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Impunidade e Denegação de Justiça

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Impunidade e Denegação de Justiça – CIDH
A CIDH [footnoteRef:1]tem como tema do capítulo 5 – Impunidade, fala também de Segurança Cidadã, onde é apresentado a preocupação da piora dos indicadores de segurança e aos dados sobre a violência, também sobre a falta de transparência, a extrema violência praticada por agentes estatais, o grave racismo institucional, militarização da segurança pública e privatização, o que afeta diretamente os direitos humanos da população. [1: Comissão Interamericana de Direitos Humanos] 
Os grupos são (principalmente) de jovens negros/pretos/pardos, indígenas, mulheres, pessoas transgêneras, militantes de direitos humanos e jornalistas. A CIDH também aponta para o perigo da criminalização dos movimentos sociais devido à aprovação da Lei Antiterrorismo[footnoteRef:2], na qual, coloca em risco a democracia, até porque em 2018, o Brasil ficou em 5º lugar como o país com maior número de homicídios de defensores(as) de direitos humanos no mundo. [2: A Lei Antiterrorismo é a denominação dada à lei nacional brasileira nº 13.260/2016. Uma lei ordinária de autoria do poder executivo que trata da tipificação, julgamento e punição para crimes de natureza terrorista no território nacional do Brasil, SOUZA (2020).] 
Na época, partidos políticos entraram com Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 797 e ADPF 816), exigindo que o STF defendesse a incompatibilidade da normativa com a Constituição, mesmo com o teor com resquícios ditatoriais e arbitrários. Ademais, observa-se com preocupação a corrupção das bases de governança de segurança após feita a aprovação da Lei nº 13.675/2018, reforçando que o Estado deve respeitar as obrigações internacionais. 
Quanto à violência praticada por agentes do estado e o racismo institucional, a CIDH pontua o significativo avanço da violência letal por agentes estatais, que de acordo com os dados indica que o número de crianças mortas em decorrência de ação policial supera o número de mortos sob outras circunstâncias, enfatiza, também, que a maioria das mortes é de jovens, negros e pobres. Assim, a CIDH chama atenção para o caso Favela Nova Brasília[footnoteRef:3], em que padrões estruturais e o uso excessivo da força foram identificados, recordando que o Estado tem a obrigação de cumprir com as medidas recomendadas, quais sejam: o dever de respeitar e garantir o direito à vida e integridade de todos, assim como o dever de investigar, processar, sancionar e reparar as vítimas e seus familiares. O STF[footnoteRef:4], por meio da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental [footnoteRef:5](ADPF) 635, discute sobre a letalidade policial, em especial no Estado do Rio de Janeiro e que terá repercussão em todo país. [3: “O caso se refere às falhas e à demora na investigação e punição dos responsáveis pelas supostas “execuções extrajudiciais de 26 pessoas […] no âmbito das incursões policiais feitas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 18 de outubro de 1994 e em 8 de maio de 1995 na Favela Nova Brasília. Alega-se que essas mortes foram justificadas pelas autoridades policiais mediante o levantamento de “atas de resistência à prisão”. Alega-se também que, na incursão de 18 de outubro de 1994, três mulheres, duas delas menores, teriam sido vítimas de tortura e atos de violência sexual por parte de agentes policiais. Finalmente, alega-se que a investigação dos fatos mencionados teria sido realizada supostamente com o objetivo de estigmatizar e revitimizar as pessoas falecidas, pois o foco teria sido dirigido à sua culpabilidade e não à verificação da legitimidade do uso da força.”] [4: Supremo Tribunal Federal] [5: Ação proposta ao Supremo Tribunal Federal com o objetivo de evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do poder público.] 
Tal capítulo fala principalmente sobre a Impunidade e Denegação de Justiça, comprovando que mesmo o Brasil ocupe o terceiro lugar como a maior população carcerária do mundo, tenha alta presença na taxa de anistia, das pessoas responsáveis pelas violações de direitos humanos, acima de tudo, no que se tratando de mortes causadas por feitos de agentes estatais. Esta impunidade se mantém por razão de práticas e bases institucionais corrompidas que retém a efetivação de justiça nestes casos e enfraquecem o Estado de direito e a Democracia, por consequência de um legado autoritário. 
A CIDH expõe sua angústia com a falta do fornecimento dos dados e informações sobre as relações de homicídios reportados e taxas de relatórios de crimes sistematizados para consulta pública. Nisso, a CIDH aponta a necessidade de o Brasil estudar de ofício, de forma exaustiva, sendo séria e completamente imparcial sobre violações de direitos humanos. Além de ser recomendado o melhoramento das Defensorias Públicas do país, afim de aperfeiçoar a envolvimento dos familiares e vítimas na investigação e a obrigação à uma reparação financeira.
No que se trata às graves violações de Direitos Humanos[footnoteRef:6] cometidas no auge da ditadura Cívico-Militar, o relatório determina que naquela época perpetuou-se uma política de forte repressão, na qual gerou graves infrações aos direitos humanos. Não suficiente, se passando trinta anos desde a restauração da democracia e do estado de direito, ainda assim não foi garantido o direito de acesso à justiça às vítimas e seus familiares, uma vez que estas enfrentam desafios para se ter uma reparação de forma integral, assim como existe a dificuldade na identificação, no reconhecimento e na reparação aos danos morais e materiais se tratando de vítimas camponesas e indígenas. [6: Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente da sua raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, liberdade de opinião e expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre outros.] 
Além de que, o Estado brasileiro vem aderindo medidas que resultam no desarranjo das políticas focadas na reparação, das quais, vem sendo promovidas nas últimas décadas. Devido a isso, a CIDH expõe a que é necessário a disponibilização de mecanismos judiciais e administrativos objetivos, suficientemente efetivos e que proporcionem que as vítimas venham a ser reparadas através de procedimentos de ofício que sejam rápidas, justos, desburocratizada e acessíveis. 
Nesse sentido, a CIDH ressalta que são intoleráveis os ordenamentos de anistia, de prescrição e o estabelecimento supressor de responsabilidade, cujo objetivo é impedir a investigação e a condenação dos responsáveis por extremas violações dos direitos humanos, como como a tortura, execuções arbitrárias, extrajudiciais ou sumárias e desaparecimentos forçados. Assim como reforça a que é necessário da atuação do cumprimento das decisões internacionais direcionadas ao Brasil e do controle de convencionalidade por parte das autoridades jurisdicionais e das demais autoridades públicas. 
Assim como entende como indispensável que o Estado brasileiro valide a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes Contra a Humanidade [footnoteRef:7]e acate com seu dever de penalize os responsáveis por crimes contra a humanidade. Ademais, que o Estado deve manter pleno apoio institucional aos mecanismos de reparação histórica pertencente aos períodos da ditadura cívico-militar afim de garantir o direito à memória e verdade das vítimas de violações e seus familiares. [7: A Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade foi adotada pela Resolução n. 2.391 da Assembleia Geral da ONU, em 26/11/1968, e entrou em vigor em 11/11/1970. Contudo, mencionada Convenção não foi ratificada pelo Brasil, TALON (2019).] 
REFERÊNCIAS
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) — Manual de Comunicação. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/guia-juridico/arguicao-de-descumprimento-de-preceito-fundamental-adpf>. Acesso em: 11 jun. 2022.CIDED HUMANOS, 2021 – Situação de Direitos Humanos no Brasil- Disponível em: <http://www.oas.org/pt/cidh/relatorios/pdfs/Brasil2021-pt.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2022.
COSMOPOLITA. O relatório da Comissão IDH para o Brasil e o deplorável desmonte das políticas de direitos humanos. Disponível em: <https://www.cosmopolita.org/post/o-relat%C3%B3rio-da-comiss%C3%A3o-idh-para-o-brasil-e-o-deplor%C3%A1vel-desmonte-das-pol%C3%ADticas-de-direitos-humanos>. Acesso em: 11 jun. 2022.
JULHO. Direitos Humanos. Disponível em: <https://unric.org/pt/o-que-sao-os-direitos-humanos/>. Acesso em: 11 jun. 2022.
O que foi o Caso Favela Nova Brasília? Disponível em: <https://projetoquestoescritaseorais.com/direitos-humanos/o-que-foi-o-caso-favela-nova-brasilia/>. Acesso em: 11 jun. 2022.
SOUZA, Michael. 2020 - A Lei Antiterrorismo: a luta contra o terrorismo e a restrição de direitos fundamentais. Disponível em: <https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/443/1/Michael%20Douglas%20Santos%20de%20Sousa_0003667.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2022.
TALON, E. STJ: o disposto na Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade não torna inaplicável o art. 107, inciso IV, do CP (informativo 659 do STJ). Disponível em: <https://evinistalon.com/stj-o-disposto-na-convencao-sobre-a-imprescritibilidade-dos-crimes-de-guerra-e-dos-crimes-contra-a-humanidade-nao-torna-inaplicavel-o-art-107-inciso-iv-do-cp-informativo-659-do-stj/>. Acesso em: 11 jun. 2022.

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