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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/348340947 Análise da racionalização construtiva em fase de execução- residências Chapter · January 2020 DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.16 CITATIONS 0 READS 513 5 authors, including: Heloiza Piassa Benetti Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR) 9 PUBLICATIONS 5 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Heloiza Piassa Benetti on 08 June 2021. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/348340947_Analise_da_racionalizacao_construtiva_em_fase_de_execucao-_residencias?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/348340947_Analise_da_racionalizacao_construtiva_em_fase_de_execucao-_residencias?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Heloiza-Piassa-Benetti?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Heloiza-Piassa-Benetti?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal-University-of-Technology-Parana-Brazil-UTFPR?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Heloiza-Piassa-Benetti?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Heloiza-Piassa-Benetti?enrichId=rgreq-3cf2358dcab6cba2ad2ec3be0f4661fe-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0ODM0MDk0NztBUzoxMDMyNTA1OTYwNDU2MTk0QDE2MjMxODAwMTI2NTI%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Gestão da Produção em Foco – Volume 45 1 Gestão da Produção em Foco – Volume 45 2 Rafael Alves Pedrosa (Organizador) Gestão da Produção em Foco Volume 45 1ª Edição Belo Horizonte Poisson 2021 Gestão da Produção em Foco – Volume 45 3 Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade Conselho Editorial Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais Ms. Davilson Eduardo Andrade Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas MS. Fabiane dos Santos Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy Ms. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G393 Gestão da Produção em Foco - Volume 45/ Organização Rafael Alves Pedrosa – Belo Horizonte - MG: Poisson, 2021 Formato: PDF ISBN: 978-65-5866-016-3 DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3 Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia 1. Gestão 2. Produção. 3. I. PEDROSA, Rafael Alves II. Título. CDD-658 Sônia Márcia Soares de Moura – CRB 6/1896 O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores. Baixe outros títulos gratuitamente em www.poisson.com.br contato@poisson.com.br http://www.poisson.com.br/ mailto:contato@poisson.com.br Gestão da Produção em Foco – Volume 45 4 SUMÁRIO Capítulo 1: A aplicabilidade do Gerenciamento de Projetos em uma empresa de pequeno porte no Setor de Serviços de Engenharia e Manutenção Industrial ................................................. 08 Leonardo da Silva Iliziário, Moisés Teles Madureira DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.01 2: Processos operacionais: Implantação de boas práticas em uma Capítulo lanchonete no Município de Itacoatiara – AM ............................................................................... 19 Amanda Nogueira Simas, Elizângela de Jesus Oliveira, Keyciane Rebouças Carneiro, Llyssandra Bueno de Oliveira, Rute Holanda Lopes, Samily Alvarenga dos Santos DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.02 3: Aplicação do MASP para solução de problema de ineficiência Capítulo operacional em Gestão de Materiais: Um estudo de caso em um centro de usinagem 28 Vicente Carlos de Almeida Junior, Maria Eduarda Conceição Páscoa de Oliveira, Bruna Araujo Marinho, Inez Manuele dos Santos DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.03 4: Aplicação do Lean Seis Sigma para a melhoria do Sistema de Gestão Capítulo Integrado (SGI) de uma empresa de mineração ........................................................................... 37 João Paulo Félix Pires, Paulo Elias Carneiro Pereira, Gabriel Gomes Silva, Henrique Senna Diniz Pinto, Renato de Paula Araújo DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.04 5: Aplicação de Lean na solução de problemas em uma indústria do Capítulo segmento de máquinas elétricas ......................................................................................................... 46 Isabela Francatto Guarnieri, Ivana Salvagni Rotta DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.05 6: Aplicação de Conceitos da Manufatura Enxuta em uma linha de Capítulo produção manual da indústria de alimentos ................................................................................. 55 Emily Ribeiro de Souza Felix, Cahue Sbrana, Leandro Figueiredo de Almeida Pinto Ribeiro, Davi da Fonseca Vieira Junior Marinato, Ana Paula Leite Soares DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.06 Gestão da Produção em Foco – Volume 45 5 SUMÁRIO 7: Lean & Indústria 4.0: Uma pesquisa bibliográfica exploratória ................... 66 Capítulo Duilio César Ferreira, Francisco Ignacio Giocondo César DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.07 8: Implantação do programa 5S em uma pequena empresa sob aspectos Capítulo da melhoria contínua ................................................................................................................................ 76 Alice Pizetta de Oliveira DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.08 9: Identificação de problemas e formulação de soluções através de Capítulo ferramentas da qualidade na etapa de moagem de um empreendimento de calcário ............................................................................................................................................................ 84 Paulo César Cabral, Paulo Elias Carneiro Pereira, Henrique Senna Diniz Pinto, Gabriel Gomes Silva, Renato de Paula Araújo DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.09 10: Aplicação das ferramentas da qualidade no Setor de Compras visando Capítulo redução de custos....................................................................................................................................... 92 Guilherme Bulhões Carvalho, Nelson Aparecido Alves DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.10 11: Aplicação do controleestatístico de processo em uma indústria Capítulo concreto pré-moldado: Estudo de caso ............................................................................................ 105 Murilo Henrique Ribeiro DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.11 12: Aplicação do mapeamento de fluxo de valor em uma empresa Capítulo fabricante de produtos odontológicos .............................................................................................. 114 Matheus Eduardo de Lima, Willian Pereda, Ethel Cristina Chiari da Silva DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.12 13: Técnica de análise de modos de falha e efeitos para melhorias na Capítulo manutenção e operação de centrífugas no Setor de Desidratação do Lodo em Estações de Tratamento de Esgoto .................................................................................................... 124 José Lino dos Santos, Rodrigo Cezar Ferreira, Thiago Petruceli Lopes Nunes, José Luiz Silva Ribeiro DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.13 Gestão da Produção em Foco – Volume 45 6 SUMÁRIO 14: Implementação de indicadores de desempenho para monitoramento Capítulo e controle da gestão da produção: Estudo de caso em uma indústria têxtil .................... 138 Danylo de Araujo Viana, Thadeu Marinho Barreto DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.14 15: Aumento da capacidade de produção como resultado da aplicação da Capítulo 1ª e 2ª etapa da manutenção autônoma .......................................................................................... 151 Dayane Jamax Oliveira Silva, José Carlos Martins Junior, Milton Vieira Junior, André de Lima DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.15 16: Análise da racionalização construtiva em fase de execução- Capítulo residências .................................................................................................................................................... 162 Vivieli Franzosi Cizinande, Heloiza Piassa Benetti, Normelio Vitor Fracaro, Elizângela Marcelo Siliprandi, Rayana Carolina Conterno DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.16 17: Otimização da taxa de utilização em uma indústria de fios de algodão Capítulo utilizando as ferramentas do Lean Manufacturing ...................................................................... 171 Joel Cordeiro Júnior, Logan Mallmann, Maurício Bedim dos Santos DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.17 18: Estudo de roteamento de ônibus escolar na região do Vale do Ivai ........ 186 Capítulo Matheus Trianoski Pires, Jair da Silva, Janete de Paula Ferrareze Silva, Juliana Verga Shirabayashi DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.18 19: Aplicação da programação linear para minimização de custos no Capítulo processo produtivo: Estudo de caso em um açougue da região metropolitana de Belém ............................................................................................................................................................... 195 Leilane da Silva Medeiros de Queiroz, Dhiordan Cunha Tadaiesky DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.19 Gestão da Produção em Foco – Volume 45 7 SUMÁRIO 20: Aplicação da Pesquisa Operacional na redução de custos com Capítulo manutenção preventiva de um operador logístico: Criação de um plano de compras otimizado ....................................................................................................................................................... 205 Dhiordan Cunha Tadaiesky, Joaquim Lima das Neves Neto, Osman Luiz de Melo e Silva, Rafaela Monteiro Ramos, Yvelyne Bianca Iunes Santos DOI: 10.36229/978-65-5866-016-3.CAP.20 Autores ........................................................................................................................................................................ 217 Gestão da Produção em Foco – Volume 45 8 Capítulo 1 A aplicabilidade do Gerenciamento de Projetos em uma empresa de pequeno porte no Setor de Serviços de Engenharia e Manutenção Industrial Leonardo da Silva Iliziário Moisés Teles Madureira Resumo: Em um mundo corporativo cada vez mais competitivo e sujeito a grandes mudanças, é fator crítico de sucesso que as empresas possuam projetos que cumpram seus objetivos estratégicos satisfatoriamente. Nesse sentido, a capacidade de criar projetos adequados é função de gestores e equipes competentes em gestão a fim de que os projetos tragam resultados de sucesso. A disciplina de gerenciamento de projetos é um dos tópicos de gestão mais emergentes da atualidade nos ambientes das empresas. À despeito do que se possa imaginar, os conceitos e fundamentos de gerenciamento de projeto não é um privilégio de grandes corporações. O objetivo deste trabalho é apresentar a aplicação de ferramentas e técnicas de gerenciamento de projeto no contexto de uma pequena empresa do ramo de manutenção industrial. A metodologia utilizada consistiu na abordagem de um padrão mundialmente reconhecido como o mais adotado pelas empresas que incorporam uma cultura de gerenciamento de projetos: o PMBoK do PMI. O projeto desenvolvido deu ênfase ao chamado “triângulo básico” do planejamento que envolve as áreas de conhecimento de Escopo, Prazo e Custo. As áreas de conhecimento restantes trouxeram algumas contribuições para o planejamento. As discussões e resultados alcançados levaram a conclusão de que a aplicação da visão do PMI se desdobra num processo de planejamento do projeto de forma mais lógica, racional e compreensível, podendo gerar maiores chances de sucesso para o projeto, mesmo sem emprego de elevados níveis de recursos. Palavras-chave: Gerenciamento, Projeto, Planejamento Gestão da Produção em Foco – Volume 45 9 1. INTRODUÇÃO É de grande conhecimento de todos que desde os tempos mais remotos sempre se decorreu da conveniência de se gerenciar um projeto. Datadas de mais de 3500 anos atrás as pirâmides do Egito são uma amostra de começo do gerenciamento de grandes obras. As informações mais relevantes acerca do assunto são do século XIX, quando obras ganharam maior expansão nos países desenvolvidos e gerenciar tais projetos se tornou uma obrigatoriedade para alcançar resultados positivos. Frederick Taylor (1856-1915) foi um dos primeiros estudiosos a pensar na organização para desenvolver esses projetos. No começo, acreditava-se que aumentando as horas de trabalho e exigindo maior comprometimento pelos funcionários teria um maior rendimento. Posteriormente, Taylor desmistificou a ideia de ter mais horas trabalhadas e focou no aperfeiçoamento de mão de obra, aproveitando o que cada área teria de melhor. Para ele, era preciso analisar cada área separadamente. Adiante, Henry Gantt (1861-1919) apontado como o criador do gerenciamento de projetos, conferiu com sua colaboração para a disciplina como o conhecemos hoje. Ele trabalhou na construção de um navio desenvolvido na Segunda Guerra Mundial e para que o trabalho fluísse bem, ele estruturou uma barra de tarefas e marcos com as durações, sequências, e responsáveis pelas atividades do projeto. Ele foi o principal responsável para que projetos de engenharia ganhassem ferramentas de gestão como de gráficos PERT e o método CPM. Na década de 1960, o pesquisador Harold Kerzn ficou conhecido por organizar o gerenciamento de projetos em uma forma de triângulo, com os fatores: tempo, escopo e custos. Em 1969 foi criado o PMI, importante instituição para associação de profissionais da área do gerenciamento de projetos. Hoje conta com mais de 700.000 membros em praticamente todos os países do mundo, e conduz pesquisas na área, fixa padrões profissionais, promovendo acesso a uma grande gama de informações e recursos. Atualmente, o gerenciamento de projetos semodernizou e muitas empresas alcançam o sucesso através da utilização do conceito. Com isso, essas empresas ganham mais produtividade e economizam frente aos seus concorrentes que o que não são adeptos do mesmo. Diversos projetos e obras realizados no Brasil por pequenas empresas são feitas sem planejamento de execução e custo, sem garantia do cumprimento do prazo previamente estabelecido e sem a estimativa de custo total da obra ou projeto. Com isso, os serviços decorrentes passam a ter uma sequência ou uma rotina diária de improviso e indeterminação, saindo de uma programação ou de um cronograma previamente elaborado. Esses fatores geram incerteza de prazo, de custo e de garantia da qualidade final do projeto. O Relatório Pulse of the Profession 2018 do PMI dá conta de que as empresas chamadas “Organizações Campeãs” são aquelas que completam 80% ou mais de seus projetos cumprindo as previsões de prazo, custo, atendendo os objetivos de negócio e obtendo elevados benefícios pelo nível de maturidade que possuem. E tais organizações continuam seus processos de ganho de maturidade por suas excelências na condução de projetos. Em virtude dessas posturas, as organizações obtêm taxas de sucesso cada vez maiores, reduzindo desperdício de dinheiro e se aproveitando dos resultados gerados mais positivos. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. O PMI Fundado em 1969, na Filadélfia, EUA, o PMI é uma organização não governamental dedicado ao desenvolvimento e reconhecimento da carreira de gerente de projetos. Dentre outras ações, estimula o aumento do sucesso da organização e uma maior maturidade da profissão ligada ao gerenciamento de projetos através de seus padrões, ferramentas, técnicas, publicações e certificações mundialmente aceitas. O PMI é uma entidade sem fins lucrativos que congrega os profissionais de diversas áreas e hoje está presente em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde tem escritório em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua missão é promover o profissionalismo e desenvolver o “estado-da-arte” na gestão de projetos provendo aos seus associados serviços e produtos e estabelecendo a aceitação do gerenciamento de projetos como uma disciplina e uma profissão. (MARTINS, 2006). Gestão da Produção em Foco – Volume 45 10 Em 1987, criou o conjunto de boas práticas Pmbok que veio sendo sucessivamente revisado e hoje encontra-se na 6ª Edição que foi publicada no final de 2017. O é um guia sugerindo quais processos devem ser executados, durante o gerenciamento de projetos através de 10 (dez) áreas de conhecimento: Integração, Partes Interessadas, Escopo, Tempo, Custos, Qualidade, Recursos, Comunicações, Riscos e Aquisições. Podendo ser aplicado a diversas áreas como construção, serviços financeiros, aeroespacial, tecnologia da informação, administração, o Pmbok não se limita a apenas práticas convencionais, contudo, pode ser utilizado nas inovadoras e avançadas também. Em constante mudança existe uma grande quantidade de material publicado e de edições revistas e atualizadas. Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos completo inclui práticas tradicionais comprovadas amplamente aplicadas, além de práticas inovadoras que estão surgindo na profissão, inclusive materiais publicados e não publicados. Como resultado disso, o Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos está em constante evolução. (UM GUIA, 2017). Uma das vantagens da aplicabilidade do conjunto de conhecimento do Pmbok em qualquer que seja a área de atuação de uma organização é a capacidade de se adequar à realidade do ambiente onde está sendo inserindo, sendo razoável ao argumento de que nem todas as áreas de conhecimento se aplicam integralmente à todos os tipos de projeto. Portanto, há boa margem flexibilidade para que determinados projetos não tenham que cumprir rigorosamente os preceitos de todo o guia. 2.2. CONCEITO DE PROJETO Projeto é um empreendimento único que deve apresentar um início e um fim claramente definidos e que, conduzido por pessoas possa atingir seus objetivos respeitando os parâmetros de prazo, custo e qualidade (MENEZES, 2009. p. 111). De acordo com o Pmbok (2017) um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um início e um término definidos. Por definição cada projeto cria um produto, serviço ou resultado exclusivo e devido a este caráter de exclusividade pode haver incertezas quanto aos resultados gerados. Ainda segundo o Pmbok (2017), dependendo da complexidade, os projetos são divididos em componentes mais facilmente gerenciáveis ou subprojetos, podendo estes, inclusive, serem contratados de uma empresa externa ou de outra unidade funcional da organização executora. Para Keelling (2002), genericamente projeto significa empreendimento e como tal é um trabalho que visa à criação de um produto ou a execução de um produto específico, temporário, não repetitivo e que envolve certo grau de incerteza na realização. O trabalho normalmente é executado por pessoas que vão consumir horas, estando limitadas no prazo, custo e escopo. Como em qualquer empreendimento as atividades precisam ser planejadas, programadas e, durante a execução precisam ser controladas. Para Vargas (2005) projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade. Por sua característica de “temporalidade” a duração de um projeto poderá variar desde algumas horas até anos ou décadas até que seus objetivos sejam atingidos. O importante é destacar que projeto tem uma data limite e, portanto, definitivamente terminam. Pode-se até mesmo não se conhecer as circunstâncias de tempo em o projeto acabará, mas é certo que esta data está em algum lugar no futuro. O projeto será encerrado, ou quando se atingir o objetivo ou quando o gerente do projeto reconhecer que com as atuais condições o objetivo não poderá ser alcançado. Desse modo, os projetos não são como as operações ou processos contínuos, mesmo que ambos tenham interesse comum. Processos contínuos se mantêm indefinidamente e não se estabelece antecipadamente a data em que eles terminarão. Conclui-se então que os projetos têm o poder de alcançar toda a classe de uma organização, excedendo suas fronteiras, atingindo fornecedores, clientes, parceiros e governo. Compreendendo poucas ou várias pessoas, o projeto, e sua grande maioria das vezes, faz parte da estratégia de negócios da companhia. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 11 2.3. CICLO DE VIDA DE UM PROJETO O ciclo de vida de um projeto consiste nas fases do mesmo que geralmente são sequenciais e que às vezes se sobrepõem, cujo nome e número são determinados pelas necessidades de gerenciamento e controle das organizações envolvidas, a natureza do projeto em si e sua área de aplicação. Este pode ser moldado de acordo com aspectos exclusivos da organização e oferece uma estrutura básica para o gerenciamento do projeto, independente do trabalho específico desenvolvido (PMBOK, 2016). As fases do ciclo de vida de um projeto, segundo Maximiano (2010, p. 4) “é a sequência de fases que vão do começo ao fim de um projeto”. Todo projeto passa por uma série de fases desde sua concepção até seu ponto de conclusão. Cada fase tem suas próprias necessidades e características. À medida que o projeto passa por essas fases, o montante cumulativo de recursos e tempo despendido aumentará e o prazo e recursos restantes diminuirão. Está série de fases é conhecida como o ciclo de vida de um projeto. (KEELING, 2002). Figura 1 - Fases do Ciclo de Vida do Projeto Fonte: Felipe Rocha (2013) 2.3. PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETO Segundo a definição de Valeriano(2005), processo é o conjunto inter-relacionado de recursos e atividades que transformam entradas em saídas. Os recursos são entendidos como os meios necessários para que o processo aconteça e estão compreendidos os serviços, pessoas, finanças, instalações, equipamentos, técnicas e métodos (ISO, 2000). Já atividade é qualquer ação ou trabalho específico onde possa ser visualizado um início e um fim, com possibilidade de execução (AURÉLIO, 2018). Os processos de gerenciamento de projetos são realizados pelo gerente de projetos e sua equipe e se adéquam a cada tipo particular do mesmo (PMBOK, 2009). Os processos de gerenciamento de projetos são ordenados em cinco grupos de processos: Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e Controle Gestão da Produção em Foco – Volume 45 12 Encerramento A característica integradora do gerenciamento de projetos faz com que essas cinco fases, ou cinco grupos, estejam alinhados e ligados entre si, fazendo com que eles se sobreponham e interajam entre si. Os processos que compõem essas fases são iterativos, ou seja, se repetem diversas vezes para chegarem ao resultado ou ao produto daquela fase. Cada repetição desse processo gera um resultado parcial que poderá ser usado na fase seguinte. Figura 2 - Interação entre processos do Ciclo de Vida do Projeto Fonte: Guia PMBOK (p. 22) (2009) 2.3.1. PROCESSOS DE INICIAÇÃO Para Heldman (2006) o processo de iniciação ocorre no início do projeto ou de cada fase de grandes projetos. Este confirma que um projeto, ou a etapa seguinte do mesmo, deve ter início, concedendo aprovação para que se comprometam recursos da organização necessários àquele projeto ou fase. Ainda segundo o mesmo autor, as saídas desse processo incluem o termo de abertura e a declaração de escopo. Os objetivos, as premissas adotadas e as restrições devem ser descritas de forma clara. É nessa fase também que se escolhe quem vai trabalhar no projeto, bem como as partes interessadas e a realização de uma análise de viabilidade do mesmo. 2.3.2. PROCESSOS DE PLANEJAMENTO Segundo Heldman (2006) o planejamento é o processo de formular e revisar as metas e objetivos do projeto e delinear os planos que serão usados para cumprir os propósitos do projeto. Envolve também a determinação de vários cursos possíveis de ação e a escolha de quais destes seriam as melhores alternativas para se alcançarem os resultados. Os maiores conflitos enfrentados pelos gerentes de projeto nesse processo são referentes ao estabelecimento das prioridades do projeto. O objetivo do planejamento é definir quais ações e decisões devem ser tomadas num determinado futuro, com o fim de atingir um objetivo definido (VALERIANO, 1998). A Estrutura Analítica de Projetos (WBS) que é “uma decomposição hierárquica orientada às entregas do trabalho a ser executado pela equipe para atingir os objetivos do projeto [...]” (PMBOK, 2017) e o Orçamento do projeto no qual é feito a ”agregação dos custos estimados de atividades individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer uma linha de base dos custos autorizada” (PMBOK, 2017). Gestão da Produção em Foco – Volume 45 13 Algumas ferramentas são utilizadas para elaboração de um planejamento mais adequado para o projeto, entre elas o cronograma, que é um desdobramento da EAP, no qual é feita a análise de sequência das atividades, suas durações, recursos necessários e restrições [...] (PMBOK, 2017). 2.3.3. PROCESSOS DE EXECUÇÃO Fase do gerenciamento de projetos na qual o trabalho é realizado, logo depois da aprovação do Plano de Projeto ou Plano Integrado do Projeto ou ainda Plano de Execução. É constituído por um grupo de processos no qual se emprega a maior parte dos recursos humanos, materiais e financeiros. Abrange igualmente os processos de orientar e gerenciar a execução do projeto, realizar a garantia da qualidade, mobilizar e desenvolver a equipe do projeto. Esse processo de execução é realizado em interface com os processos de planejamento, à medida que vai se executando as atividades do projeto, ocorrendo alguma eventualidade, podem requerer planejamento complementar. 2.3.4. PROCESSOS DE MONITORAMENTO E CONTROLE Observação e medição do desempenho do projeto. Controle de mudanças e ações preventivas para antecipar alguma alteração. Monitoramento das atividades em andamento em relação ao plano de gerenciamento do projeto o controle dos fatores que possivelmente poderiam atrapalhar ou dificultar o controle integrado de mudanças. Com isso, somente mudanças aprovadas seriam implementadas. Dividido em processos, esse grupo de monitoramento e controle controla o esforço do projeto e em projetos com várias fases, fornece feedback entre as fases do projeto a fim de programar ações corretivas ou preventivas, para assegurar a conformidade do projeto com o plano de gerenciamento do projeto: Monitorar e controlar o trabalho do projeto; Controle integrado de mudanças; Verificação e controle do escopo; Controle do cronograma; Controle de custos; Controle da qualidade; Gerenciar equipe do projeto; Relatório de desempenho; Gerenciar as partes interessadas. 2.3.5. PROCESSOS DE ENCERRAMENTO Esse grupo de processos inclui a finalização formal das atividades do projeto ou de uma fase dele, entrega o produto terminado para outro ou encerra um projeto cancelado. Abrange os seguintes processos: Encerrar o projeto: é o processo necessário para finalizar todas as atividades em todos os grupos de processos para encerrar formalmente o projeto ou uma fase do projeto; Encerramento do contrato: é o processo necessário para terminar e liquidar cada contrato, inclusive a resolução de quaisquer itens em aberto, e encerrar cada contrato aplicável ao projeto ou a uma fase do projeto; Discutir as falhas ocorridas durante o projeto: Importante processo que servirá de base para não incidência dos mesmos erros em projetos futuros, sendo as informações obtidas Gestão da Produção em Foco – Volume 45 14 disseminadas como Lições Aprendidas e armazenadas em banco de informações históricas como base para consulta futura de projetos similares; Desmobilizar a equipe do projeto: Antes da conclusão, todo o time de projeto deve ser desmobilizado, bem como toda estrutura, equipamentos e instalações. Esse processo é importante para que, após o término dos serviços, evite-se um aumento nos custos desnecessariamente. Outro processo significativo que compreende o grupo de processo de encerramento é a avaliação do resultado do projeto rente ao cliente ou patrocinador. 2.4. FERRAMENTAS E SOFWARES NO AUXÍLIO DA GESTÃO DE PROJETOS Para a moderna gestão de projetos, tem-se desenvolvido diversas ferramentas computacionais para auxiliar nos processos de gerenciamento. Ao passo que se desenvolvem tecnologias de softwares, os gerentes de projetos as têm aplicado a fim de melhorar a produtividade, comunicação, integração, simulação e afinação dos seus projetos (GASNIER, 2000). A empresa que desejar utilizar softwares para auxiliar o gerenciamento de projetos, deve ser criteriosa na escolha. Fatores como custo, demanda, treinamento e adaptabilidade devem ser conciliados (CANDIDO, 2012). Houve, em menos de uma década, uma intensificação no uso de softwares de auxílio do planejamento, estimativa, organização e controle de projetos, que foram fundamentais para o desenvolvimento de metodologias de gerenciamento (KERZNER, 2006). Podendo ser empregado em qualquer tipo de organização independente do porte ou da natureza, esses aplicativos possuem diversos recursos como a facilidade de execução das tarefas comuns a vários envolvidos, armazenamento de acesso remoto para arquivamento de dados de uso comum e auxilia a integração de integrantes que não se encontram na mesma localidade. Feito uma análise dos programas mais utilizados, abundantemente aplicados nagestão de projetos, retratados em seguida. 2.4.1. MICROSOFT OFFICE EXCEL É um software desenvolvido pela Microsoft, muito utilizado pelas empresas e pessoas para trabalhos diversos, como: vários tipos de cálculos, lista de dados, tabelas, relatórios e gráficos, estatísticas financeiras, entre outros. É formado de colunas e linhas numeradas em ordem crescente (linhas) e alfabética (colunas). A interseção de linhas e colunas forma uma célula, e seu conjunto compõe uma planilha. Para utilizar o Excel como ferramenta de cálculos, é necessário inserir dados em suas células. Uma fórmula pode ser criada através da associação de células para executar cálculos repetitivos. No site do desenvolvedor do programa, existem diversos modelos de planilhas, divididos em múltiplas categorias e estão disponíveis para download. Organogramas, planilhas de orçamentos, relatórios de despesas e lista de tarefas são alguns exemplos de documentos que podem servir de base para organização primária de processos (MICROSOFT, 2018). 2.4.2. MICROSOFT PROJECT Desenvolvido pela Microsoft, tal qual o Excel, o Project é o software mais usado para gerenciamento de projeto em todo o mundo, tendo sua primeira versão veiculada em 1990. Desde então vem crescendo o número de usuários devido a sua interface de fácil manuseio. Segundo informações da própria Microsoft, 70% dos usuários que nunca utilizaram outro software de gerenciamento de projeto, conseguiram trabalhar com esse poderoso aplicativo. É usado mais frequentemente no acompanhamento e controle do projeto, apesar de disponibilizar mais ferramentas (TRENTIN, 2015). O modo de visualização do Project pode ser definido pelo usuário, porém o comum é o gráfico de Gantt, ou também conhecido como diagrama de barras. Vargas (2005, p. 186) afirma: Gestão da Produção em Foco – Volume 45 15 “O diagrama de Gantt utiliza barras horizontais, colocadas dentro de uma escala de tempo. O comprimento relativo das barras determina a duração da atividade. As linhas conectando as barras individuais em um diagrama de Gantt refletem as relações entre as atividades. O diagrama de Gantt é a mais antiga técnica de administração de projetos, criada por Henry Gantt no início do século, com o objetivo de atender a fins militares e estratégicos”. A aplicação desse gráfico é de fácil entendimento e de pronta visualização, sendo assim, um benefício de sua utilização. Em meio a inúmeros recursos, López (2008, p. 16-22) destaca: Visualização do diagrama de rede, também conhecido como diagrama de precedências. Apresenta a sequência em que os elementos do projeto devem seguir, mostrando suas interdependências. Em contraste com a estrutura analítica do projeto, o diagrama de redes mostra o antes e o depois das atividades, sem detalhamento da mesma; Visualização do gráfico de Gantt, utilizado para visualizar graficamente o avanço das fases do projeto e das atividades que a compõem; Oferece um conjunto de tabelas padrão, porem permite que o usuário crie suas próprias tabelas; Oferece um conjunto de relatórios padrão, porem permite que o usuário crie seus próprios relatórios; Relação de precedências entre tarefas tipo Fim-Início, Início-Início, Fim-Fim e Início-Fim; Inserção de tarefas que se repetem ciclicamente, como reuniões semanais ou entregas mensais de relatórios; Estabelecimento de níveis hierárquicos de tarefas, muito importante na criação da estrutura de decomposição do projeto; Agrupa, filtra e classifica tarefas; Associa tarefas a membros ou equipes do projeto; Permite a criação de calendários, dando ao usuário liberdade de determinar os horários de trabalho de cada membro, os dias de trabalho, as datas de feriados, finais de semana e férias, além de incluir datas programadas para tarefas específicas. 3. METODOLOGIA No desenvolvimento desse artigo, a metodologia de trabalho baseou-se em uma pesquisa bibliográfica buscando as principais recomendações e boas práticas indicadas na literatura, com o propósito de um estudo de caso abrangendo técnicas de investigação associadas à análise documental e observação. Após o levantamento bibliográfico que foi realizado sobre gerenciamento de projetos, seus processos e suas ferramentas, tendo em vista sua importância no contexto atual das organizações, foi feito um estudo de caso. Segundo Gil (2009), estudo de caso não aceita um roteiro definido para a sua delimitação, mas é possível definir quatro fases que mostram o seu delineamento: a) delimitação da unidade-caso; b) coleta de dados; c) seleção, análise e interpretação dos dados; d) elaboração do plano de projeto. Com isso, tornou-se possível destacar as dificuldades encontradas, bem como os resultados, os benefícios gerados e as oportunidades de melhoria para a organização. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 16 Em termos gerais, a metodologia utilizada trouxe elementos reais de um projeto na área de manutenção industrial, desdobrando-se num plano de gerenciamento integrado com ênfase nas áreas de conhecimento de escopo, prazo, custo e qualidade, respondendo critérios estabelecidos por cláusulas de instrumento contratual entre partes assim designadas: Contratante e Contratada. No caso da parte Contratante, sendo esta entendida como o cliente do projeto e a parte Contratada entendida como a fornecedora de um produto ou serviço demandado pela Contratante. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a proposta recomendada para o gerenciamento na empresa estudada foram feitas considerações e um balanço em decorrência dos resultados obtidos. Ciente que para colaborar com o gerenciamento dos projetos, de posse dos conhecimentos dos processos adquiridos neste estudo, foi preciso comprovar sua efetividade e seus benefícios perante a empresa: 4.1. NA INICIAÇÃO O processo de iniciação começou quando a empresa deste estudo apresentou sua Proposta Técnica e ela ganha a licitação. Para tal, após realizar uma visita técnica reunindo informações necessárias, realizada de acordo com a requisição da contratante, verificando as viabilidades técnicas e financeiras. Em seguida ao aceite, houve então uma reunião de início de projeto para elaborar o Termo de Abertura do Projeto, constando as informações necessárias para a criação da estrutura analítica de projetos, do cronograma e definir o escopo. Sendo validado, foi assinado o contrato de prestação de serviço. 4.2. NO PLANEJAMENTO Ainda na assinatura de contrato foi marcada a reunião de início de projeto para o desenvolvimento do Plano Integrado de Projeto. Composta por uma equipe multidisciplinar representada pelo gerente do projeto, coordenador de turno, setor financeiro, planejamento, e representante da contratante, para tratar das responsabilidades de cada um, buscando mais informações se necessário, criando a estrutura analítica de projeto, desenvolvendo o cronograma e fazendo as devidas contratações. Essa reunião foi registrada em ata constando as informações do que foi acordado e os nomes de todos os presentes. Ações estas reproduzidas todas as vezes que houver reuniões. Com a utilização do Microsoft Project foi feito o cronograma físico detalhado refletindo a EAP, a descrição de todas as atividades e a exibição gráfica da estrutura do projeto, apresentados para todas as partes interessadas. 4.3. NA EXECUÇÃO Em conformidade com o cronograma, ele nos mostrou que as compras e aquisições realizadas pelo financeiro foram feitas de acordo com o agendamento do pedido e da entrega do material. Na parte de serviço, mediante reunião diária de obra com a equipe de trabalho no início de cada turno, ficaram definidas as atividades do dia, com base no cronograma e o organograma. O gerente, em companhia do coordenador ou o supervisor, realizou a inspeção na área para verificar o que foi feito para fazer a medição. 4.4. NO MONITORAMENTO E CONTROLE De posseda planilha de medição, foi possível confrontar o avanço físico com o planejado, consolidando os dados para envio a contratante. Com isso, mensalmente ocorreram reuniões entre todas as partes interessadas para confrontar tal planilha, verificando os prazos através do cronograma, uma tabela resumo, para assentar as tarefas mostradas no cronograma (feito a pedido da diretoria) e o histograma de mão de obra. Do mesmo modo, foram realizadas reuniões semanais com a gerência e a equipe de trabalho para traçar metas, seguindo o cronograma, propondo desafios e melhorias e discorrendo das dificuldades. Todas essas reuniões devidamente documentadas em ata, abrangendo os assuntos discutidos e os nomes de todos os presentes. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 17 4.5. NO ENCERRAMENTO Ao final do projeto houve a visita do representante da contratante, para inspeção e averiguação do trabalho realizado. Após a checagem em área, junto ao gerente, foi realizada a comparação com o escopo do projeto, cronograma e planilha de medição. Com isso, foi preparada a documentação para encadernação contendo a proposta, as atas de reuniões, a medição, o cronograma e o organograma. Assim, a entrega dos documentos foi acompanhada da assinatura, em ata, constando o fim do contrato. Ficou instituída na empresa a documentação sugerida, que não fazia parte da rotina da organização. Ela se desdobrou em: ata de reunião, proposta técnica, organograma, histograma, tabela resumo, cronograma, tabela de medição e ata de encerramento. Embora essa organização tenha bastante tempo de existência, não foi sentida resistência à implantação do método proposto. O que se mostrou presente foi à satisfação da equipe em entender com facilidade o escopo de trabalho e os prazos através do cronograma, melhoramento da comunicação entre as partes, clareza das informações do projeto, assegurando a qualidade em apontar e correção dos erros rapidamente. Mesmo não podendo empregar em todos os projetos, precisando de adaptações. Contudo, o emprego da metodologia apresentada se mostrou satisfatória neste projeto, uma vez que a prática mostrou uma gestão mais ágil, possibilitando respostas mais rápidas, ganhando em produtividade e aumentando o controle dos processos do projeto. 5. CONCLUSÃO Com a busca das empresas em obterem sucesso nos negócios, a importância do gerenciamento de projetos é fundamental para que se conquistem a eficiência nos processos, pois aumentam a qualidade de seus produtos e serviços e se mantêm competitivas no mercado. Os projetos estão em todos os lugares, não só na indústria. Como exemplo tem-se a construção de uma casa, reforma de um banheiro, organização de uma festa. Conforme a revisão bibliográfica mostrou, existem ferramentas que ajudam na condução de vários tipos de projetos. Partindo dos mais simples até os mais complexos. Então o alcance do sucesso de um projeto, desde que bem definido seu começo e fim, passa por um bom planejamento, boa definição de seu escopo, ferramentas de controle, comunicação entre as partes, envolvimento de toda a equipe e um bom gerente para conduzir o projeto. REFERÊNCIAS [1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 10006: Normas de gestão da qualidade: Diretrizes para a Qualidade no Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. [2] AURÉLIO. Dicionário. Disponível em: < https://dicionariodoaurelio.com/ >. Acesso em 05 out. 2018. [3] CANDIDO, Roberto Et Al. Gerenciamento de projetos. Curitiba: Aymará, 2012. [4] GASNIER, D. G. “Guia Prático para gerenciamento de Projetos - Manual de sobrevivência para os profissionais de projeto” IMAM, São Paulo, SP, 2000. [5] GIL, A. C. Estudo de caso fundamentação cientifica. São Paulo. Editora Atlas, 2009. [6] HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3ª ed. (Revisada e Atualizada). Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. [7] KEELLING, Ralph. Gestão de Projetos: uma abordagem global / Ralph Keelling; tradução Cid Knipel Moreira, revisão técnica Orlando Cattini Jr. – São Paulo: Saraiva, 2002. [8] KERZNER, Harold. Gestão de projetos, as melhores práticas. Bookman, 2006. Porto Alegre-RS. [9] LÓPEZ, Ciro Oscar. Introdução ao Microsoft Project. Florianópolis: UNISUL, 2008. [10] MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo. Atlas, 2006. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 18 [11] MAXIMIANO, Antônio C. A. Administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 4ª edição. São Paulo, 2010. Atlas 2010, p. 4. [12] MENEZES, Luis C. M. Gestão de Projetos. 3ª edição, São Paulo, Atlas, 2009. p. 111. [13] MICROSOFT. Disponível em: <http:// https://www.microsoft.com/pt-br>. Acesso em 15 out. 2018. [14] PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, Inc. Um Guia do Conhecimento do Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®). 6ª ed. Newtown Square, Pennsylvania: PMI, 2017. [15] PULSE of the Profession® Success in Disruptive Times: Expanding the Value Delivery Landscape to Address the High Cost of Low Performance. Newtown Square, PA: PMI, 2018. [16] TRENTIM, Mário Henrique. Manual do MS-Project 2013 E Melhores Práticas do PMI®. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2015. 448 p. [17] VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6ª Edição Rio de Janeiro. Brassport, 2005. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 19 Capítulo 2 Processos operacionais: Implantação de boas práticas em uma lanchonete no Município de Itacoatiara – AM. Amanda Nogueira Simas Elizângela de Jesus Oliveira Keyciane Rebouças Carneiro Llyssandra Bueno de Oliveira Rute Holanda Lopes Samily Alvarenga dos Santos Resumo: A importância das Boas Práticas de Fabricação (BPF) no processo de produção dos alimentos é a principal forma de prevenir e evitar contaminações que possam colocar em risco a qualidade dos produtos e a saúde dos consumidores. Tendo em vista a importância e a necessidade dos serviços de alimentação se adequarem à legislação vigente, principalmente no cenário atual com as mudanças ocorridas a partir do início da pandemia ocasionada pela COVID- 19, a presente pesquisa teve como objetivo implantar as Boas Práticas de Fabricação em uma lanchonete de pequeno porte na cidade de Itacoatiara - AM. Para realizar o levantamento inicial das condições higiênico-sanitárias da empresa, aplicou-se um check-list de 182 itens baseado nas normas da ANVISA, onde foi constatado que a lanchonete se enquadrava no grupo II da classificação do serviço de alimentação, estando numa situação regular. Com o progresso da implantação das BPF, avaliou-se novamente as condições higiênico-sanitárias do local, constatando um avanço de 20,32% nas adequações, passando do grupo 2 para o grupo 1, apresentando conformidades satisfatórias no serviço de alimentação. Palavras-chave: Boas Práticas de Fabricação; Qualidade; segurança alimentar; ANVISA Gestão da Produção em Foco – Volume 45 20 1. INTRODUÇÃO A praticidade em um alimento de rápida preparação nas lanchonetes e restaurantes, tornou-se bastante comum na sociedade, com a globalização, a urbanização e o crescimento demográfico, a popularização e o acesso a este tipo de refeição tornou-se parte da vida moderna. Embora a sociedade esteja sofrendo as consequências da pandemia mundial do novo Coronavírus, denominado pela OMS de SARS-CoV-2, muitos dos serviços alimentares tiveram de se adaptar a este grande desafio, denominado como o “novo normal”, muitos setores da economia, principalmente de alimentação, tiveram que se reinventar para que seus produtos continuassem a chegar aos seus consumidores e evitassem fechar as portas. Segundo Oliveira et. al (2020), as normativas publicadas até o dia 23 de março de 2020 catalisaram o fechamento de muitos estabelecimentos de refeições coletivas e a migração de outros tantos para os serviços de take out/away e delivery. Essa adaptaçãodos serviços teve como foco principal a sobrevivência desse setor da economia no momento de crise. Buscando driblar a crise atual causada pela pandemia do novo cororavírus, muitas empresas alimentícias (restaurantes e lanchonetes) passaram a apostar no delivery de seus alimentos. As empresas de delivery não têm divulgado dados consolidados sobre o impacto da pandemia em suas vendas. Contudo, a iFood, por exemplo, confirmou que houve um aumento na demanda por delivery acompanhando o espalhamento da COVID-19 (FRABASILE, et. al 2020). O ramo de alimentação é o que mais cresce devido à comodidade e necessidade atual das pessoas buscarem refeições prontas. Dados do IBGE indicam que 25% da renda dos brasileiros são gastos com comida fora de casa e a Associação de Bares e Restaurantes (ABRASEL) estima que este setor represente 2,7 % do PIB brasileiro (DINO, 2017). Para Botelho et. al (2020), com o momento de distanciamento físico, muitas pessoas passaram a pedir seus alimentos no formato delivery por meio dos aplicativos de serviço alimentício, e desde que os estabelecimentos sigam as orientações higiênico sanitárias, usar esta tecnologia é mais seguro do que sair de casa para comer. Desta forma, é essencial que estes setores apliquem o alto padrão de qualidade, buscando ferramentas como as Boas Práticas de Fabricação (BPF). No Brasil, as BPF são legalmente regidas pelas Portarias 1428/93-MS e 326/97-SVS/MS e pela Resolução RDC nº 275/02 que são fiscalizado pela Agência Nacional de vigilância Sanitária (ANVISA) (TOMICH, 2005). Sendo assim, é importante que todos os setores alimentícios desde as grandes indústrias até os pequenos empreendimentos sigam as normas e fiquem atentos à legislação, para assegurar a segurança do processamento até a entrega dos seus produtos. As BPF permitem avaliar as condições atuais em relação ao higiêne sanitário do local de produção, facilitando assim, a tomada de decisão na empresa e tornando o lugar mais seguro e livre de contaminações químicas, biológicas e físicas. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. A GESTÃO DA QUALIDADE NO SETOR ALIMENTÍCIO As indústrias alimentícias temendo ficar à margem do mercado competitivo tornaram a gestão da qualidade responsabilidade de toda a empresa e não apenas de um setor específico. Os consumidores referem-se à qualidade como aquilo que satisfaz e a produtos que estão dentro das especificações. Dessa forma, a Gestão da Qualidade é um fator crucial para as empresas se manterem competitivas no mercado. Segundo Camisón et al. (2007) algumas das causas que fazem da qualidade um fator determinante para a sobrevivência da empresa moderna é o aumento incessante do nível de exigência do consumidor, junto a explosão de competências procedentes de novos países com vantagens comparativas em termos de custo e a crescente complexidade dos produtos, processos, sistemas e organizações. Para Gonçalves et al. (2008), o interesse das empresas em atender as necessidades do consumidor está interligado ao conceito de qualidade, e para que a qualidade seja alcançada, é importante que se tenha conhecimento do quão os clientes estão satisfeitos com os produtos e os serviços que estão Gestão da Produção em Foco – Volume 45 21 adquirindo. Para manter a segurança alimentar, há diversas ferramentas de qualidade disponíveis, podendo citar as Boas Práticas e Fabricação (BPF), Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) e Análise de Perigos de Pontos Críticos de Controle (APPCC). 2.2. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) Estudo realizado por Rêgo (2001), define as Boas Práticas de Fabricação como um conjunto de normas de procedimentos que tem como base o controle das condições operacionais destinados a garantir a elaboração de produtos seguros, onde sua eficácia e eficiência devem ser avaliados por inspeções ou investigações. Para a Portaria 1428 do Ministério de Saúde, as BP são “normas e procedimentos que visam atender um determinado padrão de identidade e qualidade de um produto ou serviço” (BRASIL, 1993). Segundo Akutsu (2005), estas práticas são referentes à higiene pessoal, áreas externas, ventilação e iluminação adequada, controle de pragas, facilidade de limpeza e manutenção dos equipamentos e controle de produção. Tem como itens de composição a limpeza e a conservação das instalações, qualidade da água, recebimento e estocagem das matérias primas, higiene pessoal dos colaboradores que fazem parte do processo de manipulação do alimento, controle integrado de vetores e pragas, calibração de instrumentos e treinamento periódico dos funcionários (BERTHIER, 2007). As boas práticas de Fabricação (BPF) ou Good Manufacturing Practice (GMP), como é mundialmente conhecida, teve seu marco histórico originado nos Estados Unidos, quando o governo norte americano preocupado com a situação dos produtos de higiene pessoal, de toucado feminino e dos cosméticos em geral, requereu ao seu departamento de Saúde, Educação e do Bem Estar, que abriga o FDA (Food and Drug Administration), que preparasse uma análise desses produtos no mercado (ALFREDO, 1998). Sendo assim, o GPM ou BPF, sendo uma ferramenta recente utilizada e exigida por lei no Brasil, tem um grande marco em outros países, e tem contribuído fortemente para as industrias e setores alimentícios no mundo, além das industrias farmacêuticas, que contam com esta ferramenta para a melhoria contínua de sua qualidade. 2.3. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRONIZADO (POP) O Procedimento Operacional Padrão é um documento onde se coloca a tarefa repetitiva do colaborador, na maneira e sequência que deve ser executada, nele contém: tarefa, executante, objetivo da tarefa, materiais necessários, processos, cuidados especiais, resultados esperados, ações corretivas e aprovação (MEDEIROS, 2010). Devem estar contidas as instruções sequenciais das operações e a frequência de execuções, estando especificado o nome, o cargo e ou a função dos responsáveis pelas atividades, devem estar datados, aprovados e assinados pelo responsável do estabelecimento. É importante que estes registros sejam mantidos num período de 30 dias, contados a partir da data de preparação dos alimentos (ANVISA, 2002). Para a RDC n° 216/04, os POPs referentes às operações de higienização de instalações, equipamentos e móveis devem conter algumas informações como natureza da superfície a ser higienizada, método de higienização, e outros. Já as padronizações referentes a controle de vetores e pragas, devem contemplar as medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e/ou a proliferação de vetores e pragas urbanas. Dos relacionados à higiene e saúde dos manipuladores devem contemplar as etapas, a frequência e os princípios ativos usados na lavagem e antissepsia das mãos dos manipuladores (BRASIL, 2004). Gestão da Produção em Foco – Volume 45 22 2.4. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA Nº 216: CHECK-LIST O check-list é um instrumento baseado nos Regulamentos da ANVISA que permite realizar uma avaliação preliminar das condições higiênico-sanitárias de um estabelecimento de produção de alimentos. Nesta lista de verificação, os requisitos avaliados vão desde os recursos humanos até o controle de qualidade e controle no mercado, levando em consideração as condições ambientais, instalações, edificações e saneamento, equipamento, produção, embalagem, rotulagem e estoque da matéria prima. A ferramenta é utilizada para verificar a porcentagem de conformidade e não conformidade do estabelecimento com relação a um determinado item de verificação(SENAC, 2001). Além de conter vários itens a serem observados e executados, evitando assim futuros esquecimentos, falhas ou faltas. A lista funciona como uma rede de segurança, detectando falhas e tornando a execução de tarefas e organização de um estabelecimento muito mais fácil (RODRIGUES, 2010). Para Brasil (2004), esta lista de verificação, conformeo RDC N° 216/2004, compõe os pontos de avaliação sobre edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios, higienização das instalações, controle Integrado de Vetores e Pragas, abastecimento de água, manejo de resíduos, manipuladores, matérias-primas, Ingredientes e embalagens, preparação do Alimento, armazenamento e transporte do alimento preparado, exposição ao consumo, documentação e registro e a Responsabilidade. 3. METODOLOGIA 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A presente pesquisa tem como objeto de estudo uma lanchonete de pequeno porte sendo, portanto, um estudo de caso. Por ser um Estudo de Caso, esta pesquisa permitiu o conhecimento mais aprofundado da realidade da empresa analisada, bem como observação do seu ambiente por meio de visita in loco. De acordo com Yin (2001, p. 32), um estudo de caso “é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Pesquisa-ação, devido a ação por parte das pessoas implicadas no processo investigativo. Para Baldissera (2001), a pesquisa-ação exige uma estrutura de relação entre os pesquisadores e pessoas envolvidas no estudo da realidade do tipo participativo/coletivo. Com base na norma regulamentadora RDC N° 216/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no que diz respeito aos serviços de alimentação, foi utilizado a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação (LVBPF), a fim de realizar um levantamento das condições higiênico- sanitárias para saber a situação atual da empresa. A princípio, coletou-se informações por meio de bibliografias, onde se utilizou materiais já existentes como artigos científicos, revistas e monografias, para que melhor fosse a sustentação das informações, sendo as principais bibliografias consultadas a Resolução da Diretoria colegiada nº 216/04, a cartilha de Boas Práticas de Fabricação da ANVISA e monografias publicadas como de Saccol (2007). Também foi realizado uma entrevista com o proprietário da lanchonete em estudo no dia 26 de março de 2019 com o objetivo de conhecer a realidade da empresa na visão do dono e coletar informações para enriquecimento da pesquisa, onde o mesmo foi questionado sobre a condição higiênico-sanitária atual da empresa e se tinha conhecimento das Boas Práticas de Fabricação. 4. RESULTADO A lanchonete em estudo é uma empresa de pequeno porte do ramo alimentício voltada à produção e comercialização de alimentos, contando também com serviços Delivery. Localizada na cidade de Itacoatiara/AM, a empresa é de caráter familiar e tem como objetivo principal fornecer produtos de qualidade aos seus consumidores. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 23 Por meio da planta baixa da lanchonete (figura 1), podemos observar que o serviço de alimentação é composto pelo salão de alimentação, onde recebem os clientes que optam por se alimentar no local, a recepção, o setor de manipulação e um banheiro no local. No setor de manipulação, a empresa contém duas chapas para a manipulação de sanduíches, um forno industrial para assar as pizzas, bancadas e área para lavagens dos ingredientes. Figura 1– Planta baixa da lanchonete em estudo Fonte: Autores (2020) De acordo com o proprietário, os dias de pico na lanchonete são aos fins de semana, podendo receber em um domingo, 300 consumidores no mínimo, vendendo em média 400 sanduíches variados, 150 cachorros quentes, 70 pizzas de sabores variados e 200 refrigerantes, sendo estes os produtos mais vendidos. A partir da avaliação da realidade da empresa baseada na apresentação do check-list, conforme RDC nº 216/04 adaptado por Saccol et al. (2007), os resultados apresentavam-se em três grupos: Grupo 1, como satisfatório variando de 75 a 100% de atendimento dos itens; Grupo 2, como regular, levando em consideração 51 a 74% de atendimento dos itens e Grupo 3 como insatisfatório, variando de 0 a 50% de atendimento dos itens. Na tabela 1, observa-se os resultados da primeira avaliação de acordo com cada item da legislação vigente. Tabela 1– Primeira avaliação das condições higiênicas na lanchonete Fonte: Autores (2020) Após um levantamento detalhado das condições higiênicas de cada item exigido pela norma que rege os serviços de alimentação, elaborou-se o gráfico 1 a fim de melhor visualizar o resultado geral das condições higiênico-sanitárias da empresa. Observa-se que 54,95% dos itens da lista de verificação estavam conformes a norma da ANVISA, 34,07% dos itens não estavam de acordo e Gestão da Produção em Foco – Volume 45 24 apenas 10,99% dos itens não se aplicavam a realidade da lanchonete, sendo assim, se enquadrando como Regular, na classificação dos serviços de alimentação, segundo a check-list utilizada na pesquisa. Gráfico 1– Primeira avaliação das condições higiênicas na lanchonete Fonte: Autores (2020) A avaliação inicial das condições higiênicas da Lanchonete apontaram desconformidades no local que não estavam de acordo com a legislação, colocando em risco a qualidade da produção dos alimentos e os tornando vulneráveis a algum tipo de contaminação. Diante da situação encontrada, foi proposto à empresa algumas providências baseadas nas normas da ANVISA para melhorar o estado higiênico-sanitário do setor de produção da lanchonete, dessa forma, a empresa realizou atividades de melhoria como reboco de cimento nas paredes da área externa da empresa e manutenção no piso do setor de produção, que se encontrava com rachaduras, vazamentos, trincas, infiltrações, bolores, descascamentos e sem revestimentos. Outras manutenções também foram realizadas nas instalações sanitárias da empresa, principalmente do setor de produção, onde sua parede externa foi revertida com cerâmica de fácil lavagem e foi disponibilizado produtos destinados à higiene pessoal, como papel higiênico, sabonete e álcool gel. Para manter a higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios adequados, elaborou-se junto a um POP de Higiene das instalações, uma folha de registro, para manter anotado e organizado as operações que não forem de rotina. Toda a edificação, as instalações, os equipamentos, móveis e utensílios passaram a estar livres de vetores e pragas. Não havendo insetos e nem animais no setor de manipulação, na área de recebimento e estocagem, e nem no salão de exposição dos alimentos. Para auxiliar na manutenção dos equipamentos da empresa, elaborou-se uma folha de registro para manter registrado as operações. O reservatório de água foi higienizado para que a cada seis meses siga uma rotina de higirnização e criou-se um POP de limpeza do reservatório acompanhado com uma folha para manter registrado todas estas operações. Os resíduos passaram a ser retirados do local de manipulação de modo que não permanecesse por muito tempo no setor. A lanchonete também afixou cartazes de orientação para a correta antissepsia das mãos e de demais hábitos de higiene. Com a apresentação das Boas Práticas de Fabricação no local, os colaboradores aprenderam as técnicas da correta limpeza das mãos antes de manusear os alimentos. A empresa afixou os cartases em locais de fácil visualização, um no banheiro da empresa, e dois no setor de manipulação, sendo um no local onde se lavam os alimentos e outro para alertar sobre hábitos de higiene. Criou-se um POP para controle e saúde dos colaboradores para que a empresa se mantivesse ciente da saúde dos funcionários. Os uniformes dos manipuladores tornaram-se de troca diária e suas roupas e objetos passaram a ser armazenados em locais específico para este fim. Tornou-se de rotina a limpeza das embalagens primárias antes do preparo pelos colaboradores. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 25 O Manual de Boas Práticas da empresa foi criado de acordo com a Portarianº1428, de 26 de novembro de1993 do Ministério da Saúde e RDC n° 216/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O documento considerou aspectos gerais sobre os quais atuam as Boas Práticas de Fabricação, como: Edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios, higienização das instalações, controle integrado de vetores e pragas, abastecimento de água, manejo de resíduos, manipuladores, matérias-primas, ingredientes e embalagens, preparação do alimento, armazenamento e transporte do alimento preparado, exposição ao consumo do alimento preparado, documentação, registro e Responsabilidade. Este manual é acessado por todos os colaboradores, nele constam as informações sobre a Lanchonete e as práticas adotadas no local. O manual de BPF foi complementado pelos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP), elaborados para auxiliarem nas operações da empresa. Neles estão descritos procedimentos operacionais como: Controle de higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios, controle de saúde dos manipuladores, controle de higienização das mãos dos colaboradores, controle de higienização do reservatório de água, controle integrado de vetores e pragas urbanas, controle do manejo de resíduos e controle de recepção e estocagem da matéria-prima. Para auxiliar na padronização das tarefas da empresa, elaborou-se folhas de registros a fim de que seja registradas a execução das operações. Cada POP apresenta folhas de registros que de acordo com a ANVISA (2002) são mantidos num período de 30 dias. Após estas melhorias realizadas na empresa, realizou-se uma nova avaliação no local com a lista de verificação da ANVISA, a fim de descobrir se as mudanças impactaram no grau de conformidades da lanchonete. Observou-se que o grau de conformidades que anteriormente eram 54,95% subiu para 75,27%, crescendo positivamente 20,32% das adequações do local. As não conformidades que até então eram de 34,07%, caíram para 13,74%, uma queda de 20,33% das inadequações do local. Os itens que não se aplicavam no local permaneceram constantes, apresentando nenhuma alteração em seus resultados. De acordo com a classificação do serviço alimentar da ANVISA, a lanchonete passa de regular para Satisfatório, dentro da margem de classificação de 75,27% de atendimento dos itens. Avaliar o grau de conformidades da empresa em estudo que trabalha com a manipulação de alimentos nos levou a compreender a importância das Boas Práticas de Fabricação em um setor que inicialmente, não tinha conhecimento sobre a legislação e suas contribuições. 5. CONCLUSÃO Em meio aos desafios atuais que nossa sociedade tem presenciado com a pandemia mundial do COVID-19, não só os grandes empreendimentos de serviço de alimentação, mas como também os pequenos restaurantes e lanchonetes tiveram que se adaptar ao novo normal. As Boas Práticas de Fabricação nos serviços alimentares tem como grande propósito manter a segurança não só dos consumidores, mas como também, a segurança dos colaboradores mediante ao processo de fabricação, manter as condições higiênicas dos insumos e equipamentos e tudo o que permeia a produção dos alimentos, evitando quaisquer possibilidade de contaminação, seja viral, como COVID-19 ou outros tipos de vírus, contaminação bacteriana, química ou física. É compromisso da lanchonete manter a qualidade dos seus alimentos e a segurança das pessoas que buscam pelos seus serviços, pois uma vez que haja contaminaçao, coloca-se em risco a saúde dos consumidores, além da empresa ter que lidar com a perca de materia-prima, custos com disperdício, imagem negativa diante os clientes, notificações e interdição pela ANVISA. O resultados deste artigo reforçam que as desconformidades encontradas na empresa durante sua avaliação se dá pela falta de conhecimento das normas pela parte dos colaboradores e gerentes. Espera-se que este trabalho tenha contribuído no envolvimento da equipe de trabalho com a gestão da qualidade e Boas Práticas no setor de alimentação, uma vez que órgãos públicos Gestão da Produção em Foco – Volume 45 26 regulamentadores também realizam visitas periódicas em estabelecimentos manipuladores de alimentos. Dessa forma, a lanchonete em estudo terá benefícios ao implantar as Boas Práticas de Fabricação, uma vez que seus fornecedores passarão a entregar os insumos de forma mais segura e higienizada, todo o processo de produção dos alimentos seguirão um padrão mais higienizado e atenderão às legislações vigentes impostas pela ANVISA, os colaboradores adotarão práticas mais seguras para manipular os alimentos, e o formato delivery seguirá um padrão mais seguro de higienização para que não ocorra nenhum tipo de contaminação que prejudique a saúde do consumidor, do colaborador e que coloque em risco a integridade do alimento. REFERÊNCIAS [1] AKUTSU. R. C. et al. Adequação das Boas Práticas de Fabricação em Serviços de Alimentação. Revista Nutrição. v.18, n.3, p.419-427, 2005. [2] ALFREDO, P. C. Por que e para que foi criado o GMP? Revista Banas. São Paulo, n.74. pp. 88-89, 1998. [3] ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 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Gestão da Produção em Foco – Volume 45 28 Capítulo 3 Aplicação do MASP para solução de problema de ineficiência operacional em Gestão de Materiais: Um estudo de caso em um centro de usinagem Vicente Carlos de Almeida Junior Maria Eduarda Conceição Páscoa de Oliveira Bruna Araujo Marinho Inez Manuele dos Santos Resumo: Este artigo apresenta um plano de ação realizado por meio do método de análise e solução de problemas (MASP), correspondente a etapa p (PLAN) do ciclo PDCA para solução de problemas de layout na área de gestão de materiais e logística de um centro de usinagem. Esta proposta foi motivada, pelo impacto negativo na produtividade operacional desta área. O presente estudo baseia-se em uma entrevista semiestruturada realizada com os gestores da empresa analisada. Caracteriza-se como estudo de caso de caráter exploratório, em que se buscou conhecer mais a fundo os problemas que impactam na ineficiência da organização e descritivo por basear-se na percepção de gestores e analistas. O resultado obitido foi um plano de ação que evidenciou a necessidade da utilização de uma metodologia de organização de espaços, justificada a importância da utilização do programa 5S, que implica diretamente nas condições necessárias para reduzir os problemas identificados e tornar-se mais produtivo. Palavras-chave: MASP; PDCA; Layout De Planta; Gestão de Materiais; 5S. Gestão da Produção em Foco – Volume 45 29 1. INTRODUÇÃO Atualmente, as empresas estão aprimorando os seus sistemas operacionais, em decorrência da competitividade, visando a redução de custos, o aumento da produtividade e o atendimento aos fornecedores e clientes, de modo a manterem sustentáveis em seus negócios. Uma das áreas que tem ganhado destaque nesse cenário é a gestão de materiais e logística, devido ao alto impacto que esse tem nos custos, na produtividade e no tempo de resposta aos clientes. A Gestão dos materiais é uma área que envolve todo o fluxo de materiais em todo o processo, desde o fornecedor até o consumidor final (LÉLIS, 2016). Tendo em vista o melhor manuseio e armazenamento dos materiais de forma eficaz, é necessária a utilização de técnicas para melhorar o funcionamento da produção de bens ou o gerenciamento de serviços, como a adoção ou aprimoramento do arranjo físico, através da disposição física adequada dos elementos essenciais, como a localização dos materiais, equipamentos, entre outros. Um bom layout possibilita que os funcionários visualizem de forma rápida todos os elementos essenciais para a produção, contribuindo para a sua efetividade e, consequentemente, atender no prazo os pedidos dos clientes. A organização dos espaços tem sido um desafio para as unidades produtoras, que possuem sua capacidade e o bom fluxo de suas atividades limitadas por uma ineficiente disposição de recursos e pessoas, além dos obstáculos e restrição de movimentação que o espaço e o layout podem trazer a unidade. Em um centro de usinagem em estudo, esse fato não está sendo diferente, onde constatou- se que a ausência de um layout adequado acarreta um efeito de sobrecarga e ineficiência na operação e na gestão dos materiais. Os impactos provenientes dessa ausência influem diretamente na produtividade de todos os setores. Além disso, afeta, principalmente, o gerenciamento de entrada e saída, estoque, armazenagem e previsão de demanda. Assim, a importância deste estudo dar-se pelos ganhos substanciais que podem ser obtidos com o aprimoramento do layout e com a utilização da gestão da qualidade na gestão de materiais, que tem papel fundamental com a aplicação de algumas ferramentas da qualidade para o desenvolvimento desse estudo. Com base nisso, o presente estudo tem como objetivo propor uma metodologia para identificar, analisar, priorizar e propor solução para a melhoria do layout e organização do espaço de uma empresa do setor de usinagem, baseada no MASP, com ênfase na etapa de planejamento do ciclo PDCA, e na metodologia dos 5S. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. GESTÃO DA QUALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A administração de materiais é uma área que tem como objetivo conciliar interesses entre as necessidades dos clientes e fornecedores, como também a otimização dos recursos financeiros, buscando a melhor relação entre custo e benefício (LÉLIS, 2016). De acordo com Dias (2019), as atividades da administração de materiais podem ser agrupadas em: dimensionamento e controle dos estoques, compras, armazenagem e movimentação de materiais, transporte e distribuição de física, pelos quais as empresas precisam definir adequados procedimentos de cadastramento, dimensionamento, previsão e gestão de demanda, compras, armazenagem, controle e entrega para dispor materiais e produtos ao atendimento eficiente das necessidades de suprimentos, operação e distribuição da empresa. Para isso, além das técnicas de gestão de materiais, também é preciso uma adequada gestão da qualidade sobre esse processo, de modo a oferecer previsibilidade e confiabilidade na execução dessas atividades, bem como de ferramentas que auxiliam no diagnóstico e planejamento das ações de melhoria e resolução de problemas. De acordo com Martins e Zorzenon (2018), em função da gestão da cadeia de suprimentos e da gestão da qualidade terem elementos em comum e estarem inter-relacionadas, foi criado o termo gestão da qualidade na cadeia de suprimentos (GQCS). Para os autores, a GQCS usa elementos da gestão da qualidade em todas as atividades da cadeia de suprimentos, incluindo as inter-relações a jusante e a montante, objetivando a redução de custos, o aumento da satisfação dos clientes, a criação de valor e a melhoria do desempenho. Conforme Almeida (2018), a qualidade possui uma concepção variável em concordância com a área de atuação da organização. No entanto, sua aplicação pode representar uma nova perspectiva adotada pela gestão da empresa que, de maneira estratégica busca definir diretrizes para Gestão da Produção em Foco – Volume 45 30 aperfeiçoar seus processos internos, alcançar excelência operacional e obter diferencial competitivo no mercado. Assim, a gestão de materiais deve ser conduzida por ferramentas e metodologias que auxiliem no planejamento e controle dos materiais, bem como auxiliem nos
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