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ANESTESIA LOCAL, REGIONAL E ESPINHAL 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS: Muitos procedimentos cirúrgicos podem ser satisfatoriamente efetuados sob anestesia local. O emprego ou não de M.P.A., dependerá da espécie, temperamento, saúde do animal e magnitude da intervenção. O isolamento da cocaína em 1860, seguido de seu uso clínico, aproximadamente 20 anos após, inaugurou a era da anestesia local. Embora com grande toxicidade para o SNC, além do potencial de abuso, a ausência de novos compostos manteve a cocaína como único anestésico local até o início do século XX. A síntese de derivados do ácido paraminobenzóico (PABA) e a introdução de aminoésteres antecederam o surgimento da primeira amida anestésica, a lidocaína, sintetizada por Löefgren em 1943. A busca por compostos que apresentassem qualidade anestésica associada à duração, segurança, menor toxicidade e efeitos colaterais, motivou a continuidade de pesquisas, surgindo novos e potentes anestésicos locais, que hoje são altamente utilizados nas mais variadas técnicas anestésicas locais, perineurais e espinhais. Há diversos aspectos da anestesia local que a torna particularmente útil na clínica veterinária. Seu uso permite que operações prolongadas sejam efetuadas nos animais em estação e em animais de grande porte; isto evita perigos associados com a contenção forçada e decúbito prolongado. As técnicas para a anestesia local não são difíceis de serem aprendidas, e não envolvem o uso de equipamento caro ou sofisticado. Deve ser levado em conta que alguns analgésicos locais, como a lidocaína, exercem uma ação sedativa ao serem absorvidos dos locais de injeção, logo, se necessário aplicação de uma agente sedativo a dose do mesmo deve ser reduzida considerando esse efeito. Os agentes anestésicos irão agir no sistema periférico abolindo a sensibilidade de uma região maior ou menor do corpo do animal, dependendo do bloqueio anestésico atingindo um pequeno nervo, um tronco nervoso ou até mesmo um plexo nervoso. Todos os anestésicos locais são sais de bases fracas, normalmente sob a forma de cloridrato, com pKa maior do que 7,4. A anestesia é produzida por interrupção da condutibilidade dos nervos sensitivos de uma terminação nervosa ou de uma região corporal. A insensibilidade ocorre devido os agentes anestésicos locais, quando aplicados localmente, ou ao redor da medula espinhal ou ao redor de um plexo nervoso bloquearem os canais de Na (sódio) impedindo a despolarização da membrana. Para se executar as técnicas de anestesia local, é imprescindível o conhecimento da neuroanatomia regional para que se possa prevenir insucessos provenientes do bloqueio parcial das estruturas a serem manipuladas, assim como conhecer as características farmacológicas dos agentes empregados para este fim. 2 - MEIOS DE PRODUZIR ANESTESIA LOCAL: A analgesia local ou regional pode ser produzida através de três maneiras: (1) por meios mecânicos com a utilização de garrote ou por compressão sobre o feixe nervoso; (2) por meios físicos com uso de éter, gelo e cloreto de etila, e (3) pelos meios químicos usando-se - bloqueadores, venenos protoplasmáticos, como álcool, fenol, ortocresol, e por anestésico local de ação específica como a novocaína, a lidocaína, a prilocaína, a bupivacaína, etc. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA ANESTESIOLOGIA EM RUMINANTES - ISP0014 Profª. Ruth Helena Falesi Palha de Moraes Bittencourt ruth.bittencourt@ufra.edu.br mailto:ruth.bittencourt@ufra.edu.br 3 - CARACTERÍSTICAS DE UM ANESTÉSICO LOCAL: O anestésico local se caracteriza por não ser irritante e nem tóxico, ter ação reversível e não deixar seqüelas, ser estável e solúvel em água, ter pH próximo da neutralidade para poder liberar as bases anestésicas visto que em pH ácido não ocorre analgesia local devido não haver hidrólise do sal e o mesmo não liberar as suas bases anestésicas. Deve ser absorvido lentamente para causar baixa toxicidade sistêmica, deve ser compatível com vasoconstritor com intuito de prolongar a duração da anestesia e, com a hialuronidase para aumentar a área de ação do agente visto que esta aumenta a permeabilidade dos tecidos ao fármaco diminuindo o tempo de latência do anestésico, e por último, ter preço razoável. Vale ressaltar, que o uso de anestésicos locais associados à vasoconstritores devem ser evitados para analgesia de extremidades, tais como membros e cauda, devido o risco de isquemia local e necrose tissular, além de que pode predispor à hemorragia de pequenos vasos ao final de seu efeito se uma hemostasia cuidadosa não foi efetuada. 4 - FARMACOCINÉTICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Os analgésicos locais não só afetam as fibras nervosas, mas todos os tipos de tecidos excitáveis, como a musculatura esquelética, lisa e cardíaca. O anestésico local atravessa as membranas do nervo por difusão obedecendo a um gradiente de concentração, o qual depende basicamente da lipossolubilidade do medicamento, do pH do meio e da concentração do medicamento. A distribuição do anestésico local se faz a partir do momento em que este ganha acidentalmente a corrente sangüínea. Todos os anestésicos locais são primeiramente distribuídos a órgãos de maior perfusão sangüínea, como cérebro, fígado, rins e pulmões; em seguida, aos tecidos com suprimento sangüíneo intermediário, como os músculos, finalmente, aos tecidos de menor perfusão como o tecido adiposo. Possuem um efeito complexo sobre o SNC, de um modo geral a sedação é o primeiro sinal observado, com aumento na concentração, excitação e convulsões poderão ser observados. Os níveis sangüíneos de anestésicos locais dependerão da área em que foi injetado. Os anestésicos locais têm efeitos diretos e indiretos sobre o sistema cardiovascular. Eles produzem paralisia vasomotora, aumentando o fluxo sangüíneo na região anestesiada com maior absorção para a corrente circulatória. A maior parte dos outros agentes, em baixas concentrações, estimula a musculatura lisa, produzindo vasoconstrição, enquanto elevadas concentrações causam vasodilatação. Podem ocorrer efeitos secundários, independentes das ações diretas de qualquer agente anestésico local que esteja sendo usado, devido à natureza regional do bloqueio produzido. Hipotensão sistêmica freqüentemente acompanha o bloqueio epidural, devido ao bloqueio simpático. Os agentes que causam analgesia local ou regional são metabolizados no fígado, tecido e no sangue pelas esterases contidas no plasma, e eliminados através do rim. 5 - INTOXICAÇÕES POR ANESTÉSICOS LOCAIS E TRATAMENTO: Os anestésicos locais podem causar intoxicação no paciente quando não se leva em consideração a dose a ser administrada e o local de administração. Muitas técnicas locais ou regionais são descritas com as doses a serem usadas de anestésico, já prevendo riscos de intoxicação, da mesma forma em que a maioria dos agentes apresenta uma dose máxima a ser utilizada. No que diz respeito à área a ser anestesiada, quanto mais vascularizada esta for, maior será o nível sérico obtido, o que nos leva a ter certa cautela na quantidade de anestésico local a ser usada em determinadas áreas corporais como músculos intercostais, mucosas ou regiões massetérica, para evitar uma intoxicação. Os anestésicos locais devem sempre ser tratados com respeito, sendo importante que, na prática clínica, sejam empregadas apenas quantidades mínimas e precisamente aplicadas, para que a intoxicação seja evitada. Como sinais de intoxicação pode-se observar apreensão, comportamento irracional, calafrios, náuseas, vômitos, olhar fixo, perda da consciência, tremores, convulsões, opistótomo, contraturas, depressão, paralisia do centro respiratório e morte. O tratamento consiste em combater inicialmenteos sintomas nervosos (SNC) com aplicação imediata de barbitúricos de ação ultracurta para antagonizar os efeitos da excitação, ou usar miorrelaxantes, respiração controlada com prévia intubação endotraqueal. Nos casos de convulsões que não cessem em mais ou menos 2 minutos, aplicação de diazepam na dose de 0,2 - 0,6 mg/kg IV e oxigenação. 6 - ANESTÉSICOS LOCAIS Uma variedade de fármacos anestésicos é utilizada para bloquear reversivelmente a transmissão nervosa, possuindo potência, toxicidade e tempo de ação dependente do grupo farmacológico a que pertence. Os anestésicos locais mais utilizado são: 6.1 - LIDOCAÍNA: É um anestésico local potente, de duração moderada e com grande poder de penetração. A lidocaína possui um período de latência muito mais curto, ação mais intensa e tempo de ação mais longo que a procaína. O agente é rapidamente absorvido dos tecidos e superfícies mucosas. Apresenta moderada lipossolubilidade, causa pouca vasodilatação, sua ação tópica é pouco eficaz, a não ser em grandes concentrações. A lidocaína diminui a condução do sódio pela membrana, aumenta o estímulo elétrico requerido para a produção da fibrilação, sendo usada, também, para controlar arritmias ventriculares. As taquicardias ventriculares, sustentadas ou paroxísticas são tratadas usualmente com a lidocaína a 2% com injeção de bolus lentamente (PEREIRA et al., 1997). A lidocaína pode ser utilizada nas concentrações de 1 e 2%, de acordo com o tempo de bloqueio anestésico requerido, que é aproximadamente de 1 a 2 horas respectivamente, estas concentrações são geralmente usadas nos bloqueios locais infiltrativos, regionais e na epidural, na raquianestesia aconselha-se o uso da lidocaína pesada que se apresenta na concentração de 5%, ainda, para analgesia de superfícies ou tópicas indica-se a lidocaína 4 a 10%. As doses de lidocaína são indicadas conforme a técnica a ser realizada e a área a ser bloqueada, segundo Massone (2003), deve-se levar em consideração que a dose máxima permitida é de 7mg/kg sem vasoconstritor e 9 mg/kg com vasoconstritor, Lascelles e Waterman (1997) citaram como dose máxima permitida 4mg/kg. A lidocaína na concentração de 2% tem a capacidade de reverter arritmias cardíacas, não havendo redução no débito cardíaco ou contratilidade miocardial. Pode contribuir para hipotensão pela ação inotrópica negativa e pode causar bloqueio átrio-ventricular; em doses elevadas pode promover o aparecimento de parada respiratória. Dependendo da dose administrada e do local de administração, toxicidade pode ser observada, os efeitos tóxicos da lidocaína, em sua ordem usual de aparecimento, segundo Hall e Clarke, 1987, são: (1) sonolência; (2) contração e depressão respiratória; (3) convulsões e hipotensão. 6.2 – PROCAÍNA: É um anestésico local menos potente que a lidocaína, com ação antifibrilatória, com pequeno poder de penetração na pele e mucosas quando em concentrações menores que 2%, sua ação é curta, de mais ou menos 1 hora, é rapidamente absorvido pela circulação sistêmica. A analgesia surge cerca de 5 minutos após aplicação do agente pela infiltração cutânea e em torno de 10 minutos no caso de injeção epidural e perineural. Para infiltração na pele e gengivas em cães e gatos empregam-se concentrações a 2% com adrenalina, nas injeções cutâneas e perineurais em cavalos e bovinos são freqüentemente empregadas concentrações de 4 a 5% e na epidural deve-se usar a 2,5%. A dose máxima permitida, segundo Massone (2003), é de 10mg/kg. 6.3 - TETRACAÍNA: É um potente anestésico local de ação tópica. É 10 vezes mais tóxica que a procaína, altamente lipossolúvel, seu PM é 300,83. Nas anestesias oculares indica-se o uso de tetracaína na concentração de 0,5% e, nas de mucosas a de 1 a 2%, sendo permitida como dose máxima 1 mg /kg (1-2%). 6.4 - PRILOCAÍNA: É menos lipossolúvel que a lidocaína, porém com potência semelhante, apresenta bom poder de penetração e é menos tóxica que a lidocaína. As doses são semelhantes a da lidocaína. 6.5 - BUPIVACAÍNA: Anestésico local pertencente ao grupo das pipecolilxilidadas que surgiu na década de 60. O cloridrato de bupivacaína tem sua potência 3 a 4 vezes maior que a da lidocaína, ação longa e mais prolongada, em torno de 2 a 4 horas, apresenta potencial cardiotóxico, não produz vasodilatação e é altamente lipossolúvel. Dose máxima permitida 2 mg/kg (0,25 e de 0,50%). Sua forma levógira (S -), resultado de pesquisa do Laboratório Cristália, em estudos clínicos e experimentais mostraram que, apresenta significativa redução dos efeitos tóxicos, particularmente relacionados ao sistema cardiovascular. Vários estudos em animais mostraram que a levobupivacaína tem menor toxicidade do que a mistura racêmica, este fenômeno acontece pela menor afinidade da levobupivacaína pelos canais de sódio do miocárdio. Efeitos tóxicos menores da levobupivacaína também foi demonstrado pelo SNC. É encontrada no mercado como solução injetável 0,5% com ou sem vasoconstritor. 6.6 – ROPIVACAÍNA: Anestésico local de uso recente, com potência semelhante a da bupivacaína que proporciona maior duração de ação que a bupivacaína após anestesia infiltrativa e menor cardiotoxidade. É solúvel em água e estável em solução aquosa. Apresenta-se em concentrações de 0,2%, 0,75% e 1% para bloqueios perineurais e anestesia infiltrativa. 7 - TÉCNICAS ANESTÉSICAS LOCAIS E REGIONAIS: Para aplicação de qualquer tipo de anestesia regional com sucesso, temos que introduzir uma agulha hipodérmica no local que se deseja bloquear seja um pequeno nervo ou um plexo nervoso, o que exige um determinado conhecimento de neuroanatomia. 7.1 - ANESTESIAS TÓPICAS OU DE SUPERFÍCIE Estas técnicas são usadas nas formas mais simples de interferência cirúrgica, como incisão de pequenos abscessos superficiais. A analgesia de superfície é também empregada no alívio da dor decorrente de processos patológicos envolvendo articulações e bainhas tendinosas; na membrana mucosa da glande peniana e da vulva; nas manobras das camadas nasais do cavalo ou na passagem trans-nasal de tubo gástrico em cães; na cirurgia oftálmica da córnea e no alívio da dor em áreas superficiais eczematosas ou que sofreram abrasão. São ainda requeridas para fins exploratórios nos olhos, mucosas bucais ou nasais, nestes casos são usadas a lidocaína na forma de líquido ou spray em concentrações mais altas de 4 e 10 %. As anestesias tópicas podem ser realizadas através de técnicas de: (1) resfriamento ou congelamento, onde se utiliza o gelo, gelo seco, éter ou o cloridrato de etila, nesta técnica verifica-se o perigo de necrose, (2) instilação, onde o anestésico local é instilado nas conjuntivas, fossas nasal e córnea, (3) nebulização, o anestésico local é nebulizado sobre a área a ser anestesiada, muito usada nos casos de queimaduras, (4) pincelamento, onde o anestésico local é pincelado sobre a área que se quer anestesiar, de um modo geral são usados anestésicos nas formas de líquido ou pomadas e, (5) sinovial, onde o anestésico é depositado na articulação, normalmente é utilizado para fins diagnósticos e no alivio de dores articulares. 7.2 - ANESTESIAS INFILTRATIVAS Nestas técnicas, as terminações nervosas são afetadas no próprio local da intervenção. A infiltração nunca deverá ser efetuada através ou no interior, de tecidos infectados ou inflamados, visto que a influência do pH é muito importante para a neutralização do sal ácido tipo cloridrato, a liberação das bases capazes de promover a analgesia local, aumenta com a alcalinidade do meio, logo, em pH muito ácido o retardo da neutralização representa um dos fatores que explicam a dificuldade de se produzir anestesia local em áreas infeccionadas. As anestesias infiltrativas podem ser intradérmicas, subcutâneas e profundas. Nos cães e gatos,as anestesias infiltrativas são usadas quando a intervenção é simples, tal como biópsias, retirada de cistos e pequena suturas de pele. Em animais de grande porte estas técnicas são rotineiras isoladas ou como técnicas coadjuvantes das anestesias regionais ou espinhais. 7.2.1 - ANESTESIA INFILTRATIVA SUBCUTÂNEA a) Botão Anestésico: No botão anestésico, uma agulha para infiltração, será introduzida no tecido subcutâneo onde o anestésico deverá ser depositado formando um abaulamento no local, assemelhando-se a um botão. É indicada, dentre outras, em pequenas biópsias de pele. Fonte: Arquivo Pessoal, 2006 Botão Anestésico b) Cordão Anestésico: É utilizado, normalmente, para anestesiar o local onde será realizada uma incisão. Consiste em puncionar a pele, posicionando a agulha, para infiltração, em toda a extensão da linha de incisão, em seguida, ao mesmo tempo em que vai depositando o anestésico vai se retirando a agulha, de modo a depositá-lo em todo o trajeto realizado pela agulha, formando desta maneira um cordão. Fonte: Arquivo Pessoal, 2006 – Cordão Anestésico c) Figuras Planas Geométricas: Técnica semelhante a do cordão, onde vários cordões serão feitos formando figuras geométricas como retângulos, quadrados, triângulos e losangos, atinge apenas o subcutâneo, da mesma forma que no cordão, conforme vai-se retirando a agulha, vai-se introduzindo o anestésico . Deve-se realizar o mínimo de punções possíveis. É indicada para suturas de pele e similares. Desenhos esquemáticos – Figuras Planas 7.2.2 - ANESTESIA INFILTRATIVA INTRADÉRMICA: O anestésico é depositado intradermicamente. Esta técnica, de um modo geral, é indicada para pequenas intervenções na pele, bem como nas biópsias para estudos dermatológicos. 7.2.3 - ANESTESIA INFILTRATIVA PROFUNDA: Também chamado Bloqueio de Campo, atinge planos mais profundos como musculatura. Para a infiltração de diversas camadas de tecido, o procedimento consiste na injeção a partir de um sítio de punção, do tecido subcutâneo, e em seguida e sucessivamente, dos tecidos mais profundos, através de um avanço mais profundo da agulha. a) Figuras Geométricas Tridimensionais: Semelhante à técnica infiltrativa subcutânea de figuras geométricas planas, sendo que descreve figuras geométricas como um cone, uma pirâmide, etc. em um plano tridimensional, atingindo tecidos mais internos. São indicadas para promover analgesia na pele e musculatura. São utilizadas na ruminotomia (musculatura), para excisão de linfonodos e de neoplasias em planos profundos, nas biopsias envolvendo o tecido conjuntivo, nas vulvoplastias, para retirada de corpos estranhos em trajetos fistulosos, nos seqüestros musculares ou ósseos, etc. Fonte: Internet, 2006 - Losango Cubo Pirâmide invertida Desenhos Esquemáticos Figuras Geométricas Tridimensionais b) Anestesia Circular: É sugerida para produzir analgesia ao nível de porção distal dos membros, cauda, chifres, prepúcio (rufião) e tetos permitindo a realização de intervenções. Consiste em infiltrar o anestésico radialmente aos locais citados, depositando o anestésico subcutaneamente e profundamente (infiltrativa, superficial e profunda). Esta técnica ao nível de membros de um bovino adulto consumirá de 20 a 30 mL de lidocaína 2%. Ressalta-se que o inconveniente desta técnica é que exige várias perfurações para sua execução, predispondo a sépsis (TEIXEIRA; SANTOS, 2001). Fonte: Arquivo Particular, 2006 Fonte: Internet, 2006 Anestesia Circular no Prepúcio Anestesia Circular ao redor do chifre A anestesia infiltrativa circular nos tetos é indicada nas cirurgias reparadoras da mama. A técnica consiste em colocar um garrote no teto que sofrerá a intervenção é introduzir uma agulha 4012, obedecendo-se os 4 pontos cardeais, fazendo 2 perfurações, e injetar 2,5 mL de lidocaína 1 % svc em cada infiltração. c) Anestesia Infiltrativa entre Garrotes: É uma técnica normalmente realizada nos membros, quando não se pode exceder a dose máxima de anestésico permitida, ou em pacientes de alto risco anestésico. O anestésico fica limitado por 2 garrotes, um cranial à área a ser anestesiada e outro caudal a mesma, o anestésico é depositado na área delimitada embebendo uma pequena área tissular bloqueando desta forma o impulso nervoso. Aguarda-se de 5 a 10 minutos, após administração do agente e retiram-se os garrotes. Fonte: Massone, 2003 Anestesia entre Garrotes d) Infiltração em L Invertido: A infiltração na musculatura é feita na forma de um “L” invertido, abrangendo uma maior extensão de tecidos, não havendo presença de anestésico no local da incisão. Trata-se de uma técnica de anestesia regional em que todos os nervos aferentes do campo cirúrgico são dessensibilizados, normalmente é realizada ao nível de flanco. Consiste em injetar o anestésico local, de maneira a formar duas linhas convergentes, sendo uma paralela à borda dorso-caudal da última costela e a outra paralela à borda ventro- lateral dos processos transversos das vértebras lombares, promovendo, desta maneira um bloqueio profundo de toda a fossa paralombar. Vale ressaltar que à medida que se vai retirando a agulha para infiltração do local vai-se depositando o anestésico em todo o seu trajeto, formando desta forma um cordão anestésico e, próximo ao ponto de punção, a agulha deverá ser rotacionada em 90º para realização do segundo cordão ou linha. Este procedimento é indicado como técnica complementar nas cirurgias abdominais com abordagem pelo flanco. Utiliza-se em média 80 a 100 mL de anestésico. Fonte: Skarda (1986) – Anestesia regional em bovinos pelo flanco utilizando “L invertido”. Fonte: Lumb e Jones’(1996) – Bloqueios anestésicos da teta: Circular (A), em “V invertido” (B), infusão da cisterna (C) e bloqueio intravenoso regional (D). 7.3 - ANESTESIAS REGIONAIS Em muitas ocasiões as anestesias regionais são requisitadas à geral, para procedimentos cirúrgicos, para fins diagnóstico ou mesmo para fins de analgesia em casos de transporte, cobertura ou apenas para alívio da dor. Com a utilização destas técnicas evita-se riscos de depressão cardiorrespiratória ocasionada pelos anestésicos gerais e permitem muitas vezes que as intervenções possam ser realizadas com o animal em posição quadripedal. Vale ressaltar que a realização dessas técnicas anestésicas deverá, muitas vezes, estar condicionada ao comportamento do animal, visto que em alguns casos há necessidade de sedação ou tranqüilização do mesmo para facilitar a manipulação, porém deve-se levar em conta que esta poderá interferir em casos de bloqueios para fins diagnóstico. As técnicas regionais se baseiam fundamentalmente na deposição do anestésico ao redor de um plexo nervoso (perineurais) ou nas proximidades da medula espinhal (espinhais) promovendo o bloqueio do impulso nervoso. As anestesias regionais são realizadas, com freqüência nos membros, próximo da medula espinhal ou nas emergências dos forames. Em algumassituações o bloqueio anestésico pode não ser verificado, o que se leva a acreditar que houve uma localização errônea do nervo, volume de anestésico inadequado, diluição ou hemodiluição do anestésico, presença de tecido fibroso ou reação inflamatória, impedindo a difusão do anestésico e presença de outras regiões dolorosas que não aquela inervada. As técnicas regionais são usadas geralmente associadas à anestesia infiltrativa e muitas vezes se faz necessário, ainda, sedação ou tranqüilização prévia. São indicadas para descornas, recalques dentários e trepanações em eqüinos, intervenções nos membros, nas laparotomias em bovinos (paravertebral), nas palatites, para suturas, nas excisões tumorais, para cirurgias obstétricas, nas intervenções de reto, nos pacientes de risco etc. 7.3.1 – TÉCNICAS REGIONAIS AO NÍVEL DE CABEÇA As anestesias perineurais na cabeça possibilitam a realização de intervenções cirúrgicas com o animal em pé, o que irá facilitar a manipulação do mesmo. Os procedimentos anestésicos locais na cabeça permitem desde exames complementares até cirurgias cruentas. A maioria dos nervos que poderão ser bloqueados na cabeça são originários do nervo trigêmeo (5º par de nervos craniano). Os nervos mais comumente bloqueados são o auriculopalpebral, supra-orbital, zigomáticotemporal (lacrimal), infraorbitário, oculomotor, abducente e nervo troclear. a - Anestesia do Nervo Frontal ou Supra-Orbitário: Indicada para intervenções cutâneas na pálpebra superior e em áreas circunvizinhas, nos bovinos é usada principalmente na trepanação do seio frontal, é utilizada para intervenções nas pálpebras (tumorações, lacerações, etc) e, se seguida por instilação tópica de colírio anestésico possibilitará intervenções na córnea e saco conjuntival (dermóides, retirada de corpos estranhos, úlceras de córnea, entrópio). A técnica consiste em depositar o anestésico no interior do forame supra-orbitário que se localiza mais ou menos acima do canto medial do olho, no cavalo, mais ou menos 6cm dorsal a comissura medial do olho. O forame é reconhecido como uma depressão semelhante a um orifício. Uma agulha com calibre 19 e com 2,5cm de comprimento, será passada através do forame até uma profundidade de 1,5 a 2 cm onde deverá ser injetada lidocaína a 1 ou 2 % na dose de 5mL nos eqüinos e bovinos. Fonte: Arquivo Particular, 2004 Anestesia do nervo supra-orbitário b- Analgesia da Pálpebra Superior: Além do bloqueio do supra-orbitário, adicionalmente deve- se bloquear o nervo lacrimal localizado alguns centímetros (0,5 a 1cm) acima da comissura lateral da pálpebra superior e injeta-se subcutaneamente de 3 a 5mL de lidocaína 2%. Ou como opção para sutura de feridas superficiais da pálpebra pode-se utilizar o bloqueio direto das bordas da ferida. c - Anestesia do Nervo Infra-Orbitário: É uma técnica anestésica muito utilizada nos eqüinos, principalmente nas extrações dos dentes incisivos superiores, no tratamento cirúrgico da palatite (travagem), nas suturas cutâneas do lábio superior e nas manipulações das narinas, é usada com fins semelhantes em outras espécies. O forame infraorbitário situa-se mais ou menos a uns 9 ou 12 cm ao longo de uma linha imaginária que vai desde o canto medial do olho até mais ou menos a porção média do osso nasal. Nas raças zebuínas (bovinos) ele se situa mais cranial e acima do primeiro pré-molar. O nervo infra-orbitário pode ser submetido à injeção perineural de 5 a 10mL de lidocaína em bovinos e eqüinos ou de 1 a 3 mL do mesmo agente e em cães, (a) no seu ponto de emergência do forame infraorbitário; (b) Dentro do canal, via forame infraorbitário ou; (c) Dentro da fossa pterigopalatina, no ponto em que o nervo penetra no forame maxilar. Fonte: Arquivo Particular, 2004 Fonte: Internet, 2006 Anestesia do Nervo Infra-orbitário Anestesia do Nervo Infra-orbitário no eqüino em bovino d- Anestesia do Nervo Mentoniano: Usada para promover analgesia unilateral do lábio inferior para intervenções dentárias nos incisivos inferiores, nas suturas gengivas e labiais, etc. O forame mentoniano está situado no aspecto lateral do “ramus”, no meio do espaço interdental. Através da pele, localize e desvie por cima o tendão do músculo depressor do lábio inferior, identificado por ser uma estrutura que ao toque assemelha-se a um lápis, até que a margem óssea do forame possa ser percebida, neste local, injeta-se, nos bovinos, 5 a 10mL de lidocaína sobre o nervo, dentro do canal. Fonte: Internet, 2006 – Anestesia no Nervo Mentoniano e - Anestesia do Nervo Mandibular: O nervo mandibular origina-se do trigêmeo e inerva internamente a mandíbula permitindo intervenções gengivais e dentárias nos molares inferiores. A localização do nervo mandibular pode ser facilmente obtida pelo cruzamento de duas linhas imaginárias, uma no eixo de encontro dos molares superiores com os inferiores e outra descendo pela tangente oposta ao canto lateral do olho, formando um ângulo de 90 o . O anestésico, lidocaína 2%, na dose de 10mL, é depositado na entrada do forame mandibular, sobre o nervo, pode ser usado uma agulha 1508 ou 15010 para realização da técnica. f - Anestesia do Nervo Óptico: É usada para enucleação do globo ocular em eqüinos e bovinos. Consiste em inicialmente tranqüilizar o animal, contê-lo em decúbito lateral e, posteriormente, infiltrar na forma de cordão, 5 mL de lidocaína 2 % em cada pálpebra e, em seguida, com auxílio do dedo indicador, introduzir um cateter flexível no canto medial do olho tangenciando o globo ocular, próximo ao tabique ósseo, no espaço compreendido entre o globo ocular e a órbita em sua comissura nasal até atingir os nervos óptico, óculo-motor, abducente, troclear, lacrimal e oftálmico, onde será depositado de 5 a 10 mL de lidocaína a 2%. Esta anestesia retrobulbar traz riscos, tais como introdução da agulha no globo ocular e aplicação subaracnóidea a qual poderia levar o animal à morte por disseminação do anestésico diretamente no líquido cefalorraquidiano (TEIXEIRA; SANTOS, 2001). Fonte: Internet, 2006 g - Anestesia para Cirurgias de Entrópio e Ectrópio: Entrópio e ectrópio são patologias freqüentes nas raças zebuínas, e o tratamento consiste em abordagens cirúrgicas. Indica-se para o procedimento cirúrgico, MPA se necessário, e anestesia local na pálpebra afetada com a deposição subcutânea de 5 a 7 mL de lidocaína 1%. Para o tratamento cirúrgico destas patologias, pode ser realizado também o bloqueio do nervo auriculopalpebral, onde a agulha é inserida em frente à base da orelha, ao fim do arco zigomático, sendo introduzida até que sua ponta se situe no limite dorsal do arco, onde será depositado de 10 a 15mL de lidocaína 2% sob a fáscia. h- Anestesia do Nervo Cornual: É uma técnica usada em descornas cosméticas ou plásticas e consiste em fazer a anestesia perineural do nervo cornual que é um ramo da porção zigomáticotemporal (lacrimal) da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (quinto par craniano). O local da injeção, em bovinos, é encontrado traçando-se uma linha imaginária entre a base do chifre e o centro da órbita, por trás e por baixo da crista do frontal, no sulco temporal, no seu terço superior. Utiliza-se uma agulha nº19 com 2,5cm de comprimento ou 40x12, com penetração de 0,9 a 1cm, imediatamente atrás da crista, onde será injetado 5mL de lidocaína 2% para cada 100kg. Uma segunda aplicação um centímetro caudal à primeira aplicação, pode ser feita nos animais adultos com chifres desenvolvidos,com a intenção de bloquear o ramo cutâneo do segundo nervo cervical. A perda da sensibilidade ocorre em 10 a 15 minutos e perdura por cerca de 1 a 1h e 30 min. Esta técnica é mais empregada nas raças européias. Nas raças zebuínas, indica-se a anestesia infiltrativa circular 1 a 2cm abaixo da transição do tecido queratocórneo. Nos caprinos, o suprimento nervoso para os chifres é fornecido pelos ramos cornuais dos nervos lacrimal e infratroclear. O local para bloqueio do ramo cornual do nervo lacrimal situa-se atrás da raiz do processo supra-orbital, a agulha deve ser inserida o mais próximo possível da crista caudal da raiz do processo supra-orbital, numa profundidade de 1 a 1,5cm, e injetam-se 2 a 3 mL de lidocaína 1%. O bloqueio do ramo cornual do nervo infratroclear é realizado na margem dorso-medial da órbita, a agulha deve ser inserida o mais próximo possível da margem da órbita numa profundidade de cerca de 0,5cm, e injetam-se 2 a 3 mL de lidocaína 1%. Fonte: Arquivo Particular, 2004 Anestesia no Nervo Cornual Fonte: Arquivo Particular, 2004 Anestesia no Nervo Cornual 7.3.2 - MEMBROS A técnica anestésica mais empregada a campo em intervenções cirúrgicas em membros de ruminantes é a técnica de Bier Anestesia Regional Intravenosa - Bier: Na anestesia regional intravenosa ou técnica de Bier, o anestésico é depositado no interior de uma veia de grande calibre de qualquer membro, o anestésico ultrapassa as paredes do vaso difundindo-se no espaço perivascular, anestesiando as terminações nervosas circunvizinhas. É um método simples e seguro para promover analgesia nos dígitos de ruminantes. É indicada, ainda, para debridar e suturar feridas de extremidades, remoção de neoplasias, tratamento cirúrgico de pododermatite, amputação de terceira falange, tenotomias e neurectomias. Bem aceita em bovinos, cães e eqüinos. A técnica consiste em conter o animal em decúbito lateral, fazer um torniquete no membro, acima do local a ser manipulado, e canular uma veia calibrosa para retirar uma determinada quantidade de sangue equivalente com a de anestésico a ser depositada na veia, levando em consideração o peso do animal. Após a administração do anestésico local deve-se promover uma pressão digital no sentido distal do membro para favorecer a disseminação do anestésico, o qual apresentará seu efeito em 5 a 10 minutos. O torniquete não deverá ser retirado precocemente, ou seja, nos primeiros 15 a 20 minutos após injeção, para evitar-se sintomatologia compatível com intoxicação por anestésico local. Outro cuidado a ser tomado diz respeito a permanência do torniquete que não deve exceder a três horas, o que poderia predispor a necrose das estruturas distais. No membro anterior ou torácico, as veias radial, metacarpiana ou cefálica são as mais utilizadas, enquanto que no membro posterior ou pélvico, indica-se o ramo lateral da veia safena lateral ou a veia digital plantar lateral. No membro posterior colocar uma compressa na depressão que há entre a tíbia e o calcâneo para evitar que o anestésico se difunda para fora da área que se quer anestesiar. Doses de lidocaína 2%: Até 50 kg = 5 mL, de 50 - 100 kg = 10 mL, de 100 - 200 kg = 15 mL, de 200 - 350 kg = 20 mL e de 350 kg ou mais = 30 mL. Fonte: Arquivo Particular, 2005 Anestesia Intravenosa de Bier Fonte: Massone, 2003 Desenho Esquemático – Anestesia de Bier 7.3.3 – ANESTESIA PARA INTERVENÇÕES NO TRONCO E NO FLANCO As anestesias ao nível do tronco e do flanco são utilizadas nas cirurgias abdominais exploratórias dos ruminantes (ruminotomia, correção de deslocamento gastrointestinal, obstrução intestinal), ruminostomia, cesarianas, ovarioectomia, cirurgias envolvendo a cauda, períneo, ânus, reto, vulva, vagina, prepúcio e pele do escroto. a - Anestesia para Orquiectomia: Para realização desta anestesia pode-se fazer MPA opcional, em seguida, derrubar e conter o paciente em decúbito lateral, higieneização e anti-sepsia do local em que se vai injetar o anestésico, posteriormente faz-se: (1) cordão anestésico paralelo a rafe escrotal e, (2) anestesia perineural no cordão espermático (anestesia em botão sobre o cordão espermático localizado acima dos testículos próximo da base do pênis). Usa-se lidocaína a 2 % svc em doses de 5 a 10 mL, pode ser usada uma agulha 15010. Fonte: Internet, 2006 Anestesia para Orquiectomia Botão sobre o Cordão Espermático Fonte: Arquivo Particular, 2004 Anestesia para Orquiectomia Paralelo a rafe Fonte: Internet, 2006 Anestesia para Orquiectomia Anestesia na Bolsa Escrotal b - Anestesia Epidural ou Peridural: É indicada em qualquer intervenção cirúrgica na qual se requeira a sensibilização ao nível de flanco, reto, reto-vaginal e dos membros posteriores. Os agentes anestésicos locais são freqüentemente usados para induzir analgesia epidural em um grande número de procedimentos diagnóstico e cirúrgico nas diversas espécies domésticas. Com essa técnica espinhal, as fibras simpáticas, sensoriais e motoras serão afetadas obedecendo, essa ordem de decréscimo de sensibilidade. Quando as fibras motoras são afetadas, observa-se fraqueza nos membros posteriores. A analgesia epidural promovida pelo uso de anestésicos locais pode induzir a uma ataxia marcante ou mesmo o decúbito do animal como resultado da depressão dos nervos motores, em função desse e de outros aspectos agentes alternativos estão sendo usados, como os 2 agonistas, para induzir o bloqueio das fibras sensoriais sem afetar os neurônios autonômicos ou motores baixos. A anestesia espinhal epidural pode ser realizada, dependendo da área que se quer anestesiar entre: (1) a última vértebra lombar e a primeira vértebra sacra (lombossacra) mais indicada nas espécies bovina, bufalina, caprina, canina, ovina e suína, para analgesia de flanco; (2) entre a última sacra e a primeira coccígea (sacrococcígea) mais indicada para bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e caninos, para analgesia perineal e, (3) entre a primeira e segunda vértebra coccígea (intercoccígea) mais indicadas para eqüinos e bovinos, também na analgesia perineal. Esquema sobre local para realização de anestesia epidural e raquidiana Fonte: Dirksen, Gründer e Stöber (1993) Alguns cuidados devem ser tomados como, controlar a dose e o volume do anestésico local, pois, no eqüino, a prostração apenas dos membros posteriores ocasionada pela queda da motricidade em função do excesso de anestésico, pode provocar acidentes severos, como a inquietação do animal, quedas com percussão da cabeça e fraturas de membros anteriores; anti- sepsia e assepsia após depilação e desengorduramento da área a ser puncionada; não deve atingir vasos sangüíneos, deve-se evitar colocar o animal em plano inclinado onde a porção anterior fique mais baixa que a posterior. Em cavalos, o espaço epidural é invadido entrea 1 a e a 2 a vértebras coccígeas, promovendo analgesia da cauda, períneo, vagina e vulva. MPA pode ser feita, se necessário; contenção do animal em estação. Depilação da área (mais ou menos desde a 2 a sacra até a 5 a coccígea), desengorduramento e anti-sepsia. Em seguida localiza-se o espaço intercoccígeo fazendo movimentos de alavanca com a mão esquerda e percorrendo as apófises espinhosas das vértebras coccígeas com o indicador direito, a fim de individualizar o ponto recomendado para a introdução da agulha (5010) perfurando a pele; fazer um botão anestésico, a fim de poder corrigir a direção da agulha, quando necessário. A agulha é introduzida perpendicularmente à pele entre a 1 a e a 2 a vértebra, normalmente, é encontrada resistência ao perfurar o ligamento interespinhoso. Após ultrapassar este ligamento retira-se o mandril e, ao ouvir uma sucção deve- se fazer a prova da perda de resistência à injeção de ar, em seguida, injetar suavemente 4 a 5 mL de lidocaína a 2 %. Aguardar até verificar a queda da cauda, injetar mais 2 a 3 mL vagarosamente, até perceber, pela pesquisa dos reflexos sensitivos, toque da agulha na região a ser anestesiada, que a sensibilidade é completa, aguardar 5 minutos até o completo estabelecimento da anestesia. O bisel da agulha deve ser dirigido para o local de ação desejado. Para penetrar no espaço epidural após a penetração perpendicular da agulha na pele, pode-se mudar o ângulo de 90 o para 45 o para uma melhor penetração no espaço epidural. Na epidural lombossacra leva-se em consideração, para localização do espaço a ser puncionado, as tuberosidades ilíacas, direita e esquerda, e traça-se uma linha imaginária entre as mesmas, e, onde esta linha imaginária se cruzar com a linha média dorsal, introduz-se a agulha para epidural. Procedimento seguinte será semelhante ao descrito anteriormente na técnica intercoccígea. O anestésico local indicado é a lidocaína 2% na dose variando de 5 a 10mL em função da espécie e tamanho do animal. Para atingir nervos mais craniais (epidural anterior), de acordo com Hall e Clarke (1987) o bloqueio será realizado entre a 3ª e a 4ª vértebras lombares, se o agente alcançar a porção torácica média pode haver bloqueio do nervo frênico promovendo apnéia total por paralisia do diafragma causando depressão respiratória Devido ao bloqueio dos nervos que regem os músculos intercostais, se atingir mais cranialmente, pode haver bloqueio dos nervos simpáticos Fonte: Lumb e Jones’ (1996) – Colocação de agulha para anestesia peridural caudal (A) e passagem de cateter para anestesia peridural contínua entre Co1-Co2, em bovinos. Região insensibilizada com anestesia peridural caudal (linhas pontilhadas do quadro inferior). Pontos para colocação das agulhas na anestesia peridural caudal em S5-Co1 e Co1-Co2 (fotografia) do coração e dos vasos sangüíneos produzindo bradicardia e hipotensão e a morte pode ocorrer por uma depressão cardiorrespiratória. Segundo Garnero e Perusia (2006), a diferença entre a epidural alta e baixa, nos bovinos, vai depender da dose do anestésico local a ser administrada, onde na epidural baixa, nos espaços intercoccígeo e sacrococcígeo, deve-se administrar 1mL/100kg de lidocaína a 2% svc e na epidural alta, nos mesmos locais, a dose a ser administrada é de 10mL/100kg. Estes autores indicam a utilização da técnica baixa nas intervenções cirúrgicas da cauda, ânus, reto, vulva, vagina e pele da região perineal, reposições de prolapso uterino, partos distócicos vesiculectomias e uretrostomias em machos. Com a epidural alta indicam explorações e cirurgias de pênis, castrações, laparotomias, traumas do trem posterior, etc. Fonte: Hall e Clarke, 1987 Desenho esquemático local e angulação Fonte: Internet, 2006 da agulha (A 45° e B 90°) Área sensibilizada pela anestesia epidural Fonte: Arquivo Particular, 2004 Anestesia Epidural Sacrococcígea e Lombosacra A anestesia dura de 1 a 2 horas. Acidentes tais como, paralisia ao atingir medula espinhal, meningite, abscesso e choque, podem ocorrer se cuidados como administrar o agente no local adequado, fazer uma assepsia criteriosa e, administrar a quantidade pré-determinada do agente não forem tomados. Segundo Scott (1996), estudos em cavalos e bovinos e, mais recentemente em ovinos, tem demonstrado efetiva analgesia caudal após injeção epidural sacrococcígea de xilazina 2% (0,07mg/kg), tanto sozinha como combinada com lidocaína 2% (0,5mg/kg). Nos ovinos a analgesia caudal pode durar por mais de 36 horas após associação de lidocaína com xilazina sem, no entanto, produzir sedação marcante. A analgesia caudal somente com a lidocaína (0,5mg/kg) dura em torno de 4 horas. Este protocolo anestésico é indicado para intervenções ou no alívio de dores do trato reprodutivo posterior (prolapso de útero, vagina e reto). Ataxia e relaxamento dos membros pélvicos têm sido observados em um pequeno número de ovinos, os animais podem permanecer em estação ou apresentar decúbito esternal. Conforme, Luna (1998), uma boa opção, em eqüinos, para redução do período de latência e aumento da duração do bloqueio seria o uso de 0,17mg/kg de xilazina diluída em 6 a 10mL de solução fisiológica, neste caso a sedação e ataxia serão pouco evidentes, não havendo alterações cardiorrespiratórias significantes. Uma opção melhor ainda seria a associação de 0,22mg/kg de lidocaína 2% e 0,17mg/kg de xilazina 2%, já que este protocolo produz um período de latência curto em torno de 5 minutos e uma duração mais longa (330±6 minutos), do que cada agente usado isoladamente, agilizando assim o início da cirurgia e reduzindo a necessidade de complementação anestésica. c) Anestesia Paravertebral: É uma técnica de fácil execução em animais jovens e magros, porém limitada em animais adiposos ou de massa muscular bem desenvolvida. É uma técnica indicada mais para laparotomias pelo flanco, via fossa paralombar, em bovinos e eqüinos. Nesta técnica se promove o bloqueio perineural dos nervos espinhais que emergem do canal vertebral através dos forames vertebrais. Promove completa insensibilização da parede abdominal e peritônio com intenso relaxamento muscular. Citam-se as técnicas da paravertebral toracolombar proximal e a paravertebral toracolombar distal em bovinos. Fonte: Internet, 2006 Desenho Esquemático área de ação da anestesia paravertebral em bovinos. c.1- Paravertebral Toracolombar Proximal: O bloqueio anestésico, nos bovinos, é feito entre T13 e L1, L1 e L2 , L2 e L3, da L3 em diante, a anestesia começa a se estabelecer nas inervações dos membros posteriores, interferindo, assim, na motricidade dos mesmos, o que poderá causar prostração indesejável. No caso da utilização desta técnica em cesariana ou procedimento na região cranial das glândulas mamárias, o bloqueio deve ser prolongado para L3 e L4. Os flancos, direito e esquerdo, são inervados pelos pares de nervos 13º torácico dorsal, 1º, 2º e 3º nervos lombares. Os bloqueios anestésicos nos pontos citados visam bloquear as inervações referentes à pele, músculos do flanco e mama anterior. O 13 o nervo torácico é localizado 2,5 a 5 cm lateralmente à linha mediana, após a cabeça da última costela. Os nervos lombares são localizados traçando-se uma linha imaginária transversal imediatamente atrás do processo espinhoso da vértebra lombar, e uma agulha de mais ou menos 15 cm é inserida num pontosobre essa linha a mais ou menos 5 cm da linha mediana dorsal. Após localização, depilação, desengorduramento e anti-sepsia, inicia-se a aplicação do agente anestésico. Primeiro deve-se fazer um botão anestésico com 1 mL de lidocaína 2%, nos pontos a serem puncionados e depois a agulha deve ser aprofundada por cerca de 5 cm na musculatura, onde mais 5 mL do anestésico será injetado, em seguida, ao mesmo tempo em que vai se retirando lentamente a agulha na direção da linha média dorsal vai-se injetando mais 4 mL do mesmo anestésico, totalizando, ao final 10mL de lidocaína por ponto. Nos eqüinos essa técnica e extremamente difícil face à extensa massa muscular, porém que pode ser realizada em animais magros em que as apófises transversas das vértebras lombares sejam palpáveis. Nessa espécie a anestesia consiste em bloquear os nervos espinhais, localizados nas extremidades distais das apófises transversas de T18, L1 e L2, 10cm paralelo à linha média dorsal, onde uma agulha 100x12, ou similar, deve ser introduzida perpendicularmente ao dorso do animal, entre a última costela (T18) e a extremidade cranial da apófise transversa da L1, e entre as apófises transversas de L1-L2 e L2-L3, semelhante à de bovinos, depositando, ao final da técnica, 10mL em cada posto. (MASSONE, 2003). c.2 – Paravertebral Toracolombar Distal: Esta técnica é uma variação da técnica anteriormente descrita e baseia-se no acesso lateral aos ramos dorsal e ventral do nervo espinhal. Após a depilação, desengorduramento e assepsia da região distal dos processos transversos de T13 a L2 e sensibilização da pele da região, promove-se a introdução de uma agulha com 10 cm de comprimento imediatamente ventral à extremidade dos respectivos processos transversos e paralelo aos mesmos, onde serão injetados 5mL de lidocaína a 2%, com o intuito de sensibilizar o ramo ventral do nervo espinhal. O procedimento é repetido na face dorsal do processo transverso para o bloqueio do ramo dorsal. Este método apresenta a vantagem em relação ao anterior por não oferecer riscos de penetração acidental em grandes vasos ou aplicação subaracnóidea e promove mínima perda da motricidade dos membros pélvicos (TEIXEIRA; SANTOS, 2001). BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. DIETZ, O .et al. Operaciones y anestesia de los animales grandes y pequenos, Zaragoza:Acribia, 1985.565p. 2. DIRKSEN, G.; GRÜNDER, H.D. e STÖBER, M. 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Fonte: Lumb e Jones’ (1996) – Pontos para introdução da agulha na anestesia paravertebral toracolombar distal (A), visualização da agulha para bloqueio do ramo dorsal (a) e ventral (b) em corte transversal (B). 7. HALL, L. W.; CLARK, K.W.. Anestesia Veterinária. 8ª ed., São Paulo: Manole. 1987.451 p. 8. LEBLANC, P.H., CARON, J.P., PATTERSON, J.S, BROWN, M., MATTA, M.A . Epidural injection of xylazine for perineal analgesia in horses JAVMA, v193, n11, dec.1, 1988, 1405-1408p. 9. LUNA,S.P.L. Anestesias perineurais e regionais em eqüinos. Revista de Educação Continuada do CRMV- SP. fascículo I. V I. P. 024-030.1998 10. MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária - Farmacologia e Técnicas, 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003. 326 p. 11. MASSONE, F. Atlas de Anestesiologia Veterinária. São Paulo: Roca, 2003, 172p. 12. McKELVEY, D.,HOLLINGSHEAD, K. W. Small Animal Anesthesia e Analgesia, 2ed Mosby: St. Louis – Missouri. 2000. 334p. 13. 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