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Poder de Polícia na Segurança Pública

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FUNDAMENTOS DOS ESTUDOS 
JURÍDICOS EM SEGURANÇA PÚBLICA
A SEGURANÇA PÚBLICA E O PODER DA 
POLÍCIA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de: Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer o conceito de poder de polícia e sua relação com a Segurança Pública;
2- Verificar os principais aspectos e questões que permeiam o poder de polícia;
3- Identificar os fundamentos e as características do poder de polícia do Estado;
4-Compreender a função do poder de polícia na manutenção da ordem pública.
1 Poder de polícia: conceito, fundamentos e características
A definição de poder de polícia é tratada pelo Código Tributário Nacional, em seu , que determina queart. 78
constitui poder de polícia “a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Este dispositivo legal é um dos mais relevantes e cruciais para o êxito da segurança pública no Brasil, pois o
legislador visa à regulação de toda e qualquer atividade econômica, visto que, se a mesma não for regulada pelo
poder estatal, quer seja por impostos, taxas ou tarifas, essas atividades econômicas, cujo exercício demanda
autorizações, permissões, concessões ou parcerias público-privadas, estão fadadas a serem dominadas por
criminosos, estes que por falta de regulação, controle e fiscalização, se valeriam da violência e de fraudes para se
impor e dominar as atividades econômicas junto ao seu “território”.
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2 Sentidos do poder de polícia
Fala-se em poder de polícia quando o Estado interfere no âmbito do interesse privado para proteger um
interesse público preponderante, restringindo direitos individuais em prol de um interesse coletivo maior.
José dos Santos Carvalho Filho aponta para 2 sentidos do poder de polícia:
Sentido amplo
Poder de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação aos direitos individuais;
Sentido estrito
O poder de polícia se configura como atividade administrativa, consubstanciada na prerrogativa de restringir e
condicionar a liberdade e a propriedade.
2.1 Diferença entre polícia-função e polícia-corporação
O mesmo autor aponta para a diferenciação entre polícia-função e polícia-corporação.
A polícia-corporação executa frequentemente funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a
atividade oriunda do poder de polícia é exercida por outros órgãos administrativos além da corporação policial.
Polícia-função: é a função estatal propriamente dita, a atividade administrativa.
Polícia-corporação: corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado nos sistemas de segurança pública 
e incumbido de prevenir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública.
3 Poder de polícia: conceito, fundamentos e características
Cabe observar que a competência para exercer o poder de polícia é, em princípio, da pessoa federativa à qual a
CRFB conferiu o poder de regular a matéria. Assim, será considerado inválido o ato de polícia praticado por
agente do ente federativo que não tenha competência constitucional para regular a matéria.
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União: Assuntos de interesse nacional. 
Estados: Assuntos de interesse regional.
Municípios: Assuntos de interesse local.
4 Alguns conceitos
Agora vamos relembrar alguns conceitos de Polícia:
De segurança: É a atividade relacionada ao serviço público de segurança, com o objetivo de preservar a ordem.
Vide art. 144 da Constituição.
Judiciária: É aquela destinada à apuração e investigação das infrações penais, embora seja atividade
administrativa. Incide sobre indivíduos e é predominantemente repressiva. No Brasil, é exercida pelas Polícias
Federal e Civil.
Administrativa: A polícia administrativa incide sobre atividades e é predominantemente preventiva, iniciando-
se e completando-se no âmbito da função administrativa. Vide art. 78 do CTN.
5 Ciclo de polícia
Diogo de Figueiredo estabelece o Ciclo de Polícia, que consiste em uma ordenação lógica de atos administrativos
pelos quais a atividade de polícia administrativa se desenvolve.
• Consentimento de polícia
É a atividade administrativa que consente com pedidos formulados por indivíduos interessados na prática de
uma atividade. O consentimento é exteriorizado através dos atos de licença e autorização, que são materializadas
pelo alvará.
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Ex.: Habilitação para o exercício da advocacia; ser bacharel em Direito; não possuir antecedentes criminais e ser
aprovado no Exame da OAB. É ato vinculado.
• Ordem de polícia
É comando legal ou normativo sujeito ao princípio da legalidade. Trata-se da disciplina normativa da atividade.
Ex.: Resoluções do Conselho Federal da OAB.
• Sanção de polícia
É aplicação da penalidade, é a retribuição que a Administração Pública aplica ao infrator. São atos de coerção, de
“puissance publique”.
Ex.: Advogado pode sofrer multa pecuniária; interdição temporária das atividades etc.
• Fiscalização
Prática de atos materiais de fiscalização.
Ex.: Fiscalização do cumprimento dos deveres éticos do advogado; do pagamento da anuidade.
Atenção
Deve-se observar que embora o poder de polícia imponha certa limitação a direito, interesse ou liberdade, esta
não é ilimitada, devendo respeitar os direitos do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberdades públicas
asseguradas constitucionalmente e na legislação infraconstitucional.
Vejamos quatro características do poder da polícia
Legalidade
Os atos de polícia devem estar dentro dos limites legais e devem ser executados nos moldes estabelecidos pela
lei.
Na esfera do poder de polícia, verifica-se claramente a tensão entre autoridade e liberdade. Sendo assim, por
se tratar de restrição a atividades privadas, o poder ordenador deve se submeter à legalidade.
Coercibilidade
Os atos de polícia são revestidos de imperatividade, ou seja, quando necessário, a Administração pode se valer
do uso da força, respeitando os princípios administrativos e as limitações legais.
Autoexecutoriedade
Os atos administrativos são, a princípio, autoexecutórios, de modo a permitir que a Administração atue de ofício
e implemente suas próprias decisões sem auxílio de tutela jurisdicional.
Exceção: (é necessário que haja notificação prévia).multas 
Tendo sido verificados os pressupostos legais do ato, a
Administração Pública pode praticá-lo imediatamente e executá-lo de forma integral, ou seja, desde que a lei
autorize o agente público não depende de autorização de qualquer outro poder para praticar o ato.
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•
•
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Proporcionalidade
A ideia de proporcionalidade significa que a atuação do agente público, no exercício do poder de polícia, deve
ficar restrita aos atos indispensáveis e necessários para que se consiga atingir o fim público a que a medida se
destina.
6 Discricionariedade e vinculação
O ato administrativocom base no poder de polícia é um ato discricionário ou vinculado?
Para responder essa pergunta, deve-se verificar a situação na qual aquele ato está inserido, de modo que:
Dentro dos limites da legalidade, a Administração pode escolher a área de atividade que vai receber as restrições,
o conteúdo e a dimensão dessa limitação. Neste sentido, há juízo de conveniência e oportunidade, havendo,
portanto, discricionariedade.
No entanto, quando a dimensão da limitação já está fixada, a Administração deve respeitar esse espaço, não
podendo ampliar a restrição sobre a liberdade dos indivíduos. Neste caso, então, o ato é vinculado.
7 A instrumentalização do poder de polícia pelo ente 
público
Sem o poder de polícia, o Estado perde o controle sobre o território e não consegue manter a ingerência da
ordem pública. Dessa forma, o Poder Público corre o risco de perder para o tráfico ou para milícias, que
constituem verdadeiros poderes paralelos, o domínio sobre aquela localidade, de modo que a ordem pública e a
garantia de segurança ficam ameaçadas diante desta situação.
Atenção
O senso comum e os especialistas em segurança pública sempre apontam a fragilidade na fiscalização de nossas
fronteiras como principal causa da falta de segurança pública ou da desordem urbana nas cidades. Porém, é
preciso questionar-se quanto ao financiamento dessa ação criminosa, que consiste em atravessar nossas
fronteiras para cometer crimes de natureza econômica (tráfico de drogas, armas e pessoas). Fica a pergunta: de
onde vem o financiamento destas “operações” criminosas?
Uma questão recente envolvendo a manutenção da ordem pública, através do exercício do poder de polícia, diz
respeito às milícias, que constituem um poder paralelo dentro do território estatal e que desafiam o controle da
ordem pública pelo Poder Público sobre aquela região.
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Dito isto, façamos uma análise sobre o Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias,
na qual o seu relator, Deputado Estadual Marcelo Freixo, descreve como os bandos armados autodenominados,
ou assim chamados pela imprensa, de milícia se apossaram da prestação de serviços públicos chancelados pelo
município, dentre outras esferas governamentais da federação brasileira.
8 Milícias
Vejamos os serviços públicos apossados pelas milícias.
• grilagem com respectiva ligação clandestina de água e esgoto;
• transporte público alternativo e complementar;
Saiba mais
Para saber mais sobre CPI das milícias, clique em: https://www.marcelofreixo.com.br
•
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https://www.marcelofreixo.com.br/
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• transporte público alternativo e complementar;
• distribuição de gás e água mineral;
• ligações clandestinas de energia elétrica;
• taxa de segurança in natura cobrada de moradores e comerciantes;
• a exploração da concessão de cemitérios;
• taxa de pedágio para circulação em ruas sob domínio das ditas milícias;
• central clandestina de distribuição de sinal de TV, vulgo “gato-net”.
• e o tradicional grupo de extermínio, execução por “empreitada”.
Há de se registrar que essa invasão de criminosos no controle dos serviços delegados, trata-se de um fenômeno
que, segundo policiais federais, iniciou-se na Zona Oeste do Rio de Janeiro, pelos traficantes que não estavam
obtendo os lucros esperados com a venda das drogas.
Dotados do domínio da região, facilitado pela ausência estatal e corrupção policial, passaram a controlar todas as
atividades econômicas dessa localidade. Esse fenômeno é retratado pelo filme “Tropa de Elite II, o inimigo agora
é outro”.
A CPI das milícias constatou a consequência da total ausência de presença estatal na periferia da Cidade do Rio
de Janeiro, mas, com o advento da assunção econômica do Brasil, passou a circular mais dinheiro onde,
inicialmente, dominava o tráfico de drogas, que passou a ser dominado pela “milícia”.
O fato é que, aos moldes da máfia italiana nos Estados Unidos,
a autodenominda “Liga da Justiça”, passou a eleger seus representantes na classe política.
Nosso conteúdo, na atual fase, procura frisar a relevância da atuação do governo na composição da segurança
pública brasileira. É de fundamental importância que o Poder Público se faça presente nessas localidades para
que se evite que poderes paralelos assumam a ingerência sobre a região, possibilitando a violação de direitos e a
restrição ilegítima de liberdades.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos:
• Conceitos de violência e de criminalidade e verificar seus principais aspectos;
• Principais aspectos da violência doméstica e familiar contra a mulher e da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria 
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Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos, leia sobre o (Poder Municipal http://tributosmunicipais.
) e a com.br/site/gestor-nova-versao-tem-consultoria-do-professor-roberto-tauil/ Teoria
 ( ).Geral do Direito https://periodicos.unicesumar.edu.br
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http://tributosmunicipais.com.br/site/gestor-nova-versao-tem-consultoria-do-professor-roberto-tauil/
http://tributosmunicipais.com.br/site/gestor-nova-versao-tem-consultoria-do-professor-roberto-tauil/
https://periodicos.unicesumar.edu.br/
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• Principais aspectos da violência doméstica e familiar contra a mulher e da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria 
da Penha);
• Procedimentos judiciais e a função do Juizado Especial Criminal.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu o conceito de poder de polícia e sua relação com a Segurança Pública;
• Conheceu os fundamentos e as características do poder de polícia do Estado;
• Verificou os principais aspectos e questões que permeiam o poder de polícia;
• Compreendeu a função do poder de polícia na manutenção da ordem pública.
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	Olá!
	1 Poder de polícia: conceito, fundamentos e características
	2 Sentidos do poder de polícia
	2.1 Diferença entre polícia-função e polícia-corporação
	3 Poder de polícia: conceito, fundamentos e características
	4 Alguns conceitos
	5 Ciclo de polícia
	
	6 Discricionariedade e vinculação
	7 A instrumentalização do poder de polícia pelo ente público
	8 Milícias
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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