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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU DENISE REGINA ANDRADE DOS SANTOS ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DIREITO DE POSSE E PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS SÃO PAULO 2022 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (I) Elaborar petição inicial de ação possessória a partir do seguinte caso: Alberto, residente e domiciliado no bairro de Pinheiros, na Capital do Estado de São Paulo, é proprietário de um sítio situado em Campinas - SP. Como Alberto vai poucas vezes ao sítio, Mário, proprietário do sítio vizinho, e residente e domiciliado em Santos - SP, avisa ao funcionário de Alberto que irá deslocar a cerca de arame que divisa os dois terrenos, para usar aquela faixa de terra para passagem de seu gado, pelo período de dois meses. Um mês depois, o vizinho Mário desloca a cerca de arame cinco metros para dentro do terreno de Alberto, reduzindo sua área. Prontamente, Alberto providencia o deslocamento da cerca para a sua posição originária. Passado um mês, o vizinho Mário desloca, novamente, a cerca de lugar, para passagem de seu gado, e, no final do mesmo dia, providencia o deslocamento da cerca para a sua posição originária. Passado mais um mês, o vizinho Mário repete a sua mesma conduta do mês anterior, providenciando, no final do dia, o deslocamento da cerca para a sua posição originária. Passados mais três meses, como, até então, não houve reclamação por parte de Alberto, seu vizinho Mário desloca, mais uma vez, a cerca de lugar, mantendo-a nessa posição, para passagem de seu gado, naquela faixa de terra. (FONTE OAB-SP - EXAME 124º - ADAPTADA) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS. ALBERTO, brasileiro, (estado civil), (profissão), (e-mail), inscrito no Registro Geral sob o n° (XX.XXX.XXX-X), portador do CPF sob o n° (XXX.XXX.XXX-XX), residente e domiciliado no Bairro de Pinheiros, São Paulo/SP, (endereço completo), vem mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada que esta subscreve (procuração anexa – doc. 01), ajuizar AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR com fulcro nos artigos 560 e seguintes do Código de Processo Civil, em face de MÁRIO, brasileiro, (estado civil), (profissão), (e-mail), inscrito no Registro Geral (RG), sob nº XX.XXX.XXX-X, portador do CPF sob n° XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado em Santos/SP, (endereço completo), com base nas razões de fato e de direito a seguir expostas. I- DOS FATOS O Requerente é proprietário e possuidor de um sítio situado na cidade de Campinas, no estado de São Paulo, conforme certidão de matrícula (certidão anexa – doc. 2), expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis competente. Ocorre que, o imóvel citado faz divisa com outra propriedade, no caso o da Requerida, sendo estas terras delimitadas e limitadas por uma cerca. Aproveitando-se da ausência do Requerente, que vai poucas vezes ao sítio o Requerido alterava a posição da cerca, avisando o funcionário da Requerida que ficava responsável pelo local, adentrando nas terras de Alberto, para que conseguisse usar este espaço para transpassar seu gado, retornando a cerca para seu local devido, após utilizar, pelo período de dois meses. Um mês depois, o Requerido desloca a cerca de arame cinco metros para dentro do terreno do Requerente, reduzindo sua área. Prontamente, o Requerente providencia o deslocamento da cerca para a sua posição originária. Ocorre Excelência, que da última vez, que o Requerido, alterou a cerca de lugar, ele não colocou novamente em sua posição de origem, de modo que a cerca permanece até a data da presente ação, aumentando assim as dimensões de suas terras, obstruindo assim as o Requerente. Deste modo, não encontrou outras formas, se não buscar amparo judicial, para proteger sua posse, obter de volta a sua faixa de terra e ter resguardado seu direito, livre de novas ocorrências como essa. Esta é a síntese do que ora se faz necessário. II- DO DIREITO II.I- DA POSSE E DO ESBULHO Vejamos Excelência, nosso Código Civil, em seu artigo 1.196, caracteriza a posse como: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. A posse em questão, é considerada ad interdicta, tendo em vista que a Requerente a exerce de modo justo, nem se encontra eivada dos vícios de violência, clandestinidade e precariedade. Assim, o titular dessa posse justa, conforme entendimento majoritário tanto doutrinário quanto material, pode reclamar e obter a possessão possessória contra quem a esbulha, à luz do art. 1.210 do Código Civil: “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado”. Por fim, cabe salientar a configuração do esbulho por parte do requerido, uma vez que se recusa a reestabelecer a cerca ao seu local de origem, procedendo com a devolução à requerente da parte do terreno que a esta pertence. A pretensão do autor encontra amparo nos artigos 560e no artigo 562 primeira parte, do CPC: “Art. 560 – O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho”. “Art. 561 – Incumbe ao autor provar: I – A sua posse; II – A turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – A data da turbação ou do esbulho; IV – A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.” “Art. 562 – Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada”. A tutela jurisdicional pretendida pelo Requerente também encontra amparo na jurisprudência pátria: “Apelacao Civel: Posse - Ação de reintegração c/c indenização - Muro divisório - Invasão do terreno limítrofe - Marcos antigos não respeitados - Posse e esbulho configurados - Ação procedente - Efeito indenizatório da faixa de terreno desapossada - Muro e construção já concluídos - Nunciação de obra nova improcedente - Apelação provida para julgar-se procedente em parte a ação. Caracteriza-se o esbulho e autoriza a procedência da reintegratória, a construção de muro no limite com o terreno vizinho em desrespeito a marcos divisórios antigos, ali existentes e exteriorizadores da posse do proprietário lindeiro. Consumada a construção do muro e de outra edificação na divisa dos imóveis, motivo que determinou a improcedência da ação de nunciação de obra nova que tramitou paralelamente à de reintegração, o esbulho perpetrado deve ser reparado mediante indenização correspondente ao valor da área subtraída. (TJ-SC - AC: 510641 SC 1988.051064-1, Relator: Alcides Aguiar, Data de Julgamento: 03/06/1994, Segunda Câmara de Direito Comercial, Data de Publicação: Apelação cível n. 38.137, de São Miguel do Oeste.). III- DA TUTELA DE URGÊNCIA Diante da comprovação da plausibilidade do direito da requerente, devidamente, atestada pela juntada de prova pré-constituída, requer à Vossa Excelência, medida liminar com o objetivo de coibir qualquer ameaça que, porventura, venha a ser praticada pelo requerido. Cumpre, ainda, ressaltar, conforme o art. 567 do CPC, que a não observância da decisão judicial cominará na faculdade, deste respeitável juízo, aplicar multa pecuniária diária, de natureza coercitiva, tendo como finalidade inibir a injusta ação do requerido: “Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ouesbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.” Neste sentido, a título de sugestão, a requerente opina pela aplicação de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Por todo exposto, requer a concessão de antecipação de tutela nos termos do artigo 300 do Código de processo Civil, tendo em vista que o real perigo de dano e a demora podem resultar numa situação na qual a requerente, além da perda da posse de parte do terreno de sua propriedade, executada construção indevida por parte do requerido, ainda se verá praticamente impossibilitada de ter acesso à sua residência. IV- DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer se digne a Vossa Excelência a: a) Conceder liminarmente a ordem de reintegração de posse do imóvel, expedindo- se o competente para tanto, conforme determina o artigo 562 do CPC; b) Caso entenda necessária, que seja designada a audiência de justificação prévia, conforme o dispositivo supracitado, em sua parte final; c) Determinar a citação do réu, via Oficial de Justiça, para que, apresente contestação; d) Ao final, que seja a ação julgada totalmente procedente, a fim de reintegrar a posse da faixa de terra ao Requerente, por ser medida de JUSTIÇA; e) Requer ainda, a estipulação de penalidade à Requerida, em face de eventuais e novos atos ilícito possessórios. Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em direito adquiridos. Dá-se a causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Nestes termos, Pede e espera deferimento. Santana de Parnaíba/SP, 10 de abril de 2022. Advogado OAB/SP.
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