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Epidemiologia Unicesumar

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Prévia do material em texto

PROFESSORES
Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco
Dr. Diego Augusto Santos Silva
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
EPIDEMIOLOGIA NA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3254
2 
 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD 
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente 
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, 
Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie 
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria 
Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki 
Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Lucas Pinna Silveira Lima, Designer Educacional Rossana Costa Giani, Revisão Textual Cintia Prezoto 
Ferreira, Ilustração André Azevedo, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
SILVA, Diego Augusto Santos; BRUSCO, Eliane Cristina de Andrade 
Gonçalves.
 Epidemiologia na Educação Física. Diego Augusto Santos Silva; Eliane 
Cristina de Andrade Gonçalves Brusco.
 Maringá - PR.:Unicesumar, 2021.
 202 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1.Epidemiologia 2.Educação 3.Física EaD. I. Título.
ISBN 978-65-5615-226-4 CDD - 22ª Ed. 614.4
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por: 
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não somente 
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima 
de tudo, para gerar uma conversão integral das 
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: 
intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e 
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, 
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. 
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de 
excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos 
entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduaçãoLeonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autores
Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco
Doutora e Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Ca-
tarina - UFSC. Especialista em Anatomia e Histologia Humana e graduada em 
Educação Física, ambas pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Atual-
mente, é Professora no Centro Universitário de Maringá - Unicesumar (Educa-
ção a Distância). Revisora de diferentes periódicos nacionais e internacionais. 
Tem experiência na área de Educação Física e Saúde Pública, com ênfase em 
cineantropometria e atividade física e saúde, atuando, principalmente, no tema 
relacionado a fatores de risco à saúde.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/4282923137916528>.
Dr. Diego Augusto Santos Silva
Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe. Mestrado 
e Doutorado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina. 
Pós-Doutorado no Children’s Hospital of Eastern Ontario Research Institute, 
Department of Pediatrics, University of Ottawa, Canadá. Professor Visitante 
no Children’s Hospital of Eastern Ontario Research Institute, Department of 
Pediatrics, University of Ottawa, Canadá. Professor Visitante no Departamento 
de Saúde Pública e Doenças Infecciosas da Sapienza University of Roma, Itália. 
Servidor público federal no cargo de Professor Associado, lotado no Departa-
mento de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Professor 
Permanente (orientador de mestrado, doutorado e supervisor de pós-doutorado) 
do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de 
Santa Catarina. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/8188066843033561
apresentação do material
Epidemiologia na Educação Física
Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco e Dr. Diego Augusto Santos Silva
Olá discente, seja bem-vindo(a) a nossa jornada acadêmica sobre a Epidemiologia 
na Atividade Física. É um prazer imenso ter você aqui! Esta obra foi escrita com 
muito carinho, reunindo e apresentando os principais conteúdos que abrangem 
a epidemiologia e a relação que ela tem com a atividade física. Você acha mesmo 
que a Epidemiologia se relaciona com a Atividade Física? Já parou para pensar 
nisso? Se a resposta for “sim”, de qual maneira será que isso acontece? Como 
você acha que a atividade física pode contribuir com os dados epidemiológicos? 
Para responder a todos esses questionamentos, dividimos esta obra em cinco 
unidades, as quais abrangem desde o conceito tradicional de Epidemiologia, até 
como o profissional de Educação Física deve atuar no âmbito da saúde pública. 
Portanto, em um primeiro momento, abordaremos temas como a história da 
Epidemiologia, os conceitos de Epidemiologia que encontramos na literatura, o 
conceito de saúde, os indicadores de saúde e as medidas epidemiológicas que 
nos proporcionam avaliar as doenças e agravos à saúde da população. Após 
você ter aprendido sobre essas temáticas, abordaremos sobre os padrões de 
adoecimento da população. Então, você fará uma viagem ao passado e conhecerá 
os tipos de transições, demográfica e epidemiológica, que a sociedade passou 
e, digamos que ainda passa atualmente. 
Você perceberá que esses processos possibilitaram o aparecimento de 
doenças e agravos à saúde, como o caso da inatividade física, agravo que tam-
bém será discutido, apresentando os padrões da prática de atividade física 
no mundo. Em um terceiro momento, você será direcionado a conhecer as 
evidências científicas que permeiam os estudos de associação entre atividade 
física e diferentes marcadores de saúde. Isso te proporcionará entender que a 
atividade física, de fato, auxilia na prevenção e na promoção de saúde. Inclusive, 
nesta mesma unidade, apresentaremos os Programas de Promoção da atividade 
física em saúde pública. 
Após você ter acesso a esse conteúdo, abordaremos um pouco sobre a his-
tória do nosso sistema de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), destacando 
seus princípios e diretrizes. Além disso, discutiremos sobre o Núcleo de Apoio 
à Saúde da Família, a Estratégia Saúde da Família e a Atenção em Saúde. Você 
apresentação do material
verá quão amplo este assunto é! Para finalizar nossa jornada acadêmica, espe-
cificaremos a abordagem sobre a Atenção Primária à Saúde, abrangendo seus 
conceitos e diretrizes, bem como a Política Nacional de Promoção da Saúde. 
Aqui, de fato, você sairá sabendo a diferença entre a prevenção e a promoção 
da saúde (assim eu espero!). 
Ainda, conhecerá sobre a atuação dos profissionais na promoção da saúde, 
especialmente o profissional de Educação Física, destacando a necessidade de 
uma formação continuada para garantir saúde e bem-estar para toda a popu-
lação. Eu desejo que sua jornada seja leve, dinâmica e repleta de novos saberes 
e conhecimentos. Divirta-se! Bons estudos!
Bons estudos!
sumário
UNIDADE I
INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMIOLÓGICAS: PREVA-
LÊNCIA, INCIDÊNCIA, MORBIDADE E MORTALIDADE
14 Breve história do 
surgimento da epidemiologia
19 Epidemiologia, 
atividade física e saúde
21 Indicadores e medidas 
epidemiológicas
UNIDADE II
PADRÕES DE ADOECIMENTO
DA POPULAÇÃO
54 Padrões de adoecimento 
da população
69 Atividade física: definições e 
padrões na população
UNIDADE III
ATIVIDADE FÍSICA, PROGRAMAS
EM SAÚDE PÚBLICA E
MARCADORES DE SAÚDE
90 Relação da atividade física 
com marcadores de saúde
94 Atividade física e todas as causas 
de mortalidade na população
112 Programas de promoção da 
atividade física em saúde pública
UNIDADE IV
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
130 Uma breve história 
dos serviços de saúde
135 Sistema Único 
de Saúde (SUS)
142 Núcleo Ampliado de 
Saúde da Família (NASF-AB)
UNIDADE V
PROMOÇÃO DA SAÚDE E
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL
DE EDUCAÇÃO FÍSICA
160 Atenção primária à saúde: 
prevenção e promoção da saúde
170 Política Nacional de 
Promoção da Saúde
174 Atuação do profissional na 
Promoção da Saúde
Professora Dra. Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Breve história do surgimento da Epidemiologia
• Epidemiologia, atividade física e saúde
• Indicadores e Medidas epidemiológicas
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da epidemiologia. 
• Discutir sobre os conceitos da epidemiologia, da atividade física, da saúde e 
a relação entre essas.
• Apresentar os indicadores e medidas de frequência.
INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMI-
OLÓGICAS: PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA, 
MORBIDADE E MORTALIDADE
unidade 
I
INTRODUÇÃO
O
lá caro (a) aluno(a), espero que você esteja bem e preparado 
para iniciarmos nossos estudos que irão abordar este primei-
ro ensaio. Esta unidade será dividida em três tópicos, os quais 
tratarão sobre a história da epidemiologia, a relação entre a 
epidemiologia e o conceito de saúde e atividade física e os indicadores e 
medidas epidemiológicas existentes. 
Desta forma, primeiramente, será resgatado, de forma sucinta, o sur-
gimento da epidemiologia, apresentando os relatos históricos e os estudos 
que permearam a difusão das pesquisas epidemiológicas. Nesse sentido, 
veremos quem foram os pioneiros e quais foram as pesquisas mais im-
portantes neste campo. Na sequência, conheceremos sobre os conceitos 
referentes à epidemiologia. 
Você notará que o conceito de epidemiologia pode abranger um 
grande campo. Além disso, aprofundaremos um pouco sobre a relação 
que existe entre epidemiologia e atividade física. Assim, poderemos com-
preender as características de cada uma e como elas caminham juntas. 
Após, serão apresentados os indicadores e medidas de frequência. 
Você notará que este tópico será dividido em vários outros, isso por-
que você poderá conhecer especificamente as medidas de frequência co-
nhecidas como prevalência e incidência, bem como quando você deverá 
utilizar cada uma delas.Além disso, você poderá ler sobre os diferentes indicadores de saú-
de e notará que eles podem ser embasados em indicadores de saúde de 
mortalidade e indicadores de saúde de morbidade, encerrando, assim, 
o nosso primeiro tópico. Todos os fatores abordados nesta unidade nos 
darão subsídios para os nossos próximos encontros. Não deixe de fazer 
suas anotações, destacando os pontos primordiais. Desejo bons estudos!
14 
 
Breve história do 
surgimento da epidemiologia
 15
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
perceber que a maioria das vezes que o termo “doença” 
for mencionado, ele estará acompanhado de “agravo à 
saúde”, porque não necessariamente a epidemiologia 
trata apenas das doenças, mas também de agravos à 
saúde, como o caso da inatividade física.
A área de atuação da epidemiologia é sempre des-
tinada à população humana, ou seja, os estudos epide-
miológicos são realizados com indivíduos, que podem 
ser definidos em termos sociodemográficos. Assim, ge-
ralmente a população de um estudo epidemiológico é 
determinada pela área ou país em um certo período de 
tempo. Isso forma a base para a definição de subgrupo 
que constituirá o estudo, separados por sexo, faixa etária, 
etnia ou outros fatores. É importante frisar que as estru-
turas populacionais variam conforme a área geográfica e 
o tempo. Isso deve ser levado em consideração nas análi-
ses epidemiológicas, por exemplo: um grupo de pessoas 
sedentárias ou um grupo de atletas pode constituir uma 
unidade de estudo. 
Diferentemente da clínica que estuda o processo 
saúde-doença nos sujeitos que objetiva especificamente 
o tratamento e a cura de casos isolados, a epidemiologia 
se preocupa com o processo de ocorrência de doenças, 
mortes, quaisquer outros agravos e situações de risco à 
saúde, seja propriamente na comunidade, ou em grupos 
dessa, com a finalidade de propor estratégias que melho-
rem o nível de saúde das pessoas que compõem essa co-
munidade. Para você entender a diferença entre o diag-
nóstico clínico, ou seja, especificamente o atendimento 
de casos isolados, e o diagnóstico comunitário de saúde 
(aquele que possibilita o conhecimento do processo saú-
de-doença na comunidade), analise a Figura 1, a seguir:
Antes de aprendermos sobre os indicadores e tipos de 
medidas epidemiológicas mais utilizadas, é importante 
que saibamos, de fato, o que é, onde nasceu e como se 
fundamentou a epidemiologia. Ela está relacionada ao 
estudo da distribuição das doenças nas populações e dos 
fatores que influenciam ou determinam essa distribui-
ção, passando por três eixos fundamentais e associados: 
a Clínica, a Estatística e a Medicina Social. Portanto, a 
epidemiologia parte do pressuposto de que as doenças, 
as moléstias ou até mesmo a ausência de doença não 
ocorrem ao acaso em uma população. O que determina 
as doenças ou agravos à saúde podem estar lincados a 
fatores genéticos, resultantes de exposição a perigos am-
bientais, a exposição a algumas atividades de trabalho 
ou atividades cotidianas e até mesmo pela forma como a 
sociedade se organiza.
A epidemiologia foi definida por Last (2001) como 
o estudo da distribuição e dos determinantes de eventos 
ou estados relacionados à saúde em populações espe-
cíficas e sua aplicação na prevenção e no controle dos 
problemas de saúde. Portanto, ela é uma ciência que 
estuda o processo saúde-doença na população huma-
na, analisando a distribuição e os fatores determinantes 
das enfermidades, danos à saúde e eventos associados 
à saúde coletiva, propondo medidas específicas de pre-
venção, controle e erradicação da doença e fornecendo 
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, à 
administração e à avaliação das ações de saúde (ROU-
QUAYROL; SILVA, 2013). 
Isso demonstra a inter-relação da epidemiologia, 
não apenas com o estado de doença ou morte, mas 
também com a melhoria dos indicadores de saúde e 
a maneira de como promover saúde. Assim, você irá 
16 
 
Figura 1 - Diferenças entre diagnóstico clínico e diagnóstico comunitário / Fonte: adaptada de Vaughan e Morrow ((1992, p. 184).
Descrição da Imagem: A Figura 1 é composta por um quadro que consta a diferença das características de um diagnóstico clínico para um diagnós-
tico comunitário, como objetivos, informações necessárias, tipo de diagnóstico, plano de ações e avaliação. A primeira linha do quadro possui duas 
imagens. A imagem da coluna esquerda é composta por um médico em atendimento individual ao paciente. Nessa coluna, apresenta o diagnóstico 
clínico. Tem como objetivo curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo (prevenção da saúde), as informações necessárias deste diagnóstico são 
histórico clínico, exames físicos e exames complementares. O tipo de diagnóstico é individual. Tem o tratamento e/ou a reabilitação como plano de 
ações e, por último, a avaliação, que é o acompanhamento clínico (melhora da saúde/cura da doença ou agravo).
A coluna da direita apresenta uma imagem que consta várias pessoas, demonstrando ser uma comunidade. Nessa coluna está o diagnóstico co-
munitário. Tem como objetivo melhorar o nível da saúde da comunidade (promoção da saúde). Dados gerais sobre a população, doenças/agravos 
à saúde existentes, casos de morte e serviços de saúde são as informações necessárias desse diagnóstico. Como o nome já diz, é um diagnóstico 
comunitário. O plano de ações são problemas de saúde coletiva que sejam prioritários e mudanças no estado de saúde da população é a avaliação.
Diagnóstico Clínico
Objetivos
Informações
necessárias
Plano de ações
Curar a doença ou agravo à saúde
do indivíduo (prevenção da saúde)
• Histórico clínico
• Exames físicos
• Exames complementares
Tipos de
diagnóstico
Avaliação
Diagnóstico individual
Tratamento/reabilitação
Acompanhamento clínico (melhora
da saúde/cura da doença
ou agravo)
Diagnóstico comunitário
Melhorar o nível da saúde da comunidade 
(promoção da saúde)
• Dados gerais sobre a população
• Doenças/agravos à saúde existentes
• Casos de morte
• Serviços de saúde
Diagnóstico comunitário
Problemas de saúde coletiva que sejam prioritários
Mudanças no estado de saúde da população
 17
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
RELATOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA
Na Grécia Antiga, Asclépio era cultuado como o deus 
da Medicina (tanto que representa até hoje o símbolo da 
profissão médica e da farmácia) e tinha duas filhas cha-
madas Panacéia e Higéia, que representavam o antago-
nismo entre a medicina individual e a medicina coletiva. 
A primeira filha retratava a medicina curativa, prática 
terapêutica baseada em intervenções sobre pessoas do-
entes, por meio de encantamentos e uso de medicamen-
tos. A segunda, era adorada por quem considerava a saú-
de como resultado de uma harmonia entre o homem e o 
ambiente, buscando promover essa harmonia por meio 
de ações preventivas e que mantinham o perfeito equilí-
brio entre os elementos: água, ar, fogo e terra (MEDRO-
NHO, 2009). Podemos observar, então, o surgimento da 
medicina individual e da medicina coletiva.
A maioria dos textos que abordam sobre as raízes 
históricas da epidemiologia afirmam que ela se originou 
há mais de 2000 anos com os estudos de Hipócrates. Isso 
porque os escritos hipocráticos sobre as epidemias e en-
fermidades antecipam o chamado raciocínio epidemio-
lógico, ou seja, já demonstravam discernimento sobre o 
que seria, futuramente, a epidemiologia, confirmando que 
fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças. 
Na Roma Antiga, a principal contribuição para a epi-
demiologia foi o início de um registro compulsório de 
nascimentos e óbitos registrado pelo Imperador conheci-
do como Marco Aurélio, que mais tarde seria conhecido 
como “estatísticas vitais” (um tipo de indicador de saúde). 
O século XIX é conhecido como o período em que 
se estabeleceram as bases históricas da moderna epi-
demiologia, isso porque, como consequência da revo-
lução industrial, as cidades cresciam e as condições da 
vida humana pioravam. A maioria das pessoas vivia em 
ambientes extremamente poluídose sem saneamento 
básico, muito semelhante às condições de vida atuais 
da maioria das cidades de países de classe baixa. Nesta 
época, foi consolidada a primeira era da epidemiolo-
gia moderna baseada no “miasma”. Este termo da teoria 
miasmática defendia que as doenças eram adquiridas 
por meio de emanações ambientais provenientes do 
solo, do ar ou da água. 
A década de 50 foi determinante para a epidemiolo-
gia devido aos achados do inglês John Snow. Em 1954, ele 
descobriu que o risco de contrair cólera em Londres esta-
va relacionado ao consumo de água de uma determinada 
companhia, impulsionando outras novas grandes desco-
bertas epidemiológicas. Além de John Snow, William Farr, 
na Inglaterra, e Louis René Villermé, na França, também 
se destacaram com seus achados relacionados à área da 
epidemiologia (ALMEIDA FILHO, 2003).
O inglês John Snow identificou o local de mo-
radia de cada pessoa que morreu por cólera 
em Londres, entre os anos de 1848-1849 e 
1853-1854. Ele notou que existia uma asso-
ciação entre a origem da água utilizada para 
beber e as mortes ocorridas. A partir de en-
tão, Snow iniciou a comparação do núme-
ro de casos de óbitos por cólera em áreas 
abastecidas por diferentes companhias de 
fornecimento de água e identificou que a taxa 
de morte foi mais alta entre as pessoas que 
consumiam água fornecida pela companhia 
Southwark. Assim, o inglês construiu a teoria 
sobre a transmissão das doenças infecciosas 
em geral e sugeriu que a cólera era dissemi-
nada por meio da água contaminada. O fato 
proporcionou a melhoria no suprimento de 
água, mesmo anteriormente a descoberta do 
microrganismo causador da cólera. Ademais, 
seu estudo contribuiu diretamente sobre as 
políticas públicas de saúde.
CONCEITUANDO
18 
 
Os estudos de Snow foram apenas uma parte de uma 
série abrangente de investigações que incluiu o exame 
de processos químicos, biológicos, físicos, políticos e so-
ciais, como o estudo de Louis Pasteur, no final do sécu-
lo XIX. Ele demonstrou que os organismos vivos eram 
agentes de epidemias, como a tuberculose e a leptospi-
rose. Portanto, esse período ficou conhecido como a era 
das doenças infecciosas causadas por “germes”.
Em meados do século XX, surge a era das doen-
ças crônicas degenerativas. Os estudos de caso-contro-
le e coorte sobre câncer pulmonar e a relação com o 
consumo de cigarro, e as pesquisas preliminares sobre 
doença arterial coronariana, que estabeleceram o há-
bito de fumar e o colesterol como fatores de risco para 
seu desenvolvimento, demonstraram a força deste tipo 
de método de estudo. Entre vários epidemiologistas 
da época, os britânicos Jeremy Morris, Richard Doll 
e Thomas McKeown se destacaram com seus achados 
(MEDRONHO, 2009). 
E então você deve estar se perguntando, “tudo bem, mas 
o que isso tem a ver com a atividade física?”. Eu vou ex-
plicar para você no próximo tópico.
O estudo caso-controle é caracterizado por 
ser um tipo de estudo observacional que se 
inicia com a seleção de um grupo de pessoas 
portadoras de uma determinada doença, (que 
são classificados como os “casos”) e um outro 
grupo de pessoas que não sofrem dessa doença 
(que serão classificados como os “controles”). O 
objetivo principal desse tipo de estudo é identi-
ficar características específicas que ocorrem em 
maior ou menor frequência entre os “casos” do 
que entre os “controles”. Em contrapartida, os 
estudos de coorte são estudos de caráter ob-
servacional, ou seja, a situação dos participantes 
em relação à exposição de interesse (podendo 
ser, por exemplo, o sedentarismo) determina 
sua seleção para o estudo. As pessoas são mo-
nitoradas durante toda a duração do estudo 
para avaliar a incidência do desfecho.
EXPLORANDO IDEIAS
 19
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Nós já aprendemos sobre o conceito e o significado de 
epidemiologia. Agora é importante sabermos sobre a 
atividade física e a saúde, para então entendermos a re-
lação que existe entre elas.
Você com certeza já leu sobre a definição de ativi-
dade física, que é qualquer movimento corporal, pro-
duzido pela musculatura esquelética e que resulta em 
gasto energético. Assim, é importante destacar que a 
atividade física pode ir além, abordando componen-
tes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural 
e comportamental e pode ser praticada de várias for-
mas, como danças, esportes, atividades laborais, deslo-
camentos, jogos e exercícios físicos. Você irá aprender 
mais afundo sobre as definições e padrões da atividade 
física da população na Unidade 2.
O conceito de saúde é descrito como multiplicidade 
de aspectos do comportamento humano direcionados a 
um estado de completo bem estar físico, mental e social. 
Portanto, saúde vai muito além de ausência de doenças. 
Ela é uma condição humana com dimensões física, so-
cial e psicológica (SILVA; SCHRAIBER; MOTA, 2019).
Epidemiologia, 
atividade física e saúde
20 
 
A relação epidemiologia, atividade física e saúde teve 
início em meados do século XX - a era epidemiológica 
das doenças crônicas degenerativas citada anteriormen-
te. Isso porque os achados dos estudos sobre as doenças 
identificaram (e continuam identificando) que o se-
dentarismo é um fator determinante de agravos à saú-
de. Esse momento coincide com a chamada transição 
epidemiológica, que foi a inversão das causas de mor-
te. As pessoas deixaram de morrer apenas por doenças 
infecciosas e começaram a adoecer por doenças cardio-
vasculares. Assim, ocorreram modificações drásticas no 
padrão demográfico e no perfil de doenças e mortali-
dade da população, caracterizando-se como processos 
de transição demográfica, transição epidemiológica e 
transição nutricional, padrões que serão analisados mais 
afundo nos próximos capítulos.
A transição epidemiológica envolve uma evolução 
gradual dos problemas relacionados à saúde, os quais 
determinam mudanças nas taxas populacionais, ou seja, 
alta morbidade e mortalidade por doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT) em detrimento das doenças in-
fecciosas e parasitárias. No Brasil, essa transição pode 
ser observada a partir dos anos 80, com o predomínio 
das causas de óbito por DCNT em comparação com as 
doenças infecciosas e parasitárias.
Podemos usar esse mesmo período dos anos 80 no 
Brasil, para caracterizarmos a transição demográfica. 
Nessa época, o número de idosos (acima de 80 anos) au-
mentou devido à queda da taxa de mortalidade e da fe-
cundidade no país. Com o acréscimo do envelhecimen-
to populacional, houve um aumento da probabilidade 
de manifestação das DCNT. 
A transição nutricional abrange os processos de 
transição demográfica e epidemiológica. Essa transição é 
caracterizada por modificações constantes e sequenciais 
no padrão nutricional da população devido às transfor-
mações sociais, demográficas, econômicas e sanitárias. 
 21
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Você deve ter notado que falamos, anteriormente, sobre 
taxas de mortalidade, morbidade e outros indicadores 
de saúde. Descreveremos sobre essas medidas de frequ-
ência e indicadores de saúde mais utilizados na área da 
epidemiologia, para que você possa entender cada um 
e, ao assistir alguma reportagem sobre medidas epide-
miológicas ou ler uma pesquisa e se deparar com algum 
indicador de saúde, já saberá sobre o que se trata.
A forma mais básica de se determinar a frequência 
de uma doença ou agravo à saúde é por meio da simples 
contagem das pessoas afetadas. Contudo, para a área da 
epidemiologia, essa forma pouco informa sobre a popu-
lação de referência. Em estudos epidemiológicos, é ne-
cessário saber o tamanho da população ou grupo que 
deu origem aos casos e em que período de tempo o fato 
aconteceu. Portanto, são utilizadas medidas relativas que 
relacionam o número de casos da doença ou agravo à 
saúde com a população ou grupo.
Em geral, existem três medidas matemáticas básicas 
que podem ser utilizadas para expressar a relação entre 
o número de casos da doença ou agravo com a popula-
ção ou grupo de origem: a razão,a proporção e a taxa 
(KLEINBAUM; KUPPER; MORGENSTERN, 1982). 
A razão é a simples divisão de uma quantidade pela 
outra e não há necessidade de relação em denominador 
e numerador. 
Indicadores e medidas 
epidemiológicas
22 
 
Portanto, é um termo geral em que acaba por in-
cluir outras medidas, como proporção, porcenta-
gem e taxa. A medida matemática conhecida como 
proporção caracteriza-se como um tipo de razão 
em que há necessidade de relação entre o nume-
rador e o denominador. A taxa é um tipo especial 
de razão, em que o denominador obrigatoriamente 
será composto por uma medida de tempo (HEN-
NEKENS; BURING, 1987). 
Observa-se, na literatura médica, o termo taxa, bem 
como os termos coeficiente e índice, sendo usados de 
maneira sinônima e referindo-se tanto a razões como 
proporções, ou taxas propriamente ditas. Contudo, foi 
demonstrado que os três termos (razão, taxa e propor-
ção) representam medidas distintas. Assim, é muito im-
portante que fique bem claro para você a diferença entre 
cada um deles, para que não haja erros de interpretações 
em estudos epidemiológicos futuros que você for realizar.
O uso de sinônimo não acontece apenas com as me-
didas matemáticas citadas anteriormente. Isso também 
acontece com os termos indicador e índice, portanto, é 
necessário caracterizá-los. Indicador é uma medida que 
reflete uma característica ou aspecto particular, geral-
mente não sujeitos à observação direta, ou seja, inclui 
apenas um aspecto relativo ao que se deseja medir. Um 
indicador de saúde tem como objetivo refletir a situação 
 23
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
de saúde de um sujeito ou de uma população, como a 
medida da pressão arterial, a avaliação do próprio esta-
do de saúde, assim como o nível de atividade física. No 
âmbito populacional, os coeficientes de mortalidade são 
um dos exemplos de indicadores de saúde, os quais se-
rão abordados mais adiante. 
Um índice, por sua vez, condensa em uma única 
medida diferentes dimensões do atributo de interesse. 
Os escores gerados por meio dos instrumentos para ava-
liação da qualidade de vida relacionada à saúde, que en-
globam múltiplos itens relacionados com uma ou mais 
dimensões, é um exemplo. Além deste, o índice de de-
senvolvimento humano (IDH) também pode ser citado. 
MEDIDAS DE FREQUÊNCIA
As medidas de frequência são definidas a partir de dois 
conceitos epidemiológicos fundamentais designados 
de prevalência e incidência. A prevalência expressa o 
número de casos existentes de uma determinada do-
ença ou fator estudado em um determinado momento. 
Incidência refere-se à frequência com que novos casos 
de uma doença surgem dentro de um intervalo de tem-
po (MEDRONHO, 2009). 
A relação entre prevalência e incidência varia entre 
as doenças ou agravos. Uma mesma doença ou agravo 
à saúde pode apresentar baixa incidência e alta preva-
lência, como o caso do diabetes - ou alta incidência e 
baixa prevalência - como um resfriado comum. O res-
friado ocorre mais frequentemente do que o diabetes, 
mas por um curto período de tempo, enquanto que o 
diabetes é menos frequente, porém demanda um longo 
período. Outras medidas muito utilizadas na área da 
epidemiologia e da saúde pública, como as de morta-
lidade, letalidade e sobrevida, podem ser entendidas 
como variações do conceito de incidência. Entendere-
mos um pouco mais sobre prevalência e incidência e 
mortalidade mais adiante. 
A expressão matemática das medidas de frequên-
cia de doenças/agravos à saúde é diversa e depende do 
conceito epidemiológico subjacente, assim como de 
algumas características das populações a que se refere. 
Essas expressões podem ser apresentadas como frequ-
ências absolutas ou relativas. As frequências relativas são 
as mais comuns, sendo fundamentais quando o objetivo 
do estudo é comparar frequências de ocorrência de pro-
blemas de saúde entre duas populações ao longo de um 
mesmo período e/ou em uma mesma população, po-
rém, em momentos diferentes. Independentemente da 
medida de frequência utilizada, é importante enfatizar 
que deve necessariamente estar referida às dimensões 
do espaço, da população e do tempo.
A seguir, discutiremos sobre os conceitos das medi-
das de frequência e os indicadores de saúde. 
24 
 
Prevalência
Prevalência pode ser definida como a frequência de ca-
sos existentes de uma determinada doença ou agravo à 
saúde, em uma determinada população e em um dado 
momento. Portanto, pode-se considerar que esta medi-
da de frequência possibilita a determinação do número 
total de casos existentes, identificados como casos pre-
valentes de uma doença ou agravo à saúde em um perí-
odo de tempo e população específica, ou seja, trata-se do 
total de casos existentes, desconsiderando se são casos 
novos ou não. Diante disso, a prevalência é tratada como 
um indicador da magnitude da presença de uma doença 
ou agravo à saúde na população.
Para que você possa entender melhor, podemos dizer 
que os casos prevalentes são aqueles indivíduos que ado-
eceram ou obtiveram o agravo em algum momento do 
passado (casos antigos) conjuntamente com possíveis ca-
sos “novos” (e que estão vivos quando é realizada a obser-
vação). Então, podemos pensar no conceito de prevalên-
cia como uma fotografia, na qual registramos a fração de 
indivíduos doentes ou com algum agravo à saúde, naquele 
instante de tempo. Consequentemente, é uma medida de 
frequência estática em relação ao processo dinâmico do 
adoecimento, pois os indivíduos componentes da amos-
tra que se deseja estudar são observados uma única vez.
 25
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Os estudos de prevalência são os estudos descriti-
vos populacionais mais propagados em epidemiologia, 
caracterizados como estudo transversal. Estes também 
permitem investigar associações entre fatores de risco e 
doença, porém é necessário frisar que este tipo de deline-
amento não é o mais eficiente para se estudar causalida-
de, mas assim podem ser classificados como analíticos. 
A taxa de prevalência pode ser estimada pela fór-
mula: 
P =
Número de pessoas com o evento de
interesse (infecção, doença, agravo à saúde)
População sob o risco de apresentar o evento
de interesse em determinado período de tempo
x 100
A população do numerador destina-se ao número de 
pessoas que durante a observação obteve ou já obtinha 
a doença ou agravo à saúde. A população apresentada 
no denominador, ou seja, àquela que está sob risco de 
adoecer, designa-se à população do estudo. 
É importante frisarmos que existem diferentes tipos 
de medidas de prevalência. O tipo citado anteriormente 
é conhecido como prevalência pontual. Portanto, todas 
as vezes que você observar o termo prevalência e ele não 
for especificado, faz-se, então, referência à medida deno-
minada de prevalência pontual. A prevalência pontual, 
ou também chamada de prevalência instantânea, mede a 
frequência de uma doença ou problema de saúde em um 
dado instante de tempo. Essa é a medida mais utilizada 
nos estudos epidemiológicos seccionais ou transversais. 
 A prevalência de uma doença ou agravo à saú-
de é determinada pela sua incidência e duração, assim 
como pelos movimentos migratórios. Portanto, quanto 
mais elevada a incidência e/ou a duração da doença ou 
agravo, maior será a sua prevalência. Entretanto, uma 
alta taxa de incidência não implica necessariamente em 
altas proporções de prevalência, particularmente quan-
do a duração do problema de saúde em questão é curta 
(SZKLO; NIETO, 2000). É o que acontece com algumas 
doenças infecciosas agudas, em que os pacientes acome-
tidos evoluem para a cura ou óbito, em um curto perí-
odo de tempo. Portanto, mesmo apresentando elevados 
níveis de incidência nos períodos epidêmicos, os casos 
de doenças como dengue se mantêm por pouco tempo 
e, assim, não podem ser devidamente detectados nos es-
tudos de prevalência instantânea.
Em contrapartida, altas proporções de prevalência 
podem se sobrepor a baixos níveis de incidência, quan-
do a duração do agravo é longa, como as doençascrôni-
cas degenerativas. Por exemplo, por mais que os casos 
novos de esclerose múltipla, que surgem a cada intervalo 
de tempo, sejam poucos, os pacientes podem sobreviver 
por um longo período, sendo possível identificá-los du-
rante um estudo transversal.
Incidência
Do ponto de vista epidemiológico, há grande interesse 
em identificar especificamente quantos novos casos de 
uma doença ou agravo à saúde surgem em uma mesma 
população durante um período de tempo. Mais especi-
ficamente, é importante conhecer quantos novos casos 
surgem de uma população que está em risco de sofrer 
uma determinada doença ou agravo à saúde, isso é, um 
indicador da velocidade de mudança do processo dinâ-
mico de saúde e doença de uma população. Assim, inci-
dência caracteriza-se como a frequência de casos novos 
de uma determinada doença ou agravo num determina-
do período de tempo, advindos de uma população sob 
risco de adoecimento no início da observação. Portanto, 
trata-se da ocorrência do primeiro episódio da doença 
ou agravo à saúde em questão. Este caso é, necessaria-
26 
 
mente, relacionado a doenças infecciosas que deman-
dam imunidade permanente e de algumas doenças crô-
nicas, como o diabetes mellitus (MEDRONHO, 2009). 
Em determinadas circunstâncias, pode-se computar 
múltiplas ocorrências de uma doença em uma mesma 
pessoa, ao longo de um intervalo de tempo. Esta me-
dida é caracterizada como incidência total e pode ser 
utilizada em estudos de doenças agudas, na ausência de 
imunidade adquirida ou até mesmo na identificação de 
doenças não infecciosas, como o caso do infarto agudo 
do miocárdio (ROTHMAN; GREENLAND, 1998).
A incidência de um agravo qualquer pode ser medi-
da ou estimada por meio de maneiras diferentes. A mais 
simples é o número de casos incidentes, geralmente de-
nominados incidência. Por exemplo, entre 1975 e 2016 
foram notificados, aproximadamente, 124 milhões de 
crianças e adolescentes (de 5 a 19 anos) com obesidade 
ao redor do mundo (NCD RISK FACTOR COLLABO-
RATION, 2017). Trata-se de uma medida adimensional, 
cujos valores possíveis variam de zero a infinito. Contu-
do, o tamanho da população sob risco de adoecimento 
determina o limite máximo possível do número de ca-
sos incidentes. Ainda assim, nota-se que a referência a 
uma população e período determinados se faz presente, 
mesmo que indiretamente, neste caso, o período de tem-
po (1975 a 2016) e a população (população mundial de 
crianças e adolescentes).
Devo esclarecer que, embora o cálculo da incidên-
cia pareça ser simples – e você verá isso mais adiante 
– o número de casos incidentes, por si só, não permite 
comparações da incidência entre diferentes populações 
ou entre diferentes períodos. Os 124 milhões de jovens 
obesos no mundo notificados no mesmo período teriam 
um significado epidemiológico diferente se referidos à 
metade da população mundial; ou se referidos a um pe-
ríodo mais curto, como entre 1975 e 2010.
A taxa de incidência é a expressão da frequência 
com que surjam novos casos de uma doença ou agravo à 
saúde, por unidade de tempo e relacionada ao tamanho 
de uma determinada população em questão. Assim, ela é 
calculada como a razão entre o número de casos novos 
da doença ou agravo à saúde e o total de pessoa/tempo 
gerado a partir da população de estudo acompanhada.
A taxa de incidência pode ser estimada pela fórmula: 
I =
Número de casos novos da doença/agravo
à saúde em uma população durante
um intervalo de tempo 
Número de pessoas sucessíveis ao risco da
doença/agravo à saúde durante o
referido intervalo de tempo
x 105
A taxa é expressa em relação a uma determinada quan-
tidade de pessoas-ano de exposição ao risco de ado-
ecimento, representada pela estimativa da população 
(geralmente residentes ou habitantes de determinadas 
cidades) e período em questão, assumida a premissa da 
estabilidade. Note que há uma multiplicação (x 105) na 
fórmula, a qual permite a inferência do resultado sobre a 
quantia de 100.000 habitantes.
 27
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Quando deve-se usar a prevalência e quando 
deve-se usar a incidência?
A escolha entre o uso da incidência ou prevalência de-
pende de alguns fatores. Geralmente, quando tratamos 
de doenças agudas, pesquisas etiológicas, estudos de 
prognóstico (aqueles estudos que tratam de questões clí-
nicas de um modo semelhante aos estudos de coorte em 
relação ao desfecho de doenças) ou análise da eficácia 
de ações terapêuticas e preventivas, a incidência é mais 
utilizada. Para doenças crônicas, como as cardiovascu-
lares ou fatores de risco à saúde, a determinação da pre-
valência é mais indicada. Por isso que dificilmente você 
verá estudos relatando a incidência da inatividade física, 
sedentarismo ou obesidade, por exemplo. A prevalência 
também é mais utilizada quando o assunto se refere ao 
planejamento e administração de serviços.
Ilustrei uma representação gráfica para que você 
consiga observar a diferença entre as medidas de preva-
lência e incidência.
28 
 
01 de Janeiro 31 de Dezembro
Legenda:
 Início da doença
 Duração da doença
 Término da doença
População: 100 pacientes
Casos incidentes: 6
Casos prevalentes: 11
Coe�ciente de incidência: 7 por 100 pacientes
Coe�ciente de prevalência: 11 por 100 pacientes
Figura 2 - Representação gráfica de casos da doença “X” (início, desenvolvimento e fim) de 01 de janeiro a 31 de dezembro em um 
grupo de 100 pacientes internados em um hospital “Y” / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: A Figura 2 é uma representação gráfica de um estudo hipotético sobre uma doença que foi analisada entre os dias 01 de 
janeiro a 31 de dezembro. Na data de 01 de janeiro, há uma linha na vertical representando o início do estudo; e em 31 de dezembro, há outra linha 
na vertical representando o final do estudo. Dentre essas duas linhas estão dispostas as pessoas que já tinham a doença ou que adquiriram a doença 
durante esse período, representando graficamente a diferença entre prevalência e incidência.
 29
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Vamos observar a Figura 2. Nota-se que, no dia 01 de 
janeiro, cinco pacientes de uma mesma clínica hipotéti-
ca tinha a doença “X”. Assim, a prevalência dessa doença 
“X”, no dia 01 de janeiro, é de 5/100, que é igual a 0,05. 
Esse valor também pode ser expresso em percentual, o 
qual representaria 5% do grupo de pacientes.
Durante o período de 01 de janeiro a 31 de dezem-
bro, ocorreram seis novos casos da doença/agravo. Con-
siderando que entre os 100 pacientes da clínica, cinco já 
haviam desenvolvido a doença/agravo “X” no início do 
estudo, então, somente 95 estavam em risco de desenvol-
ver a doença. Portanto, a incidência cumulativa da do-
ença “X” nesse hospital deve ser calculada como sendo 
5/95, que resultaria em 0,053, ou, 5,3% ao ano.
INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM 
MEDIDAS DE MORTALIDADE
A mortalidade pode ser caracterizada como um caso 
particular do conceito de incidência, quando o evento 
de interesse é a morte e não o adoecimento. Portanto, 
essa medida pode ser referida a um problema de saú-
de específico, por exemplo o câncer de mama, ou a um 
grupo de problemas, como as doenças cardiovasculares. 
Quando relacionada a todas as causas, é denominada de 
mortalidade geral, diferente do termo letalidade, que se 
refere à uma medida de mortalidade restrita aos sujeitos 
que apresentam um determinado problema de saúde.
A letalidade expressa a frequência de óbitos 
por uma doença ou agravo à saúde “x” entre 
os próprios indivíduos que apresentam essa 
determinada doença ou agravo à saúde “x”.
CONCEITUANDO
É importante que você entenda que a magni-
tude da mortalidade por uma doença ou agra-
vo à saúde em uma determinada população é 
dependente da letalidade e da incidência. Por 
exemplo, uma doença altamente letal, porém 
rara, apresentará baixa mortalidade. O mesmo 
fato ocorrerá caso a incidência seja alta, porém a 
letalidade baixa, e quando ambas forem baixas. 
Em contrapartida, quando a mortalidade é alta, 
a letalidadee a incidência também serão altas.
EXPLORANDO IDEIAS
30 
 
Semelhante à medida de frequência incidência, estu-
dada anteriormente, a mortalidade pode ser medida 
por meio de taxas ou proporções. A interpretação da 
taxa e da proporção de mortalidade é parecida com 
as medidas de incidência. A diferença é que substi-
tuímos o evento do adoecimento pela morte. 
Os indicadores de saúde baseados em dados 
sobre mortalidade são classificados em dois tipos 
(WHO, 1957): indicadores globais - como coefi-
ciente geral de mortalidade, razão de mortalidade 
proporcional (ou índice de Swaroop e Uemura) e a 
esperança de vida ao nascer; e os específicos - como 
os coeficientes de mortalidade infantil e de mortali-
dade por doenças transmissíveis. 
Primeiramente, serão apresentados os indicado-
res baseados em medidas de frequência, no caso, o 
coeficiente geral de mortalidade, e aqueles baseados 
em informações relativas à causa da morte e à ida-
de ou o período da vida em que o óbito ocorre. Em 
seguida, são apresentados os indicadores expressos 
segundo unidades de tempo de vida. 
Coeficiente Geral de Mortalidade
O coeficiente geral de mortalidade, aqui denomina-
do de “CGM”, também conhecido como taxa bruta de 
mortalidade, refere-se a toda uma população, ou seja, 
é o quociente entre o total de óbitos e a população 
de uma área, em um determinado período de tempo. 
A população no denominador do CGM é referida ao 
período em questão. É importante deixar claro que, 
aqui, há uma pressuposição que a distribuição de 
nascimentos, óbitos e migrações é homogênea. Ge-
ralmente, o valor final resultante da equação é mul-
tiplicado por 1.000. Assim, o CGM por uma doença/
agravo à saúde é estimado pela equação:
CGM= 1.000M x
P
Em que: M representa o número de mortes; e P representa 
a quantidade de pessoas da população, durante o estudo.
Vou te dar um exemplo, utilizando a equação 
anterior, para que você possa entender melhor o 
cálculo. Suponha que no ano de 2018 tenham sido 
registrados 900.000 óbitos em todo o Brasil e, em 
1º de julho deste mesmo ano, a população brasilei-
ra era constituída de 190.000.000. Considerando a 
equação anterior, o CGM relativo ao Brasil no ano 
de 2018 foi cerca de 4,7 óbitos por 1.000 habitantes. 
Assim, o CGM expressa o risco de morte na popu-
lação brasileira em 2018: para cada 1.000 habitantes, 
cerca de 4,7 faleceram neste ano.
Um dos benefícios de se utilizar o CGM é a pos-
sibilidade de relacionar o nível de saúde de diferen-
tes áreas no tempo, por meio de dados mais fide-
dignos do que aqueles que compõem os coeficientes 
específicos, geralmente mais difíceis de serem ob-
tidos. Esse fato é devido à facilidade do cálculo do 
CGM, requerendo apenas o conhecimento do nú-
mero de óbitos ocorridos em uma população em um 
determinado ano, sem a necessidade de informações 
específicas adicionais, como o sexo ou a idade dos 
sujeitos falecidos ou, até mesmo, a causa da morte.
É importante destacar que o CGM está sujeito 
a erros que podem incidir no seu numerador e/ou 
no seu denominador, subestimando ou superesti-
mando os valores. No numerador, a subenumeração 
de óbitos, ou seja, valores abaixo do real, são encon-
tradas frequentemente em áreas menos desenvol-
vidas devido, principalmente, às falhas no registro 
de óbitos. Entre os anos de 1997 e 2001, por exem-
 31
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
plo, estimou-se um subregistro de óbitos no Brasil 
em torno de 18%, chegando a 26% no Norte e 34% 
no Nordeste, ambas regiões menos desenvolvidas 
quando comparadas às outras do país (LAURENTI; 
MELLO; GOTLIEB, 2005).
A subenumeração de óbitos pode estar relacio-
nada a erros no registro de dados, como o local de 
residência, levando a uma evasão de mortes, os quais 
deixam de ser considerados no cômputo do CGM 
de suas respectivas populações de origem. Caso não 
corrigida, a subestimação de óbitos proporcionará a 
subestimação do CGM (RIPSA, 2002).
Em contrapartida à evasão, é possível que haja 
uma invasão de óbitos erroneamente classificados 
como de residentes em uma determinada localidade. 
É o caso de localidades com maior oferta de serviços 
de saúde, pois tendem a atender a demanda da assis-
tência médica provenientes de outras áreas. Esse fato 
possibilita a superestimação dos valores de CGM.
Em relação ao denominador, a fonte principal de 
erro é decorrente das estimativas incorretas dos con-
tingentes populacionais, principalmente nos perío-
dos de anos censitários, ou seja, os anos em que são 
realizados censos a fim de obter informações de di-
versos fatores sobre aquela determinada população. 
Esses erros se tornam ainda mais prováveis de ocor-
rer quanto maiores forem as mudanças na dinâmica 
populacional, à medida que aumenta o tempo trans-
corrido desde a realização do último censo. Quan-
do os contingentes populacionais são subestimados, 
o CGM será superestimado. Em contrapartida, no 
caso das estimativas populacionais estiverem acima 
da realidade, o CGM será subestimado (LAUREN-
TI; MELLO; GOTLIEB, 2005).
Para quaisquer populações, é esperado que o va-
lor do CGM varie entre 6 e 10 óbitos por mil habitan-
tes (LAURENTI; MELLO; GOTLIEB, 2005). Caso 
os valores do CGM sejam inferiores a seis óbitos por 
1.000 habitantes-ano, é necessário considerar a pou-
ca fidedignidade dos dados coletados, especialmente 
a possibilidade de sub-registro de óbitos.
Indicadores de Mortalidade segundo a Causa 
de Óbito
Você já se perguntou como vem se comportando 
a mortalidade por infarto no Estado do Paraná 
nos últimos 20 anos? E sobre a frequência de óbi-
tos causados pelas doenças coronarianas? Será que 
esta é homogênea nas diferentes regiões do Brasil? 
Do que se morre mais atualmente no país: de do-
enças infecciosas ou cardiovasculares? As respostas 
a todas essas perguntas anteriores dependem das 
medidas de mortalidade segundo a causa, basean-
do-se no conceito de causa morte, o qual é definido 
como aquelas doenças, estados mórbidos ou lesões 
que conduziram à morte e às circunstâncias do aci-
Será que é possível comparar CGM’s em di-
ferentes populações? Quando o uso do CGM 
for objetivando comparações, é necessário 
muito cautela na interpretação e divulgação 
dos resultados, uma vez que o seu valor é de-
pendente da composição da população por 
idade, por sexo e por outras características 
relacionadas ao risco de morte. Além disso, a 
estrutura etária da população influi nos valores 
do CGM, portanto, este corresponde a uma 
média ponderada dos coeficientes específicos 
por faixas etárias, em que os fatores de ponde-
ração correspondem às proporções de sujeitos 
em cada grupo etário, em relação à população 
geral. Assim, o CGM, em sua forma bruta, não 
deve ser empregado em comparações entre 
populações com faixas etárias diferentes.
PENSANDO JUNTOS
32 
 
dente ou da violência que produziu estas lesões (WHO, 
1993). É importante identificar corretamente o conceito 
de causa de morte, pois a uniformização desta definição 
e da classificação das causas de morte são necessárias 
para fins comparativos das estatísticas de mortalidade.
A mortalidade, pode ser analisada por meio de três 
maneiras distintas: por causa específica - por exemplo, hi-
pertensão arterial; por agrupamento de causas afins - por 
exemplo, doenças isquêmicas do coração; e grandes agru-
pamentos de causas, como doenças do aparelho cardiovas-
cular (MEDRONHO, 2009).
Você sabe como é feita a determinação da causa de 
morte? A causa básica é realizada a partir das informa-
ções sobre as causas da morte registradas no atestado de 
óbito. Causa básica de morte é descrita como a doença 
ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patoló-
gicos que conduziram diretamente à morte. Ela também 
pode ser definida como as circunstâncias do acidente ou 
da violência que produziu a lesão fatal (WHO, 1993). As 
demais causas preenchidas pelo médico no atestado de 
óbito irão formar o conjunto das causas associadas.
Principalmente para a área da saúde, como é o caso da 
Educação Física,é de extrema importância aplicar a me-
todologia das causas múltiplas de morte, ou seja, analisar 
não apenas a mortalidade segundo a causa básica (morrer 
por uma doença ou agravo específico), mas também co-
nhecer as complicações da causa básica e as causas asso-
ciadas declaradas no atestado de óbito (morrer com uma 
doença). Isso é essencial, principalmente quando relacio-
nado à análise das doenças crônicas não transmissíveis 
(LAURENTI; MELLO; GOTLIEB, 2004), uma vez que 
auxilia no desenvolvimento de pesquisas para possíveis 
ações relacionadas à melhoria no estilo e hábitos de vida.
Além do número absoluto de óbitos, a mortalidade 
segundo a causa pode ser analisada a partir de frequên-
cias relativas, como taxas e proporções. 
 33
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Taxa de
mortalidade
por causa
do óbito
Mortalidade
proporcional
segundo a causa
do óbito
Mortalidade
materna
Mortalidade
por causas
mal definidas
Indicadores
de mortalidade
por causa do óbito
Figura 3 - Exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito / Fonte: a autora.
Mortalidade segundo a Idade e os Períodos da Vida
Os indicadores específicos por idade ou relativos a determinados períodos da vida são os mais conhecidos 
indicadores de mortalidade e considerados mais importantes no quesito de comparabilidade internacional.
Descrição da Imagem: A figura 3 apresenta os exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito. Dentre elas estão a taxa de mortalidade 
por causa do óbito, mortalidade materna, mortalidade por causas mal definidas e mortalidade proporcional segundo a causa do óbito.
34 
 
Mortalidade
infantil
Mortalidade
fetal
Mortalidade
perinatal
Mortalidade
em menores
de cinco anos
de idade
Mortalidade
proporcional
com 50 anos ou
mais de idade
Mortalidade
segundo a idade
e os períodos
da vida
Figura 4 - Exemplos de indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: A imagem da figura 4 apresenta os indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida. São cinco indicadores: 
mortalidade infantil, mortalidade fetal, mortalidade perinatal, mortalidade em menores de cinco anos de idade e mortalidade proporcional com 50 
anos ou mais de idade.
 35
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Basicamente, a mortalidade infantil se refere aos óbitos 
ocorridos ao longo do primeiro ano de vida, antes mes-
mo da criança completar 1 ano de idade. Geralmente, a 
mortalidade infantil é medida por meio da taxa de mor-
talidade infantil. Contudo, ela também pode ser avaliada 
pela proporção de óbitos de menores de um ano de vida, 
com relação ao total de óbitos registrados em uma deter-
minada área e período.
A mortalidade fetal é caracterizada pela inexistência de 
qualquer sinal de vida, seja respiração, pulsação do cordão 
umbilical, batimentos cardíacos ou movimentos efetivos 
dos músculos de contração voluntária (WHO, 1995). 
A mortalidade perinatal se destina a um indicador 
de saúde materno-infantil. Esse indicador possibilita 
a identificação das condições de saúde reprodutiva e 
da qualidade da assistência pré-natal, parto e neonatal 
(FONSECA; COUTINHO, 2004).
A taxa de mortalidade é caracterizada como a razão 
entre o número de óbitos em menores de cinco anos 
de idade e o total de nascidos vivos. Essa taxa é relati-
vamente recente e foi criada basicamente porque, até o 
início da década de 80, a mortalidade de crianças de 0 a 
4 anos de idade vinha sendo expressa pela mortalidade 
infantil e a mortalidade de 1 a 4 anos. Entretanto, existia 
diferença entre os denominadores (nascidos vivos para 
a mortalidade infantil e população de 1 a 4 anos de idade 
para a mortalidade de 1 a 4 anos). 
Por fim, a mortalidade proporcional com 50 anos ou 
mais de idade, também conhecida como razão de mor-
talidade proporcional, destina-se à proporção de óbitos 
de indivíduos com idade igual ou maior que 50 anos, 
em relação ao total de óbitos. Por exemplo, se a taxa de 
mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade 
for igual a 80%, significa dizer que quatro em cada cinco 
óbitos ocorridos foram de sujeitos com idade igual ou 
maior que 50 anos.
Indicadores baseados em medidas de tempo de 
vida
Os indicadores expressos até aqui abrangem a dimensão 
da frequência com que ocorrem os óbitos. Um outro con-
junto de medidas incorpora, além da dimensão da frequ-
ência, a do tempo de vida. Assim, para esses indicadores, a 
idade em que as mortes ocorrem é o fator principal.
Dois indicadores baseados em medidas do tempo 
de vida são amplamente utilizados em estudos epide-
miológicos relacionados à saúde: a expectativa de vida 
e os anos potenciais de vida perdidos. O primeiro des-
tina-se à medida do número esperado de anos a serem 
vividos, em média, pelos sujeitos que compõem uma de-
terminada população. Esse indicador é amplamente re-
conhecido como um bom indicativo de saúde. O segun-
do, nomeado como anos potenciais de vida perdidos, 
expressa o efeito das mortes ocorridas precocemente em 
relação à duração esperada da vida. Tem como objeti-
vo, permitir a comparação da importância relativa das 
diferentes causas de óbitos (ROMEDER; McWHINNIE, 
1988), subsidiando a definição de prioridades no âmbito 
da saúde pública.
INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM 
MEDIDAS DE MORBIDADE
A morbidade pode ser definida como qualquer afasta-
mento de um estado de bem-estar psicológico ou fisio-
lógico, averiguado de forma subjetiva ou direta (LAST, 
1988). Portanto, ela identifica as causas que determinam 
o adoecer. Assim, as pesquisas sobre os dados de morbi-
dade são fundamentais para as análises de causa/efeito 
das doenças (FRANCO LAÉRCIO; COSTA, 2011). 
Quando relacionado ao nível do organismo, o con-
ceito de doença diz respeito a uma disfunção de natu-
36 
 
reza fisiológica ou psicológica (FORATTINI, 1992) e é 
caracterizada por ao menos dois dos três critérios a se-
guir: um agente etiológico reconhecido, um conjunto de 
sinais e sintomas, e alterações anatômicas consistentes 
(PEREIRA, 1995).
Quando relacionamos morbidade ao nível indivi-
dual, o conceito passa a ser voltado à enfermidade, rela-
tivo à percepção da anormalidade no estado de saúde do 
próprio indivíduo. A enfermidade é caracterizada por 
queixas, pelo incômodo ou sofrimento, físico ou mental, 
ou por qualquer outro motivo que faça com o que sujei-
to se preocupe com a saúde.
Em âmbito social, o entendimento de morbidade é 
expressado pelas atitudes e comportamentos assumidos 
pelos sujeitos ao se perceberem doentes ou enfermos. As-
sim, a morbidade neste campo corresponde ao conceito de 
anormalidade e é medida por fatores de ordem cultural, re-
lacionados aos juízos de valor próprios de cada sociedade 
ou grupo social. Um exemplo é a pessoa se afastar do tra-
balho devido a um problema de saúde, havendo uma mu-
dança relacionada a um papel social da pessoa acometida.
Identificando os três níveis citados anteriormente, 
entende-se que a expressão da morbidade pode se dar 
por meio das suas diferentes dimensões (organismo, in-
dividual e social) simultaneamente, ou de forma sepa-
rada. Para que você entenda melhor: uma pessoa pode 
estar doente, mais ainda na fase pré-clínica da história 
natural da doença e, assim, não se sentir enferma e nem 
expressar qualquer anormalidade. Em contrapartida, 
um sujeito pode manifestar incômodo sem que seja 
diagnosticada qualquer doença. Ademais, mesmo do-
ente e enfermo, o indivíduo pode não manifestar cer-
tos comportamentos sociais esperados, mantendo, por 
exemplo, suas atividades laborais inalteradas.
O conceito mais genérico de morbidade e comu-
mente utilizado em epidemiologia é a medida da fre-
quência de determinada doença/agravo à saúde, inde-
pendentemente de sua evolução, ou seja, cura, morte ou 
periodicidade da doença (FORATTINI, 1992). Portanto, 
observa-se que a mortalidade é incluída na definição de 
morbidade. Assim, os estudos da morbidade, a partir de 
dados sobre mortalidade, acabam por ser incompletos e 
parciais(com exclusão daqueles casos de doenças/agra-
vos altamente letais). Considerando que os indicadores 
de saúde baseados em medidas de mortalidade foram 
apresentados anteriormente neste capítulo, falaremos 
nesta seção sobre indicadores de morbidade referentes 
aos problemas de saúde não fatais e suas consequências, 
particularmente, relacionados à atividade física.
Os indicadores de morbidade consistem essencial-
mente em medidas de prevalência e incidência, já des-
critas anteriormente neste capítulo. Contudo, recente-
mente, os indicadores baseados em medidas do tempo 
vida (utilizados em análise de mortalidade) fazem parte 
das diferentes dimensões do conceito de morbidade. 
Os indicadores de morbidade são utilizados para 
comparações que envolvem diferentes populações e/
ou períodos, expressando a magnitude da ocorrência de 
doenças/agravos nas populações e servindo para a ava-
liação de programas e serviços de saúde. 
Indicadores para avaliação das consequências 
de problemas de saúde não fatais
Considerando a crescente tendência a problemas de saú-
de de natureza crônica, as pesquisas têm voltado à aten-
ção para o desenvolvimento de estudos referente ao fato. 
Assim, vários modelos teóricos serviram como referência 
para a concepção de indicadores que avaliassem as conse-
quências dos problemas de saúde não fatais, destacando-se 
o modelo biomédico, o modelo da OMS, o modelo utilita-
rista e o da qualidade de vida (COSTA, 2006). Segue um 
infográfico de alguns indicadores voltados para a avaliação 
das consequências dos problemas de saúde não fatais.
 37
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
MODELO BIOMÉDICO
Restringe a aspectos 
anatômicos, bioquímicos e 
fisiológicos, baseando-se 
em diagnósticos. 
MODELO DA 
ORGANIZAÇÃO 
MUNDIAL DA SAÚDE
Condições decorrentes 
da doença descritas 
como sequência linear: 
doença > deficiência > 
incapacidade > 
desvantagem.
MODELO 
UTILITARISTA
Voltado para análises 
de custo-efetividade e 
custo-utilidade, 
aplicadas à avaliação 
de projetos e 
investimentos na área 
da saúde. 
MODELO DE QUALIDADE
DE VIDA 
Expressam as preferências 
pelo tempo vivido em 
cada estado de saúde, 
servindo como fatores de 
ajuste em relação ao 
tempo de vida com plena 
saúde.
INDICADORES VOLTADOS PARA A AVALIAÇÃO DAS
CONSEQUÊNCIAS DOS PROBLEMAS DE SAÚDE NÃO-FATAIS
Figura 5 - Exemplos de indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: A imagem da figura 5 apresenta os indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não 
fatais. Da esquerda para a direita, aparece o modelo biomédico que restringe a aspectos anatômicos, bioquímicos e fisiológicos, baseando-se em 
diagnósticos. O segundo é o modelo da Organização Mundial da Saúde com condições decorrentes da doença descritas como sequência linear: 
doença - deficiência - incapacidade - desvantagem. O terceiro é o modelo utilitarista que é voltado para análises de custo-efetividade e custo-utilidade, 
aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde. E por último o modelo de qualidade de vida que expressam as preferências pelo 
tempo vivido em cada estado de saúde, servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde.
Focaremos, nesta seção, na medida de avaliação de-
nominada qualidade de vida, considerando que esta é 
uma medida muito utilizada nos estudos relacionados à 
Educação Física. Conceituar a qualidade de vida é algo 
complexo, uma vez que a expressão apresenta vários sig-
nificados e envolve conhecimentos, valores, percepções 
e experiências diversas. 
Saúde, bem-estar e nível funcional são termos ge-
ralmente utilizados como sinônimos de qualidade de 
vida (OLIVEIRA, 2004). Um conceito amplo e muito 
utilizado é o da Organização Mundial da Saúde (WHO, 
1995), que afirma que a qualidade de vida é a percepção 
do indivíduo sobre a sua própria posição na vida, rela-
cionada ao âmbito cultural de vivência e em relação aos 
objetivos e expectativas próprias. O conceito de quali-
dade de vida relacionado à saúde, para Patrick e Erick-
son (1993), relaciona-se ao valor atribuído à duração da 
vida, modificado em função de deficiências, percepções, 
38 
 
estados funcionais e oportunidades sociais, os quais 
são influenciados pela ocorrência de doenças, agravos, 
intervenções ou políticas públicas. Portanto, o termo 
qualidade de vida se refere ao impacto do estado de saú-
de na função ou na habilidade do sujeito e à percepção 
de bem-estar nos domínios físicos, mentais e sociais da 
vida (OLIVEIRA, 2004).
A mensuração dos níveis de qualidade de vida rela-
cionada à saúde é realizada por meio de instrumentos 
que abrangem diferentes dimensões ou domínios, com-
postos por uma quantidade variada de itens. As respos-
tas relacionadas a essas questões geram escores que po-
dem ser considerados globais ou específicos para cada 
domínio, resultando em índices agregados ou perfis de 
qualidade de vida relacionada à saúde.
Os domínios primários da qualidade de vida rela-
cionada à saúde são os da atividade física, atividade psi-
cológica, atividade social, grau de satisfação com a vida 
ou bem-estar e a percepção do estado de saúde. Domí-
nios secundários, ou adicionais, acabam por ser consi-
derados de acordo com o objetivo do estudo, incluindo 
entre outros fatores, a atividade sexual, o sono, a identifi-
cação de sintomas, fatores relacionados à religiosidade e 
espiritualidade (OLIVEIRA, 2004).
O Quadro 1 mostra os domínios e respectivas face-
tas abordados no instrumento de avaliação da qualidade 
de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL 
- World Health Organization Quality of life) na versão 
abreviada (WHOQOL - Bref), desenvolvido para ava-
liação da qualidade de vida em diferentes contextos so-
cioculturais. É importante frisar que, para cada domínio 
abordado no instrumento, os escores mais baixos repre-
sentam as avaliações menos favoráveis da qualidade de 
vida, ou seja, quanto mais baixo o escore, menor será a 
avaliação dada para aquele domínio.
Domínios Facetas
Físico
• Dor e desconforto
• Energia e fadiga
• Sono e repouso
• Mobilidade
• Atividades da vida cotidiana
• Dependência de medicação ou de tratamentos
• Capacidade de trabalho
Psicológico
• Sentimentos positivos
• Pensar, aprender, memória e concentração
• Autoestima
• Imagem corporal e aparência
• Sentimentos negativos
• Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Descrição de quadro: O Quadro 1 representa os domínios e facetas incluídos no instrumento WHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida. 
São 4 domínios e 4 facetas. O domínio físico é representado por dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da vida 
cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho. O domínio psicológico apresenta sentimentos positivos, pensar, 
aprender, memória e concentração, autoestima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos, espiritualidade/religião/crenças pessoais. O 
domínio das relações sociais é representado por relações pessoais, suporte (apoio) social e atividade sexual. E por último segurança física e proteção, 
ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidades de adquirir novas informações e ha-
bilidades, participação em, e oportunidades de recreação/lazer, ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) e transporte que são representados 
pelo domínio do meio ambiente.
 39
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Relações sociais
• Relações pessoais
• Suporte (apoio) social
• Atividade sexual
Meio ambiente
• Segurança física e proteção
• Ambiente no lar
• Recursos financeiros
• Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
• Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades
• Participação em, e oportunidades de recreação/lazer
• Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)
• Transporte
Quadro 1 - Domínios e facetas incluídos no instrumentoWHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida
Fonte: Moreno et al. (2003, p. 2587).
O WHOQOL-100 (versão inicial) é um instrumento de avaliação da qualidade de vida criado pela Or-
ganização Mundial da Saúde, em que consiste em 100 perguntas referentes a seis domínios, físico, 
psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade/religiosidade/
crenças pessoais. A necessidade de um instrumento mais curto, mas que preservasse as características 
satisfatórias, fez com que o grupo de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde desenvolvesse 
uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-Bref. Para você ter acesso a ambos instrumentos, 
basta acessar o site https://www.ufrgs.br/qualidep/qualidade-de-vida/projeto-whoqol-100
CONECTE-SE
É importante que o desenvolvimento de instrumentos 
para avaliação da qualidade de vida seja muito crite-
rioso, focando nos diferentes aspectos relacionados à 
validade da aferição da qualidade de vida. Igualmente, 
a adaptação transcultural destes instrumentos requer 
o desenvolvimento de estudos específicos, baseando-
-se em rígidos protocolos de investigação (REICHE-
NHEIM; MORAES, 2002). 
Ambos modelos, o biomédico e o da Organização 
Mundial da Saúde, descritos na Figura 5, particularmen-
te em sua versão inicial baseada na Classificação Inter-
nacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens 
- CIDID (WHO, 1980), caracterizam-se pelo enfoque de 
aspectos negativos relacionados às consequências dos 
problemas de saúde não fatais. Os outros modelos, por 
sua vez, permitem abordagens dos aspectos tanto positi-
vos como negativos do conceito de saúde.
Indicadores para avaliação das limitações e 
restrições da atividade física
Analisar a dimensão da atividade física é fundamental 
na avaliação das consequências dos agravos e doenças 
crônicas. Isso porque é crescente a tendência ao envelhe-
cimento populacional e à falta de movimentação física, 
extremamente prejudicial à saúde. Assim, cresce grada-
40 
 
tivamente o desenvolvimento de pesquisas e estudos ba-
seados em medidas de disfunção ou incapacidade física.
Os primeiros indicadores de deficiências físicas fo-
ram baseados em medidas geradas a partir de avaliações 
clínicas padronizadas. Assim, dois fatos impulsionaram 
o desenvolvimento de medidas para avaliação de inca-
pacidades funcionais, primeiro o fato de as deficiências 
não apresentarem relação clara com as necessidades de 
saúde. Segundo pela importância progressiva dada à 
independência funcional de pacientes que são de pro-
gramas de reabilitação. Diante disso, os métodos de ava-
liação passaram a incorporar as atividades passíveis de 
desenvolvimento por uma pessoa, considerando a sua 
capacidade física. As escalas de avaliação das atividades 
diárias da vida e das atividades instrumentais diárias da 
vida são exemplos desses métodos.
As atividades da vida diária caracterizam-se pelos 
cuidados pessoais, como alimentar-se, vestir-se, tomar 
banho, movimentar-se em casa (SADANA, 2002), ou 
seja, aquelas em que a execução depende da habilidade 
física e cognitiva da pessoa. As atividades instrumentais 
da vida diária acabam por ser um segmento das ativida-
des da vida diária, incluindo, assim, além das habilidades 
físicas, a avaliação da (re)integração dos sujeitos acome-
tidos ao meio social.
As escalas de avaliação das atividades instrumentais 
da vida diária permitiram a avaliação de incapacidades 
consideradas de baixo grau, geralmente encontradas na 
população em geral. Para que você consiga entender me-
lhor, as atividades instrumentais da vida diária tem foco 
na habilidade da pessoa, ou seja, habilidades complexas 
necessárias para se viver de maneira independente, isso 
envolve o viver em seu próprio meio, compreendendo as 
limitações que existem no quesito, por exemplo, de co-
zinhar, fazer os trabalhos domésticos, tomar remédios, 
cozinhar e fazer compras (COSTA, 2006).
Existem alguns indicadores que podem ser baseados 
nas escalas das atividades da vida diária ou nas escalas das 
atividades instrumentais da vida diária. Um exemplo são 
as medidas de prevalência de incapacidade de desenvol-
ver ao menos uma das atividades avaliadas, um tipo de 
indicador muito utilizado em estudos de base populacio-
nal sobre avaliação funcional de idosos (PATRICK; ERI-
CKSON, 1993). Outros tipos de indicadores são aqueles 
baseados em medidas genéricas de limitações e restrições 
das atividades (BARBOTTE et al., 2001). 
Entende-se por limitações das atividades a 
redução por longo prazo da capacidade de 
uma pessoa desenvolver as atividades espe-
radas para os sujeitos da mesma faixa etária, 
ou seja, os papéis sociais ou atividades princi-
pais. O conceito das restrições das atividades, 
refere-se à redução das atividades abaixo da 
capacidade de um sujeito, em um prazo rela-
tivamente curto (PATRICK; ERICKSON, 1993).
CONCEITUANDO
 41
considerações finais
Prezado(a) aluno(a), concluímos aqui a sua primeira jornada ao universo da epidemiologia 
da atividade física. Se realizarmos um breve resgate dos conteúdos abordados, você notará 
que nossa primeira conversa se referiu à contextualização histórica da epidemiologia. Pode-
mos entender como se deu a inserção da epidemiologia por meio das primeiras pesquisas 
realizadas. Neste contexto, vimos que os estudos de John Snow, William Farr e Louis René 
Villermé contribuíram grandemente para o campo epidemiológico. 
Podemos ainda entender e discutir sobre o conceito da epidemiologia e a relação desta 
com a saúde e, assim, consequentemente, com a atividade física. Vimos que essa relação se 
deu devido às pesquisas que identificaram o sedentarismo como um fator determinante 
para o desenvolvimento de doenças e agravos à saúde. 
Você pôde ler também sobre a transição epidemiológica, caracterizada pela inversão das 
causas de morte, em que anteriormente as pessoas vinham a óbito por doenças infecciosas e, 
então, começaram a adoecer por doenças de caráter cardiovascular. Para finalizar o conteúdo, 
foi abordado sobre os indicadores e medidas de frequência. Estudamos sobre os conceitos 
de prevalência e incidência e quando devemos utilizar cada uma destas. 
Você pôde notar que se trata de conceitos diferentes, em que prevalência se destina à 
frequência de casos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde, e incidência 
são os casos novos que surgem dessa determinada doença. Referente aos indicadores de saúde, 
vimos que estes podem ser baseados em duas vertentes. A primeira foi sobre os indicadores 
de saúde baseados em medidas de mortalidade. A segunda foi sobre os indicadores de saúde 
baseados em medidas de morbidade. 
Você percebeu que existem diferentes indicadores e que estes podem fornecer infor-
mações distintas, mas que, muitas vezes, complementam-se entre si. Portanto, com essas 
considerações, encerramos este nosso primeiro encontro. Até o próximo!
42 
atividades de estudo
1. Suponha que em 01/01/2019 existiam 2.700 casos de câncer de mama em trata-
mento na cidade de Maringá, no estado do Paraná. Durante o passar do ano, fo-
ram notificados 960 casos novos de câncer, e 830 pacientes obtiveram alta por 
cura. Todos os pacientes foram tratados por meio do tratamento aqui nomeado 
como “x”, que teve duração de seis meses. A população residente em Maringá, 
no ano de 2019, era de cerca de 450.000 habitantes.
Considerando as informações, calcule a prevalência de câncer de mama no 
início e no final de 2019 e a taxa de incidência de câncer de mama em 2019 na 
referida cidade.
2. A epidemiologia é uma área da ciência que estuda o processo saúde-doença 
na população humana, analisando a distribuição e os fatores que determinam 
a enfermidade. Considerando o exposto, assinale (V) para as afirmativas ver-
dadeiras e (F) para as falsas. 
( ) A epidemiologia se baseia nos fatores clínicos individuais do processo de 
saúde.
( ) Por meio dos estudos epidemiológicos, é possível prevenir, controlar e, poste-
riormente,

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