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2 Web de Movimentos Sociais

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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB)
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE)
CAMPUS PETROLINA (POLO CARPINA)
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
Cronologia histórica dos Movimentos Estudantis no Brasil. 
Cristiane Cavalcante Fidelis Gouveia [footnoteRef:1] [1: Estudantes do terceiro período do curso de Pedagogia, Campus Petrolina, Polo Carpina.
] 
 Edineide Souza Sá Leitão
 Erika Catharina Cruz Gonçalves
Atividade acadêmica solicitada para a disciplina de Educação e Movimentos Sociais, ministrada pela professora Virgínia Pereira da Silva de Ávila, como parte do processo de avaliação continuada do componente curricular. 
CARPINA/2020
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................. 03
Federação dos Estudantes ...................................................................................... 04 
União Nacional dos Estudantes ............................................................................ 04
Foto 01 (Registrada no primeiro encontro após a formação da UNE .................... 04
Foto 02 (Manifestação dos estudantes na 2º Guerra Mundial ............................... 04
O Petróleo é Nosso ................................................................................................ 05
Foto 03 ( Nota do jornal Lanterna – publicado MABE) ....................................... 06
Campanha da Legalidade ....................................................................................... 06
Ditadura Militar ..................................................................................................... 06
Foto 04 (Sede da UNE sendo destruída após decretada a ilegalidade).................. 07
Diretas Já (1984)....................................................................................................08
Fotos 05 (Movimento popular a favor das Diretas Já em São Paulo)....................08
Caras Pintadas .......................................................................................................08
Foto 05 (Caras Pintadas no Palácio do Planalto) ...................................................09
Conquistas do Movimento Estudantil ................................................................... 09
Conclusão ...............................................................................................................10
Referências Bibliográficas .......................................................................................11
1. Introdução
Os Movimentos Estudantis existem como manifestos desde a época do Brasil Colônia, onde o corpo discente lutava contra os impostos cobrados pela Coroa Portuguesa. No entanto, a eclosão dessa classe foi no início do século XX com a formação da União Nacional dos Estudantes, que tinha como propósito uma alteração na estruturação das universidades para haver um aumento no número de vagas e a permanência do acadêmico nas instituições. 
A partir desse marco inicial houve outras manifestações sociais da classe estudantil por escolas gratuitas, obrigatórias, laicas, com gestão democrática e com uma boa qualidade de ensino e que também atendesse a população de forma antiautoritária. Mesmo sendo uma classe de natureza efêmera, a sua atuação foi de bastante relevância para as transformações no contexto histórico estudantil, pois só assim os estudantes conseguiram expressar as suas reivindicações. 
2. Federação dos Estudantes Brasileiros
A Federação dos Estudantes Brasileiros foi um órgão formado no ano de 1901 para que os estudantes pudessem expor as suas demandas ao governo, porém além de não ter tido uma longa duração, alguns autores não consideram como um movimento estudantil. Mas mesmo assim, já se revelava uma necessidade de uma organização que lutasse pela classe estudantil. 
3. União Nacional dos Estudantes (UNE)
A União Nacional dos Estudantes (UNE) foi uma entidade de caráter nacional formado no ano de 1937, por meio de uma reunião na Casa do Estudante do Brasil, no estado do Rio de Janeiro. No entanto, a idealização já existia na teoria desde a Revolução de 1930, mas até então não havia nenhum órgão que pleiteasse juntamente aos alunos por uma educação de qualidade. Essa organização fortaleceu o movimento e expandiu significativamente pelo território nacional.
No II Congresso Nacional dos Estudantes Waldyr Borges foi nomeado como primeiro presidente da UNE, e ele contribuiu de forma expressiva para a construção de casas dos estudantes em algumas capitais do Brasil e também pelo reconhecimento da UNE como órgão de representação máxima dos estudantes universitários. No contexto histórico nacional, estávamos vivendo a última fase da Era Vargas, considerado Estado Novo, onde o tipo de regime era ditatorial com ideologias nazifascistas europeias. 
 
 (Foto 1 - Registrada no primeiro encontro após a formação da UNE)
	Na óptica de Araújo (2007) a definição da UNE: 
A UNE foi uma entidade de caráter social e político que reunia um grande número de estudantes, pertencentes a diferentes grupos com diversas tendências políticas e ideológicas. E cada um desses grupos possui uma versão ímpar da trajetória da entidade (ARAUJO, 2007, p. 21).
	Os estudantes brasileiros participaram ativamente no período da Segunda Guerra Mundial pressionando o presidente Getúlio Vargas a se opor as ideias nazifascistas de Adolf Hitler e ao regime ditatorial. Durante esse confronto de luta contra o governo, os estudantes chegaram a ocupar a sede do Clube Germânia, no Rio de Janeiro, onde se tornou mais tarde a sede oficial da UNE, através do decreto-lei n° 4.080. 
 
(Foto 2 – Manifestação dos Estudantes na 2º Guerra Mundial)
4 . O Petróleo é nosso
Após a Segunda Guerra Mundial, os estudantes lideraram uma campanha chamada “O Petróleo é Nosso”, e tinha como finalidade dá oportunidade de trabalho ao recém-formado e não permitir que empresas internacionais se beneficiassem dos recursos naturais brasileiros através da exploração. Nessa luta os estudantes participavam de forma preponderante e o resultado desse conflito foi a criação de uma empresa brasileira nomeada de Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), no ano de 1953. 
A lei de nº 2.004/53 foi sancionada pelo presidente Getúlio Vargas e dispõe sobre o estabelecimento do monopólio estatal do petróleo, assim como a sua política nacional. No entanto, essa lei foi revogada mais tarde no mandato de Fernando Henrique Cardoso, onde sancionou a lei de nº 9.478/97, onde trouxe algumas mudanças, tais como: a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), e sobre a sua regularização e fiscalização, porém, manteve o domínio estatal. 
Entretanto, podemos observar que a participação do movimento estudantil é importante para o contexto histórico do Brasil, para a inserção do aluno na política e para o exercício da cidadania. Dessa forma, possibilita o jovem a fazer uma análise reflexiva dos seus conceitos e um desenvolvimento de uma consciência política. Diante dessa perspectiva Foracchi (1972) menciona a sua ideia da seguinte forma:
Abrem-se horizontes de participação que são os novos pelas oportunidades que o jovem encontra de conviver com outros que compartilham dos seus problemas, envolvendo-se, na busca comum das alternativas desejadas, criando compromissos semelhantes com a condição que, no momento, define as suas vidas e que é a condição de jovem. (FORACCHI, 1972, p.74)
	O movimento estudantil sempre tem uma perspectiva de alcançar a política nacional de forma que traga benefícios aos estudantes e as estruturas das instituições. Mesmo sendo um grupo de diversas partes do país, diferentes grupos étnicos e camadas sociais, ainda sim conseguem impactar a gestão política. 
	
(Foto 3 – Nota do jornal Lanterna – publicado Moderna Associação Brasileiro de Ensino MABE)
5. Campanha da legalidade
Esse movimento foi liderado por Leonel Brizola que na época era governador do Rio Grande do Sul, e tinha como finalidade fazer protestos e reivindicações para João Goulart assumir a presidência nacional do Brasil, por isso que essasmanifestações ficaram conhecidas como a “Campanha da Legalidade”. Durante esse período de protestos quem assumia a chefia do poder executivo era o Jânio Quadros, porém, renunciou em 1961 por não suportar a pressão das Forças Armadas, assim como de outros movimentos sociais que existiam nessa época. 
Após a sua renúncia, João Goulart assume a presidência e entra para história porque visitou pela primeira vez a sede da UNE, no Rio de Janeiro. Isso trouxe esperança aos estudantes, pois viram uma oportunidade de organizar as suas demandas contando com o apoio da classe política. 
6. Ditadura Militar (1964 – 1985)
Após um período de legalidade dos movimentos estudantis, os militares juntamente com os civis derrubaram João Goulart da presidência e deu-se início ao regime autoritário, tornando ilegais as atividades sociais que se opusesse ao governo. Por isso, a primeira determinação contra a UNE foi a destruição de sua sede para encerrar com as reuniões.
(Foto 4 – Sede da UNE sendo destruída após decretada a ilegalidade)
A participação dos jovens no período ditatorial foi bastante expressiva, eles iam às ruas, entregavam literaturas e combatiam contra a repressão dos militares, mas esse tipo de atitude custou as suas próprias vidas. Pois, foi uma era onde várias pessoas foram torturadas e desaparecidas, simplesmente porque os militares achavam que eram rebeldes e revolucionários por terem ideias discordantes dos seus líderes. 
No ano de 1964, o Congresso Nacional recebe recomendações do Ministro da Educação para a extinção da UNE, assim como de outras instituições de natureza estudantil, tais como: a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), o Diretório Estadual de Estudantes (DEE), os Diretórios Acadêmicos (DA) de cada universidades e a União Metropolitana de Estudantes (UME). A reação dos estudantes quando receberam essa notícia era de lutar e buscar um acordo com os líderes, mas após a votação realizada no Congresso os estudantes perderam e as reuniões passaram-se a ser consideradas clandestinas, pois a lei a considerou como uma ato ilegal. 
Diante de todo esse cenário brasileiro, os recursos financeiros destinados ao Ministério da Educação foram reduzidos e impactou na quantidade de vagas oferecidas por meio de vestibulares. Pois, as universidades não tinham como suprir as despesas geradas pelos acadêmicos, ocasionando assim uma redução dos discentes formados, todavia um acréscimo na quantidade de vestibulandos aprovados que não puderam ocupar as vagas.
Marcelo Ridenti (2010) nos mostra nitidamente no texto abaixo como foi esse decréscimo no orçamento educacional: 
(...) depois de 1964, foram diminuindo os recursos governamentais para o ensino superior, as verbas do Ministério da Educação ‘caíram de 11% para 7,7% de 1965 a 1968, no total do orçamento da União, e as verbas do MEC repassadas para as universidades também caíram proporcionalmente, de modo que as federais tiveram seu orçamento diminuído em mais de 30% (Martins Filho, 1987, p. 123). A falta de verbas para a educação e a contenção de investimentos governamentais no ensino superior (que na sua maior parte era público, na época, sendo que mesmo as faculdades privadas eram, em geral, ligadas a entidades religiosas que não visavam lucro, caso das universidades católicas), implicava um congelamento na oferta de vagas nas faculdades, enquanto a procura aumentava drasticamente. Naqueles anos, um problema que mobilizava os estudantes e suas famílias era o dos chamados excedentes, aprovados nos vestibulares com média superior a cinco (em dez possíveis), mas que não podiam freqüentar as escolas superiores, pois as poucas vagas disponíveis eram ocupadas pelos alunos com as melhores notas nos exames. Para se ter uma ideia, o número de vagas disponíveis no ensino superior brasileiro em 1964 era de 57.342, tendo passado apenas a 58.752 em 1966, período em que o número de excedentes crescera de 40.139 para 64.627. ‘Quando, em 1967, procurou-se compensar esta tendência, com um aumento de vagas da ordem de 35%, a grave crise dos excedentes já não pôde ser contornada’. Em 1968, havia 89.582 vagas e 125.414 excedentes! 
	A fase da ditadura houve uma intensa manifestação dos estudantes para que tivesse uma política com gestão democrática e investimentos nas universidades, mas infelizmente essa luta trouxe perdas irreparáveis. 
7. Diretas Já (1984)
As Diretas Já foi um movimento social de caráter popular e teve como finalidade a luta pelo retorno das eleições diretas. Participaram desse ato pessoas do segmento artístico, intelectual e a representação dos estudantes (UNE), contudo a eleição só ocorreu no final da década de 80.
(Foto 5 – Movimento popular a favor das Diretas Já em São Paulo)
Após a conquista de uma política democrática, o presidente José Sarney declara legalidade nas atividades da UNE através da lei de n° 7.395/1985 e dispõe sobre a representatividade dos estudantes de nível superior. 
8. Caras Pintadas (1992)
Foi um movimento estudantil que ocorreu no ano de 1992, com a finalidade de combater o esquema corrupção presente no governo de Fernando Collor de Melo. Os estudantes saíram às ruas com as caras pintadas com as cores da bandeira reivindicando o Impeachment do presidente. Esses jovens lideraram as mobilizações em todo território nacional.
(Foto 6 – Caras Pintadas no Palácio do Planalto)
9. Conquistas do Movimento Estudantil
	De acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) as conquistas obtidas através desse movimento foram:
· 10% do PIB destinado à educação;
· Um Plano Nacional de Educação;
· Porcentagem do pré-sal para a educação;
· Passe livre;
· Revogação do aumento das passagens de ônibus;
· Introdução das disciplinas de sociologia e filosofia;
· Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB);
· Conselho Nacional de Juventude;
· Voto aos 16 anos;
· Lei do Grêmio livre.
10. Conclusão
O movimento estudantil teve grande relevância no combate ao regime militar, pois os alunos foram expostos à torturas, represálias e até mesmo a mortes quando se posicionavam em oposição ao governo, e que por sua vez, não respeitavam posições contrárias as suas ideologias. Mas mesmo assim, participaram de forma resistente aos grupos armados, pois tinham como objetivo as reformas tanto estruturais das instituições, quanto na qualidade do ensino. 
Contudo, eles deixaram o seu legado no sistema educacional e podemos desfrutar dos benefícios tanto na estrutura do currículo escolar, como a inclusão de disciplinas que haviam sido extintas, como vantagens que os acadêmicos possuem atualmente. 
11. Referências Bibliográficas
A UNE em defesa da democracia. Disponível em https://www.une.org.br/noticias/a-une-em-defesa-da-democracia/ Acesso em 01 de jun de 2021.
ARAUJO. Maria Paula Nascimento. Memórias estudantis da fundação da UNE aos nossos dias. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. Perseguição ao movimento estudantil paulista. Disponível em http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/relatorio/tomo-i/downloads/I_Tomo_Parte_2_Perseguicao-ao-Movimento-Estudantil-Paulista.pdf Acesso em 01 de jun de 2021.
FORACCHI, M. M. A juventude na sociedade moderna. São Paulo: Pioneira (Ed. da Universidade de São Paulo),1972.
Lei nº 2.004, de 03 de outubro de 1953. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l2004.htm Acesso em 31 de maio de 2021.
Movimentos Estudantis no Brasil: por que e onde surgiram? Disponível em http://blogunigranead.com/graduacao/historia/movimentos-estudantis-no-brasil/ Acesso em 30 de maio de 2021.
O Petróleo é Nosso. Disponível em https://www.infoescola.com/historia/o-petroleo-e-nosso/ Acesso em 31 de maio de 2021.
Os Movimentos Estudantis na História da Educação e a luta pela democratização da universidade brasileira. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/715/71532890009.pdf Acesso em 30 de maio de 2021.
União Nacional dos Estudantes. Disponível em https://www.une.org.br/memoria/historia/ Acesso em 30de maio de 2021.
9 momentos em que os estudantes fizeram história no Brasil. Disponível em https://exame.com/brasil/9-momentos-em-que-os-estudantes-fizeram-historia-no-brasil/ Acesso em 01 de jun de 2021.
RIDENTI, Marcelo. O Fantasma da Revolução Brasileira. 2ª edição revista e ampliada. São Paulo: Editora UNESP, 2010, p. 124 e 125.
Simplificou ainda mais. Há 80 anos, União Nacional dos Estudantes faz história no país. Disponível em https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/ha-80-anos-uniao-nacional-dos-estudantes Acesso em 01 de jun de 2021.

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