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Enfermagem em Dermatologia e Clínico-Cirúrgica

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Enfermagem em
dermatologia/
enfermagem
clínico-cirúrgica
Autora 
Graziani Izidoro Ferreira 
Apresentação
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção
ou a sua construção.”
Paulo Freire
Caro(a) estudante,
Todo processo de aprendizagem precisa de um guia. Nesse sentido, organizamos este material
de modo interativo e didático para que seu estudo seja prazeroso e enriquecedor.
Para falarmos sobre a Enfermagem em Dermatologia, é necessária a realização de uma revisão
básica de conhecimentos do seu curso de Enfermagem, a Enfermagem Clínico-Cirúrgica, que
envolve conhecimentos sobre semiologia e semiotécnica, sistematização da assistência de
enfermagem (SAE) e o significado do cuidado em si.
De uma forma bem didática, você relembrará todos esses conceitos, e assim iniciaremos o
estudo sobre assistência de enfermagem em dermatologia, identificando habilidades e
competências necessárias ao profissional, revisando anatomia e fisiologia da pele, abrangência
do cuidado clínico-cirúrgico, semiologia, semiotécnica e SAE, todos aplicados à avaliação da pele
e no tratamento de lesões cutâneas.
Animado(a) para começar? Pegue seu caderno para anotações, lápis, caneta e borracha, pois
vamos dar início à aventura do conhecimento científico no ambiente de dermatologia com
enfoque na assistência de enfermagem.
Prof.ª Mestra Graziani Izidoro Ferreira
Videoaula - Atuação da enfermagem na clínica-cirúrgica
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://player.vimeo.com/video/463660180] .
https://player.vimeo.com/video/463660180
Enfermagem clínico-cirúrgica1
A enfermagem clínico-cirúrgica atua no cuidado ao paciente com múltiplas comorbidades,
exigindo uma gama de conhecimentos, competências e habilidades no gerenciamento de
grandes quantidades de informações, sejam evidências para prática clínica ou dados
importantes do paciente para o planejamento das ações a serem prestadas (WINSETT et al.,
2016).
O trabalho do enfermeiro em clínica-cirúrgica tem por objetivo a recuperação dos pacientes em
seu estado físico, mental, emocional, espiritual e social, auxiliando em sua capacitação para o
enfrentamento da doença, influenciando o autocuidado, o fortalecimento da rede de apoio dos
pacientes e atuando na prevenção de agravos, proporcionando apoio e conforto, respeitando
crenças e valores (WINSETT et al., 2016).
Figura 1 – Cuidados na enfermagem
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 2 – Trabalho do enfermeiro
Fonte: freepik/freepik.com.
Para exercer a amplitude desse cuidado, é imprescindível uma base adequada de conhecimentos
e competências, consciência da diversidade, e intenso respeito pessoal e profissional para com
os pacientes e familiares atendidos (MAIA et al., 2017).
Atualmente, de modo global, mudanças sociais, políticas e econômicas têm sido observadas nas
questões relacionadas ao trabalho, especialmente na área da saúde, tornando-o mais complexo
e diversificado, o que tem exigido dos profissionais maior qualidade, eficácia e eficiência na
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/01.png
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/02.jpg
assistência. Vivemos tempos difíceis, com o aparecimento de novas doenças e mudanças
importantes nas necessidades de saúde das populações, um desafio aos atuais sistemas de
saúde em todo o mundo, exigindo cuidados de qualidade de acordo com as necessidades das
pessoas (RIBEIRO et al., 2020).
Para tal, os padrões de qualidade da enfermagem refletem a necessidade da organização dos
cuidados, readaptação funcional, bem-estar e autocuidado, prevenção de complicações,
promoção da saúde e satisfação do paciente.
Tais mudanças no cenário global quanto ao cuidado em enfermagem clínico-cirúrgica geraram
um aumento da abrangência de especialidades do cuidado, como: assistência à pessoa em
situação crítica, em situação paliativa, em situação perioperatória e à pessoa em situação
crônica, sendo a atuação voltada tanto para o ambiente hospitalar quanto ambulatorial (RIBEIRO
et al., 2020).
A ação do enfermeiro no cuidado, na ótica da fenomenologia, é uma ação que parte da motivação
originada na forma de planejar e projetar as funções desse profissional. O cuidar do enfermeiro
pode ser visto como uma forma humanizada de assistir, pois quem pratica o cuidado zela,
preocupa-se, observa, analisa e cria. Assim, deve considerar a integralidade do cuidado se
apoiando em sua consciência pessoal e no pensamento, apropriando-se de habilidades como
sensibilidade e observação.
Nesse sentido, a experiência individual do enfermeiro, seja pessoal ou individual, suas
habilidades, ações, sua consciência e seu conhecimento subjetivo estão ligados fortemente ao
significado da assistência de enfermagem, que se encontra centrada no cuidado integral e
holístico. Assim, o enfermeiro utiliza a escuta qualificada, o acolhimento e o diálogo como
estratégias do cuidar para adequar sua ação às necessidades do cliente, compreendido como
um ser único, com necessidades e projeções únicas.
No que se refere às melhorias na qualidade da assistência nos serviços, a educação permanente
em saúde é considerada uma importante estratégia na orientação e capacitação dos
profissionais dessa área, pois a prática baseada em evidências científicas atuais é fundamental
para conduzir o cuidado de enfermagem.
Muito romantismo envolve o cuidar em enfermagem, sendo considerado uma arte, como amor ao
próximo, contudo, a enfermagem é uma ciência que se desenvolve cada dia mais, sendo
importante que o enfermeiro se prepare técnica e cientificamente para sua atuação profissional.
Significado da assistência de enfermagem1.1
Atuar de modo holístico e humanizado não pode, de maneira alguma, excluir a responsabilidade
ética e técnica na preservação e recuperação de vidas, no atendimento às necessidades do
paciente, na tomada de decisão frente aos problemas reais e em potencial no que se refere ao
cuidado do paciente (MARINHO et al., 2009).
Por fim, o cuidar em enfermagem significa atender às necessidades do indivíduo, da família e da
comunidade, quando necessário, em todos os níveis de atenção à saúde: primária, secundária e
terciária, atuando na promoção, proteção, recuperação e reabilitação de sua saúde.
O significado da assistência de enfermagem se encontra no cuidar, com base em sua ciência, seu
processo de organização da assistência, independentemente do grau de complexidade ou das
condições da instituição, procurando atuar com qualidade (ARAÚJO, 1979).
Nesse sentido, o profissional deve pautar sua meta de trabalho sobre a qualidade dos resultados
e exercer suas funções com eficiência e criatividade, valorizando a qualidade de vida e aplicando
o conhecimento técnico e científico de sua equipe, inclusive no auxílio de seu desenvolvimento.
As competências gerais do enfermeiro clínico-cirúrgico se ampliam na tomada de decisão,
liderança e administração, além das questões éticas e bioéticas. Dentre as funções
administrativas, inclui-se o planejamento, a organização, a coordenação, a direção e o controle
dos serviços de saúde. Para aplicação dessas competências, habilidades em liderança,
capacidade de resposta sob pressão, compromisso, responsabilidade, empatia e comunicação
são importantes para uma atuação efetiva e eficaz (LUVISOTTO et al., 2010).
Figura 3 – Principais habilidades e competências para atuação na clínica-
cirúrgica
Fonte: elaborada pela autora.
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/03.png
Figura 4 – Competências do enfermeiro
Fonte: freepik/freepik.com.
Assim, o enfermeiro clínico-cirúrgico atua na assistência direta ao paciente, na avaliação do
cuidado prestado, na implementação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), na
orientação ao paciente e à sua família e na educação permanente e supervisão de funcionários e
ponte para interação com a equipe multiprofissional (LUVISOTTOet al., 2010).
No contexto abordado, o significado da assistência nos dias de hoje vai além da empatia e da
visão holística e humanizada, sendo fundamental o desenvolvimento de habilidades e
competências e atuação prática sempre pautada em evidências atualizadas (LUVISOTTO et al.,
2010).
Para estudar a prática profissional e potencialidades do enfermeiro na qualificação dos cuidados
de enfermagem, leia:
RIBEIRO, O. M. P. L. et al. Quality of nursing care: contributions from expert nurses in medical-
surgical nursing. Rev Rene, v. 21, e43167, 2020. Disponível em: doi.org
[https://doi.org/10.15253/2175-6783.20202143167] . Acesso em: 3 ago. 2020.
Os cuidados de enfermagem clínico-cirúrgica são prestados em todos os ciclos de vida, desde o
nascimento até os cuidados paliativos finais. A enfermagem clínico-cirúrgica é a maior
especialidade de enfermagem registrada nos Estados Unidos, por exemplo.
A importância do enfermeiro no cuidado clínico-cirúrgico1.2
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/04.jpg
https://doi.org/10.15253/2175-6783.20202143167
Os enfermeiros atuam principalmente em unidades hospitalares e cuidam de pacientes adultos
que estão gravemente doentes, com uma grande variedade de problemas médicos ou que estão
se recuperando de uma cirurgia, o que exige cuidados em tempo integral (AMSN, 2018).
A enfermagem clínico-cirúrgica é uma importante área na recuperação e tratamento dos
pacientes, pois atua não apenas no ambiente hospitalar, mas no cuidado ambulatorial, na
atenção primária à saúde e até no cuidado domiciliar. Pode atuar em escolas, creches,
consultório particular e no cuidado a feridas, entre outras coisas (AMSN, 2018).
A especificidade do cuidado em enfermagem, a partir de seu processo de trabalho, proporciona
ao paciente maiores chances de cura, em especial pelas ações integrais no planejamento e
implementação de ações direcionadas à promoção de bem-estar contínuo, prevenindo doenças e
complicações, impedindo doença e disfunção, auxiliando na reabilitação e/ou auxiliando os
clientes por meio de um ambiente confortável e experiência digna de final de vida alinhada a
crenças pessoais (AMSN, 2018).
A visão holística e multiprofissional e as necessidades complexas do paciente devem ser
consideradas no cuidar do enfermeiro, assim como a organização da sistematização da
assistência em enfermagem (SAE) é uma ferramenta diferencial no cuidado do paciente em
clínica-cirúrgica, conferindo qualidade e garantindo o atendimento personalizado (AMSN, 2018).
A prática da enfermagem clínico-cirúrgica se destaca pelo planejamento dos objetivos com base
em resultados esperados para cada necessidade do paciente. O processo de enfermagem
fornece a estrutura, e o uso de evidências potencializa a eficácia da prática, somados à
experiência clínica do enfermeiro. Os diagnósticos de enfermagem estabelecidos a partir de
dados de avaliação pertinentes e os planos de cuidados levam a melhores resultados ao
paciente, sendo de suma importância a atuação do profissional enfermeiro nessa área (AMSN,
2018).
Você sabia que existe um portal de saúde baseada em evidências? Em parceria com o Ministério
da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), foi criado um portal que dá
acesso aos profissionais de saúde às principais bases de dados que indexam artigos publicados
em todo o mundo para aumentar seu conhecimento e basear sua prática profissional nas
evidências científicas atuais. Link disponível em: psbe.ufrn.br/ [https://psbe.ufrn.br/] . Acesso em:
3 ago. 2020.
Videoaula - Esferas do cuidado da enfermagem
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://player.vimeo.com/video/463661382] .
https://psbe.ufrn.br/
https://player.vimeo.com/video/463661382
Enfermagem clínico-cirúrgica1
Para que possamos compreender o valor do cuidado para enfermagem, é preciso um olhar ético
e respeitoso de valorização da vida, respeito à sua complexidade, compreensão do outro com
suas experiências, escolhas, planos, sonhos e situações de vida, envolvendo toda a subjetividade
do ser, despindo-se de julgamentos morais ou questionamentos (SOUZA et al., 2005).
O cuidado em enfermagem é preconizado para qualquer pessoa, família ou comunidade, em
qualquer nível de atenção, para promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como
prevenção de doenças e agravos. As atividades que abrangem o cuidado vão desde um afago,
uma orientação em saúde até um procedimento complexo.
A arte do cuidar propagada pela enfermagem se origina na aplicação do conhecimento científico
para melhorar a qualidade de vida das pessoas que o recebem. A enfermagem teve seu início
com base nos conhecimentos adquiridos e compartilhados por sua precursora, Florence
Nightingale, e desde então tem desenvolvido suas técnicas de cuidar.
Para compreender as dimensões desse cuidado, é preciso conhecer a origem do termo
“enfermeiro”. Em inglês, nurse tem sua origem no latim nutrix, que significa nutrir, portanto, o
próprio nome tem a conotação de que esse profissional nutre, cuida dos enfermos, feridos,
idosos e crianças.
O cuidado não alcança apenas os doentes nos planejamentos individuais, familiares e
comunitários para manutenção e promoção da saúde. O cuidado transpassa a doença e toca
aquele que está incapacitado e aguardando sua morte.
Assim, as dimensões do cuidado buscam a recuperação da saúde, mas também prestam apoio
aos cuidados paliativos, participando da luta pelos direitos humanos, direitos do paciente, na
ciência, através das pesquisas, na gestão dos serviços de saúde, na educação e na elaboração
de políticas públicas de saúde, constituindo papéis fundamentais da enfermagem como
promotora do cuidado.
Nesse contexto, a prática profissional no que se refere ao cuidado pode ser dividida em quatro
dimensões: promoção da saúde; prevenção da doença; restauração da saúde; e facilitação do
enfrentamento da incapacitação e/ou da doença. Para atingir essas dimensões, o profissional de
enfermagem usa conhecimentos e habilidades com base no pensamento crítico em seus
variados papéis de enfermagem, sejam gerais ou específicos.
Dimensões do cuidado em enfermagem1.3
Figura 5 – Dimensões do cuidado em enfermagem
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 6 – Prática profissional
Fonte: pressfoto/freepik.com.
Ser enfermeiro vai além do domínio das técnicas, sua essência é o cuidado, e cuidado é o
resultado da ação de cuidar, porém, só é possível exercê-lo quando há a presença do ser cuidado
(HAUBERT, 2017).
O cuidado pode ser visto através de sua dimensão assistencial como direto ou indireto ao
paciente, sendo o direto os cuidados destinados ao próprio paciente, como, por exemplo,
verificação de sinais vitais, mensuração da dor, administração de medicamentos, realização de
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procedimentos e avaliação clínica, entre outros. O cuidado indireto está relacionado à supervisão
de outros profissionais da equipe que prestam o cuidado, sendo essa uma das faces da
supervisão em enfermagem.
Nesse sentido, as dimensões do cuidado permitem que este seja provido em sua totalidade, de
modo integral, no atendimento das necessidades em saúde individuais, em família ou na
coletividade, impondo ao profissional o preparo para atuação nas diferentes esferas que
compõem a existência humana, biológica, psicológica, cultural, social, geográfica,
epidemiológica, bem como os condicionantes de saúde e adoecimento das pessoas (NETTINA;
NASCIMENTO, 2019).
Para que o enfermeiro atue em todas as dimensões do cuidado, dentro da área clínico-cirúrgica,
as características de suas atividades e ações desenvolvidas irão contribuir para a qualidade dos
cuidados prestados. Assim, Ribeiro et al. (2020) levantam sete domínios para o desenvolvimento
de atividades que poderão contribuir para melhor qualidade do cuidado prestadono âmbito da
enfermagem clínico-cirúrgica.
Quadro 1 – Atividades de enfermagem que contribuem para qualidade dos cuidados
Domínios Atividades
Satisfação do
cliente
Respeito aos valores, crenças, capacidades e desejos dos pacientes.
Interações empáticas com os pacientes.
Integração das pessoas que têm significado na vida do paciente em seu
processo de cuidado.
Promoção da
saúde
Observa e atua de acordo com as condições de saúde e recursos dos
pacientes.
Estimula o estilo de vida saudável.
Tradução do conhecimento para aumentar a capacidade de autocuidado do
paciente.
Prevenção de
complicações
Identifica e prevê possíveis problemas que possam surgir com os pacientes.
Planeja e executa ações preventivas.
Avalia as ações executadas para maior resolutividade nas respostas.
Bem-estar e
autocuidado
Identifica problemas relacionados ao bem-estar e autocuidado.
Intervém com ações que potencializem o bem-estar.
Avalia intervenções implementadas.
Aponta situações problemáticas em busca de soluções efetivas.
Domínios Atividades
Readaptação
funcional
Realiza processo de cuidados de enfermagem.
Planeja os cuidados que devem ser realizados com o paciente após alta, em
caso de hospitalização, de acordo com seus recursos individuais, familiares
ou da comunidade.
Otimiza a autonomia do paciente e usa as pessoas significativas de sua vida
como ferramenta para gestão da terapêutica.
Realiza educação em saúde em linguagem simples e de fácil compreensão.
Organização dos
cuidados de
enfermagem
Aplica seus conhecimentos técnico-científicos adequadamente no registro
de enfermagem.
Tem conhecimento das políticas, protocolos e regimentos da instituição na
qual trabalha.
Responsabilidade
e rigor
Tomada de decisão consciente tanto no cuidado direto quanto no indireto.
Demonstra responsabilidade na tomada de decisão, com base em evidências
atualizadas.
Implementa as intervenções com rigor técnico-científico e ético.
Apresenta problemas, casos e dificuldades para equipe multiprofissional.
Supervisiona o cuidado indireto adequadamente, de acordo com as
necessidades do cliente.
 
Fonte: elaborado pela autora com base em Ribeiro et al. (2020).
As dimensões do cuidado buscam além da recuperação da saúde, prestando apoio nos cuidados
paliativos, participando da luta pelos direitos humanos, direitos do paciente, na ciência através
das pesquisas, na gestão dos serviços de saúde, na educação, na elaboração de políticas
públicas de saúde, constituindo papéis fundamentais da enfermagem como promotora do
cuidado (NETTINA; NASCIMENTO, 2019).
O profissional enfermeiro que atua na área clínico-cirúrgica tem a oportunidade de expressar
habilidades que talvez em outras áreas da enfermagem não lhe seja possível. Essas habilidades
muito têm a ver com agir nos cuidados mais básicos de conforto e higiene do paciente e até
situações de pressão em procedimentos de emergência, além da delicadeza emocional diante da
eminência da morte (ALVES, 2017).
A transversalidade do cuidado em enfermagem clínico-cirúrgica1.4
Figura 7 – Cuidados básicos
Fonte: freepik/freepik.com.
Assim, o agir do profissional em clínica-cirúrgica abarca o necessário e imprescindível referencial
de valores e atitudes inerentes ao enfermeiro, sua experiência prática já vivenciada, combinando
saberes e habilidades que refletirão em sua competência.
O conhecimento generalista lhe é necessário de dentro do conjunto de recursos indispensáveis
ao cotidiano profissional. Dessa forma, a busca pelo conhecimento deve ser constante,
considerando que lhe é exigido o cuidado crítico/intensivo, o cuidado geral, o cuidado
ambulatorial, a prevenção de doenças e agravos, a promoção e recuperação da saúde e também
os cuidados paliativos, transpondo qualquer dimensão do cuidado em assistir ao paciente
(ALVES, 2017).
A transversalidade do cuidado vai além da essência do próprio cuidar, englobando domínios e
competências do cuidado geral. Assim, clínicas especializadas, como a clínica-cirúrgica,
demandam conhecimentos, competências e habilidades que irão mobilizar o contexto da prática
clínica, ponderando as necessidades de saúde do paciente que é alvo do cuidado e atuando em
todos os contextos de vida das pessoas atendidas, em todos os níveis de prevenção.
Nesse sentido, a transversalidade do cuidado se baseia no cuidado integral das necessidades do
paciente, isto é, no cuidado integral em qualquer nível de atenção à saúde e dentro da clínica-
cirúrgica, transcendendo as orientações, até o aporte espiritual e emocional que envolvem a
partida, ou seja, o leito de morte (ALVES, 2017).
As competências transversais são comuns a todas as atividades desenvolvidas pelos
enfermeiros, seja qual for sua área de especialidade, englobando os domínios da
responsabilidade profissional, ética e legal e bioética, nas seguintes questões:
direitos humanos;
direitos e autonomia do paciente;
busca pela melhoria da qualidade;
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/07.jpg
gestão dos cuidados; e
educação permanente dos profissionais da equipe.
Além disso, as competências transversais estão presentes no processo de formação de novos
profissionais, na pesquisa, na assessoria dos cuidados gerais, na agilidade e efetividade das
respostas às situações de vida que envolvem o processo de saúde e doença, no julgamento
clínico e no raciocínio crítico, tornando, portanto, o cuidado transversal e especializado
fundamental no campo da intervenção assistencial (ALVES, 2017).
No caso específico da prática de enfermagem clínico-cirúrgica no contexto de doença crítica, o
profissional é submetido a condições especiais de elevado ritmo e estresse para lidar com tal
complexidade. No entanto, os avanços na ciência e tecnologia no campo de ciências da vida e o
aumento da sobrevida de pacientes que passaram por situações críticas trazem o desafio da
garantia e manutenção da qualidade de vida aos pacientes crônicos e até mesmo em fase
terminal, sendo esse cuidado voltado não apenas para o doente, mas para sua família, que
necessita também de informação e apoio, propiciando, na medida do possível, um cuidado
avançado articulado à equipe multiprofissional, seja no contexto hospitalar, ambulatorial ou
domiciliar, relacionado à qualidade de vida, bem-estar, conforto, diminuição do sofrimento e
preservação da dignidade do paciente (ALVES, 2017).
Diante desse contexto, identificamos a subjetividade da transversalidade do cuidado em
enfermagem-clínico cirúrgico, o que exige diversas ações e competências do profissional
enfermeiro no gerenciamento do cuidado nessa área específica de atuação.
Videoaula - Sistematização da assistência de enfermagem
hospitalar e ambulatorial
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://player.vimeo.com/video/463662278] .
https://player.vimeo.com/video/463662278
Enfermagem clínico-cirúrgica1
O processo de enfermagem (PE) organiza todo o serviço assistencial do enfermeiro, levando ao
aumento da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente. Como principal
ferramenta, temos a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) na gestão do cuidado,
que fornece subsídios para que essa organização da assistência de enfermagem ocorra dentro
do PE (RIBEIRO; PADOVEZE, 2018).
A operacionalização do PE é desenvolvida pela SAE através da utilização de seu método, pessoal
e instrumentos. O PE proporciona ao enfermeiro direcionamentos para o pensar e agir crítico,
clínico, a tomada de decisões, o diagnóstico, as intervenções em si, os resultados que se deve
esperar quanto à assistência prestada e o monitoramento da eficácia dessas intervenções
propostas. A utilização da SAE não apenas organiza o trabalho do enfermeiro, mas é uma
atribuição legal da enfermagem, estabelecida pela Resolução Cofen (Conselho Federal de
Enfermagem) nº 358/2009, determinando que o PE para a prestação do cuidado seja realizado de
modo sistemático e deliberado (RIBEIRO; PADOVEZE,2018).
Sistematização da assistência de enfermagem hospitalar e
ambulatorial1.5
A SAE possibilita a transversalidade do cuidado, facilitando a identificação das necessidades
humanas básicas, a condição do paciente e os riscos de agravos na elaboração dos diagnósticos
adequados e intervenções efetivas, viabilizando o cuidado integral e personalizado para cada
paciente.
Figura 8 – Transversalidade do cuidado
Fonte: rawpixels/freepik.com.
O principal objetivo da SAE é levantar os cuidados assistenciais de enfermagem que serão
indispensáveis ao paciente em diversas situações de saúde e doença nos diferentes domínios do
cuidado: promoção de saúde, prevenção de doenças e agravos, recuperação e reabilitação da
saúde, seja seu foco o indivíduo, a família ou a comunidade. Dessa forma, a SAE proporciona
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/08.jpg
mudanças no estado de saúde e qualidade de vida de modo individual ou coletivo no contexto
ambulatorial ou hospitalar, ou em qualquer nível de atenção: primário, secundário ou terciário
(OLIVEIRA et al., 2020).
Agora que entendemos que a SAE é uma ferramenta indispensável ao processo de trabalho do
enfermeiro, seja ele especialista ou generalista, vamos conhecer e compreender suas etapas.
A Resolução Cofen nº 358/2009 organiza a SAE em cinco etapas:
histórico de enfermagem;
diagnóstico de enfermagem;
planejamento de enfermagem;
implementação de enfermagem; e
avaliação de enfermagem.
O histórico de enfermagem é composto pela anamnese ou coleta de dados sobre o paciente e
sua condição de saúde e exame físico; o diagnóstico de enfermagem é elaborado com base nos
problemas levantados, fatores e características definidoras; o planejamento de enfermagem é a
etapa que observa os resultados que se espera alcançar com relação às ações que se irá
implementar; a implementação de enfermagem são as ações efetivas que serão realizadas de
acordo com o planejado para cada objetivo que precisa ser atendido no cuidado com o paciente;
a avaliação de enfermagem é o processo de monitoramento das ações implementadas para
verificar se de fato estão sendo efetivas e eficazes.
Assim, o fluxo de trabalho fica organizado e mais produtivo, elevando a qualidade da assistência
e direcionando a produção do cuidado de modo metódico e sistemático. A utilização da SAE traz
fatores positivos para as instituições cujos profissionais executam fielmente seus passos, como
diminuição de tempo de hospitalização do paciente, segurança do paciente, maior visibilidade e
autonomia ao profissional enfermeiro e assistência personalizada, consequentemente gerando
economia pelo planejamento efetivo das ações (SANTOS, 2014; TANNURE; PINHEIRO, 2010).
Recapitulando
Nesta primeira Unidade vimos a atuação do enfermeiro na clínica-cirúrgica através do
cuidado integral: físico, mental, espiritual e social. Você pôde compreender que a
abrangência do cuidado em enfermagem clínico-cirúrgico vai além do cuidado pré,
trans e pós-operatório, cuidando da pessoa em situação crítica, dos portadores de
doenças crônicas e até mesmo nos cuidados paliativos.
Você também pôde observar os diversos cenários em que o enfermeiro clínico-cirúrgico
pode atuar: hospitais, clínicas, ambulatórios, atenção primária de saúde e no domicílio,
dentre outros.
Pudemos identificar as habilidades e competências do profissional que atua nessa área,
construídas pela necessidade de agir sob pressão, utilizar a prática baseada em
evidências, a ética e bioética, a comunicação, o compromisso, a empatia e o raciocínio
crítico e clínico.
Vimos as dimensões do cuidado na promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos
e curativo, cujo diferencial e a eficácia estão na capacidade resolutiva do profissional.
Observamos o quanto a sistematização da assistência de enfermagem é importante, seja
no ambiente hospitalar ou ambulatorial, para a transversalidade do cuidado.
Exercícios de fixação
Complete a afirmativa, pensando no cuidado integral.
A atuação da enfermagem clínico-cirúrgica é abrangente na questão do cuidado, sendo
fundamental que este seja prestado de modo integral. O cuidado integral objetiva atender às
necessidades dos pacientes nos âmbitos: , , e 
.
Selecione... Selecione... Selecione...
Selecione...
Marque verdadeiro ou falso para a afirmação abaixo:
Os domínios que categorizam as atividades de enfermagem que contribuem para a qualidade do
cuidado são a resolutividade e eficácia.
Verdadeiro Falso
Marque verdadeiro ou falso para a afirmação abaixo:
Por se tratar de práticas avançadas, o cuidado prestado pelo enfermeiro em clínica-cirúrgica só
pode ser realizado em ambiente hospitalar.
Verdadeiro Falso
Videoaula - Competências gerais do enfermeiro
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://player.vimeo.com/video/463651619] .
https://player.vimeo.com/video/463651619
Assistência de enfermagem clínico-cirúrgica2
O enfermeiro clínico-cirúrgico tem como competência a atenção à saúde nos âmbitos da
promoção da saúde, da prevenção de doenças e agravos e da reabilitação da saúde, em qualquer
nível de assistência, devendo agir com ética e com o maior padrão de qualidade possível. Para
tal, entre suas competências, encontram-se o processo de tomada de decisão, a capacidade de
liderança e a responsabilidade com a educação permanente, além de boa comunicação,
organização, administração, gerenciamento e a prática baseada em evidências (PERES;
CIAMPONE, 2006). Assim, as competências essenciais de enfermeiros de práticas avançadas são
(HONIG; LINDRUD; DOHRN, 2019):
cuidados clínicos;
cuidado centrado no paciente;
pensamento crítico; e
comunicação interprofissional.
Videoaula - Análise, planejamento e implementação da assistência
de enfermagem
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Assistência de enfermagem clínico-cirúrgica2
Análise, planejamento e implementação da assistência de
enfermagem nos períodos pré e pós-operatório nas afecções
cirúrgicas
2.1
A análise, o planejamento e a implementação da assistência de enfermagem nos períodos pré e
pós-operatório, cuja atribuição se encontra na responsabilidade do enfermeiro clínico-cirúrgico,
profissional responsável por práticas avançadas de cuidado, podem ser realizados através de
metodologia e sistematização, como o sistema de assistência de enfermagem perioperatória, um
sistema organizado que poderá contribuir para a qualidade do cuidado nessa área específica.
Figura 9 – Análise, planejamento e
implementação
Fonte: freepik/freepik.com.
O SAEP é um sistema para organização dos cuidados de enfermagem quando se trata de
questões perioperatórias. É o sistema mais utilizado no Brasil e tem como fundamento principal
as necessidades humanas básicas em conjunto com o processo de enfermagem.
O SAEP, assim como o PE, foi estruturado pela enfermeira Wanda Horta. Desde meados de 1978,
existem registros que mostram a importância de o enfermeiro centrar seu trabalho nas
necessidades de seus pacientes e familiares antes que adentrem o desconhecido e gelado
ambiente do centro cirúrgico, estabelecendo assim vínculo entre profissional e paciente,
colaborando para que as experiências de cuidado recebidos pelo paciente sejam vividas e
percebidas de modo satisfatório (CARVALHO; BIANCHI, 2016).
Neste sentido, o SAEP é organizado em cinco etapas, assim como a SAE (CARVALHO; BIANCHI,
2016):
1. visita pré-operatória de enfermagem;
Sistema de assistência de enfermagem perioperatória (SAEP)2.1.1
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/09.jpg
2. planejamento de assistência perioperatória;
3. implementação da assistência;
4. avaliação da assistência; e
5. visita pós-operatória de enfermagem.
Após essas etapas, de acordo com os resultados, se houver necessidade ou for necessária a
prevenção de qualquer ocorrência,devemos acrescentar uma sexta etapa (CARVALHO; BIANCHI,
2016): a reformulação da assistência a ser planejada.
A SAEP pode ser considerada uma ferramenta teórica para o planejamento e o controle das
situações vivenciadas pelo paciente em todas as etapas do pré e pós-operatório, desse modo,
esse sistema operacionaliza o cuidado integral e individualizado de maneira organizada,
sistematizada, participativa, documentada e avaliada, sendo possível ainda se adequar às
normas organizacionais e condutas da instituição sob a qual se está prestando assistência
(CARVALHO; BIANCHI, 2016).
A SAEP irá possibilitar, além de todos esses benefícios, que a assistência seja interligada em
todas as unidades por onde o paciente irá passar, seja nas internações pré e pós-operatórias,
centro cirúrgico e sala de recuperação pós-anestésica (CARVALHO; BIANCHI, 2016).
Se você observou atentamente, foi introduzida uma nova palavra para se referir à assistência de
enfermagem: participativa. Mas o que ela quer dizer? A SAEP dá a oportunidade ao paciente de
participar de maneira ativa de todo o processo cirúrgico, inclusive na avaliação da assistência. E
tem mais: a família também recebe esse direito de participar no processo de cuidado recebido
pelo paciente nesse período de sua vida (CARVALHO; BIANCHI, 2016).
A autonomia do paciente tem sido discutida como uma questão de direito e bioética a ser
respeitada, de modo que a assistência jamais deve ser imposta ao paciente. Assim, este deve
receber todas as informações sobre cada cuidado a ser recebido para que tenha autonomia para
decidir se aceita ou não, dessa forma, é preciso que ele entenda não apenas como o
procedimento é realizado, mas também por que precisa ser realizado.
Outra palavra que merece destaque quanto aos componentes da SAEP é “documentada”.
Documentar cada etapa da SAEP é fundamental para manter os registros atualizados. As
informações devem expressar veracidade do cuidado prestado de modo claro, conciso, e trazer
dados de todas as etapas para que outros profissionais possam dar continuidade, servindo para
avaliação e reavaliação, melhorias do cuidado e estudos científicos.
Figura 10 – Documentação
Fonte: freepik/freepik.com.
A última, porém, não menos importante palavra que queremos destacar é “avaliação”. A
avaliação é uma fase que leva tempo e muitas vezes é negligenciada, pois o profissional acredita
que sua implementação foi adequada e não há necessidade de mudanças. Contudo, o processo
de recuperação do paciente é dinâmico e cada organismo reage de uma forma diferente, sendo
importante que nos certifiquemos que realmente a implementação está sendo efetiva. Assim,
haverá melhora na qualidade e maior efetividade no cuidado.
Não é porque a implementação não foi eficaz que foi errada; não estamos admitindo um erro,
mas promovendo melhorias no cuidado e o tornando cada vez mais efetivo. Além da avaliação da
implementação, é preciso ouvir o paciente, sua família e/ou acompanhantes, seu
autodesempenho enquanto profissional e o desempenho de sua equipe, subsídios que irão
fortalecer a prática e qualificar o cuidado.
Os períodos cirúrgicos são divididos em: pré-operatório imediato, transoperatório e pós-
operatório imediato, conforme visto no quadro 2.
Quadro 2 – Períodos cirúrgicos
Período Classificação
Pré-operatório
imediato
24 horas antes da cirurgia até recepção no centro cirúrgico.
Transoperatório Recepção no centro cirúrgico até recepção na sala de recuperação pós-
anestésica.
Revisando: períodos cirúrgicos2.1.2
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/10.jpg
Período Classificação
Pós-operatório
imediato
Recepção na sala de recuperação pós-anestésica até as primeiras 24 horas pós-
cirurgia.
Fonte: elaborado pela autora com base em Carvalho e Bianchi (2016).
Tanto no período pré quanto no pós-operatório, a visita de enfermagem é fundamental para
aplicar ferramentas, operacionalizar o cuidado e promover um vínculo com paciente. A SAEP
orienta que a visita também seja feita pelo enfermeiro do centro cirúrgico para que a interação
facilite sua recepção no setor (CARVALHO; BIANCHI, 2016).
O período pós-operatório, em especial o imediato, é uma fase crítica para a maioria dos
pacientes. Nessa fase, as práticas são avançadas e o monitoramento contínuo, de modo que o
paciente e seus familiares não podem colaborar tão ativamente na participação de seu cuidado
(CARVALHO; BIANCHI, 2016). É uma fase com riscos de complicações, assim, o planejamento do
cuidado deve ser voltado para prevenções. As informações coletadas durante a internação, no
pré-operatório imediato, são de grande ajuda para que um planejamento completo de prevenção
de agravos seja elaborado. É fundamental que as avaliações sejam constantes e mudanças de
cuidado sejam implementadas quando necessário.
A qualidade da assistência é o ponto-chave para qualquer área de atuação na enfermagem e
deve ser avaliada sistematicamente como prática cotidiana no serviço de saúde.
Nesse contexto, a Academia Americana de Enfermagem Médico-Cirúrgica – chamada por nós de
enfermagem clínico-cirúrgica, embora a nomenclatura varie de autor para autor e suas bases
conceituais – apresenta uma abordagem sistemática para promover a qualidade da assistência
de enfermagem:
Quadro 3 – Processo de melhoria de desempenho
Critérios de
avaliação Atividades
Qualidade do cuidado clínico-cirúrgico2.1.3
Critérios de
avaliação Atividades
Indicadores de
qualidade a
serem
trabalhados
Identificação de processos e atividades de atendimento ao cliente, importantes
para o monitoramento da qualidade.
Identificação de indicadores para monitorar a qualidade, valor e eficácia dos
cuidados de enfermagem.
Coleta de dados para monitorar a qualidade, valor e eficácia dos cuidados de
enfermagem.
Analisar dados de qualidade para identificar oportunidades de melhoria dos
cuidados de enfermagem.
Identificação de oportunidades para melhoria da prática de enfermagem ou
resultados do cliente.
Implementar testes de mudança para melhorar a qualidade da prática de
enfermagem.
Participar de equipes e comitês interprofissionais que avaliem a prática clínica
ou a saúde serviços.
Desenvolvimento de políticas e procedimentos para melhorar a qualidade e o
valor do atendimento.
Usar as áreas identificadas com necessidade de melhoria para iniciar mudanças
práticas.
Usar áreas em que se identifiquem dificuldades para iniciar o processo de
melhorias no sistema de atendimento, conforme apropriado.
Utilizar dados já sistematizados para avaliar a eficácia das mudanças na prática.
AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO
Avaliar o desempenho pessoal regularmente, identificando áreas de força e
áreas frágeis para desenvolvimento da prática profissional. Buscar feedback para
construir melhorias na prática pessoal.
Realizar autoavaliações contínuas relacionadas à sensibilidade e questões de
diversidade cultural, discriminação, idade, linguagem, preconceito, acesso e
direitos civis que afetam os clientes.
Tomar medidas individuais para atingir as metas identificadas.
Participar e implementar, caso não exista, avaliação por pares e fornecer
feedback profissional aos colegas para identificar áreas de potencialidades fortes
e frágeis, visando a oferecer oportunidades para o desenvolvimento da prática.
Conhecer os padrões, protocolos, leis e regulamentos atuais da prática
profissional.
Fonte: AMSN (2018).
Videoaula - Segurança do paciente no contexto clínico-cirúrgico
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Assistência de enfermagem clínico-cirúrgica2
Quando abordamos o tema cuidado/assistência em enfermagem clínico-cirúrgica, que envolve
práticas avançadas de cuidado, é preciso observar a importante questão da segurança do
paciente.
O enfermeiro é o ator fundamental para garantia da segurança do paciente, principalmente no
contexto hospitalar, pois prestaassistência direta ao paciente na gestão do cuidado e indireta na
gestão/supervisão da equipe (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).
Considerados como fatores de segurança na assistência: um maior número de profissionais
enfermeiros envolvidos no cuidado; ferramentas diminuidoras de estresse e fadiga dos
profissionais; criação e fortalecimento de cultura de segurança; comunicação eficaz; ambiente
adequado ergonomicamente; educação permanente e atualização dos profissionais;
padronização dos processos e procedimentos; e a prática baseada em evidências (BARROS;
LOPES; MORAIS, 2019).
Os principais erros observados na prática estão relacionados à identificação do paciente e à falta
de cuidados de higienização, em especial das mãos.
Segurança do paciente no contexto clínico-cirúrgico2.2
Figura 11 – Segurança do paciente
Fonte: jcomp/freepik.com.
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/11.jpg
Cateteres e sondas são conexões que merecem atenção especial no risco para o paciente.
Durante a manipulação, seja na administração de fármacos e soluções, ou seja, na instalação, a
prevenção de erros deve ser observada não apenas nos passos da terapia medicamentosa, mas
também na comunicação efetiva com a equipe para garantir a segurança do paciente (BARROS;
LOPES; MORAIS, 2019).
Figura 12 – Higienização das mãos na assistência
Fonte: OPAS (2008, p. 23).
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Videoaula - Relação paciente-equipe cirúrgica
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Assistência de enfermagem clínico-cirúrgica2
A relação entre profissional e paciente com ou sem a presença de familiares nem sempre é
simples. Cada paciente tem suas características de personalidade e sua forma de reagir à
condição de saúde que vive. Nesse sentido, é importante aos profissionais a busca pela criação
de vínculo com o paciente, mas, acima de tudo, manter uma relação respeitosa, ética e bioética,
que são conceitos diferentes a serem considerados.
A ética profissional requer que o enfermeiro atue na prestação dos cuidados sem julgamentos
pessoais, de modo não preconceituoso ou discriminatório, respeitoso, sensível e culturalmente
competente. Dessa forma, haverá a criação de uma relação terapêutica entre profissional e
paciente (NETTINA, 2017).
Embora a enfermagem clínico-cirúrgica atue em diversas áreas que trazem necessidades e
situações que precisam ser vistas de ângulos bioéticos diferentes, de modo geral, em qualquer
atuação da enfermagem a relação profissional paciente deve ser ética e bioética.
O sigilo entre paciente e profissional é criado por meio da confiança que o paciente demonstra no
profissional, devendo ser respeitado sem importar condições ou valores. A relação deve ser
sempre horizontal, sem hierarquias ou relações de poder.
A bioética principialista traz quatro pilares para o trabalho em saúde:
autonomia do paciente;
beneficência;
não maleficência; e
justiça.
A autonomia do paciente está relacionada ao seu poder de decisão sobre seu corpo, seu
tratamento, sua liberdade de escolha, sua autodeterminação, bem como sua privacidade. O
princípio da beneficência é a promoção do bem-estar, de benefícios ao paciente e de melhorias à
sua saúde (NETTINA, 2017).
A não maleficência está ligada a não causar danos e prejuízos ao paciente, mantendo sua
segurança, prevenindo qualquer intercorrência por causas relacionadas à assistência e não à sua
doença, seja esse dano direto ou indireto. Assim, os riscos e benefícios de qualquer intervenção
proposta devem ser informados e decididos pelo paciente (NETTINA, 2017).
Relação paciente-equipe cirúrgica: princípios éticos e bioéticos2.3
A justiça está ligada à equidade, ou seja, não privilegiar um paciente em detrimento do outro, agir
de modo imparcial, atender cada paciente de acordo com suas necessidades, em especial, em
serviços públicos de saúde. A justiça é o princípio que deverá garantir a integralidade do cuidado
e a distribuição adequada dos recursos e serviços de saúde, seja de modo individual ou coletivo
(NETTINA, 2017).
Figura 13 – Beneficência
Fonte: freepik/freepik.com.
Ainda dentro das questões éticas e bioéticas na relação profissional-paciente, é preciso abordar
uma questão importante de responsabilidade profissional que é a culpa por erros cometidos na
assistência, que podem ser honestos, sem intenção de maleficência, ou por imprudência,
imperícia ou negligência. Para tal, é importante conhecer os conceitos.
A culpa é definida como uma ação que foi cometida de modo voluntário e demonstra
imprudência, imperícia ou negligência, ocasionando maleficência ao paciente. Já a negligência é
considerada como descuido ou desleixo e até mesmo a falta de vigilância ao prestar o cuidado
na prática profissional. Por sua vez, a imperícia é quando o profissional se propõe a atuar em
uma área ou prestar um cuidado sem ter o conhecimento científico adequado e, mesmo tendo
ciência disso, faz a escolha de realizá-lo, causando prejuízos ao paciente. Por fim, a impudência
reflete a personalidade de um profissional que não tem cuidado ao realizar sua assistência, de
maneira que seu próprio comportamento é de risco para o paciente, pois revela falta de cuidado
ou cautela (HAUBERT, 2017).
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/13.jpg
Você pode medir se está realizando um atendimento pautado na ética profissional utilizando o
instrumento de autoavaliação da Academia Americana de Enfermagem Clínico-Cirúrgica,
disponível em: amsn.org [https://www.amsn.org/publications/scope-and-standards] .
Alguns pontos fundamentais são:
manter um relacionamento profissional com os clientes o tempo todo;
manter a confidencialidade do cliente dentro dos parâmetros legais e regulamentares profissionais;
manter o direito à privacidade do cliente aderindo aos padrões de privacidade da profissão, princípios
éticos e mandatos legais para atendimento, documentação, manutenção de registros e comunicações;
atuar como advogado do paciente na defesa de seus direitos e ajudá-lo a desenvolver habilidades;
prestar atendimento de maneira imparcial, genuína e não discriminatória, sensível à diversidade do
cliente;
identificar dilemas éticos que ocorrem dentro do ambiente de prática e procurar recursos disponíveis
para ajudar a resolver questões éticas;
denunciar abuso dos direitos do paciente e práticas inadequadas, antiéticas, ilegais e/ou prejudiciais;
conhecer as crenças e sistemas de valores do paciente e o efeito que elas têm no cuidado ao paciente,
sua família e outras pessoas significativas para ele;
colaborar com os colegas e gerentes se suas crenças pessoais entrarem em conflito com o plano de
atendimento do cliente;
apoiar o direito do paciente de tomar decisões que podem não ser congruentes com os valores da
equipe interprofissional de saúde;
promover o compartilhamento e a discussão de informações que permitam ao paciente participar
totalmente da tomada de decisão;
prestar atendimento de maneira a preservar a autonomia, dignidade, respeito e direitos do paciente; e
participar e promover o autocuidado e o desenvolvimento profissional como responsabilidade ética.
identificar dilemas éticos que ocorrem dentro do ambiente de prática e procurar recursos disponíveis
para ajudar a resolver questões éticas;
denunciar abuso dos direitos do paciente e práticas inadequadas, antiéticas, ilegais e/ou prejudiciais;
conhecer as crenças e sistemas de valores do paciente e o efeito que elas têm no cuidado ao paciente,
sua família e outras pessoas significativas para ele;
colaborar com os colegas e gerentes se suas crenças pessoais entrarem em conflito com o plano de
atendimento do cliente;
apoiar o direito do paciente de tomar decisões que podem não ser congruentes com os valores da
equipe interprofissional de saúde;
promover o compartilhamento e a discussão de informaçõesque permitam ao paciente participar
totalmente da tomada de decisão;
prestar atendimento de maneira a preservar a autonomia, dignidade, respeito e direitos do paciente; e
participar e promover o autocuidado e o desenvolvimento profissional como responsabilidade ética.
https://www.amsn.org/publications/scope-and-standards
Recapitulando
Nesta Unidade:
vimos a assistência de enfermagem clínico-cirúrgica;
revisamos as competências gerais do enfermeiro na prestação do cuidado;
aprendemos as competências de práticas avançadas do cuidado e a postura do profissional;
vimos a análise, o planejamento e a implementação da assistência de enfermagem no pré e pós-
operatórios nas afecções cirúrgicas através do sistema de assistência de enfermagem
perioperatória (SAEP), que é um sistema para organização dos cuidados de enfermagem quando
se trata de questões perioperatórias, direcionando a prática não apenas no pré e pós-operatórios,
mas também fazendo a ligação do cuidado dentro do período transoperatório, tornando a
assistência integrada e proporcionando o cuidado integral do paciente em todas as etapas
cirúrgicas; e
conhecemos ainda o fluxo operacional da SAEP.
Também relembramos a classificação dos períodos pré-operatório imediato,
transoperatório e pós-operatório imediato e como melhorar a qualidade da assistência
de enfermagem no pré e pós-operatórios através de indicadores de qualidade e
avaliações de desempenho.
Vimos ainda a importância da segurança do paciente, em especial nos cuidados
avançados prestados nas afecções cirúrgicas. Refletimos sobre os principais erros que
podem ocorrer na assistência e a preciosidade da lavagem das mãos em todas as etapas
da assistência. Por fim, compreendemos a relação ética/bioética entre paciente e equipe
cirúrgica, conhecendo as implicações éticas, as definições de culpa, imprudência,
imperícia e negligência, além dos pilares indispensáveis à prática da bioética
principialista: autonomia do paciente, beneficência, não maleficência e justiça.
Exercícios de fixação
Sobre o SAEP, é correto afirmar:
O SAEP é um sistema de assistência de enfermagem voltado para o cuidado na atenção
primária à saúde.
O cuidado preconizado por meio do SAEP tem seu foco na patologia do paciente, para que
este receba o tratamento adequado e possa se recuperar o mais breve possível.
O SAEP é um sistema de organização da assistência para o cuidado perioperatório; é dividido
em cinco etapas e seu foco está nas necessidades do paciente.
O histórico de enfermagem composto pela anamnese, verificação dos sinais e exame físico
faz parte da etapa de implementação da assistência do SAEP
Embora seja um sistema eficiente, o SAEP não permite interligar o cuidado do paciente em
todos os setores e processos pelos quais irá passar, sendo aplicado apenas ao cuidado
perioperatório.
Sobre a segurança do paciente no contexto clínico-cirúrgico, todas as alternativas estão
corretas, exceto:
Segurança do paciente no ambiente hospitalar é uma das atribuições do enfermeiro, devendo
ser executada em todas as práticas assistenciais, seja no cuidado direto ou indireto.
A higienização das mãos está tão inserida na prática cotidiana do enfermeiro que deixou há
muito tempo de ser um erro que reflete na insegurança do paciente, sendo hoje as quedas o
principal erro.
O manejo dos cateteres e sondas, assim como a administração dos medicamentos, são erros
comuns que podem ocasionar prejuízos à segurança do paciente.
Os cuidados com a segurança do paciente devem ser observados com atenção em qualquer
ambiente que se presta assistência, seja hospitalar, ambulatorial e até mesmo domiciliar.
O número adequado de enfermeiros para prestar o cuidado nos setores, em especial setores
de alta complexidade, é um fator de proteção ao paciente, mantendo-o em segurança durante
o período de hospitalização.
Videoaula - Enfermagem no contexto dermatológico-
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Enfermagem no contexto dermatológico3
A pele é o maior órgão do corpo humano, correspondendo a 16% de seu peso, sendo constituída
por duas camadas germinativas (MITTAG et al., 2017). A ectoderme origina a epiderme,
revestimento externo responsável pela proteção, que não tem vascularização e é formada por
várias camadas celulares. A derme é formada pela mesoderme, uma camada intermediária bem
vascularizada, repleta de nervos e anexos cutâneos. A derme tem uma função importante que é
armazenar os nutrientes de reserva, além de unir os órgãos subjacentes (MITTAG et al., 2017).
A pele é a barreira física de proteção do nosso organismo interno, ou seja, protege-nos do meio
externo, da invasão de microrganismos, além de agir como reguladora térmica para manter
nossa temperatura em ordem (MITTAG et al., 2017).
Assistência de enfermagem em dermatologia3.1
Figura 14 – Pele
Fonte: Ricardo Garcia/freepik.com.
Já as fibras nervosas são nossa fonte de sensações, por elas sentimos frio, calor, pressão,
vibração, de modo que elas nos concedem a sensibilidade tátil. E o que seria de nossa pele sem a
lubrificação e emulsificação adequadas que só as glândulas sebáceas podem nos proporcionar
por meio de sua secreção? Com essa importante função, formam o manto lipídico da superfície
cutânea, um manto antibacteriano e antifúngico natural (MITTAG et al., 2017).
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Apesar de todas as funções protetivas da pele, inúmeras alterações podem acometer sua
integridade, por meio de fatores como pressão, traumas mecânico, químico, físico e isquêmico, a
necessidade de cirurgias, entre outros fatores que podem causar as famosas lesões (MITTAG et
al., 2017).
As lesões cutâneas podem atingir qualquer pessoa, contudo, pessoas mais vulneráveis a elas
são as hospitalizadas ou as que sofrem algum problema de saúde que facilite o aparecimento. O
aparecimento de lesões cutâneas independe de idade, sexo, etnia ou condição social, é um sério
problema de saúde pública que ocasiona altos gastos econômicos e a diminuição da qualidade
de vida da pessoa acometida (MITTAG et al., 2017).
Por esse motivo, a prevenção, avaliação e o tratamento adequado das feridas são de suma
importância na condução e resolução dessas questões. A enfermagem tem se dedicado e
especializado há muitos anos no cuidado específico dessas lesões, tendo se tornado uma
responsabilidade quase que exclusiva da profissão. Contudo, com toda responsabilidade vem a
necessidade de conhecimentos específicos para seu tratamento, principalmente quanto aos
riscos de infecções e agravos, à fisiologia, à anatomia e às etapas do processo de cicatrização
(MITTAG et al., 2017).
A Resolução nº 389 de 2011 do Cofen define a enfermagem dermatológica como responsável
pelo cuidado com a pele e as feridas (SOBENDE, 2012). Na assistência em enfermagem
dermatológica, assim como na enfermagem clínico-cirúrgica, atribui-se um conjunto de
competências técnicas para o desenvolvimento de práticas avançadas de cuidado, em especial,
além dos cuidados e intervenções de prevenção das lesões de pele das pessoas em situação de
vulnerabilidade para seu aparecimento, o diagnóstico e o gerenciamento de lesões agudas e
crônicas é responsabilidade técnica do profissional (BOBONICH; NOLEN, 2018).
Figura 15 – Dimensões da assistência de enfermagem em dermatologia
Fonte: elaborada pela autora.
Conforme mencionado anteriormente, as lesões de pele são consideradas um problema de saúde
pública. Ainda que no sistema de dados de saúde do governo federal do Brasil não tenhamos
dados epidemiológicos sobre a incidência e a prevalência das lesões de pele, o número de
pessoas com alterações de pele é grande. Estima-se que atinja cerca de 3% da população e,
quando se observam apenas os pacientes crônicos portadores de diabetes mellitus, 10% deles
são acometidos pela versão crônica das feridas.Considera-se uma lesão crônica quando o processo de cicatrização espontâneo não ocorre no
período de três meses e, na maioria dos casos, evolui para processos infecciosos, dificultando
ainda mais a cicatrização. Essas lesões são complexas, justamente pelo tempo prolongado sem
cicatrização, por atingirem camadas profundas da pele e por geralmente estarem associadas a
doenças sistêmicas que contribuem para essa dificuldade de cicatrização.
As lesões crônicas são um desafio à prática clínica profissional. Para o paciente, esse tipo de
lesão leva à dor, incômodo, dificuldade de locomoção, incapacidade, alterações emocionais e
Atuação do enfermeiro clínico-cirúrgico nas afecções da pele3.2
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/15.png
psíquicas, prejuízos à autoestima e autoimagem, refletindo em suas condições sociais, muitas
vezes levando ao isolamento e repercutindo na perda de emprego.
A Resolução Cofen nº 501 de 2015 confere ao enfermeiro o cuidado de lesões, atribuindo-lhe a
consulta de enfermagem, a prescrição, o curativo, a coordenação e supervisão da equipe na
prevenção e no cuidado com as lesões cutâneas, ou feridas como denominadas no texto original.
Assim, no que se refere ao ambiente hospitalar, através do processo de enfermagem, poderá
prestar o cuidado adequado para recuperação do paciente sob sua responsabilidade.
As principais estratégias que podem levar ao sucesso estão praticamente focadas na prática
baseada em evidências e no conhecimento sobre cada tipo de lesão, seus diferentes graus ou
estágios, seu processo de cicatrização, as coberturas e tratamentos adequados e os riscos de
infecção que podem dificultar a cura completa. Não podemos deixar de citar a importância do
trabalho interprofissional e o autocuidado do paciente como fatores indispensáveis ao sucesso
da cicatrização da lesão (CAUDURO et al., 2018).
O cuidado com as lesões agudas e crônicas é uma das principais especialidades do enfermeiro,
uma atribuição que exige constante atualização e uma prática baseada em evidências para
obtenção de sucesso no tratamento.
Envelhecimento e afecções da pele3.3
As alterações de pele mais comuns e predominantes no idoso são (Fortes; Suffredini, 2014):
rugas;
frouxidão muscular;
perda da elasticidade;
manchas senis;
melanoses; e
fragilidade capilar.
Figura 16 – Envelhecimento da pele
Fonte: ZainulFaki/pexels.com.
Podem existir até três mil doenças tegumentares, que podem causar (BOLOGNIA et al., 2015):
ressecamento;
prurido;
calosidade;
vesículas;
bolhas;
úlceras;
tumores benignos/malignos; e
dor.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD, 2019), as doenças de pele mais
frequentes em idosos são:
queratoses solares;
tumores cutâneos (benignos, pré-malignos e malignos: melanoma e não melanoma);
eczemas varicosos;
micoses superficiais;
manchas, alergias e psoríase;
ferida por insuficiência venosa crônica;
ressecamento/espessamento; e
úlceras nas pernas.
Por fim, as feridas crônicas mais tratadas em idosos são:
lesão por pressão (LP);
úlcera diabética; e
úlcera vasculogênica crônica.
Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) aplicada à
dermatologia3.4
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/16.jpg
A utilização da SAE é um diferencial na enfermagem em dermatologia para o cuidado com as
feridas. O sucesso no tratamento das feridas depende não apenas do conhecimento do
profissional, mas de sua organização para prestar cada etapa do cuidado. Isso implica o
levantamento correto das informações sobre o paciente e suas condições de saúde, a avaliação
da ferida, o diagnóstico de enfermagem, o planejamento do cuidado, o cuidado/intervenção em si
e a avaliação da intervenção proposta. Assim, a SAE proporciona melhor qualidade na
assistência de enfermagem aplicada à dermatologia, sendo fundamental para o processo de cura
da lesão de pele avaliada.
Quadro 4 – Principais etapas da SAE para definição de metas de tratamento
Principais etapas da
SAE para definição de
metas de tratamento
Descrição da atividade
Anamnese e exame
físico
Para que o processo de cicatrização de uma lesão de pele ocorra
conforme o esperado, é importante que todos os dados sobre o paciente
sejam levantados durante a anamnese.
É preciso destacar alguns fatores que influenciam no processo de
cicatrização como idosos, condições nutricionais, doença principal que
levou à formação da lesão, portadores de diabetes mellitus, presença de
doenças cardiovasculares e coagulopatias, doença renal crônica ou
aguda, infecções gerais, uso de determinados medicamentos, consumo
de álcool e drogas (MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003).
Avaliação minuciosa da lesão.
Diagnósticos de
enfermagem
Determinação das características definidoras (CD), fatores de risco (FR)
e fatores relacionados (RIBEIRO; LAGES; LOPES, 2012).
Fonte: elaborado pela autora.
As principais escalas para avaliação de feridas são (GARBUIO et al., 2018):
Push;
Barber;
Design;
Design-R;
PUHP-Ohura;
Bates-Jensen;
Wound Assessment Tool;
Wound Bed Score;
Reeda;
Time H. Modificado;
Leg Ulcer Assessment Tool;
Diabetic Foot Ulcer Assessment Scale;
Braden; e
Braden; e
Braden e Waterlow.
Figura 17 – Avaliação de feridas
Fonte: Karolina Gabrowska/pexels.com
Figura 18 – Diagnósticos associados ao
sistema tegumentar
Fonte: Hans/pixabay.com
Quadro 5 – Diagnósticos de enfermagem associados ao sistema tegumentar
Diagnóstico
e fatores
relacionados
Pontos de diferenciação Características da avaliação Intervenções de enfermagem
Integridade
da pele
prejudicada
Alterações em uma ou
mais camadas da pele.
Ferida, incisão cirúrgica, ruptura
da integridade da pele.
Classificar as feridas como
de espessura parcial ou
total (estágio I ou II).
Documentar a avaliação da
ferida.
Avaliar para o risco de
lesão da pele.
Aplicar o curativo
apropriado.
Avaliar quanto ao uso de
colchão especial.
Evitar o posicionamento
sobre proeminências
ósseas.
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Diagnóstico
e fatores
relacionados
Pontos de diferenciação Características da avaliação Intervenções de enfermagem
Integridade
tissular
prejudicada
Lesão das mucosas, da
pele, da córnea ou dos
tecidos tegumentares
ou subcutâneos.
Tecidos subcutâneos, músculos,
ossos, membranas mucosas ou
córneos danificados ou
destruídos.
Determinar o tamanho e a
profundidade da ferida
(estágio III ou IV), a pele ao
redor do tecido, o estado de
continência, a localização
do dreno/incisão.
Aplicar o curativo
apropriado.
Colaborar no
desbridamento necessário
e no preparo para a
intervenção cirúrgica.
Dor
relacionada
com danos
ao tecido e
tratamentos
Uma experiência
sensorial e emocional
desagradável
diretamente
relacionada com o dano
na pele ou no tecido.
O relato da própria dor é
subjetivo. As expressões são
variáveis e incluem alteração
facial, contorção, tensão
muscular, taquicardia, taquipneia
e náuseas.
Usar uma escala de dor
para identificar a
intensidade da dor atual e
a eficiência da medicação.
Estabelecer junto ao
cliente objetivos
relacionados com o alívio
da dor.
Administrar medicação
para a dor conforme
determinado e registrar
seu efeito.
Fornecer medidas
alternativas para o alívio
da dor, tais como distração,
respiração e relaxamento.
Risco de
infecção
Sob risco de organismos
patogênicos penetrarem
na pele ou no tecido, a
defesa primária do
corpo.
A quebra da integridade da pele,
drenos e procedimentos,
exposição a patógenos,
desnutrição, imunidade
inadequada, doença crônica.
Lavar frequentemente as
mãos e implementar as
precauções universais.
Proteger a ferida com
coberturas adequadas.
Monitorar a febre,
leucócitos elevados,
drenagem da ferida ou
eritema.
Promover medidas para
descontinuação do uso de
sondas para alimentação.
Estimular uma nutrição
adequada.
Fonte: Jensen (2013, p. 260).
Videoaula - Dermatologia sanitária
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Enfermagem no contexto dermatológico3
A dermatologia sanitária é a divisão da dermatologia responsável pelo cuidado designado às
doenças de pele emergenciais relacionadas ao diagnóstico e tratamento das doenças ou
infecções sexualmente transmissíveis (IST). Existem, pelo Brasil, inúmeros ambulatórios de
dermatologia sanitária, os quais incorporaram, além do tratamento das afecções de pele
relacionadas às ISTs, afecções comuns na população e que necessitam de cuidados, como, por
exemplo, aquelas relacionadas às doenças vasculares, entre outras doenças dermatológicas de
interesse sanitário (BRASIL, 2002).
Quadro 6– Principais afecções de pele na dermatologia sanitária
Aids Tinha do couro cabeludo Molusco contagioso
Antrax ou carbúnculo Tinha dos pés Paracoccidioidomicose
Cancro mole Tuberculose cutânea Pediculoses
Candidíase Tungíase Pitiríase alba
Dengue Urticária Pitiríase versicolor
Dermatite da área de fraldas Varicela/herpes zoster Rubéola
Doença de Lyme Verrugas Rubéola congênita
Ectima Escabiose Sarampo
Eczemas Estrófulo Sífilis/sífilis congênita
Erisipela Foliculites Tinha do corpo
Furúnculo Herpes simples Larva migrans
Gonorreia HPV Leishmaniose tegumentar americana
Hanseníase Impetigo Miíase
Fonte: elaborado pela autora.
Dermatologia sanitária3.5
Videoaula - Cuidados de enfermagem na cirurgia plástica
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Enfermagem no contexto dermatológico3
Quando falamos sobre cirurgia plástica, a primeira relação que fazemos é com a estética,
contudo, ela é uma ampla especialidade na reparação, reconstrução e substituição de
deformidades que envolvem não apenas a pele, mas estruturas musculoesqueléticas, buco-
maxilo, crânio, faciais, mama, genitálias, entre outras parte do corpo com necessidades de
reconstruções por anomalias, traumas ou mesmo por estética.
Nos Estados Unidos, a enfermagem tem ofertado sua assistência nos cuidados relacionados à
cirurgia plástica, sendo uma especialidade de prestígio com colegiado de classe, envolvida na
assistência antes, durante e após os procedimentos, na educação e na pesquisa.
Entre os procedimentos da cirurgia plástica que envolvem a assistência de enfermagem, temos:
aumento da mama/de reconstrução/redução/realce do seio;
lipoaspiração;
contorno facial: rinoplastia, queixo ou melhora da bochecha;
reparo de defeitos congênitos: fenda palatina, reparo de defeitos extremos;
cirurgia de revisão de cicatrizes;
transplante de cabelo;
procedimentos de readequação sexual;
rejuvenescimento da pele: resurfacing a laser, botox, tratamento de preenchimento; e
cirurgias de reparo de cicatrizes por queimadura.
Enfermagem dermatológica e cirurgia plástica3.6
O processo de enfermagem através da SAE é um diferencial do cuidado em diversas áreas,
assim, não é diferente na assistência na cirurgia plástica. A cirurgia plástica é um procedimento
que causa muita ansiedade e estresse ao paciente por causa das expectativas criadas com
relação à reconstrução desejada. Assim, no levantamento do histórico de enfermagem, é
importante observar as reações emocionais que podem surgir.
Figura 19 – Cirurgia plástica
Fonte: Anna Shvets/pexels.com
Quadro 7 – Reações emocionais à cirurgia plástica
Idade As reações emocionais são frequentemente intensificadas em idosos.
Pacientes mais jovens se adaptam psicologicamente à mudança da
imagem corporal mais facilmente do que pacientes mais velhos.
Gênero Homens tendem a ficar mais ansiosos e perturbados antes da cirurgia
e experimentam mais distúrbios psicológicos pós-operatórios que as
mulheres.
As mulheres são mais críticas com seus corpos que os homens, porém
são mais psicologicamente confortáveis com as mudanças corporais
após a cirurgia.
Dor Medos comuns da cirurgia incluem:
medo de dor e desconforto;
medo do desconhecido, com base no que esperar durante a experiência
cirúrgica e incerteza sobre resultado ou imagem corporal alterada;
medo de riscos relacionados à anestesia, complicações ou perda de
controle; e
medo de perturbar o padrão de vida que variam de preocupações sobre
dirigir um automóvel a não praticar esportes por algumas semanas ou
restrições quanto à atividade sexual.
A dor leva à irritabilidade, desesperança e sensação de desamparo.
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As experiências
cirúrgicas anteriores e
fatores psicossociais
Determina as respostas positivas e negativas a essas experiências;
Influência das informações que o paciente recebeu de outras pessoas,
incluindo o cirurgião plástico, equipe de saúde, família, amigos e
outros.
Ansiedade A ansiedade aumenta a dor; portanto, medidas tomadas para diminuir
a ansiedade podem ajudar a diminuir a dor; sinais variam de leve a
alto.
Expressão verbal de preocupações, inquietação, irritabilidade, agitação
ou choro.
Perguntas repetidas sobre a iminente cirurgia ou telefonemas pré-
operatórios frequentes para o consultório do cirurgião plástico.
Cuidados de
enfermagem abrangente
 
O uso de suportes situacionais e o aprimoramento dos mecanismos de
enfrentamento podem equilibrar os efeitos percebidos e o estresse da
cirurgia plástica.
Fonte: elaborado pela autora com base em Rankin e Mayers (2008).
Entre as intervenções de enfermagem para o paciente perioperatório da cirurgia plástica, temos
(RANKIN; MAYERS, 2008):
1) Intervenções pré-operatórias de enfermagem:
Estabeleça uma relação de confiança com o paciente durante a fase pré-operatória.
Foco na comunicação eficaz com o paciente.
Apresente-se aos outros funcionários.
Conheça o paciente.
Explique ao paciente e aos acompanhantes informações significativas do que esperar e o que
ocorrerá durante a cirurgia.
Mantenha o comportamento profissional.
Dirija-se ao paciente pelo seu nome preferido para facilitar a criação de vínculo.
Demonstre uma atitude positiva e sem julgamento.
Concentre-se nas mensagens verbais, gestos e expressões faciais do paciente, além da escuta
atenta.
Discuta rotinas e procedimentos com o paciente e dê a oportunidade para perguntas e
respostas sobre a cirurgia.
Permita que o paciente verbalize quaisquer preocupações ou medos.
Forneça suporte emocional e informações em um ambiente descontraído e não ameaçador.
Dê importância à compreensão do significado pessoal das palavras, comportamentos e
sentimentos do paciente.
Forneça apoio psicológico e medidas para diminuição do estresse físico e da ansiedade,
proporcionando conforto.
Seja sensível aos sentimentos de medo e/ou ansiedade do paciente e do membro da família.
Esteja ciente dos sentimentos de perda de controle e possível falta de conhecimento.
Realizar aconselhamento telefônico pré-operatório para diminuir a ansiedade e o estresse.
Sugira exercícios de relaxamento, música calma ou exercícios de respiração.
Realize o exame físico e do paciente e avalie necessidades psicológicas e manutenção da
segurança.
Proporcione uma atmosfera relaxada e tranquila.
Explique as medidas de segurança.
Promova a comunicação entre equipe.
Preste atenção ao conforto físico.
2) Intervenções de enfermagem pós-operatórias:
Faça um monitoramento adequado.
Evite conversas inapropriadas que possam ferir os sentimentos do paciente.
Esteja ciente de que o paciente estará consciente e possivelmente assustado quando pós-
anestesia.
Proporcione conforto e segurança psicológica ao paciente estando ao lado dele e o chamando
pelo nome.
Forneça ao paciente um ambiente seguro e confortável e atenda às necessidades físicas do
paciente.
Mostre sensibilidade à experiência do paciente e esteja ciente das suas necessidades
individuais.
Incentive o paciente a expressar suas necessidades não perceptíveis.
Use de empatia.
Avalie as comunicações verbal e não verbal.
Observar o estado clínico do paciente e suas necessidadespsicológicas.
Se um paciente estiver com náusea ou vômito, ou dor, administração de analgésicos e
antieméticos conforme prescrição médica.
Tenha o cobertor de aquecimento pronto e tranquilize o paciente que sente calafrios ou frio.
Preste toda a atenção quando estiver com o paciente.
Responda às perguntas do paciente com clareza e precisamente.
Toque no paciente quando ele precisar de conforto.
O paciente que percebe que seus enfermeiros estão preocupados com seu bem-estar pode
estar mais bem preparado para lidar com o estresse de intervenção cirúrgica.
Figura 20 – Intervenções de
enfermagem
Fonte: rawpixel/pexels.com
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Práticas Profissionais - Alimentação por sonda enteral | Sua Saúde
na Rede
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Enfermagem no contexto dermatológico3
Recapitulando
Vimos na Unidade 3 que a assistência em enfermagem dermatológica está associada
aos cuidados com as lesões cutâneas, seja como sua prevenção ou tratamento da fase
aguda ou crônica. A prática baseada em evidências e o processo de enfermagem por
meio do levantamento de dados sobre as condições de saúde do paciente e da avaliação
adequada das lesões, bem como o planejamento de metas factíveis de alcançar, a
implementação do cuidado, planejamento e avaliação compõem a chave para o sucesso
no tratamento da lesão. Aprendemos que as lesões de pele podem acometer cerca de 3%
da população e tem se tornado um desafio para saúde pública. 
Conhecemos as principais alterações de pele relacionadas ao envelhecimento, sinais de
afecções de pele e as patologias de pele que mais acometem os idosos. Vimos o quanto o
processo de trabalho da enfermagem a partir da SAE é um diferencial em todas as áreas
do cuidado e como pode ser aplicado à enfermagem dermatológica, sendo seu principal
foco o histórico e o diagnóstico de enfermagem, pois, a partir deles, poderemos
estabelecer metas eficazes para o tratamento das lesões.
Reconhecemos a enfermagem como a principal especialista no cuidado das afecções da
pele e vimos que existem diversas escalas que nos auxiliam nas avaliações das feridas,
assim como os principais diagnósticos relacionados ao sistema tegumentar.
Entendemos o que é a dermatologia sanitária e para quais patologias seu cuidado está
voltado, em especial aquelas relacionadas ao interesse sanitário, como as infecções
sexualmente transmissíveis.
Aprendemos que a enfermagem tem atribuições especiais na assistência ao paciente
submetido a cirurgias plásticas e que o principal foco do cuidado precisa ser voltado às
questões emocionais que irão influenciar em seu tratamento. Esse cuidado deve ser
prestado durante os períodos pré e pós-operatório.
A Resolução nº 568 de 2018 do Cofen regulamenta para a função autônoma dos enfermeiros o
atendimento próprio em consultórios particulares. Essa resolução amplia as possibilidades para o
enfermeiro, em especial para as áreas de dermatologia, no cuidado às afecções da pele, assim
como promoção de saúde, prevenção de doenças e agravos.
Exercícios de fixação
Marque verdadeiro ou falso para a afirmação abaixo:
Considera-se uma lesão crônica quando o processo de cicatrização espontâneo não ocorre no
período de três meses e, em sua maioria, evolui para processos infecciosos, dificultando ainda
mais a cicatrização.
Verdadeiro Falso
Marque verdadeiro ou falso para a afirmação abaixo:
O enfermeiro tem muitas atribuições conferidas pelo Conselho Federal de Enfermagem,
devidamente validadas por meio de resoluções e legislação do exercício profissional. Dentre suas
atribuições, estão os cuidados com as lesões cutâneas.
Verdadeiro Falso
Sobre a SAE no cuidado das afecções de pele, assinale a afirmativa correta.
Para que o processo de cicatrização de uma lesão de pele ocorra conforme o esperado, é
importante que todos os dados sobre o paciente sejam levantados durante a anamnese.
As características definidoras no caso do diagnóstico de enfermagem para lesões cutâneas
são dispensáveis, devendo focar apenas nos fatores de risco para elaboração do diagnóstico.
O diagnóstico de enfermagem para a integridade da pele prejudicada tem como principais
características de avaliação os tecidos subcutâneos, músculos, ossos, membranas mucosas
ou córneos danificados ou destruídos.
O diagnóstico risco de infecção não é válido para abordagem e tratamento de lesões
cutâneas, ainda que sejam crônicas.
Fatores que podem influenciar na evolução da cicatrização devem ser observados. A idade
não é um fator importante, apenas outras doenças-base ou problemas de coagulação e
doenças cardiovasculares devem ser monitorados por interferirem no processo de
cicatrização.
Videoaula - Anatomia e fisiologia da pele
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Enfermagem no cuidado de feridas4
Como vimos na Unidade anterior, o cuidado com as lesões de pele, nos casos das feridas, é uma
atividade muito relacionada ao profissional de enfermagem. Historicamente, as principais metas
traçadas para o cuidado com as feridas de pele estavam centradas na rápida cicatrização. Sabe-
se que no período pré-histórico as feridas eram tratadas com plantas, ervas, gelo, lama, frutas,
mel, entre outras coisas, fazendo da lã ou de folhas a cobertura para os ferimentos. A própria
Bíblia, reconhecida por muitos como um livro da Antiguidade, ainda no Antigo Testamento,
apresenta cuidados com as feridas por meio de unguentos de ervas, sendo a principal planta
citada o bálsamo para cura e o alívio da dor ocasionada pelas feridas (FAVRETO et al., 2017).
Ainda sobre a evolução dos tratamentos para as feridas, os egípcios fechavam as lesões para
cicatrização oclusa. Já Hipócrates preferia tratar as feridas com terapias de calor e pomadas
associadas à remoção de tecidos necróticos. Na era cristã, ao longo das muitas cruzadas, tanto
os ferimentos de guerra como as feridas ocasionadas por patologias passavam por um
procedimento cirúrgico, sendo desbridadas e depois suturadas (FAVRETO et al., 2017).
Com a evolução da tecnologia e dos produtos químicos, compostos à base de cloro e iodo
passaram a ser utilizados até que, hoje, utiliza-se a ciência e o conhecimento adquirido ao
passar do tempo sobre a biologia molecular para interferir no processo de cicatrização das
feridas, por meio de produtos, coberturas, métodos de cuidado e o conhecimento dos fatores
externos ou patologias associadas que podem influenciar na cicatrização. Entre os locais que
podem ser atingidos por úlceras e lesões, temos:
pele;
tecido muscular;
ossos;
tendões; e
nervos.
Já a ferida pode surgir através dos seguintes fatores:
interrupção da continuidade de um tecido corpóreo;
trauma físico, químico, mecânico;
desencadeamento por uma afecção clínica; e
acionamento das frentes de defesa orgânica.
Figura 21 – Lesões
Fonte: rawpixel/freepik.com
A pele é composta por três camadas, a epiderme, a derme e a hipoderme. Alguns autores
afirmam que 16% do nosso peso é da pele, outros dizem 15%, a verdade é que é uma
porcentagem bem significativa. Dependendo de sua localização, a pele pode ser mais elástica ou
mais rígida (RIVITTI, 2018).
Quadro 8 – Características das camadas da pele
Anatomia e fisiologia da pele4.1
Toda a sua superfície é composta por sulcos e saliências particularmente acentuadas nas regiões
palmoplantares e nas extremidades dos dedos, onde sua disposição é absolutamente individual e
peculiar, permitindo não somente sua utilização na identificação dos indivíduos por meio da
datiloscopia, como também a diagnose de enfermidades genéticas por meio das impressões palmo-
plantares, os chamados dermatóglifos. (RIVITTI, 2018, p. 53).
Figura 22 – Anatomia tegumentar
Fonte: Kawamoto

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