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Distocias e Fetotomia nas espécies domesticas Distocia pode ser definida como uma condição que ocorre quando há dificuldade ou inabilidade materna em expelir o feto pelo canal do parto sem assistência. As distocias podem ser de origem materna ou origem fetal. As principais consequências incluem morte do feto e/ou da mãe, diminuição da produção, redução de fertilidade e esterilidade. A ocorrência de distocias é mais comum entre vacas primíparas ou com fetos múltiplos na idade entre 2-5 anos pesando entre 350-450 Kg. Pelvimetria A pelvimetria é a medida da pelve. Ela pode ser direta ou indireta. - Direta: Ocorre por mensuração direta por meio de palpação in vivo, radiografia pélvica ou palpação retal por meio do PALVÍMETRO DE RICE. - Indireta: Ocorre por meio da correlação entra a área pélvica interna e as outras estruturas do animal (altura do animal, conformação da garupa, distância entre íleos, distância bicoxofemural). Mede-se a pelve nos planos horizontal e vertical. No plano horizontal mede-se a medida bilíaca superior, média e/ou inferior. No plano vertical, tem-se a medida sacropubiana. Distocias de origem materna As distocias dessa origem podem acontecer em qualquer espécie domésticas, mas são mais comuns em ruminantes e cadelas, as quais estão relacionadas a fatores anatômicos, características fisiológicas e uso de anticoncepcionais em pequenos animais. 1. Anomalias pélvicas As principais anomalias pélvicas incluem pelve juvenil, luxação sacro-ilíaca, fraturas, osteodistrofias, fatores nutricionais relacionados a cálcio e fósforo em cadelas, propensão dos ruminantes também a carências nutricionais, animais com fraturas pélvicas mal consolidadadas (OSH), estreitamento por cicatrizes, TVT, edema excessivo, defeitos anatômicos, vulva infantil. Essas anormalidades são raríssimas em gatas. 2. Anomalias vaginais As anomalias vaginais em éguas podem ocorrer em casos de falta de atenção em fêmeas submetidas a cirurgias coletivas de laceração de períneo, como na estenose do vestíbulo, por exemplo. Em vacas pode ocorrer por dilatação insuficiente do canal vaginal, prolapso parcial ou total da vagina, edema exagerado da mucosa, cistos de retenção glandular, hematomas e tumores. Nas cadelas, pode ocorrer por insuficiência da dilatação parcial relativa absoluta (dependendo do porte, tamanho dos filhotes e número de partos), em edemas excessivos da mucosa, dobras e tumores. As gatas não aceitam toque vaginal, portanto é difícil fazer a avaliação, mas geralmente não obstáculo na vagina ao filhote no momento do parto. 3. Anomalias da cérvix As vacas são MAIS PROPENSAS a desenvolver pois apresentam dilatação insuficiente, largura insuficiente e estreitamento do corpo uterino. Se o feto estiver vivo, é indicado a cesariana, pois manualmente é impossível abrir a cérvix da vaca em trabalho de parto. Classificação de Grunert: ● 1° grau: Cabeça e os membros anteriores insinuam-se pela cérvix até a articulação cárpica ou, na apresentação posterior, até as coxas. ● 2° grau: o feto insinua-se apenas pelos membros até a articulação cárpica ou társica, respectivamente. ● 3° grau: o feto não se insinua e a abertura é de 2 a 3 dedos. As éguas possuem estreitamentos cervicais que podem ser facilmente resolvidos pela abertura manual. Deve-se ter cuidado com trações forçadas Em pequenos animais há menos incidência, estando relacionado a tumores vaginais e uterinos. ● ATONIA UTERINA É a perda da capacidade de contração do útero após o parto, o que aumenta o risco de hemorragia pós-parto. Pode ser primária ou secundária. A atonia primária o útero não se contrai a despeito de todo o preparo do parto. Pode ocorrer por origem de disfunção hormonal (estrógeno, ocitocina e relaxina), obesidade, hipocalcemia, hipomagnesemia e hipoglicemia, hidropsia dos envoltórios fetais, gestação múltipla patológica e prolongada, plasia ou hipoplasia hipofisária fetal, degeneração do miométrio, ruptura uterina e do tendão pré-púbico, histerocele gravídica , retículo pericardite traumática, senilidade, debilidade, fatores hereditários (cadelas). Na atonia secundária o útero entra em exaustão. ● HIPERTONIA O corre devido ao aumento das contrações uterinas e abdominais, não sendo eficientes para expulsão do produto, comum na última fase do parto, porém ocorre mais em éguas do que em outras espécies. Pode levar a estresse, hipoxia fetal, ruptura ou prolapso uterino, eventuais lacerações na via fetal mole, prolapso retal ou retroflexão e prolapso de bexiga. O tratamento é baseado na tranquilização, sedação, anestesia peridural. ● TORÇÃO UTERINA Ocorre quando há uma rotação longitudinal do órgão gestante sobre seu eixo longitudinal. Os ruminantes são mais propensos, há risco de ruptura uterina e hemorragia e pode ser classificada em LEVE, MÉDIA OU GRAVE dependendo do grau de giro. Sinais e sintomas: Distúrbio digestório, abdome tenso, dispneia, taquicardia, dor, dificuldade de locomoção Nas torções mais graves, o toque cervical é impossível ! Distocias de origem fetal As distocias fetais podem ser provocadas por deficiência de corticosteroides adrenais, tamanho do feto, gestação prolongada, defeitos como duplicação de membros ou cabeça, ascite, anasarca, hidrocefalia e alterações na estática fetal. As alterações são descritas mediante a ordem: Apresentação, posição e atitude dos membros, cabeça e pescoço. ● As apresentações distócicas do feto pode ocorrer em 4 tipos: Transversodorsal, Transverventral, verticodorsal e verticoventral. ● As atitudes distócicas são baseadas mediante a posição de CABEÇA e PESCOÇO e MEMBROS ANTERIOR/POSTERIOR. Cabeça e pescoço podem ser desvio esternal, desvio lateral (direito/esquerdo) e desvio dorsal. ● Os membros posteriores ou inferiores podem apresentar-se flexionados ou estendidos. Nos membros anteriores/torácicos pode ocorrer flexão dos membros sobre a nuca (responsável pelas lacerações perineais simples ou graves e pelas fístulas retovaginais), flexão da articulação cárpica e flexão da articulação escapuloumeral e umeroradial. Nos membros posteriores/pélvicos pode ocorrer flexão da articulação társica ou flexão da articulação coxofemoral. EX: Longitudinal anterior dorsal com membro torácico unilateral flexionado... OBS: No parto EUTÓCICO são consideradas apenas duas posições normais: LONGITUDINAL ANTERIOR DORSAL ESTENDIDO OU LINGITUDINAL POSTERIOR DORSAL ESTENDIDO, POSIÇÃO SUPERIOR ! FETOTOMIA Como constatar morte fetal ? Testar reflexo digital e de sucção, reflexo anal nas apresentações posteriores e palpação do pulso no cordão umbilical. Indicações: Feto morto - Fetos absolutos ou relativos grandes - Fetos enfisematosos - Monstruosidades fetais - Fetos que sofreram graves mutilações durante as tentativas de tração - Distocias de impossível correção - Casos de adiantada putrefação. Contra-indicação: Estreitamentos das vias fetais - Ruptura uterina - Graves lacerações vaginais - Hemorragias profusas - Produto vivo - Doenças graves da parturiente (toxemia ou septicemia) - Para éguas raramente é necessária a execução total (8 cortes para apresentação anterior e 7 para posterior) Complicações: Perfuração uterina - Secção da bifurcação uterina - Compressão da via fetal mole - Lesões da via fetal mole. HIPERTROFIA FETAL Fetos classificados em dois tamanhos: • Absolutamente grande: Peso e tamanho maior que o da raça • Relativamente grande: Peso e tamanho do feto normais, porém fêmea com tamanho menor de vias fetais moles e duras MALFORMAÇÕES - Diprosopus: caracterizam-se duas faces - Dicephalus: o feto desenvolve-se com duas cabeças isoladas - Thoracopagus: desenvolvimento de dois fetos unidos pela região torácica MANOBRAS OBSTÉTRICAS 1. Retropulsão – consiste em empurrar o feto para dentro do útero, para criar espaço para posicionar corretamente o bezerro 2. Extensão – consiste em estender membro que se encontra flexionado em postura incorreta, com força moderada, podendo usar auxilio de correntes obstétricas ou manualmente 3. Tração – é a forçaexercida para auxiliar o parto, quando as contrações não são suficientes para expulsão do bezerro 4. Rotação – consiste no movimento de rotação do feto no seu eixo longitudinal 5. Versão – quando altera a posição transversal dorsal ou ventral para longitudinal anterior ou posterior. REGRAS: Não utilizar correntes e cordas muito finas • Utilizar somente material de fácil esterilização • Colocar corrente sobre ossos longos, evitando articulações • Fixar membros separadamente • Não tracionar envoltórios fetais • Aplicar força de tração de no máximo 2 homens • Jamais utilizar força mecânica ou animal • A extração deve acompanhar as forças naturais de contração Tracionar os membros alternadamente para reduzir o diâmetro da cintura escapular e pélvica • Garantir exagerada lubrificação da via fetal • Instituir uma linha de tração que acompanhe a curvatura natural do canal do parto • Proteger o períneo com as mãos espalmadas, evitanto-se as lacerações • Sempre que possível, o técnico deve controlar o procedimento, não participando da equipe de tração. Quando intervir no parto ? A resposta a esta pergunta se baseia em anamnese, avaliação clínica geral, exame do aparelho genital por palpação retal nos animais que não se encontrem em trabalho de parto e xame vaginal para as parturientes. Qual o diagnóstico? Através do estado geral da paciente, condições das vias fetais, condições das bolsas fetais e lubrificação da via fetal mole, características morfológicas e de vitalidade do feto e apresentação, posição e postura fetal. Qual o prognóstico? Bom: Via fetal óssea estreita, abertura insuficiente da via fetal mole, principalmente do canal cervical, feto relativamente ou absolutamente grande, anomalias de apresentação, posição ou atitude. Reservado: Partos muito demorados, ocorrência de grandes contaminações, manuseio indevido por pessoas inabilitadas, lesões graves de vias fetais ósseas e moles.
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