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Tipos de Impacto Ambiental

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Avaliação de impacto e licenciamento ambiental 27
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Tipos de impacto ambiental
No processo de estudos de impactos ambientais para a obtenção de licenças de 
instalação e operação, é importante que sejam definidos os tipos de impactos ambien-
tais que serão gerados por um determinado empreendimento, para que sirvam como 
subsídio aos planos de mitigação, compensação e recuperação ambiental.
Neste capítulo serão apresentados, de forma técnica e embasada, os tipos de 
impactos ambientais com foco nos impactos ambientais diretos e indiretos, na tempo-
ralidade e nos impactos cumulativos.
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2.1 Impactos diretos e indiretos
Os impactos ambientais possuem entre suas características a natureza de ordem, ou 
seja, podem ser diretos, como, por exemplo, uma área diretamente afetada construção de 
uma hidroelétrica, ocorre o barramento de um rio e, de forma rápida, a paisagem é modifi-
cada, formando um grande lago, inundando ecossistemas ribeirinhos, cultivos agrícolas ou 
até mesmo aglomerados humanos.
Também podem ser indiretos, como no caso da construção de uma hidroelétrica que, por 
formar uma barragem no curso do rio, provoca uma modificação das dinâmicas de corredeiras, 
afetando os tipos de peixes que ocorrem naquele local. Essa influência vai desde a redução da 
população de determinadas espécies até o aumento expressivo de outras.
Os impactos ambientais diretos são alterações ou perturbações de primeira ordem em 
determinados fatores ambientais, como o solo, os recursos hídricos, a biodiversidade, o cli-
ma e as relações humanas. Têm como característica o fato de ser em uma perturbação não 
cíclica, ou seja, uma vez gerado o impacto pelo empreendimento pretendido, este imediata-
mente atua gerando desequilíbrios ambientais, em uma escala de tempo curta. 
Odum e Barrett (1983), estudando ecossistemas naturais durante as décadas de 1960 e 
1970, observaram que as perturbações em um ambiente silvestre também ocorrem por um 
padrão natural de tempos em tempos, como, por exemplo, nevascas, incêndios florestais e 
até mesmo enchentes. Esses acontecimentos são cíclicos, e os ambientes se recuperam rapi-
damente, pois possuem capacidade de resiliência. 
Uma vez que o modelo de desenvolvimento na atualidade é o acúmulo de capital para 
minorias, gerando desigualdades sociais extremas, deve-se procurar um meio-termo entre a 
quantidade de exploração dos recursos naturais e a qualidade do espaço para viver. 
Esse avanço econômico tem gerado impactos diretos em fatores ambientais que são base 
para a sobrevivência dos seres humanos, como, por exemplo, as águas para o abastecimento 
público. Segundo a Agência Nacional das Águas (BRASIL, 2015), 17 regiões metropolitanas 
no Brasil estão passando por grave crise hídrica, sendo as regiões de São Paulo, Curitiba, Rio 
de Janeiro e Florianópolis as mais críticas.
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Figura 1 – Exemplos de possíveis impactos ambientais diretos.
Empreendimento pretendido
Extinção local de espécies da flora Extinção local de espécies da fauna
Realocação de 
aglomerados humanos Alteração na paisagem
Aumento de processos erosivos Alteração do regime hídricodos cursos d’água
Outros impactos específicos de
cada região afetada Perda de patrimônio arqueológico Am
biente
Fonte: Elaborada pelo autor.
Após implantado o projeto de um empreendimento, e caso ele já tenha gerado impactos 
de primeira ordem, vêm na sequência os impactos de segunda ordem, os quais podemos 
chamar de indiretos, que envolvem inúmeros e variados componentes inter-relacionados, 
como fatores físicos, biológicos e antropológicos (DIODATO, 2004). 
Para exemplificar essa definição, podemos citar a construção da hidroelétrica de Belo 
Monte, no estado do Pará. Essa obra causou um debate técnico e político com grande magni-
tude e relevância em relação aos impactos ambientais gerados. Esse empreendimento faz 
parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e entre seus impactos ambientais 
indiretos está a imigração de dezenas de milhares de pessoas de diversas partes do Brasil 
para a região, buscando oportunidades diretamente na obra ou em serviços gerais. Como 
consequência desse impacto, como bem lembra Salm (2011), está o aumento significativo 
de desmatamento da Floresta Amazônica, proveniente desse fluxo de pessoas que buscam, 
nessa região, áreas novas para se estabelecerem. 
É interessante também notar que os impactos ambientais indiretos são diretamente 
proporcionais aos impactos diretos, no que tange à sua magnitude e importância. Nessa 
correlação, todo estudo de impacto ambiental deve, portanto, analisar e prever os reais 
impactos ambientais, diretos e indiretos, e traçar possíveis soluções. Isso se faz necessário 
para o planejamento das ações de mitigação e compensação ambiental às quais o empreen-
dimento estará condicionado pelo processo de licenciamento ambiental.
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Figura 2 – Exemplos de possíveis impactos ambientais indiretos.
Meio
físico
Meio
biológico
Meio
antropológico
Inter-relações dos fatores ambientais
Chuvas ácidas Aumento de doenças respiratórias
Perda de patrimônio genético
A
m
biente
Inundações e enchentes
Deslizamentos de terraRedução de serviços
Fonte: Elaborada pelo autor.
Quadro 1 – Exemplos de relações de impactos ambientais diretos e indiretos.
Atividade Impacto direto Impacto indireto
Motivação de terra
Transporte de poluentes 
para os cursos d’água Eutrofização de rios e lagos
Erosão Perda de fertilidade dos solos
Assoreamento 
de cursos d’água Inundações
Emissão de poluentes 
na atmosfera
Redução da qua-
lidade do ar
Aumento de doenças espiratórias
Produção de chuvas ácidas
Desmatamento Perda de habitats naturais
Redução de serviços ambientais, 
como disponibilização de água e 
purificação do ar
Redução da oferta de produtos 
florestais provindos de planos de 
manejo
Criação de postos de 
trabalho temporários
Aumento da 
população local
Aumento dos custos com saúde 
pública
Aumento dos custos com educa-
ção pública
Aumento de desemprego e vulne-
rabilidade social após término da 
obra
Fonte: Elaborado pelo autor. 
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2.2 Impactos de curta e longa duração 
As alterações do equilíbrio ecológico e o impacto da atividade humana sobre a ecosfera 
terrestre começaram a se transformar em assunto de preocupação de alguns cientistas e 
pesquisadores durante a década de 1960. Ganharam dimensão política a partir da década 
de 70, e são atualmente um dos assuntos mais polêmicos do mundo. Não é mais possível 
implantar qualquer projeto ou discutir qualquer planejamento sem considerar o impacto 
sobre o meio ambiente. 
A identificação dos tipos de impactos ambientais de um empreendimento é feita princi-
palmente por estudos de caso, listagem de controles, opiniões de especialistas, revisões biblio-
gráficas e matrizes de interação. Após essa análise, é possível relacioná-la com o conhecimento 
do horizonte temporal e prever a duração de determinado impacto. Um determinado impacto 
pode desestruturar a estabilidade do ambiente, podendo ser, em uma escala de temporalida-
de, imediato, de curta duração, de média duração e longa duração – podendo em um mesmo 
empreendimento ocorrer essas quatro condições temporais de impactos ambientais.
O grau de estabilidade alcançado por determinado ambiente ou ecossistema depende 
de sua história evolutiva. Por exemplo, um ambiente que teve maior deposição de matéria 
orgânica tende a ser mais complexo que outro nas mesmas condições climáticas. Em geral, 
conforme explica Odum (2007), os ecossistemas tendem a se tornar mais complexos ao longo 
do tempo, com perturbações aleatórias como, por exemplo, uma tempestade, um ciclone etc. 
Um impacto ambiental, dependendo da magnitude e do tempode perturbação, pode 
desestabilizar essa dinâmica, afetando a capacidade de resistência ou de regeneração de 
processos ecossistêmicos, como trocas de energias entre os meios físico e biológico. Assim, 
um fator ambiental pode ser impactado em uma escala temporal e, dependendo do grau, 
pode ser mitigado ou não. Esse conceito é importante nos estudos de avaliação de impacto 
ambiental, pois os cenários resultantes poderão auxiliar as tomadas de decisões nos proces-
sos de licenciamento ambiental. 
2.2.1 Impacto ambiental imediato
O impacto ambiental imediato é determinado quando os efeitos sobre o fator am-
biental em questão têm curta duração, podendo, conforme o caso, ser de até cinco anos 
(PORTUGAL, 2012). Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos são sentidos 
em diversos níveis, como, por exemplo, a poeira de um canteiro de obras, que pode ficar em 
suspensão na atmosfera por muitos dias, ou mesmo um ruído de máquinas, que pode ser 
local ou se estender por vários quilômetros, como no caso de explosões de rochas.
Os efeitos deste tipo de impacto em uma dada região ou paisagem podem significar 
sérios riscos para o equilíbrio da dinâmica dos ecossistemas naturais, pois estes podem pos-
suir resiliência ou não, deixando-os bem vulneráveis em sua capacidade de autorrecupera-
ção (ODUM, 2007).
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2.2.2 Impacto ambiental de curta duração
O impacto ambiental de curta duração é determinado quando os efeitos sobre o fator 
ambiental em questão têm duração de cinco a quinze anos (PORTUGAL, 2012). Nessa escala 
de temporalidade, os efeitos dos impactos são sentidos em diversos níveis, como, por exem-
plo, o descarte de efluentes sanitários nos cursos d´água das proximidades do empreendi-
mento durante a construção de uma grande obra – como é o caso de ferrovias, estradas de 
rodagem, hidroelétricas etc. –, que pode durar anos.
O caso da construção de uma estrada de rodagem deve ser muito bem planejado em 
seus cronogramas físicos e financeiros, a fim do cumprimento de execução, pois os proces-
sos erosivos gerados na movimentação de terras ocasionam sérios impactos ambientais para 
os recursos hídricos – por exemplo, o assoreamento de pequenos cursos d´água e soterra-
mentos que afetam fragmentos florestais e toda sua biodiversidade. 
2.2.3 Impacto ambiental de média duração
O impacto ambiental de média duração é determinado quando os efeitos sobre o fator 
ambiental em questão têm duração de quinze a trinta anos (PORTUGAL, 2012). Nessa es-
cala de temporalidade, os efeitos dos impactos ambientais são sentidos em diversos níveis, 
como, por exemplo, as atividades minerárias, que desenvolvem por anos até que se esgotem 
suas reservas e teores. Os recursos minerais são bens esgotáveis, não renováveis; por esse 
fato, tendem a escassez à medida que se desenvolve sua exploração.
O principal impacto ambiental de média duração é o comprometimento da autorrecu-
peração dos ambientes naturais, como no caso de uma área que tem seu solo com intensa ati-
vidade e todo o banco de sementes, raízes e demais formas de propagação comprometidos, 
tornando aquela área estéril do ponto de vista da biodiversidade e sua regeneração natural.
2.2.4 Impacto ambiental de longa duração
O impacto ambiental de longa duração é determinado quando os efeitos sobre o fator 
ambiental em questão têm duração superior a trinta anos (PORTUGAL, 2012). 
Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos ambientais podem ser sentidos, 
por exemplo, na perda de qualidade e quantidade de água de um manancial de abasteci-
mento público advindo de empreendimento agrícola. Entre os principais impactos de longa 
duração gerados por essa atividade estão:
• as inundações e o aumento na média da vazão de pico, devido à compactação 
dos solos; 
• sedimentação e aumento no transporte de sedimentos para as calhas dos cursos d´água; 
• degradação do leito do rio e de seus habitats pela ocupação desordenada;
• erosão das margens e do leito do rio; 
• perda das populações de peixes e de espécies aquáticas sensíveis a agroquímicos; 
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• degradação da paisagem rural; 
• aumento da temperatura da água dos cursos d´água devido à ausência de matas ciliares.
Figura 3 – Impactos ambientais de escala temporal.
Empreendimento pretendido
Impacto ambiental imediato
Impacto ambiental de curta 
duração
Impacto ambiental de média
duração
0-5 anos
5-10 anos
15-30 anos
Impacto ambiental de longa
duração
Acima de 30 anos
Ambiente impactado
Fonte: Elaborada pelo autor.
2.3 Impactos acumulativos 
A avaliação de impacto ambiental foi introduzida no Brasil por meio de instrumentos 
jurídicos nos anos 1980, e sua prática mais comum ainda é a análise no nível de projeto, não 
se atentando para os chamados efeitos cumulativos, mesmo estando previstos na legislação. 
O grande desafio nos processos de licenciamento ambiental no Brasil é definir, de forma 
padronizada e metodológica, os critérios de impactos acumulativos a serem analisados nos 
estudos de impacto ambiental. 
A atividades de um empreendimento podem gerar inúmeros impactos ambientais que, 
de forma geral, são pontuais, como, por exemplo, desmatamentos, extinção da fauna local, 
mudança de regime hídrico de um rio, entre tantos danos ambientais. O que não se tem obser-
vado e estudado de maneira mais específica e profunda são os efeitos cumulativos ao longo do 
tempo, como, por exemplo, o que determinada ação que está gerando um impacto ambiental 
vem provocando, somando e acumulando para o aquecimento global, a perda da biodiversi-
dade, a redução da qualidade e quantidade de água de mananciais de abastecimento, a redu-
ção da camada de ozônio e a desertificação de ambientes produtivos.
No dia a dia das comunidades humanas, estamos acostumados com políticas públicas 
de desenvolvimento econômico nas áreas urbana e rural, fomentando sem controle efetivo, 
por exemplo, aumentos de pátios industriais, lavouras agrícolas, expansão urbana e abertu-
ra de vias. Ao longo dos anos, essas práticas vêm causando uma série de transtornos locais, 
regionais e até mesmo nacionais, como falta de água para o abastecimento humano e perda 
de produtividade agrícola, ocasionando imigrações populacionais.
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Nesse contexto, os impactos cumulativos começaram a ser mais estudados nos anos de 
1980, como comenta Oliveira (2008), discutindo de que forma eles poderiam ser pesquisa-
dos, avaliados e mitigados. 
Em encontros internacionais, diversos pesquisadores debatiam de formas variadas uma 
definição para impactos cumulativos e, a partir dos anos 90, uma definição consensual foi anun-
ciada, conforme cita Oliveira (2008, p. 76), em que impactos cumulativos são, de forma geral, “o 
resultado líquido de impactos ambientais de diversos projetos e atividades”.
Para Oliveira (2008), impactos cumulativos devem ter uma metodologia baseada nos 
sistemas ambientais, de modo a compreender de forma causal as respostas dos fatores am-
bientais às perturbações geradas, direta ou indiretamente, pelas atividades humanas, con-
siderando sua resiliência, sua complexidade organizacional, uma escala temporal (passado, 
presente e futuro), entre outros.
A definição mais detalhada e, de maneira geral, adotada por diversos países, deu-se 
pela Política Nacional Americana de Meio Ambiente (Nepa), por meio da norma CEQ 40 
CFR 1500, na seção 1508. Definiu-se impacto cumulativo como:
[...] o impacto sobre o meio ambiente que resulta do impacto incremental da 
ação quando adicionado a outro passado, o presente e as futuras ações razoa-
velmente previsíveis, independentemente da agência (federal ou não) ou pessoa 
que exerça essas outras ações. Os impactos cumulativos podem resultar de ações 
individualmente menores mas coletivamente significativas que ocorrem duranteum período de tempo. (NEPA, 1969, tradução nossa)
Somada a essa definição, Oliveira (2008) também traz uma discussão mais abrangente, 
em que também ocorrem efeitos cumulativos e consequências para fatores culturais e so-
cioeconômicos, resultantes dos impactos físicos e biológicos, e que devem ser incorporados 
nos estudos e nas medidas de mitigação do dano ambiental.
No contexto jurídico brasileiro, os impactos cumulativos estão descritos e têm traçadas 
suas diretrizes para estudos e avaliação na Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (Conama), em seu artigo 6°, inciso II, que diz:
Art. 6° - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes 
atividades técnicas:
[...]
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de 
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prová-
veis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (bené-
ficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporá-
rios e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e 
sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. (CONAMA, 1986)
Com base nessas definições, o processo de identificação de impactos ambientais deve ser 
desenvolvido a partir da análise dos aspectos da atividade e dos fatores ambientais impactá-
veis diagnosticados para a área de estudo a longo prazo, incluindo seus efeitos cumulativos.
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A função do componente ou do elemento ambiental do ponto de vista da sua função 
específica no funcionamento do sistema ambiental deve ser analisada, junto com o compo-
nente ambiental, do ponto de vista da cumulatividade e da sinergia, considerando: seu es-
tado atual, as transformações ocorridas no passado e as tendências que se configuram para 
o futuro, e além de sua capacidade para assimilação de novas transformações ou resiliência. 
Por ser uma análise integrada dos impactos ambientais incidentes em uma determi-
nada área, de suas causas reais e de seus efeitos, pode gerar instrumentos de gestão mais 
efetivos do ponto de vista da definição de responsabilidades e do controle de impactos.
A avaliação de impactos cumulativos reconhece a importância da análise dos impactos 
avaliados em um estudo de impacto ambiental tradicional, porém, os classifica como pouco 
significativos, mas que, somados aos impactos pouco significativos de outros empreendimen-
tos e atividades que ocorrem ou que venham a ocorrer na área estudada, podem causar im-
pactos significativos sobre o elemento em análise. A avaliação de impactos cumulativos deve 
ser feita considerando-se de forma integrada os três meios: físico, biótico e socioeconômico. 
Para regulamentação e desenvolvimento desses diagnósticos e estudos, o Ibama 
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), ligado ao Ministério 
do Meio Ambiente, publicou a Nota Técnica 10/2012 – CGPEG/DILIC/Ibama – Identificação 
e Avaliação de Impactos Ambientais (BRASIL, 2012) que busca trazer os conceitos sobre os 
potenciais de cumulatividade.
Cumulativo: refere-se à capacidade de um determinado impacto de sobrepor-se, 
no tempo e/ou no espaço, a outro impacto (não necessariamente associado ao 
mesmo empreendimento ou atividade) que esteja incidindo ou irá incidir sobre 
o mesmo fator ambiental. Conforme observado por Sánchez (2006), uma série 
de impactos irrelevantes pode resultar em relevante degradação ambiental se 
concentrados espacialmente ou caso se sucedam no tempo. (p. 4) [...]
Não cumulativo: nos casos em que o impacto não acumula no tempo ou no espaço; 
não induz ou potencializa nenhum outro impacto; não é induzido ou potencializa-
do por nenhum outro impacto; não apresenta interação de qualquer natureza com 
outro(s) impacto(s); e não representa incremento em ações passadas, presentes e 
razoavelmente previsíveis no futuro. (p. 12) [...]
Nos casos em que o impacto incide sobre um fator ambiental que seja afetado 
por outro(s) impacto(s) de forma que haja relevante cumulatividade espacial e/
ou temporal nos efeitos sobre o fator ambiental em questão. 
indutor: nos casos que a ocorrência do impacto induz a ocorrência de outro(s) 
impacto(s). 
induzido: nos casos em que a ocorrência do impacto seja induzida por outro impacto. 
sinérgico: nos casos em há potencialização nos efeitos de um ou mais impactos 
em decorrência da interação espacial e/ou temporal entre estes. (p. 12)
Destaca-se que não necessariamente essa potencialização dos efeitos está ligada somen-
te ao empreendimento estudado, mas ao fato de que pode influenciar outros na mesma 
microrregião ou até mesmo em macrorregiões.
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Figura 4 – Exemplo de impacto cumulativo gerado por um impacto ambiental.
Bacia hidrográfica de manancial de abastecimento
Captação de água para abastecimento
EP 01: LR
EP 02: LR
EP 03: LR
EP 04: LR
EP 06: LR
EP 05: LR
IAC 01:
Queda da
qualidade da água
IAC 02:
Aumento do custo
de tratamento da água
IAC 03:
Redução da
quantidade da água
Curso do rio
Legenda:
EP = Empreendimento
LR = Lançamento de resíduos
LC = Empreendimento licenciado
IAC = Impacto ambiental cumulativo
Fonte: OLIVEIRA, 2008. Adaptada. 
 Ampliando seus conhecimentos
Identificação dos aspectos ambientais 
significativos
(SOARES, 2015)
[...]
Distinção entre atividade e aspecto ambiental 
A definição de “aspecto ambiental” constante na norma ISO 14001, “um 
elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que 
possa interagir com o ambiente”, nem sempre é bem entendida pelas 
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Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
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organizações. Um dos erros cometidos está relacionado com a confusão 
que é muitas vezes feita entre o aspecto ambiental e a atividade que lhe está 
associada (ver tabela seguinte). 
Durante a análise de uma atividade, produto ou serviço de uma organização 
devem ser identificadas as suas interações com o ambiente, constituindo estes 
os aspectos ambientais de uma organização e não as atividades, produtos e 
serviços em si próprios.
Por exemplo, são aspectos ambientais: o consumo de matérias-primas e 
recursos naturais, o consumo de energia, as emissões atmosféricas, as des-
cargas de águas residuais, a produção de resíduos sólidos, as radiações, o 
ruído e as alterações da paisagem, entre outros.
Exemplos corretos e incorretos entre atividade e aspecto ambiental
Atividade/Produto/Serviço Aspecto
Produção de papel Corte de árvores Incorreto
Embalagem Reutilização de papel usado Incorreto
Distribuição com veículo automóvel Viagens Incorreto
Embalamento Consumo de papel Correto
Embalagem de cartão Formação de resíduos Correto
Distribuição com veículo automóvel Emissões de gases de escape Correto
Distinção de aspecto ambiental direto e indireto 
A atividade da organização dentro das suas instalações, ou seja “entre 
portões”, tem associados necessariamente aspectos ambientais, mas as 
atividades, produtos e serviços que ocorrem a montante e a jusante da 
organização e que permitem a sua laboração originam também aspectos 
ambientais. Os primeiros são considerados os aspectos ambientais diretos 
e os segundos indiretos.
Distinção entre aspecto ambiental e impacto ambiental 
Alguma confusão surge também, em muitos casos, na distinção entre 
aspecto ambiental e impacte ambiental, definido por “qualquer altera-
ção do Ambiente, adversa ou benéfica, total ou parcialmente resultante 
das atividades, produtos ou serviços de uma organização” (ISO 14001). 
Os aspectos ambientais são as causas e os impactes ambientais os seus efei-
tos sobre o ambiente (normalmente danos). 
O impacto ambiental pode ter efeitos no tempo e no espaço para além do 
local e do momento em que ocorre a ação, não se limitando ao efeito local 
Tipos de impacto ambiental2
Avaliação de impactoe licenciamento ambiental38
e imediato, normalmente descrito com a palavra “impacto”. Por exemplo, 
os impactes ambientais podem ocorrer a jusante de uma fonte emissora, 
podendo ser efeitos prolongados e/ou acumuláveis no tempo, reversíveis 
ou irreversíveis.
Categorias de impacto ambiental 
Muitos dos aspectos ambientais provocam efeitos em cadeia. Por exemplo, 
as emissões de CO2 e de outros gases, vulgarmente designados como “gases 
com efeito de estufa”. O primeiro efeito é a alteração das propriedades de 
radiação da atmosfera. O segundo efeito é a contribuição para as alterações 
climáticas através da alteração da temperatura na Terra. E como consequên-
cia final, é previsível a degradação das condições globais da vida na Terra. 
Uma das dificuldades é encontrar forma de descrever todos estes efeitos. 
Uma alternativa simplificada é definir categorias de impactos ambientais e 
a sua simples nomeação significa que se incluem todos os efeitos associados, 
por exemplo a categoria “alterações climáticas”.
Distinção entre aspecto ambiental e perigo ambiental 
Perigo ambiental é um aspecto ambiental que pode ocorrer em determina-
das circunstâncias e caso ocorra gera danos ambientais. 
Perigo ambiental é definido por analogia com a definição de perigo em 
segurança, como consta nas normas BS OHSAS 18001:2007 e NP 4397:2008, 
onde o perigo é entendido como “fonte ou situação com um potencial 
para o dano...”.
Distinção entre impacto ambiental e risco ambiental 
O impacto é um dano ambiental resultante de um aspecto que ocorre com uma 
frequência que se pode concretizar. O risco ambiental é também um dano, mas 
provocado por um aspecto ambiental com potencial de ocorrer (um perigo 
ambiental). Ou seja, um risco ambiental é um dano com determinada gravi-
dade e com uma certa probabilidade de ocorrer. No impacto estima-se a fre-
quência com que ocorre, no risco estima-se a probabilidade de ocorrer. 
Risco ambiental é definido, por analogia com a norma NP 4397 de 2001, como 
uma “combinação da probabilidade e da severidade do dano causado em 
consequência da ocorrência de um determinado acontecimento perigoso”.
[...]

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