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1 CURSO: Ministério Público Estadual Estagiando Direito @estagiando_direito_ AULA 11 – Direito Penal 2 Olá, alunos. Na aula de hoje, trataremos sobre um assunto muito importante e cobrado em diversas provas, a extinção da punibilidade. Extinção da punibilidade A partir da prática de uma infração penal, surge, automaticamente, a punibilidade, compreendida entre a possibilidade jurídica de o Estado importo uma sanção penal ao responsável ou responsáveis. A punibilidade, em suma, consiste, em consequência da infração pena. E, quando acontece alguma causa de extinção da punibilidade, desparece do mundo jurídico, somente o poder punitivo estatal. Assim, o Estado não pode mais punir. Causas de extinção da punibilidade A doutrina já se posicionou no sentido de que as causas de extinção da punibilidade presente no artigo 107 do Código Penal, são exemplificativas. Pois, diversas outras causas de extinções da punibilidade podem encontrada no Código Penal e em legislações especiais. Entretanto, para de fins de provas trataremos apenas do rol previsto no artigo 107 do Código Penal. Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção ;V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite ;VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Efeitos Pois bem. As causas de extinção da punibilidade que atingem a pretensão punitiva estatal, eliminam todos os efeitos de eventual sentença condenatória já proferida. De outra forma, as causas extintivas que a pretensão executória, salvo nas hipóteses de abolitio criminis e de anistia, apagam, apenas, os efeitos principais da condenação, ou seja, a pena. 3 Os demais, como o pressuposto de reincidência e a constituição de título judicial da esfera cível, ainda permanecem. Do exposto, as causas de extinção da punibilidade podem recair sobre: A pretensão punitiva, a pretensão executória e, ambas as pretensões. Passaremos a analisar seus efeitos: I – Pretensão punitiva: Dar-se-á pela Decadência, Perempção, Renúncia, Perdão Aceito, Retratação do agente e o Perdão Judicial. I.I – Efeitos: Eliminaram todos os efeitos penais de uma eventual sentença penal condenatória. Ademais, não geram a reincidência e nem podem ser usadas como título executivo na esfera cível. II – Pretensão executória: Dar-se-á pela Graça, Anistia ou Livramento condicional. II.I – Efeitos: Apagam unicamente os efeitos principal da sentença penal condenatória, qual seja, a pena. Ademais, permaneceram os demais efeitos da sentença penal condenatória, gera a reincidência e pode ser utilizada como título executivo na esfera cível. III – Ambas as pretensões: Dar-se-á pela Morte do agente, anistia, abilitio criminis e a Prescrição. III.I – Efeitos: Dependem do momento em que ocorrem. Decadência x Prescrição A título de distinção, diferenciaremos os institutos da Decadência e da Prescrição. Pois bem. A Decadência só ocorre antes da propositura da ação, ocorrerá apenas na AÇÃO PRIVADA e na AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTEAÇÃO. Ademais, ela extingue o Direito de queixa ou de representação, e consequentemente, o Direito de Punir. Por fim, é improrrogável. Por sua vez, a Prescrição pode ocorrer antes ou durante a ação penal, ou até mesmo após o trânsito em julgado da condenação e, ocorrerá em qualquer espécie de ação penal. Ademais, extingue o Direito de Punir e, por fim, também é improrrogável. Prescrição O Direito de Punir, é do Estado. Somente ele poderá aplicar a pena ou a medida de segurança ao responsável por uma infração penal. Entretanto, esse Direito é limitado e, encontra algumas barreiras processuais e penais, como a Representação do ofendido, nos crimes de ação pública condicionada, as condições da ação penal e, a necessidade de obediência a regras constitucionais e processuais. 4 Dessa forma, a Prescrição pode ser conceituada como a perda da Pretensão Punitiva em razão da inércia do Estado durante determinado lapso temporal legalmente previsto. Tal pretensão, é o interesse em aplicar uma sanção ao responsável por uma infração penal. Por fim, a Prescrição (causa de extinção da punibilidade) está prevista no inciso IV, do Artigo 107 do Código Penal. Assim, quando a infração penal é atingida pela prescrição, desaparece somente a punibilidade do agente, compreendida como consequência e, não como elemento de um crime ou contravenção penal. Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IV - pela prescrição, decadência ou perempção Espécies de prescrição O Código Penal apresenta dois tipos de prescrição: O da pretensão punitiva e a da pretensão executória. A primeira, é dividida em Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita, Prescrição retroativa e a Prescrição intercorrente. Ademais, na Prescrição da pretensão punitiva, não há trânsito em julgado para a Defesa e acusação, ao contrário do que se dá na prescrição da Prescrição da pretensão executória, na qual a sentença penal condenatória já transitou em julgado. Não bastasse, o artigo 110, p. 1º do Código Penal descreve a Prescrição intercorrente e a Prescrição retroativa. Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. §1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. Dessa forma, podemos assim definir: I – Prescrição da pretensão punitiva: I.I – Propriamente dita: Não há trânsito em julgado da condenação. I.II – Prescrição intercorrente: Há trânsito em julgado para a acusação, mas não para a Defesa. I.III – Prescrição retroativa: Há trânsito em julgado para a acusação, mas não para a Defesa 5 II – Prescrição da pretensão executória: Há trânsito em julgado para ambas as partes do processo (acusação e Defesa). Prescrição da pena privativa de liberdade Está explicito no artigo 109 do Código Penal. Ademais, como a prescrição é a perda do Direito estatal de punir por força do decurso de um lapso temporal. De outra forma, não há trânsito em julgado para a acusação nem para a Defesa. Seu cálculo está previsto em um critério legal e, é calculada com base no máximo de pena privativa de liberdade abstratamente cominada ao crime. Por fim, assim dispõe os prazos prescricionais do artigo 109 do Código Penal: Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um)ano Termo inicial O artigo 111 do Código Penal assim regula os termos iniciais: Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 6 Causa interruptivas Em seu artigo 117, o Código Penal estabelece a causas interruptivas da prescrição: Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. §1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. §2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção Causas suspensivas As causas impeditivas da prescrição estão disciplinadas pelo artigo 116 do Código Penal: Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Prescrição intercorrente É a modalidade de prescrição da pretensão punitiva, onde não há trânsito em julgado para as partes, e se verifica entre a publicação da sentença condenatória recorrível e seu trânsito em julgado para a defesa. Tal prescrição, nos termos da súmula 146 do STF, regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação. Dessa forma, é calculada com base na pena concreta. 7 Ademais, ela poderá ocorrer por 02 motivos: I – Demora em intimar o réu da sentença, ou seja, é ultrapassado o prazo prescricional e o réu ainda não foi intimado. II – Demora no julgamento do recurso de Defesa, ou seja, o réu foi intimado, recorreu da sentença, superou-se o prazo prescricional e o Tribunal ainda não apreciou o recurso. Por fim, segundo o STJ, a prescrição intercorrente pode ser decretada em 1º grau de jurisdição. Mas, não pode ser decretada na própria sentença condenatória, em face da ausência de trânsito em julgado para a acusação ou, do improvimento do recurso. Prescrição retroativa Na prescrição retroativa, que é uma espécie de prescrição da pretensão punitiva, não há trânsito em julgado para as partes, e é calculada pela pena concreta (definida na sentença). Contudo, para ocorrer, ela depende do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação no tocante à pena imposta, seja pela não interposição de recurso cabível no prazo legal, ou, pelo fato do recurso ter sido improvido. Ademais, é contada a partir da publicação da sentença ou acordão condenatório. Assim, a prescrição retroativa pode ocorrer entre a publicação da sentença (ou acordão condenatório) e o recebimento da denúncia ou queixa. Por fim, segundo o STJ, a prescrição intercorrente pode ser decretada em 1º grau de jurisdição. Mas, não pode ser decretada na própria sentença condenatória, em face da ausência de trânsito em julgado para a acusação ou, do improvimento do recurso. Prescrição da pretensão executória Em razão da omissão do Estado durante determinado prazo legalmente estipulado, ocorre a perda do dever e do direito de executar uma sanção. É contada pela pena concreta, fixada na sentença ou acordão, pois já existe o trânsito em julgado da condenação para a acusação e para a Defesa. E pode ocorrer: 1) Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória para a acusação. 2) Do dia da revogação da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional. 2) Do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. 8 Do exposto, tratamos sobre a matéria da extinção da punibilidade e os aspectos mais importantes da prescrição. Até a próxima e bons estudos!
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