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Tribunal de Nuremberg

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APS – Atividade Prática Supervisionada
	
	
	
	
http://www.fsg.br/
	
O TRIBUNAL DE NUREMBERG
	
	Curso de Direito da Faculdade da Serra Gaúcha.
	Professor Supervisor da APS
O Tribunal de Nuremberg 
	
	Resumo
Ao desenvolver o seguinte trabalho, buscamos mostrar, para compreensão, o maior julgamento coletivo de crimes contra a humanidade e crimes de guerra, que veio mais tarde, incluir o termo “Genocídio” na política internacional. Tal julgamento, levou ao tribunal vinte e um líderes nazistas, os quais haviam comandado, de alguma forma, o extermínio de ciganos, deficientes, políticos e, principalmente, judeus, sob o comando de Adolf Hitler. Dos acusados, somente três foram absolvidos, os demais receberam sentenças de acordo com suas responsabilidades, reclusão, prisão perpétua ou pena de morte. Foi então que, houve uma valorização aos Direitos Humanos. O que anteriormente não acontecia.
	 Palavras-chave:
Tribunal. Nuremberg. Genocídio. Direitos. Humanos.
	
	
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o objetivo de analisar um dos mais importantes julgamentos já realizados na história, mostrar a importância do mesmo e suas consequências. O famoso Tribunal de Nuremberg, teve início em 1945, tendo como finalidade, julgar líderes nazista por crimes contra a humanidade durante a II Grande Guerra Mundial. As potencias responsáveis por todo o processo, foram as vitoriosas do conflito, além do mais, quem fazia parte da banca de juízes, era um representante de cada país. Foi a partir das atrocidades cometidas contra judeus, ciganos, deficientes, e outros, que se teve a criação do termo “Genocídio”, porém, o mesmo só foi apresentado ao âmbito jurídico, após o julgamento. Nesse mesmo contexto, pós-guerra, houve uma maior atenção aos Direitos Humanos e as questões relacionadas às leis internacionais, o que anteriormente não havia. 
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo o filme Nuremberg (2000), em 1945, deu-se início ao julgamento de vinte e um líderes nazistas no Tribunal de Nuremberg. O mesmo foi criado com o intuito de responsabilizar esses comandantes, de alguma forma, por atrocidades cometidas contra a vida humana, durante a II Guerra.
A II Grande Guerra Mundial teve início em 1939, em especial, entre as potencias Alemanha e União Soviética. Na Alemanha, Adolf Hitler assumiu o poder como chanceler[footnoteRef:0] e o país, encontrava-se em um regime totalitário. Nesse período houve a criação dos Campos de Concentração. [0: S.m. e s.f. Título do primeiro-ministro, chefe de estado.] 
Esses centros, tinham diversas finalidades, entre elas, o trabalho escravo, um lugar para detenção de pessoas que iam contra o Estado, além de ter sido o local utilizado para a exterminação de milhões de pessoas. Dentre as mesmas, estavam ciganos, políticos anarquistas, deficientes e, principalmente, judeus. O povo que mais sofreu com a severidade dos alemães. 
O conflito chegou ao fim após cinco anos de extrema exaustão. Logo, alguns meses depois, representantes dos países vencedores França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e União Soviética, formando O Tribunal Militar Internacional, reuniram-se para debater qual seria o destino daqueles que comandaram o Holocausto[footnoteRef:1]. Foi então que se iniciou o processo de um julgamento. [1: Prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual.] 
O mesmo foi estabelecido na cidade de Nuremberg, Alemanha, dando plena capacidade de defesa aos réus, os quais contavam, em sua maioria, com advogados alemães. No entanto, não foram de suas próprias escolhas.
Os réus foram julgados sob o Artigo 6º do Ato Constitutivo do Tribunal Militar Internacional pelos seguintes crimes: 
Crimes contra a paz, participação no planejamento e provocação de guerra em violação a vários tratados internacionais; Crimes de guerra, violações das leis e das regras internacionais acordadas para a deflagração de uma guerra; e Crimes contra a humanidade, assassinato, extermínio, escravização, deportação e qualquer outro ato desumano cometido contra quaisquer populações civis, antes ou durante a guerra, além de perseguição baseada em questões políticas, raciais ou religiosas. 
Durante o andamento, todos os acusados se encontravam em celas individuais com seus respectivos guardas. 
O tribunal contava com os juízes Henri Donnedieu de Vabre (França), general Iona Nikitchenko (URSS), Francis Biddle (EUA) e o inglês Sir Geoffrey Lawrence. Cada juiz possuía um suplente, além disso, a promotoria também era composta por quatro representantes, um de cada país. Não havia júri.
Centenas de testemunhas foram ouvidas e, milhares de documentos entre fotos, filmes e textos, foram examinados. O que dificultava, cada vez mais, a defesa dos réus. Boa parte dos acusados, assumiram os crimes, porém, alguns alegavam estar apenas seguindo ordens de autoridades superiores. 
No veredito final, aqueles que estavam envolvidos diretamente nos assassinatos, foram condenados à morte por enforcamento, entre eles, estava Hermann Goering, ministro da aeronáutica e sucessor de Adolf Hitler, que acabou cometendo suicídio antes de ser punido. Os outros criminosos, que também desempenhavam papéis importantes no Holocausto, foram condenados à prisão perpetua apenas três deles. Quatro receberam de dez a vintes anos de prisão e três foram absolvidos.
Conforme o site americano United States Holocaust Memorial Museum explica, a partir de todas essas barbáries, foi possível dar mais ênfase ao termo “Genocídio”, que só ficou conhecido a partir de 1944. Embora, o termo “Crimes contra a humanidade” tenha sido utilizado no julgamento em Nuremberg.
Foi o advogado polonês Raphael Lemkin, quem deu origem a palavra “genocídio” quando tentava encontrar uma expressão que descrevesse as políticas nazistas de assassinato, inclusive a destruição dos judeus. Logo, Lemkin[footnoteRef:2] (1944) definiu o genocídio como "um plano coordenado, com ações de vários tipos, que objetiva à destruição dos alicerces fundamentais da vida de grupos nacionais com o objetivo de aniquilá-los". E, por seu grande esforço, em 1951, as Nações Unidas aprovaram a Convenção para a Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio. A mesma, estabeleceu o ato como crime de caráter internacional, prontamente, as nações signatárias[footnoteRef:3] comprometeram-se a evitar e aplicar punições quando necessário. [2: USHMM - United States Holocaust Memorial Museum. O que é Genocídio? Disponível em: <https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007043>] [3: Que pode assinar um documento qualquer (um texto, uma carta, um manifesto etc.)] 
Conforme SAVAZZONI, Simone de Alcantara (2009) detalha, o art. 6º do Estatuto de Roma[footnoteRef:4] (1998), define o termo “genocídio” da seguinte maneira: [4: Tratado que estabeleceu a Corte Penal Internacional em 1998. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>] 
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “genocídio” qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticados com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, rácico ou religioso, enquanto tal: a) Homicídios de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vidas pensadas para provocar sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. 
Dessa forma, fica claro que o crime consiste na violência praticada contra membros de um grupo nacional, considerado, no direito penal, de forma dolosa.
Atualmente, o crime de genocídio, é uma das principais questões do direito internacional, afetando diretamente a vida humana, é considerado a maior violação aos Direitos Humanos.
No Brasil, a Lei nº 2.889 /56 [footnoteRef:5] define o crime de genocídio e o determina no Código Penal. Caso o mesmo seja considerado contra o Estado democrático, este será definido como “Crime Imprescritível”[footnoteRef:6], ou seja, abrangerá uma pena mais severa e restriçãode liberdade. [5: Lei nº 2.889 de 01 de Outubro de 1956. Define e pune o crime de genocídio. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm>] [6: Art. 5º, XLII e XLIV, CF/88. Disponível em: <http://www.perguntedireito.com.br/84/quais-sao-os-crimes-imprescritiveis>] 
O Estado também tem a opção de não julgar um crime de genocídio caso seja incapaz ou se não estiver disposto, logo, quem passa a atuar sobre o processo, são autoridades internacionais como o Tribunal Penal Internacional. A atuação da Corte, é complementar às jurisdições penais nacionais, como consta no art. 1º do Estatuto de Roma.
Outro fato importante que nos foi acrescentado após o julgamento em Nuremberg, foi a mudança do Positivismo para o Pós-positivismo. No Positivismo, entendia-se que, a lei deveria ser executada da maneira em que estava escrita, sem interpretações maiores. Ou seja, durante o julgamento, os acusados alegavam não estar cometendo crime algum, pois, na lei não estava determinado que seus atos, eram crimes. Já no Pós-positivismo, é considerado que se faça interpretações nas leis. 
Houve também a criação da ONU, uma organização focada na resolução de problemas internacionais, com o principal objetivo de promover a paz, igualdade socioeconômica e os Direito Humanos, onde, em 1948, criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O mesmo, explicita o direito universal de cada um, sem distinção de cor, raça, cultura, gênero e afins.
4 METODOLOGIA
Observando o objetivo de analisar o tão famoso Tribunal de Nuremberg, a presente pesquisa será do tipo exploratória. Bervian, Cervo e da Silva (2006, p. 64) recomendam esse tipo de pesquisa quando o problema estudado é pouco conhecido pelos pesquisadores. Neste artigo fez-se uso de pesquisa exploratória utilizando-se de livros e páginas virtuais, para descrever com maior profundidade o objeto de estudo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, teve o objetivo de analisar, compreender e apresentar um dos mais importantes julgamentos ocorridos na história. O Tribunal de Nuremberg que, representou um grande marco da justiça pois, fundamentou a criação do Tribunal Internacional de Justiça. 
A partir de pesquisas realizadas, obteve-se a conclusão dê que, foi apenas depois de muitas perdas e mortes, que houve a conscientização universal para que providencias fossem tomadas a respeito dos delitos decorrentes na época, com o intuito de responsabilizar os culpados e evitar que o mesmo continuasse acontecendo.
Além disso, o referido tribunal nos proporcionou, atualmente, órgãos que nos auxiliam e cobram por melhoras. Declarações que nos delimitam dignidade, respeito e direitos, independente de nossa religião ou cor. Leis que condizem condutas corretas e penalidades para quem não as cumpre. 
No entanto, mesmo depois de todo esse processo de guerras e julgamentos, ainda há países que não aderiram a essas leis e regulamentações, levando grupos à matança de milhares de pessoas em países como a Ruanda e muitos outros. O respeito pelo próximo, ainda está em falta na sociedade contemporânea, isso não é decorrente apenas pela religião do próximo, mas também por questões econômicas. Atributo que vem gerando muitos conflitos.
6 REFERENCIAS
BERVIAN, P.A.; CERVO, A.L.; SILVA, Roberto da. Metodologia Científica. Pearson Prentice Hall, 2006. 159 p. ed. 6.
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