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Sistema Somatossensorial - Fisiologia da Dor

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Sistema somatossensorial – parte II 
Fisiologia da dor 
Objetivos: entender a função da dor; entender como a 
experiencia dolorosa é formada pelo SN 
Recapitulando: 
 
INTRODUÇÃO 
• Dor = conjunto de experiências sensoriais e 
emocionais desagradáveis provocada por dano 
tecidual real ou potencial 
Função da dor = mecanismo de proteção que 
incentiva a fuga ou busca por tratamento 
A dor se inicia a partir da ativação de um receptor, que gera 
sinais elétricos a partir desse estimulo nocivo – para esse 
estimulo chegar até o encéfalo ele percorre por meio dos 
neurônios aferentes – é no encéfalo, que há diferentes área 
funcionais que irão trabalhar no processamento desse sinal 
elétrico que acabou de chegar 
• Processamento = irão interpretar e atribuir um 
significado 
Quando o sinal elétrico chega nessas áreas de processamento 
encefálico, vai acontecer a interpretação desse sinal – só que 
no caso da dor, esse sinal pode representar qualquer tipo de 
estímulo (pode ser um estimulo mecânico, térmico ou químico 
desde que ele tenha potencial para provocar uma lesão 
tecidual) 
Por exemplo: o tato é um estimulo mecânico, mas se uma pessoa 
aperta o seu braço, você sente dor. Então é um estimulo 
mecânico intenso demais e que pode provocar lesão, sinaliza 
perigo. Portanto você deve fugir daquela situação. Depois que é 
feito essa interpretação inicial, nós entendemos que aquele 
estimulo é um estimulo nocivo, porque ele causa dor/incomodo. 
Diferente das outras sensações somáticas, a dor tem uma 
emoção especifica dela. Que é o sofrimento (é o significado 
atribuído a dor) 
 
 
Dor -> é um mecanismo de defesa 
Porém existem classificações para dor, ou seja, temos 
diferentes tipos de dor (podendo ter diferentes 
funções): Dor nociceptiva, inflamatória e patológica 
➔ A dor pode ser classificada conforme o tipo ou 
duração. Temos essencialmente três tipos de dor 
 
1. Nociceptiva 
• Dor nociceptiva = dor fisiológica 
• Quando um nociceptor detecta um estimulo nocivo 
• Via da dor: nociceptor –> neurônio de primeira 
ordem –> neurônio de segunda ordem –> neurônio 
de terceira ordem 
• Função: sinal de alerta 
• Duração: pode ser aguda ou persistente 
Exemplo: estou fazendo um churrasco e sem querer coloco 
minha mão na chapa quente (estímulo nocivo). E assim que a 
minha mão toca na chapa quente, isso ativa o nociceptor e 
ele gera sinais elétricos, que vai percorrer todo o trajeto da 
dor até chegar no encéfalo e aí eu sinto a dor – a dor 
nociceptiva -> É um sinal de alerta, para dizer que tem alguma 
coisa perigosa ali, para dizer para sair/se afastar. A duração 
dessa dor pode ser uma dor aguda (quando espeta o dedo na 
ponta de uma agulha – espetei, doeu, tirei o dedo e parou de 
doer) ou persistente (coloco a mão no fogão quente – dói de 
início e mesmo depois que me afastei do fogão quente, o local 
ainda vai continuar doendo por alguns instantes) 
2. Inflamatória 
• Dor inflamatória = dor fisiológica 
• Via da dor: fui manipular o local inflamado –> o 
nociceptor foi ativado –> gerou sinais elétricos que 
percorreram a via da dor –> gerou a dor 
inflamatória 
• Função: auxiliar no reparo tecidual (tecido que foi 
lesionado) - Porque se eu ficar mexendo na ferida, meu 
organismo não irá conseguir terminar o reparo tecidual 
• Duração: pode ser aguda - encostei no local inflamado, 
senti a dor e parei de mexer, e logo em seguida para de doer) 
persistente - mexi, doeu, parei de mexer, mas por alguns 
instantes ainda permanece doendo por mais tempo 
Exemplo: cortei a mão e o local do corte está todo 
avermelhado, isso significa que está inflamado. Se eu manipular 
(mexer) no local da ferida, isso gera dor. 
Como resultado da dor, eu irei parar de mexer naquela lesão 
que estava inflamada -> ou seja, quando tenho uma 
hipersensibilidade do local que foi lesionado anteriormente, 
significa que eu tive uma dor inflamatória. 
O local fica hipersensível até o reparo tecidual for finalizado – 
quando a ferida já cicatrizou, a inflamação já deixou de 
acontecer, aí acaba essa hipersensibilidade e a dor 
inflamatória não existe mais ali 
 
 
 
3. Patológica 
• Dor patológica 
• Possui dois possíveis mecanismos para acontecer: 
❖ 1ª. Se tiver uma lesão do nervo 
Sabe-se que existem nervos, que se pegarmos por 
exemplo um neurônio de primeira ordem, ele faz parte 
de um nervo espinal, e esse nervo tem fibras de dor 
(são aqueles neurônios de primeira ordem que trazem o 
sinal do nociceptor até a medula) 
Quando ocorre a lesão desse nervo, pode-se desenvolver 
um tipo de dor, que é a dor neuropática, que acontece 
porque a lesão do nervo sensitivo provoca a geração de 
sinais de dor na ausência de estímulos nocivos. Ou seja, 
mesmo não tendo nada no ambiente que possa provocar 
dor, você começa a sentir dor. 
Função da dor neuropática 
• Não possui função fisiológica, sua única função é 
causar sofrimento (por isso é considerada 
patológica) 
– Não há nada no ambiente que está te ferindo, mas 
você ainda assim está sentindo dor. Ou seja, essa dor não 
está sinalizando que tem algo de errado ou que tem algo 
perigoso no ambiente, ela só está causando sofrimento 
Duração: 
• Persistente 
 – Às vezes ao fazer um movimento errado, você pode 
gerar sinais nessa fibra de dor (foi lesionada), e aí depois 
de um tempo para de doer 
• Crônica 
– Todo dia se sente dor ali, e você sabe que não há nada 
de errado no ambiente, mas ainda assim você fica 
sentindo aquela dor 
 
❖ 2ª. Quando há alterações patológicas no SNC 
– e essas alterações podem gerar um tipo de dor 
conhecida como dor crônica, que são alterações 
funcionais mal adaptativas que causam sensação de 
dor na ausência de sinais dolorosos ou reduzem o 
limiar para gerar a sensação dolorosa. Assim, sinais 
que não são nocivos podem ser percebidos como nocivos 
Função da dor crônica: não possui função fisiológica, 
única função é causar sofrimento 
Duração: crônica – que todo dia você sente a dor e 
por mais que tente fazer alguma coisa para melhorar, 
ela não melhora 
Relação da dor crônica com a dor emocional 
• Essas alterações patológicas do SNC acontecem 
principalmente em certas regiões emocionais do 
encéfalo 
• Essas alterações geralmente acontecem por um 
processo traumático muito intenso ou por 
estresse crônico. – tanto que quando alivia o estresse, 
a dor começa a desaparecer 
Se você tiver uma emoção muito intensa, essas 
regiões emocionais podem provocar dor, mesmo que um 
nociceptor não tenha sido ativado 
-> por exemplo: as vezes um termino de um namoro pode ser tão 
traumático que ele causa dor, mas não é que o nosso nociceptor 
está sendo ativado (porque não tem nada ativando-o, não tem 
nada em contato com o meu corpo me ferindo), mas as regiões 
emocionais começam a interpretar essa emoção como algo tão 
intenso que gera essa sensação de dor 
 
 
 
 
Experiência dolorosa: a via da dor 
 
 
 
Nociceptor 
• A maioria deles estão localizados na nossa pele 
• Esse nociceptor é uma terminação nervosa livre 
– porque não tem especialização nervosa nenhuma, é 
como se o neurônio se ramificasse e ficasse espalhado 
na pele 
• Função: produzir a nocicepção 
• Nocicepção = é quando um nociceptor 
transforma um estímulo em sinais elétricos – e 
esses sinais elétricos são representados no SNC 
como sendo aquele estímulo que está causando 
aquela dor 
• Recapitulando: Sensação = capacidade do SN em 
representar estímulos 
 
Processo de nocicepção 
– Importante para sentir dor. Porque sem a nocicepção, eu 
não tenho a sensação de dor 
• Fibra para dor = leva o sinal gerado pelo 
nociceptor para o sistema nervoso central 
Exemplo: colocou a mão na chapa quente e se queimou 
• Chapa quente = é um estimulo nocivo. E esse 
estimulo foi e ativou o nociceptor 
• Nociceptor = detectou o estimulo nocivo e o 
transformou em um sinal elétrico 
• Sinal elétrico =vai percorrer a fibra para dor, 
vai chegar no sistema nervoso central, onde a 
sensação de dor vai ser gerada 
– Para fazer a nocicepção, o nociceptor tem na sua 
membrana canais de sódio voltagem dependente. Ou seja, 
para a nocicepção acontecer, é necessário que canais de 
Na+ voltagem dependente sejam abertos. E eles são 
abertos pelos estímulos. E assim que eles se abrem, o sinal 
de dor é gerado e vai até o SNC para ser compreendido 
• Nocicepção = é o primeiro passo para que a 
sensação de dor aconteça 
 
A dor pode ser causada por diferentes experiencias 
sensoriais, como um estimulo mecânico, térmico e 
químico. A detecção de cada estímulo é dada por meio 
de nocisensores 
Nocisensores = são proteínas receptoras na 
membrana do nociceptor 
Podem ser de 3 tipos: 
• Mecânico -> possui especialidade em detectar 
estimulo mecânico nocivo – ele faz isso porque 
na membrana desse nociceptor há algumas 
proteínas que são sensíveis a deformação 
Então toda vez que a pele é deformada, porque 
alguém pisou no seu pé ou alguém está apertando o 
seu braço, esse nociceptor que vai detectar isso -> 
toda vez que a pele é deformada, essa proteína 
é ativada e sinais elétricos são produzidos 
• Térmico -> detecta estimulo nocivo térmico 
porque na membrana há proteínas sensíveis ao 
calor nocivo e ao frio nocivo (ou seja, a 
temperatura em si) 
Então se eu tento segurar uma pedra de gelo e 
começo a sentir dor, é porque esse nociceptor 
térmico foi ativado (a proteína dele pro frio foi 
ativada) 
• Polimodal -> nociceptor que detecta qualquer tipo 
de estimulo nocivo, porque na sua membrana, ele 
tem proteínas sensíveis ao estiramento (azul), 
sensíveis a temperatura de frio extremo, calor 
extremo; e ainda tem um quarto tipo de 
proteína, que é a proteína sensível a agentes 
químicos 
Esse nociceptor polimodal é aquele que está ativado quando 
uma pessoa está sofrendo um infarto agudo do miocárdio (os 
cardiomiocitos morrem liberando agentes químicos que vão 
ativar esse nociceptor polimodal, ai começa a sentir dor) 
 
Fibras da dor 
• O nociceptor está na periferia (pele) e precisa 
gerar um sinal elétrico, que precisa chegar até a 
medula e seguir pelo sistema anterolateral até o 
encéfalo 
• São os axônios dos neurônios de 1ª ordem que 
formam os nervos espinais 
• Um desse axônios se chama fibra C (fibra do tipo 
C, é uma das fibras da dor) 
• Fibra C (representada em amarelo) = está ligada ao 
nociceptor polimodal); essa fibra não possui mielina 
(é lisa); possui um calibre mais fino (menor); sua 
função é conduzir sinal de dor prolongada (dor 
lenta) – é aquela dor que mesmo quando o estimulo 
nocivo já foi retirado, você ainda fica sentindo aquela 
dor latejando, porque o sinal está sendo transmitido 
uma fibra mais lenta (o sinal vai devagar) -> essa 
fibra é um aviso de que aquilo ali ou você precisa 
fugir, porque aquilo está causando lesão, ou você 
precisa buscar tratamento, porque alguma coisa 
está de errado no seu corpo e o organismo por si só 
não está resolvendo 
• Fibra A (Delta), (representada em vermelho) = está 
ligada ao nociceptor mecânico ou térmico; possui 
mielina (bainha de mielina); calibre maior em 
relação a fibra C; função: conduzir sinais iniciais 
de dor (dor rápida) – então, quando você espeta a 
ponta do dedo em uma agulha, a dor vem 
rapidamente e já para, porque o sinal percorreu essa 
fibra A delta -> ou seja, essa fibra é o aviso inicial de 
que algo perigoso está no ambiente 
Resumindo: tudo isso serve como proteção! 
 
Nível medular 
• Sabe-se que a via da dor, assim que o neurônio de 1ª 
ordem entra na medula, ele já faz sinapse com o 
neurônio de 2ª ordem 
• Sabe-se também, que o neurônio de 1ª ordem na via 
da dor recebe um nome (pode ser uma fibra A 
(delta), pode ser uma fibra C) 
• O neurônio de 2ª ordem também recebe um 
nome de Neurônio de projeção espinotalâmico – é 
um neurônio que está indo em direção ao tálamo 
(por isso que é um neurônio que faz parte do sistema 
anterolateral ou espinotalâmico – está levando sinais da 
medula para o tálamo) 
• Primeira conexão (sinapse) -> onde está o 
terminal do neurônio de 1ª ordem e o dendrito do 
neurônio de 2ª ordem -> é uma sinapse química 
(uso de neurotransmissores para dar continuidade a 
transferência da informação) 
• Essa fibra do neurônio de 1ª ordem pode utilizar 
dois neurotransmissores diferentes: 
o Glutamato -> liberado por todas as fibras 
sensoriais (pode ser de dor, tato, 
temperatura e propriocepção) -> função: 
produzir uma despolarização rápida (fazer 
aquela condução de sinais rápidos). 
Por isso quando você sente a dor do espetar a 
agulha na ponta do dedo, é o glutamato que foi 
liberado aí naquela sinapse 
o Substancia P -> só é utilizada pelas fibras 
amielínicas (neurônio aferente de primeira ordem, 
cujo axônio é uma fibra do tipo C, aquela que é mais 
fina e não tem bainha de mielina e conduz o sinal muito 
lentamente) -> função: produzir uma 
despolarização prolongada no neurônio de 
segunda ordem. 
Por isso que essa substancia T é um 
neurotransmissor associado a quela dor que fica 
latejando 
Resumindo: 
Fibra A (delta) de dor -> vai liberar glutamato – isso acontece 
quando eu espeto o meu dedo na agulha 
Fibra C de dor -> vai liberar substancia T – que produz aquela 
dor que fica latejando (mais lentificada) – isso acontece 
quando estou jogando futebol na rua e eu dou uma bicuda no 
asfalto ao invés de dar na bola e arranco a ponta do dedão, 
e aí fica quase que o dia inteiro sentindo o dedão latejando 
 
 
➔ O sinal vai ser transmitido para o neurônio de 2ª 
ordem e vai subir 
➔ A 1ª sinapse é um ponto importante no manejo da 
dor, pois existem neurônios que vem do tronco 
encefálico, e esses neurônios descem até a 
primeira sinapse para geralmente dificultar a 
passagem do sinal, ou seja, existe uma interação 
sináptica aqui onde esses neurônios do tronco 
encefálico podem dizer o seguinte “fecha o 
portão”, se fechar o portão o sinal de dor não 
passa pelo portão, a pessoa não sente dor 
➔ Mas por outro lado, ele pode falar o seguinte 
“escancara o portão, deixa ele completamente 
aberto”, aí o sinal de dor vai passar e você sente 
dor, muita dor 
Exemplo: em situações de risco, uma pessoa toda machucada não 
sente dor, porque o sistema nervoso dela entendeu o seguinte 
“se você sentir dor agora, a sua dor vai te consumir, você não 
vai prestar atenção em mais nada e isso pode colocar sua vida 
em risco”. Diante disso, o tronco encefálico é acionado e manda 
um sinal que fecha o portão da dor (sinal não passa), a pessoa 
não sente dor e consegue resolver a situação. Mas a partir do 
momento que ela resolve a situação ou é resgatada, o SN 
entende “bom, agora que você está com o socorrista aqui, pode 
sentir dor”, aí ele abre o portão da dor e a pessoa começa a 
sentir muita dor, ficando evidente que tem alguma coisa de 
errado com esse sujeito 
Isso é muito comum em zonas de guerra, onde geralmente os 
combatentes são feridos, enquanto a adrenalina do combate 
está acontecendo eles não sentem dor. Eles só vão se dar conta 
que foram feridos em combate, depois que o combate cessou 
Ou seja, quando o nível de estresse está alto = fecha o portão; 
quando está baixo = abre o portão 
Existem alguns anestésicos que vão agir nesse portão da dor, 
possibilitando que a pessoa passe por uma cirurgia e ela não vai 
sentir nada 
Memória dos sinais 
• A ativação continua desses dois neurônios pode 
promover uma espécie de memória dos sinais 
provenientes do nociceptor e facilitar a 
condução de sinais dolorosos para o encéfalo -> 
eles descobriram isso que a partir da amputação de 
certos membros, geralmente faziam-se um 
anestésico que agia só no sistema nervoso central, 
mas depois de um tempo a pessoa começava a sentir 
dor em um membro que não existia mais, e a partir 
disso foram estudando esse portão, essa entradados sinais de dor. E descobriram que existe uma 
forma de memória que acontece ali, então a partir 
dai começou-se a utilizar além de um anestésico que 
age no SNC, é feito também um anestésico local, 
próximo do local onde vão amputar o membro, para 
evitar que sinais tentem entrar e gere essa memória 
aqui nesse “portão” de entrada da dor 
 
Nível encefálico 
Para gerar a sensação de dor (ou a percepção de dor, 
que tem algo de errado no organismo), não tenho 
apenas o córtex somatossensorial, tenho também a 
“matriz da dor” 
• Regiões sensoriais: tálamo; córtex 
somatossensorial primário; córtex 
somatossensorial secundário -> fazem parte do 
componente sensorial da dor 
• Componente emocional da dor: córtex cingulado 
anterior; córtex insular; amigdala; hipocampo 
• Componente motor da dor: núcleos da base; 
cerebelo – são coordenadores do movimento 
- Córtex pré-frontal -> vai auxiliar no processamento 
emocional, sensorial e motor -> porque os processos 
que ele faz geralmente são processos de decisão. E 
quando a gente está sentindo dor, a gente precisa tomar 
uma decisão, por exemplo procuro ajuda do médico ou não; 
- Núcleos da formação reticular -> está localizado no 
tronco encefálico; é desses núcleos que saem os 
neurônios que controlam o portão da dor (que pode ou 
abrir o portão ou fechar) 
 
Nesse processo é gerado a sensação de dor (entendo 
que o sinal elétrico que entrou representa dor). E no 
final de tudo eu ainda tenho a percepção de dor 
(percepção = capacidade do sistema nervoso vincular 
as sensações a existência) 
Exemplo: estou sentindo dor pois o cachorro mordeu meu braço 
Depois que percebi que estou sentindo dor e o contexto dessa 
dor, preciso lembrar que a função da dor é proteção, que 
geralmente vem por exemplo na forma de fuga (ou vou sair 
daquele lugar ou vou até um médico). E para fazer isso, eu 
preciso das áreas motoras (cerebelo, núcleos da base, córtex 
motor primário, de uma área pré-motora ajudando na 
construção desses movimentos que vou fazer para me proteger) 
 
Resumindo: 
* A sensação de dor precisa de um trato espinotalâmico 
lateral -> que vai levar os sinais até as áreas sensoriais, 
para você entender que aquele sinal que está chegando 
é um sinal de dor 
* Trato espinoreticular -> são vias paralelas, que vão 
parar na formação reticular do tronco encefálico e que 
vai alertar o meu organismo do perigo e que ao mesmo 
tempo pode ativar aqueles neurônios do tronco 
encefálico, que vão lá ou abrir ou fechar o portão da 
dor na medula 
* Trato espinomesencefálico -> está relacionado ao 
componente emocional da dor, porque a informação que 
percorre esse espinomesenceálico, quando ela chega aqui 
no mesencéfalo, existem conexões que vão ali para 
aquelas áreas emocionais 
 
Aplicação clínica: sistema de analgesia 
Tronco encefálico 
• Possui um conjunto de estruturas que faz parte de 
um sistema de analgesia – tem capacidade de 
controlar o portão da dor (se você vai sentir mais ou 
menos dor) 
Exemplo: Tenho um estimulo nocivo (ex.: em uma queda, me 
ralei todo) que vai gerar sinais de dor e vai percorrer todo 
o sistema (obs.: enquanto ele está percorrendo, eu estou 
sentindo dor). 
Só que nessa situação estou sozinho e preciso procurar 
ajuda, nesse momento, meu tronco encefálico vai querer 
bloquear ou fechar o portão da dor, para esses sinais 
pararem de subir e para eu ter um alivio momentâneo da 
dor, até eu conseguir encontrar ajuda 
Quem faz parte disso? 
Estão vendo que nesse sistema em verde aqui, as setas 
representam os axônios dos neurônios, mostram as 
conexões, e esses neurônios tem que ter origem em partes 
do tronco encefálico. Uma dessas partes é chamada de 
substância cinzenta periaquedutal, outra é o locus ceruleus 
e o outro é o bulbo rostroventral 
Como funciona? 
Não posso sentir dor -> Primeira coisa que acontece é a 
ativação da substancia cinzenta, como ela tem conexão 
com os outros dois grupos de neurônios (locus ceruleus e o 
bulbo rostroventral), elas também vão ser ativadas -> assim 
que eles são ativados, saem neurônios aqui e chegam até o 
portão da dor, e vão inibir essa primeira sinapse, ou seja, a 
transmissão de sinais de dor não acontece pelo sistema 
anterolateral -> e ai não gera a sensação de dor 
Obs.: o neurotransmissor que foi usado por esse sistema de 
analgesia do nosso tronco encefálico foram os opioides 
endógenos 
 
Devemos aprender a fazer o manejo das dores dos nossos 
futuros pacientes: 
Dependendo da dor que ele está sentindo e da intensidade, 
é preciso usar certos fármacos para produzir um alivio e 
fazer com que a pessoa não sofra tanto assim 
Uma das opções é usar a morfina -> age ativando todos 
esses grupos de neurônios que fazer parte da analgesia – 
como se forçasse o sistema de analgesia a trabalhar 
Esse sistema então vai e fecha o portão da dor -> a 
pessoa sente um alivio dessa dor e melhora até os efeitos 
desse fármaco serem eliminados do organismo 
 
 
 
 
 
Resumo:

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