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APOSTILA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO UNID IV

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Conteudista: Prof.ª Dra. M.ª Ana Alice Reis Pieretti | Prof.ª M.ª Caroline
Battistello Cavalheiro de Souza
Revisor Técnico: Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro 
Revisão Textual: Esp. Camila Colombo dos Santo
 
Objetivos da Unidade:
Estudar a trajetória intelectual e profissional de Henri Wallon e suas
contribuições para os campos da Psicologia e da Educação;
Refletir sobre a maneira como Wallon organiza e teoriza os estágios de
desenvolvimento da criança;
Observar as experiências pedagógicas promovidas por Wallon;
Compreender a dinâmica relacional entre educação e processos sociais presentes
nas elaborações de Wallon;
Perceber as implicações das proposições de Wallon na Educação contemporânea. 
 Contextualização
Contribuições de Wallon para o Processo
Educacional
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Estudar as contribuições de Henri Wallon é a possibilidade de apropriar-se de uma forma de
pensamento que:
TEMA 1 de 4
 Contextualização
Não subalterniza os processos de aprendizado das crianças, levando em conta suas
especificidades dinâmicas;
Incorpora os elementos sociais na dimensão subjetiva da criança, considerando,
portanto, sua relação com o mundo e seus códigos e signos;
Integra as múltiplas atividades expressivas, cognitivas, sensoriais e psicológicas
para compreender o desenvolvimento infantil e, assim, elaborar um projeto
pedagógico mais complexo e abrangente.
Introdução
Henri Paul Hyacinthe Wallon nasceu em 1879 em Paris, na França. Formou-se em Filosofia,
passou pela faculdade de Medicina e, posteriormente, iniciou os estudos em Psicologia. Entre
1908 e 1914, dedica-se à Psiquiatria Infantil, trabalhando em diferentes serviços hospitalares.
Passa pela experiência intensa e traumática de ser médico no interior da Primeira Guerra
Mundial e, após isso, revê uma série de preceitos e práticas.
Em 1922, junto de outros professores primários, estabelece um laboratório de ensino e pesquisa
numa escola nos subúrbios parisienses. O interesse dele pela Educação Infantil e pela Psicologia
se complexificam, abrindo espaço para múltiplas influências e contatos, por exemplo, Maria
Montessori, Ovide Decroly, Èdouard Claparèd, Pierre Bovet, Célestin Freinet, Henti Pieron, Julien
Fontegne, de Henri Laugier, entre outros.
A partir de 1925, é nomeado diretor do primeiro laboratório de Psicobiologia da criança na
Escola Prática de Altos Estudos (Paris), desenvolvendo atividades de pesquisa e ensino. Em
paralelo às atividades docentes, Wallon desenvolve uma série de experiências práticas
relacionadas aos projetos de pesquisa como se pode observar com “a psicomotricidade, os
mecanismos da memória ou do julgamento moral” (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 13).
Entre 1937 e 1949, leciona no Collége de France propondo uma cadeira que se chamava
“Psicologia e Educação Infantil”. Em 1936, participa junto da Frente Popular de um projeto de
implementação chamado de “as classes novas”, no qual “classes de sexta série onde, pela
primeira vez, se praticavam os métodos ativos e a observação contínua dos estudantes,
largamente inspirados, entre outros, por Decroly” (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 14). Esse
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 Material Teórico
projeto foi abruptamente interrompido com a erupção da Segunda Guerra Mundial e somente
retomado em meados dos anos 1940, de modo reduzido e limitado.
Em 1946, juntamente de Paul Langevin, apresenta ao escritório da Assembleia Nacional um
“projeto de reforma do ensino” que jamais foi discutido pelos parlamentares da época, no
entanto é uma das propostas mais importantes de Wallon, deixando estruturas, reflexões,
legados e ressonâncias que serão estudados mais adiante nesta Unidade.   
Pressupostos de Ensino e Aprendizagem na Abordagem
de Wallon
Os textos de Wallon apresentam diversas contribuições no que diz respeito ao processo de
ensino e aprendizagem, tratando da importância do papel do professor para a formação do
aluno, de forma que o estudante é aquele que vai entrar em con tato com os conhecimentos
culturais, especialmente no ambiente da escola. Esses pressupostos de ensino e aprendizagem
pela perspectiva de Wallon serão abordados de maneira mais aprofundada a seguir.
O Papel do Professor
O professor ocupa uma posição muito impor tante na educação do sujeito. Ele é parte essencial da
instituição escolar, principalmente para o ensino de conteúdos culturais e para a formação
acadêmica e integral. O papel do professor, na visão de Wallon, é o de manter a Unidade grupal
(manter o grupo de alunos uno), percebendo as questões dos alunos ao mesmo tempo que se
mantém afastado para que não seja influenciado por elas, de maneira que essas questões não
interfiram no processo de ensi no e aprendizagem (GALVÃO, 1993). 
Wallon também trata de outra questão para a qual o professor deve se atentar: suas próprias
manifestações afetivas. Estas possivelmente surgirão em relação aos seus alunos, por exemplo,
uma manifestação de raiva em relação a um aluno com compor tamento inadequado. Na visão de
Wallon, não cabe ao professor controlar as situações de sala de aula a partir do domínio das
manifestações dos estudantes, mas sim enten der o seu significado e lidar com essas
manifestações, de forma que possibilitem uma melhor aprendizagem (GRATIOT-ALFANDÉRY,
2010). 
Além disso, para Wallon, o professor não é o detentor do saber e o único responsá vel pela
transmissão do conteúdo, da mesma forma que também não é legado somente à criança decidir
sobre essa questão. Porém, a intervenção do professor ainda é um fator essencial para o
desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos e para a incorporação do conteúdo (GALVÃO,
1993). 
Considerando a importância do professor para a formação e o desenvolvimento dos alunos,
pode-se perceber que a formação do professor tem grande importância para Wallon. O autor
aponta, ainda, a necessidade de formação superior para os pro fessores de diferentes níveis (o
que é realidade nos dias de hoje, porém, não ocorria na época em que Wallon elaborou suas
reflexões), conhecimento sobre cultura geral e processo de desenvolvimento infantil, além de
posicionamento sobre os temas atuais. 
Para compreendermos como se dá o processo de ensino e aprendizagem de acor do com a
perspectiva de Wallon, é necessário entender não apenas a visão que ele tem do papel do
professor, mas também qual o papel desempenhado pelo estudante, o qual será abordado no
próximo tópico.
O Sujeito Estudante
O estudante é o sujeito que vai aprender os conhecimentos da sua cultura. É importante
considerar que cada estudante apresenta particularidades tanto em seu nível de
desenvolvimento quanto em relação ao contexto no qual está inserido. Dessa forma, ele deve ser
consi derado como um todo, respeitando-se os aspectos biológicos, sociais e psicológicos dele. 
Na perspectiva de Wallon, o aluno deve ser visto pelo professor como o centro do processo
educativo, ou seja, deve ser considerado desde o planejamento das aulas até o momento da
avalia ção. O docente deve levar em conta que os alunos possuem potencialidade cognitiva de
acordo com o seu desenvolvimento mental, a sua idade e a sua história de vida (BESSA, 2008). 
Além disso, Wallon considera que o aluno enquanto sujeito atua diretamente sobre o mundo.
Inicialmente essa atuação ocorre com os avanços em sua motricidade, o que fornece alguma
autonomia para ele agir sobre o ambiente. Essa autonomia é aumentada a partir do momento
que o sujeito adquire linguagem e, dessa maneira, desenvolve habi lidades mais sofisticadas para
lidar com o ambiente. 
O método pedagógico pensado a partir da perspectiva walloniana não coloca o desenvolvimento
intelectual como a única meta da educação, e sim como meio para um desenvolvimento global da
pessoa, ou seja, considerando os aspectos motores, afetivos e cognitivos (GALVÃO, 1995). 
A partir da consideração do aluno como um todo, levando em conta as suas ques tões biológicas,
psicológicas e sociais, é necessário entender
como Wallon descreve qual é a função social da
escola para possibilitar o desenvolvimento desse aluno. Esse é o tema do próximo tópico.
A Função Social da Escola 
A escola é instituição responsável pelo processo de ensino e aprendizagem dos in divíduos. Ela
pode possibilitar que o aluno aprenda os conceitos e desenvolva-se plenamente como ser
humano. Por isso, é necessário ir além de uma discussão sobre métodos pedagógicos e,
também, tratar so bre o papel social da escola (GALVÃO, 1995).
Proporcionar o acesso à cultura, segundo Wallon, é a principal função da educação formal. A
escola, enquanto parte fundamental do processo de ensi no e aprendizagem, deve possibilitar
que o indivíduo se desenvolva plenamente (DOURADO; PRANDINI, 2002).
Figura 1 – Untitled (From the Series Graphic Objects) – Mira
Schendel 
Fonte: Wikimedia Commons
A Dialética dos Estágios de Desenvolvimento
Henri Wallon desenvolve uma tese psicogenética sobre o desenvolvimento da personalidade que
envolve afetividade e inteligência e que se realiza de modo dialético. Sendo assim, os estágios do
desenvolvimento não ocorrem de forma linear e sucessiva. As produções dele se dão por meio de
rupturas e sobreposições, que incorporam, de modo dinâmico, as condições anteriores. Essa
forma de relação faz com que as crianças ressignifiquem e ampliem as fases passadas, por meio
de processos que pendulam entre momentos de maior interiorização e outros de maior
exteriorização. 
Para Wallon, é possível destacar alguns desses estágios do desenvolvimento infantil e
classificá-los da seguinte maneira: 
“Estágio 1 – Impulsivo (0 a 3 meses)/Emocional (3 meses a 1 ano) 
O primeiro ano de vida da criança é predominantemente afetivo e é por meio da
afetividade que a criança estabelece suas primeiras relações sociais e com o
ambiente. Os movimentos do bebê, de início, são caóticos mas as relações que
estabelece, gradualmente permitem que a criança passe da desordem gestual às
emoções diferenciadas. 
Estágio 2 – Sensório-motor (12 a 18 meses)/Projetivo (3 anos) 
Esse estágio se estende até por volta dos 3 anos de idade e tem predomínio das
relações exteriores e da inteligência. Esta é eminentemente prática e, uma vez que
os campos funcionais são indissociáveis, o pensamento via de regra se projeta em
atos motores. Nesse período, destacam-se os aspectos discursivos que, por meio
da imitação favorece a aquisição da linguagem.
Estágio 3 – Personalismo (3 a 6 anos)/Crise de Oposição (3 a 4 anos)/Idade da
graça (4 a 5 anos) / Imitação (5 a 6 anos) 
Refletindo a característica pendular do desenvolvimento, nesse estágio há
predomínio da afetividade. Estendendo-se até aos seis anos de idade, nesse
período, forma-se a personalidade e autoconsciência do indivíduo, muitas vezes
O Projeto Langevin-Wallon 
O projeto Langevin-Wallon surgiu em 1944 quando Wallon foi convidado pelo Ministério de
Educação Nacional para fazer uma reforma no ensino francês. Wallon substituiu Langevin, que
era presidente da comissão para a reforma do ensino, em 1946. O projeto, que nunca chegou a
ser implantado, foi iniciado por Langevin e teve sua versão final redigida por Wallon. É
considerado a expressão mais clara de seu mo delo pedagógico (GALVÃO, 1995). 
O projeto deveria garantir o acesso à cultura e permitir que o sistema educacio nal se adequasse
às necessidades tanto da sociedade democrática quanto às questões individuais, tendo como
principal objetivo favorecer o desenvolvimento do sujeito (GALVÃO, 1993).
- GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 35-36
refletindo-se em oposições da criança em relação ao adulto e, ao mesmo tempo,
com imitações motoras e de posturas sociais.
Estágio 4 – Categorial (6 a 11 anos) 
Mais uma vez predominando a inteligência e a exterioridade, no estágio categorial,
que se estende até por volta dos onze anos de idade, a criança passa a pensar
conceitualmente, avançando para o pensamento abstrato e raciocínio simbólico,
favorecendo funções como a memória voluntária, a atenção e o raciocínio
associativo.
Estágio 5 – Adolescência (a partir dos 11 anos) 
As transformações físicas e psicológicas da adolescência acentuam o caráter
afetivo desse estágio. Conflitos internos e externos fazem o indivíduo voltar-se a
si mesmo, para autoafirmar-se e poder lidar com as transformações de sua
sexualidade.”
O projeto Langevin-Wallon foi pensado como uma resposta ao contexto social da época e
demonstra o respeito dos autores pela instituição escolar e pelo professor. Além das diretrizes
norteadoras, a serem apresentadas no próximo tópico, o projeto apresenta uma visão de que a
metodologia do ensino deve ser adequada segundo as ca pacidades dos alunos e deve alternar
entre várias atividades para o desenvolvimento de capacidades intelectuais e sociais (MAHONEY;
ALMEIDA, 2009).
As Diretrizes Norteadoras do Projeto 
A principal diretriz do projeto Langevin-Wallon foi propor uma educação mais jus ta para uma
sociedade mais justa, ou seja, uma sociedade mais igualitária. As propostas apresentadas foram
fundamentadas em quatro princípios.
Justiça
Toda criança, independentemente de seu contexto social, deve ter direito a seu desenvolvimen to
completo, em todos os aspectos do sujeito. 
Dignidade Igual de Todas as Ocupações 
Respeito a todas as profissões, sendo que a educação não deve privilegiar apenas os trabalhos
intelectuais nem somente os manuais.
Orientação
Necessidade das orientações escolar e profissional para o desenvolvimento do sujeito, de forma
que ocorre primeiro a orientação escolar para depois haver a profissional. 
Cultura Geral 
Não há especialização sem cultura geral, de maneira que a especialização afasta os homens e a
cultura geral permite que eles não fiquem limitados pelo tecnicismo.
Além desses princípios, o projeto também tratava de programas, planeja mento horários,
métodos, formas de avaliação e formação dos professores (MAHONEY; ALMEIDA, 2009). As
modificações previstas no sistema educacional são apresentadas a seguir. 
No primeiro grau, essa mudança estava dividida em três ciclos, de acordo com a idade das
crianças. 
Os alunos escolhem entre três seções (estudos teóricos, profissionais e práticos) e se
encaminham para uma dessas.
A Análise do Processo Educacional nas Obras de Wallon 
Segundo as implicações pedagógicas da visão de Wallon, o grupo e o meio edu cacional têm
importância fundamental para o desenvolvimento da criança. Os grupos permitem que o aluno
vivencie diferentes papéis sociais, o que é essencial para sua for mação como ser humano. Por
isso, é necessário que haja respeito do professor pelo aluno, o que consiste em entender o
1º ciclo (7 a 11 anos): Corresponde à educação comum, básica, na
qual serão ensinados conhecimentos que sejam ne cessários
para todos;
2º ciclo (11 a 15 anos): Consiste no ciclo de orientação educacional e
profissional para os alunos;
3° ciclo (15 a 18 anos): Os alunos escolhem entre três seções (estudos
teóricos, profissionais e práticos) e se encaminham para uma
dessas.
estudante em seu nível de desenvolvimento, seu contexto e seu ritmo de aprendizagem, de
maneira que a atuação daquele que ensina esteja voltada para o estudante.
Os participantes do ambiente escolar estabelecem uma relação temporal, que consiste em aliar o
passado, representado pelo professor, e o presente, representado pelo aluno. A escola tem como
objetivos principais a apropriação da cultura e o desen volvimento completo do aluno.
Para que o professor consiga cumprir bem sua função social, faz-se necessário pensar em sua
formação acadêmica e psicológica, de forma que ele é um dos principais responsáveis pela
formação do aluno, não apenas ao ensinar os conteúdos escolares, mas também no
desenvolvimento do estudante como um ser humano.  
Figura 2 – Horizonte – John Miller  
Fonte: Wikimedia Commons
Os Grupos e o Meio Educacional 
A vivência em grupo é importante para a formação e o desenvolvimento dos seres humanos e se
inicia no momento
em que a criança nasce. Para Wallon, o meio no qual a criança se desenvolve
é fundamental para o seu estudo. O meio consiste no conjunto de circunstâncias nas quais as
pessoas se desenvolvem, sendo a escola um ambiente funcio nal e de muita importância para o
desenvolvimento infantil (MAHONEY; ALMEIDA, 2009). 
O processo de humanização, ou seja, de formação do indivíduo enquanto ser humano, ocorre em
diferentes meios, que serão compos tos de diversos grupos. Dentro da escola, serão constituídos
grupos de alunos, sendo de funda mental importância permitir que o sujeito vivencie diferentes
papéis e entre em contato com as mais diversas situações (MAHONEY; ALMEIDA, 2009). 
O grupo começa a surgir na vida do sujeito a partir da diferenciação desse sujei to com o outro,
iniciando aos 3 anos de idade, no contexto familiar. Na idade dos 3 aos 5 anos, o professor pode
facilitar o processo de diferenciação entre a criança e o ou tro, com as tarefas em grupo, por
exemplo. Entre os 6 e 7 anos, ocorre a tentativa da criança de ingressar em grupos voltados para
brincadeiras e jogos. Na fase da adoles cência, podem aparecer grupos para fazer oposição aos
adultos e como forma de fuga da realidade (MAHONEY; ALMEIDA, 2009). 
O professor deve se atentar para os papéis vivenciados no grupo e evitar que es ses papéis sejam
fixados. Por exemplo, o aluno deve experimentar o papel de líder, mas também de liderado. Outra
questão que o educador deve observar é sobre elabo rar grupos com outras funções além do
brincar, por exemplo, grupos de estudo, e também analisar momentos em que o aluno preferir
permanecer sozinho, pois a sin gularidade do sujeito deve ser mantida.
“Ao participar de grupos variados a criança assume papéis diferenciados e obtém
uma no ção mais objetiva de si própria. Quanto maior a diversidade de grupos de
que participar, mais numerosos serão seus parâmetros de relações sociais, o que
tende a enriquecer sua personalidade.”
Outra questão levantada sobre o grupo é que a interação com o outro e com a cultura vai ampliar
o conceito de socialização, de maneira que possibilita que as crian ças socializem nos grupos de
família, escola, amigos etc. (MAHONEY; ALMEIDA, 2009).
Respeito pelo Aluno 
O respeito pelo aluno é necessário para que seu desenvolvimento e seu aprendi zado se deem da
melhor forma possível. Nesse sentido, o professor deve estar voltado para atuar em relação a ele.
O que é respeito ao estudante na perspectiva de Wallon? 
Para que haja respeito, o professor precisa:
O respeito ao aluno ocorrerá na observação do estudante em vários de seus as pectos, conforme
apontado anteriormente. Além de conhecermos a visão de Wallon sobre o respeito ao aluno, é
necessário verificar como ele entende a relação temporal e a função da escola, tema que será
tratado a seguir.
- GALVÃO, 1995, p. 102
Entender em que nível de desenvolvimento está o aluno e conhecer o meio em que
ele está inserido;
Respeitar o ritmo de desenvolvimento do aluno;
Disponibilizar diferentes meios e grupos para o desenvolvimento do aluno;
Compreender que a educação tende à autonomia do aluno, ou seja, a um momento
em que ele não dependerá mais do educador.
A Relação Temporal como Função da Escola 
A função social da escola é, principalmente, possibilitar ao aluno a apropriação da cultura em que
ele vive. Dessa maneira, ela terá o papel de centro de divulgação da cultura, permitindo que o
aluno entre em contato com as mais diferentes áreas, promovendo um desenvolvimento de
diversas habilidades. Além disso, a escola de verá possuir normas internas que estão de acordo
com a cultura na qual ela se encontra (MAHONEY; ALMEIDA, 2009). 
A questão temporal da escola consiste em o professor representar o passado e os alunos
representarem o futuro, o vir a ser. A escola deve, também, saber equilibrar as ne cessidades da
sociedade com as condições necessárias para o desenvolvimento da criança. Deve, ao mesmo
tempo que ensina sobre as civilizações passadas, ser instrumento de progresso. O foco da escola
é, de acordo com o pensamento walloniano, o desenvolvimen to do ser humano e o
fortalecimento da noção do eu (MAHONEY; ALMEIDA, 2009). 
Considerando a função que a escola tem em formar os indivíduos como seres hu manos, é
necessário que o professor, o qual possui papel fundamental nessa instituição, tenha
conhecimentos sobre Psicologia, conforme será abordado no próximo tópico.
A Importância da Formação Psicológica do Professor 
O professor é um dos responsáveis pela formação do aluno não apenas em relação aos
conteúdos acadêmicos, mas também pelo seu desenvolvimento enquanto ser humano. 
Nesse sentido, sua formação será de extrema importância para uma melhor atua ção
profissional. A sala de aula é vista como uma oficina de convivência e, dessa forma, o professor
desempenhará o papel de profissional das relações, pois será um modelo para o aluno
(MAHONEY; ALMEIDA, 2009). 
O professor deve ter uma formação psicológica sólida, precisa conhecer as teorias de
desenvolvimento e aprendizagem e ser um investigador do ser humano e de seu próprio fazer.
Além disso, é necessário que esse conhecimento se reflita na prática da mesma for ma que o
conhecimento prático sirva para enriquecer seu conhecimento teórico. 
Wallon entende que a formação psicológica do professor é importante para a compreensão de
seu aluno em todos os aspectos. Dessa forma, ele poderá exercer seu papel de transmissor da
cultura e de promotor do desenvolvimento do aluno.
Figura 3 – The Great Bird – Nathan Oliveira  
Fonte: Wikimedia Commons
 
Uma Educação Integral
Wallon acredita que afetividade, ação motora e inteligência são indissociáveis; sendo assim, os
processos pedagógicos devem levar em conta essa conexão para elaborar um projeto de
educação integral. 
Para Wallon, a afetividade é um elemento fundamental para o desenvolvimento do sujeito e de
suas formas de conhecimento, e suas expressões têm caráter social.
A atividade motora, para Wallon, também é mediada por instâncias sociais e, portanto, sua
produção não é realizada apenas pelas intenções concernidas especificamente aos indivíduos. A
motricidade humana é uma forma de expressão de afetividade que se realiza corporalmente de
diversas maneiras, como gestos, manifestações faciais, expressões corporais etc. Wallon
destaca que essas atividades são expressas em direção ao outro, a partir de intenções,
manifestações e solicitações de afeto, ou mesmo de ações involuntárias, como os automatismos.
Esse processo de comunicação com o outro vai se sofisticando à medida que a criança absorve e
compreende os signos culturais, podendo, então, dominar suas formas motoras de expressão e
contato.
- GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 37
“Para ele (Wallon), o ser humano é organicamente social. Isso porque está nessa
força da emotividade humana e em seu caráter contagioso e epidêmico as
condições para que seja mediada pela cultura, interpretada pelo adulto e
promotora, a partir de então, do desenvolvimento cognitivo da criança.”
A partir desse olhar atento para a Psicomotricidade, Wallon contribui, de maneira significativa,
para as reflexões educacionais ao passo que chama a atenção para as especificidades do
desenvolvimento infantil, que são diferentes das apresentadas pelos adultos. Desse modo,
compreender essa diferença é fundamental para que o processo educacional se complexifique,
possibilitando o desenvolvimento das potencialidades da criança.
A partir dessa distinção das fases do desenvolvimento, Wallon promove uma importante
reflexão para os processos educacionais, chamando a atenção para a necessidade de que não se
molde o desenvolvimento da criança de modo adultocêntrico. Com isso, Wallon, destaca que
muitas vezes o olhar sobre o desenvolvimento infantil fica preso ao referencial adulto, gerando,
assim, equívocos a respeito do comportamento demonstrado pela criança.
Wallon é, portanto, um teórico importante para as reflexões sobre o desenvolvimento
da criança
e os processos educacionais. Rompendo com as perspectivas lineares de desenvolvimento,
criticando as formulações que desconsideravam ou diminuíam as influências sociais e as
produções afetivas, e questionando a preponderância do referencial adulto nas experiências
educacionais, a teoria walloniana segue sendo importante e fundamental para a elaboração de
projetos educacionais mais complexos.  
Figura 4 – Le Temps – Aki Kuroda 
Fonte: Wikimedia Commons
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Vídeos  
Psicologia da Educação – A Psicogenética de Henri Wallon
TEMA 3 de 4
 Material Complementar
Psicologia da Educação - A psicogenética de Henri Wallon
https://www.youtube.com/watch?v=Vq3KzirSXAU
Henry Wallon – O Papel da Escola
  Leitura  
Contribuições de Henri Wallon à Relação Cognição e
Afetividade na Educação 
Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo.
ACESSE
Henri Wallon e a Educação Contemporânea
Nova Escola | Pensadores: Henry Wallon - o papel da escola
https://www.scielo.br/j/er/a/9jbsbrcX4GygcRr3BDF98GL/?lang=pt&format=pdf
https://www.youtube.com/watch?v=IR9k4WE2oEo
Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/wallon_contemporaneidade_correcao_1.pdf
BESSA, V. H. Teorias da aprendizagem. Curitiba: Iesde Brasil S.A., 2008. 
DOURADO, I. C. P.; PRANDINI, R. C. A. R. Henri Wallon: psicologia e educação. Augusto Guzzo
Revista Acadêmica, São Paulo, n. 5, p. 23-31, 2002. 
FERREIRA, A. L.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M. Contribuições de Henri Wallon à relação cogni ção e
afetividade na educação. Revista Educar, n. 36, p. 21-38, 2010. 
________. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1995. (Educação e Conhecimento).
GALVÃO, I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. São Paulo: FDE,
1994. p. 33-39. (série Ideias, 20). Disponível em:
<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p033-039_c.pdf>. Acesso em: 12/12/2021.
GRATIOT-ALFANDÉRY, H. Tradução e organização: Patrícia Junqueira. – Recife: Fundação
Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. R. (orgs.). Henri Wallon: psicologia e educação. São Paulo: Edições
Loyola, 2009. 
PIERETTI, A. A. R. SOUZA, C. B. C. Psicologia da educação. Curitiba: Universidade Positivo, 2018.
SAVIANI, D. Escola e democracia. Campinas, SP: Autores Associados, 1999. 
TEMA 4 de 4
 Referências
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968.

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