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PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO CARLOS EDUARDO BORSOI RHEINHEIMER 2PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SUPERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na forma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Julia Oliveira Revisora INTRODUÇÃO 3 INTRODUÇÃO À FABRICAÇÃO 4 Materiais 12 Tolerâncias 21 Síntese 22 CONCEITOS DE USINAGEM 24 Mecânica do corte 26 Materiais para ferramentas de corte 28 Revestimentos 30 Temperatura 31 Fluidos lubrirefrigerantes 31 Forças e movimentos 33 Desgaste e vida de ferramenta 35 Síntese 37 PROCESSOS DE USINAGEM COM FERRAMENTA DE GEOMETRIA DEFINIDA 39 Torneamento 40 Furação 43 Fresamento 44 Aplainamento 46 Mandrilamento 47 Brochamento 48 Serramento 49 Síntese 50 PROCESSOS DE USINAGEM COM FERRAMENTA DE GEOMETRIA NÃO DEFINIDA 52 Retificação� 53 Brunimento 54 Tamboramento 55 Processos de acabamento 55 Síntese 57 PROCESSOS DE USINAGEM NÃO CONVENCIONAIS 59 Usinagem com diferença de potências elétricas 60 Usinagem eletroquímica 61 Usinagem por laser e plasma 62 Usinagem com jato d’água 62 Síntese 63 CONCEITOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA 65 Temperatura de trabalho 66 Lei da constância de volume 67 Tensão 67 Conceito de deformação 69 Curvas verdadeiras de escoamento 70 Velocidade de deformação 71 Transferência de calor 72 Atrito 73 Trabalho de conformação 74 Síntese 75 PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA 77 Laminação 81 Extrusão 82 Forjamento 86 Trefilação� 88 Estampagem 90 Dobramento 91 Síntese 94 REFERÊNCIAS 96 3PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Para fabricação de diferentes peças e produtos, são utilizados processos que visa dar forma geométrica, dimensões, acabamentos, propriedades mecânicas e outras características a diferentes matérias primas, exigidas em projeto para seu bom funcionamento e desempenho adequado. Os processos de usinagem são um tipo de processo importante nesse contexto, consistem basicamente em um conjunto de processos de manufatura que se utiliza ferramentas de corte para remoção de material sobre a forma de cavaco. A usinagem pode ser dividida em três subgrupos: processos de usinagem com ferramenta de geometria definida (para ferramentas que possam ser claramente mensuradas), processos de usinagem com ferramenta de geometria não definida (para processos que se utilizem de ferramentas com grãos aglomerados, que não podem ser facilmente mensurados) e processos de usinagem não convencionais, que não se enquadram como nenhum dos processos anteriores. Os processos de usinagem são dos mais importantes conjuntos de processos de manufatura, podendo ser aplicado a uma grande variedade de materiais, gerando diversos tipos de geometrias e acabamentos. Muitas vezes são utilizados processos de usinagem para acabamento para outros diferentes processos, como fundição, conformação, metalurgia do pó, etc; entretanto muitas vezes são o processo principal de fabricação. Já os processos de conformação mecânicos, são um conjunto de processos de manufatura que utiliza a deformação plástica dos materiais para mudar sua forma, utilizando-se geralmente de ferramenta denominada matriz, que aplica forças que excedem o limite de escoamento do material, tomando forma total ou parcialmente determinada pela geometria da matriz. Os processos de conformação mecânica são caracterizados pela existência de grandes forças compressivas, trativas e de cisalhamento. Os materias, geralmente metais, devem apresentar baixa tensão de escoamento e alta ductilidade. Os processos de conformação podem ou não apresentar adição de calor para diminuir os esforços necessários para realização do processo de conformação, como também para controlar as características dos materiais trabalhados, dentro dessa premissa os processos de conformação mecânica podem ser subdivididos em processos de conformação a quente (quando há adição de calor) ou processos de conformação a frio (quando não há adição de calor). INTRODUÇÃO 4PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO INTRODUÇÃO À FABRICAÇÃO Conheça os processos que transformam matérias-primas em produtos acabados. 5PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Como podemos observar, a maioria dos objetos ao nosso redor tem formas e dimensões diferentes, e a maioria desses objetos são compostos pelos mais diferentes materiais, trans- formados de diferentes matérias-primas através de uma grande variedade de processos. Processo é um conjunto de atividades correlacionadas, utilizado para se fazer um produto, que será o resultado final da fabricação. Essas atividades podem agregar valor ao produto fabricado (usinagem, conformação, etc.) ou não (inspeção, transporte, etc.). Muitas vezes, há mais de um processo que pode ser aplicado à fabricação de um produto. A seleção do processo de fabricação envolve o estudo do projeto do produto, o material seleciona- do, utilização de método adequado, tolerâncias dimensionais exigidas, qualidade superficial e custos. Essas análises devem ser realizadas com base em requisitos técnicos e econômicos, a fim de que sejam minimizados custos, para que o produto seja competitivo no mercado. Pode-se dividir os processos nas seguintes categorias: Pr oc es so s d e Fa br ica çã o Fundição Fundição com modelo e molde descartáveis. - Fundição com cera perdida. - Preenchimento de monocristais. Fundição com molde descartável e modelo permanente. - Fundição em areia. - Fundição em casca (shell). Fundição com molde permanente - Fundição com coquilha. - Fundição por centrifugação. Processamento de polímeros Polímeros termoplásticos. - Injeção. – Extrusão. Polímeros termorrígidos. - Modelagem por compressão. – Pultrusão. Prototipagem Rápida -Impressão tridimensional - Estereolitografia Processos de União Soldas com adição de material - Solda com arco metálico. - Solda com arco a gás. Outras soldas - Solda por fricção. - Solda com resistência elétrica. Fixação e colagem - Ligação adesiva. – Brasage. Processos de conformação Conformação por rolos. - Laminação plana. - Laminação de perfis. Forjamento. - Forjamento em matriz aberta - Forjamento em matriz fechada Conformação de chapas - Dobramento - Estampagem Usinagem e acabamento Usinagem - Torneamento - Fresamento Usinagem avançada - Usinagem por laser - Usinagem térmica Acabamento - Lapidação - Polimento 6PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Os processos de fundição caracterizam-se por empregar temperatura de trabalho superior à temperatura de fusão do material. Basicamente, consiste na obtençãode um produto vazando material em estado líquido em um molde previa- mente preparado, solidificando-se e assumindo a forma desse molde. Os processos são utilizados, principalmente, quando é necessário produzir geometrias complexas que qualquer outro processo seria impraticável, quando o material possui uma ductilidade tão grande que a conformação seria extremamente difícil, e quando se deseja economia de material dispendido para fabricação. Pode produzir produtos de massa na ordem de algumas gramas até toneladas. Pode-se produzir peças em série, usando técnicas adequadas de produção. A fundição com molde descartável e modelo permanente é uma das formas de fundição mais utilizas, utilizando-se molde de areia. Um molde de duas partes de areia comum é formado a partir da compactação da areia ao redor de um modelo que possui o formato do produto que se deseja fundir. Peças fabri- cadas por este processo incluem blocos de motor, hidrantes e grandes conexões de tubulação. Já em fundição com molde permanente (sendo esta nor- malmente de aço), o material fundido é forçado sob pressão, deixando-se solidificar com a manutenção dessa pressão, e posteriormente extrai-se o produto. Utiliza-se para produtos cujo material tenha ponto de fusão relativamente baixo, tais como ligas de zinco e alumínio, mostrando-se um processo altamente produtivo. 7PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Dentre o processo de fundição com molde e modelo des- cartáveis, o modelo é fabricado com material polimérico ou cera (materiais que possuam baixo ponto de fusão), despeja-se uma lama f luida ao redor do modelo, que se sedimenta formando um molde ou revestimento sólido. Esse molde será aquecido de forma que o modelo se funde e é queimado, formando a cavidade do molde. Esse processo é empregado quando se ne- cessita elevada precisão dimensional e excelente acabamento (como peças de joalheria e coroas dentárias). De forma análoga ao processo de fundição de metais, o processamento de polímeros também ocorre com temperaturas próximas ou superiores a temperatura de fusão do material. Entretanto, esse tipo de processo tem a característica única de trabalhar com materiais que possuem moléculas grandes de estrutura amorfa. Além disso, esse tipo de material tem por características gerar produtos prontos, ou com operações mínimas adicionais, conferindo uma vantagem importante sobre os materiais metálicos. A modelagem por injeção é o processo mais comum, quan- do as quantidades apropriadas de material polimérico fundido são colocadas sob pressão entre os membros macho e fêmea do molde (sendo um deles fixo e outro móvel) com tempera- tura relativamente menor. O material solidifica-se no formato desse molde, e é posteriormente extraído. Esse processo pode ser empregado tanto para materiais termorrígidos quanto para termoplásticos, muito utilizados em peças automotivas, utili- dades domésticas, entre outras. 8PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO A modelagem por injeção com uso de uma matriz aberta é também chamada de extrusão. Uma rosca mecânica propele o material viscoso, o qual é sucessivamente compactado, fun- dido e conformado, sendo essa massa forçada através de um orifício da matriz. Essa técnica está adaptada para produção de comprimentos contínuos de secção reta tais como perfis, tubos, mangueiras, filamentos, etc. No processo de insuflamento, utilizasse um pedaço de tubo polimérico extrudado – parison – enquanto este encontra-se em estado semif luido. O parison é colocado entre duas peças que possuem o formato desejado para o recipiente. A peça será modelada pelo insuflamento de ar ou vapor sob pressão para dentro do parison, forçando as paredes do material polimérico contra as paredes do molde. Esse processo é muito utilizado para fabricação de peças ocas, tais como galões ou tanques. Processos de conformação ocorrem com a modificação de um corpo através de deformações plásticas para outra forma definida. As forças de deformação são exercidas por algum agente externo, e sua magnitude deve obrigatoriamente ex- ceder o limite de escoamento do material. Os processos de conformação podem ser divididos em conformação a quente e conformação a frio. 9PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Na conformação a quente, nas quais as modificações de forma estão relacionadas a altas temperaturas onde são possíveis grandes deformações, que podem ser repetidas sucessivamente, devido ao material permanecer dúctil. Além disso, as exigências de energia são menores quando comparadas com o processo a frio. Os processos de conformação a quente são responsáveis pela produção de virabrequins forjados, chapas laminadas a quente e barras trefiladas. A conformação a frio, onde as modificações de forma são provocadas pela aplicação de tensões extremas somente, gera no material um aumento de resistência como consequência da perda de ductilidade, uma vez que o material encrua. As vantagens com relação a conformação a frio são: melhor qua- lidade superficial, melhores propriedades mecânicas e maior controle dimensional. A conformação a frio é utilizada para fabricação de chapas dobradas ou repuxadas, e também pelas peças estampadas. Os processos de união têm como objetivo unir peças dis- tintas formando uma única peça, quando a fabricação de uma única peça é cara ou inconveniente. Dentre os processos de união, os mais largamente utilizados são os processos de sol- dagem, tendo um amplo campo de aplicação, destacando-se além da fabricação grande utilização no reparo e manutenção. 10PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO O processo de soldagem pode ser de fusão quando os ma- teriais a serem unidos são aquecidos juntamente com material de adição ou não, até uma temperatura suficientemente elevada para fazer com que ambos se fundam. Com a solidificação destes materiais fundidos, formam-se juntas soldadas, existindo uma região (zona termicamente afetada) adjacente à solda, que pode mostrar alterações de propriedades. A soldagem pode ser ainda de soldagem por pressão, quando a soldagem ocorre na fase sólida. Processos de usinagem são todos os processos de fabricação onde ocorre a remoção de material sobre a forma de cavaco, que nada mais é que uma porção de material retirada pela ferramenta, se caracterizando por apresentar forma irregular. Processos de usinagem conferem à peça fabricada, forma, dimensões e acabamento. Os processos de usinagem podem ser divididos em processos de usinagem com ferramenta de geometria definida, quando a geometria da ferramenta pode ser precisamente mensurada. Processos de usinagem com fer- ramenta de geometria não definida, quando a geometria da ferramenta de corte não pode ser mensurada de forma precisa – quando há grãos aglomerados, por exemplo, e processos de usinagem não convencionais, onde os métodos de remoção de material diferem dos anteriores, muitas vezes não existindo o contato físico da peça e da ferramenta. 11PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Os processos de usinagem com ferramenta de geometria definida sempre foram e continuam sendo os principais pro- cessos de usinagem, devido aos grandes volumes de matérias que podem ser removidos por unidade de tempo e pela grande f lexibilidade apresentada. Diversos processos de usinagem com ferramenta de geometria definida encontram-se em uso atualmente, tais como o torneamento, fresamento, furação, alargamento, brochamento, entre outros. Processos de usinagem com ferramenta de geometria não definida normalmente utilizam-se de grãos que não apresentam uma forma definida, unidos com uso de um aglomerante, re- movendo material do produto através de abrasão. Utilizando-se normalmente de grãos material-cerâmico que apresentam altas durezas e fragilidade. Esse tipo de processo se caracteriza por remover menores quantidades de material da peça, mas, em contrapartida, produz excelente acabamento superficial (baixa rugosidade), e altas precisões dimensionais. Algunsexemplos de processo de usinagem com ferramenta de geometria não definida são retificação, brunimento, lixamento, jateamento, etc. Já os processos de usinagem não convencionais não utilizam os mecanismos normalmente presentes dos processos ante- riores (abrasão e o cisalhamento). Os processos de usinagem não convencionais apresentam uma variedade de processos, e se diferenciam bastante entre si, cada qual com as suas carac- terísticas. Dentre esses processos, pode-se citar a usinagem térmica, usinagem química, eletroerosão, entre outros. 12PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Materiais Matérias-primas empregadas na produção de diversos tipos de produtos, através de diferentes processos de fabricação. Tudo que nos cerca é derivado de alguma maneira a um ma- terial. Transportes, habitação, vestuário, comunicação, recreação e produção de alimentos. Nossa vida diária, é influenciada pelos materiais. Inicialmente, o acesso ocorreu através de materiais que surgem naturalmente, como pedra, madeira, argila e peles, e, com o tempo, descobriu-se técnicas de produção capazes de produzir materiais cada vez mais superiores, além dos proces- sos capazes de melhorar matérias já existentes. Nos últimos 80 anos, ocorreu um avanço absurdo com uma lista seleta de materiais para produção de dezenas de milhares de diferentes materiais desenvolvidos, desde metais, cerâmicos, polímeros e fibras. Atualmente, os materiais podem ser divididos em: Os metais - que são normalmente a combinação de elemen- tos metálicos. São muito resistentes, e ainda assim deformáveis, o que justifica seu alto consumo para aplicações estruturais. Em sua maioria, são bons condutores elétricos e térmicos. Vários processos de fabricação são aplicados às ligas metálicas, processos de conformação, fundição, soldagem e usinagem; e com frequência dois ou mais desses processos devem ser apli- cados para fabricação de um determinado produto acabados. Os métodos selecionados dependem de diversos fatores, tais como as propriedades do metal, tamanho e forma, e o custo. 13PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Os metais podem ser divididos em dois grandes grupos, ferrosos (aços de construção, aços liga, aços inoxidáveis e ferros fundidos) e não ferrosos (alumínio, cobre, titânio, ní- quel). As ligas ferrosas são aquelas onde o ferro é o constituinte principal, sendo os metais produzidos em maior quantidade do que qualquer outro metal. Sua tão ampla utilização deve-se ao baixo custo devido a abundância desse metal na crosta terrestre, sua grande f lexibilidade para ser utilizado nos mais diferentes tipos de processos de fabricação, e sua ampla versatilidade de ca- racterísticas que podem ser adaptadas a série de propriedades mecânicas e físicas. Dentre as ligas ferrosas, podemos dividi-las em: LIGAS METÁLICAS FERROSAS FERROS FUNDIDOS FoFo cinzento FoFo branco FoFo modular baixa liga COMUM DOCE COMUM MÉDIO C COMUM ALTO CARBL TRATADO TÉRMICAMENTE FERRAMENTA INOXIDÁVEL FoFo maleável alta liga BAIXO C MÉDIO C ALTO C AÇOS NÃO FERROSAS 14PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO • Aços com baixo teor de carbono possuem concentração de carbono menor do que 0,25%. Esses aços têm aplicação em processos de fundição, apresentam boa soldabilidade e usinabilidade e podem passar por uma grande quantidade de processos de conformação (tanto a quente quando a frio), não respondendo a tratamentos térmicos na forma marten- sítica. Essa liga de aço possui alta ductilidade e tenacidade excepcional, sendo os mais baratos de serem produzidos. Aplicações típicas, carcaças de automóveis, formas estru- turais e chapas. Apresentam limite de escoamento de até 275 MPa, e limite de resistência à tração de até 550 MPa. • Aços com médio teor de carbono possuem concentração de carbono entre 0,25 e 0,60%. Possuem baixo endurecimento e em secções delgadas podem ser tratados termicamente por austenitização, têmpera e revenimento para melhorar suas propriedades mecânicas. Ligas de aço com médio teor de carbono são mais resistentes do que aços com baixo teor de carbono, com sacrifício de sua ductilidade e tenacidade, possuem, em sua maioria, boa usinabilidade e média solda- bilidade. Elementos de liga como cromo, níquel e molib- dênio podem melhorar suas propriedades. Sua resistência e baixa tenacidade impossibilitam, na maioria dos casos, a conformação a frio. Tem como aplicação rodas e trilhos de trens, engrenagens e virabrequins. Apresentam limite de escoamento de até 550 MPa, e limite de resistência a tração de até 660 MPa. • Aços com alto teor de carbono possuem normalmente teores entre 0,6 e 1,4%, sendo os mais duros e mais resistentes, porém, menos dúcteis dentre todos os aços. São quase sem- pre utilizados nas condições endurecidas e revenidas, sendo especialmente resistentes ao desgaste e a abrasão, capazes de manter um fio de corte afiado. Os aços são ligas com alto teor de carbono, contendo elementos de liga como o cromo, vanádio, molibdênio e tungstênio. Quando esses elementos representam mais de 5% da composição do material denomi- na-se aço liga. Esses elementos de liga combinam-se com o 15PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO carbono para formar estruturas de carbonetos que possuem alta dureza e resistência ao desgaste. Essas ligas possuem baixa soldabilidade e média usinabilidade. Além disso, sua baixa ductilidade e tenacidade impossibilitam processos de conformação a frio. Tem como aplicações lâminas de serra, ferramentas de corte e moldes para modelação e conforma- ção de materiais. Apresentam limite de escoamento de até 750 MPa, e limite de resistência à tração de até 980 MPa na sua forma normalizada. • Os aços inoxidáveis são aços liga (elementos de liga represen- tam mais de 5% da composição do material) com elemento de liga predominantemente sendo o cromo de pelo menos 11%, podendo ainda conter níquel e molibdênio. São altamente resistentes à corrosão, especialmente em atmosfera ambiente. Os aços inoxidáveis podem ser divididos em três subgrupos: os ferríticos, compostos pela ferrita, que apresentam com- portamento magnético; os austeníticos, que apresentam a microestrutura austenitica em temperatura ambiente; e o martensítico, que pode ser tratado termicamente. Possuem em geral, média usinabilidade e soldabilidade, e podem ser conformados a frio. São empregados na fabricação de fornos, aeronaves, caldeiras a vapor, entre outros. • Ferros fundidos contêm, em sua maioria, teores de carbono entre 3,0 e 4,5%, além de outros elementos de liga. Essas ligas tornam-se completamente líquidas em temperaturas entre aproximadamente 1150 e 1300ºC, temperaturas rela- tivamente baixas se comparadas aos aços. Dessa forma, são derretidos com facilidade e suscetíveis à fundição, porque são aços muito duros e frágeis, o que pode tornar inconveniente outras técnicas de fabricação. Os ferros fundidos também se caracterizam por apresentarem cementita na forma de grafita em sua microestrutura. Os ferros fundidos cinzentos apresentam a grafita em forma lamelar (flocos) e, devido a isso, são mais frágeis comparadas a outros ferros fundidos, entretanto, possuem bom amortecimento de energia vi- bracional e baixo custo. O ferro fundido nodular possui a 16PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO grafita em forma de esferas devido a adição de magnésio e/ ou cério, tornando-o muito mais resistente e dúctil do que os cinzentos. Já o ferro fundido branco é extremamente duro e também muito frágil, a ponto de ser virtualmente impossível usiná-lo. Sua aplicação destina-se a aplicações que necessitam de extrema dureza e resistência à abrasão. Dentre as ligas metálicas não ferrosas, existe uma grande variedade de propriedades e aplicações, que podem ser fabricadas a partir de diferentes processos de fabricação. Podem ter como vantagem, a densidade relativamente menor, maior resistência à corrosão e condutividade térmica e elétrica superior, tornando essas ligas vantajosasou, às vezes, necessárias para determina- das aplicações. As ligas não ferrosas são classificadas de acordo com seu material base. As principais ligas não ferrosas são: • Ligas de cobre são utilizadas desde a antiguidade, sendo utilizadas em uma ampla variedade de aplicações. O cobre, em estado puro, apresenta uma ductilidade que torna muito difícil de ser usinado, e uma capacidade quase ilimitada de ser conformado a frio. Além disso, é altamente resistente à corrosão. As ligas de cobre mais comum são os latões, onde o zinco é o elemento de liga principal, sendo altamente dúcteis e facilmente deformáveis a frio. Aplicações são bi- juterias, cápsulas para cartuchos e radiadores automotivos. Os bronzes são ligas de cobre com elementos como estanho, alumínio e silício, são relativamente mais resistentes do que os latões, algumas ligas de bronze podem ser endurecidas por precipitação, entre as suas aplicações pode-se citar o uso em mancais, buchas e instrumentos cirúrgicos. • Ligas de alumínio são caracterizadas por densidade rela- tivamente baixa, alta condutividade térmica e elétrica, e boa resistência à corrosão. Podem ser facilmente usinadas e conformadas a frio, com facilidade em virtude de sua alta ductilidade. Sua baixa temperatura de fusão na ordem de 660ºC torna os processos de fundição bastante emprega- dos. A resistência mecânica das ligas de alumínio pode ser 17PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO melhorada com deformação a frio e em alguns casos com tratamento térmico por envelhecimento. Tem como princi- pais elementos de liga o cobre, manganês, magnésio, silício e o zinco. Exemplos de aplicação são latas de bebidas, peças de aeronave, blocos e cabeçotes de motores de combustão. • Ligas de magnésio têm por característica suas baixas densi- dades, na ordem de 1,7g/cm³. É relativamente dúctil e são difíceis de serem deformadas em temperatura ambiente. Com temperatura de fusão similar ao alumínio, a maioria das aplicações para essas ligas são peças fundidas ou deformadas a quente. O alumínio, zinco e manganês são os principais elementos de liga. Ligas de magnésio são utilizadas em uma alta gama de aplicações, tais quais ferramentas portáteis (motosserras, ferramenta portáteis), automobilísticas (volante e colunas de direção, caixas de transmissão), computadores portáteis, telefones celulares, televisores, etc. • Ligas de titânio são relativamente novas em engenharia, possuindo combinação de extraordinárias propriedades, tais como densidade relativamente baixa na ordem de 4,5 g/cm³, elevado ponto de fusão (1668ºC) e módulo de elasticidade de 107 GPa. Ligas de titânio são extremamente resistentes, sendo possível obter limites de resistência à tração de 1400 MPa. Além disso, são muito dúcteis, sendo facilmente forja- das e usinadas. Sua principal limitação é a reatividade química com outros materiais em altas temperaturas, tornando ligas de titânio relativamente caras. Essas ligas, normalmente, são utilizadas em estruturas de aeronaves, veículos espaciais e indústria do petróleo. Materiais que apresentam uma ligação entre um material metálico e outro material não-metálico são chamados de ce- râmicos. São frequentemente óxidos, nitretos e carbonetos. As propriedades mecânicas desses materiais são atingidas por 18PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO tratamento térmico conhecido como ignição. Essa categoria de materiais inclui os minerais argilosos, cimentos, vidros. São tipicamente maus condutores térmicos e elétricos. Possuem al- tíssimas temperaturas de fusão, e alta resistência à temperatura e abrasão, além de alta dureza e fragilidade. Na metade do século passado, os materiais cerâmicos tradicio- nais tinham como matéria-prima a argila, tendo como produtos as porcelanas, tijolos, azulejos e vidros. Recentemente houve um avanço significativo em relação a compreensão desses materiais, desenvolvendo uma nova geração, tornando-os cerâmicos mais amplos. Dentre os diversos tipos de cerâmicos, citam-se: • Silicatos: têm como a base o silício. O silicato mais comum é o oxido de silício, muito utilizado em abrasivos. Pode ser construído em uma base sólida amorfa e transparente, criando os vidros à base de sílica. • Carbonos: Conforme sua estrutura atômica, pode criar ma- teriais como a grafita e o diamante; carboneto de silício e carboneto de boro têm importante aplicação na usinagem, devido à alta dureza e estabilidade. • Oxigênio: ligando o oxigênio a algum metal, surgem os óxidos, o óxido de alumínio talvez seja o material cerâmico mais utilizado no uso de abrasivos. • Nitrogênio: através de nitretos e nitratos, o nitrogênio, quan- do ligado a algum metal (alumínio, titânio), torna-se um importante revestimento para ferramentas. 19PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Os polímeros são caracterizados por possuir estruturas moleculares muito grandes. São compostos por longas cadeias – geralmente de carbono – constituídos de diversas estruturas unitárias menores, denominadas monômeros. Este nome ad- vém justamente por possuir diversas repetições de monômeros. A união dessas moléculas menores ocorre através da polime- rização. Os polímeros naturais encontrados na natureza são utilizados há séculos, tais como madeira, borracha, lã, couro, algodão e a seda. Ferramentas modernas permitiram a criação de uma série de polímeros sintéticos, os quais são sintetizados a partir de pequenas moléculas orgânicas, que podem ser construídos de forma barata, tendo suas propriedades administradas num nível superior a suas contrapartes naturais. Em diversas aplicações modernas, peças metálicas foram substituídas por polímeros com propriedades satisfatórias e baixo custo. Esses materiais apresentam baixa temperatura de fusão e baixa densidade, além de apresentarem-se altamente f lexíveis. Os polímeros podem ser divididos em: • Termoplásticos são aqueles que podem ser fundidos e so- lidificados várias vezes. Exemplos de termoplásticos são policarbonato, polipropileno, polietileno e poliamidas. • Termorrígidos ou termofixos são geralmente líquidos, que após reação química tornam-se infusíveis. O posterior aque- cimento desse material acaba por degradá-lo, dificultando a sua reutilização. Exemplos de termorrígidos são o poliéster, resinas fenólicas e o poliuretano. 20PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO • Elastômeros são caracterizados por sua grande resiliência, pode advir de uma fonte natural (tal como a borracha) ou de forma sintética (borracha nitrílica, policloporeno), têm aplicações que vão de pneus automotivos, luvas e vedações. Os compósitos são a combinação de dois materiais de clas- sificações diferentes, que buscam mostrar uma combinação das melhores características de cada uma das matérias que os compõem. A fibra de vidro, como um exemplo familiar, adquire a resistência do vidro e a f lexibilidade do polímero. Muitos dos desenvolvimentos recentes de materiais têm evoluído de materiais compósitos. 21PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Tolerâncias As exigências do produto intercambiável. Atualmente, é imprescindível que os produtos produzidos apresentem intercambiabilidade de seus componentes, de for- ma que possam ser substituídos e se ajustem sem que sejam submetidos a tratamentos ou operações suplementares. Sendo a premissa dessa intercambiabilidade a escolha de um processo de fabricação que assegure a produção desses componentes com igual precisão. As dimensões das peças produzidas têm pouca possibilidade de serem exatamente iguais, devido a variáveis de processos, máquinas, dispositivos e instrumentos de medição. Logo, é aceitável que existam variações dentro de certos limites. Essas dimensões limites (máxima e mínima) são chamadas de to- lerâncias, especificadas previamente, conforme exigências do produto. É importante notar que as tolerâncias não se aplicam unicamente às dimensionais. Tolerâncias geométricas, superfi- ciais e microestruturais são igualmente importantesde forma a garantir intercambiabilidade do produto. 22PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Síntese Nesse capítulo vimos que existem diferentes processos de fabricação, que são conjuntos de atividades correlacionadas vi- sando a fabricação de um determinado produto, esses processos são divididos e relacionados conforme suas semelhanças e similaridades em grupos, tais como processos de usinagem, e processos de conformação mecânica. Por sua vez esses grupos de processos podem ser novamente divididos em processos específicos, como por exemplo processos de usinagem com ferramenta de geometria definida. Verificamos que uma série de característica e propriedades desejadas do produto final nos auxiliam a definir que processo de fabricação deverá sem empregado, tal como a geometria do produto, propriedades mecânicas, qualidade superficial, tolerâncias geométricas e dimensionais e o custo de fabricação. Vimos também a existência de diferentes materiais utilizados pra fabricação de produtos acabados, denominada matéria- -prima, esses materiais são divididos conforme características físico-químicas, em metais e suas diferentes ligas, cerâmicos, polímeros, compósitos. 23PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Exercícios 1. O que são processos de fabricação? 2. Qual o grupo de processos de fabricação mais indicado para peças com grandes massas e geometrias complexas? 3. Os processos de usinagem podem ser divididos em três grandes grupos, quais são? 4. Os processos de conformação podem ser divididos em dois grupos principais. Quais são? Qual a principal diferença entre eles? 5. Quais as principais características dos aços inoxidáveis, quais são seus principais grupos e quais são as suas aplicações? 6. Qual o objetivo e função das tolerâncias? 24PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO CONCEITOS DE USINAGEM Os principais conceitos desse processo de fabricação. 25PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO A maioria dos produtos industrializados passa por algum proces- so de usinagem, em alguma de suas etapas de forma complementar ou de acabamento, em que uma ferramenta remove o excesso de material (cavaco) de um corpo sólido, de maneira que o material remanescente apresente forma e dimensões desejadas. A ação pre- dominante na usinagem envolve deformação por cisalhamento e ruptura de material para formar o cavaco. Pode atingir tolerâncias dimensionais bastante estreitas, menores do que 25 µm, e tolerâncias superficiais melhores do que 0,4 µm Ra. Nos processos de usinagem, as principais variáveis que podem ser controladas são o tipo da ferramenta de corte (com suas pro- priedades, material, forma, revestimentos e acabamento), material a ser usinado, f luidos e métodos de lubrirefrigeração e parâmetros de condição de corte (velocidade da ferramenta em relação à superfície da peça, profundidade de corte, quantidade de material removido por ciclo, e velocidade de repetição do ciclo). As variáveis dependentes são aquelas inf luenciadas pelas variáveis independentes pode-se citar: o tipo de cavaco formado, foças empregadas, temperatura de usinagem, desgaste da ferramenta, acabamento superficial (precisão dimensional e superficial) e integridade superficial (tensão residual, transformações metalúrgicas e trincas). Fonte: Adaptado de Klocke pág. 55, e pág. 40 26PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Mecânica do corte À medida que a ferramenta entra em contato com a peça, uma parcela do material é comprimida contra a superfície da ferramenta, inicialmente gerando deformações plásticas na peça. Aumenta progressivamente, até que as tensões de cisalhamento se tornem tão elevadas a ponto de iniciar um deslizamento. Devido ao movimento relativo entre peça e ferramenta, ocorre o deslizamento do material deformado e cisalhado formando o cavaco. A figura apresenta a mecânica do corte, através da formação do cavaco. A região “a” representa a estrutura da peça em todo o seu volume de forma homogênea. A região representada pela letra “b” representa a estrutura do cavaco, alterada em relação à peça, devido as tensões de cisalhamento, deformações plásticas e temperaturas envolvidas nesse processo. Fonte: Adaptado de Klocke pág. 50 27PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO A região “c”, e “d” apresenta uma alteração estrutural na superfície do cavaco e da peça, respectivamente, devido ao cisalhamento e a troca de calor com a superfície da ferramenta. A região “e” é representa no ponto onde se inicia o des- lizamento do cavaco. Se o material tem uma capacidade de deformação maior, a separação ocorre imediatamente. Se o material é frágil, quase não tendo capacidade de se deformar, ocorre a fratura do cavaco. A mecânica do corte influencia sig- nificativamente na forma do cavaco, no acabamento superficial e na integridade superficial. Os cavacos produzidos podem ser classificados em três tipos básicos: • Cavacos segmentados, formados a partir da usinagem de materiais frágeis, como ferros fundidos, sob baixas veloci- dades. O atrito entre a ferramenta e o cavaco é alto, fazendo com que a textura da peça tenda a ser irregular. • Cavacos contínuos com gume postiço, são resultado da usi- nagem de matérias dúcteis, sob médias velocidades, em que o atrito entre ferramenta e cavaco juntamente com as altas temperaturas tendem a causar uma aderência do material sólido no gume de corte da ferramenta, chamado de gume postiço. A formação desse gume postiço é cíclica, o cavaco se forma, cresce, torna-se instável e quebra. Uma parte desse material pode ser incorporada a superfície usinada, acarre- tando em baixo acabamento superficial. • Cavaco contínuo são formados na usinagem de matérias dúcteis, sob altas velocidades. 28PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Materiais para ferramentas de corte As ferramentas de usinagem devem apresentar alta dureza e resistência ao desgaste em altas temperaturas, alta tenacidade, boa resistência mecânica, boa estabilidade química, serem inertes quimi- camente com o material usinado e boa rigidez. Essas características devem ser avaliadas frente ao material a ser usinado, tipo de operação de usinagem, volume de produção, geometria, tolerâncias exigidas, e vida útil adequada. Os principais materiais utilizados em ferramentas de usinagem são: • Aços ferramenta foram os primeiros materiais empregados na indústria, são aços com alto teor de carbono endurecidos por trata- mentos térmicos. Apesar do desuso, por não trabalharem a tempe- raturas superiores a 250ºC, ainda são empregados em ferramentas improvisadas devido ao baixo custo, e na usinagem de madeira e materiais poliméricos. • Os aços rápidos, utilizados a partir de 1900, são aços com alto teor de carbono, com tungstênio, cromo e vanádio, como elementos de liga básico, contendo molibdênio e cobalto em sua composição, esses elementos propiciam a precipitação de carbonetos que aumentam a resistência à abrasão. São tratáveis termicamente, atingindo durezas de 65-67 HRC, tenazes e mantendo suas características a tem- peraturas de até 650ºC, seu baixo custo e facilidade de fabricação e afiação tornam adequada sua aplicação em brocas, alargadores, escareadores e fresas. • A estileta é uma liga fundida à base de cobalto como principal elemento, tungstênio, cromo e carbono sem conter ferro em sua composição. A sua dureza pode atingir até 64 HRC, sua tempera- tura máxima de trabalho é de até 800ºC, propiciando parâmetros de usinagem mais elevados do que os aços rápidos. Atualmente, empregados em ferramentas de geometria definida de forma de pastilhas que são fixadas mecanicamente. 29PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO • Produzido através do processo de metalurgia do pó, o metal duro tem fundamental importância como material para ferramentas de usinagem. Usando cerca de 70 a 90% de partículas duras como carboneto de tungstênio, WC, e o restante em cobalto, como ligante. Pode atingir temperaturas de trabalho em torno de 1000ºC, com elevadadureza e vida útil superior. São aplicados em ferramentas de corte para torneamento, furação, fresamento, entre outros. São utilizados também na forma de pontas de inserto, fixados meca- nicamente ou por brasagem em um suporte. • Os cerâmicos compreendem um grupo de materiais de elevada dureza, que resiste a altas velocidades de corte e temperaturas de trabalho de até 1600ºC. Dentre os materiais mais utilizados, po- de-se citar as cerâmicas prensadas a frio, com principal elemento a alumina (Al2O3), muito utilizado na usinagem de ferros fundidos e aços com durezas inferiores a 34 HRC; os cerâmicos prensados a quente que são uma mistura de alumina e carboneto de titânio (TiC); Nitreto de Silício (Si3N4) que combina resistência ao choque e à abrasão, utilizado para usinagem de ferro fundido cin- zento e o nitreto de boro cubico (CBN) que tem dureza próxima a do diamante, com excepcional resistência a abrasão sob severas condições, utilizado para usinagem de ferro fundido coquilhado e aços endurecidos, aços ferramenta e aços rápidos, não reagindo com outros materiais e não oxidando a temperaturas abaixo de 1000ºC. • O diamante policristalino é um diamante sintético, que atingi dure- zas muito próximas aos diamantes naturais (que são o material mais duro conhecido). Normalmente, são aplicadas películas sobre uma base de metal duro. Esse material é utilizado na usinagem de metais não ferrosos, tais como ligas de alumínio, ligas de magnésio, cobre latão, bronze e liga de zinco. Também é utilizado para usinagem de carboneto de tungstênio sintetizado. Fonte: Kiminami, pág. 111. Observa-se que dureza/resistência a desgaste e tenacidade são propriedades antagonistas, e a seleção do melhor material depende da análise do conjunto do material a ser usinado, parâmetro de processo, especificações de projeto e objetivos do processo. 30PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Revestimentos Foram desenvolvidos revestimentos para ferramentas com intenção de explorar melhores vantagens isoladas de materiais de elevada dureza e estabilidade química, aplicando esses reves- timentos, quase sempre cerâmicos, em uma ou mais camadas com espessuras de 2 a 10 µm sobre uma base de metal dura de maior tenacidade. Os revestimentos propiciam um grande aumento na vida da ferramenta. O método de deposição desse revestimento pode ser físico (PVD), muito utilizado em bases de aço rápido, ou térmico (CVD) que utiliza temperaturas entre 900 e 1100ºC em um forno com atmosfera controlada, fazendo com que a cobertura adira no material base através de difusão. Entre os materiais mais utilizados para revestimento de ferramenta de usinagem, pode-se citar o carboneto de titânio (TiC) com elevada dureza e resistência ao desgaste por abra- são; o nitreto de titânio (TiN) e o nitreto de titânio alumínio (TiAlN), que possuem propriedades lubrificantes, reduzindo o atrito entre a ferramenta e o cavaco, e é quimicamente instável (diminuindo o desgaste por difusão), o nitreto de cromo alumí- nio recomendando para operações onde se exige altas resistência oxidação e manutenção de propriedades a altas temperaturas (até 1200ºC). O óxido de alumínio (Al2O3) também possui boa estabilidade térmica, além de alta resistência a ataques químicos e oxidação. 31PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Temperatura A maior parte da energia consumida no processo de usi- nagem é convertida em calor – até 95%. As principais fontes de calor são devido ao processo de cisalhamento, em que a defor- mação plástica resulta na maior fonte de calor, sendo que a maior parcela desse calor permanece no cavaco; o atrito no contato entre a ferramenta e o cavaco e o atrito entre a superfície nova da peça e a ferramenta. Esse calor pode ser prejudicial, diminuindo a vida da ferramenta. Além disso, alguns metais apresentam uma tendência de produzir um cavaco que adere a face da ferramen- ta, aumentando a potência requerida para realizar a usinagem, aumentando o atrito, e consequentemente ainda mais o calor. A temperatura na região de cisalhamento é muito difícil de ser medida, mas pode-se afirmar que a temperatura entre a interface peça-ferramenta atinja temperaturas na ordem de 600ºC. Essa temperatura pode prejudicar o acabamento e a integridade super- ficial. Apesar de não se ter um controle rigoroso na temperatura do processo de usinagem, e essa ser uma consequência de outras variáveis, utiliza-se f luidos lubrirefrigerantes para inf luenciar essa varíavel. Fluidos lubrirefrigerantes A função básica do f luido lubrirefrigerante é controlar o ca- lor do conjunto peça-ferramenta, e isso pode ser feito pela direta aplicação de f luido da peça, cavaco e ferramenta, ou pela redução do atrito através de lubrificação. O f luido de corte deve ter alta capacidade calorífica, alta condutividade térmica, baixa taxa de evaporação, não corroer a ferramenta e o equipamento, ser está- vel, não produzir fumos e não ser agressivo à saúde do operador. Fonte: Klocke pág. 63. 32PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Apesar da denominação de “f luido lubrirefrigerante”, esse elemento não necessariamente precisa estar em estado líquido e/ ou gasoso, podendo ser também um lubrificante sólido como pó de grafeno. • Os lubrificantes sólidos visam apenas a lubrificação da operação de usinagem, aplicados a superfície de saída da ferramenta. Normalmente contém em sua composição aditivos de enxofre e chumbo. • Óleos integrais são normalmente uma mistura de diferentes óle- os de base mineral ou vegetal com aditivos, não sendo diluídos em água. São empregados em usinagens com condições severas, usando baixas vazões. Não possuem propriedades refrigerantes tão boas quanto óleos solúveis, mas têm excelente capacidade de lubrificação e permitem bom controle de oxidação. • Óleos solúveis são óleos de base mineral ou vegetal, que com adição de agentes emulsificantes, forma uma emulsão junto com a água. Possuem ótima capacidade calorífica e condutividade térmica da água combinada com a capacidade lubrificante e de controle de oxidação do óleo. Têm como principais vantagens em relação aos óleos integrais a capacidade refrigerante, baixo custo, e redução da produção de fumos, em contrapartida, a separação por decantação e o ataque de bactérias podem tor- nar-se um problema. • Óleos sintéticos são formados por pequenas quantidades de óleos emulsificados em água e produtos químicos dissolvidos. • Gases visam principalmente a refrigeração e a expulsão do cavaco, pouco tem a oferecer na lubrificação e na proteção contra oxidação. Devido a sua alta fluidez, os gases apresentam alta penetrabilidade. Tem-se utilizado técnica de atomização de fluidos líquidos sobre altas pressões (tornando-os vapores saturados), e dessa forma tenta-se reunir a vantagem da alta fluidez dos gases com as características lubrirefrigerantes dos líquidos. 33PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Forças e movimentos O processo de usinagem consiste em uma série de movi- mentos relativos e forças envolvendo o conjunto peça-ferra- menta-cavaco. Existe uma grande variedade de processos de usinagem, em muitos deles, a peça se mantém fixa enquanto a ferramenta realiza os movimentos relativos, outros ao contrário, a peça movimenta-se enquanto a ferramenta se mantém parada, em outras situações existe movimento de ambas. Entretanto, convencionou-se que o estudo dos movimentos de usinagem são analisados da ótica da peça, ou seja, permanece parada e o movimento relativo é realizado pela ferramenta. Os movimentos são analisados como os que causam di- retamente a saída de cavaco - movimentos efetivos de corte e movimento efetivo de avanço - e aqueles que não tomam parte direta na saída do cavaco. O movimento de corte é aquele em que, sem o movimento de avanço, existe somente a remoção de uma única porção de cavaco durante um ciclo da ferramenta (normalmente uma rotação), por exemplo, o movimento de rotação de uma broca. A velocidade de corte (vc)é a velocidade instantânea do ponto de referência do gume de corte na direção e sentido do corte. Fonte: Ferraresi pág.2 34PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO O movimento de avanço é aquele em que, em conjunto com o movimento de corte origina a remoção de cavaco de forma repetida ou contínua durante vários ciclos da ferramenta. Como por exemplo, o movimento axial da broca durante o processo de furação. O movimento de avanço, dependendo do processo, pode ser decomposto vetorialmente em diversos movimentos, tais como movimento de avanço axial, avanço lateral, avanço radial, avanço diagonal, mas seu conceito permanece inalte- rado. A velocidade de avanço (f) é a velocidade instantânea da ferramenta na direção e sentido do avanço. Além desses movimentos e velocidades é importante sa- lientar o conceito de profundidade de corte (Ap), é a dimensão da camada a ser removida durante a usinagem. No fresamento, por exemplo, a profundidade de corte corresponde ao com- primento da fresa a remover material da peça. Já no caso do processo de furação, a profundidade de corte corresponde ao raio da ferramenta. Todos esses movimentos relativos, em reação com a resis- tência do material a ser usinado, geram uma série de forças de ação e reação durante o processo de usinagem, que podem ser decompostas em uma série de outras forças, em vários planos distintos. Essas forças, por consequência, correspondem pro- porcionalmente a energia consumida durante o processo de usinagem. Fonte: adaptado de Klocke pág. 55 e 58 35PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO O trabalho realizado pelo processo de usinagem, corres- ponde a um somatório de uma série de energias, a maior parte desse trabalho se converte em calor gerado durante o processo de usinagem, decorrente do cisalhamento, do atrito e das de- formações plásticas. Desgaste e vida de ferramenta Denomina-se vida de ferramenta, o tempo em que essa efetivamente trabalha até perder a sua capacidade conforme critérios pré-estabelecidos. Nor- malmente, quando nota-se aumento excessivo da temperatura, forças excessivas de usinagem, qualida- de superficial da peça usinada não mais satisfatória ou elevadas variações dimensionais são alguns dos critérios para se determinar o fim de vida de uma ferramenta. O critério mais comum, entretanto, é o de algum limite máximo de desgaste para a ferramenta. Isso se deve ao fato do desgaste da ferramenta estar correlacionado aos critérios anteriormente mencionados, e também por ser facilmente men- surável. A vida da ferramenta e o desgaste são variáveis não controla- das do processo de usinagem. Elas são dependentes de uma série de outros fatores, tais como a rigidez da máquina motriz, das condições de lubrirefrigeração, da temperatura, das caracterís- ticas e parâmetros de usinagem e das características geométricas da ferramenta. O desgaste da ferramenta é considerado uma perda contínua de partículas de material da ferra- menta devido a ação das forças de usinagem. O des- gaste máximo de f lanco, atualmente, é o critério mais utilizado para se determinar o fim de vida de uma ferramenta. Outros desgastes que podem ser Fonte: Adaptado de Ferraresi 36PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO citados são os de cratera, e os lascamen- tos. O desgaste ocorre devido a alguns elementos denominados mecanismos de desgaste, dentre os principais mecanismos de desgaste pode-se citar: • Mecanismo de abrasão, envolve a per- da de material da ferramenta devido a elevada dureza relativa entre material usinado e ferramenta, acarretando em microcortes na face da ferramenta. • A difusão consiste no desgaste da ferra- menta através da perda de átomos para o material da peça, devido a afinidade química entre estes. A difusão é direta- mente influenciada pela temperatura de usinagem, quanto maior a temperatura maior será a difusão. • As altas temperaturas envolvidas na usinagem, a presença de oxigênio do ar, e eventualmente a água proveniente de óleo solúvel, propiciam o mecanismo de desgaste por oxidação, originando óxidos complexos que acarretam em microlascamentos devido a sua expan- são volumétrica. • Durante o processo de usinagem, for- ma-se uma camada de substrato me- tálico entre a ferramenta e a superfície usinada. Através do mecanismo de ade- são, esse substrato adere à ferramenta e micropartículas serão arrancadas quan- do esse material se desprende, sendo arrastados juntamente com o fluxo de material. A figura mostra a inf luência da tem- peratura do processo de usinagem com relação aos mecanismos de desgaste. É pos- sível notar que os mecanismos de difusão e oxidação existem somente para temperatu- ras mais elevadas, e aumentam conforme a temperatura aumenta. Já o mecanismo de adesão é mais presente para temperaturas baixas, diminuindo significativamente a temperaturas mais altas. Já o mecanismo de abrasão, é possível notar que pouco se altera, o que indica que esse mecanismo sofre pouca inf luência da temperatura. Fonte: Adaptado de Klocke, pág. 75 37PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Síntese Nesse capítulo estudamos os principais conceitos relacionados a processos de usinagem, vimos que usinagem consiste em um processo de fabricação mecânica que remove material sob a forma de cavaco, conferindo a matéria-prima geometria e di- mensões desejadas. Vimos que os processos de usinagem são inf luenciados por uma série de parâmetros e variáveis de entrada, tais como os parâmetros de corte (velocidade de corte, avanço de corte e profundidade de corte), temperatura, diferentes materiais da peça e da ferramenta, f luidos lubrirefrigerantes, revestimentos de ferramentas, entre outros. Além disso estudamos a mecânica do corte, forças atuantes, movimentos, mecânica da formação do cavaco, os principais mecanismos de desgastes de ferramentas (abrasão, adesão, oxidação e difusão), e a vida e estágios de vida de ferramentas de usinagem. 38PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Exercícios 1. Cite três variáveis que possam ser controladas no processo de usinagem (variáveis independentes) e três que não possam ser controladas (variáveis dependentes): 2. Quais são os fatores que aumentam a temperatura no processo de usinagem, e quais as formas existentes para controlá-la? 3. Quais são os principais movimentos dos processos de usinagem? Como podem ser decompostos os movimentos efetivos? 4. Para se fazer revestimentos de ferramentas de usinagem utiliza-se normalmente que grupo de materiais? 5. Qual o material para fabricação de ferramentas de usinagem, composto por carbonetos, como o carboneto de tungstênio e que tem o cobalto como principal ligante? 6. Descreva os principais mecanismos de desgaste de ferramentas de usinagem: 39PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO PROCESSOS DE USINAGEM COM FERRAMENTA DE GEOMETRIA DEFINIDA Principais processos de usinagem onde a ferramenta de corte possui geometria de corte definido. Processos de usinagem com ferramenta de geometria de- finida são os mais utilizados industrialmente, isso se deve principalmente ao baixo custo, decorrente das altas taxas de material removido por unidade de tempo, a grande versatili- dade desses processos, e acabamentos e precisões dimensionais satisfatórios. 40PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Caracteriza-se também pelo corte contínuo de material, uma vez que a ferramenta remove material de forma contínua sem perder contato com a peça durante toda a operação. A cinemática desse processo (rotação da peça e avanço axial da ferramenta) acaba por gerar uma espécie de rosca ou hélice na peça usinada. Torneamento Esse processo de usinagem é destinado à obtenção de su- perfícies de revolução. Quase sempre, a ferramenta atua em um único ponto de remoção de material, que é rotacionado em torno de um eixo longitudinal. A ferramenta, por sua vez, avança axialmente e/ou radialmente sobre o eixo de rotação do material. Fonte: Adaptado de Klocke, pág. 75 Fonte: O autor. Baseadoem Klocke 387 à 388. 41PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO O torneamento é largamente utilizado devido ao bom acabamento superficial e o baixo custo de produção devido a sua alta produtividade – volume de material removido por unidade de tempo – possibilitando a produção de peças de geometrias de revolução complexas. Além disso, existe uma grande variedade de ferramentas disponíveis, tornando esse processo muito versátil. O processo de torneamento pode ser dividido em uma série de diferentes operações, dependendo dos movimentos e das ferramentas empregadas no processo. O torneamento longitudinal externo, torneamento cônico e o torneamento de perfis ocorre quando a ferramenta se desloca longitudinal- mente ao eixo de rotação do material e move-se paralelamente com profundidade de corte constante, gerando uma superfície cilíndrica; inclinada, obtendo uma superfície cônica ou uma Fonte: Adaptado de Klocke. combinação de ambos os movimentos contornando em curva a superfície do material, com o perfil determinado da peça. Nos torneamentos de ranhura, externa e de face, produz- -se superfícies planas formando ranhuras, que são úteis para montagens de outros componentes, como por exemplo, assen- tamentos de anéis. O faceamento consiste na ferramenta se deslocando de forma retilínea, perpendicular ao eixo de rotação do material, com objetivo de obter uma superfície plana. Na usinagem com ferramenta de forma, ela se desloca em trajetória retilínea radial ou axial, visando obter-se uma forma pré-definida, com geometrias assimétricas de acordo com o perfil da ferramenta. O torneamento longitudinal interno visa ampliar um orifício ou cavidade feita por um processo anterior, ou produzir ranhuras internas. 42PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Fonte: Adaptado de Kalpakjian, pág 616. A furação no torneamento à ferramenta desloca-se em trajetória retilínea, obrigatoriamente ao eixo de rotação do material, visando obtenção de um furo, que pode ser seguin- do a operação de torneamento longitudinal interno, visando melhorar a precisão dimensional e/ou rugosidade superficial. A operação de sangramento à ferramenta desloca-se em trajetória retilínea, radialmente em relação ao eixo de rotação do material, com objetivo de se obter um entalhe circular, ou para se cortar uma peça no final do processo de torneamento de peças em séries, produzidos com barras. O rosqueamento é destinado à obtenção de filetes, por meio de abertura de um ou mais sulcos helicoidais de passo constante, e superfícies cilíndricas internas e externas. O recartilhamento produz uma rugosidade controlada em superfícies cilíndricas. 43PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Furação É um processo de usinagem que abre, alarga ou dá acabamento em furos cilíndricos na peça. A ferramenta mono ou multicortante é chamada de broca, e movimenta-se rotacionando sobre o eixo de revolução, gerando movimento de corte, e axialmente gera o movi- mento de avanço de corte, onde o material permanecerá estacionário. A principal vantagem desse tipo de processo são as altas rala- ções de comprimento-diâmetro proveniente das brocas, entretanto, esse processo é pouco f lexível, e deve ser realizado com cuidado, pois o cavaco é expulso em movimento de sentido contrário ao de avanço da ferramenta, e a dificuldade da penetração do f luido lu- brirefrigerante apresenta dificuldades significativas para esse tipo de processo. Assim como no torneamento, o processo de furação pode ser dividido em uma série de operações distintas. A furação em cheio, operação mais comum, visa obtenção de um furo cilíndrico, re- movendo todo material compreendido nesse volume sob a forma de cavaco. Fonte: Adaptado de Kalpakjian, pág 643. Fonte: Adaptado de Kiminami, pág 121. 44PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO O alargamento é uma operação que utiliza uma fer- ramenta multicortante denominada alargador, onde há muito pouco material removido de um furo pré-existente, sendo o objetivo principal dar maior precisão dimensio- nal e/ou melhor acabamento superficial a esse furo. O alargamento pode ser em formato cilíndrico ou cônico. A furação escalonada é uma operação de furação destinada à obtenção de um furo com dois ou mais diâmetros de forma simultânea. A furação de centro é uma operação destinada à obtenção de furos de centro, visando operações posteriores. A trepanação é uma operação em que apenas uma parte do material compreendido no volume final do furo é transformada em cavaco, mantendo o núcleo do material maciço. Na operação de rosqueamento, utili- za-se ferramenta denominada macho para fazer uma rosca interna em um furo pré-existente. Fresamento É um processo de usinagem onde a geração da superfície usi- nada e a remoção do cavaco decorrem do movimento relativo entre peça e ferramenta. A ferramenta de usinagem, denominada fresa, possui um ou mais gumes de corte e executa movimento de corte rotativo, e movimento de rotação translativo. As superfícies usi- nadas podem apresentar diferentes geometrias e formas, contando com uma grande variedade de tipos de máquinas que realizam esse processo e ferramentas, tornando a f lexibilidade desse processo um dos principais motivos para sua larga utilização na usinagem de peças. Fonte: Adaptado de Klocke, pág 392. 45PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO No fresamento, existe uma série de importantes parâmetros a serem considerados. Esses parâmetros descrevem quantita- tivamente movimentos, dimensões e outras características da operação de corte. Os parâmetros que se referem ao movimento da ferramenta são a frequência de rotação, velocidade de corte e velocidade de avanço; as dimensões de corte são a profundidade de corte e penetração de trabalho. Outros parâmetros importantes são do diâmetro da ferra- menta, número de gumes de corte e o sentido de corte (con- cordante ou discordante). O fresamento pode ser considerado frontal quando a super- fície usinada for perpendicular ao eixo de rotação da ferramenta, ou tangencial quando a superfície usinada for paralela ao eixo de rotação da ferramenta. Existem casos em que esses dois tipos básicos de fresamento existem concomitantemente, podendo haver, ou não, o predomínio de um sobre o outro, como no caso de fresamento com fresa de topo esférica. O processo de usinagem pode ser dividido em uma série de operações. Fonte: Adaptado de Kalpakjian, pág 661. Fo nt e: A da pt ad o de K lo ck e, p ág 3 95 . 46PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO O processo de fresamento tem como principais vantagens sua alta f lexibilidade, possuindo ferramentas de variadas formas e materiais, alta qualidade do acabamento superficial e as altas taxas de remoção de material por unidade de tempo. Aplainamento Processo de usinagem destinado à obtenção de superfícies planas, e outras geometrias longitudinais, tais como rasgos e entalhes. Esse processo se utiliza de ferramenta com único gume cortante, que remove cavaco linearmente num movimento de avanço da ferramenta ou do material. Normalmente, peças que passam pelo processo de aplaina- mento possuem grandes volumes e massas, sendo suficientemen- te pesadas para resistirem as altas forças de corte e inércia que resultam da mudança rápida de velocidade no final do processo de usinagem. Esse processo tem como principal vantagem sua simplicidade e o baixo custo para usinagem de grandes peças. Entretanto, esse processo apresenta baixo volume de produção e pouca versatilidade nas geometrias de corte produzidas. Fonte: Adptado de Kloce pág 458. 47PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Mandrilamento Processo de usinagem destinado à obtenção de superfícies de revolução, com ferramenta de usinagem mono ou multi- cortante. Geralmente, tem como objetivo dar acabamento em diâmetros de pré-furos, melhorando sua precisão geométrica e acabamento superficial, podendo usinar superfícies cilíndricas, cônicas, radiais ou esféricas. As ferramentas de corte sãofixa- das em suporte denominado barra de mandrilar, dimensionada conforme o comprimento do cilindro a ser usinado. Essa barra deve ser suficientemente rígida para minimizar a def lexão e evitar vibrações, mantendo a qualidade superficial e a precisão. O mandrilamento pode ser realizado em posições hori- zontais e verticais, conforme a conveniência, sendo que o fuso que faz a rotação da ferramenta que gera o movimento de corte deve ser capaz de realizar movimentos longitudinais pelo menos três eixos geométricos, gerando movimentos radiais de avanço. Devido a essas exigências, máquinas de mandrilas são capazes de realizar diversos outros processos de usinagem, como fu- rações e fresamento. Normalmente, centros de usinagem, em sua essência, mandriladoras. Fonte: Adaptado de Kalpakian pág 642. 48PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Brochamento Processo de usinagem destinado à obtenção de superfícies diversas, normalmente complexas, através do uso de ferramenta multicortante. A ferramenta ou a peça desloca-se segundo uma trajetória retilínea coincidente ou paralela ao eixo da ferramen- ta. A velocidade de corte é a própria velocidade de avanço, e a profundidade de corte se dá pela geometria da ferramenta. Esse processo se caracteriza por possuir ferramentas mul- ticortantes de grandes comprimentos, contendo vários gumes, sendo o material total removido sobre a forma de cavaco, que é a soma do material removido a cada gume da ferramenta. Tem como principal vantagem sua precisão e bom acabamento superficial para geometrias complexas, como engrenagens in- ternas, embora a ferramenta tenha alto custo, sendo justificada par grandes produções. Fonte: Adaptado de Kalpakjian pág 676. 49PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Serramento Processo de usinagem na qual uma fenda de fina espessura é feita com finalidade de cortar ou separar o material, utili- zando-se de uma ferramenta multicortante, denominada serra, com uma série de dentes curtamente espaçados. Existem três variações principais de serramento: • Serramento com lâminas utilizam serras na forma de lâmina, e se caracterizam pelo movimento de vaivém da ferramenta, gerando desta forma um corte interrompido do material. O movimento de corte advém da velocidade de movimentação da serra, enquanto o movimento de avanço corresponde a velocidade de penetração da serra no material. • O serramento circular: os movimentos de corte e avanço são dados pela ferramenta que tem formato circular e gira em torno de um eixo, avançando transversalmente. • O serramento com fita utiliza uma serra em forma de lâmina, porém, diferentemente do serramento com lâminas, forma um perfil fechado e presa sobre tensão normalmente guiada por rolamentos. Esse processo produz um corte contínuo no material. Fonte: Adaptado de Klocke pág 440. 50PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Síntese Nesse capítulo estudamos os principais processos de usinagem com ferramenta de geometria definida, tais como tornea- mento, o fresamento, a furação e o brochamento. Vimos que esse tipo de processo se utiliza de uma ferramenta que pode ser claramente visualizada e mensurada. Esse tipo de processo se caracteriza pelo grande volume de material usinado por volume de tempo, sendo os processos de usinagem mais utilizados dentre todos. Verificamos que muitos desses processos possuem diferentes tipos de operações, conforme os esforços, geometrias de fer- ramentas e movimentos empregados, fixações de peças e ferramentas, como por exemplo fresamento de perfil no processo de fresamento ou operação de sangramento nos processos de torneamento. 51PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Exercícios 1. Qual processo de usinagem se destina a produção de superfícies de revolução através da remoção de cavaco de forma contínua na forma de hélice? 2. Cite três operações que podem ser realizadas pelo processo de torneamento: 3. No processo de fresamento, o que significa dizer que o sentido de corte é concordante ou discordante? 4. Quais as principais vantagens e desvantagens do processo de aplainamento? 5. Em quais processos de fabricação pode-se obter furos cilíndricos e cônicos com elevada precisão dimensional e qualidade superficial? 6. Qual processo se caracteriza por produzir peças de geometrias complexas através de ferramentas de grandes comprimentos? 52PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO PROCESSOS DE USINAGEM COM FERRAMENTA DE GEOMETRIA NÃO DEFINIDA Processos de usinagem onde a ferramenta cortante possui geometria irregular e indefinida 53PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Processo de usinagem com ferramenta de geometria não-definida utiliza ferra- mentas com geometrias levemente irregu- lares e sem dimensões específicas. Em sua grande maioria, utilizam grãos abrasivos aglomerados, sendo cada grão considerado uma ferramenta de usinagem. Embora rebolos e lixas tenham especificações de tamanho de grãos, eles representam apenas uma média, aceitando pequenas varrições de dimensões e formas entre estes grãos. Esses processos, muitas vezes, são uti- lizados como operações de acabamento, pois embora confiram grande precisão di- mensional e excelente acabamento super- ficial, esses processos tendem a ser menos produtivos do que processos de usinagem com ferramenta de geometria definida. Retificação Processo de usinagem por abrasão, destinado à obtenção de superfícies planas ou de revolução, onde a ferra- menta abrasiva denominada rebolo ro- tacionada gera o movimento de corte, e a peça ou ferramenta desloca-se em uma trajetória determinada, gerando o movimento de avanço. A remoção de material é dada para cada grão abrasivo que compõe a ferramenta de corte. Existe uma grande variedade de rebolos disponíveis, com diferentes dimensões, materiais, durezas, tama- nhos e tipos de grãos. O processo de retificação é, mui- tas vezes, utilizado como processo de acabamento, entretanto, é largamente utilizado devido a possibilidade de ser empregado em praticamente todos os tipos de materiais, desde matérias dúcteis até materiais com altas durezas, inclusive os tratados termicamente. Permite ótimos acabamentos super- ficiais, com rugosidades de até 0,025 µm Ra, além de ótimas precisões di- mensionais. O processo de retificação pode ser classificado como retificação cilíndrica quando o rebolo tangencia as superfí- cies usinadas cilíndricas, internas ou externas. Retificação plana é quando o rebolo tangencia à superfície usinada 54PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO plana; e processo de retificação sem centros é o processo de retificação cilíndrica no qual a peça não possui fixação axial, e é usinada por ferramenta abrasiva de revolução. Brunimento Processo de usinagem empregado no acabamento de peças cilíndricas, através lentos movimentos de revolução de pedras – ferramenta abrasiva – que geram o movimento de corte, juntamente com movimento axial dessa em um movimento helicoidal, gerando movimento de avanço. Os grãos abrasivos da ferramenta permanecem em constante contato com a peça. A diferença principal entre o processo de brunimento e o de retificação consiste nas velocidades empregadas, sendo bem mais lentos no processo de brunimento, além de apresentar maiores pressões. Na maioria dos casos, o brunimento é feito com ferramenta especial, denominada brunidor, constituída de segmentos de material abrasivo, montados em grupo. Fo nt e: A da pt ad o de K im in am i p ág 1 24 . Fonte: Adaptado de Kalpakjian, pág 747. 55PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Tamboramento Processo de usinagem no qual uma ou mais peças a serem usinadas são colocadas no interior de um tambor rotativo, jun- tamente com grãos material abrasivo, para serem rebarbadas e/ou receberem acabamento. O movimento rotativo do tambor faz com que os grãos de dureza superiores colidam com as peças, ocorrendo a remoção de partículas do material. Processos de acabamento Existem vários processos responsáveispor dar acabamento superficial, utilizando-se de abrasivos finos para remoção de pequenas partículas de material. Essas operações podem afetar diretamente no tempo de produção e no custo de produção, de- vendo ser considerados conforme exigência técnica do produto. Um desses processo é o de lixamento, que se utiliza de grãos abrasivos aglomerados em uma camada de papel, que pode ser no formato de fita, onde se utiliza polias para fixação dessas ou em disco com várias folhas abrasivas, fixadas em um eixo rotativo. A remoção de material se dá pela pressão da ferramenta sobre a peça. 56PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO No processo de superacabamento, há uma leve pressão da ferramenta de usinagem – normalmente uma pedra – sobre a peça, com movimento de rotação da peça e curtos movimentos axiais da ferramenta. O processo de superacabamento pode ser cilíndrico ou plano, onde existe movimento relativo entre a ferramenta e a peça. O polimento e o espelhamento visam eliminar estrias decorrentes da abrasão acarretada por outros processos de usi- nagem, diminuindo significativamente a rugosidade superficial da peça, dando-a excelente aparência. Geralmente é realizado por disco ou conglomerados de discos de madeira, tecidos ou feltros revestidos com pastas ou pó de grãos abrasivos que atuam como ferramenta de usinagem. O processo de lapidação utiliza um porta-ferramenta na forma de uma placa metálica, com material abrasivo juntamente com água ou óleo, gerando acabamento em uma peça, após, pressiona-se a superfície da peça sobre a placa com material abrasivo com movimentos circulares. O processo de jateamento utiliza grão abrasivos subme- tidos a um jato sobre pressão de ar comprimido a fim de dar acabamento e/ou rebarbar peças. Fonte: Adaptado de Kiminami pág 124. Fonte: Adaptado de Kalpakjian, pág 748. 57PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Síntese Nesse capítulo estudamos os principais processos de usinagem com ferramenta de geometria não definida, tais como re- tificação, o brunimento e o polimento. Vimos que esse tipo de processo se utiliza de ferramenta que não pode ser claramente visualizada e mensurada, muitas vezes utilizando-se de várias pequenas ferramentas em formas de grãos unidos por um material aglomerantes, como pedras e lias. Apesar de possuir uma taxa de remoção de material por unidade de tempo menor do que processos de usinagem com ferramenta de geometria definida, esse tipo de processo se caracteriza pela qualidade do acabamento e precisão dimensional, sendo muitas vezes utilizado como processos de acabamento. Verificamos que muitos desses processos possuem diferentes tipos de operações, conforme os esforços, geometrias de ferra- mentas e movimentos empregados, fixações de peças e ferramentas. 58PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Exercícios 1. Quais são as finalidades de um processo de polimento? 2. Qual o tipo de ferramenta utilizada no processo de retificação? 3. Qual processo de usinagem utiliza como ferramenta grãos abrasivos aglomerados em folhas de papel? 4. Por que processos de acabamento devem ser analisados tecnicamente como exigência para sua aplicação? 5. No processo de lapidação, de que forma os grãos abrasivos são adicionados ao processo de usinagem? 59PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO PROCESSOS DE USINAGEM NÃO CONVENCIONAIS Processos de usinagem que utilizam diferentes ferramenta diversas não convencionais Processos de usinagem não convencionais são processos que não se enquadram em nenhuma das situações anteriores, muitas vezes não existindo contato físico da ferramenta de usi- nagem com a peça, onde a remoção do material dá-se por outra forma. Esses métodos de usinagem existem devido a situações onde a usinagem convencional não é satisfatória, econômica ou mesmo possível, como para materiais muito frágeis de elevada dureza, geometrias complexas, requisitos de acabamento e/ou dimensionais, e restrição ao aumento de temperaturas. 60PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Processo normalmente utilizado para produção de orifí- cios, ranhuras e cavidades de geometrias diversas. A remoção de material ocorre devido a fusão e evaporação erodindo-o devido a descargas elétricas incidentes na peça, produzida por pulsação controlada. A ferramenta age como eletrodo positivo, e a peça como eletrodo negativo. Ambas são imersas em fluído dielétrico ionizado, que serve como condutor e refrigerante. O perfil da ferramenta, geralmente fabricada em cobre ou grafite, corresponde a contra-forma da geometria a ser fabricada no material, sendo previamente usinados mediante outro pro- cesso. É importante notar que, ao mesmo tempo que há erosão da peça, há também uma erosão – normalmente menor – na ferramenta, sendo necessária a utilização de uma ferramenta para processos de desbaste e outra para acabamento. Fonte: Adaptado de Kalpakjian pág 770. Usinagem com diferença de potências elétricas 61PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Esse processo é bastante utilizado em peças de elevada du- reza e baixa usinabilidade, tornando-o amplamente utilizado. Esse processo, entretanto, somente é eficaz em matérias com boa condução de eletricidade. Uma variante desse processo, conhecida por corte a fio com descarga elétrica, tem objetivo semelhante ao recorte de um contorno utilizando uma serra-fita, mas utiliza-se de um fio de fina espessura (0,2~0,3mm) de alta condutividade elétrica e alta resistência à tração. Em lento movimento, percorre esse contorno que removerá o material com descargas elétricas na forma de eletrodo. Esse método pode ser utilizado para cortar chapas grossas na ordem de até 300mm, e furos com geome- trias complexas. Usinagem eletroquímica Consiste na usinagem com remoção controlada de material em decorrência de ataque eletroquímico, empregando eletró- lito e corrente elétrica para ionizar uma dissolução em célula eletrolítica em que o material é o ânodo, a ferramenta que é fabricada em cobre, bronze ou aço inoxidável é o cátodo. Se- melhante ao processo de usinagem por diferencial de potencial elétrico, produz geometrias complexas, mas tende a ter maior custo, e menor tempo de fabricação. 62PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Usinagem por laser e plasma Nesses processos de usinagem, o material funde-se devido a incidência de um feixe de luz monocromática intensa (laser), e gás ionizante (plasma). Este processo é utilizado para se rea- lizar grandes cortes em chapas ou para produção de pequenos furos e orifícios em relevo. Usinagem com jato d’água Esse processo de usinagem é realizado através de um jato d’água muito fino e com alta pressão, impelido no material a altas velocidades. Podem ser adicionados abrasivos a água para acelerar o processo. O processo é utilizado em materiais com baixo ponto de fusão, e altas espessuras, que não podem passar pelos processos de corte laser ou plasma. 63PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Síntese Nesse capítulo estudamos processos de usinagem que se diferenciam, e não se enquadram em nenhum dos tipos de proces- sos de usinagem anteriores. Esses processos são variados, e possuem diferentes formas e mecanismos para realizar a remoção dos materiais, sendo que em alguns desses processos a ferramenta de usinagem sequer tem real contato com a matéria prima. Pudemos perceber que diferentes mecanismos de remoção de material, tal como diferente potencias elétricos, emprego de produtos químicos, ondas térmicas e f luídos a elevadas pressões também são processos de usinagem, mas que alguns dos conceitos abordados podem não se aplicar, como movimentos e esforços, ou mecanismos de formação de cavaco e desgaste da ferramenta. Por isso esses tipos de processos são classificados como não convencionais. 64PROCESSOS DE USINAGEM E CONFORMAÇÃO Exercícios 1. Qual a principal diferença entre os processos de usinagem convencionais e não convencionais? 2. Quando pode ser interessante a utilização de processo de usinagem não convencional?
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