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Direito Administrativo Aplicado Aula 6: Poderes administrativos Apresentação Conheceremos os Poderes que o Estado traz para resguardar o interesse público. Assim, estes instrumentos são prerrogativas que a Administração possui para atingir a �nalidade pública, visto que os poderes da Administração decorrem da supremacia do interesse público. Analisaremos quando o administrador não busca o interesse público, abusando do poder ou ultrapassando os limites de suas atribuições. Compreenderemos, também, o poder de polícia como importante ferramenta do Estado na sociedade moderna, analisando o instituto sobre seus benefícios e limites para o avanço do bem estar social. Objetivo Examinar os Poderes Administrativos, atinando para o Uso, o Excesso e o Desvio; Identi�car os Poderes Administrativos Vinculado, Discricionário, Hierárquico, Disciplinar e Regulamentar; Analisar o Poder de Polícia e suas características. Introdução Os poderes administrativos são prerrogativas estatais utilizados para consecução do interesse público. Os poderes de que dotada a Administração Pública são necessários e proporcionais às suas funções. Ou seja, a Administração Pública é dotada de poderes que se constituem em instrumentos de trabalho. Os poderes administrativos surgem com a Administração e se apresentam conforme as demandas dos serviços públicos, o interesse público e os �ns que devem atingir. Saiba mais São classi�cados em poder vinculado e poder discricionário, segundo a necessidade de prática de atos, poder hierárquico e poder disciplinar, de acordo com a necessidade de se organizar a Administração ou aplicar sanções aos seus servidores, poder regulamentar, para criar normas para certas situações e poder de polícia. Quando necessário, faz-se a contenção de direitos individuais em prol da coletividade. Uso e o abuso do poder O Administrador Público tem o poder-dever de atuar com vistas ao bem comum (interesse coletivo). O uso de poder é uma prerrogativa do agente público. Em paralelo à obtenção da prerrogativa de "fazer", o agente atrai o "dever" de atuar (o denominado poder-dever). Importante salientar que o agente público só pode fazer aquilo que a lei determina e o que a lei não veda, ou seja, não pode atuar contra legem , ultra legem , mas exclusivamente secundum legem . 1 2 3 Para que o exercício do poder seja considerado legítimo, o agente público deve seguir estritamente a previsão legal; como se sabe, ao contrário do particular, a Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei determina. No momento em que o agente público age de forma ilegítima, se caracteriza a o abuso de poder. Quando podemos dizer que há excesso de poder? O excesso de poder se manifesta quando a atuação do agente público desrespeita os limites da sua competência. Assim, se diz que há excesso de poder no momento em que o agente público ultrapassa os limites de atuação previamente estabelecidos pela lei. As Medidas Legais Cabíveis ao Abuso do Poder O abuso de poder corresponde a um desvio de conduta, à inobservância, por parte do agente público, de seu poder-dever de agir secundum legem. Há três formas de expressão do chamado abuso de poder: https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0201/aula6.html https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0201/aula6.html https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0201/aula6.html Excesso Quando a autoridade competente vai além do permitido na legislação, ou seja, atua ultra legem. Desvio de �nalidade Quando o ato é praticado por motivos ou com �ns diversos dos previstos na legislação, ou seja, contra legem, ainda que em seu espírito, normalmente com violação de atuação discricionária. Omissão Quando se constata a inércia da Administração em fazer o que lhe compete, injusti�cadamente (com violação de seu poder-dever). Poderes administrativos Podemos dizer que os poderes administrativos são benefícios estatais que devem ser empregados para consecução do interesse público. Podem ser classi�cados como: Deveres do administrador público Poder-dever de agir, dever de e�ciência, dever de probidade, dever de prestar contas. Poderes do administrador público Poder hierárquico e poder disciplinar, poder regulamentar e poder normativo, poder de polícia e poder discricionário e poder vinculado. Atualmente, referem-se a verdadeiros deveres para a Administração Pública, visto que são organismos utilizados para atingir sua �nalidade, que é o bem da coletividade. São os principais poderes administrativos: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique nos botões para ver as informações. É o poder que a Administração Pública tem de exercitar certos atos em que sua liberdade de atuação é mínima ou inexistente. O Poder Vinculado É aquele em que a administração pública tem uma plausível liberdade de atuação, atuando de acordo com a liberdade de escolha de sua conveniência, ensejo e conteúdo. O Poder Discricionário Distingui-se pela existência de grau de submissão entre os diversos órgãos e agentes do Executivo. Ocorre a repartição de funções de seus órgãos, que distribui e revê a atuação de seus agentes, colocando a relação de subordinação entre os servidores públicos de seu quadro de pessoal. O Poder Hierárquico O Poder Disciplinar está diretamente ligado ao poder hierárquico e é a faculdade que a Administração Pública tem de punir as infrações funcionais de seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. O Poder Disciplinar É o Poder conferido aos Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos) para emitir decretos e regulamentos. Origina-se de competência diretamente constitucional, dita no art. 84 da CF. O Poder Regulamentar Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Poder de Polícia e suas características O Poder de Polícia é o imposto pelo Estado para alcançar o interesse público. É um instrumento que a administração emprega para resguardar e promover o interesse público. Possui como fundamento legal o art. 78 do Código Tributário Nacional, e também se apoia no princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado. Vejamos: "Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” - Lei 5172/66. Os atos praticados no exercício do poder de polícia podem ser: Preventivos Ato normativo abstrato que se propõe a impedir danos ao interesse público. Repressivos Aquele que tende a parar o dano ao interesse público. É um ato material concreto que se propõe a evitar o dano ao interesse público. Saiba mais O Poder de Polícia possui como �m o amparo à coletividade e tudo que possa causar risco. Sua competência está inteiramente relacionada à atividade característica do Estado, e só pode ser exercida pela administração pública direta ou autarquia. O poder de polícia se divide entre o Legislativo e Executivo, com base no princípio da legalidade, impedindo que a Administração imponha obrigações ou proibições sem lei que as preveja; trata-se, portanto, de limites de atuação. Conceito em sentido amplo: atividade do Estado de condicionar a liberdade e a propriedade conforme os interesses coletivos. Conceito em sentido restrito: intervenções, gerais ou abstratas, como os regulamentos, na forma concreta e especí�ca. Como exemplo, podemos citar Autorização de licenças, injunções. Diferença entre polícia administrativa e polícia judiciária Clique no botão acima. A polícia administrativa age sobre bens, direitos e atividades, ao passo quea polícia judiciária age sobre as pessoas, individual ou indiscriminadamente. Porém, ambas exercem função administrativa, ou seja, atividades que buscam o interesse público. A polícia administrativa é desempenhada por órgãos administrativos de caráter �scalizador. Já a polícia judiciária, por preparar a atuação da função jurisdicional penal, é exercida pela polícia civil ou militar. Áreas de atuação do Poder de Polícia: Preventiva: Tem por escopo impedir ações antissociais. Repressiva: Punição aos infratores da lei penal. Já a Polícia Administrativa atua conforme os órgãos de �scalização atribuídos pela lei, como na área de: - Saúde – Educação – Trabalho – Previdência - Assistência social. A Polícia Administrativa atua na forma: Preventiva (pelas polícias, civil e militar): Proibindo porte de arma ou direção de veículo automotor. Repressiva: Apreende arma usada indevidamente ou licença do motorista infrator; aplicando multa. Já a Polícia Judiciária atua na forma: Preventiva: Evitando que o infrator volte a incidir na mesma infração, conforme o interesse geral. Repressiva: Punindo o infrator da lei penal. Meios de Atuação: Atos Normativos - Promovidos pela lei, em que cria limites administrativos ao exercício dos direitos e das atividades individuais, estabelecendo normas gerais e abstratas às pessoas indistintamente, em idêntica situação. Disciplina a aplicação da lei aos casos concretos. Ex.: Poder Executivo, quando baixa Decretos, Resoluções, Portarias, Instruções. Atos Administrativos e operações materiais: Medidas preventivas: Objetiva adequar o comportamento individual à lei, como �scalização, vistoria, ordem, noti�cação, autorização, licença. Medidas repressivas: Têm por �nalidade coagir o infrator ao cumprimento da lei, como dissolução de reunião, apreensão de mercadorias deterioradas, internação de pessoas com doença contagiosa. Vamos apresentar agora os atributos do poder de polícia. Vinculariedade Denota que a Administração precisará agir conforme os limites postos em lei, sem qualquer possibilidade de opção Exemplo: Alvará de licença. Discricionariedade Atributo da Administração de decidir qual o melhor momento de agir, o meio de ação adequado, qual a sanção cabível prevista na norma Exemplo: Alvará de autorização. Autoexecutoriedade A Administração atua com os próprios meios, destacando suas decisões sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Compele à Administração materialmente o administrado, por meios diretos de coação. Exemplo: dissolve uma reunião, apreende mercadorias, interdita uma fábrica. Coercibilidade Obrigação coativa das medidas adotadas pela Administração. Indelegabilidade Atividade típica estatal, onde somente o Estado pode exercer, abarcando o exercício de prerrogativas próprias do poder público, como repressão, que não podem ser cumpridas por um particular, exceto quando este esteja investido legalmente por via de cargo público. Limites O limitador do poder de polícia é a lei, pois, embora seja um poder eminentemente discricionário, isto não libera a Administração para abusar daquilo que a lei autoriza e, em alguns casos, incorrer em excesso ou desvio de poder. Os limites são impostos pela lei como: Competência, Forma, Fins: Não eliminam direitos individuais, Motivo, Objeto, Discricionário, Proporcionalidade dos meios aos �ns: Exigência em relação à limitação ao direito individual e o prejuízo ao ser evitado, Necessidade: Tem por �to evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações ao interesse público, E�cácia: Medida adequada para impedir dano ao interesse coletivo. Comentário O administrador deve estar restrito à vontade da lei, já que sua legalidade é diferente da legalidade dos particulares, pois, enquanto os particulares podem fazer tudo aquilo que não está proibido em lei, a Administração Pública só pode fazer o que está permitido;. Temos, portanto a adstrição à lei. Além do sentido da legalidade, podemos trazer mais dois aspectos limitadores ao poder de polícia: Moralidade: representa um limitador natural das ações dos homens. Sendo assim, ao atuar com poder de polícia, o administrador deve agir de forma moral, abarcando a conduta de probidade administrativa. Por isso, a conduta do agente ao exteriorizar o poder de polícia deve ser moral, atuando com equidade. Proporcionalidade: o poder de polícia deve ser manifestado respeitando os liames da necessidade e da adequação. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. Assinale a alternativa que caracteriza o exercício de poder disciplinar pela Administração Pública: a) Fechamento de estabelecimento comercial por falta de higiene. b) Punição de servidor por descumprimento de seus deveres funcionais. c) Desapropriação de imóvel para construção de hospital. d) Fixação de taxa para a prestação de serviço público de coleta de lixo. 2. Quando o julgamento da oportunidade e conveniência quanto à realização do ato é feito pelo próprio legislador, estaremos diante de um ato de poder: a) Vinculado. b) Disciplinar. c) Hierárquico. d) Discricionário. 3. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna: Por meio do Poder _________ a Administração Pública pode condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais em benefício da coletividade ou do próprio Estado: a) Vinculado. b) Disciplinar. c) Normativo. d) de polícia. Notas Contra legem1 De forma contrária à lei. Ultra legem2 Além da lei. Secundum legem3 De acordo com a lei. Referências MAFRA, F. O estado e os poderes na administração pública. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/? n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14135. Acessado em: 24 jun. 2019. PEREIRA, L.F. Polícia administrativa. Disponível em: https://drluizfernandopereira.blogspot.com/2013_01_27_archive.html. Acesso em 20 nov. 2020. Próxima aula Conceito de Bens Públicos; Características dos Bens Públicos; Formas de aquisição dos Bens Públicos. Explore mais Leia o texto Extinção do Ato Administrativo Leia o texto Limites ao poder de polícia javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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