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Clonagem e Enzimas de Restrição Profa. Thaise Gonçalves de Araújo Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Genética e Bioquímica BIOTECNOLOGIA - Marcos Históricos 2.000 a.C. Panificação e bebidas fermentadas são utilizadas por egípcios e gregos 1875 d. C. Pasteur mostra que a fermentação é causada por microrganismos 1880-1910 Surgimento da fermentação industrial (ácido láctico, etanol, vinagre) 1910-1940 Síntese de glicerol, acetona e ácido cítrico, descoberta da penicilina 1940-1950 Antibióticos são produzidos em larga escala por processos fermentativos 1953 Watson e Crick e a estrutura do DNA 1968 Purificação da primeira endonuclease de restrição (HindII) BIOTECNOLOGIA - Marcos Históricos 1970´s Desenvolvimento das primeiras técnicas de DNA Recombinante 1982 Primeira proteína recombinante no mercado (insulina humana) 1983 Kary Mullis e a PCR 1990´s Primeiros estudos de terapia genética 1990´s Primeiras plantas transgênicas 1996 Primeiro mamífero clonado 2000 Sequenciamento do genoma humano Enzimas Modificadoras de ácidos nucléicos Nucleases e Ribonucleases • Responsáveis pela quebra enzimática de ligações fosfodiéster Nucleases • Exonucleásica 5’→3’ e/ou 3’→5’ • Endonucleásica → enzimas de restrição Ribonucleases • Endoribonucleásica • 1968, Paul Arber sugere a existência de enzimas existentes em bactérias que atuassem como proteção à infecção por fagos – Essas enzimas cortariam o DNA do fago em sítios específicas – Endonuclease R • 1968 – Meselson & Yuan: EcoRI • 1970 – Smith & Kelly: nova endonuclease descoberta em H. influenzae -- HindIII – Confirmação da hipótese de Arber, enzima corta DNA exógeno mas não DNA celular – Descoberta do sítio específico de corte pela enzima (AAGCTT) As Enzimas de Restrição ENZIMAS DE RESTRIÇÃO ▪ As endonucleases de restrição (tesouras moleculares) são enzimas capazes de clivar o DNA, reconhecendo sequencias curtas de bases e fazem cortes na dupla hélice do DNA. ▪ Clivam na dupla fita ▪ Reconhecem sequencias específicas ▪Clivam dentro da sequencia ou próximo a ela ▪ Diferentes linhagens bacterianas produzem diferentes enzimas de restrição ▪ 250 tipos diferentes ENZIMAS DE RESTRIÇÃO Função Natural: proteger o DNA bacteriano do DNA exógeno As enzimas de restrição são chamadas de acordo com a bactéria que a produziu 1º enzima a ser descoberta nesta bactéria RY 13 Exemplo: EcoR I Escherichia coli Género Espécie Linhagem Ordem de descoberta Tipo I 3 subunidades: ✓ 1 subunidade de restrição (“R”) ✓ 1 subunidade de metilação (“M”) ✓ 1 subunidade de reconhecimento (“S”) Local de hidrólise não é específico e ocorre a mais de 1000 bp de distância Hidrólise é sempre num local diferente e necessita de ATP Impede o seu uso em engenheira genética 2 subunidades: ✓ 1 subunidade de restrição (“R”) ✓ 1 subunidade de metilação e reconhecimento (“MS”) Sequência de reconhecimento é assimétrica (5-7 bp) Dupla cadeia de DNA hemimetilada Local de hidrólise a mais de 24-26 bp de distância Hidrólise é sempre num local diferente e necessita de ATP Impede o seu uso em engenheira genética Tipo III Tipo II Duas enzimas: ✓ 1 enzima de restrição (Endonuclease) ✓Estrutura com 4 folhas β e 1 hélice α Sequência de reconhecimento é palindrómica 4-8nts Hidrólise ocorre dentro ou nas extremidades da sequência reconhecida Não necessita de ATP, apenas Mg2+ Importantes na recombinação genética e na elaboração de mapas de restrição (especificidade de corte) Izosquizômeros Diferentes enzimas de restrição que possuem a mesma sequência de reconhecimento Diferem nas condições ótimas de reação, na estabilidade Enzimas de restrição Sequência de reconhecimento SacI GAGCTC CTCGAG SstI GAGCTC CTCGAG Exemplo: ENZIMAS DE RESTRIÇÃO ▪ Cada enzima reconhece apenas um tipo de sequencia – seq. palindrômicas ▪ Algumas cortam a molécula produzindo pontas retas (cegas) (Ex.1), enquanto que outras cortam entre as mesmas bases, mas fora do ponto de simetria, produzindo pontas desiguais ou coesivas (Ex. 2). ENZIMAS DE RESTRIÇÃO ▪ As enzimas de restrição do tipo coesivas são utilizadas para clonagem, devido à facilidade de ligação dos fragmentos por e elas gerados. ▪ Algumas enzimas de restrição reconhecem sítios raros no genoma e são bastante utilizadas para detecção de mutações. ▪ No caso de detecção de mutações de ponto, utiliza-se uma enzima que seu padrão de corte é alterado pela mutação, isto é, um sítio de restrição é criado ou abolido para determinada enzima. Enzimas de Restrição ▪ Os fragmentos contendo pontas adesivas, podem se ligar a outras pontas de moléculas de DNA que tenham sido cortadas com a mesma enzima. ▪ Em Engenharia Genética, a obtenção dos fragmentos de DNA serve para criar, in vitro, novas moléculas (DNA recombinante), recortando e colando vários pedaços de informações. “digerem as ligações fosfodiéster” ▪ As sequencias reconhecidas por uma enzima de restrição estão situadas aleatoriamente dentro do genoma. Consequentemente há uma relação entre o tamanho da sequencia de reconhecimento e o número de vezes que ela está presente no genoma. Exercício 3 ▪Uma molécula de DNA bifilamentar tem 5 milhões de pares de bases com uma composição de 62% G+C. Quantas vezes em média o sítio GGATCC estará presente nessa molécula? ▪A enzima de restrição HindIII corta o DNA na sequencia AAGCTT. Na média com que frequencia a enzima corta o DNA bifilamentar? Ensaio de digestão • Adicione DNA + tampão + endonuclease de restrição • Deixe digerindo num banho a determinada temperatura por determinado tempo • 1 unidade de enzima de restrição digere 1 μg DNA em 1h00 Factores que influenciam a atividade das enzimas de restrição: Digestão com múltiplas enzimas Composição do tampão ✓ Diferem na força iónica (concentração de sal) ✓ Solução: Manter o pH da reacção (geralmente em 8.0) Influência da metilação no DNA ✓ Existe algumas endonucleases de restrição que não clivam DNA metilado Temperatura de incubação ✓ A maioria das enzimas cliva melhor a 37ºC ✓ Excepções: Bactérias termofílicas – clivam melhor entre 50 a 60ºC Enzimas com tempo de meia vida pequeno a 37ºC, recomenda-se a incubação a 20ºC ▪ Quando a concentração da enzima é superior a 5% (v/v) ou quando se usa uma relação “enzima/mg de DNA” muito alta, a enzima pode reconhecer sítios inespecíficos. ▪ Os diversos componentes da reação devem ser mantidos no gelo até a hora do uso, com exceção da enzima que é mantida a -20°C. ▪ Algumas enzimas requerem temperatura de incubação acima de 50°C. Em alguns casos recomenda-se a adição de óleo. ▪BSA deve ser adicionado em digestões longas ▪Nas digestões duplas ▪1. Tampão com menos sal ▪2. Outra enzima Parâmetro Recomendação Volume final da reação Até 100 μL Concentração de DNA 0,1 a 10 μg Concentração da enzima 1 a 5U/μg DNA Tri-HCl; pH 7,5 20 a 50 mM MgCl2 5 a 10 mM Β-mercaptoetanol 5 a 10 mM BSA 50 a 100 μg/mL Glicerol <5% (v/v) NaCl Como requerido na enzima Temperatura Como requerido na enzima Tempor de incubação Como requerido na enzima Mapas de Restrição ✓ As unidades do mapa são expressadas em pares de bases ou para distâncias mais longas em pares de kilobases É uma compilação do número, da ordem e da distância entre locais do corte do enzima de restrição ao longo de um segmento clonado do DNA Normalmente, o mapeamento é a primeira etapa para caracterizar um DNA desconhecido e um pré-requisito a manipulá-lo para outras finalidades. ✓ O DNA encontra-se, geralmente, dentro de um vector bem caracterizado do plasmídeo ou do bacteriófago, onde a sequência é conhecida Elaboração de Mapas de Restrição Existem dois métodos para elaborar um mapa de restrição: ✓mapeamento utilizando digestões múltiplas ✓mapeamento utilizando digestões parciais Construção de mapas de restrição com hidrólises múltiplas: ✓ Hidrólise do DNA: ❖ separadamente com hidrólises simples ❖ e com pares de enzima ✓ Aplicar uma electroforeseem gel para os fragmentos obtidos (Permite a separação dos fragmentos gerados de diferentes tamanhos!!!) Elaboração de Mapas de Restrição 0.5 1.0 2.5 5.0 8.0 10.0 7.0 6.2 5.8 5.8 0.8 1.2 0.8 0.4 0.8 0.8 1.2 5.8 7.0 7.0 0.8 0.4 5.8 0.8 5.0 1.2 Modelo I Modelo II HindIII SalI HindIII SalI Mapas de Restrição Digestão Parcial Digestão parcial surge em condições não ótimas para que ocorram um número limitado de hidrólises: ✓ período de incubação pequeno ✓ incubação a baixas temperaturas Pode ser parcialmente digerido com enzimas de restrição produzindo fragmentos marcados de tamanhos diferentes mas que revelam diretamente onde são os locais de clivagem Elaboração de Mapas de Restrição Enzimas Nº de fragmentos Tamanho / kd XbaI 2 24.0, 24.5 XhoI 2 15.0, 33.5 KpnI 3 1.5, 17.0, 30.0 XbaI + XhoI 3 9.0, 15.0, 24.5 XbaI + KpnI 4 1.5, 6.0, 17.0, 24.0 É linear Tamanho do fragmento: 48.5 kd Nº de sítios restrições de: ✓ XbaI – 1 ✓ KpnI – 2 ✓ XhoI – 1 Elaboração de Mapas de Restrição XbaI 24.0, 24.5 XhoI 15.0, 33.5 XbaI + XhoI 9.0, 15.0, 24.5 48.524.0 24.5 XbaI 9.0 15.09.015.0 Todos os locais de restrição do KpnI caem no fragmento da XbaI 24.5 kb, uma vez que o fragmento 24.0 kb continua intacto após a digestão dupla do XbaI-KpnI A ordem dos fragmentos do KpnI só pode ser determinado pela digestão parcial XhoI XhoI Elaboração de Mapas de Restrição Os fragmentos 1.5, 17.0 e 30.0kd são produtos da digestão completa Os fragmentos 18.5 e 31.5kd são produtos da digestão parcial 48.524.5 XbaI 9.015.0 XhoI 6.0 KpnI 18.517.0 1.517.01.5 KpnI’s Enzima Tamanho / kd KpnI – digestão parcial 1.5, 17.0, 18.5, 30.0, 31.5, 48.5 XbaI + KpnI 1.5, 6.0, 17.0, 24.0 Elaboração de Mapas de Restrição EcoRI BamHI HindIII HaeII EcoRI + HaeII BamHI + HaeII HindIII + HaeII EcoRI + HindIII EcoRI + BamHI BamHI + HindIII 12.0 12.0 12.0 6.0 4.0 2.0 5.0 4.0 2.0 1.0 6.0 4.0 1.5 0.5 6.0 2.5 2.0 1.5 6.5 5.5 10.5 1.5 8.0 4.0 12.0kd HaeII (6.0) HaeII( 10.0) HaeII (0/12.0) EcoRI (1.0) BamHI (11.5) HindIII (7.5) É circular Tamanho: 12.0kb ▪ Um fragmento de DNA de camundongo com pontas adesivas de EcoRI porta o gene M. Este fragmento de DNA que tem 8kb de tamanho é inserido em um plasmídeo bacteriano. Esse plasmídeo recombinante é cortado com 3 tratamentos diferentes de enzimas de restrição. ▪EcoRI : fragmentos de 8kb e 6kb ▪BamHI: 5,5kb, 4,5kb e 4,0 kb ▪EcoRI + BamHI: 4,0kb+ 3,5kb+ 3,0kb+ 2,5kb+ 1,0kb Construa o mapa de restrição A importância dos polimorfismos Profa. Thaise Gonçalves de Araújo Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Genética e Bioquímica POLIMORFISMOS GENÉTICOS ▪ Variações nas seqüências de DNA que ocorrem na população geral de forma estável ▪ Freqüência de 1% ou superior (1 a cada 1.250 pb) ▪ Deleções, mutações, substituições de base única (SNP - 90%) ou variações no número de seqüências repetidas ▪ Podem afetar a seqüência de aminoácidos da proteína e alterar a função da mesma ▪ Podem alterar a expressão e/ou a atividade de sítios de ligação de medicamentos Polimorfismo no Comprimento de Fragmentos de Restrição (PCR – RFLP) Fragmento Amplificado pela PCR de 400 pb 300 pb 100 pb Sítio de Reconhecimento de Enzimas de Restrição GAATTC Normal GAATTT Mutante Eletroforese e Detecção 400 300 200 100 M CC CT TT A enzima não reconhece o sítio – não corta – CAGAGCATGGACAGGGAGCAAGGCCAGGCAGGGACAGGGCCAGGTGCGCCCATGGA AGGACCTAGGTCTGGATCCTAAATGCACGGAGAAGTCACTGGAGGGCTTTGGGGCCAG GCAGTGGTATCACCGGTCAGCAGTCATAGAGGGGTGGCCTAGGGGGTGCTGCCGTTGA GTGTCTGTGTGGGTGGGGGGTGGTGGGATTGAGCAGTGAGGGGCCCAGCTGAGAGCT CCTGTGCCTTCTTCTCTATCCCCGTGCCCACAGATCGTCCTGGGGTGCAGGACGCCGCGC TGATTGAGGCCATCCAGGACCGCCTGTCCAACACACTGCAGACGTACATCCGCTGCCGC CACC Mutação: T→C (AY342404) Posição: 61968 Enzima: 5’-T*CGA-3’ Indivíduo TT: TT Indivíduo tt: CC Alelo T: 352pb Alelo t: 293pb Posição: 61968 Enzima: 5’-T*CGA-3’ 352 pb 352 pb 293pb Investigação de Vínculo Genético - PCR-RFLP • Nos exames de paternidade, aplicando- se a eletroforese em fragmentos de DNA, obtidos por ação de enzimas de restrição em amostras sanguíneas dos entes envolvidos: mãe (M), filhos (F1, F2, F3 e F4) e o suposto pai (SP). • A herança das bandas presentes nos filhos e ausentes na mãe, somente pode ter sido transferidos aos filhos pelo pai. • No caso, constata-se a contribuição genética do suposto pai, indicada por círculos vermelhos. LIS-SSCP • Descrito por Maruya et al. (1996) • Baseado na mobilidade eletroforética dos ác. nucléicos descobre mutações de ponto em uma variedade de posições, em fragmentos de DNA •Eficiência: < 200 pb (100%) > 400 pb (<50%) Homozigoto A Heterozigoto Homozigoto B Desnaturação à 97° C por 10 min. Eletroforese em gel poliacrilamida O que, então, era possível fazer? • Era possível pegar o DNA de qualquer espécie, picotá-lo e inseri- lo em uma bactéria que o amplificaria milhões de vezes • A era da engenharia e da manipulação genética tem início... • Mas o que se pode fazer? Até onde podemos chegar? – Verdade seja dita: ninguém sabe ao certo...
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