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Aula 1 - Ordem dos processos nos tribunais - Renata Cortez

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Renata Cortez
Pós-Graduação "Advocacia Cível"
Ordem dos Processos nos Tribunais
Renata Cortez
Conteúdo Programático:
1- Teoria dos precedentes
2- Ordem dos processos no Tribunal
3 – IRDR
4 - IAC
5- Incidente de arguição de inconstitucionalidade
6- Conflito de competência
7- Homologação de decisão estrangeira e concessão do exequatur à carta rogatória
8 – Ação Rescisória
9 – Reclamação
Aula 1: 
Teoria dos Precedentes
- Teoria dos Precedentes
- Precedentes no CPC/2015
- Precedentes na jurisprudência dos Tribunais Superiores
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_ aula 1
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_ parte I
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PRECEDENTES: TEORIA GERAL
 Stare decisis e autorreferência;
 Respeito aos precedentes e necessidade de referir-se ao
que foi decidido anteriormente;
 Ratio decidendi:
 Fundamentos determinantes da decisão x tese jurídica;
Conceito de tese jurídica:
 Sofia Temer: o termo ‘tese’ deve compreender tanto os
fundamentos e argumentos sopesados como a própria
conclusão sobre a questão de direito (seja em relação a
sua interpretação, à sua constitucionalidade, à sua
incidência em relação à determinada categoria
fática)”.
 Segundo pensamos: o termo tese abrange tão somente
a solução dada pelo tribunal para a questão de direito
controvertida - é assim que o termo tem sido tratado
pelo STJ.
PRECEDENTES: TEORIA GERAL
 Obiter dictum ou obiter dicta (dito de passagem):
 Elemento não essencial, argumentos acessórios – não
têm força vinculante, no máximo persuasiva;
 Enunciado 318 do FPPC: Os fundamentos prescindíveis para o
alcance do resultado fixado no dispositivo da decisão (obter
dicta), ainda que nela presentes, não possuem efeito de
precedente vinculante.
 Distinguishing (distinção):
 Amplliative e restrictive distinguishing;
 Enunciado 306 do FPPC: O precedente vinculante não será
seguido quando o juiz ou tribunal distinguir o caso sob
julgamento, demonstrado, fundamentadamente, tratar-se de
situação particularizada por hipótese fática distinta, a impor
solução jurídica diversa.
PRECEDENTES: TEORIA GERAL
 Overruling (superação do precedente):
 Retira força vinculante do precedente; modificação do
precedente;
 Restrospective e prospective overruling.
 Enunciado 55 do FPPC. Pelos pressupostos do §3° do art. 927, a
modificação do precedente tem como regra a eficácia temporal
prospectiva. No entanto, pode haver modulação temporal, no
caso concreto.
 Definição dos precedentes com efeito vinculante;
PRECEDENTES NO CPC/2015
 Art. 926: Tribunais deverão uniformizar jurisprudência,
mantendo-a estável, íntegra e coerente – segurança
jurídica;
 Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-
se às circunstâncias fáticas dos precedentes que
motivaram sua criação;
 Enunciado 166 do FPPC: A aplicação dos enunciados das
súmulas deve ser realizada a partir dos precedentes que
se formaram e dos que os aplicaram posteriormente.
PRECEDENTES NO CPC/2015
 Art. 927: Os juízes e tribunais deverão obedecer:
 decisões do STF em controle concentrado e súmula
vinculante;
 acórdãos em IAC ou IRDR e em julgamento de recursos
repetitivos;
 súmulas do STF e STJ;
 orientação do plenário ou do órgão especial aos quais
estiverem vinculados.
 Enunciado 169 do FPPC: Os órgãos do Poder Judiciário
devem obrigatoriamente seguir os seus próprios
precedentes.
PRECEDENTES NO CPC/2015
 Descumprimento:
 Cabimento de recursos, com possibilidade de decisão monocrática
do relator para negar ou dar provimento;
 Cabimento de reclamação (parte ou MP):
 garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em
controle concentrado de constitucionalidade e enunciado de súmula
vinculante;
Garantir a observância de acórdão proferido em IRDR ou em IAC;
 garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em
julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, desde
que esgotadas as instâncias ordinárias.
 Compreendem a aplicação indevida da tese jurídica e sua não
aplicação aos casos que a ela correspondam;
 necessidade, portanto, de identificação da situação fática e dos
fundamentos determinantes ;
 transcendência dos motivos determinantes?)
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_ aula 1
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_ parte II
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PRECEDENTES NO CPC/2015
 Enunciado 168 do FPPC: Os fundamentos determinantes do julgamento de
ação de controle concentrado de constitucionalidade realizado pelo STF
caracterizam a ratio decidendi do precedente e possuem efeito
vinculante para todos os órgãos jurisdicionais.
 Transcendência dos motivos determinantes no STJ para além da
questão decidida?
 O CPC/2015 estabelece em seu art. 926 que é dever dos tribunais uniformizar
a sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. A integridade
e coerência da jurisprudência exigem que os efeitos vinculante e persuasivo
dos fundamentos determinantes (arts. 489, §1º, V; 927, §1º; 979, §2º; 1.038, §3º)
sejam empregados para além dos processos que enfrentam a mesma
questão, abarcando também processos que enfrentam questões outras,
mas onde os mesmos fundamentos determinantes possam ser aplicados.
Tal o caso destes autos. (REsp 1441457/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/03/2017, DJe 22/03/2017);
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 EREsp 1109579/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/10/2021, DJe 04/11/2021
 A questão jurídica centra-se, unicamente, na possibilidade de
protesto de CDAs antes da vigência da Lei 12.767/2012, partindo-
se, pois de uma mesma base empírico-fática ambas as decisões.
 Para a decisão recorrida, apenas após a vigência da Lei
12.767/2012, que incluiu o parágrafo único ao art. 1º da Lei
9.492/1997, é que tal forma de cobrança extrajudicial das CDAs
se tornou possível ao Poder Público, sendo que, em nome da
segurança jurídica, autorizar-se o protesto antes de tal vigência
contrariaria o entendimento até então consolidado da
jurisprudência deste E. STJ.
 Por seu turno, a decisão divergente proclama, textualmente, que
ali se está a superar a jurisprudência até então vigente nesta
Corte da Cidadania, ao entender-se autorizado o protesto de
CDAs no regime da Lei 9.492/1997, ou, sob outra forma, antes
mesmo da vigência da Lei 12.767/2012.
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 EREsp 1109579/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/10/2021, DJe 04/11/2021
 Em sede de acórdão submetido ao regime dos recursos
repetitivos (REsp 1686659/SP), a Primeira Seção/STJ pacificou
entendimento no sentido de que a Fazenda Pública possui
interesse e pode efetivar o protesto da CDA, documento de
dívida, na forma do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997,
com a redação dada pela Lei n. 12.767/2012.
 Registro que, no caso, o protesto da CDA ocorreu antes da
vigência da Lei 12.767/2012 (como bem observado no acórdão
embargado), razão pela qual não se aplica a tese jurídica acima
mencionada.
 Não obstante, em reiterados julgados, a Segunda Turma/STJ tem
entendido pela legalidade do protesto da CDA desde a entrada
em vigor da Lei 9.494/1997, o que veio a ser reforçado após a
modificação promovida pela Lei 12.767/2012.
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 EREsp 1109579/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/10/2021, DJe 04/11/2021
 Essa linha de entendimento coaduna-se com os fundamentos
adotados pelo Ministro Relator do acórdão submetido ao regime
dos recursos repetitivos (REsp 1.686.659/SP).
 Considerando a necessidade de uniformização da jurisprudência
deste Tribunal e de mantê-la estável, íntegra e coerente —
conforme determina o art. 926 do CPC/2015 —, impõe-se a
reforma do acórdão embargado, a fim de que seja restabelecido
o acórdão proferido pelo Tribunal de segundo grau (inclusive no
que se refere aos ônus sucumbenciais), reconhecendo-se a
legitimidade do protesto da Certidão deDívida Ativa.
 Diante do exposto, dou provimento aos embargos de
divergência, nos termos da fundamentação.
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 Embora os embargos de divergência não constem
expressamente do rol do art. 927 do CPC/2015, é inequívoco
que a uniformização de tese jurídica controvertida no âmbito
da Corte Superior, além de atender as premissas estabelecidas
no art. 926 do CPC/2015, forma precedente obrigatório.
 (AgInt nos EREsp 1761937/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 19/10/2021, DJe
22/10/2021)
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 Nos autos dos ERESP 1.269.726/MG, foi afirmado que, nas
causas em que se pretende a concessão de benefício de
caráter previdenciário, inexistindo negativa expressa e formal
da Administração, não há falar em prescrição do fundo de
direito, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/1932, porquanto
a obrigação é de trato sucessivo. Situação diversa ocorre
quando houver o indeferimento do pedido administrativo de
pensão por morte, pois, em tais situações, o interessado deve
submeter ao Judiciário, no prazo de 5 (cinco) anos, contados
do indeferimento, a pretensão referente ao próprio direito
postulado, sob pena de fulminar o lustro prescricional.
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 A ratio decidendi - tese jurídica - com relação ao termo inicial
da prescrição para revisão da cota-parte de benefício
previdenciário anteriormente instituído, contados a partir do
óbito do cotista da pensão, não mais prevalece. Cuida-se, no
caso, de overruling, ou seja, superação de precedente, diante
do julgamento do EREsp 1.269.726/MG. Mesmo não sendo
julgado sob o rito dos recursos especiais repetitivos, de força
vinculante, trata-se de precedente persuasivo.
 Cabe ao Superior Tribunal de Justiça, em razão da sua função
constitucional, nos termos do art. 926 do CPC/2015, uniformizar
sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente, a fim
de resguardar os princípios da segurança jurídica, da proteção
da confiança e da isonomia.
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 Na hipótese presente, a Corte estadual asseverou ser
incontroverso que a esposa do ora recorrente faleceu em
7/5/2005 e o ora recorrente propôs ação em 25/3/2011 (fls. 91).
Todavia, não há notícia nos autos de que houve indeferimento
do pedido de revisão administrativamente. Logo, inexistindo
negativa expressa e formal da Administração, não há falar em
prescrição do fundo de direito.
 (REsp 1767010/SP, Rel. MIN. MANOEL ERHARDT
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF-5ª REGIÃO), PRIMEIRA
TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe 30/06/2021)
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 A Corte Especial, no julgamento do CC 155.466/DF, concluiu
pela competência das Turmas de Direito Público para
processar e julgar demanda em que se discutia o "cabimento
do pedido de indenização formulado pelo Particular contra a
Junta Comercial (Autarquia Estadual)". Assim, ressalvado o
entendimento pessoal do relator, em homenagem ao comando
do art. 926 do CPC de 2015, o qual impõe aos tribunais
uniformizar a jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
coerente, deve ser aplicado o mesmo entendimento à hipótese
em apreço.
 (CC 168.767/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 16/06/2021, DJe 05/08/2021)
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 Nesse contexto, considerando que a própria Corte
Constitucional reputa infraconstitucional a questão relativa ao
aproveitamento de crédito de ICMS na aquisição de sacolas
plásticas por supermercados, não se afigura razoável que esta
Corte exija, para conhecimento do Recurso Especial, a
interposição do Extraordinário, entendimento este que apenas
atentaria contra o dever de manutenção da integridade e da
coerência da jurisprudência (art. 926, caput, do CPC/2015). A
referência, feita no acórdão recorrido, ao princípio da não
cumulatividade, deve ser tomada como reforço argumentativo,
a título de obiter dictum, e não como fundamento
constitucional autônomo. Não incide, pois, o óbice da Súmula
126/STJ.
 (AgInt no AgInt no AREsp 1094199/RS, Rel. Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/03/2021, DJe
15/03/2021)
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, quando do
julgamento do REsp nº 1.813.684/SP e da Questão de Ordem
que lhe seguiu, reafirmou o entendimento de que o feriado
local deve ser comprovado no ato da interposição do recurso
correspondente , devendo ser observada, exclusivamente
acerca do feriado da segunda-feira de Carnaval, a
modulação dos efeitos dessa decisão, nos termos do art. 927, §
3º, do CPC/2015, a fim de que a interpretação consolidada
acerca do tema seja aplicada somente após a publicação do
acórdão respectivo, ocorrida, na hipótese vertente, em
18/11/2019. Precedente.
 (AgInt no AREsp 1864247/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 29/11/2021, DJe
06/12/2021)
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 Nesse contexto, em que a CORTE ESPECIAL - órgão jurisdicional
de cúpula deste Superior Tribunal de Justiça - estabeleceu a
interpretação que se deve dar aos dispositivos legais em tela,
esta deve ser obrigatoriamente observada pelos demais órgãos
fracionários desta Corte Superior, em consonância com o
comando dos arts. 926 e 927 do Código de Processo Civil,
aplicáveis em caráter subsidiário, conforme disposto no art. 3.º
do Código de Processo Penal, com vistas a manter
uniformidade, estabilidade, integridade e coerência da
jurisprudência.
 (EAREsp 857.010/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 24/11/2021, DJe 30/11/2021)
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 Não é suficiente para o conhecimento do agravo em recurso
especial a argumentação da parte agravante de que deveria
ocorrer a superação da orientação jurisprudencial desta Corte
Superior, por meio da técnica do overruling. Do contrário, bastaria
a indicação genérica de discordância da parte recorrente com o
entendimento do STJ para que houvesse a modificação da
decisão que inadmitiu o apelo na origem.
 Faz-se necessário que a parte agravante demonstre que estão
presentes o requisitos para a aplicação do overruling, seja em
virtude da manifesta incompatibilidade entre a jurisprudência do
STJ e o quadro normativo que disciplina a matéria, seja por meio
da demonstração de que a tese jurídica contemplada nos
precedentes mostra-se superada pelo atual contexto social. É
imprescindível, em todo caso, que haja a impugnação específica
dos elementos que resultaram na ratio decidendi contida nos
julgados da Corte, com a indicação de fundamentos relevantes
para justificar a excepcional modificação ou revogação do atual
entendimento jurisprudencial.
PRECEDENTES NA JURISPRUDÊNCIA 
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
 O pedido de realização do overruling, desse modo, não dispensa
a parte requerente de trazer considerações suficientes para que o
magistrado avalie se o precedente apresenta consistência
sistêmica e congruência social devendo permanecer aplicável
ou se, do contrário, deverá ser superado. Esse ônus argumentativo
é corolário do princípio da dialeticidade, estando em
consonância com o disposto no art. 927, § 4º, do CPC.
 No caso, a parte agravante não se desincumbiu de realizar tal
argumentação, motivo pelo qual deve ser mantida a decisão
que não conheceu do agravo em recurso especial.
 (AgInt no AREsp 1486383/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 25/05/2021, DJe 14/06/2021)

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