do os contingentes populacionais são subestimados, o CGM será superestimado. Em contrapartida, no caso das estimativas populacionais estiverem acima da realidade, o CGM será subestimado (LAUREN- TI; MELLO; GOTLIEB, 2005). Para quaisquer populações, é esperado que o va- lor do CGM varie entre 6 e 10 óbitos por mil habitan- tes (LAURENTI; MELLO; GOTLIEB, 2005). Caso os valores do CGM sejam inferiores a seis óbitos por 1.000 habitantes-ano, é necessário considerar a pou- ca fidedignidade dos dados coletados, especialmente a possibilidade de sub-registro de óbitos. Indicadores de Mortalidade segundo a Causa de Óbito Você já se perguntou como vem se comportando a mortalidade por infarto no Estado do Paraná nos últimos 20 anos? E sobre a frequência de óbi- tos causados pelas doenças coronarianas? Será que esta é homogênea nas diferentes regiões do Brasil? Do que se morre mais atualmente no país: de do- enças infecciosas ou cardiovasculares? As respostas a todas essas perguntas anteriores dependem das medidas de mortalidade segundo a causa, basean- do-se no conceito de causa morte, o qual é definido como aquelas doenças, estados mórbidos ou lesões que conduziram à morte e às circunstâncias do aci- Será que é possível comparar CGM’s em di- ferentes populações? Quando o uso do CGM for objetivando comparações, é necessário muito cautela na interpretação e divulgação dos resultados, uma vez que o seu valor é de- pendente da composição da população por idade, por sexo e por outras características relacionadas ao risco de morte. Além disso, a estrutura etária da população influi nos valores do CGM, portanto, este corresponde a uma média ponderada dos coeficientes específicos por faixas etárias, em que os fatores de ponde- ração correspondem às proporções de sujeitos em cada grupo etário, em relação à população geral. Assim, o CGM, em sua forma bruta, não deve ser empregado em comparações entre populações com faixas etárias diferentes. PENSANDO JUNTOS 32 dente ou da violência que produziu estas lesões (WHO, 1993). É importante identificar corretamente o conceito de causa de morte, pois a uniformização desta definição e da classificação das causas de morte são necessárias para fins comparativos das estatísticas de mortalidade. A mortalidade, pode ser analisada por meio de três maneiras distintas: por causa específica - por exemplo, hi- pertensão arterial; por agrupamento de causas afins - por exemplo, doenças isquêmicas do coração; e grandes agru- pamentos de causas, como doenças do aparelho cardiovas- cular (MEDRONHO, 2009). Você sabe como é feita a determinação da causa de morte? A causa básica é realizada a partir das informa- ções sobre as causas da morte registradas no atestado de óbito. Causa básica de morte é descrita como a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patoló- gicos que conduziram diretamente à morte. Ela também pode ser definida como as circunstâncias do acidente ou da violência que produziu a lesão fatal (WHO, 1993). As demais causas preenchidas pelo médico no atestado de óbito irão formar o conjunto das causas associadas. Principalmente para a área da saúde, como é o caso da Educação Física,é de extrema importância aplicar a me- todologia das causas múltiplas de morte, ou seja, analisar não apenas a mortalidade segundo a causa básica (morrer por uma doença ou agravo específico), mas também co- nhecer as complicações da causa básica e as causas asso- ciadas declaradas no atestado de óbito (morrer com uma doença). Isso é essencial, principalmente quando relacio- nado à análise das doenças crônicas não transmissíveis (LAURENTI; MELLO; GOTLIEB, 2004), uma vez que auxilia no desenvolvimento de pesquisas para possíveis ações relacionadas à melhoria no estilo e hábitos de vida. Além do número absoluto de óbitos, a mortalidade segundo a causa pode ser analisada a partir de frequên- cias relativas, como taxas e proporções. 33 EDUCAÇÃO FÍSICA Taxa de mortalidade por causa do óbito Mortalidade proporcional segundo a causa do óbito Mortalidade materna Mortalidade por causas mal definidas Indicadores de mortalidade por causa do óbito Figura 3 - Exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito / Fonte: a autora. Mortalidade segundo a Idade e os Períodos da Vida Os indicadores específicos por idade ou relativos a determinados períodos da vida são os mais conhecidos indicadores de mortalidade e considerados mais importantes no quesito de comparabilidade internacional. Descrição da Imagem: A figura 3 apresenta os exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito. Dentre elas estão a taxa de mortalidade por causa do óbito, mortalidade materna, mortalidade por causas mal definidas e mortalidade proporcional segundo a causa do óbito. 34 Mortalidade infantil Mortalidade fetal Mortalidade perinatal Mortalidade em menores de cinco anos de idade Mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade Mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Figura 4 - Exemplos de indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: A imagem da figura 4 apresenta os indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida. São cinco indicadores: mortalidade infantil, mortalidade fetal, mortalidade perinatal, mortalidade em menores de cinco anos de idade e mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade. 35 EDUCAÇÃO FÍSICA Basicamente, a mortalidade infantil se refere aos óbitos ocorridos ao longo do primeiro ano de vida, antes mes- mo da criança completar 1 ano de idade. Geralmente, a mortalidade infantil é medida por meio da taxa de mor- talidade infantil. Contudo, ela também pode ser avaliada pela proporção de óbitos de menores de um ano de vida, com relação ao total de óbitos registrados em uma deter- minada área e período. A mortalidade fetal é caracterizada pela inexistência de qualquer sinal de vida, seja respiração, pulsação do cordão umbilical, batimentos cardíacos ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária (WHO, 1995). A mortalidade perinatal se destina a um indicador de saúde materno-infantil. Esse indicador possibilita a identificação das condições de saúde reprodutiva e da qualidade da assistência pré-natal, parto e neonatal (FONSECA; COUTINHO, 2004). A taxa de mortalidade é caracterizada como a razão entre o número de óbitos em menores de cinco anos de idade e o total de nascidos vivos. Essa taxa é relati- vamente recente e foi criada basicamente porque, até o início da década de 80, a mortalidade de crianças de 0 a 4 anos de idade vinha sendo expressa pela mortalidade infantil e a mortalidade de 1 a 4 anos. Entretanto, existia diferença entre os denominadores (nascidos vivos para a mortalidade infantil e população de 1 a 4 anos de idade para a mortalidade de 1 a 4 anos). Por fim, a mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade, também conhecida como razão de mor- talidade proporcional, destina-se à proporção de óbitos de indivíduos com idade igual ou maior que 50 anos, em relação ao total de óbitos. Por exemplo, se a taxa de mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade for igual a 80%, significa dizer que quatro em cada cinco óbitos ocorridos foram de sujeitos com idade igual ou maior que 50 anos. Indicadores baseados em medidas de tempo de vida Os indicadores expressos até aqui abrangem a dimensão da frequência com que ocorrem os óbitos. Um outro con- junto de medidas incorpora, além da dimensão da frequ- ência, a do tempo de vida. Assim, para esses indicadores, a idade em que as mortes ocorrem é o fator principal. Dois indicadores baseados em medidas do tempo de vida são amplamente utilizados em estudos epide- miológicos relacionados à saúde: a expectativa de vida e os anos potenciais de vida perdidos. O primeiro des- tina-se à medida do número esperado de anos a serem vividos, em média, pelos sujeitos que compõem uma de- terminada população. Esse indicador é amplamente re- conhecido como um bom indicativo de saúde. O segun- do, nomeado como anos potenciais de vida perdidos, expressa o efeito das mortes ocorridas precocemente em relação à duração esperada da vida. Tem como objeti- vo, permitir a comparação da importância relativa das diferentes causas de óbitos (ROMEDER; McWHINNIE, 1988), subsidiando a definição de prioridades no âmbito da saúde pública. INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM MEDIDAS DE MORBIDADE A morbidade pode ser definida como qualquer afasta- mento de um estado de bem-estar psicológico ou fisio- lógico, averiguado de forma subjetiva ou direta (LAST, 1988). Portanto, ela identifica as causas que determinam o adoecer. Assim, as pesquisas sobre os dados de morbi- dade são fundamentais para as análises de causa/efeito das doenças (FRANCO LAÉRCIO; COSTA, 2011). Quando relacionado ao nível do organismo, o con- ceito de doença diz respeito a uma disfunção de natu- 36 reza fisiológica ou psicológica (FORATTINI, 1992) e é caracterizada por ao menos dois dos três critérios a se- guir: um agente etiológico reconhecido, um conjunto de sinais e sintomas, e alterações anatômicas consistentes (PEREIRA, 1995). Quando relacionamos morbidade ao nível indivi- dual, o conceito passa a ser voltado à enfermidade, rela- tivo à percepção da anormalidade no estado de saúde do próprio indivíduo. A enfermidade é caracterizada por queixas, pelo incômodo ou sofrimento, físico ou mental, ou por qualquer outro motivo que faça com o que sujei- to se preocupe com a saúde. Em âmbito social, o entendimento de morbidade é expressado pelas atitudes e comportamentos assumidos pelos sujeitos ao se perceberem doentes ou enfermos. As- sim, a morbidade neste campo corresponde ao conceito de anormalidade e é medida por fatores de ordem cultural, re- lacionados aos juízos de valor próprios de cada sociedade ou grupo social. Um exemplo é a pessoa se afastar do tra- balho devido a um problema de saúde, havendo uma mu- dança relacionada a um papel social da pessoa acometida. Identificando os três níveis citados anteriormente, entende-se que a expressão da morbidade pode se dar por meio das suas diferentes dimensões (organismo, in- dividual e social) simultaneamente, ou de forma sepa- rada. Para que você entenda melhor: uma pessoa pode estar doente, mais ainda na fase pré-clínica da história natural da doença e, assim, não se sentir enferma e nem expressar qualquer anormalidade. Em contrapartida, um sujeito pode manifestar incômodo sem que seja diagnosticada qualquer doença. Ademais, mesmo do- ente e enfermo, o indivíduo pode não manifestar cer- tos comportamentos sociais esperados, mantendo, por exemplo, suas atividades laborais inalteradas. O conceito mais genérico de morbidade e comu- mente utilizado em epidemiologia é a medida da fre- quência de determinada doença/agravo à saúde, inde- pendentemente de sua evolução, ou seja, cura, morte ou periodicidade da doença (FORATTINI, 1992). Portanto, observa-se que a mortalidade é incluída na definição de morbidade. Assim, os estudos da morbidade, a partir de dados sobre mortalidade, acabam por ser incompletos e parciais(com exclusão daqueles casos de doenças/agra- vos altamente letais). Considerando que os indicadores de saúde baseados em medidas de mortalidade foram apresentados anteriormente neste capítulo, falaremos nesta seção sobre indicadores de morbidade referentes aos problemas de saúde não fatais e suas consequências, particularmente, relacionados à atividade física. Os indicadores de morbidade consistem essencial- mente em medidas de prevalência e incidência, já des- critas anteriormente neste capítulo. Contudo, recente- mente, os indicadores baseados em medidas do tempo vida (utilizados em análise de mortalidade) fazem parte das diferentes dimensões do conceito de morbidade. Os indicadores de morbidade são utilizados para comparações que envolvem diferentes populações e/ ou períodos, expressando a magnitude da ocorrência de doenças/agravos nas populações e servindo para a ava- liação de programas e serviços de saúde. Indicadores para avaliação das consequências de problemas de saúde não fatais Considerando a crescente tendência a problemas de saú- de de natureza crônica, as pesquisas têm voltado à aten- ção para o desenvolvimento de estudos referente ao fato. Assim, vários modelos teóricos serviram como referência para a concepção de indicadores que avaliassem as conse- quências dos problemas de saúde não fatais, destacando-se o modelo biomédico, o modelo da OMS, o modelo utilita- rista e o da qualidade de vida (COSTA, 2006). Segue um infográfico de alguns indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais. 37 EDUCAÇÃO FÍSICA MODELO BIOMÉDICO Restringe a aspectos anatômicos, bioquímicos e fisiológicos, baseando-se em diagnósticos. MODELO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE Condições decorrentes da doença descritas como sequência linear: doença > deficiência > incapacidade > desvantagem. MODELO UTILITARISTA Voltado para análises de custo-efetividade e custo-utilidade, aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde. MODELO DE QUALIDADE DE VIDA Expressam as preferências pelo tempo vivido em cada estado de saúde, servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde. INDICADORES VOLTADOS PARA A AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DOS PROBLEMAS DE SAÚDE NÃO-FATAIS Figura 5 - Exemplos de indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: A imagem da figura 5 apresenta os indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais. Da esquerda para a direita, aparece o modelo biomédico que restringe a aspectos anatômicos, bioquímicos e fisiológicos, baseando-se em diagnósticos. O segundo é o modelo da Organização Mundial da Saúde com condições decorrentes da doença descritas como sequência linear: doença - deficiência - incapacidade - desvantagem. O terceiro é o modelo utilitarista que é voltado para análises de custo-efetividade e custo-utilidade, aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde. E por último o modelo de qualidade de vida que expressam as preferências pelo tempo vivido em cada estado de saúde, servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde. Focaremos, nesta seção, na medida de avaliação de- nominada qualidade de vida, considerando que esta é uma medida muito utilizada nos estudos relacionados à Educação Física. Conceituar a qualidade de vida é algo complexo, uma vez que a expressão apresenta vários sig- nificados e envolve conhecimentos, valores, percepções e experiências diversas. Saúde, bem-estar e nível funcional são termos ge- ralmente utilizados como sinônimos de qualidade de vida (OLIVEIRA, 2004). Um conceito amplo e muito utilizado é o da Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995), que afirma que a qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre a sua própria posição na vida, rela- cionada ao âmbito cultural de vivência e em relação aos objetivos e expectativas próprias. O conceito de quali- dade de vida relacionado à saúde, para Patrick e Erick- son (1993), relaciona-se ao valor atribuído à duração da vida, modificado em função de deficiências, percepções, 38 estados funcionais e oportunidades sociais, os quais são influenciados pela ocorrência de doenças, agravos, intervenções ou políticas públicas. Portanto, o termo qualidade de vida se refere ao impacto do estado de saú- de na função ou na habilidade do sujeito e à percepção de bem-estar nos domínios físicos, mentais e sociais da vida (OLIVEIRA, 2004). A mensuração dos níveis de qualidade de vida rela- cionada à saúde é realizada por meio de instrumentos que abrangem diferentes dimensões ou domínios, com- postos por uma quantidade variada de itens. As respos- tas relacionadas a essas questões geram escores que po- dem ser considerados globais ou específicos para cada domínio, resultando em índices agregados ou perfis de qualidade de vida relacionada à saúde. Os domínios primários da qualidade de vida rela- cionada à saúde são os da atividade física, atividade psi- cológica, atividade social, grau de satisfação com a vida ou bem-estar e a percepção do estado de saúde. Domí- nios secundários, ou adicionais, acabam por ser consi- derados de acordo com o objetivo do estudo, incluindo entre outros fatores, a atividade sexual, o sono, a identifi- cação de sintomas, fatores relacionados à religiosidade e espiritualidade (OLIVEIRA, 2004). O Quadro 1 mostra os domínios e respectivas face- tas abordados no instrumento de avaliação da qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL - World Health Organization Quality of life) na versão abreviada (WHOQOL - Bref), desenvolvido para ava- liação da qualidade de vida em diferentes contextos so- cioculturais. É importante frisar que, para cada domínio abordado no instrumento, os escores mais baixos repre- sentam as avaliações menos favoráveis da qualidade de vida, ou seja, quanto mais baixo o escore, menor será a avaliação dada para aquele domínio. Domínios Facetas Físico • Dor e desconforto • Energia e fadiga • Sono e repouso • Mobilidade • Atividades da vida cotidiana • Dependência de medicação ou de tratamentos • Capacidade de trabalho Psicológico • Sentimentos positivos • Pensar, aprender, memória e concentração • Autoestima • Imagem corporal e aparência • Sentimentos negativos • Espiritualidade/religião/crenças pessoais Descrição de quadro: O Quadro 1 representa os domínios e facetas incluídos no instrumento WHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida. São 4 domínios e 4 facetas. O domínio físico é representado por dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho. O domínio psicológico apresenta sentimentos positivos, pensar, aprender, memória e concentração, autoestima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos, espiritualidade/religião/crenças pessoais. O domínio das relações sociais é representado por relações pessoais, suporte (apoio) social e atividade sexual. E por último segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidades de adquirir novas informações e ha- bilidades, participação em, e oportunidades de recreação/lazer, ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) e transporte que são representados pelo domínio do meio ambiente. 39 EDUCAÇÃO FÍSICA Relações sociais • Relações pessoais • Suporte (apoio) social • Atividade sexual Meio ambiente • Segurança física e proteção • Ambiente no lar • Recursos financeiros • Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade • Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades • Participação em, e oportunidades de recreação/lazer • Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) • Transporte Quadro 1 - Domínios e facetas incluídos no instrumentoWHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida Fonte: Moreno et al. (2003, p. 2587). O WHOQOL-100 (versão inicial) é um instrumento de avaliação da qualidade de vida criado pela Or- ganização Mundial da Saúde, em que consiste em 100 perguntas referentes a seis domínios, físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade/religiosidade/ crenças pessoais. A necessidade de um instrumento mais curto, mas que preservasse as características satisfatórias, fez com que o grupo de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-Bref. Para você ter acesso a ambos instrumentos, basta acessar o site https://www.ufrgs.br/qualidep/qualidade-de-vida/projeto-whoqol-100 CONECTE-SE É importante que o desenvolvimento de instrumentos para avaliação da qualidade de vida seja muito crite- rioso, focando nos diferentes aspectos relacionados à validade da aferição da qualidade de vida. Igualmente, a adaptação transcultural destes instrumentos requer o desenvolvimento de estudos específicos, baseando- -se em rígidos protocolos de investigação (REICHE- NHEIM; MORAES, 2002). Ambos modelos, o biomédico e o da Organização Mundial da Saúde, descritos na Figura 5, particularmen- te em sua versão inicial baseada na Classificação Inter- nacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens - CIDID (WHO, 1980), caracterizam-se pelo enfoque de aspectos negativos relacionados às consequências dos problemas de saúde não fatais. Os outros modelos, por sua vez, permitem abordagens dos aspectos tanto positi- vos como negativos do conceito de saúde. Indicadores para avaliação das limitações e restrições da atividade física Analisar a dimensão da atividade física é fundamental na avaliação das consequências dos agravos e doenças crônicas. Isso porque é crescente a tendência ao envelhe- cimento populacional e à falta de movimentação física, extremamente prejudicial à saúde. Assim, cresce grada- 40 tivamente o desenvolvimento de pesquisas e estudos ba- seados em medidas de disfunção ou incapacidade física. Os primeiros indicadores de deficiências físicas fo- ram baseados em medidas geradas a partir de avaliações clínicas padronizadas. Assim, dois fatos impulsionaram o desenvolvimento de medidas para avaliação de inca- pacidades funcionais, primeiro o fato de as deficiências não apresentarem relação clara com as necessidades de saúde. Segundo pela importância progressiva dada à independência funcional de pacientes que são de pro- gramas de reabilitação. Diante disso, os métodos de ava- liação passaram a incorporar as atividades passíveis de desenvolvimento por uma pessoa, considerando a sua capacidade física. As escalas de avaliação das atividades diárias da vida e das atividades instrumentais diárias da vida são exemplos desses métodos. As atividades da vida diária caracterizam-se pelos cuidados pessoais, como alimentar-se, vestir-se, tomar banho, movimentar-se em casa (SADANA, 2002), ou seja, aquelas em que a execução depende da habilidade física e cognitiva da pessoa. As atividades instrumentais da vida diária acabam por ser um segmento das ativida- des da vida diária, incluindo, assim, além das habilidades físicas, a avaliação da (re)integração dos sujeitos acome- tidos ao meio social. As escalas de avaliação das atividades instrumentais da vida diária permitiram a avaliação de incapacidades consideradas de baixo grau, geralmente encontradas na população em geral. Para que você consiga entender me- lhor, as atividades instrumentais da vida diária tem foco na habilidade da pessoa, ou seja, habilidades complexas necessárias para se viver de maneira independente, isso envolve o viver em seu próprio meio, compreendendo as limitações que existem no quesito, por exemplo, de co- zinhar, fazer os trabalhos domésticos, tomar remédios, cozinhar e fazer compras (COSTA, 2006). Existem alguns indicadores que podem ser baseados nas escalas das atividades da vida diária ou nas escalas das atividades instrumentais da vida diária. Um exemplo são as medidas de prevalência de incapacidade de desenvol- ver ao menos uma das atividades avaliadas, um tipo de indicador muito utilizado em estudos de base populacio- nal sobre avaliação funcional de idosos (PATRICK; ERI- CKSON, 1993). Outros tipos de indicadores são aqueles baseados em medidas genéricas de limitações e restrições das atividades (BARBOTTE et al., 2001). Entende-se por limitações das atividades a redução por longo prazo da capacidade de uma pessoa desenvolver as atividades espe- radas para os sujeitos da mesma faixa etária, ou seja, os papéis sociais ou atividades princi- pais. O conceito das restrições das atividades, refere-se à redução das atividades abaixo da capacidade de um sujeito, em um prazo rela- tivamente curto (PATRICK; ERICKSON, 1993). CONCEITUANDO 41 considerações finais Prezado(a) aluno(a), concluímos aqui a sua primeira jornada ao universo da epidemiologia da atividade física. Se realizarmos um breve resgate dos conteúdos abordados, você notará que nossa primeira conversa se referiu à contextualização histórica da epidemiologia. Pode- mos entender como se deu a inserção da epidemiologia por meio das primeiras pesquisas realizadas. Neste contexto, vimos que os estudos de John Snow, William Farr e Louis René Villermé contribuíram grandemente para o campo epidemiológico. Podemos ainda entender e discutir sobre o conceito da epidemiologia e a relação desta com a saúde e, assim, consequentemente, com a atividade física. Vimos que essa relação se deu devido às pesquisas que identificaram o sedentarismo como um fator determinante para o desenvolvimento de doenças e agravos à saúde. Você pôde ler também sobre a transição epidemiológica, caracterizada pela inversão das causas de morte, em que anteriormente as pessoas vinham a óbito por doenças infecciosas e, então, começaram a adoecer por doenças de caráter cardiovascular. Para finalizar o conteúdo, foi abordado sobre os indicadores e medidas de frequência. Estudamos sobre os conceitos de prevalência e incidência e quando devemos utilizar cada uma destas. Você pôde notar que se trata de conceitos diferentes, em que prevalência se destina à frequência de casos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde, e incidência são os casos novos que surgem dessa determinada doença. Referente aos indicadores de saúde, vimos que estes podem ser baseados em duas vertentes. A primeira foi sobre os indicadores de saúde baseados em medidas de mortalidade. A segunda foi sobre os indicadores de saúde baseados em medidas de morbidade. Você percebeu que existem diferentes indicadores e que estes podem fornecer infor- mações distintas, mas que, muitas vezes, complementam-se entre si. Portanto, com essas considerações, encerramos este nosso primeiro encontro. Até o próximo! 42 atividades de estudo 1. Suponha que em 01/01/2019 existiam 2.700 casos de câncer de mama em trata- mento na cidade de Maringá, no estado do Paraná. Durante o passar do ano, fo- ram notificados 960 casos novos de câncer, e 830 pacientes obtiveram alta por cura. Todos os pacientes foram tratados por meio do tratamento aqui nomeado como “x”, que teve duração de seis meses. A população residente em Maringá, no ano de 2019, era de cerca de 450.000 habitantes. Considerando as informações, calcule a prevalência de câncer de mama no início e no final de 2019 e a taxa de incidência de câncer de mama em 2019 na referida cidade. 2. A epidemiologia é uma área da ciência que estuda o processo saúde-doença na população humana, analisando a distribuição e os fatores que determinam a enfermidade. Considerando o exposto, assinale (V) para as afirmativas ver- dadeiras e (F) para as falsas. ( ) A epidemiologia se baseia nos fatores clínicos individuais do processo de saúde. ( ) Por meio dos estudos epidemiológicos, é possível prevenir, controlar e, poste- riormente,
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