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Os elétrons retirados dos ácidos graxos durante a oxidação passam pela cadeia respiratória, levando à síntese de ATP; a acetil-CoA produzida a partir dos ácidos graxos pode ser completamente oxidada a CO2 no ciclo do ácido cítrico, resultando em mais conservação de energia. Em algumas espécies e em alguns tecidos, a acetil-CoA tem destinos alternativos. No fígado, a acetil-CoA pode ser convertida em corpos cetônicos – combustíveis solúveis em água exportados para o cérebro e para outros tecidos quando glicose não está disponível. O processo repetitivo de quatro etapas, chamado de b-oxidação, por meio do qual os ácidos graxos são convertidos em acetil-CoA. Por serem insolúveis em água, os triacilgliceróis ingeridos devem ser emulsificados antes que possam ser digeridos por enzimas hidrossolúveis no intestino, e os triacilgliceróis absorvidos no instestino ou mobilizados dos tecidos de armazenamento devem ser carregados no sangue ligados a proteínas que neutralizam a sua insolubilidade. Para superar a relativa estabilidade das ligações C¬C em um ácido graxo, o grupo carboxil do C-1 é ativado pela ligação à coenzima A, que permite a oxidação gradativa do grupo acil graxo na posição C-3, ou b – daí o nome b- oxidação. A oxidação completa dos ácidos graxos a CO2 e H2O ocorre em três etapas: a oxidação dos ácidos graxos de cadeia longa a fragmentos de dois carbonos, na forma de acetil-CoA (b-oxidação); a oxidação de acetil-CoA a CO2 no ciclo do ácido cítrico; e a transferência de elétrons dos transportadores de elétrons reduzidos à cadeia respiratória mitocondrial. As células podem obter combustíveis de ácidos graxos de três fontes: gorduras consumidas na dieta, gorduras armazenadas nas células como gotículas de lipídeos e gorduras sintetizadas em um órgão para exportação a outro. Os vertebrados, por exemplo, obtêm gorduras na dieta, mobilizam gorduras armazenadas em tecidos especializados (tecido adiposo, consistindo em células chamadas adipócitos) e, no fígado, convertem o excesso dos carboidratos da dieta em gordura para a exportação aos outros tecidos. As gorduras da dieta são absorvidas no intestino delgado Nos vertebrados, antes que os triacilgliceróis possam ser absorvidos através da parede intestinal, eles precisam ser convertidos de partículas de gordura macroscópicas insolúveis em micelas microscópicas finamente dispersas. Essa solubilização é realizada pelos sais biliares, como o ácido taurocólico, que são sintetizados a partir do colesterol no fígado, armazenados na vesícula biliar e liberados no intestino delgado após a ingestão de uma refeição gordurosa. ➊)Os sais biliares são compostos anfipáticos que atuam como detergentes biológicos, convertendo as gorduras da dieta em micelas mistas de sais biliares e triacilgliceróis. ➋).A formação de micelas aumenta muito a fração das moléculas de lipídeo acessíveis à ação das lipases hidrossolúveis no intestino, e a ação das lipases converte os triacilgliceróis em monoacilgliceróis (monoglicerídeos) e diacilgliceróis (diglicerídeos), ácidos graxos livres e glicerol. ➌). Esses produtos da ação da lipase se difundem para dentro das células epiteliais que revestem a superfície intestinal (a mucosa intestinal). ➍).onde são reconvertidos em triacilgliceróis e empacotados com o colesterol da dieta e proteínas específicas em agregados de lipoproteínas chamados quilomícrons. As apolipoproteínas são proteínas de ligação a lipídeos no sangue, responsáveis pelo transporte de triacilgliceróis, fosfolipídeos, colesterol e ésteres de colesterol entre os órgãos. As apolipoproteínas se combinam com os lipídeos para formar várias classes de partículas de lipoproteína, que são Catabolismo de ácidos graxos Digestão, mobilização e transporte de gorduras agregados esféricos com lipídeos hidrofóbicos no centro e cadeias laterais hidrofílicas de proteínas e grupos polares de lipídeos na superfície. Várias combinações de lipídeos e proteínas produzem partículas de densidades diferentes, variando de quilomícrons e lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) a lipoproteínas de densidade muito alta (VHDL). ➎).As porções proteicas das lipoproteínas são reconhecidas por receptores nas superfícies celulares. Na absorção de lipídeos no intestino, os quilomícrons, que contêm a apolipoproteína C-II (apoC-II), se deslocam da mucosa intestinal para o sistema linfático e então entram no sangue, que os carrega para os músculos e o tecido adiposo. ➏).Nos capilares desses tecidos, a enzima extracelular lipase lipoproteica, ativada pela apoC- II, hidrolisa os triacilgliceróis em ácidos graxos e glicerol. ➐).absorvidos pelas células nos tecidos-alvo. ➑).No músculo, os ácidos graxos são oxidados para obter energia; no tecido adiposo, eles são reesterificados para armazenamento na forma de triacilgliceróis. Os remanescentes dos quilomícrons, desprovidos da maioria dos seus triacilgliceróis, mas ainda contendo colesterol e apolipoproteínas, se deslocam pelo sangue até o fígado, onde são captados por endocitose mediada pelos receptores específicos para as suas respectivas apolipoproteínas. Os triacilgliceróis que entram no fígado por essa via podem ser oxidados para fornecer energia ou precursores para a síntese de corpos cetônicos. Quando a dieta contém mais ácidos graxos do que o necessário imediatamente como combustível ou como precursores, o fígado os converte em triacilgliceróis, empacotados com apolipoproteínas específicas formando VLDL. As VLDL são transportadas pelo sangue até o tecido adiposo, onde os triacilgliceróis são removidos da circulação e armazenados em gotículas lipídicas dentro dos adipócitos. Hormônios ativam a mobilização dos triacilgliceróis armazenados Os lipídeos neutros são armazenados nos adipócitos (e nas células que sintetizam esteroides do córtex da suprarrenal, dos ovários e dos testículos) na forma de gotículas lipídicas, com um centro de ésteres de esteróis e triacilgliceróis envoltos por uma monocamada de fosfolipídeos. A superfície dessas gotículas são revestidas por perilipinas, família de proteínas que restringem o acesso às gotículas lipídicas, evitando a mobilização prematura dos lipídeos. Quando hormônios sinalizam a necessidade de energia metabólica, os triacilgliceróis armazenados no tecido adiposo são mobilizados (retirados do armazenamento) e transportados aos tecidos (musculatura esquelética, coração e córtex renal) nos quais os ácidos graxos podem ser oxidados para a produção de energia. Os hormônios adrenalina e glucagon, secretados em resposta aos baixos níveis de glicose ou atividade iminente, estimulam a enzima adenilil ciclase na membrana plasmática dos adipócitos, que produz o segundo mensageiro intracelular AMP cíclico. A proteína-cinase dependente de cAMP (PKA) leva à mudanças que abrem a gotícula de lipídeo para a atividade de três lipases, que atuam sobre tri- , di- e monoacilgliceróis, liberando ácidos graxos e glicerol. Os ácidos graxos assim liberados (ácidos graxos livres) passam dos adipócitos para o sangue, onde eles se ligam à albumina sérica. Ligados a essa proteína solúvel, os ácidos graxos que de outra maneira seriam insolúveis, são transportados aos tecido como o músculo esquelético, o coração e o córtex renal. Nesses tecidos-alvo, os ácidos graxos se dissociam da albumina e são levados por transportadores da membrana plasmática para dentro das células para servir de combustível. O glicerol liberado pela ação da lipase é fosforilado e oxidado a di- -hidroxiacetona fosfato, que pode entrar nas vias glicolítica ou gliconeogênica. Alternativamente, o glicerol fosfato pode ser usado na síntese de triacilgliceróis ou de fosfolipídeos. Mobilização dos triacilgliceróis armazenados notecido adiposo. Quando os baixos níveis de glicose no sangue ativam a liberação de glucagon, ➊ o hormônio se liga ao seu receptor na membrana do adipócito e assim ➋ estimula a adenilil-ciclase, via uma proteína G, a produzir cAMP. Isso ativa a PKA, que fosforila ➌ a lipase sensível a hormônio (HSL) e ➍ as moléculas de perilipina na superfície da gotícula lipídica. A fosforilação da perilipina causa a ➎ dissociação da proteína CGI da perilipina. A CGI então se associa com a enzima triacilglicerol lipase no adipócito (ATGL), ativando-a. A triacilglicerol lipase ativada ➏ converte triacilgliceróis em diacilgliceróis. A perilipina fosforilada se associa com a lipase sensível a hormônios fosforilada, permitindo o acesso à superfície da gotícula lipídica, onde ➐ ela hidrolisa os diacilgliceróis em monoacilgliceróis. Uma terceira lipase, a monoacilglicerol lipase (MGL) ➑ hidrolisa os monoacilgliceróis. ➒ Os ácidos graxos saem do adipócito, se ligam à albumina sérica no sangue e são transportados no sangue; eles são liberados da albumina e ➓ entram em um miócito por meio de um transportador específico de ácidos graxos. 11. No miócito, os ácidos graxos são oxidados a CO2, e a energia da oxidação é conservada em ATP, que abastece a contração muscular e outros tipos de metabolismo que necessitam de energia no miócito. Os ácidos graxos são ativados e transportados para dentro das mitocôndrias Os ácidos graxos com comprimento de cadeia de 12 carbonos ou menos entram na mitocôndria sem a ajuda de transportadores de membrana. Aqueles com 14 carbonos ou mais, que constituem a maioria dos ácidos graxos livres obtidos na dieta ou liberados do tecido adiposo, não conseguem passar livremente através das membranas mitocondriais – primeiro eles precisam passar pelas três reações enzimáticas do ciclo da carnitina. A primeira reação é catalisada por uma família de isoenzimas (isoenzimas diferentes, específicas para ácidos graxos de cadeia carbonada curta, intermediária ou longa) presente na membrana mitocondrial externa, as acil-CoA-sintetases, que catalisam a reação geral. Assim, as acil-CoA-sintetases catalisam a formação de uma ligação tioéster entre o grupo carboxil do ácido graxo e o grupo tiol da coenzima A para produzir um acil-CoA graxo, acoplado à clivagem do ATP em AMP e PPi . A formação de uma acil-CoA graxo torna-se favorável pela hidrólise de duas ligações de alta energia do ATP; o pirofosfato formado na reação de ativação é imediatamente hidrolisado pela pirofosfatase inorgânica (lado esquerdo da Figura 17-5), que puxa a reação de ativação precedente no sentido da formação de acil-CoA graxo. Os ésteres de acil-CoA graxo formados no lado citosólico da membrana externa da mitocôndria podem ser transportados para dentro da mitocôndria e oxidados para produzir ATP, ou podem ser utilizados no citosol para sintetizar lipídeos de membrana. Os ácidos graxos destinados a oxidação mitocondrial estão transitoriamente ligados ao grupo hidroxil da carnitina, formando acil-graxo-carnitina – a segunda reação do ciclo. Essa transesterificação é catalisada pela carnitina aciltransferase I, na membrana externa. Ou a acil- CoA passa através da membrana externa e é convertida no éster de carnitina no espaço intermembrana (Figura 17-6), ou o éster de carnitina é formado na face citosólica da membrana externa, e então deslocado através da membrana externa para o espaço intermembrana. O éster de acil-graxo-carnitina então entra na matriz por difusão facilitada através do transportador acil-carnitina/carnitina da membrana mitocondrial interna. No terceiro e último passo do circuito da carnitina, o grupo acil-graxo é enzimaticamente transferido da carnitina para a conezima A intramitocondrial pela carnitina-aciltransferase II. Essa isoenzima, localizada na face citosólica da membrana mitocondrial interna, regenera a acil-CoA graxo e a libera, juntamente com a carnitina livre, dentro da matriz. A carnitina retorna ao espaço intermembrana por meio do transportador acil- carnitina/carnitina. Entrada de ácido graxo na mitocôndria pelo transportador acil-carnitina/carnitina. Após a formação da acil-carnitina-graxo na membrana externa ou no espaço intermembrana, ela se desloca para a matriz pela difusão facilitada por meio do transportador na membrana interna. Na matriz, o grupo acila é transferido para a coenzima A mitocondrial, tornando a carnitina livre para retornar ao espaço intermembrana pelo mesmo transportador. A aciltransferase I é inibida por malonil-CoA, o primeiro intermediário na síntese de ácidos graxos. Essa inibição evita a síntese e a degradação simultâneas dos ácidos graxos. Esse processo de três passos para transferir os ácidos graxos para dentro da mitocôndria – esterificação com CoA, transesterificação com carnitina, seguida de transporte e transesterificação de volta a CoA – liga dois reservatórios de coenzima A e de acil-CoA graxo, um no citosol e o outro na mitocôndria. A acil-CoA graxo no reservatório citosólico pode ser utilizada para síntese de lipídeos de membrana ou pode ser transportada para dentro da matriz mitocondrial para oxidação e produção de ATP. A conversão ao éster de carnitina compromete a porção acil-graxo com o destino oxidativo. A oxidação mitocondrial dos ácidos graxos ocorre em três etapas. Na primeira etapa – b-oxidação –, os ácidos graxos sofrem remoção oxidativa de sucessivas unidades de dois carbonos na forma de acetil-CoA, começando pela extremidade carboxílica da cadeia acil-graxo. Por exemplo, o ácido palmítico de 16 carbonos (palmitato em pH 7) passa sete vezes pela sequência oxidativa, perdendo dois carbonos como acetil-CoA em cada passagem. Ao final de sete ciclos, os dois últimos carbonos do palmitato (originalmente C-15 e C-16) permanecem como acetil-CoA. O resultado global é a conversão da cadeia de 16 carbonos do palmitato em oito grupos acetil de dois carbonos das moléculas de acetil- CoA. A formação de cada acetil-CoA requer a remoção de quatro átomos de hidrogênio (dois pares de elétrons e quatro H+) da porção acil-graxo pelas desidrogenases. Na segunda etapa da oxidação de ácidos graxos, os grupos acetil da acetil-CoA são oxidados a CO2 no ciclo do ácido cítrico, que também ocorre na matriz mitocondrial. A acetil- -CoA derivada dos ácidos graxos então entra em uma via de oxidação final comum com a acetil-CoA derivada da glicose precedente da glicólise e da oxidação do piruvato. As duas primeiras etapas da oxidação dos ácidos graxos produzem os transportadores de elétrons reduzidos NADH e FADH2, que na terceira etapa doam elétrons para a cadeia respiratória mitocondrial, por meio da qual os elétrons passam para o oxigênio com a fosforilação concomitante de ADP a ATP. A energia liberada pela oxidação dos ácidos graxos é, portanto, conservada como ATP. A b-oxidação de ácidos graxos saturados tem quatro passos básicos Quatro reações catalisadas por enzimas constituem a primeira etapa da oxidação de ácidos graxos. Primeiro, a desidrogenação da acil-CoA graxo produz uma ligação dupla entre os átomos de carbono a e b (C-2 e C-3) produzindo uma trans- Delta2 -enoil-CoA. Esse primeiro passo é catalisado por três isoenzimas da acil-CoA desidrogenase, cada uma específica para uma série de comprimentos de cadeia acil-graxo: acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (VLCAD), atuando em ácidos graxos de 12 a 18 carbonos; de cadeia média (MCAD), atuando em ácidos graxos de 4 a 14 carbonos; e de cadeia curta (SCAD), atuando em ácidos graxos de 4 a 8 carbonos. As três isoenzimas são flavoproteínas com FAD como grupo prostético. Os elétrons removidos da acil-CoA graxo são transferidos para o FAD, e a forma reduzida da desidrogenase imediatamente doa seuselétrons a um transportador de elétrons da cadeia respiratória mitocondrial, a flavoproteína de transferência de elétrons. A oxidação catalisada por uma acil-CoA desidrogenase é análoga à desidrogenação do succinato no ciclo do ácido cítrico; em ambas as reações, a enzima está ligada à membrana interna, uma ligação dupla é introduzida em um ácido carboxílico entre os carbonos a e b, FAD é o aceptor de elétrons, e os elétrons das reações por fim entram na cadeia respiratória e passam para o O2, com a síntese concomitante de cerca de 1,5 moléculas de ATP por par de elétrons. Oxidação de ácidos graxos No segundo passo do ciclo da b-oxidação, água é adicionada à ligação dupla da trans-Delta2 - enoilCoA para formar o estereoisômero L da b- hidroxiacil-CoA (3-hidroxiacil-CoA). Essa reação, catalisada pela enoil-CoA hidratase, é análoga à reação da fumarase no ciclo do ácido cítrico, no qual H2O é adicionada a uma ligação dupla a-b. No terceiro passo, L-b-hidroxiacil-CoA é desidrogenada para formar b-cetoacil-CoA, pela ação da b-hidroxiacil- -CoA desidrogenase; NAD1 é o aceptor de elétrons. Essa enzima é específica para o estereisômero L da hidroxiacil- -CoA. O NADH formado na reação doa seus elétrons para a NADH-desidrogenase, um transportador de elétrons da cadeia respiratória, e ATP é formado a partir de ADP à medida que os elétrons passam para o O2. A reação catalisada pela b-hidroxiacil- CoA desidrogenase é análoga à reação da malato- desidrogenase do ciclo do ácido cítrico. O quarto e último passo do ciclo da b-oxidação é catalisado pela acil-CoA-acetiltransferase, mais comumente chamada de tiolase, que promove a reação de b-cetoacil- -CoA com uma molécula de coenzima A livre para separar o fragmento de dois carbonos da extremidade carboxílica do ácido graxo original como acetil-CoA. O outro produto é o tioéster de coenzima A do ácido graxo, agora encurtado em dois átomos de carbono. As três últimas etapas dessa sequência de quatro passos são catalisadas por dois conjuntos de enzimas, sendo que as enzimas utilizadas vão depender do comprimento da cadeia acil-graxo. Para cadeias com 12 carbonos ou mais, as reações são catalisadas por um complexo multienzimático associado à membrana interna da mitocôndria, a proteína trifuncional. Os quatro passos da b-oxidação são repetidos para produzir acetil-CoA e ATP Em uma passagem pela sequência da b-oxidação, uma molécula de acetil-CoA, dois pares de elétrons e quatro prótons (H+) são removidos da acil-CoA graxo de cadeia longa, encurtando-a em dois átomos de carbono. Ao todo, sete passagens pela sequência da b- oxidação são necessárias para oxidar uma molécula de palmitoil-CoA em oito moléculas de acetil-CoA. Cada molécula de FADH2 formada durante a oxidação do ácido graxo doa um par de elétrons para a ETF da cadeia respiratória, e cerca de 1,5 molécula de ATP são geradas durante a transferência de cada par de elétrons para o O2. Do mesmo modo, cada molécula de NADH formada doa um par de elétrons para a NADH- desidrogenase mitocondrial, e a transferência subsequente de cada par de elétrons para o O2 resulta na formação de aproximadamente 2,5 moléculas de ATP. Assim, quatro moléculas de ATP são formadas para cada unidade de dois carbonos removida em uma passagem pela sequência. Observe que água também é produzida nesse processo. A transferência de elétrons do NADH ou FADH2 para o O2 produz uma H2O por par de elétrons. A redução do O2 pelo NADH também consome um H1 por molécula de NADH. A acetil-CoA pode ser oxidada ainda mais no ciclo do ácido cítrico A acetil-CoA produzida a partir da oxidação dos ácidos graxos pode ser oxidada a CO2 e H2O pelo ciclo do ácido cítrico. A oxidação dos ácidos graxos é estritamente regulada A oxidação dos ácidos graxos consome um combustível precioso e é regulada de forma que ocorra apenas quando houver a necessidade de energia. No fígado, a acil-graxo-CoA formada no citosol tem duas vias principais abertas: (1) b- oxidação por enzimas na mitocôndria ou (2) conversão em triacilgliceróis e fosfolipídeos por enzimas no citosol. A via tomada depende da taxa de transferência de acil-graxos-CoA de cadeia longa para dentro da mitocôndria. O processo de três passos (ciclo da carnitina) pelo qual os grupos acil-graxos-CoA são carregados da acil-CoA graxo citosólica para a matriz mitocondrial é o limitante para a oxidação de ácidos graxos, sendo um ponto de regulação importante. Uma vez que os grupos acil-graxos entram na mitocôndria, eles estão destinados à oxidação em acetil-CoA. A malonil-CoA, o primeiro intermediário na biossíntese citosólica de ácidos graxos de cadeia longa a partir da acetil-CoA, tem sua concentração aumentada quando o animal está bem suprido de carboidratos; o excesso de glicose, que não pode ser oxidado ou armazenado como glicogênio, é convertido em ácidos graxos no citosol, para armazenamento como triacilglicerol. A inibição da carnitina-aciltransferase I pela malonil-CoA garante que a oxidação de ácidos graxos seja inibida quando o fígado está amplamente suprido de glicose como combustível e está produzindo triacilgliceróis a partir do excesso de glicose. Duas das enzimas da b-oxidação também são reguladas por metabólitos que sinalizam a suficiência de energia. Quando a razão [NADH/NAD1] é alta, a b-hidroxiacil-CoA- desidrogenase é inibida; além disso, altas concentrações de acetil-CoA inibem a tiolase. Durante períodos de contração muscular vigorosa ou durante o jejum, a queda na [ATP] e o aumento da [AMP] ativam a proteína-cinase ativada por AMP (AMPK). A AMPK fosforila várias enzimas- alvo, incluindo a acetil-CoA-carboxilase, que catalisa a síntese de malonil- -CoA. Essa fosforilação, e consequentemente a inibição da acetil-CoA-carboxilase, diminui a concentração de malonil- -CoA, aliviando a inibição do transporte de acil-carnitina-graxo para a mitocôndria e permitindo que a b-oxidação reabasteça o suprimento de ATP. Fatores de transcrição ativam a síntese de proteínas do catabolismo de lipídeos A família PPAR (receptor ativado por proliferadores de peroxissomos) de receptores nucleares são fatores de transcrição que afetam muitos processos metabólicos em resposta a uma variedade de ligantes semelhantes aos ácidos graxos. (Eles foram originalmente identificados como receptores ativados por proliferadores de peroxissomos, em seguida, observou-se que funcionam mais amplamente.) O PPARa age no músculo, tecido adiposo e no fígado para ativar um grupo de genes essenciais para a oxidação de ácidos graxos, incluindo os transportadores de ácidos graxos, carnitina-aciltransferases I e II, acil-graxo- -CoA-desidrogenases de cadeias acila curta, média, longa e muito longa e enzimas relacionadas. Essa resposta é disparada quando uma célula ou organismo tem uma demanda aumentada por energia do catabolismo das gorduras, tal como durante o jejum entre as refeições ou sob condição de fome por longo período. O glucagon, liberado em resposta à baixa concentração de glicose no sangue, pode agir por meio do cAMP e do fator de transcrição CREB para ativar certos genes para o catabolismo de lipídeos. Regulação coordenada da síntese e da degradação dos ácidos graxos. Quando a dieta disponibiliza uma fonte imediata de carboidratos como combustível, a b-oxidação dos ácidos graxos é desnecessária, sendo, portanto, desativada. Duas enzimas são essenciais na coordenação do metabolismo dos ácidos graxos: a acetil-CoA- carboxilase (ACC), primeira enzima na síntese dos ácidos graxos, e a carnitina-aciltransferase I, que limita o transporte de ácidos graxos para dentro da matriz mitocondrial para a b-oxidação. A ingestão de uma refeição rica em carboidratos aumenta o nível de glicose no sangue e,portanto, ➊ ativa a liberação de insulina. ➋ A proteína-fosfatase dependente de insulina desfosforila a ACC, ativando-a. ➌ A ACC catalisa a formação de malonil-CoA (o primeiro intermediário da síntese de ácidos graxos), e ➍ o malonil-CoA inibe a carnitina-aciltransferase I, impedindo assim a entrada de ácidos graxos na matriz mitocondrial. Quando baixam os níveis de glicose no sangue, entre as refeições; ➎ a liberação de glucagon ativa a proteína-cinase dependente de cAMP (PKA), que ➏ fosforila e inativa a ACC. Com a baixa concentração de malonil-CoA, a inibição da entrada de ácidos graxos na mitocôndria é aliviada, e ➐ os ácidos graxos entram na matriz mitocondrial e ➑ tornam-se o principal combustível. Como o glucagon também ativa a mobilização de ácidos graxos no tecido adiposo, um suprimento de ácidos graxos começa a chegar ao sangue. O acetil-CoA formado no fígado durante a oxidação dos ácidos graxos pode entrar no ciclo do ácido cítrico ou sofrer conversão a “corpos cetônicos”, acetona, acetoacetato e D-b- hidroxibutirato, para exportação a outros tecidos. A acetona, produzida em menor quantidade do que os outros corpos cetônicos, é exalada. O acetoacetato e o D-b-hidroxibutirato são transportados pelo sangue para outros tecidos que não o fígado (tecidos extra-hepáticos), onde são convertidos a acetil-CoA e oxidados no ciclo do ácido cítrico, fornecendo muito da energia necessária para tecidos como o músculo esquelético e cardíaco e o córtex renal. A produção e exportação dos corpos cetônicos do fígado para tecidos extra- -hepáticos permite a oxidação contínua de ácidos graxos no fígado quando acetil-CoA não está sendo oxidada no ciclo do ácido cítrico. Os corpos cetônicos formados no fígado são exportados para outros órgãos como combustível Corpos cetônicos A primeira etapa na formação de acetoacetato, que ocorre no fígado, é a condensação enzimática de duas moléculas de acetl-CoA, catalisada pela tiolase; essa reação é simplesmente o inverso da última etapa da b-oxidação. O acetoacetil-CoA então se condensa com acetil- Coa formando b-hidroxi-b-metilglutaril-CoA (HMG-CoA), clivado a acetoacetato livre e acetil- Coa. O acetoacetato é reversivelmente reduzido pela D-b-hidroxibutirato-desidrogenase, uma enzima mitocondrial, a D-b- -hidroxibutirato. Essa enzima é específica para o estereoisômero D; ela não atua sobre L-b-hidroxiacil-CoAs e não deve ser confundida com a L-b-hidroxiacil-CoA- desidrogenase da via de b-oxidação. Em tecidos extra-hepáticos, o D-b-hidroxibutirato é oxidado a acetoacetato pela D-b-hidroxibutirato- desidrogenase. O acetoacetato é ativado ao seu éster de coenzima A pela transferência da CoA do succinil-CoA, intermediário do ciclo do ácido cítrico, em uma reação catalisada pela b-cetoacil- CoA-transferase, também chamada tioforase. O acetoacetil-CoA é então clivado pela tiolase gerando dois acetil-CoAs, que entram no ciclo do ácido cítrico. Assim, os corpos cetônicos são usados como combustível em todos os tecidos, exceto o fígado, que carece de tioforase. O fígado é, consequentemente, um produtor de corpos cetônicos para os outros tecidos, mas não um consumidor. A produção e exportação dos corpos cetônicos pelo fígado permite a oxidação contínua de ácidos graxos com mínima oxidação de acetil-CoA. Quando os intermediários do ciclo do ácido cítrico são desviados para a síntese de glicose pela gliconeogênese, por exemplo, a oxidação dos intermediários do ciclo desacelera – bem como a oxidação de acetil-CoA. Além disso, o fígado contém apenas uma quantidade limitada de coenzima A, e quando a maior parte está comprometida com acetil-CoA, a b-oxidação desacelera esperando por coenzima livre. A produção e a exportação de corpos cetônicos liberam a coenzima A, permitindo a contínua oxidação dos ácidos graxos. Durante o jejum, a gliconeogênese consome os intermediários do ciclo do ácido cítrico, desviando acetil-CoA para a produção de corpos cetônicos. Formação de corpos cetônicos e exportação a partir do fígado. As condições que promovem a gliconeogênese (diabetes não tratado, redução na ingestão de alimento) desaceleram o ciclo do ácido cítrico (pelo consumo do oxaloacetato) e aumentam a conversão de acetil-CoA em acetoacetato. A coenzima A liberada permite a b- oxidação contínua de ácidos graxos.
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