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Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Copyright © 2020 by Herbert Ricardo Garcia Viana Todos os direitos desta edição reservados à ENGETELES Editora. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou parte do mesmo, sob qualquer meio, sem autorização expressa da Editora. T208p Viana, Herbert, 1973 Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 / Herbert Viana - 1ª edição Brasília: ENGETELES Editora, 2020. Inclui bibliografia. ISBN 978-65-991725-0-2 1 - Fábricas - manutenção. 2. Equipamentos industriais - Manutenção e reparos. 3. Pesquisa operacional I. Viana Título: Manual de Gestão da Manutenção Volume: 1. CDD: 658.202 CDU: 658.2.005.4 2020 IMPRESSO NO BRASIL ENGETELES Editora www.engeteles.com.br editora@engeteles.com.br Direção Editorial Jhonata Teles Produção Editorial Júlio César Carvalho Capa e Diagramação Felipe Andrade Ottengy Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 5 DEDICATÓRIA Dedico esta obra a todo o meu passado e presente, Família, Professores, Líderes e Amigos, Em especial ao Heitor e ao Henrique, Saudações a quem tem coragem de levar mais luz aos cantos do mundo. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 7 AGRADECIMENTOS A construção do conhecimento e a sua explicitação em obra literária consiste em uma ta- refa que envolve variados saberes, contribuidores e incentivadores. Aqui deixo meu agra- decimento às pessoas que fizeram a diferença na caminhada que levou a este livro. A minha esposa Nazaré Cordeiro, por seu incentivo e amor incondicional. Aos líderes que investiram no modelo de gestão no livro apresentado, incentivando a im- plantação em suas operações: Marisa Sonehara, Divaldo Pessoa, Karleone Oliveira, Lucas Luiz, David Rodrigues, Fernando Rodrigues, Marcos Rogério de Almeida e Werner Jost. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 9 APRESENTAÇÃO A manutenção é um dos processos fundamentais para a sustentabilidade empresarial, entendida como financeira – ambiental – social. Considerando o segmento industrial, onde grande parte das empresas estão necessitando avançar muito rumo à excelência, a manutenção é um dos pilares para esta caminhada. É preciso considerar que apenas uma menor parte da comunidade tem uma cultura proa- tiva. Entretanto, uma maior parte dela tem uma cultura reativa o que dificulta muito esta caminhada. Esta caminhada passa por uma forte capacitação tecnológica aliada à capacitação de ges- tão, e que ambas são fundamentais para buscar se tornar benchmark. É com muita satisfação que vejo o professor Herbert Viana, estudioso da matéria, propor novos caminhos para agregar maior valor à manutenção e, consequentemente, para a or- ganização. Relembrando o grande Albert Einstein onde, em uma das suas célebres frases, afirma: “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”! Pode parecer óbvio, e realmente o é., entretanto, como já vimos, apenas uma menor parte da comunidade da manutenção, pela sua cultura proativa, a conhece e a pratica e, por isto, está a nível de excelência. Por outro lado, uma grande parte da comunidade de manutenção, pela sua cultura rea- tiva, embora conheça esta frase não a pratica e, por isto, não está colhendo os melhores resultados. É por isto que eu tenho a satisfação de fazer a apresentação desta obra pela importante razão dela apresentar novos caminhos para ajudar as pessoas e as empresas a caminha- rem rumo a excelência e, consequentemente, chegar à sustentabilidade empresarial que passa pelo tripé financeiro – ambiental – social. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 10 Sem entrar em detalhes do conteúdo desta importante obra, a vejo como uma grande contribuição para este importante processo denominado manutenção. Sendo fundamental que cada leitor não somente a leia, mas que pratique os ensinamen- tos nela contidos. A mudança depende somente de cada um, depende de você leitor! Alan Kardec Conselheiro da ABRAMAN – Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos Consultor Empresarial e de Gestão de Ativos Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 SUMÁRIO Dedicatória....................................................................................................................................................5 Agradecimentos..........................................................................................................................................7 Prefácio.........................................................................................................................................................15 Capítulo 1 – Introdução.............................................................................................................................17 Capítulo 2 – Defeito, Falha e Pane.......................................................................................................27 Capítulo 3 – Tipos de Manutenção......................................................................................................33 3.1 – Manutenção Preventiva.................................................................................................................35 3.1.1 – Manutenção Sistemática.............................................................................................................36 3.1.2 – Manutenção sob Condição.........................................................................................................37 3.2 – Manutenção Corretiva...................................................................................................................38 3.2.1 – Manutenção Corretiva Emergencial........................................................................................39 3.2.2 – Manutenção Corretiva Planejada............................................................................................39 Capítulo 4 – Manutenção e Gestão de Ativos..................................................................................41 Capítulo 5 – Estrutura organizacional da Manutenção.................................................................47 Capítulo 6 – Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção.............................................. 55 Capítulo 7 – O Sistema de Gestão, o Plano Diretor da Manutenção (PDM) e a Governança da Manutenção.....................................................................67 Capítulo 8 – Controle Inicial............................................................................................................73 8.1 – Acompanhamento de Projetos....................................................................................................77 8.2 - Elaboração de Planos e Cadastro Técnico...............................................................................84 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 8.3 - Tagueamento e codificação de ativos.......................................................................................87 8.4 – Definição da criticidade e estratégias de manutenção.......................................................97 8.4.1 Classificação ABC............................................................................................................................98 8.4.2 Classificação de criticidade proposta por Viana (2002)....................................................104 8.4.3 Matriz GUT......................................................................................................................................105 8.4.4 Estratégias de manutenção através da MCC........................................................................1078.4.4.1 – Seleção do sistema e levantamento de dados.................................................................111 8.4.4.2 – Definição das fronteiras do sistema...................................................................................113 8.4.4.3 – Descrição do sistema e subsistemas.................................................................................113 8.4.4.4 – Identificação das Funções e falhas funcionais;..............................................................115 8.4.4.5 – Análise de modos de falhas (FMEA) e Análise da Árvore lógica;..............................116 8.4.4.6 – Definição de tarefas preventivas.......................................................................................121 Capítulo 9 – Identificação da demanda de manutenção.............................................................123 9.1 – Planos de Manutenção Preventiva Sistemática (MPS)........................................................125 9.1.1 MPS para Lubrificação....................................................................................................................130 9.1.2 MPS para troca de itens de desgastes......................................................................................133 9.1.3 MPS de intervenção.......................................................................................................................134 9.2 – Manutenção Preventiva Condicional (MPC)..........................................................................134 9.2.1 – Inspeção Preditiva.......................................................................................................................135 9.2.1.1 Ensaios por Ultrassom................................................................................................................136 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 9.2.1.2 Análise de vibrações mecânicas.............................................................................................140 9.2.1.3 Termografia...................................................................................................................................148 9.2.1.4 Análise de óleos...........................................................................................................................150 9.2.2 – Inspeção Sensitiva......................................................................................................................157 9.3 – Solicitação de Serviço...................................................................................................................160 9.4 – Manutenção Corretiva Emergencial e Programada.............................................................161 Capítulo 10 – Tratamento da demanda de manutenção.............................................................165 10.1 – Planejamento da Demanda.......................................................................................................167 10.1.1 Horizonte 1 – Planejamento de Longo Prazo (Mapa Quinquenal Manutenção dos Ativos)...................................................................................168 10.1.2 Horizonte 2 – Planejamento de Médio Prazo (Mapa de 52 semanas).............................................................................................................................169 10.1.3 Planejamento de Curto Prazo....................................................................................................171 10.2 – Aprovisionamento........................................................................................................................173 10.3 – Programação..................................................................................................................................175 10.3.1 Horizonte 3 – Programação Mensal de Manutenção..........................................................175 10.3.2 Horizonte 4 – Programação Semanal de Manutenção.....................................................176 10.4 – Execução da manutenção...........................................................................................................177 10.5 – Fluxos de Identificação e Tratamento da Demanda..........................................................178 10.6 – Os estados das Ordens de Serviço.........................................................................................182 Posfácio.....................................................................................................................................................185 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Lista de Imagens.....................................................................................................................................187 Lista de Tabelas........................................................................................................................................191 Referências...............................................................................................................................................192 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 15 PREFÁCIO O universo da Gestão da Manutenção é muito rico, e por isso, também é difuso, em alguns casos. Diferentemente de várias áreas de conhecimento que nasceram na academia e amadu- receram na aplicação em sistemas produtivos, a Manutenção fez o caminho inverso. Ela nasceu nas necessidades das operações na busca de ativos físicos mais confiáveis e se desenvolveu nesta busca nos intramuros fabris espalhados pelo mundo, sendo foco de observação acadêmica mais relevante de algumas décadas para cá. Atualmente vemos nos cursos universitários e técnicos o surgimento de disciplinas como “Gestão da Manutenção” ou “Manutenção Industrial”, que visam transferir para seus alu- nos os conceitos e técnicas que permeiam a boa condução dos processos da manutenção de ativos. Algumas vezes os conceitos dentro da temática se sobrepõem ou até se contrapõem, ge- rando algumas dúvidas e, assim, dificuldades na aprendizagem e aplicação em campo. Esta obra busca se posicionar como um livro para as disciplinas que versam sobre a Ges- tão da Manutenção, tanto no ambiente universitário, como nas escolas técnicas espa- lhadas pelo Brasil. Para tanto uma revisão conceitual é feita em seus capítulos iniciais, equalizando os entendimentos sobre fundamentos da matéria. E em seguida, inicia a apresentação de um modelo de articulação dos processos da Manutenção, com suas res- pectivas atividades. Através do modelo apresentado, que chamo de CIT & CSM, abre-se o aprendizado em mé- todos, técnicas e protocolos de como fazer as mais diversas atividades relacionadas a uma Gestão da Manutenção eficiente. Garantindo sua articulação, buscando minimizar o risco da dispersão dos esforços dos gestores e técnicos na condução das rotinas mantenedoras. Em minhas palestras costumo dizer que mais importante do que “saber o que fazer”, é saber a sequência correta do que fazer. Na Manutenção, a desarticulação dos trabalhos das equipes envolvidas é mortal, se o PCM, a Engenharia de Manutenção e a Execução não estiverem em ritmo de orquestra sinfônica - onde cada instrumento entra e sai perfeita- mente de acordo com a evolução da música. Já testemunhei áreas de Manutenção com os melhores talentos, orçamento adequado, Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 16 com os melhores recursos e técnicas instalados, e mesmo assim, não proporcionarem resultados. Gerando um ambiente de extremo estresse, tornando-se uma “moedora de carreiras” no seu dia-a-dia. E por que? Por que uma área que investiu em RCM, softwares de gerenciamento, ERP’s, engenharia da confiabilidade e outras técnicas voltadas para Manutenção moderna, ainda assim, não surtiu os resultados esperados? Muitas vezes as respostas repousam na escolhado momento certo para implantação das diversas atividades que permeiam este universo. Por exemplo, como ter uma engenharia de confiabilidade frutífera se a empresa não tem um bom banco de dados das falhas dos ativos? Como um PCM pode articular paradas preventivas eficazes, se não há uma política de suprimentos e estoques adequada para planta? Enfim, os exemplos de desarticulação são vários, o que demonstra a necessidade da visão sistêmica sobre a Gestão da Manutenção. Certa vez ouvi de um gestor: “Manutenção é fácil, é só ir lá e fazer o que tem que ser feito”. Tratar problemas complexos com visões simplistas é um erro. A Gestão da Manutenção não é fácil, envolve vários processos e atividades, e estas, por conseguinte, envolvem di- versas pessoas, cada uma com seu entendimento e motivação. Então se um universo como este não for conduzido de uma forma articulada, sistêmica e integrada, não obterá a eficácia exigida. Na manutenção é preciso conhecer a técnica, ter um método e uma liderança que mante- nha as equipes motivadas e engajadas em uma disciplina operacional de forma cotidiana. E este livro aborda, em sua maior parte, o método para gerir uma área de Manutenção. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 1 Introdução Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 19 Capítulo 1 - Introdução No primeiro livro que lancei em 2002, “PCM – Planejamento e Controle da Manutenção”, abordei um dos alicerces da Gestão da Manutenção de uma forma simples e direta. Na- quele momento percebi a necessidade de se estudar detalhadamente a organização fun- cional e os indicadores de um PCM eficiente, eficaz e relevante para construção de bons resultados fabris. Em 2016 publiquei o livro “Fatores de Sucesso na Gestão da Manutenção de Ativos”. Nele exploro quais são os fatores que criam uma gestão da manutenção adequada e dona de bons resultados operacionais. O livro possui uma abordagem de pesquisa básica para o tema Manutenção, buscando identificar e qualificar os motivadores de uma boa gestão mantenedora, sem uma preocupação prioritária em operacionalizá-los. Agora, se vislumbra uma nova perspectiva de estudo onde há uma ampliação do tema, buscando efetivamente subsidiar os leitores na construção de uma Manutenção de Exce- lência Máxima, a qual chamamos de “Manutenção Classe Mundial”. O caminho que nos leva à edificação de tal intento se assenta em uma abordagem ampla e profunda, discutindo princípios e políticas. Como também a operacionalidade dos mes- mos no chão de fábrica, de maneira a proporcionar um manual tanto utilizado na implan- tação de uma Gestão da Manutenção de primeira linha, como orientador para auditorias em sistemas vigentes nas plantas industriais. Meu principal objetivo com este livro é ajudar na definição dos parâmetros que qualifi- cam uma organização como Manutenção Classe Mundial e também apresentar um novo sistema de gestão da manutenção, o qual denomino “Sistema CIT & CSM”. Desta forma fornecendo, sem muita prolixidade, as ferramentas orientadoras para sua concretização na indústria, como também um checklist prático, mas bem fundamentado, com fins de au- ditoria e classificação em níveis de excelência dos sistemas a ele submetido. Tendo como norte a perfeita prestação de serviços de um organismo mantenedor, ou seja, ter pesso- as realizadas, entregando aos seus clientes, disponibilidade e confiabilidade de ativos e tranquilidade operacional, gastando nada mais, nem menos do que o necessário. Quando iniciei minha carreira na indústria na antiga “Companhia Cervejaria Brahma”, não era comum no Brasil em 1997, o mercado deter conhecimento apurado sobre sistemas in- tegrados de gestão do processo produtivo. Cada organização tinha sua forma de conduzir suas operações, sendo dependentes do talento pessoal de seus diretores e gerentes em Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 20 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 estruturar suas equipes, bem como, em torná-las disciplinadas no cumprimento dos seus procedimentos técnicos de produção. Aos jovens engenheiros, adentrar neste mercado se assemelhava a enfrentar a esfinge e seu enigma: “Decifra-me ou devoro-te”. Para não ser devorado, o profissional contava com sua formação acadêmica e sua energia para realização, ou seja, “fazer acontecer”. Na Brahma, o primeiro dia de um engenheiro de fábrica desenrola-se em uma das suas distribuidoras. Aprende-se na cabine de um cami- nhão vermelho ou amarelo (marca da Skol), como se dá a fluidez do produto no ambiente de vendas. O segundo marco para um iniciante na segunda metade da década de 1990, estava no treinamento acompanhado do livro “Gerenciamento da Rotina” do professor Vicente Falconi. Nele fundamentava-se a organização e os caminhos na gestão. Nas principais empresas brasileiras, como a Brahma, investiu-se na padronização das ta- refas, no programa de 5S das instalações fabris, no uso das sete ferramentas da qualidade e no monitoramento dos resultados. Levando a cabo as palavras de Ishikawa: “Só é geren- ciado aquilo que se mede”. As empresas donas de uma prática efetiva e plena destes conceitos conseguiram evoluir, fortalecendo-se em suas rotinas internas e, consequentemente, contraiu-se melhores re- sultados no mercado em que atuavam. Os anos 1990 representam uma inversão da curva do crescimento da produtividade da indústria brasileira. Havia uma tendência de queda ano a ano, desde o fim do chamado “milagre brasileiro”. Claro que políticas macroeconômicas, privatizações e desregulamentação da economia, ou seja, aplicações do neoliberalismo na época, contribuíram para tal inversão. Por exem- plo, a tarifação de produtos importados no setor da mecânica, reduziu de 58,8% em 1988 para 16,7% em 1994. No setor químico a queda foi de 32,4% para 6,6%, no setor têxtil de 142% para 15%. Esta forte abertura comercial do mercado interno brasileiro provocou falências, mas também, a ruptura com um modelo gerencial arcaico praticado até então pelas grandes corporações industriais. Elas buscaram implantar programas de qualidade capazes de lhes devolver a competitividade necessária para retomada do mercado perdido pelos produtos e preços vindos do exterior. A partir deste momento histórico, a indústria nacional começa a apresentar melhores re- Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 21 Capítulo 1 - Introdução sultados, um deles na sua produtividade do trabalho. Hora, que entre em 1985 e 1989 apresentou taxa de crescimento médio de 0,74%, avançando para 6,25% entre 1990 e 1993, e saltando para quase 8% entre 1994 a 1997, sendo este período dono da queda no número de empregos, e mesmo assim, um aumento na produção. A partir daí no setor industrial, o Brasil inaugura na prática, o conceito de “fazer mais com menos”. Na primeira década do século XXI vimos um Brasil pujante que, empurrado pelo super ciclo dos minérios teve uma evolução significativa nas atividades industriais. Testemu- nhei este processo estando no “olho do furacão” do movimento de valorização das nossas commodities minerais, uma vez que entre 1999 e 2016 tive a oportunidade de gerenciar equipes de operações e manutenções na Votorantim, Mineração Rio do Norte e Vale. Pude sentir e ser instigado a buscar resultados com base em confiabilidade dos ativos, não só em sua disponibilidade. Vi se intensificar no país a aplicação da engenharia de confiabili- dade, bem como, de ambientes de simulações matemáticas para definição e discussão de projetos de implantação e melhorias operacionais. E principalmente, participei ativamente na implantação de softwares ERP (Enterprise Resource Planning) e sistemas de gestão integrados nas operações, expressando o esforço das organizações na construçãode uma metodologia do “como fazer” em suas rotinas operacionais. Apesar das crises de 2008 e de 2015, o Brasil vem crescendo na busca de uma indústria 4.0. Dizem que no nosso país temos um delay (atraso) de 50 anos em relação as revolu- ções industriais promovidas nos países centrais. Acredito que exista sim um atraso, mas no século XX e XXI, desenvolvemos bons talentos na indústria, que a despeito das tra- palhadas dos nossos políticos, vêm conseguindo proporcionar avanços além de boas e relevantes conquistas no campo de produtividade e inovação. E a gestão da manutenção neste contexto, como se posiciona? Primeiramente, faz-se necessário resgatar o conceito de manutenção, que compreende o conjunto de atividades voltadas a manter em perfeito estado produtivo os bens de pro- dução. A palavra manutenção advém do termo latim, manus tenere, cujo significado é “Manter o que se tem em mãos”, conforme explica Ferraz Júnior (2009). Monchy (1989) observa que o emprego do termo manutenção tem origem no ambiente militar, onde o sentido da palavra reportava a manter as unidades de combate, seu mate- rial e efetivo, constantemente, em um bom nível. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 22 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 A intensificação da produção aliada ao avanço tecnológico, tornaram os parques indus- triais mais sensíveis às atividades de manutenção. Otani e Machado (2008) observam que a manutenção, enquanto função estratégica nas organizações, é responsável direta pela disponibilidade dos ativos e tem importância capital nos resultados da empresa. Estes resultados serão melhores de acordo com a eficácia da gestão da manutenção. No entanto, desenvolver modelos para orientar a tomada de decisões estratégicas e aferição das suas repercussões na Função Manutenção, tem sido um grande desafio na gestão de processos industriais desde a revolução promovida por Edward Deming e Joseph Juran na segunda metade do século XX. Por algum tempo, a ideia de que os valores de produção estariam atrelados unicamente ao tamanho do investimento em tecnologia e ampliação das plantas, foi dominante. Com isso as atividades de manter as instalações em perfeito estado de conservação recebiam atenção secundária. Complementando essas ideias, Siqueira (2005) indica que o desenvolvimento da manu- tenção pode ser dividido em três gerações: (i) Mecanização, (ii) Industrialização e (iii) Au- tomatização. A primeira geração, Mecanização, estende-se entre 1940 e 1950, destacando-se a utiliza- ção de equipamentos simples e superdimensionados. Em decorrência disso, a sociedade da época pouco dependia de seu desempenho, exigindo apenas que os mesmos fossem restaurados quando apresentassem defeitos. A geração seguinte, Industrialização, começa em 1950 e termina por volta de 1975. Esta geração acompanhou a disseminação das linhas de produção contínuas, onde cresce a dependência dos produtos e processos industriais em relação à Manutenção. A maior disponibilidade e vida útil a um baixo custo, tornou-se o principal objetivo de avaliação dos equipamentos. Em consequência destas novas prioridades, surgem técnicas de manutenção preventiva capazes de minimizar a ocorrência de falhas e seus impac- tos no ambiente industrial. É neste período que a manutenção preditiva aparece como uma opção para melhoria do desempenho. Paralelamente, surge o TPM (Total Productive Maintenance), advindo dos conceitos do Sistema Toyota de produção japonês, lançando as bases para terceira geração. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 23 Capítulo 1 - Introdução A terceira geração, Automação, inicia em 1975. Neste período, a sociedade começa a con- sumir em larga escala, surgindo uma concorrência globalizada nos diferentes setores in- dustriais. Os equipamentos são mais exigidos em sua capacidade nominal, tornando a disponibilidade dos mesmos um fator essencial e assim, aumentando a importância da manutenção. Na terceira geração, percebe-se também um aumento na exigência dos consumidores em relação à qualidade dos produtos. Assim, a qualidade de produtos e serviços, juntamente com a confiabilidade e custos, tornaram-se os critérios básicos para um bom desempenho industrial. Nesta geração, a manutenção passou a ser objeto de estudo de vários profissionais, sendo que vários livros foram publicados (NASCIF, 1999; KARDEC, 1999, TAVARES, 1999 e VIA- NA, 2002). Surge então a Associação Brasileira de Manutenção (ABRAMAN), a qual encaminha a partir de 1995, trabalhos de pesquisa na área de manutenção, buscando o entendimento sobre o segmento através de suas pesquisas e congressos brasileiros de manutenção (ABRAMAN, 2011). Não se sabe ao certo quem lançou o conceito da Manutenção Classe Mundial, mas, para Mirshawka e Olmedo (1993), o termo “classe mundial” significa um fabricante ter as con- dições para competir em qualquer lugar do mundo, oferecendo produtos com qualidade, preços atrativos, prazos de entrega enxutos e reconhecimento como um fornecedor con- fiável. Nessa definição, observa-se, a presença do termo “confiável”. A busca pela confia- bilidade é um conceito sempre presente na manutenção, sendo este um balizador para se afirmar quem tem ou não uma manutenção classe mundial. Imbuído desta ideia, Blanco (1996) menciona pela primeira vez na América Latina em um artigo técnico, o termo “Manutenção Classe Mundial”, durante a XXIV Convenção Pan-a- mericana de Engenheiros – UPADI/96. Na verdade, Blanco (1996) definiu um conceito, o qual estabelecia um norte dos próximos anos para os organismos mantenedores, tendo como ideia central atingir a excelência na organização e operacionalização da Função Manutenção. Ingalls (2001) arguiu que a Manutenção Classe Mundial está fundamentada nas melhores Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 24 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 práticas de manutenção e devem ser observadas doze dimensões a serem trabalhadas: Liderança e Política; Estrutura Organizacional; Controle de Inventários; Sistemas Compu- tadorizados de Administração; Manutenção Preventiva; Manutenção Preditiva; Planeja- mento e Programação; Fluxo de Trabalho; Controle Financeiro; Envolvimento das Pesso- as; Recursos Humanos e Treinamento; Melhoramento Contínuo. A função manutenção complementa a função operação e as duas formam a função pro- dução, que possui relevante peso na definição da estratégia empresarial. Xenos (1998) afir- ma que a manutenção tem uma forte relação com os setores produtivos, influenciando principalmente a qualidade e produtividade. Assim, ela desempenha um papel estratégico fundamental na melhoria dos resultados operacionais e financeiros dos negócios. Muitos autores entendem que a estratégia empresarial tem como principal alicerce a fun- ção produção. Segundo Stevenson (2001), a função produção surge como a responsável pela geração do bem (tangível ou intangível) que uma empresa oferecerá ao mercado. Ballestero-Alvarez (2010) afirma que a função produção é a responsável pela definição, captação e agenciamento dos recursos necessários para a perfeita obtenção do bem a ser oferecido. Sendo ela colaboradora e participante, junto com outras duas, marketing e finanças, na definição adequada e coerente de uma estratégia empresarial. Ballestero-Al- varez (2010) observa que as três funções, embora diferentes em seus objetivos particula- res, são interdependentes, inter-relacionadas e todas são imprescindíveis para o sucesso da organização. A área de manutenção ganhou status de função estratégica decorrente do seu atual papel nos sistemas produtivos, onde repousa em seu bom desempenho, a disponibilidade dos ativos e suas devidas calibrações. Este fato contribui para garantir a qualidade intrínseca dos produtos, sendo a manutenção uma participante ativa e importante da estratégia das organizações(NASCIF; KARDEC, 1999). O tema deste livro é a gestão da manutenção. A proposta é fornecer um manual capaz de orientar gestores e pessoal técnico atuantes na manutenção no gerenciamento de uma área mantenedora. Fundamentado em conceitos presentes na temática dentro do espec- tro bibliográfico que a estuda, bem como, baseado na experiência adquirida pelo autor ao longo de mais de duas décadas no ambiente fabril brasileiro. O trabalho foi dividido em dois volumes, no primeiro se apresenta uma conceituação da Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 25 Capítulo 1 - Introdução gestão de manutenção, sendo explorado o seu macroprocesso e os primeiros processos do mesmo: (i) controle inicial; (ii) identificação da demanda e (iii) tratamento da demanda. No segundo volume, trabalha-se os processos restantes do macroprocesso: (i) Controle da Manutenção; (ii) Suporte ao Tratamento da Demanda e (iii) Modificações e Melhorias. Além de apresentar um gabarito (checklist) capaz de averiguar a maturidade de uma área de manutenção frente às melhores práticas de gestão. Ao final do volume, busca-se discutir a gestão da manutenção no contexto da gestão de ativos, bem como, uma contextualização frente às novas demandas da chamada indústria 4.0. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 2 Defeito, Falha e Pane Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 29 Capítulo 2 – Defeito, Falha e Pane A norma brasileira ABNT NBR 5462 define os termos relacionados com a confiabilidade e a mantenabilidade. Ao ler a norma, percebemos uma série de conceitos sobre “defeito”, “falha” e “pane” e ainda, são indicadas diversas configurações destes conceitos, tais como, “defeito crítico”, “defeito maior”, “falha por fragilidade”, “falha primária”, “falha secundária”, “pane permanente”, “pane temporária”, etc. Neste livro vamos focar no entendimento do conceito geral do que venha a ser um “defei- to”, uma “falha” e uma “pane” e quando inicia e termina cada um deles. Vejamos os conceitos aludidos na NBR 5462: 1. Defeito - Qualquer desvio de uma característica de um item em relação aos seus re- quisitos. Notas: a) Os requisitos podem, ou não, ser expressos na forma de uma espe- cificação. b) Um defeito pode, ou não, afetar a capacidade de um item em desempe- nhar uma função requerida 2. Falha - Término da capacidade de um item desempenhar a função requerida. Notas: a) Depois da falha, o item tem uma pane. b) A “falha” é um evento, diferente de “pane” que é um estado. c) Este conceito, como definido, não se aplica a itens compostos somente por software. 3. Pane - Estado de um item caracterizado pela incapacidade de desempenhar uma função requerida, excluindo a incapacidade durante a manutenção preventiva ou ou- tras ações planejadas, pela falta de recursos externos. Nota: uma pane é geralmente o resultado de uma falha de um item, mas pode existir sem uma falha anterior. Nota-se que os conceitos as vezes se sobrepõem, principalmente quando lemos as notas que visam apoiar o entendimento dos conceitos. Prefiro observar tais conceitos através da linha do tempo que representa a progressão do estado do item ou equipamento, de acordo com seu atendimento ante as suas funções requeridas. Observando a figura 1 percebe-se que o primeiro estado de anormalidade apresentado por um equipamento consiste no “defeito”. Neste momento existe uma anomalia, mas a mesma não afeta o atendimento às funções requeridas por parte do equipamento. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 30 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Figura 1 – Defeito, Falha e Pane no eixo do tempo Pode-se exemplificar tal situação como a descoberta, através da análise de vibrações me- cânicas, de uma folga em um rolamento que não gera alta temperatura, nem vibração excessiva. No entanto, é considerada anormal, o que provoca a emissão de um laudo para correção, acarretando assim uma manutenção sob condição. O defeito precede uma falha, uma vez que esta consiste em uma anomalia que afeta algu- ma das funções requeridas. A existência da falha, mesmo que não interrompa totalmente o funcionamento do equipamento, já confere ao mesmo um estado de inconfiabilidade. Basta observarmos o conceito de confiabilidade apresentado na NBR-5462, “capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo”. Sendo assim, ao não atender 100% das suas funções requeridas, o item se encontra em falha, perdendo a sua confiabilidade. A definição do momento da perda da confiabilidade é importante, pois estabelece o término das ações preventivas sobre o equipamento O surgimento da “falha” é o divisor de águas entre a manutenção corretiva e preventiva. Então, toda ação de manutenção realizada antes da falha, inclusive ações para correção de defeitos, são preventivas. Já as ações de manutenção após o surgimento da falha são corretivas. Muitas empresas adotam o início da manutenção corretiva como o surgimento da “Pane”. A mesma consiste na evolução da falha acarretando a parada total do equipamento, que leva o mesmo a não atender nenhuma das suas funções requeridas. Ao adotar a “Pane” como início da manutenção corretiva, a empresa que assim o fizer, favorece a sua percepção de confiabilidade erroneamente, proporcionando uma permissibilidade ina- dequada para eventos de falha. Pois se o equipamento falhar e houver possibilidade de conviver com a mesma sem a geração da pane, a situação pode ser encarada com norma- lidade, o que não é adequado. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 31 Capítulo 2 – Defeito, Falha e Pane Um exemplo da degradação gerada por este entendimento, são as cenas espalhadas pelas plantas industriais mundo afora, como mancais sendo refrigerados na base da mangueira de água ou de ar comprimido, ou equipamentos móveis com uma série de alarmes, mas operando mesmo assim. Enquanto não houver a pane geral, se insiste em sua operação. Nota-se que o MTBF (equação 1), de uma empresa que adota a falha como momento da manutenção corretiva, é menor do que naquela em que se adota a pane. Visto a diminui- ção da contabilidade do número de “corretivas”, conferindo uma falsa impressão de con- fiabilidade para aqueles que observam a pane como início das ações corretivas. (1) MTBF = Horas Disponíveis Número de Corretiva Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 3 Tipos de Manutenção Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 35 Capítulo 3 – Tipos de Manutenção Muitos autores abordam os vários tipos de manutenção possíveis, que nada mais são do que as formas como são encaminhadas as intervenções nos instrumentos de produção. Observa-se uma série de tipos com algumas variações irrelevantes, são exemplos: Manutenção Corretiva de Emergência; Manutenção Corretiva Não Planejada; Manutenção Corretiva Planejada; Manutenção Preventiva; Manutenção Preditiva; Manutenção Autônoma (TPM); Engenharia de manutenção; Confiabilidade de ativos. Percebe-se uma verdadeira confusão nestas definições, muitas vezes provocadas por “on- das” de modismos que buscam introduzir algo novo e mais atraente no mercado, e assim, conquistar uma maior favorabilidade para a venda de um novo serviço de consultoria ou sistema (software) de gestão da manutenção. Na verdade, a meu ver, existem apenasdois tipos de manutenção: (1) Manutenção Preven- tiva e (2) Manutenção Corretiva. 3.1 – Manutenção Preventiva Podemos classificar como manutenção preventiva, todo serviço de manutenção realizado em máquinas que não estejam em falha, estando condições operacionais ou com defeitos que não afetam o atendimento a nenhuma das suas funções requeridas. A manutenção preventiva se divide em dois grupos: (1) Manutenção Sistemática e (2) Ma- nutenção sob Condição. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 36 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 3.1.1 – Manutenção Sistemática São serviços efetuados em intervalos predeterminados ou de acordo com critérios pres- critos, destinados a reduzir a probabilidade de falha. Desta forma proporcionando uma “tranquilidade” operacional necessária para o bom andamento das atividades produtivas. Este tipo de manutenção planejada oferece uma série de vantagens para um organismo fabril. Com relação às corretivas, por exemplo, um almoxarifado mais enxuto e eficiente, através de um plano de preventivas bem elaborado e consolidado na área. As pautas sistemáticas são definidas através de uma pré-análise dos técnicos e engenhei- ros de manutenção. Esta singularidade proporciona uma redução drástica no fator impro- visação, desta forma o índice de qualidade do serviço alcança um nível bem mais alto do que em um ambiente alicerçado basicamente em corretivas. As manutenções sistemáticas reduzem os acontecimentos corretivos, proporcionando o controle sobre o funcionamento dos equipamentos e um elevado grau de autoestima dos homens e mulheres da manutenção. A manutenção sistemática também possibilita um expressivo melhoramento de técnicas e métodos mantenedores, pois a partir do momen- to que a atuação em um equipamento se repete, a visualização de seus pontos se torna mais nítida a cada preventiva sistemática, fazendo com que as pautas sejam atualizadas constantemente. Cabe ressaltar que as inspeções, no que tange ao cumprimento das suas rotas de coleta de dados, são manutenções preventivas sistemáticas. Nota-se algumas dúvidas de conceito na prática em empresas. Por exemplo, a inspeção preditiva é uma manutenção preventiva sistemática ou uma manutenção sob condição? Quanto a realização da coleta dos dados para análise preditiva, ela é uma manutenção sistemática, pois segue uma pauta pré-definida e com uma frequência definida de repe- tição. Ou seja, faça chuva ou faça sol, o inspetor irá cumprir suas rotas sistematicamente. Quando se observa uma anomalia (defeito ou falha) em um dos equipamentos que com- põem a rota de inspeção, surge a manutenção sob condição através da demanda gerada pelo inspetor para correção de tal anomalia. Na maioria das vezes, os inspetores geram laudos para tais correções. Se a anomalia detectada for um defeito, temos uma manuten- Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 37 Capítulo 3 – Tipos de Manutenção ção sob condição de caráter preventivo, mas se a anomalia detectada consistir em uma falha, temos uma manutenção sob condição de caráter corretivo. 3.1.2 – Manutenção sob Condição Na manutenção sob condição, o próprio nome fornece seu conceito, trata-se de ações mantenedoras advindas da observação das condições dos equipamentos relativos a pa- râmetros técnicos, os quais são acompanhados ao longo do funcionamento dos ativos. Como dito anteriormente, a manutenção sob condição se encontra no grupo da preven- tiva, visto na grande maioria das vezes a mesma atuar de forma antecipada à falha. Com isso se constitui uma política de manutenção importante para um desempenho adequado dos equipamentos ante suas demandas produtivas. No entanto, cabe ressaltar que em algumas situações, a manutenção condicional terá caráter corretivo quando a mesma visar corrigir uma demanda de equipamento em estado de falha, com uma ou mais das suas funções requeridas não atendida. A manutenção sob condição tem origem no acompanhamento (inspeção) dos ativos, daí, tem-se três tipos de observação sobre os equipamentos: (1) Inspeção Sensitiva; (2) Inspe- ção Preditiva e (3) Acompanhamento por Telemetria. A inspeção sensitiva é considerada um monitoramento subjetivo das condições de um dado equipamento. É realizado de forma sensitiva, ou seja, através da visão, audição, tato e olfato de uma pessoa que detenha habilidades no processo de manutenção. Este pro- cesso avaliativo pode ser apoiado com ferramentas típicas da metrologia como paquíme- tros ou trenas, objetivando, por exemplo, o acompanhamento do nível de desgaste em peças de sacrifício. A inspeção através de técnicas preditivas, também conhecida como manutenção predi- tiva, consiste em tarefas de manutenção preventiva que visam acompanhar a máquina ou as peças, por medições através de ensaios não destrutíveis ou por controle estatístico. Buscando predizer a proximidade da ocorrência da falha, bem como, a existência de algum defeito. O objetivo é determinar o tempo correto da necessidade da intervenção man- tenedora. Algumas das vantagens deste tipo de inspeção são evitar desmontagens para inspeção e utilizar o componente até o máximo da sua vida útil. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 38 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 As quatro técnicas preditivas mais utilizadas nas indústrias nacionais que optaram por um programa de Inspeção Preditiva são: Ensaio por Ultrassom; Análise de vibrações mecâ- nicas; Análise de óleos lubrificantes e Termografia. No capítulo 8 abordaremos com mais detalhes essas técnicas. O acompanhamento por telemetria em equipamentos trata-se de um monitoramento contínuo de um ativo. Para Kardec e Nascif (2009), sistemas de monitoramento contínuo podem enviar dados em tempo real para computadores com programas de controle, onde especialistas fazem verificações no sistema e são capazes de detectar falhas ocultas. Na maioria dos casos, nas empresas onde se aplica tal práti- ca, os equipamentos são monitorados através de diversos sensores como pressostatos, termopares ou acelerômetros que passam a enviar sinais. Tais sinais são analisados por profissionais que se revezam em regime de turno, de maneira a garantir que ao sinal de demanda de manutenção, defeito ou falha, a atuação de correção seja encaminhada. Em alguns casos (defeitos) direcionada para o PCM, uma vez que há tempo para o planeja- mento da ação e em outros casos (falhas), são direcionadas para o pronto atendimento da manutenção, conhecidas nas empresas como equipes “da corretiva” ou “do turno” - uma vez que já afetam o desempenho dos equipamentos, podendo até gerar danos irrepará- veis aos mesmos. 3.2 – Manutenção Corretiva Como dito a algumas páginas atrás, a Manutenção Corretiva consiste em tarefas man- tenedoras realizadas após a ocorrência de uma falha, destinada a colocar um item em condições de executar suas funções requeridas. Importante ressaltar que o conceito de manutenção corretiva adotado neste livro, difere do conceito apresentado na NRB-5462, o qual transcrevo: “Manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida”. A distinção repousa em qual momento se caracteriza o divisor de águas entre corretiva e preventiva, a NBR-5462 considera que este momento é a “Pane”, já a meu ver este mo- mento está na “Falha”, as razões para este entendimento estão expressas no capítulo 2. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 39 Capítulo 3 – Tipos de Manutenção Observe que a definição de corretiva, seja a que considera a “pane” ou a “falha” para seu início, omite o caráter planejamento em tal tipificação, no entanto, a corretiva em alguns momentos pode e deve ser planejada e programada, daí surge duas variações da manu- tenção corretiva: (1) Corretiva Emergencial e (2) CorretivaPlanejada. 3.2.1 – Manutenção Corretiva Emergencial A Manutenção Corretiva Emergencial é a intervenção imediata, necessária para evitar gra- ves consequências aos ativos de produção, a segurança do trabalhador ou ao meio am- biente. A situação não pode esperar, sendo assim, mobiliza-se as equipes de pronto atendimento existentes na empresa, buscando-se soluções a curtíssimo prazo para recolocar o ativo em condições para o atendimento das suas funções requeridas. No entanto, na manutenção nem tudo corre perfeitamente, existem situações que a falha leva a uma pane de grandes proporções, ou de grande dificuldade para resolução, surgindo então a necessidade de planejar a intervenção mantenedora, ou seja, temos então a Ma- nutenção Corretiva Planejada. 3.2.2 – Manutenção Corretiva Planejada A manutenção corretiva planejada pressupõe o conhecimento prévio da falha ou pane, através de inspeção, monitoramento preditivo ou efeito nítido da mesma. O ideal seria atuar na demanda corretiva de forma a solucioná-la de imediato, no entanto na vida prática da manutenção nem sempre isto é possível, basicamente por duas razões: Situações em que a falha levou a uma pane de grandes proporções, ou de grande dificuldade para resolução; Existência de redundâncias na planta que eliminam a dependência do ativo que ve- nho a pane, possibilitando assim a tomada de decisão de escolha de data futura para intervenção, o que permite o planejamento da atividade mantenedora. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 40 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Nota-se que o viés de “planejada” não repousa em escolher o dia em que a corretiva irá ocorrer, isto é impossível e ilógico, na verdade quando fala-se em corretiva planejada, quer- -se dizer que a intervenção mantenedora para realocação do equipamento em ordem terá caráter planejável e programável. Logo, a palavra “planejada” neste contexto denota a pre- paração da ação mantenedora para resolução de uma demanda surgida corretivamente. A tabela 1 resume os tipos de manutenção, suas abordagens e técnicas adotadas dentro do contexto da demanda mantenedora. Tabela 1 – Tipos, abordagens e técnicas de Manutenção Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 4 Manutenção e Gestão de Ativos Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 43 Capítulo 4 – Manutenção e Gestão de Ativos A área de Gestão de Ativos assumiu com o passar do tempo um papel estratégico nas organizações, visto que os resultados dos seus processos podem afetar substancialmente a sustentabilidade empresarial e a sua imagem perante a sociedade, especialmente em casos de insucessos nos aspectos ambientais (LOPES; 2016) e de serviços prestados dire- tamente à população. Os níveis de disponibilidade e confiabilidade dos ativos são exigidos de forma crescente e desafiadora em grande parte dos setores produtivos, onde as equipes de manutenção buscam cada vez mais desenvolver não só novas técnicas operacionais como também novos métodos de gestão da manutenção, desenvolvendo assim a engenharia da confia- bilidade. Alinhado com este contexto presente nas organizações em todos os cantos do globo, sur- giu em 2014 as normas ISO da série 55000, demonstrando a clara opção dos engenheiros de manutenção e operações em desenvolver métodos gerenciais capazes de elevar o nível de coordenação entre os diversos processos que suportam o desempenho de um ativo. De acordo com a norma ISO 55000:2014, “o controle eficaz e a governança dos ativos pelas organizações são essenciais para obter valor por meio do gerenciamento de riscos e oportunidades, a fim de atingir o equilíbrio desejado entre custo, risco e desempenho” (ABNT; 2014). Nota-se a demanda sobre um gerenciamento de riscos que possibilite um controle eficaz, daí, realçando a preocupação já presente nas organizações em seus setores de manuten- ção e operações: a confiabilidade dos ativos. Partindo do pressuposto da ISO 55000:2014 (ABNT; 2014), onde “um sistema de gestão de ativos é um conjunto de elementos inter-relacionados e interagidos de uma organiza- ção, cuja função é estabelecer a política e objetivos de gestão de ativos e os processos ne- cessários para alcançar esses objetivos”, podemos entender que a Gestão da Manutenção como uma função, onde repousa diversos elementos inter-relacionados e que interagem fortemente com outras áreas de uma organização, como a função operar, suprimentos, segurança no trabalho, gestão econômica, pesquisa operacional, entre várias outras. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 44 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Nota-se que Gestão de Ativos pressupõe o envolvimento de todas as áreas da organização na obtenção do valor dos ativos com menor risco e custo para suas operações, trata-se de uma relevante mudança de visão normalmente estabelecida nas organizações. A figura 2, ilustra a articulação entre as diversas áreas de uma organização na Gestão de Ativos, a figura remete a um sistema de transmissão de engrenagens, onde cada uma delas representa uma área temática de uma organização, e associado a cada uma delas, as principais ações que as mesmas devem encampar na edificação de um sistema efetivo de Gestão de Ativos. Figura 2 – Articulação entre áreas no contexto da Gestão de Ativos: Adaptado da Norma ABNT: ISO 55000 A discussão promovida neste livro visa versar sobre a organização da Função Manutenção, buscando atender aos objetivos referentes a área de Manutenção na Gestão de Ativos, cabe ressaltar que diversas atividades da Gestão da Manutenção, uma vez executadas, suportarão ações de outras áreas no contexto da Gestão de Ativos, como por exemplo, o planejamento de investimentos na área financeira e as premissas de capacitação das equipes mantenedoras na área de Recursos Humanos (RH). Desta forma, pode-se constatar a importância estratégica da Função Manutenção para a Gestão de Ativos, e, por conseguinte, para a obtenção de valor para organização, e o seu controle operacional de riscos. Gestão de Riscos • Identifica risco potencial assciados aos ativos; •Elaboração de controles de riscos. Jurídico •Atendimento aos requisitos legais. Gerencia Financeira •Planejamento de investimentos; •Aprovação de Investimentos; •Cadastro de Ativos. Gerencia Comercial •Seleção de Fornecedores com menos custo de vida; •Sincronismo com as necessidades das demais gerências; •Logística e Gestão de sobressalentes em estoque. Gerencia de Manutenção •Monitoramento da condição dos ativos; •Atuação para garantia de disponibilidade; •Registro de falhas e perdas; •Análises de falhas e aumento de disponibilidade; •Execução dos Planos de Manutenção; •Gestão de riscos relacionados aos equipamentos. Comunicação •Divulgação de informações pertinentes ao sistema de gestão ativos ao público interessado. Gerencia de Projetos •Projetar ativos com menor custo de vida; •Coordenação da participação de outras disciplinas na fase do projeto; •Projetar ativos que contenplem a manutenabilidade e operação de ativos. Gerencia de Operação •Cumprimento do Plano de Produção; •Operação adequada dos ativos; •Registro de Perdas e Ocorrências; •Disponibilizar os sistemas para manutenção. Gerencia de RH •Capacitação e Treinamento das Equipes; •Estrutura Oganizacional. Gerencia de TI •Desenvolvimento de soluções e suporte ao SGA; •Garantir a segurança e integridade das informações. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 45 Capítulo 4 – Manutenção e Gestão de Ativos Surge então a conclusão de que uma adequada Gestão de Ativos, passa necessariamente por uma Gestão da Manutenção bem articulada e competente. Dificilmente uma organização conquistará um nívelavançado na gestão de seus ativos, sem uma Função Manutenção bem gerida, com seus processos articulados de forma efe- tiva e eficaz. O olhar sobre a Gestão da Manutenção é condição básica para a construção de um am- biente salutar, onde haja um método padronizado, dono de rotinas claras, capazes de arti- cular esforços das equipes internas à manutenção, bem como, as suas interfaces, gerando assim os fundamentos para o sucesso nos resultados. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 46 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Observa-se diversos trabalhos na literatura envolvendo a Gestão da Manutenção e a Ges- tão de Ativos, apesar de ser relativamente recente o lançamento das normas da série ISO 55000 (2014), além da Função Manutenção, trabalhos explorando a relação da gestão de ativos e temas transversais ao gerenciamento de empresas de capital incentivo, também estão cada vez mais presentes, podendo-se citar o título “Asset management excellence: optimizing equipment life-cycle decisions”, onde CAMPBELL ET AL (2016), aborda com as decisões sobre investimentos podem ser otimizadas através da pesquisa dos ciclos de vida dos Equipamentos. No campo da indústria 4.0, a Função Manutenção desenvolve-se rápido, observa-se que desde meados de 2005, apresentam-se estudos envolvendo a Gestão da Manutenção e aplicações de inteligência artificial, podendo citar trabalhos aplicados no setor elétrico (LÚ- CIO; 2009), no desenvolvimento de técnicas de manutenção baseada na condição com o uso de inteligência artificial (SIMEÓN; 2009), gestão de ativos em sistemas de distribuição de energia (Brown; 2005), e sistemas de distribuição de água (COELHO; 2015). No entanto, deixemos este tema da Função Manutenção e sua articulação com a quarta revolução industrial para o volume II, onde discutiremos mais detalhadamente. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 5 Estrutura organizacional da Manutenção Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 49 Capítulo 5 – Estrutura organizacional da Manutenção No meu livro “Fatores de sucesso na gestão da manutenção de ativos” publicado em 2016, percebe-se que a estrutura organizacional da função Manutenção, se configura em um dos fatores de sucesso, ocupando lugar de destaque para se atingir a adequada gestão da ma- nutenção. Este pensamento é corroborado por vários autores (INGALLS, 2001; MONCHY, 1989; CALIGARO, 2003). Há consenso na literatura em não haver um modelo fechado para a função manutenção, que permita distribuir em um organograma os recursos humanos de um departamento de manutenção, visto que cada empresa possui sua especificidade, por exemplo, para Cam- pbell (1995) não existe uma estrutura organizacional que possa ser considerada correta e que possa ser implantada em qualquer organização sem ajustes e adaptações, para o autor, o que existe são estratégias que podem ser utilizadas em situações específicas. Calligaro (2003) observa que questões como: posição, níveis hierárquicos e configuração da organização, devem ser estabelecidos com base nos objetivos e metas traçadas por cada organização. O autor também identifica três formas básicas de organização: centrali- zada, descentralizada e combinada. Para Monchy (1989), a centralização deve ser administrativa e hierárquica, enquanto a des- centralização geográfica deve ser realizada no nível das atividades, para o autor as vanta- gens de uma estrutura centralizada, são: a) Otimização do emprego de recursos; b) Maior controle dos custos de manutenção; c) Padronização dos processos; d) Acompanhamento padronizado dos equipamentos e suas falhas; e) Agrupamento adequado de investimentos de maior envergadura; f) Melhoria na gerência dos recursos. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 50 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Em relação à descentralização geográfica, as vantagens observadas por Monchy (1989) em seu estudo, são: a) Delegação de responsabilidade aos supervisores; b) Relacionamento mais próximo com o cliente dos serviços; c) Melhor gestão devido a equipes menores e multidisciplinares; d) Eficácia e rapidez nas intervenções. Normalmente, em algumas indústrias, quando nos referimos a Produção, pensamos estar falando da Operação, uma interpretação equivocada, pois a Produção engloba a Manu- tenção e Operação, sendo que estas ocupam um mesmo nível hierárquico dentro de uma organização produtiva. No Brasil percebe-se uma variação nas empresas em relação à escolha do modelo organi- zacional da manutenção. O documento nacional da ABRAMAN de 2013 suporta tal enten- dimento. Ao observar a Tabela 2, nota-se que em oito pesquisas, ocorridas em diferentes anos, não existe um modelo preferido pela indústria brasileira, reforçando a percepção de Campbell e Calligaro sobre a inexistência de um modelo fechado para as organizações, ficando a cargo da especificidade de cada uma sobre sua escolha. Tabela 2 – Formas de organização da manutenção (ABRAMAN, 2013). Este entendimento também é observado por McGuen apud Higgins et al. (2001), quando afirma que nenhuma planta industrial demanda uma organização totalmente centralizada ou totalmente descentralizada, sendo importante a utilização de uma combinação que resulte no melhor conjunto de vantagens para dada operação produtiva, daí a escolha dependerá de aspectos como localização, geografia, tamanho e idade da planta, tamanho Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 51 Capítulo 5 – Estrutura organizacional da Manutenção das equipes de manutenção e outras peculiaridades das instalações. Outro ponto importante na discussão sobre a estrutura organizacional da manutenção repousa no nível hierárquico da sua estrutura nas empresas. O documento nacional da ABRAMAN de 2013 observa uma diversificação nas escolhas das empresas pesquisadas no Brasil. A Tabela 3 indica a variação no nível hierárquico das estruturas de manutenção nas companhias, onde cerca de 24,83% possuíam gestores da função em seu nível de diretoria. Percebe-se em 2013 a tendência dominante das empresas de inserirem a gestão da ma- nutenção em seus níveis gerenciais, denotando assim uma opção de posicionar a função manutenção nos sites produtivos, ao lado dos seus pares de operação, e subordinados a um único nível hierárquico. Tal tendência pode indicar uma preocupação no reforço das interfaces das áreas que formam a produção. A Tabela 3 apresenta os níveis hierárquicos da manutenção segundo ABRAMAN, 2013. Tabela 3 – Níveis hierárquicos da manutenção (ABRAMAN, 2013). Nas grandes organizações é possível identificar a existência de uma Diretoria com foco em manutenção, revelando em alguns casos a opção da Manutenção como Função estratégi- ca. Esta tendência em 2013, sofreu um viés de elevação, passando de 24,83% para 29,53% das pesquisadas, talvez devido a importância estratégica cada vez maior da manutenção dos ativos em um ambiente de indústria 4.0, as organizações estejam movimentando-se para se aparelhar para uma realidade bem mais complexa em torno da função Manuten- ção, o que de fato percebemos em vários aspectos no mercado, daí minha expectativa para um futuro promissor para os profissionais e estudantes que militam ou desejam mi- Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 52 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 litar na área nas próximas décadas. No entanto, no contexto do mercado atual, a normal é que a Manutenção ocupe um nível de gerência departamental, da mesma forma que a operação. Na estrutura de um departamento de manutenção, é nítida a presença de três áreasde atuação: (1) o Planejamento e Controle da Manutenção (PCM); (2) a Engenharia da Manu- tenção e (3) a Execução da Manutenção. O PCM consiste em uma área staff, ou seja, de suporte à manutenção, sendo ligado dire- tamente a gerência de departamento, como podemos visualizar no organograma apresen- tado na figura 3. Figura 3 – Organograma tradicional de um departamento de Manutenção Também ligada a gerência vemos a área de Execução da Manutenção que corresponde às equipes de campo, tanto preventivas, como corretivas, estas também chamadas de equi- pes de turno ou “Grupos de Pronto Atendimento” (GPA). Cabe a tais equipes o papel da execução das ordens de serviço de caráter de intervenção nos ativos, ou seja, como se diz no chão de fábrica, são as equipes com a “mão na mas- sa”, ou com a “mão na ferramenta”, nelas se encontram os profissionais gabaritados nas técnicas que envolvem o projeto do ativo, como a mecânica, hidráulica, elétrica, eletrônica, programação, instrumentação, etc. Sua demanda de conhecimento é imensa, bem como, de atualização, uma vez a velocidade de transformação dos processos fabris que testemu- nhamos neste século XXI. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 53 Capítulo 5 – Estrutura organizacional da Manutenção A área de Engenharia de Manutenção pode existir ou não nas empresas, depende do grau de maturidade das mesmas, no entanto, no contexto da indústria 4.0 cada vez mais pre- sente, é praticamente inviável a inexistência da engenharia de manutenção, pois através da mesma, tem-se a aplicação dos processos de modificações e melhorias, bem como, o poder de análise e proposição para o futuro da função. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 6 Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 57 Capítulo 6 – Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção Um dos desafios a serem abordados atualmente na gestão da manutenção, consiste na elaboração do desenho de sistemas de gerenciamento da função manutenção e sua im- plementação em organizações que necessitam de capital intensivo para suas operações. Observa-se a tendência das organizações em reorientarem suas estruturas organizacio- nais, passando da estrutura de gestão funcional para a estrutura de gestão por processos, na função manutenção nota-se esforços na busca da sistematização dos seus visando melhores resultados. Nos Congressos Internacionais de Manutenção dos últimos anos, um grande número das conferências trata da Gestão de Ativos (TAVARES & GOMES, 2015), uma vez que, com a evolução tecnológica, a globalização e a competitividade, cada vez mais empresas devem buscar ser mais eficientes e eficazes, mantendo alto nível de qualidade, tempo de entrega adequados, eliminação de riscos de acidentes e de contaminação (WAGNER, 2014). A norma ISO 55000 lançada em janeiro de 2014, surge dentro deste contexto da busca de uma gestão por processos, que envolvem a gestão de ativos, onde a gestão da manu- tenção encontra lugar de destaque, o que indica uma nova abordagem para área, como Tavares & Gomes (2014) afirmam, “não existem mais dúvidas de que a Manutenção deixou de ser uma função de mera “reparadora daquilo que quebrou” para se converter na mais importante área funcional das empresas (seja de processo ou serviço) ao se converter em Gestora de Ativos Físicos e, em consequência, coordenadora do processo geral de admi- nistração de ativos das empresas”. Assim, torna-se necessário estudos sobre a função Manutenção através das lentes da gestão de processos, contribuindo neste esforço de formulação de sistemas de gestão de ativos cada vez mais alinhados com os objetivos e particularidades das organizações, as quais dependem do melhor desempenho dos seus ativos físicos, uma vez que, não é possível a formulação de uma “receita padrão” para o desenvolvimento dos processos da gestão de manutenção em direção à excelência, visto sua complexidade, mas é possível explicar alguns aspectos comuns em diferentes tipos de indústrias (SPÖRK, 2007). A norma ISO 55000 (2014) fornece uma visão geral da gestão de ativos e sistemas de gestão de ativos, observa-se através da norma a cooperação internacional de profissionais na identificação de práticas comuns no tema, que podem ser aplicadas em grande número de empresas detentoras de ativos físicos para suas operações. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 58 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 A figura 4 indica o raciocínio adotado pela norma ISO 55000 (2014), no encadeamento entre os termos-chave na gestão de ativos, observa-se em especial o posicionamento do “Sistema de gestão de ativos”, onde consiste no conjunto de elementos inter-relaciona- dos que estabelecem a política, os objetivos da gestão de ativos e processos na busca do atendimento as metas da gestão de ativos. Figura 4 – Encadeamento entre os termos-chave na gestão de ativos – Adaptado da norma ABNT ISO 55000 Para Viana (2016) os fatores de sucesso na gestão de ativos e, por conseguinte, em um sistema de gestão de ativos, repousam em diversos sistemas que articulam os proces- sos internos da função manutenção, tais como: (1) sistema de planejamento e controle da manutenção; (2) sistema de custeio da manutenção; (3) sistema computadorizado de administração da manutenção. Percebe-se na literatura a importância da articulação de tais processos em um macropro- cesso, de forma a permitir a gestão por macroprocessos organizacionais. Netto (2004) propõe ligações entre estratégia em operações, cultura organizacional e ges- tão de macroprocessos (figura 5). Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 59 Capítulo 6 – Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção Figura 5 – Ligações entre estratégia em operações, cultura organizacional e gestão de processos –Adaptado de Netto (2004) Estas ligações demonstram a necessidade da definição de macroprocessos para o sucesso das estratégias das organizações, no caso, da gestão de ativos, o macroprocesso de ma- nutenção revela-se como necessidade, uma vez que a função manutenção ocupa lugar de destaque na gestão de ativos (TAVARES E GOMES, 2015). Por quase 20 anos trabalhei no setor de mineração, liderando equipes em desafios na área de operações, passei por diversas experiências de implantação de sistemas integrados de gestão, como por exemplo, na Mineração Rio do Norte, Votorantim e Vale. Nestas caminhadas tive contato através do aprendizado teórico e da vivência prática e aplicada de vários métodos e técnicas voltadas para a melhor gestão da função Manuten- ção, Também, entre 2010 e 2013 decidi estudar a nível de doutorado, sob a orientação do pro- fessor José Luiz Ribeiro na UFRGS, os fatores de sucesso na gestão da manutenção de ativos. Algumas lógicas adotadas para a gestão da manutenção, me chamaram a atenção, por exemplo, a representada na figura 6, fonte: Saraiva et. al. (2012). In sp ira Im plicam Induz Ro fo rç a Viabiliza Prepara para a mudança Cultura Organizacional Gestão por Macroprocessos Organizacionais Estratégia em Operações Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 60 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Figura 6 – Macroprocesso da manutenção em uma mineradora - Fonte: Adaptado de Saraiva e Silva (2012) A separação clara entre as atividades da “engenharia da manutenção”, “planejamento” e “execução”, confere ao modelo aplicado (ilustrado na figura 6), qualidades positivas no que tange a perspectiva de papéis e responsabilidades dos setores da organização, no entanto, aausência de um encadeamento mais lógico, favorecia as sobreposições, além de dificul- dades na gestão de interfaces. Quando houve minha migração da iniciativa privada para a universidade pública, pude desenvolver alguns projetos em empresas de vários ramos produtivos, em uma delas, no setor sucroenergético, pude contribuir na elaboração de um plano diretor da manutenção, onde o mesmo lançava as bases para um novo sistema de gestão, a figura 7 apresenta o macroprocesso desenvolvido, com a indicação de 6 (seis) processos da Manutenção e suas respectivas atividades, sendo uma prévia da construção do macroprocesso que proponho neste livro. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 61 Capítulo 6 – Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção Figura 7 – Macroprocesso de uma empresa do setor Sucroenergétic o Nesta organização observou-se a inexistência de um macroprocesso para função Ma- nutenção, o que gerou uma discussão mais aberta sobre o tema, possibilitando assim a construção de uma proposta rica de discussões, e principalmente, livre de vínculo a um modelo pré-existente, no entanto, com a preocupação de vínculo aos valores e objetivos estratégicos da organização, garantindo o devido alinhamento entre as diretrizes estraté- gicas da empresa com suas equipes técnicas. O trabalho se desenvolveu além da formulação de um PDM, gerando a implantação de um sistema de gestão da manutenção (SGM), o que possibilitou uma experiência real de utilização do sistema CIT & CSM, sendo a mesma positiva e com bons feedbacks dos pro- fissionais impactados. Também se observou na literatura alguns modelos que apontavam para um macroproces- so da função manutenção, como a famosa pirâmide de Wireman (1998) e o arco de Nyman e Levitt (2001). Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 62 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Wireman (1998) organiza os processos que influenciam a gestão da manutenção em uma pirâmide, lançando a noção da necessidade de se ter uma base sólida para suportar pon- tos mais avançados, o autor hierarquiza tais processos, estipulando aqueles que formam a base, e os de fases mais avançadas que serão suportados pelos mais básicos, conforme ilustra a Figura 8. Figura 8 – Pirâmide da Manutenção Já os autores Nyman e Levitt (2001) organizam os processos da função manutenção na forma de um arco, semelhante à pirâmide de Wireman. A Figura 9 ilustra a lógica defendi- da por esses autores. Percebe-se que a pedra fundamental que sustenta o arco de Nyman e Levitt (2001) são a “manutenção preventiva” e a “manutenção preditiva”, para Wireman (1998) a base da sua pirâmide é a “manutenção preventiva”, constate-se a preocupação dos autores em alicerçar a gestão da manutenção em seu processo básico de realização de serviços antes da ocorrência da falha. Esta abordagem é relevante, na medida em que sugere que nenhum avanço na função manutenção terá sustentabilidade, caso não se tenha um fundamento sólido nas ativida- des básicas da manutenção, como aquelas que garantem a adequada aplicação de uma manutenção preventiva. Em 2016 lancei o livro “Fatores de sucesso na gestão da manutenção de ativos”, nele além de explorar os autores até aqui citados, abordei diversas outras obras, buscando entender Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 63 Capítulo 6 – Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção como ao longo do tempo se organizou os processos da função manutenção, nesta busca percebi que pouca se encontrava sobre a organização dos processos em um macroproces- so capaz de fundamentar um sistema de gestão da manutenção. Figura 9 – Arco da gestão da manutenção - Fonte: Nyman e Levitt (2001) Dentro deste contexto de base teórica e vivência prática, complementado pelo conheci- mento adquirido após várias revisões bibliográficas e experiências em campo, decidi pro- por um sistema de gestão da manutenção para organizações de capital intensivo, onde a estratégia de produção depende necessariamente do bom desempenho dos ativos físicos nelas instalados. Na proposta do sistema de gestão da função Manutenção, apresentando primeiramente seu macroprocesso, composto por 6 (seis) processos: (1) Controle Inicial, (2) Identificação da demanda; (3) Tratamento da demanda; (4) Controle da manutenção, (5) Suporte ao tratamento da demanda e (6) Modificações e melhorias. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 64 Herbert Viana - Manual de Gestão da Manutenção - Volume 1 Destes, seis processos têm origem a denominação que escolhi para o sistema de gestão, o chamando de “Sistema CIT & CSM” para gestão da manutenção, sendo o termo “CIT” alusivo aos processos mínimos, ou podemos chamar de básicos, para o funcionamento da função manutenção, no caso: (1) “C” de Controle Inicial; (2) “I” de Identificação da Deman- da e (3) “T” de Tratamento da Demanda. Já o termo “CSM” refere-se aos processos mais avançados para uma função manutenção, sendo eles: (1) “C” de Controle da Manutenção; (2) “S” de Suporte ao tratamento da de- manda, e (3) “M” de Modificações de Melhorias para manutenção. Vinculados aos seis processos identificados existem 26 (vinte e seis) atividades neces- sárias para a adequada atuação da função Manutenção em uma organização de capital intensivo, conforme indicado na figura 10. A partir do macroprocesso do sistema CIT & CSM explora-se neste livro cada um dos pro- cessos e suas respectivas atividades, buscando manualizar o máximo possível o trabalho, oferecendo desta forma para o leitor as condições necessárias para que possa utilizar a obra como literatura básica para o entendimento de como se processa a Gestão da Ma- nutenção, neste caso visando atender o público dos estudantes, como se pode implantar e também gerir um departamento de manutenção, sendo assim uma literatura de apoio aos profissionais da área. O modelo CIT & CSM foi implantando com sucesso em empresas de diversos setores pro- dutivos, por exemplo, pode-se citar a implantação até o ano de 2020, no setor de açúcar e álcool (Raizen Energia), movimentação de cargas (Makro Engenharia), Logística (Makro Transporte) e Carcinicultura (Camanor Produtos Marinhos). Desta forma percebe-se a ver- satilidade do modelo, demonstrando adaptabilidade a Função Manutenção em diversos contextos de produção e gestão de ativos. Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 65 Capítulo 6 – Sistema CIT & CSM para Gestão da Manutenção Figura 10 – M acroprocesso do Sistem a C IT & C SM para gestão da Função M anutenção Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Capítulo 7 O Sistema de Gestão, o Plano Diretor da Manutenção (PDM) e a Governança da Manutenção Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 Licensed to Alessandre da Silva Higa - alessandrehiga@gmail.com - HP12315967112168 69 Capítulo 7 – O Sistema de Gestão, o Plano Diretor da Manutenção (PDM) e a Governança da Manutenção Segundo Martins e Laugeni (2002), todas as atividades desenvolvidas por uma empre- sa visando atender seus objetivos de curto, médio e longo prazo se inter-relacionam, na maioria das vezes de forma complexa. Diante disso, como tais atividades transformam insumos e matérias-primas em produtos acabados e/ou serviços, demandando recursos das mais variadas dimensões (pessoas, sistemas informatizados, técnicas, etc.), a necessidade de um sistema gerencial capaz de articular tais insumos, matérias-primas e recursos, de maneira eficaz, tornando a comple- xidade das relações em atividades de rotina que sigam um método eficaz de gestão deste universo produtivo. Nesse sentido, a implantação de um Sistema de Gestão de Manutenção
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