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Indaial – 2020
Política
Prof. Dr. Walter Marcos Knaesel Birkner
Prof. Dr. Sandro Luiz Bazzanella
2a Edição
ciência
Elaboração:
Prof. Dr. Walter Marcos Knaesel Birkner
Prof. Dr. Sandro Luiz Bazzanella
Copyright © UNIASSELVI 2020
Revisão, Diagramação e Produção:
 Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
B364c
 Bazzanella, Sandro Luiz
 
 Ciência política. / Sandro Luiz Bazzanella; Walter Marcos 
Knaesel Birkner. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 
 253 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-176-9
 ISBN Digital 978-65-5663-177-6 
 
 1. Ciência política. - Brasil. I. Birkner, Walter Marcos Knaesel. 
II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 CDD 320
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Ciência Política. Para 
melhor compreensão do conteúdo, distribuímos nosso estudo em três unidades. Cada 
unidade contém três tópicos que, em conjunto contemplam uma abordagem sobre 
temas, conceitos e autores elementares a uma compreensão inicial sobre o significado 
e a importância dessa ciência. 
A Ciência Política possui seus objetos específicos de investigação, análise e se 
utiliza do método científico imprescindivelmente. Esse método implica rigorosamente 
a observação empírica do objeto (factual ou documental); na formulação racional da 
análise e na imparcialidade analítica, características que serão devidamente explicadas. 
Os objetos específicos constituem o campo de investigação, que não é exclusivo, mas 
próprio do espectro de interesses prioritários da Ciência Política. 
Há uma enorme gama de assuntos de interesse investigativo da Ciência Política. 
Todos giram em torno de objetos de pesquisa e análise, que pertencem aos conceitos 
elementares dessa ciência, que são: a Política, em todo o seu universo formal e informal 
de associações e disputas; o Poder, compreendido como o “leitmotiv”, objetivo último 
no mundo da política e fonte de todos os conflitos e negociações; e o Estado, que 
representa a conformação institucional mais acabada em resposta às necessidades de 
organizar o poder e responder à sociedade. Esses são os conceitos fundamentais ao 
conhecimento politológico a partir dos quais essa ciência se constitui. E não é por acaso 
conceitual que a Ciência Política é também denominada de Ciência do Estado e Ciência 
do Poder. 
Esses conceitos abrem a abordagem deste livro didático, constituindo o 
Tópico 1 da Unidade 1. No Tópico 2, apresentamos as três formas clássicas de governo, 
que foram indicadas pela primeira vez pelo filósofo grego Aristóteles, e que ao longo 
do tempo, encontraram adornos conceituais na modernidade em vigor até hoje. No 
Tópico 3, expomos a abordagem propriamente moderna das formas de governo. Essa 
contextualização inicia com a apresentação do fundador da Ciência Política Moderna, o 
filósofo florentino Nicolau Machiavel e sua tese de separação entre moral e política. Em 
seguida, passa pela tese da divisão dos poderes de Montesquieu e até chegar ao seu 
conterrâneo francês Tocqueville e a magistral descrição sobre a democracia na América. 
No cerne da teoria moderna da Política está o conceito de República.
Na Unidade 2, o objetivo é oferecer uma explicação sobre o significado e a 
constituição dessa ciência do poder. E demonstramos a origem histórica e conceitual 
desse campo do conhecimento das Ciências Sociais. Na sequência, aprofundamos 
uma justificação sobre a especificidade de seu objeto de investigação e da condição 
imprescindível do método científico, devidamente caracterizado. Além disso, abordamos 
APRESENTAÇÃO
uma análise dos conceitos de sistema político, da racionalidade inerente às ações dos 
agentes políticos e às relações com as instituições. Ao final da Unidade 2, expomos 
uma inescapável reflexão sobre os partidos políticos, como também, as formas de 
representação e de participação, elementos centrais no cotidiano público.
 Por fim, a Unidade 3 representa o esforço de apontar conceitos e tendências 
contemporâneas, pois a Ciência Política tem o compromisso de enfrentá-las 
analiticamente. Nessa perspectiva, tratamos de dissertar sobre uma tríade terminológica 
elementar à constituição histórica republicana: que é composta pelos conceitos de 
igualdade, liberdade e justiça, expressando a síntese possível dos desafios da democracia 
no século XXI. Nesse espectro, é inevitável contemporizar os fenômenos da burocracia, 
do corporativismo e do patrimonialismo. E, ao demonstrar esses fatores como elementos 
de crise e necessidade de reforma do Estado, discutimos mais dedicadamente o 
problema republicano. Isso consiste em questionamento dos processos decisórios, 
perguntando quem faz as leis e para qual finalidade. 
Vale destacar a importância que conferimos no apontamento aos movimentos 
de descentralização do poder como expressão de uma tendência do Estado republicano 
durante o século XXI. É uma espécie de desfecho analítico a prenunciar desdobramentos 
cognitivos para a Ciência Política atual e futura. Nessa perspectiva, desenvolvemos 
um exercício reflexivo apoiado na filosofia política moderna. Portanto, é uma avaliação 
politológica ante o processo histórico e, ousamos dizer, evolutivo das instituições e dos 
valores políticos do Ocidente, somados a experiências contemporâneas da democracia. 
Esperamos que este livro didático inspire a atenção que a Ciência Política 
merece, para o bem da formação profissional e cidadã. Bons estudos!
Prof. Dr. Walter Marcos Knaesel Birkner
Prof. Dr. Sandro Luiz Bazzanella
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETEOlá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - POLÍTICA: TEORIA E CONCEITOS ELEMENTARES DA POLÍTICA ................... 1
TÓPICO 1 - POLÍTICA, ESTADO E PODER ..............................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 POLÍTICA .............................................................................................................................3
2.1 SISTEMA POLÍTICO ................................................................................................................................8
3 ESTADO .............................................................................................................................10
3.1 PRECEDENTES GREGOS E ROMANOS ........................................................................................... 13
3.2 MACHIAVEL E BODIN ......................................................................................................................... 13
3.3 HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU ....................................................................................................... 15
3.4 HEGEL ................................................................................................................................................... 16
3.5 BENTHAM E MARX ..............................................................................................................................17
3.6 VARIADAS CONCEPÇÕES ................................................................................................................. 18
4 PODER .............................................................................................................................. 20
4.1 AUTORIDADE COMO QUESTÃO NORMATIVA .................................................................................22
4.2 AUTORIDADE COMO QUESTÃO SOCIOLÓGICA ............................................................................23
4.3 AUTORIDADE COMO QUESTÃO PSICOLÓGICA ............................................................................23
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 31
TÓPICO 2 - FORMAS CLÁSSICAS DE GOVERNO: 
MONARQUIA, ARISTOCRACIA E DEMOCRACIA ................................................................ 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 33
2 MONARQUIA ..................................................................................................................... 34
2.1 MONARQUIAS CONTEMPORÂNEAS ................................................................................................ 37
2.2 MONARQUIA NO BRASIL ...................................................................................................................39
3 ARISTOCRACIA ................................................................................................................ 42
4 DEMOCRACIA ................................................................................................................... 48
4.1 A DEMOCRACIA ATENIENSE. ............................................................................................................52
4.2 DEMOCRACIA NAS SOCIEDADES MODERNAS ............................................................................54
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................59
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 61
TÓPICO 3 - FORMAS MODERNAS DE GOVERNO: 
DE MACHIAVEL A MONTESQUIEU E TOCQUEVILLE .......................................................... 63
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 63
2 MACHIAVEL ...................................................................................................................... 64
2.1 VIDA E CARREIRA ................................................................................................................................64
2.2 ESCRITOS .............................................................................................................................................68
2.2.1 O príncipe ....................................................................................................................................68
2.3 VIRTUDE E FORTUNA ........................................................................................................................70
2.4 OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS ......................................................................................................71
3 MONTESQUIEU ..................................................................................................................73
3.1 VIDA E CARREIRA ................................................................................................................................ 73
3.2 CARTAS PERSAS ................................................................................................................................ 74
3.3 A MATURIDADE INTELECTUAL ........................................................................................................ 75
4 TOCQUEVILLE ...................................................................................................................79
4.1 OBRA .................................................................................................................................................... 81
4.2 A VIAGEM AOS EUA: DEMOCRACIA NA AMÉRICA ....................................................................... 81
4.3 O ANTIGO REGIME E A REVOLUÇÃO ............................................................................................. 84
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 88
RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 92
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 93
UNIDADE 2 — O QUE É CIÊNCIA POLÍTICA: ORIGEM, OBJETO E MÉTODO .......................97
TÓPICO 1 — ORIGEM, OBJETO E MÉTODO ..........................................................................99
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................99
2 UM ENTENDIMENTO CONCEITUAL: ORIGEM, OBJETO E MÉTODO ..............................1022.1 O PODER ..............................................................................................................................................104
3 AS TEORIAS ELITISTA E PLURALISTA ...........................................................................107
3.1 A TEORIA PLURALISTA .....................................................................................................................109
3.2 A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE OS PODERES.............................................................................112
3.3 A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE OS PODERES ...........................................................................113
3.4 PODER IDEOLÓGICO .........................................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................122
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................124
TÓPICO 2 - SISTEMA POLÍTICO, RACIONALIDADE E INSTITUIÇÕES .............................125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................125
2 SISTEMA POLÍTICO .........................................................................................................125
2.1 OS GUARDIÕES DOS PORTÕES ..................................................................................................... 129
3 INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO E TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL .....................133
4 A IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES ............................................................................139
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 144
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................145
TÓPICO 3 - PARTIDOS POLÍTICOS, REPRESENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO ..................... 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 147
2 O QUE É POLÍTICA? ......................................................................................................... 147
3 O QUE É PARTIDO POLÍTICO? ........................................................................................149
4 UM POUCO DE HISTÓRIA ............................................................................................... 151
5 AS FUNÇÕES DOS PARTIDOS POLÍTICOS .....................................................................156
6 TIPOS DE PARTIDOS ....................................................................................................... 157
7 OS SISTEMAS PARTIDÁRIOS..........................................................................................159
8 BREVE TRAJETÓRIA DO SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO .............................................. 161
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................165
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 167
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................168
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................169
UNIDADE 3 — CONCEITOS E TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEOS ....................................171
TÓPICO 1 — IGUALDADE, LIBERDADE E JUSTIÇA ........................................................... 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 173
2 A INTERPRETAÇÃO ANTIGA ........................................................................................... 173
2.1 PLATÃO E A QUESTÃO DA LIBERDADE E DA IGUALDADE ....................................................... 173
2.2 ARISTÓTELES E A QUESTÃO DA LIBERDADE ............................................................................ 178
3 A INTERPRETAÇÃO MODERNA ....................................................................................... 179
3.1 LIBERDADE EM JOHN STUART MILL ............................................................................................180
4 A INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA ........................................................................182
4.1 JUSTIÇA EM JOHN RAWLS .............................................................................................................183
4.2 IGUALDADE EM RONALD DWORKIN .............................................................................................185
4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................186
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................190
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 191
TÓPICO 2 - BUROCRACIA, CORPORATIVISMO E PATRIMONIALISMO ............................193
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................193
2 BUROCRACIA ..................................................................................................................193
2.1 CARACTERÍSTICAS E PARADOXOS DA BUROCRACIA .............................................................. 194
2.2 A BUROCRACIA E O ESTADO ......................................................................................................... 195
2.3 RESPONSABILIZAÇÃO JURISDICIONAL ...................................................................................... 199
2.4 A NECESSIDADE DE COMANDO E O PARADOXO DESSA NECESSIDADE ..........................200
2.5 CONTINUIDADE ................................................................................................................................200
2.6 REGRAS ...............................................................................................................................................201
2.7 PROFISSIONALIZAÇÃO ....................................................................................................................201
2.8 SUMARIZAÇÃO ................................................................................................................................ 202
3 CORPORATIVISMO ......................................................................................................... 203
3.1 EM NOME DO INTERESSE PÚBLICO ........................................................................................... 204
4 PATRIMONIALISMO ....................................................................................................... 207
4.1 O PATRIMONIALISMO NA CONSTITUIÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA ........................................ 209
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................215
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................216
TÓPICO 3 - CRISE E REFORMA DO ESTADO: REPUBLICANISMO, 
DESCENTRALIZAÇÃO E UMA PERGUNTA: QUEM FAZ AS LEIS E PARA QUÊ? ....................... 217
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 217
2 REPUBLICANISMO .......................................................................................................... 217
2.1 LIBERDADE POSITIVA E NEGATIVA .............................................................................................. 220
2.2 LIBERDADE COMO NÃO DOMINAÇÃO .........................................................................................221
2.3 QUEM FAZ AS LEIS E PARA QUEM? ............................................................................................ 223
2.4 A DESCENTRALIZAÇÃO COMO TENDÊNCIA 
REPUBLICANA DO ESTADO CONTEMPORÂNEO ............................................................................. 225
3 HOBBES: HOMEM LOBO DO HOMEM E O DIREITO À VIDA ........................................... 226
4 ROUSSEAU: O BOM SELVAGEM E A AFIRMAÇÃO DA IGUALDADE .............................. 228
5 LOCKE: O DIREITO À LIBERDADE EM COMUNIDADE ................................................... 232
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 235
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................241
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 243
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 244
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 245
1
UNIDADE 1 - 
POLÍTICA: TEORIA 
E CONCEITOS 
ELEMENTARES 
DA POLÍTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender a importância da Ciência Política para a formação profissional;
• adquirir noção elementar acerca dos principais conceitos da Ciência Política;
• identificar os objetos de estudo específicos da Ciência Política;
• conhecer a classificação clássica das formas de governo;
• compreender o significado do adjetivo “moderno”, na menção ao Estado;
• apreender as ideias fundamentais a constituírem o Estado moderno.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – POLÍTICA, ESTADO E PODER
TÓPICO 2 – FORMAS CLÁSSICAS DE GOVERNO: MONARQUIA, ARISTOCRACIA E 
 DEMOCRACIA 
TÓPICO 3 – FORMAS MODERNAS DE GOVERNO: DE MACHIAVEL A MONTESQUIEU E 
 TOCQUEVILLE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
POLÍTICA, ESTADO E PODER
1 INTRODUÇÃO
A Ciência Política tem seus próprios objetos de investigação, o que é condição 
básica de qualquer ciência. Nessa perspectiva, este primeiro tópico da Unidade 1 do 
Livro Didático Ciência Política traz uma exposição de fenômenos, conceitos e autores 
cuja apreensão introdutória é elementar aos nossos estudos. Trata-se de uma exposição 
introdutória, que apresenta os primeiros e fundamentais conceitos da Ciência Política. 
São, por assim dizer, as ideias fundantes, os principais fenômenos a originarem os 
estudos desta ciência social. 
Neste tópico, apresentamos os conceitos de Política, de Poder e de Estado. 
Trata-se de fenômenos e conceitos que armazenam uma longa história de ações e 
ideias e constituem a base inicial de reflexão, sem o que não é possível falar em Ciência 
Política. Para tanto, é preciso recorrer às origens históricas, considerando os primeiros 
relatos, as primeiras ideias e concepções teóricas acerca desses fenômenos. É preciso 
estudar essas origens, pois é dessa maneira que passamos a iniciar uma compreensão 
sobre o sentido de nossas próprias ideias e da ordem social, política e econômica em 
que vivemos. 
O conceito de Política é apresentado desde a sua concepção etimológica 
e suas experiências na antiga Grécia e no Império Romano. Vem de lá as origens da 
nossa forma de pensar e fazer política. O conceito de Poder é apresentado como a ideia 
essencial da política, sintetizada nas disputas humanas e na necessidade do convívio 
regrado. Não há como evitar nem as disputas, tampouco as regras. E o conceito, tanto 
quanto o fenômeno do Estado, representa a expressão histórica dessas disputas e 
dessa necessidade geral.
2 POLÍTICA
 
O conceito de política se origina do grego politikós, que significa tudo que tem 
a ver com a polis, que significa cidade. Nessa direção, a política está essencialmente 
vinculada às coisas públicas, às coisas relacionadas à comunidade dos homens. Tem 
a ver com cidadão, cidadania, com o que é civil, social, coletivo e próprio da ordem 
social que é estabelecida pelos homens e mulheres para que vivam em agregação. Isso 
vai do município à nação e até mesmo para além desses limites. E, é preciso que se 
saiba que quanto mais intensa e, portanto, cívica for a vida dos homens e mulheres em 
comunidade, tanto maiores serão as chances de uma vida marcada por oportunidades 
de realizações pessoais.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
O termo política foi difundido desde a essencial contribuição do filósofo grego 
Aristóteles que, por meio de sua notável obra intitulada “Política”, o definiu pela primeira 
vez na história da civilização ocidental. Este livro foi o primeiro tratado sobre o assunto, 
isto é, sobre a natureza da atividade política, do poder e das leis. É a primeira obra 
a tratar da origem e necessidade do Estado, de suas funções, suas divisões, seus 
necessários equilíbrios e as formas de governo. Nessa perspectiva, Aristóteles tratou 
da arte de governar a polis, a partir de seus conflitos e necessidades. Muitas vezes o 
fez de maneira descritiva, mostrando como a política é, outras vezes, o fez de modo 
prescritivo, escrevendo como a política deveria ser.
De uma forma ou outra, sua obra se tornou a “pedra fundamental” da teoria 
política do Ocidente. Durante muito tempo, a palavra “política” foi usada para referir-
se a escritos, sim, a livros dedicados aos estudos sobre as relações entre os homens 
e o exercício do poder que se refere aos governantes e aos quais se viam os homens 
submetidos. Em 1603, o filósofo alemão Johannes Althusius expôs sua definição do 
Estado, apresentando esta instituição como um “consociatio publica”, considerando que 
o Estado reune e é composto por várias formas de “consociationes “ menores (BOBBIO, 
2000, p. 159). Somente as elites se referiam ao termo política e o entendiam como um 
ramo de estudo da filosofia.
Na modernidade, o termo “política” se aperfeiçoa, tanto quanto se populariza, até 
chegar “à boca do povo”. Não obstante, quando referido como ramo do conhecimento, 
passa a ter denominações como doutrina do Estado, filosofia política, ciência do Estado 
e Ciência Política. Quando definimos a política propriamente dita, como fenômeno e 
objeto de estudos da Filosofia ou da Ciência, ela continua tendo a mesma definição. 
Significa o conjunto de atividades relacionadas à pólis, isto é, ao convívio entre os 
homens na cidade, na comunidade, local, regional, estadual, nacional ou global. Por 
extensão, é indispensavel dizê-lo: tem a ver com o Estado, isto é, com o funcionamento 
interno dos governos, nas suas divisões de poder, e suas relações com a Sociedade. 
 
Os atos do Estado, isto é, dos governantes, tem a ver com comandar, autorizar, 
delegar, proibir, representar ou atender aos indivíduos no coletivo ou determinados 
grupos sociais. Tem a ver, como nos faz lembrar o sociólogo Max Weber, com o monopólio 
O termo consociatio publica provém do latim, que significa consórcio 
público ou associação pública. Esse era o tratamento conferido ao 
que entendemos hoje por Estado. O filósofo político alemão Johannes 
Althusius (1563-1638) usa o termo no original para se referir às coisas 
do Estado, em sua obra “Política”. Para saber mais informações, acesse o 
link a seguir: https://bit.ly/3sDYS8E.
NOTA
5
Através dessa perspectiva que devemos entender o uso da expressão “animal 
político” (zõon politikón), quando Aristóteles se referia ao ser humano. Significa que não 
apenas vivemos coletivamente, pelos vários benefícios que isso significa na comparação 
com o isolamento.Na condição de seres humanos racionais e vivendo coletivamente, 
temos nessa complexa e instável circunstância as possilidades de aperfeiçoar essa 
exclusivo do exercício de poder, do uso da violência e de domínio sobre um determinado 
território. Trata-se, por extensão, de manter a ordem, de legislar e executar, distribuir 
parte das riquezas segundo critérios de justiça social, de assegurar a liberdade, a 
propriedade e a vida. Além disso, devemos ainda considerar que o papel do Estado (aqui 
compreendido como o Executivo, o Legislativo e o judiciário) implica conquistar, manter 
e defender seu território e proteger o seu povo.
De maneira ampla, podemos concordar que muito do esforço de definição 
conceitual sobre política parte da raiz etimológica (do grego pólis), como vimos. E 
isso é absolutamente natural e necessário. A concepção que os gregos (atenienses, 
espartanos, entre outros) tinham sobre a pólis estava causalmente relacionada ao 
desenvolvimento da potência humana. Noutros termos, era através do convívio e da 
participação política qualificada que os homens desenvolveriam seus potenciais. 
Deveriam fazê-lo (e o faziam) por meio do uso e desenvolvimento da linguagem, da 
capacidade racional de entendimento e da vontade de realização. 
Essa concepção da política, advinda da cultura grega clássica, passa pelo 
império romano e sobrevive até os dias de hoje como um tipo ideal. Em outras palavras, 
serve de referência orientativa a ser perseguida, mesmo que nunca seja plenamente 
alcançada. Exprime a ideia de que a felicidade, tal qual a entendemos, só é plena na vida 
coletiva e qualificada se a buscarmos pelo diálogo. E essa vida dialógica e conflitiva, por 
certo, deve ser permeada pela razão e pela ética. A razão, todos a temos. A ética, por sua 
vez, é o resultado do senso estético do “fazer a coisa certa”, o que todos adquirimos em 
sociedade, através da educação e do diálogo racional que estabelece os consensos e 
as regras de convivência. 
O conceito de tipo ideal é um recurso metodológico de investigação da 
realidade a partir de uma ideia, isto é, uma concepção ideal do objeto 
a ser estudado. Quem definiu isso foi o sociólogo alemão Max Weber, 
sugerindo ao pesquidador que pré-estabelece um tipo puro, a partir do 
qual faria seus estudos sobre a realidade. Assim, ao estudar, por exemplo, 
as instituições políticas de uma dada nação, deve o pesquisador definir 
previamente o que são instituições políticas. Ao tentar compreender, por 
exemplo, descentralização do poder de um governo nacional ou estadual, 
deve pré-definir o que entende por governo descentralizado. É isso.
INTERESSANTE
6
condição humana, evoluindo, desenvolvendo-nos. É nessa linha que compreendemos 
a recomendação do sociólogo estadunidense Talcot Parsons, que as sociedades 
evoluem através da linguagem e das leis. Por assim dizer, o desígnio humano de realizar 
a aspiração republicana. 
Mas, se o conceito de política existe desde os antigos gregos, também sofreu 
revezes, soluções de continuidade e modificações. Ainda que permaneça na essência, 
foi incorporando e, ao mesmo tempo, tomando novos significados. Nessa perspectiva, 
uma de suas características atuais, talvez a mais notável, é sua “autonomização gradual 
em relação a outros campos da ação humana” (DELLA PORTA, 2003, p. 16). Em outras 
palavras, na pólis grega, o “cidadão” não se distinguia da esfera política, ao contrário, 
fazia parte constituinte e ativa do Estado. Era literalmente um “animal político”, 
participando da vida pública, constituindo-a e por essa forma se realizando como ser 
pensante e cidadão ativo. Atualmente, a política é uma esfera separada dos cidadãos 
e totalmente formalizada, ocupando um lugar específico na divisão do trabalho social.
 
É essencial que saibamos tratar-se de uma elite de habitantes das antigas 
cidades gregas, constituída de homens livres e de posses. Esses “cidadãos” de direitos 
tinham escravos a executarem os trabalhos necessários às suas rendas e à sustentação 
de seus ócios. O tempo livre era, portanto, fundamental para que se interessassem, 
pensassem a vida política e nela interferissem. Constituiam pequena parcela da 
população, em geral não superior a um décimo dos habitantes. Os outros noventa 
porcento eram as mulheres, as crianças, os escravos e os estrangeiros. Nesse sentido, 
não é incomum que jovens estudantes acreditem na utopia da participação direta e 
constante dos individuos na sociedade de massa, como a grande solução republicana. 
Nada, nenhuma ideia política ou qualquer proposição idealista deve ser 
descartada aqui, por mais utópica que pareça. A Ciência Política, enquanto ciência, 
nada deve omitir, tampouco dissuadir, para não cairmos em restrições interpretativas 
e desencantamentos prematuros em relação à realidade. Ainda assim, precisamos 
estar atentos às ilusões sobre as possibilidades da democracia direta. Afinal, o homem 
e a mulher comuns têm suas vidas privadas preenchidas por inúmeras tarefas e 
necessidades diárias, tornando difícil e nada atraente a atividade política constante. Em 
geral, a maioria dos indivíduos, na sociedade em massa, prefere delegar essas funções 
a representantes por eles escolhidos.
 É essa a característica da democracia indireta, leia-se, representativa, de 
participação indireta dos indivíduos na vida pública. Ou seja, mesmo na Grécia antiga, de 
onde vem nosso ideal democrático, a proporção de pessoas envolvidas diretamente com 
as coisas da política, era uma minoria. Isso tem a ver com a própria divisão do trabalho 
social em cada sociedade. Embora o tipo ideal grego de democracia nos inspire à ideia 
da participação direta dos cidadãos, lá mesmo, no “berço” da democracia da civilização 
ocidental, essa tarefa coube a uma minoria. Em outras palavras, na divisão do trabalho 
social, coube a uma elite, por direitos discriminatórios, cuidar das coisas da pólis.
7
Obviamente, a democracia indireta, caracterizada pela representação, demonstra 
seus limites. Um sistema de representação ao extremo do formalismo e da autonomização, 
como dissemos antes, cria um descolamento indesejável, do ponto de vista democrático, 
entre representante e representado. Isso acontece nos regimes semidemocráticos, onde o 
limite da participação dos representados está no ato de eleições aos Executivo e Legislativo. 
A partir dessa delegação, regimes restritivos abrem poucos espaços participação. Essa 
situação difere em regimes democráticos abertos e menos centralizados, em que a 
mediação entre representado e representante tem instâncias intermediárias de participação 
e pressão. Mas a autonomização da política é inevitável.
Tal divisão entre as coisas da política e outras coisas, estabeleceu-se de modo 
mais categórico entre os romanos. Se, ainda na filosofia grega, Platão já prenunciasse 
essa divisão com a ideia do bom governo, é na civitas romana que tal distinção fica 
mais explicitada. É em Roma que, na prática, se institucionaliza essa divisão através da 
criação de um “ordenamento jurídico”. É esse fato histórico que demarcará, no curso 
da civilização ocidental, a primeira separação nítida e prescritiva entre a Sociedade e 
o Estado. A partir daí, tem-se a primeira forma institucional dessa separação, através 
da qual a civitas romana é juridicamente organizada e a vida em Sociedade passa a ser 
fundamentada “no consenso da lei” (SARTORI, 1990 apud DELLA PORTA, 2003, p. 16).
Passado o longo “período das trevas”, como muitas vezes se codinominou a 
Idade Média, vemos ressurgir os pressupostos dessa separação em fins do século XV, 
pelas reflexões do “pai” da Ciência Política, o renascentista italiano Nicolau Machiavel. 
Esse pensador profundo da política de seu tempo descreveu as coisas do Estado como 
necessariamente distintas da sociedade. O autor de “O príncipe” delimitou as coisas da 
política de modo a separá-la, nitidamente, da moral. Nessa perspectiva, o governante 
precisaria estar disposto a subverter qualquer preceito religioso emoral em nome da 
conquista e da manutenção do poder. 
Com Machiavel, a política torna-se autônoma, orientada por leis próprias. Já não 
vale mais a ideia do rei bom, benevolente e caridoso, submetido aos ditames da Igreja. 
O que interessa é que o rei seja eficiente, justo quando necessário, mas, sobretudo 
A ideia do bom governo ou governo ideal, para Platão, era o governo 
aristocrático, mas que assim o fosse pelo mérito e não pela 
hereditariedade, como nas monarquias. Tal governo aristocrático 
seria composto pelos melhores e mais sábios e é dessa formulação 
que surge a ideia do “rei filósofo”, ou seja, a defesa de que governos 
deveriam ser sempre compostos por homens de saber notoriamente 
reconhecido. Se esse fosse o critério, os governantes poderiam ser 
inclusive escolhidos pelo povo.
NOTA
8
capaz de manter a ordem, guardar com força o seu território e garantir a proteção e a 
obediência dos súditos. É nessa perspectiva que deve ser compreendida a máxima de 
que “os fins justiticam os meios”. Nao se trata dos fins privados. Trata-se dos fins últimos 
da política, quais sejam, a manutenção do poder do governante, do Estado, acima de 
tudo, em nome da nação e seus interesses estratégicos. E quaisquer que sejam os meios 
utilizados, se justificam, desde que tais fins sejam garantidos. Com todas as variáveis 
que a história produziu, continua sendo assim até hoje, expresso nos comportamentos 
dos agentes políticos e nas leis.
Portanto, quando falamos em democracia direta, concebemos a hipótese de 
que muitos indivíduos, na maioria das cidades, participe ativamente da vida política. É 
verdade, e sempre será, que o grau de interesse de maior ou menor número de cidadãos, 
em geral, defina a qualidade das instituições políticas. Se a vida política é mais ou menos 
estável em um país ou cidade, isso tem relação com o maior ou menor interesse de seus 
cidadãos com as coisas da política. A isso, denominamos de civismo. A rigor, somente 
uma maioria de cidadãos que seja consciente e exigente elegerá bons representantes. 
Nesse sentido, não somente boas instituições (leis e regras) criam bons cidadãos, mas, 
também, cidadãos interessados e instruídos forçam a criação de boas instituiçoes e 
bons comportamentos. 
É preciso considerar que o interesse e o grau de “conscientização política” se 
obtêm não somente através da participação direta. Há várias maneiras de participação 
indireta que elevam o nível da cultura política de uma sociedade. Se há sempre uma 
classe política que age diretamente, todos os cidadãos podem participar de alguma 
forma. O lócus principal é o Estado, por meio de suas divisões (executivo, legislativo 
e judiciário), subdivisões (ministérios, secretarias, órgãos, agências etc.) e níveis 
(federal, estadual, municipal, regional ou local). Não obstante, política se faz desde o 
ambiente familiar, passando pelas associações, agremiações e ambientes de todo tipo. 
Nisso considerem-se sindicatos, conselhos, escolas, universidades, clubes e as várias 
circunstâncias de diálogo e decisão, até a imprensa, as redes sociais, além das formas 
de descentralização política que permitem a sinergia entre Estado e Sociedade. 
2.1 SISTEMA POLÍTICO
Os estudos da Ciência Política, em geral, partem de dois conceitos elementares, 
a partir dos quais as análises são formuladas, o conhecimento e a noção de política se 
estabelece, tornando o conceito universalmente aceito. Esses conceitos são Estado e 
Poder. A abordagem mais tradicional na Ciência Política, como na Filosofia Política, se 
conforma a partir de uma perspectiva vertical da política, do Estado para a Sociedade. 
A nítida separação entre essas duas esferas é o produto histórico e evolutivo da 
racionalização da vida em comum. A forma de racionalização da vida em Sociedade 
denominanos de superdivisão do trabalho social, dando origem ao conceito de 
“sistema político”.
9
Entendemos por sistema político o complexo ordenamento jurídico e estrutural, 
composto pelas leis, normas e órgãos que compõem o Estado, isto é, um governo. Por 
extensão, sua definição abrange as formas de comportamento políticas reais e prescritas, 
a organização formal-legal e o funcionamento real dos governos, nas suas divisões e 
níveis. Ainda mais amplamente definido, o sistema político é visto como um conjunto de 
“processos de interação” ou como um subsistema do sistema social que interage com 
outros subsistemas não políticos, como o sistema econômico, por exemplo. Isso aponta 
para a importância também dos processos sociopolíticos informais e enfatiza o estudo 
do desenvolvimento político.
A análise legal ou constitucional tradicional, usando a primeira definição, 
produziu um enorme corpo de literatura sobre estruturas governamentais, muitos dos 
termos especializados que fazem parte do vocabulário tradicional da Ciência Política e 
vários esquemas instrutivos de classificação. Do mesmo modo, a análise empírica dos 
processos políticos e o esforço para identificar as realidades subjacentes às formas 
governamentais produziram um imenso e valioso armazenamento de informações. 
Esse estoque informacional e cognitivo compõe o complexo teórico da Ciência Política, 
inspirando e abastecendo inúmeros trabalhos acadêmicos, empregando dados e mais 
dados e gerando novos conceitos. 
Tudo isso torna a Ciência Política um campo do conhecimento bastante 
dinâmico e atual, permitindo o aperfeiçoamento das instituições e a evolução da 
ordem republicana. Nesse processo científico e informacional, o próprio conceito de 
sistema político torna-se mais e mais abrangente. E a grande utilidade dessa dinâmica 
cognitiva está em “abrir a caixa preta” do sistema. Nos estudos recentes, as pesquisas 
e consequentes análises sistêmicas flutuam entre a eficácia das instituições, os 
comportamentos individuais e as sinergias entre Estado e Sociedade. Essas três 
vertentes analíticas constituem a maior parte do corpo teórico da politologia ocidental 
e alargam, sem lastro, a compreensão dos dois conceitos fundamentais de todo o 
pensamento político: Estado e Poder.
Referente ao tema, acesse no link a seguir, sobre a matéria realizada pelo 
Jornal Estadão – Grupos de renovação política ganham força e incomodam 
partidos. Link: https://bit.ly/36o7MQl.
INTERESSANTE
10
3 ESTADO
Por muito tempo, a Ciência política foi identificada como a Ciência do Estado, 
termo que vem do alemão Staatwissenschaft. O ponto de partida para uma compreensão 
científica do Estado tem sido a divisão dos três poderes, tão magistralmente proposta 
pelo eminente filósofo francês, o Barão de Montesquieu (1689-1755). Nesse aspecto, é 
preciso lembrar que a Ciência Política é essencialmente uma ciência contemporânea, 
assim como a divisão dos três poderes. Estuda-se o Estado moderno desde a sua 
conformação inicial, mais ou menos no século XIV. Não obstante, o que se produz 
de análise pretensamente científica sobre o Estado, parte essencialmente dessa 
conformação contemporânea. 
De modo geral, o que entendemos por Estado tem a ver com o ordenamento 
político e jurídico que surge lentamente, aqui e ali, no contexto da Europa do século 
XIV. As primeiras conformações aparecem em Portugal, Espanha, França e Inglaterra. 
Emergem das fissuras do sistema feudal e pela força das circunstâncias impostas pelo 
capitalismo mercantil. Nessa perspectiva, o elemento molecular do Estado é a progressiva 
concentração de poder, justamente em função das necessidades circunstanciais. 
Essa centralização do poder sob o controle do governante é a base do principio da 1) 
territorialidade e da 2) obrigação para com o contrato social (contratualismo político). 
Lembremo-nos de que, do ponto de vista historiográfico, considera-se 
contemporâneo o que é pertinente ao curso da história ocidental desde 
a Revolução Francesa, em 1789.
[...] Os autores contratualistas: John Locke, Thomas Hobbes e Jean Jacques Rousseau 
usavam a existência dos contratos sociais como uma forma de entender de que maneira 
e diantede quais circunstâncias, o Estado Civil passou a regulamentar a vida em sociedade. 
O contrato social pode ser implícito ou explícito e marca a passagem do estado natural 
para o estado em que acontece a vida social e política.
Embora os três autores contratualistas mais importantes tenham chegado a conclusões 
distintas, eles concordavam com a ideia de que a sociedade e o Estado se originaram a 
partir de relações contratualistas. Nessa perspectiva, a partir dos pactos contratuais é 
que foram estabelecidas as regras sociais, de convívio, as leis e a origem das instituições 
políticas e de poder.
NOTA
IMPORTANTE
11
John Locke
[...] Locke acreditava que o homem seria uma criatura naturalmente racional e social (com) 
inclinação para o bem, empatia e senso de amor. Os homens seriam, também, naturalmente 
livres, iguais e racionais, regidos sempre pela razão.
No entanto, o homem natural, embora fosse racional, não era constantemente bom, tendo 
também sentimentos de raiva, vingança, ímpeto de destruição e egoísmo. Por conta dessas 
características humanas, os atritos entre os indivíduos surgiriam a partir dos conflitos de 
interesses.
 
Assim,  seria um direito natural de todo ser humano punir outros de seu convívio que 
desobedecessem às leis naturais.  Para que os seres humanos pudessem viver livres, de 
forma organizada e com punições pré-estabelecidas, deveriam abrir mão de alguns direitos, 
como os de fazer julgamentos e de praticar punições, transferindo-os para o Estado.
Essa transferência determina o contrato social, um acordo no qual todos reconhecem 
a autoridade governamental, a autonomia no uso da violência e a existência de homens 
atuando como juízes para o estabelecimento e garantia do bem comum.
Thomas Hobbes
Hobbes, por sua vez, acreditava que o homem era naturalmente mau, cruel 
e egoísta. Para Hobbes, "o homem é o lobo do homem", ou seja, estava 
sempre disposto a ser cruel e sacrificar o outro em benefício próprio. 
Os problemas do homem, em seu estado natural, aconteceriam, pois, 
a maldade do ser humano faria com que os homens vivessem em um 
estado constante de guerras, ameaças e destruição.
[...] a única forma de garantir a convivência pacífica, organizada 
e harmônica seria a cessão de alguns direitos ao Estado, que 
seria o responsável pela organização social do poder, do 
uso da violência e da força, de forma legítima. Somente 
através de um contrato social é que o homem poderia 
viver e desenvolver sua sociedade.
Jean Jacques Rousseau
[...]  Para Rousseau, o homem nasce bom, mas é corrompido pela 
sociedade.  O homem também nasce livre, no entanto, mantém-se 
sempre preso, por conta da vaidade, busca por status, posição social, 
orgulho e vaidade.
Para que fosse possível a preservação da liberdade natural do homem 
e, ao mesmo tempo, a segurança e o bem-estar social,  propõe um 
contrato social no qual é garantido a prevalência da soberania social 
e a soberania política determinada pelas vontades coletivas.
O contrato social rousseauniano deve definir a questão da igualdade 
entre todos, garantir a vontade individual e determinar a vontade 
coletiva com foco no bem comum. Rousseau propõe o uso da justiça 
para submeter igualmente fracos e poderosos (e) explica o surgimento 
da desigualdade social, originada pela posse de propriedades privadas. 
A desigualdade na forma como as propriedades estão distribuídas, na 
visão de Rousseau, originou uma sociedade de caos, crimes, destruição 
e manutenção de uma sociedade de guerra. O contrato social surge, 
também, como uma forma de organização dessa sociedade caótica na 
qual os indivíduos pensam apenas no próprio bem.
FONTE: <https://querobolsa.com.br/enem/sociologia/contratualismo>. 
Acesso em: 16 dez. 2019.
12
Por guerra ou ameaça, compreendamos que o Estado moderno é resultado histórico 
da conquista do mais forte senhor feudal sobre os outros. Disso resulta o acordo que legitima 
a liderança do monarca, dono do mais forte exército, que submete os outros à sua vontade. 
Estabelece os limites do seu território e a identificação de seu povo. Suas duas maiores tarefas 
implicam a defesa desse território e na segurança de seu povo, base do contrato social. E o 
toque de acabamento dessa conformação política e jurídica está assentado justamente no 
estabelecimento da lei. E a característica fundante desse estabelecimento vai se conformar 
historicamente na impessoalidade do exercício de quem comanda. 
Na perspectiva sociológica, o Estado é uma forma de associação humana 
diferenciada de outros grupos sociais por conta de seus objetivos específicos, quais 
sejam, o estabelecimento da ordem e da segurança. Da mesma forma, o Estado se 
distingue por seus métodos: o estabelecimento de leis e seu cumprimento. Por extensão, 
diferencia-se pela demarcação de um território, pela área de jurisdição ou pelas as 
fronteiras geográficas. E, finalmente, distingue-se pelo aspecto da sua soberania, isto é, 
pelo fato de não haver poder acima dele. O estado consiste, de maneira mais ampla, no 
acordo dos indivíduos sobre os meios pelos quais as disputas são resolvidas na forma 
de leis. Assim, a principal distinção do Estado moderno, enquanto tal, é o governo pelo 
imperio da lei e nao da vontade pessoal do governante.
Por extensão disso, vale apresentar uma classificação de tipo ideal, a partir 
da qual possamos saber do que estamos falando, quando usamos a palavra Estado. 
As definiçoes conceituais são, na verdade, imprescindíveis à nossa comunicação, 
sem o que, a construção coletiva fica comprometida. Parece haver consenso entre os 
teóricos da política quanto a algumas características essenciais na composição desse 
ordenamento jurídico. Assim, para caracterizarmos o Estado moderno enquanto tal 
adjetivo lhe sirva, é necessário que contenha, ao menos, seis características essenciais:
1. a impessoalidade do mando (o império da lei);
2. a defesa do território;
3. a defesa do povo, através da garantia dos direitos básicos;
4. o monopólio exclusivo do uso da violência;
5. o estabelecimento de uma burocracia pública racional-legal;
a autonomia em relação à religião (distinção não antagônica entre Estado e Igreja).
O contrato social significa simbolicamente o acordo entre o governante 
e os governados. Embora o nome seja uma metáfora criada por filósofos 
políticos entre os séculos XVII e XVIII, representa a síntese explicativa 
do surgimento do Estado Moderno. É baseado na ideia de que os 
homens, em coletividade, admitem outorgar a um ente distinto o poder 
de governá-los em troca da garantia aos direitos naturais básicos dos 
serem humanos. Os três principais filósofos contratualistas foram John 
Locke, Thomas Hobbes e Jean Jacques Rousseau.
NOTA
13
3.1 PRECEDENTES GREGOS E ROMANOS
A história do estado ocidental começa na Grécia antiga. Platão e Aristóteles 
escreveram sobre a polis, ou cidade-estado, como uma forma ideal de associação, na 
qual as necessidades religiosas, culturais, políticas e econômicas de toda a comunidade 
poderiam ser satisfeitas. Essa cidade-estado, caracterizada principalmente por sua 
autossuficiência, era vista por Aristóteles como o meio de desenvolver a moralidade no 
caráter humano.
 A ideia grega corresponde com mais precisão ao conceito moderno de nação, 
ou seja, uma população de uma área fixa que compartilha uma língua, cultura e história 
em comum – enq uanto a res publica romana, ou comunidade, é mais semelhante ao 
conceito moderno de o Estado. A res publica era um sistema legal cuja jurisdição se 
estendia a todos os cidadãos romanos, assegurando seus direitos e determinando suas 
responsabilidades. Com a fragmentação do sistema romano, a questão da autoridade 
e a necessidade de ordem e segurança levaram a um longo período de luta entre os 
senhores feudais da Europa em guerra.
3.2 MACHIAVEL E BODIN
Foi a partir do século XVI que o conceito de Estado passou a ser utilizado. O 
encontramos nos escritos do filósofo italiano Nicolau Machiavel (1469-1527) e do teóricopolítico francês Jean Bodin (1530-1596). Os dois pensadores apresentaram o conceito 
de Estado como a força centralizadora por meio da qual a ordem social se mantém. 
Partiam do mesmo pressuposto de que o poder não é uma dádiva e sim uma conquista. 
Apenas divergiram parcialmente na interpretação quanto à legitimidade do poder e 
tal divergência permitiu um ótimo debate na teoria política. Em sua magistral obra “O 
príncipe”, Machiavel priorizou a estabilidade dos governos, procurando entender como 
podia ser obtida. Para isso, afirmou que o êxito disso dependia, primeiramente, do 
afastamento de quaisquer restrições de ordem moral, leia-se, religiosa. 
A partir desse ponto de ruptura, Machiavel passou a concentrar-se na força 
do governante, como o elemento mais importante para o bom governo. Vitalidade, 
coragem, astúcia e autonomia deveriam ser as qualidades do príncipe. Não poderia haver 
obstáculos morais que pusessem em risco os fins últimos do governante. Os meios, isto 
é, o modo de garantir as finalidades de cada governo, não precisavam estar revestidos 
de preceitos religiosos. Os meios teriam de ser suficientemente eficientes para que os 
fins da pollítica fossem assegurados. E a manutenção do poder, a garantia da ordem, a 
defesa do território e a proteção ao povo são esses fins, princípio de toda carta magna.
Na ótica de Jean Bodin, o poder não seria suficiente por si só para criar um 
soberano. Este teria de fazer por merecê-lo, obedecendo à moralidade para ser durável e 
ter continuidade. A principal preocupação era garantir a estabilidade nas sucessões dos 
14
reis, sem quebrar a linhagem sanguínea. A teoria de Bodin foi a precursora da doutrina 
do "direito divino dos reis", segundo o qual a monarquia era a própria expressão da 
vontade divina na terra e os reis seriam descendentes diretos do Deus. Nesse aspecto, 
em particular, é que a teoria do filósofo político francês é diferente da de Machiavel que, 
por sua vez, não dava ênfase ao direito divino.
Os dois autores eram modernos, portanto, humanistas no sentido de atribuir 
a responsabilidade e a legitimidade do mando à capacidade humana do governante. 
Mas, enquanto Bodin ainda carrega tintas na força simbólica da religião, o pensador 
italiano vai direto ao ponto: a política é coisa eminentemente humana. E essa tensão 
propiciou um criativo debate de ideias reformistas na Europa, a partir do século XVII. 
Dessa fundamental discussão aos rumos da política ocidental, foram precursores os 
filósofos John Locke e Thomas Hobbes na Inglaterra, além de Jean-Jacques Rousseau, 
na França e mais tarde Georg Hegel na Alemanha, entre muitos outros. Esses pensadores 
começaram a reexaminar as origens e os propósitos do Estado, ajudando a fundamentar 
o ordenamento jurídico do que é o Estado atualmente.
O rei Ricardo II (1377-99), retratado em peça homônima de William Shakespeare.
FIGURA 1 - REI RICARDO II
FONTE: <https://bit.ly/34ExFuJ>. Acesso em: 18 set. 2020.
Um exemplo de atitude amoral encontramos na descrição que o 
dramaturgo inglês William Shakespeare fez da breve vida do Rei Ricardo 
II, da Inglaterra do século XIV. Em um dos episódios dramáticos, o Rei 
teria mandado matar o próprio filho por lesar o erário público. Do 
ponto de vista da moral religiosa, sua atidute é condenável, porém, do 
ponto de vista da ética política, o rei deu um exemplo radical e eficiente 
do que poderia acontecer a qualquer um que desrespeitasse a lei.
NOTA
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3.3 HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU
Nas perspectivas dos contratualistas Thomas Hobbes, John Locke e Jean 
Jacques Rousseau, o Estado seria o próprio reflexo da natureza humana na manifestação 
de suas mais fundamentais necessidades. Se durante toda a Idade Média o mundo 
era justificado a partir de uma concepção religiosa sem influência humana, na Idade 
Moderna, sobretudo o poder passa a ser explicado a partir da dimensão humana. A 
política já não era mais vista como uma esfera refletida da vontade de Deus. O poder 
é analisado como o resultado de um jogo de interesses, regras e finalidades que eram 
humanas. Assim, a política não é mais vista como uma fatalidade, mas como resultado 
da capacidade humana.
O Estado, por sua vez, é o resultado histórico, na esfera mundana, daquilo que os 
homens coletivamente conseguiram compor. De maneira geral, reflete as necessidades 
e desejos humanos, sendo resultado das lutas pelo poder e dos consensos mínimos em 
relação à ordem necessária em sociedade. Os seres humanos vivem coletivamente por 
decisão humana, cientes de que essa condição é melhor do que viver isoladamente. Não 
obstante, para viverem em sociedade, precisam estabelecer regras, sendo esta a origem 
mais reomota do Estado. Na medida em que os agrupamentos humanos crescem e as 
economias se desenvolvem, os conjuntos de regras ficam mais complexos, resultando 
historicamente no que entendemos como o Estado. 
A "condição natural" do homem, disse Hobbes, é egoísta e competitiva. Por 
essa razão, os homens se submetem ao domínio do Estado como o único meio de 
autopreservação pelo qual ele poderia escapar do brutal ciclo de destruição mútua. 
Hobbes é o autor da parábola do “homem, lobo do homem”, segundo a qual, deixados à 
solta e livres, os homens se matariam uns aos outros, inviabilizando a vida coletiva e a 
própria sobrevivêncioa da espécie. Por reconhecerem essa condição natural, os homens 
acordam entre si pela criação de um ente superior, capaz de protegê-los de si próprios. 
Para Locke, a condição humana não é assim tão malévola e egoísta. Todavia, 
também para ele o Estado é o resultado da percepção sobre as vantagens de viver 
coletivamente e de modo minimamente organizado. Trata-se, por extensão, da 
constituição política de uma imperiosa necessidade de proteção dos direitos naturais dos 
homens. Estes seriam direitos inerentes à condição humana. Inspirador do liberalismo 
clássico, Locke afirmou que o Estado seria a materialização mais acabada do contrato 
social. Através deste, os indivíduos concordam em não infringir os "direitos naturais" uns 
dos outros à vida, liberdade e propriedade, em troca do qual cada homem assegura sua 
própria "esfera de liberdade".
Já na concepção de Rousseau sobre o contrato social, aparece uma ideia mais 
otimista em relação à natureza humana, se comparada a Hobbes ou Locke. Em vez do 
direito de um monarca governar, Rousseau entende que o contrato social é oriundo de 
uma vontade geral dos governados. Para ele, a própria nação é soberana, e a lei não 
16
deve ser outra senão a vontade dos indivíduos em coletividade. Influenciado por Platão, 
Rousseau reconheceu o Estado como o ambiente para o desenvolvimento moral da 
humanidade. Seu pressuposto geral é o de que o homem é bom por natureza, mas a 
Sociedade corrompe essa natureza boa. Para restabelecê-la, é preciso que o Estado 
garanta as condições para tanto, estimulando os homens a buscarem o bem-estar 
social. Como o resultado da busca individual gera conflitos, um estado saudável e sem 
corrupção) só pode existir quando o bem comum é reconhecido como a meta oficial a 
ser alcançada e garantida.
3.4 HEGEL
Para o filósofo alemão George W. F. Hegel, somente o Estado, como um ente soberano 
e reflexo dos interesses mais gerais e prioritários, seria capaz de garantir a liberdade, princípio 
fundamental da vida humana. Evidentemente associada à segurança, a liberdade seria 
fundamental porque é a condição essencial para viver e desenvolver-se. Só poderia ela ser 
garantida através de leis que garantissem a soberania dos indivíduos, entendida não somente 
na sua perspectiva individual, mas coletiva, como um direito, expressão maior da razão 
humana. Nesse sentido, o Estado, com todo o ordenamento jurídico, burocrático e policial, 
seria (deveria ser) a expressão máxima da evolução da humanidade. 
Que fique claro: para o filósofo alemão, a liberdade não é a capacidade, tampouco 
o direito, de cada um fazer o que bem entender de sua vida. Muito mais que isso, é 
um desejo universalpelo bem-estar. Quando os homens agem como agentes morais, 
agindo racionalmente, os conflitos cessam e os objetivos passam a coincidir. Ao se 
subordinarem, por livre entendimento, às leis do Estado, os indivíduos passam a estar 
habilitados a realizar a síntese entre os valores familiares e as necessidades econômicas. 
Para Hegel, o Estado é o resultado do armazenamento das ações morais ao longo da 
história, onde são filtradas e solidificam o desenvolvimento humano. É no Estado que a 
liberdade de escolhas se cristaliza, permitindo a união das vontades racionais.
FIGURA 2 – GEORGE W. F. HEGEL
FONTE: <https://bit.ly/34MT98z>.Acesso em: 21 jul. 2020.
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Nessa perspectiva, o filósofo alemão vê no Estado a representação resumida e 
ordenada do direito à liberdade humana. Diferentemente dos contratualistas Rousseau 
e Locke, Hegel não afirma diretamente que a liberdade é um direito natural. Mais do que 
isso, a liberdade é o resultado da razão humana, depurada, através da qual homens 
e mulheres tornam-se capazes de entender seu verdadeiro sentido: a expressão da 
vontade individual em concordância com a vontade coletiva. O Estado seria a síntese 
da ação moral, onde a liberdade de escolha é orientada para a universalidade, isto é, à 
unidade das vontades. Através do ordenamento jurídico, as partes da constituintes da 
sociedade seriam reunidas e assentadas para a saúde do corpo social. 
3.5 BENTHAM E MARX
Por sua vez, para os utilitaristas ingleses do século XIX, o Estado seria a instituição 
responsável por realizar a unidade dos interesse individuais, além de assegurar o 
equilíbrio social. Esse entendimento foi proposto pelo filósofo utilitarista e jurista inglês 
Jeremy Bentham (1748-1832) e compartilhado por outros seus contemporâneos. 
Trata-se, também, de um entendimento de que os direitos não seriam naturais, mas 
conquistados e preservados pelos homens a partir e através do Estado. O Estado, nesse 
entendimento, seria a representação máxima da utilidade que as leis têm para aqueles 
que exercem o poder sobre os outros. Leis ajudam a controlar o funcionamento da 
sociedade e precisam ser resguardadas por um ente com autoridade para tal.
Assim, Jeremy Bentham ajudou a demarcar as bases para os primeiros 
pensadores socialistas como Karl Marx (1818-1883). Para este filósofo alemão, o Estado 
foi constituído para ser o "aparato de opressão" da classe dominante para a garantia 
de seus interesses e privilégios econômicos, em detrimento dos interesses gerais 
da classe trabalhadora. Nessa interpretação, o Estado não seria o representante dos 
interesses gerais e aglutinador da razão universal. O Estado, compreendido em todo o 
seu ordenamento júrídico, burocrático e policial representaria, fundamentalmente, os 
interesses de uma minoria no poder. Portanto, leis não seriam sinônimo de justiça, mas 
de usurpação e interesses privados.
Marx e seu amigo Friedrich Engels (1820-1895) foram pensadores revolucionários. 
Entre suas inúmeras contribuições está a advertência de que não vejamos as coisas como 
parecem ser e as autoridades dizem que são. Seria preciso perceber o que está por trás 
do Estado e por baixo das leis. Elas expressariam interesses universais mas esconderiam 
interesses particulares. Os dois pensadores e ativistas políticos redigiram a famosa obra 
intitulada “O Manifesto Comunista”. Ali, afirmam que a única maneira de a classe trabalhadora 
obter a liberdade e o bem-estar que lhe são de direito, seria tomando o poder à força. 
A partir da conquista revolucionária do Estado, a classe trabalhadora instauraria 
a "ditadura do proletariado". Seria uma etapa provisória, temporária, até que se pudesse 
prescindir do Estado e este seria extinto, por pura falta de utilidade. O raciocínio é 
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simples: O Estado é o produto histórico do ordenamento jurídico e policial das classes 
dominantes ao longo do tempo. Sua maior incumbência seria proteger a propriedade 
privada e garantir a acumulação de riquezas de quem está no poder. A acumulação 
seria o resultado da exploração da classe dominante sobre a classe trabalhadora. Então, 
o Estado é, por definição, contra os interesses dos trabalhadores. Sendo, na origem, 
uma instituição de opressão, deveria ser extinto. O que se seguiria depois seria uma 
sociedade sem classes, baseada não na aplicação das leis, mas na justa distribuição dos 
bens produzidos e sem propriedade privada. 
 
3.6 VARIADAS CONCEPÇÕES
De um modo geral, a concepção de Estado apresentada por Marx e Engels teve 
muitos adeptos e ganhou força interpretativa desde o fim do século XIX, passando a 
antagonizar com a concepção digamos assim conservadora do Estado, sintetizada 
na idealização hegeliana. De um lado, a ideia do Estado como produto da razão e, de 
outro, como instrumento de usurpação. E, embora tenhamos convivido fortemente 
com o binário “direita” (conservadora ou reacionária) e “esquerda” (progressista ou 
revolucionária) na política mundial e no interior das nações, as experiências concretas 
se orientaram por essas duas concepções, hegeliana e marxista, sem exclusividade a 
um ou outro lado.
Durante o século XX, as concepções de Estado tiveram alguma variação. 
Oscilaram entre concepções as mais autoritárias e centralizadoras até as mais libertárias 
ou mesmo descentralizadas. Foram do Estado totalitário ao anarquismo, passando pelo 
Estado de bem-estar até o Estado mínimo. Em cada um dos casos, sempre houve 
teorias a constituir elaboradas justificativas em defesa de cada modelo. Com exceção 
da utopia anarquista, experiências concretas não faltaram, a deixar suas marcas na 
história e as possibilidades de que se tenha aprendido com elas. Nessa perespecrtiva, 
cabe resumida tipificação, como vemos a seguir:
• O totalitarismo expressa a máxima centralização do poder e a minimalização das 
liberdades. É o Estado do medo, retratado e justificado notavelmente na obra “O 
leviatã”, de Thomas Hobbes (1588-1679).
• O anarquismo, por sua vez, defende a extinsão do Estado, sugerindo que toda forma 
de poder é uma forma de usurpação, de dominação ilegítima e deve ser negada. É a 
negação do Estado, retratada, por exemplo, na obra “O anarquismo e a democracia 
burguesa”, que inclui o capítulo “O Estado: alienação e natureza”, do anarquista russo 
Mikhail Bakunin (1814-1876), entre outros escritos de anarquistas como Malatesta, 
Phroudon e Kropotkin.
• O Estado de bem-estar social é, como sugere o nome, o Estado protetor, empenhado 
na distribuição da riqueza social através de políticas públicas de transferência de 
rendas, incluindo as políticas sociais na saúde e na educação. Nessa perspectiva, 
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governos são responsáveis pela sobrevivência de seus membros, garantindo 
subsistência àqueles que não a possuem. Uma excelente análise foi feita pelo 
sociólogo polonês Adam Przeworski (1940 - ), em seu livro “Capitalismo e social-
democracia”.
• O Estado mínimo expressa a ideia de que quanto menor for a intervenção do Estado 
na vida privada das pessoas e na economia, tanto melhor. Para os liberais ortodoxos, 
o Estado deveria apenas cuidar do básico, ou seja, garantir o direito à propriedade 
privada, cuidar da segurança dos indivíduos e da educação aos que mais necessitam, 
deixando o restante com a iniciativa privada e a sociedade organizada. Uma 
compreensão sobre o assunto pode ser iniciada com a leitura do pensador liberal 
austríaco Ludwig von Mises (1881-1973), em “A mentalidade anticapicalista”.
Contemporaneamente (século XXI), podemos afirmar que o Estado é uma ordem 
política, cuja legitimidade é pouco distutível. Podemos manifestar nossas insatisfações 
com a ordem política. Podemos contestar os ordenamentos jurídicos, reclamar das 
políticas econômicas, de governos autoritários, ineficientes, corruptos, perdulários, 
entre outros defeitos. Tudo isso nos permite constatar que a ordem política é produto 
das relações de poder entre seres humanos em busca da consecução de suas ideias e 
interesses, públicos ou inconfessáveis. 
Por extensão,podemos concordar ou divergir das concepções sobre como o 
Estado deve primordialmente ser. Poderia ou deveria ser mais centralizado, autoritário, 
descentralizado, democrático, mais ou menos liberal, na economia, na organização 
política, nos costumes e comportamentos individuais. Deveria ser mais assistencialista, 
como sugerem os socialdemocratas ou menos intervencionista, como os defensores do 
liberalismo clássico. Na vida real, esses “tipos ideais” se confundem, conformando as 
experiências em cada governo, cada nação e em cada tempo. 
As experiências políticas ao fim da segunda década do século XXI não permitem 
prognósticos seguros. A democracia é a forma de governo preferida entre os países mais 
desenvolvidos do Ocidente. Todavia, isso não nos exime de reconhecer que a relação 
democracia e desenvolvimento seja uma regra tácita. A China não é uma democracia 
e, no entanto, desponta para ser a potência econômica do século XXI. Seguirá sendo 
um regime político centralizado e restritivo? E quanto ao Ocidente democrático, quais 
serão os resultados do embate entre o Estado de bem-estar e o Estado mínimo, entre 
social-democratas e liberais ortodoxos? (considerando que todos são, a rigor, liberais 
democratas).
Sejam quais forem os resultados, eles dependerão do interesse dos cidadãos 
de cada país, microrregião e cidade, sobre as coisas da política. O Estado, seja numa 
conformação ou noutra, estará presente e legitimado pelos indivíduos, é difícil prever 
algo diferente. Sua legitimidade dependerá sempre, em considerável medida, da 
capacidade de a ordem política formal responder às necessidades econômicas e aos 
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direitos fundamentais dos indivíduos. E a qualidade dos serviços dependerá de um duplo 
esforço da sociedade, qual seja, o esforço econômico e a atenção à política. Podemos 
admitir, como sugeriu certo filósofo, que a política não nos levará ao céu, mas é somente 
através dela que nos livraremos do pior dos infernos.
4 PODER
Definimos o conceito de poder como o resultado da ação capaz de exercer 
influência sobre o outro ou os outros, a fim de conseguir realizar e fazer prevalecer o 
interesse de quem busca obtê-lo. Se falarmos em termos de poder político, podemos 
defini-lo como o exercício da influência legítima de um agente sobre outro ou outros. 
Há inúmeras formas de um agente exercer poder sobre outros, fazendo-os alterar 
seus comportamentos em função do interesse e mando de quem o exerce. No caso da 
ordem política, é a autoridade legítima que se expressa, seja pelo uso da força, seja pela 
ameaça de seu uso em nome da lei.
A recorrência ao uso da força na política é uma condição necesária, mas não 
suficiente para definir o conceito de poder (BOBBIO, 2000, p. 164). Em política, o uso da 
força como possibilidade ou ameaça depende da legitimidade conferida pelos cidadãos. 
É o uso da força com a força da lei. E isso confere ao Estado o poder exclusivo de utilizá-
la, sem o que o poder é ilegítimo. Em outras palavras, somente o poder político tem o 
direito de exercer o poder com base no uso ou na ameaça do uso da violência. Nenhum 
outro indivíduo, grupo ou organização na Sociedade pode fazê-lo, o que confere ao 
Estado o monopólio do uso da força para o exercício da autoridade.
É nessa perspectiva que devemos entender a explicação oferecida pelo filósofo 
inglês Thomas Hobbes. No grande clássico da teoria política, intitulado “O leviatã”, Hobbes 
explica mais ou menos assim os fundamentos do contrato social, base da teoria do Estado 
moderno: trata-se da passagem do estado de natureza (estado selvagem) para o estado 
civil (estado político), em que os homens abdicam do direito de usar cada qual sua força 
para se protegerem e ou alcançarem seus interesses. É quando todos resolvem outorgar 
esse poder a um ente superior, qual seja, o Estado, que Hobbes chama alegoricamente de 
Leviatã, em recorrência à figura bíblica (HOBBES apud BOBBIO, 2000, p. 165).
Nessa perspectiva, os governos em geral são o exemplo de agentes com 
autoridade exclusiva de usar a força física para obrigar a obediência aos cidadãos 
nas circunscrições do território sobre o seu controle. Um policial, por exemplo, é uma 
extensão humana da autoridade estatal sobre o cidadão. Mas o monopólio do uso da 
força não deve ser confundido com autoridade sem limites, embora na prática isso 
muitas vezes aconteça. Por exemplo, se esse policial, instituido da autoridade que lhe 
é outorgada, ameaça um cidadão, o obriga a uma confissão ou lhe cobra propina sob 
ameaça, estará fora dos limites da autoridade política. Trata-se, nesse caso, de um 
exercício ilegítimo do poder.
‘Naturalmente, estamos tratando do fenômeno do poder de um ponto de vista 
contemporâneo. O poder é tão antigo quanto a convivência humana. Admitido isso, não 
podemos afirmar que sempre houve legitimidade no exercício do poder. A força de um 
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sobre outro é antes de tudo uma violência. O que torna esse uso minimamente aceitável 
é quando a força é usada em defesa contra a violência alheia. E é exatamente essa 
reação que, ao longo da história humana, vai revestir o uso da violência de moralidade. É 
a constituição da autoridade, em nome da ordem, que legitimará o uso da força.
Todavia, se todos se atribuírem essa autoridade, o resultado tenderá a confirmar 
o temor hobbesiano: deixados à própria sorte, os seres humanos entrariam em guerra 
permanente e se matariam uns aos outros. É como que uma consciência adquirida pelos 
seres humanos de que seus egoísmos ameaçam a própria sobrevivência da espécie. É 
para assegurá-la, que os homens estabelecem o acordo, isto é, o tal “contrato social”. 
Desse modo, outorgam o poder a um ente superior, um líder, chefe ou governante, a 
quem incumbem a tarefa de exercer o poder em nome da ordem, da sobrevivência.
Admitida a evolução histórica, isso nos leva a compreender o surgimento do 
Estado, onde o poder se concentra e se legitima em nome da ordem, da sobrevivência 
dos indivíduos em coletividade. Está claro que, com frequência, o poder é mal exercido, 
justamente porque operado por seres humanos de natureza egoísta, como definiu 
Thomas Hobbes. Todavia, isso não decreta a possibilidade de extinção do Estado, 
como sugeriram os anarquistas, como Bakunin e Phroudon, e os socialistas libertários 
como Marx e Engels. O poder será sempre uma usurpação. Mas também será um poder 
consentido pelos que a ele são submetidos. É ao Estado que compete esse poder 
legítimo, e leva muitos a afirmar que, fora dele, não há solução.
O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), a força física legítima é o ponto de 
partida de toda ação do Estado, que exerce o poder político, entendido como legítimo, 
sobre os cidadãos. Essa força é a espinha dorsal do sistema político. São as autoridades 
políticas dos três poderes que têm o direito legitimado de usar a coerção e exigir 
obediência. É, portanto, o poder político, o maior de todos. Sob o poder político estão 
submetidas não apenas as instituições que regem a política, mas também as regras e 
leis do poder econômico e do poder ideológico (WEBER, 1976, apud BOBBIO, 2000, p. 
165). É bastante frequente que as leis e costumes econômicos, como também as ideias 
dominantes, estejam em consonância com o poder político, como já lembrara Karl Marx. 
Mas sua hegemonia dependerá sempre do poder político.
FIGURA 3 – O SOCIÓLOGO ALEMÃO MAX WEBER
FONTE: <https://bit.ly/34MD7eW>.Acesso em: 22 jul. 2020.
22
Como conceito central no estudo de sociedades, nações e organizações, 
o fenômeno do poder é estudado em muitos campos do conhecimento. A origem e 
natureza da autoridade e sua legitimidade é o principal assunto de filósofos políticos e 
cientistas políticos. Investiga-se sobre as circunstâncias que legitimam a ação do Estado 
em obrigar seus indivíduos a agirem em certa direção. Todavia, desde John Locke (1632-
1704), também se investigam as condições em que cidadãos podem, legitimamente, 
desobedecer ao poder do Estado. 
Para sociólogos e cientistas políticos,

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