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Faculdade campos elíseos 
especialização em HISTÓRIA
Brasil de 1968: As mobilizações dos estudantes
São Paulo
2019
Faculdade campos elíseos 
CRISTIANE 
Brasil de 1968: As mobilizações dos estudantes
Monografia apresentada á Faculdade Campos Elíseos, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em história, sob supervisão da orientadora: Prof. Cesar Augusto Bana.
São Paulo
2019
Faculdade campos elíseos 
CRISTIANE 
Brasil de 1968: As mobilizações dos estudantes
 Monografia apresentada á Faculdade Campos Elíseos, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em História, sob supervisão da orientadora: Profa. Dra. Lúcia Soares da Silva 
Aprovado pelos membros da banca examinadora em 
___/___/___.com menção ____ (________________).
Banca Examinadora
_________________________________
_________________________________ 
São Paulo
 2019
resumo
As mobilizações dos estudantes no Brasil de 1968 foram muito importantes na luta contra a ditadura militar, no entanto, percebemos que o mesmo não é tão focado em sala de aula. No primeiro contato com as obras sobre 1968 constatamos que é dada maior ênfase para os movimentos das guerrilhas do que aos movimentos dos estudantes. Os estudantes tiveram um papel decisivo nas movimentações ao tentar acabar com a Ditadura Militar. 
Depois de uma pesquisa informal realizada em campos da unidade escolar percebemos essa falta de conteúdo que é deixada de lado e, por esse motivo, escolhemos esse tema com o intuito de elaborar uma proposta de ensino para auxiliar os professores do ensino de história a discutir esses movimentos que iam contra a ditadura militar com seus alunos. 
Palavras-chave: Mobilizações. Brasil. Estudantes. Ditadura Militar.
ABSTRACT
The mobilizations of the students in Brazil of 1968 were very important in the fight against the military dictatorship, nevertheless, we perceive that the same one is not so focused in the classroom. In the first contact with the works over 1968 we find that more emphasis is given to the movements of the guerrillas than to the movements of the students. The students played a decisive role in the movements when trying to end the Military Dictatorship.
After an informal survey carried out in the fields of the school unit, we perceive this lack of content that is left aside and, therefore, we chose this theme with the intention of elaborating a teaching proposal to help the teachers of history teaching to discuss these movements that went against the military dictatorship with its students.
Key-words: Mobilizations. Brazil. Students. Military dictatorship.
Sumário
61 INTRODUÇÃO
1 CAPITULO I..............................................................................................................8
1.1 1964: o golpe de estado e a instauração da ditadura militar...........................8
61.1.1 Promulgação dos Atos Institucionais AI-1 até AI-5
........................................12
1.1.2 A centralização das lutas de esquerda e o aumento da repressão............19
1.2 A abertura política e a busca pela redemocratização................................23
2 O movimento estudantil no ano de 1968 no brasil.............................................27
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
36
REFERÊNCIAS
38
 INTRODUÇÃO 
Na segunda metade do século XX o Brasil foi vítima de um golpe de Estado, quando os militares derrubaram o governo de João Goulart. A partir desse momento, os militares ficaram no comando, e neste contexto foi instaurada uma ditadura que durou vinte e um anos, de 1964 até 1985.
Este trabalho buscará pesquisar o movimento estudantil brasileiro e suas inúmeras manifestações. Estas mobilizações questionaram a ditadura militar e atraíram outros setores sociais que estavam também descontentes com o regime militar. 
A partir de pesquisas em livros didáticos e entrevistas com professores, percebemos que os movimentos estudantis no Brasil 1968 ainda são pouco ou quase nunca discutidos em sala de aula. Sobre o período da Ditadura Militar, é dada maior ênfase para os movimentos das guerrilhas, sendo o movimento estudantil deixado de lado no ensino de História. 
Por esse motivo escolhemos esse tema não só para trazer à tona as lutas estudantis durante um dos períodos mais negros de nossa história, mas também com o intuito de elaborar uma proposta de ensino para auxiliar os professores, oferecendo-lhes subsídios para discutir esses movimentos.
Neste trabalho usaremos como referencial teórico as discussões de Christopher Hill, na obra "O mundo de ponta cabeça: ideias radicais na Revolução Inglesa de 1640", de 1987. Ele apresenta um enfoque inovador, ao se ater a uma parte da população inglesa que até então passara quase despercebida: as camadas populares que participaram da revolução “ponto de vista é o da minhoca" (HILL, 1987, p. 30). Assim para ele, o importante é discutir os movimentos sociais, as pessoas comuns, o povo.
A partir desse referencial, da História vista de baixo, escolhemos estudar o movimento estudantil de 1968. Para esse estudo, utilizamos obra historiográfica 1968, a paixão de uma utopia de Daniel Aarão Reis Filho (1988), Pedro de Mello Marais, pois para eles "os estudantes foram personagens centrais nas lutas de 1968 [...]. Participaram da denúncia do regime e das lutas sociais movidos pelo mesmo desencanto diante dos rumos que tomava o novo regime" (REIS FILHO, 1988, p. 19)
Também utilizamos como obra historiográfica o livro O regime militar brasileiro: 1964-1985 de Marcos Napolitano que nos ajudou a complementar nosso trabalho, pois ele destaca igualmente o período regime militar, discutindo o movimento estudantil.
Para embasamento metodológico, usamos a obra “Ensino de História: Fundamentos e Métodos” de Circe Bittencourt. Nesse livro, a autora destaca os principais aspectos do ensino e da aprendizagem de história, remetendo o leitor a reflexões não só sobre o atual momento da disciplina, como nos apresenta a história da disciplina no Brasil.
 A autora também se preocupou em propor novos métodos e a seleção de novos conteúdos para os futuros professores e os que já estão na sala de aula, proporcionando discussões e novas reflexões sobre o ensino de história e sua importância na formação dos futuros alunos.
Para ela é fundamental que se estabeleça uma relação entre a produção historiográfica e o ensino de História. Assim como os historiadores trabalham a partir de inúmeros documentos como fotografias, pinturas, literatura, música etc., a autora também reforça a importância sobre o uso de indícios, vestígios e sinais as aulas de História.
No capítulo um, abordaremos a Ditadura Militar, apresentando o contexto geral do período de 1964 a 1985. Destacando o abuso do poder a partir das leis dos aparelhos de repressão.
 No capítulo dois, abordaremos os movimentos estudantis, de como essas mobilizações foram de tamanha importância, que ao longo de suas trajetórias foram crescendo, agregando outros setores sociais, como por exemplo, os artistas, os professores, os atores, as atrizes, entre outros. Isto fez com que essas manifestações ganhassem mais força, procurando demonstrar sua importância ao passo que o regime acabou endurecendo ainda mais, perpetrando a repressão, agindo com opressão. 
No capítulo três, falaremos sobre o ensino de História sua história e sua metodologia descrevendo como era o ensino de História desde o período dos Jesuítas até as novas tendências ocorridas a partir da década de 1980; apresentando os métodos do ensino de história, com ênfase na problematização de documentos.
No capítulo quatro, faremos uma proposta didática utilizando as novas linguagens, especificamente a música, no intuito de auxiliar o professor que queira trabalhar discutir com os seus alunos esse tema de forma problematizadora.
CAPITULO I
1964: O GOLPE DE ESTADO E A INSTAURAÇÃO DA DITADURA MILITAR
Na segunda metade do século XX, o Brasil foi vítima de um golpe de Estado, quando os militares derrubaram o governo de JoãoGoulart. A partir desse momento, os militares ficaram no comando, e neste contexto foi instaurada uma Ditadura Militar, que durou vinte e um anos, de 1964 até 1985.
No ano de 1963, o Brasil era governado pelo presidente João Goulart, empenhado em desenvolver uma política econômica nacionalista, com reformas sociais e a tão desejada reforma agrária. Goulart, o último presidente do Brasil antes da Ditadura Militar. Nasceu em 1 março de 1918, na cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, ficou conhecido como Jango, formado em Direito, entrou assim na política quando tomou a iniciativa de ajudar na formação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) . Jango entrou na vida política por acaso, pois seu pai era amigo de Getúlio Vargas e cogitava ver Jango como político, ele era de família rica, o pai de Jango morreu deixando uma herança bem gorda, a partir daí passou a tomar conta de suas terras.
 No ano de 1945, Getúlio fez uma reforma na sua cidade e ao voltar visitá-la, resolveu fazer uma visita a Jango. Nesse momento convidou-o para ser o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Aos poucos Jango foi se tornando conhecido, e nas eleições de 1950, Getúlio acabou por convencer Jango a concorrer para a Câmara dos Deputados, ele venceu as eleições. Em 1953 que ele nomeia Jango como Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, no período que Getúlio está no seu segundo mandato. 
Vargas estava sendo pressionado pelo desgaste que seu mandato estava vivendo. Sabendo que seria deposto pelos opositores, suicidou-se para não ter que se render, Vargas deixou uma carta testamento com uma frase controversa “Deixo a vida para entrar para a história.” Em 1954 ele disparou um tiro em direção ao seu coração, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.
Depois do suicídio de seu padrinho político, Jango, que nesse momento ainda ocupava o lugar de presidente do PTB, foi lançado como candidato a vice-presidente de Juscelino Kubitschek, cargo que ocupou de 1956 a 1960. 
Jânio Quadros chegou à presidência no ano de 1961, Jango elege-se como vice-presidente. O período que Jânio governou foi muito pequeno, de 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961. Com a renúncia de Jânio, Goulart deveria assumir, porém ele só conseguiu tomar posse quando foi feita uma emenda constitucional que alterou o sistema político de presidencialista para parlamentarista, nessas condições Jango ficou com poder reduzido, atuando como Primeiro Ministro.
Em janeiro do ano de 1963, foi realizado um plebiscito popular, uma consulta popular o sistema de governo, o povo optou pelo retorno do presidencialismo no país. 
Jango tinha uma aproximação muito grande com os trabalhadores, tendo a promessa de melhoria da vida das pessoas menos favorecidas. Como Presidente, buscou implementar o Plano Trienal e as Reformas de Base, mas fracassou em suas propostas.
O ano de 1964 iniciou agitado, como um "barril de pólvora".
O primeiro – e único- comício realizou-se em 13 de março de 1964. Um sucesso. Reuniram-se todas as esquerdas, mais de 350 mil pessoas, na defesa exaltada das reformas e na celebração dos decretos assinados, expropriando pequenas possibilidades de desapropriação de terras produtivas ao longo dos eixos rodo ferroviários. (REIS FILHO, 2000, p.30)
O comício aconteceu no Rio de Janeiro, em seus discursos, Jango prometeu a tão desejada reforma agrária, com a redistribuição de terras e também uma política que favorecia os mais carentes, dentre esses, os trabalhadores. Existia uma grande parcela da população a favor das reformas políticas, porém havia um grupo de oposição, que era totalmente contra, pois mexia com seus interesses.
A resposta dos opositores foi imediata. No dia 19 de março, em São Paulo, foi realizada a primeira marcha, que se organizou com o apoio da Igreja Católica, de empresários e do governador Adhemar de Barros, foi a “marcha com Deus pela família". Foi uma grande manifestação contra o governo de João Goulart, reunindo aproximadamente 400 mil pessoas.
Os conservadores viam nos discursos de Jango uma fala pró-comunista, assunto que assustava as alas de direita. Essa foi à justificativa dada para a instauração do regime militar e esse setor também contava com o apoio da imprensa. 
Em 31 de março de 1964, logo após a revolta dos marinheiros do Automóvel Clube do Brasil, e a anistia dos rebelados por parte do governo, o general Olímpio Mourão Filho articulou uma movimentação de tropas de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro.
No dia 1 de abril de 1964, o golpe militar foi perpetrado. Jango seguiu para o Rio Grande do Sul. Brizola sugeriu um movimento de resistência, no entanto Goulart optou por não fazê-lo na intenção de evitar "derramamento de sangue", com uma guerra civil. Foi o início da chamada "Revolução Redentora", nome que ficou conhecido entre os militares o golpe de Estado, que derrubou o governo de João Goulart.
 Os militares tomaram o poder em um golpe que foi bem sucedido, e não houve resistência da parte do governo Goulart, não houve qualquer tentativa de oposição aos participantes do golpe, mesmo com o Presidente sendo pressionado por seus apoiadores, para que tivesse uma posição mais ativa em relação ao levante, ao golpe. 
 No dia 2 de abril de 1964, João Goulart optou por entregar o cargo de Presidente do Brasil, passando o posto de chefe da nação ao então Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
A imprensa apoiou o golpe. Os Jornais Tribuna da Imprensa, e O Estado de São Paulo, não só apoiaram como também faziam parte da conspiração, ajudando a desgastar a imagem do governo com publicações negativas à sua imagem. Os Estados Unidos também tiveram um peso muito grande nesse processo, apoiaram o golpe internamente, chegando a preparar uma operação de apoio militar em caso de resistência, a "operação Brother Sam".
No dia 4 de abril, já vencido, João Goulart embarcou para o exílio no Uruguai, Jango exilou-se no Uruguai, e depois na Argentina.
As direitas saudaram nas ruas a vitória imprevista. Uma grandiosa marcha da família com Deus e pela liberdade, com centenas de milhares de pessoas, no Rio de Janeiro, comemorou o golpe militar e festejou a derrocada de Jango, das forças favoráveis as reformas e do projeto nacional-estatista que encarnavam. (REIS FILHO, 2000, p.33)
Após a derrubada de João Goulart, o poder efetivo passou para a junta militar e para seus chefes militares. Dias depois, o Congresso Nacional elegia com 361 votos o novo Presidente do Brasil, o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército do governo deposto. Nessa corrida eleitoral, três militares concorriam: o General Eurico Gaspar Dutra, que contava com o apoio de parte do PSD, o General Amaury Kruel, apoiado pelo PTB e o Marechal Castelo Branco, apoiado pala UND, PSD, e pela ESG (Escola Superior de Guerra). Com todo esse apoio, o Marechal Castelo Branco foi o que conseguiu mais forças políticas e foi eleito, com a promessa que seria uma solução provisória, para limpar o país da corrupção e promover a retomada do crescimento econômico. Com isso, fez com que seu nome fosse o mais cogitado pelas elites econômicas que apoiavam o golpe, ele também foi apoiado por importantes líderes civis, como Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.
Promulgação dos Atos Institucionais AI-1 até AI-5
O poder executivo, agora nas mãos dos militares, fortaleceu a centralização política e as ações se concretizaram com a promulgação dos Atos Institucionais. Essas foram às medidas legalizadas que o governo encontrou para alterar a Constituição, sem a aprovação do Congresso Nacional:
Contudo a promulgação do Ato Institucional número 1 (AI-1), em 9 de abril de 1964, dava início a era dos Atos Institucionais, que só terminariam em 1978, demonstrando como legalismo golpista era artificial. O AI-1, elaborado por Francisco Campos (o redator da constituição fascista do Estado Novo em 1937), deveria vigorar até 31 de janeiro de 1966" (NAPOLITANO, 1998, p.16)
Neste momento, foram estabelecidasinúmeras medidas para o controle da sociedade e também dos poderes políticos. Em pouco tempo, os militares mostraram, a que vieram, passaram a cassar os direitos políticos dos cidadãos, decretaram estado de sítio, controlaram o Congresso Nacional. Para dar uma “cara” democrática, marcaram a data das eleições presidenciais, que ocorreria no dia 3 de outubro de 1965, mas estas acabaram não acontecendo. Aqueles que apoiaram o governo Castelo Branco, como Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, passaram a não mais acreditar no novo governo militar, sendo Juscelino o primeiro aliado a ser cassados meses após o golpe militar.
Muitas pessoas foram presas ou tiveram de sair do país, políticos de esquerda tiveram seus mandatos cassados e seus direitos civis suspendidos, não podendo votar nem serem votados pelo período de dez anos. A justificativa para tantas cassações era combater os comunistas, a polícia passou a atuar nas ações das escolas e dos sindicatos, todos passaram a viver sobre uma grande pressão.
 O regime tinha o poder de aprovar projetos de lei, ou seja, projetos feitos pelo poder executivo que, se não fossem votados em trinta dias, entravam em vigor automaticamente. Esse dispositivo enfraqueceu o Congresso Nacional. Foi o inicio da implantação da Doutrina de Segurança Nacional, cujo objetivo era identificar aqueles que questionavam e criticavam o regime estabelecido.
Os militares buscavam a modernização do país juntamente com o crescimento econômico, para que isso ocorresse conforme desejavam, eles acabaram por estabelecer uma política econômica desenvolvimentista que contava com uma grande participação do Estado e também do capital externo.
O governo de Castelo Branco tomou medidas para superar a estagnação econômica, fez a renegociação da dívida externa e a reorganização das contas públicas. Com essas medidas tomadas, foi possível a abertura da economia ao capital estrangeiro. Internamente o governo adotou medidas para conter a inflação, com o arrocho dos salários, impedindo que o valor dos salários superasse os índices do custo de vida. Dessa forma, os salários passaram a ter menos poder de compra, o que reduziu o consumo e consequentemente a pressão inflacionária. Ao mesmo tempo, atraídas pelos incentivos governamentais oferecidos, mais empresas multinacionais instalaram-se no Brasil, principalmente no eixo Rio e São Paulo, o que fortaleceu o parque industrial do país. Assim, o país passou a ser importante exportador de manufaturados.
Politicamente poderosos durante o governo de Jango, os sindicatos tiveram sua influência reduzida drasticamente. O controle e as intervenções impostas pelo governo praticamente anularam as manifestações de descontentamento em relação a abertura ao capital estrangeiro. 
No ano seguinte ao golpe, foi promulgado o Ato Institucional número 2, o AI-2, e o governo de Castelo Branco passou a acumular muita insatisfação, as pessoas já não acreditavam no compromisso com a democracia e com o liberalismo. Depois da derrota eleitoral para o governo da Guanabara e de Minas Gerais, instauraram o AI-2, que extinguiu todos os partidos, substituindo-os por apenas dois partidos, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), representada pelos interesses da ditadura militar e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição ao regime. As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República passaram a ser indiretos realizados em um Colégio Eleitoral composto por parlamentares. Milhares de pessoas haviam sido punidas, não podendo mais escolher diretamente seus representantes. 
Os generais promoveram alterações estruturais na administração pública, no intuito de instaurar uma forte centralização do poder, privilegiando a autonomia do Executivo em detrimento da limitação do campo de atuação dos poderes Legislativo e Judiciário. 
Segundo Daniel Aarão Reis Filho (2000, p.44), Castelo Branco "foi atropelando a tudo e a todos, até mesmo seus princípios, acumulando desgastes em todas as áreas [...].” Por isso, para ele, “Castelo Branco, acabou perdendo o controle da própria sucessão, obrigado a aceitar a candidatura do ministro do exército, Costa e Silva" (REIS FILHO, 2000, p.44).
Nas eleições realizadas no ano de 1966, para a escolha de governadores e vice-governadores de Estado, os candidatos governistas foram derrotados em importantes Estados, isso foi um estopim para que Castelo Branco promulga-se mais um Ato Institucional. No dia 5 de fevereiro do ano de 1966, Castelo Branco, promulgou o Ato Institucional número 3 o AI-3. Esse era constituído pelos seguintes termos: eleições indiretas para o governador e vice-governador, os prefeitos das capitais seriam por indicação dos governadores, também com aprovação das Assembleias Legislativas. Castelo Branco ditou o calendário eleitoral, com eleições presidenciais que ocorreriam em 3 de outubro, juntamente como a eleição do Congresso, que seria marcada para o dia 15 de novembro. As pressões no governo seguiam a cada dia, juntamente com o fato de ter muitas cassações de deputados estaduais, e 17 governadores que foram eleitos pela Arena. Em outubro de 1966 foram cassados 6 deputados do MDB, Doutel de Andrade, do PTB, e Pais de Almeida, do PSD. No mês de novembro de 1966 as tensões continuaram, no mês seguinte foi promulgado o Ato Institucional número 4, o AI-4, esse por responsabilidade de Humberto de Alencar.
A edição do Ato Institucional nº. 4 [...] convocando extraordinariamente o Congresso Nacional e regulando suas atividades, visava garantir a aprovação da nova Constituição Federal. A nova carta sofreria duras críticas por parte dos liberais, e até daqueles que haviam conspirado contra o governo Goulart. O ponto mais polêmico era o aumento do poder do Executivo, em detrimento dos outros poderes constitucionais. (NAPOLITANO, 1998, Pp. 23-24)
Castelo Branco convocou Congresso Nacional, com o intuito de revogar a Constituição de 1946. Em janeiro de 1967 o Congresso promulgou uma nova Constituição a quinta desde o início do período republicano. Nela, estavam bem claros os poderes sem limites para o Presidente da República. Dentro desse ato destacava-se também a redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos e excluía a reeleição, os militares disfarçavam o autoritarismo, porém tinham plenos poderes e perseguiam os adversários que iam contra o regime militar.
Neste contexto de represálias, havia muita insatisfação, acumuladas desde o governo anterior. Assim nasceriam protestos, movimentos públicos. Apesar da repressão e do medo, um sentimento de indignação e revolta tomava conta de alguns setores da sociedade brasileira, intelectuais e estudantes saíram às ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo com faixas de protesto contra o golpe, artistas e jornalistas repudiavam os militares, apesar da censura aos meios de comunicação.
A lei da imprensa de 1967 oficializou a censura às notícias, fotos, ilustrações de revistas e jornais consideradas ofensivas para imagem da Ditadura Militar. Também os textos de teatro e literatura, as letras das músicas, os roteiros do cinema e de televisão foram alvos constantes da censura do regime militar.
 O Marechal Arthur da Costa e Silva, ex-ministro da guerra de Castelo Branco, assumiu a presidência da república no dia 15 de março de 1967, adotando medidas econômicas menos rigorosas que as de seu antecessor.
Considerado mais nacionalista e menos alinhado á política externa norte-americana, o novo presidente chegou a provocar uma expectativa positiva por parte de alguns opositores. Entre os políticos civis acreditava-se que esse “ nacionalismo militar” traria consigo maior liberdade política, por se tratar de uma corrente contra a doutrina disseminada pela ESG, de linha castelista. (NAPOLITANO, 1998, p. 26)
Seu primeiro objetivo era para incentivar o crescimento econômico a partir de investimentos públicos internos, como a concessão de créditos a empresas e também na flexibilidade sobre a taxa de câmbio, favorecendo o comércio exterior, também buscou pela busca do combate à inflação,a adoção de uma nova política salarial, isso fez com que o governo reconquista-se o apoio de alguns setores da sociedade.
Os militares eram unidos pelo lema de "Segurança e Desenvolvimento", esses foram responsáveis em boa parte pelo "milagre econômico" no país de 1968-1974. Esse seria chamado como "milagre econômico brasileiro" lado a lado a essas medidas a repressão crescia contra os opositores ao regime militar.
Apesar do apoio de alguns setores da sociedade, a insatisfação de outros setores, continuava.
Na área intelectual, eram visíveis as manifestações críticas ao governo, como, por exemplo, as músicas de protesto escritas por Geraldo Vandré, Chico Buarque, Caetano Veloso, dentre outros. As represálias continuaram durante o ano de 1967: 
O primeiro ano do governo Costa e Silva, o diálogo prometido não funcionou face as pressões do único movimento social ativo - o estudantil. Sucederam-se as manifestações reivindicatórias, de modo geral acompanhadas por uma repressão desproporcional (REIS FILHOS, 2000, p.48)
Em 1968 no Rio de Janeiro, a insatisfação contra os militares foi crescendo e obtendo mais forças. Organizaram uma passeata que ficou conhecida como a passeata dos Cem Mil, onde se agregaram diversos setores da sociedade, com escritores, religiosos, professores, músicos, cantores, cineastas e também estudantes secundaristas, dando ainda mais força para o movimento de oposição a Ditadura Militar.
 A todo o momento, viveu-se nesse período uma crise muito intensa, sobretudo pela busca do poder. Essa crise acabou por ter como consequência, ações ainda mais repressivas, com o fechamento do regime, o que ocasionou ainda mais lutas, ameaças de guerrilhas e movimentos de protestos. Outro fator de inconstância era a briga pelo poder no meio militar, o que explicava bem a repressão ainda maior em cima da sociedade civil.
Segundo Marcos Napolitano 
A partir de 13 de dezembro de 1968, o Brasil entrava numa era de "terror de Estado", tornando legal a nona lei. Além da cassação generalizada de parlamentares e cidadãos, o AI-5 suspendia o hábeas-corpus de presos políticos, reforçava a centralização do poder no Executivo federal diminuindo a força política dos governadores, permitia a decretação de estado de sítio, sem prévia autorização do congresso em 1969, o governo regulamentou a censura prévia sobre os meios de comunicação e sobre produtos culturais como um todo. (NAPOLITANO, 1998, p.33)
No ano de 1968, o deputado Márcio Alves destacou em seu discurso a responsabilidade dos militares pelas perpetuadas contra os movimentos estudantis sugerindo um boicote ao desfiles de 7 de setembro desse mesmo ano. Em resposta, os militares tentaram processá-lo, porém a câmara dos deputados não permitiu, logo em seguida, o governo respondeu com a decretação do Ato Institucional número 5, o AI-5.
Começavam então os "anos de chumbo". Era esta a previsão anunciada no Jornal do Brasil, de 14 de dezembro de 1968, em sua primeira página destacava a manchete: “Governo baixa Ato Institucional e coloca congresso em recesso por tempo ilimitado”, mais uma forma encontrada para ironizar a situação do país que vivia em clima de censura, isso desde o início do decreto do AI-5.
O quinto Ato Institucional foi a medida mais dura de todos os AIs, foi a forma que a ditadura encontrou para enfraquecer tanto as mobilizações sociais, quanto para perseguir e punir os opositores políticos do regime. O AI-5 foi uma lei decretada pelo Presidente Costa e Silva em seus últimos dias de governo. Esta lei forneceu ao executivo poder para suspender e o Legislativo e intervenção no poder judiciário. Também poderiam intervir nos municípios, cassar mandatos, aposentar ou demitir funcionários públicos, suspender reuniões, censurar as correspondências. Ou seja, o governo poderia fazer as ações que desejasse, pois havia sempre uma lei para protegê-lo. Para evitar maiores constrangimentos, o regime fechou o Congresso Nacional e foram cassados 94 deputados. Os presos políticos podiam sofrer punições físicas e também psicológicas, sem qualquer responsabilidade do poder público. A censura torna-se mais rigorosa e a liberdade políticas e o direito a expressão foram reprimidas com mais severidade. 
Em agosto de 1969, Costa e Silva foi afastado e uma junta militar assumiu o poder. Longo que entraram em ação, impõem a Lei de Segurança Nacional que institui a pena de morte para crimes políticos; também elaboraram uma emenda na constituição com os direitos de liberdade e manifestação suspensos. De acordo com Reis Filho: 
a doença e o posterior afastamento do general Costa e Silva, em julho-agosto de 1969 - complicada com a entronização de uma junta militar, em virtude do impedimento do vice-presidente eleito, Pedro Aleixo, legalmente eleito – evidenciou o caráter ditatorial do regime. (REIS FILHO, 2000, p. 57)
 
 Com o AI-5 decretado, o "gabinete militar da presidência" era responsável por administrar a repressão. Com o objetivo de impedir a posse do Vice-Presidente, Pedro Aleixo, foi elaborada uma emenda constitucional que ditava novas regras a sucessão presidencial entre essas estão: um civil não poderia assumir a presidência, somente um militar, assim as disputas continuariam no meio militar.
Nesse contexto, Albuquerque Lima, porta voz dos nacionalistas e Ministro do Interior, entrou em conflito com o general Lira Tavares, Ministro do Exército, ligado ao castelismo e ao ESG. Em meio a tal disputa, o nome que foi mais cogitado em votação direta entre os generais alto comando foi o de Emílio Garrastazu Médici. Além de ser o general de maior patente entre os candidatos, pertencia ao grupo palaciano que havia apostado do fechamento político do Estado para favorecer-se no jogo de sucessão e conquistar a simpatia dos quartéis, cujos comandantes exigiam uma repressão mais eficaz contra os "subversivos", também ao seu lado estavam o militares do grupo conhecido como "linha dura", que apoiavam a repressão.
No dia 30 de outubro de 1969 assumiu o poder o General Emílio Garrastazu Médici como presidente da república. A ditadura viveu nesse momento seu auge, pois desde o Estado Novo o Brasil não vivia um governo tão repressivo. Durante seu governo, frequentemente foram violados os direitos humanos.
Durante esse período ocorreu um rápido desenvolvimento da economia, no chamado "Milagre brasileiro", entre 1968 e 1973, o Brasil registrou altas taxas de crescimento, abrindo o país ao capital estrangeiro. Muitas empresas multinacionais começaram a instalar suas fabricas em solo nacional. Por outro lado, o governo passou a incentivar os grandes fazendeiros, deixando-os como responsáveis pela exportação. Em parceria com o governo o capital estrangeiro financiou grandes obras públicas, como por exemplo: a Usina de Itaipu, a Ponte Rio - Niterói, dentre outras. O Brasil recebeu bilhões de dólares em empréstimos, porém, parte desse dinheiro foi gasto em obras desnecessárias ou foram desviados pela corrupção.
Com o processo de industrialização, houve o outro lado do "milagre", o êxodo rural, que gerou o crescimento das favelas, a violência urbana, o aumento acelerado da mortalidade infantil. O crescimento econômico não proporcionou a melhoria das condições de vida da população pois o governo abandonou ensino público, abandonou do sistema de saúde. Boa parte da renda nacional estava nas mãos dos mais ricos, consequência essa que intensificou ainda mais a miséria entre os menos favorecidos. De acordo com Reis Filho (2000): os “trabalhadores sem qualificação adaptada á sede de lucro dos capitais, que ficavam a margem, desabrigados e desprotegidos no ambiente cada vez mais esgarçado de um tecido social cujas redes de proteção (saúde e educação pública) se deterioravam cada vez mais.” (IBIDEM, p.60)
A centralização das lutas de esquerda e o aumento da repressão
O Brasil passava uma imagem para o exterior que tudo caminhava bem. Mas a realidade era outra, o regime perseguia seus inimigos, que por razões políticas, por discordarem do regime autoritário, erampresos e torturados.
Junto com a OBAN, a prática do sequestro e da tortura (muitas vezes em locais clandestinos) de suspeitos tornou-se sistemática. No Brasil, o recurso a tortura como forma de repressão política não foi exclusividade do regime militar. Na época das colonial a tortura chegou mesmo a ser legalizada pelo poder público, e, mais recentemente, durante a repressão a revolta comunista de 1935, o governo de Getúlio Vargas utilizou-a sistematicamente contra os presos políticos. (NAPOLITANO, 1998, p.37)
Boa parte das pessoas eram torturadas nas prisões essa é uma página triste da nossa história. As pessoas eram detidas sem ordem judicial, permaneciam presas aguardando a abertura do processo. Na prisão, sofriam torturas desde a chegada, dentre essas agressões, se destacavam os choques elétricos e o afogamento. Essas práticas eram rotineiras na vida dos presos. O jovem estudante Stuart Angel foi preso e torturado, seus algozes amarraram-no com a boca presa ao escapamento de um jipe e arrastaram-no pelo pátio do quartel onde estava detido, depois da primeira volta ele estava morto. Muitos brasileiros morreram em plena tortura. A ditadura não reconhecia a existência de presos políticos, também ignorava formalmente seus assassinatos. Muitos opositores do governo que foram mortos, recebiam nomes falsos, várias vezes foram enterrados sem identificação em diversos cemitérios. Esses presos eram dados como pessoas "desaparecidas". As famílias dessas vítimas iam de quartel em quartel atrás de notícias sobre seus parentes, alimentando a esperança de encontrá-los vivos. Depois de longos anos, sabiam que estavam mortos, porém sem nunca localizar o corpo, eles continuavam "desaparecidos". Irmãos, filhos maridos, esposas e pais aguardaram vinte anos, sem o governo reconhecer que tinha prendido e assassinado seus familiares na prisão. De acordo com Napolitano (1998):
Apesar de muitos divididos pelas diferentes análises teóricas sobre o caráter de revolução brasileira e pelas táticas e estratégias de luta que julgavam ser as mais corretas, os diversos grupos de esquerda conseguiram provocar algum impacto na opinião pública pelos assaltos a bancos (para angariar fundos para a guerrilha) e pelos sequestros de diplomatas estrangeiros. (IBIDEM, p. 28)
Em junho de 1969, o combate às organizações de esquerda ou de luta armada, foi centralizado em São Paulo, na chamada Operação Bandeirantes (OBAN). No mês de maio de 1970, a OBAN foi substituída pelo DOI (Departamento de Operações Internas) e CODI (Centro de Operações de Defesa Interna), órgãos de vigilância e repressão, que eram instalados nas principais sedes do comando do Exército.
No DOI-CODI era realizado o trabalho de interrogar os presos políticos, com o objetivo de acompanhar as organizações da esquerda. Nesse mesmo momento crescia a cada dia o número de presos políticos. Sob terríveis torturas, uns acabaram delatando os outros, revelando planos de ação e pontos de encontro. Para facilitar o controle, eram feitos gráficos com informações dos movimentos de guerrilhas considerados mais arriscados para o regime militar. Nesses gráficos, chegavam a marcar com uma cruz vermelha os nomes dos militantes mortos e daqueles que se preparavam para voltar de Cuba, por exemplo, treinados na guerrilha. Naquele momento, fechava-se o cerco sobre os opositores do regime. Para escapar da prisão, era preciso estar em movimento. Os mais procurados, muitas vezes, tinham de vagar pelas ruas. Após cada ação, os guerrilheiros tratavam de se esconder em apartamentos clandestinos. 
Nesse contexto, vários grupos que combatiam o regime começaram a sequestrar diplomatas estrangeiros, realizar assaltos a banco, com o intuito de financiar a luta contra a ditadura. O objetivo dos sequestradores era fazer uma troca entre os embaixadores sequestrados e os presos políticos, livrando esses da tortura e da morte. Porém, novas medidas repressivas acabaram por dar fim à onda de sequestros. Os brasileiros trocados pelos diplomatas foram expulsos do país, colocados em situação de banidos, ou seja, perderam a nacionalidade brasileira, passaram a não ter mais pátria, já que o governo havia retirado sua nacionalidade e também seu passaporte. Viveram nessa situação por aproximadamente dez anos, vagando pelo mundo.
A maioria da população desconhecia o que realmente estava acontecendo, pois, o regime militar só divulgava o que lhes interessava, e que desejavam que o país soubesse. Para muitos parecia que iam as “mil maravilhas”. A Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP) da Presidência da República organizou toda a propaganda do regime. Era encarregada de produzir todo o material propagandístico do governo, que eram reproduzidos nas rádios, cinemas, jornais e televisão.
A AERP fazia a produção de músicas que glorificavam as ações do regime, muitas dessas eram obrigatoriamente cantadas nas escolas. Espalhavam dezenas de adesivos com dizeres como: "Ninguém segura esse país", "Brasil, ame-o ou deixe-o", "Eu te amo meu Brasil", entre outros.
Tudo isso acontecia sem que se pudesse haver qualquer debate livre sobre os rumos que o país seguia, pois, a censura rigorosa proibia peças de teatro, filmes, novelas, músicas, livros ou qualquer crítica ao regime ou das torturas feitas contra os seus opositores.
O jornal O Estado de São Paulo, era censurado diariamente, por conta disso, com o decorrer do tempo, os espaços em branco referentes as matérias proibidas passaram a ser ocupados com trechos de Os Lusíadas de Luís de Camões, famosa obra de literatura portuguesa do século XVI. O Jornal da Tarde encontrou uma saída para fugir da censura, preenchia os trechos censurados com receitas de doces, salgados, assados, entre outros.
O regime militar acabou sufocando a cultura nacional, muitos artistas tiveram de se exilar, pois não podiam expor seus trabalhos no Brasil. Para poder manifestar suas artes livremente, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, entre outros, precisaram se exilar no exterior.
No ano de 1974, acabou o mandato de Médici como Presidente da República, o regime colocou o general Ernesto Geisel na presidência.
O Brasil se encontrava desequilibrado no setor econômico. No período de dois anos, de 1972 à 1974, a dívida externa dobrou, passando de aproximadamente 5,5 bilhões para 11 bilhões de dólares, grande parte devido ao aumento das taxas de juros cobradas pelos banqueiros estrangeiros. Com isso, a inflação subiu e a taxa de crescimento caiu. Nesse contexto, devido as crescentes dificuldades econômicas, o governo só tinha uma saída, foi obrigado a iniciar uma política de relaxamento da ditadura, que fica conhecida pelo nome de "distensão". Dentre as medidas, deixou de privilegiar os grupos econômicos, como os industriais, os fazendeiros, os banqueiros, e os comerciantes, setores que ficaram mais ricos no período da Ditadura Militar.
Em 15 de novembro de 1974, aconteceu um primeiro teste eleitoral dessa nova fase. 22 cadeiras foram disputadas no Senado, o MDB, partido de oposição, conseguiu eleger 16 senadores. Já na Câmara Federal, o MDB, que contava com 94 deputados, passou a ter 185. Na verdade, “o voto na oposição foi uma forma de manifestação da sociedade contra as políticas do regime militar, que além de abusar da violência policial, dava sinais de esgotamento no campo econômico e não favorecia os trabalhadores mais pobres” (NAPOLITANO, 2000, p. 56). 
O governo temia as conquistas por parte da oposição, e tomou decisão de alterar a lei eleitoral, restringindo as propagandas eleitorais transmitidas pelo rádio e também pela televisão. Nesse momento, os candidatos foram proibidos de falar no horário de propaganda eram exibidos somente suas fotos enquanto um locutor lia um pequeno currículo sobre sua vida. Essa medida ficou conhecida como Lei Falcão e dificultava as eleições, pois os candidatos não podiam expressar suas ideias e também fazer críticas ao governo.
Também vivia-se um clima de tensão dentro do regime, havia uma disputa entre os militares,uns queriam a abertura, política outros defendiam os métodos cruéis de repressão. Nesse contexto, uma nova onda de violência atingiu suspeitos que trabalhavam na imprensa, sobretudo isso durante os anos de 1974 e 1975.
Nesse momento um caso abalou a sociedade que passou a repudiar ainda mais as ações do regime militar, o jornalista Vladimir Herzog, que trabalhava na TV Cultura em São Paulo, foi chamado para um depoimento no DOI-CODI, no outro dia, após assinar um documento no qual se declarava comunista, apareceu morto em sua cela. 
 Um comunicado oficial do Exército, do dia 27 de outubro de 1975, afirmava que o jornalista havia cometido suicídio. Fotografias foram divulgadas para afirmar que reforçar essa ideia, mas muitos indícios presentes davam sinal de assassinato. Foi organizada uma grande homenagem na Catedral da Sé, em São Paulo, milhares de pessoas participaram do evento. Os religiosos criticavam as ações da polícia, repudiando o uso da tortura e o desrespeito aos direitos humanos. Essa manifestação fez a sociedade mobilizar-se, que cada vez mais crítica sem os métodos do regime militar:
O impacto do caso Herzog sobre a sociedade civil foi muito grande. Na universidade de são Paulo foi declarada uma greve estudantil de três dias. O sindicato dos jornalistas e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) exigiram a apuração do caso [...]entretanto, a mais significativa reação da sociedade se deu na forma de ato ecumênico que se transformaria em ato público de protesto em plena catedral da Sé, no centro de São Paulo. Tendo ampla cobertura da imprensa, o ato ecumênico, ocorrido em 31 de outubro de 1975, foi celebrado pelo arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel (Herzog era judeu) e pelo pastor James Wright. (NAPOLITANO, 1998, p.58)
Esse evento marcou a primeira manifestação pública contra o regime desde o AI-5, no ano de 1968. 
No ano de 1977, em abril, o governo insatisfeito impôs um novo conjunto de medidas para garantir sua vitória nas eleições que ocorreriam no próximo ano, esse pacote foi chamado de "Pacote de Abril". Entre as medidas contidas nesse pacote destacava-se o fechamento do Congresso Nacional, alterando o número de deputados por estado, definindo a indicação de um terço dos senadores, que ficaram conhecidos como "senadores biônicos" e a ampliação do mandato presidencial para seis anos. Todas essas medidas tinham o intuito de manter as eleições sob o controle do governo, mesmo que o eleitorado fizesse a opção pelo MDB.
A abertura política e a busca pela redemocratização
No ano de 1977 ocorre um fato muito importante, acontece o renascimento do movimento estudantil que estava desarticulado desde 1968 devido à repressão do regime militar. Após quase dez anos, os estudantes voltaram às ruas com o objetivo de exigir a democratização do país e a convocação de uma Assembleia Constituinte. Muitas passeatas e atos públicos foram novamente reprimidos, os líderes do movimento estudantil foram presos. A Universidade Católica (PUC) de São Paulo foi invadida pela polícia militar em represálias a um evento que buscava a reconstrução da União Nacional dos Estudantes. Segundo Reis Filho (2000):
Nessa nova atmosfera, desenvolveram-se as primeiras manifestações públicas desde 1968. O movimento estudantil e a luta pela anistia ocuparam espaços a partir de 1977, agitando reivindicações democráticas. Em 1978 entraria em cena, inesperadamente, o movimento operário, com a greve de São Bernardo. (IBIDEM, p. 69)
Em 1978 piorou a situação, quando desencadearam-se diversas greves no ABC paulista. Já contava-se uma década que não ocorriam movimentos grevistas devido a repressão. As exigências dos trabalhadores eram a liberdade para os sindicatos, o aumento salarial entre outros. Nesse contexto surgiu um novo líder sindical em São Bernardo, Luís Inácio da Silva, mais conhecido como Lula, nesse período ele era presidente do sindicato dos metalúrgicos. Lula teve um importante papel na liderança sindical do país. O movimento espalhou-se por todo país. 
O governo resolveu antecipar-se ao crescimento da oposição e divulgou um programa de modificações constitucionais, decretando o fim do AI-5, mas mantendo a Lei de Segurança Nacional e a Lei de Greve. Instituíram-se também o Estado de Emergência, pelo qual o governo poderia suspender os direitos individuais, atribuindo amplos poderes as forças armadas. 
Nesse período, Geisel oficializou o nome do seu sucessor, o general João Batista Figueiredo. Eleito pelo Congresso Nacional graças ao pacote de abril, Figueiredo iniciou a abertura democrática, do país. Devido ao crescimento da oposição política, do renascimento dos movimentos estudantes e sindicais, a intensificação da crise econômica, o aumento da inflação e da dívida externa, Figueiredo implementou uma transição gradual para a democracia sob controle do governo.
Em junho de 1979, o Congresso Nacional aprovou a Lei de Anistia que anistiava os perseguidos, mas impedia a condenação dos violadores dos direitos humanos, dos torturadores. Algumas semanas depois, começaram a retornar ao Brasil os exilados: Luís Carlos Prestes, líder comunista, Miguel Arraes, ex-governador do Rio Grande do Sul, e centenas de outros. “[...] foi possível introduzir na Lei da Anistia dispositivos que garantiram a estranha figura da anistia recíproca, em que os torturadores foram anistiados com os torturadores.” (REIS FILHO, 2000, p. 70)
Em 1982, o governo perdeu as eleições diretas para os governos estaduais, que não ocorriam desde 1965. Como foi derrotado justamente nos estados de maior importância econômica e populacional, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, tudo indicava que em 1985, quando acabaria o mandato de Figueiredo, não seria fácil impor outro nome para dar continuidade ao ciclo dos militares no poder.
Em 1984, ganhou corpo uma grande campanha nacional em defesa das eleições diretas para presidente. Gritando o slogan "Diretas já", milhões de pessoas saíram as ruas exigindo eleições diretas. Em todo o país, atos públicos e grandes comícios, os maiores da história do Brasil, davam um colorido especial a essa campanha.
No dia 25 de abril de 1984 ocorreu a votação no Congresso Nacional por uma emenda constitucional restabelecendo as eleições diretas, porém para a tristeza do país, uma parte dos deputados, entre esses Paulo Maluf, boicotou a votação, impedindo a aprovação da emenda. A sociedade vivia um momento de derrota:
Nos meses que se seguiram à derrota das direitas, em meio à frustração da sociedade mais organizada, realizaram-se inúmeras negociações de bastidores e articulações partidárias. Uma parte do PDS retirou seu apoio ao governo, formando a Frente Liberal. Essa, junto com o PMDB, apresentou uma chapa, considerada extremamente conservadora, para disputar a votação no Colégio Eleitoral, marcada para janeiro de 1985: Tancredo Neves para presidente e José Sarney- um aliado histórico do regime que se tornara dissidente de última hora - para vice. (NAPOLITANO, 1998, p.99)
No dia 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos pelo Colégio Eleitoral. A sociedade nesse momento acreditava em grandes mudanças, pois havia um desgaste muito grande desde o regime militar.
A situação dos brasileiros era de miséria e desigualdade social proporcionada pela a inflação que encontrava-se acelerada; o poder de compra dos trabalhadores era quase inexistente, o desemprego era muito intenso. O governo deveria agir rápido para sanar os problemas que a sociedade enfrentava. O povo por sua vez, estava muito esperançoso, pelo fato dos militares não estarem mais no poder, porém toda essa alegria logo se transformaria em tristeza. José Sarney foi eleito Vice-Presidente da República, na chapa de Tancredo Neves, vencendo Paulo Maluf, e Flávio Marcílio, assume a presidência no dia 15 de março de 1985. Na véspera da posse, o Presidente Tancredo Neves foi hospitalizado, Sarney aproveita a situação, e toma a posse no lugar de Tancredo, o discurso era que quando Tancredomelhorasse a posse de Presidente voltaria para as suas mãos. Tancredo após passar por varias cirurgias, acaba por não resistir e falece no dia 21 de abril de 1985.
Sarney governou o país de 1985 até 1989, ano esse que aconteceu as primeiras eleições democráticas após o regime militar, a vitória foi de Fernando Collor de Mello.
CAPÍTULO II
O MOVIMENTO ESTUDANTIL NO ANO DE 1968 NO BRASIL
Na década de 60, espalharam-se movimentos de contestações pelo mundo inteiro os movimentos estudantis, movimentos de contracultura, lutas por direitos civis e movimentos a favor dos negros. Os movimentos foram desencadeados por grupos de estudantes e intelectuais, principalmente diante da centralização do poder e pela força da opressão dos regimes. Durante a Guerra Fria os estudantes reivindicavam mais verbas para as universidades e as escolas, a melhorias dos espaços de estudos, laboratórios, bibliotecas, bem como a ampliação do acesso da população de baixo poder aquisitivo nas universidades, a concessão de bolsas de estudos, entre outros.
Os países onde começaram esses movimentos foram Estados Unidos, França e Alemanha. No caso do Brasil, 1968:
foi também um ano de tormentas, com um personagem central: a rebelião estudantil. Estudantes universitários, pouco mais de 200 mil, menos de 0,5% da população, quase todos filhos da classe média. Ao seu lado, o mais amplo e diferenciado contigente de estudantes secundaristas. (REIS FILHO, 1988, p. 11)
No ano de 1968 os estudantes brasileiros entraram em cena, pois tinham um sonho, que já estavam em suas mentes a tempos: desejavam a reforma do ensinos, mais verbas para universidades e escolas, melhoria no ambiente escolar e universitário capacitação dos professores, acesso das pessoas mais pobres no nível secundário e superior, entre outros. O movimento se fortaleceu com as notícias que vinham de fora, como por exemplo, dos estudantes da França que saindo às ruas de Paris, erguendo barricadas e protestando.
No Brasil, em 1965, aconteceu, “os primeiros ensaios” do movimento estudantil: na Universidade Federal do Rio de Janeiro ocorreu uma vaia ao general-presidente Castelo Branco, um plebiscito nacional sobre a lei Suplicy, no qual a ampla maioria dos estudantes decidiu pela manutenção de suas entidades fora do controle do governo. Ainda nesse ano, houve uma manfifestação contra o AI-2, também no Rio de Janeiro. (REIS FILHO, 1988, p. 12)
No ano de 1966 o movimento estudantil saiu as ruas no mês de março em Belo Horizonte, fizeram uma passeata contra o governo, eles foram alvo do ataque da policia. Ainda em 1966, a UNE se reuniu-se, mesmo na clandestinidade, para eleger a nova diretoria. Com isso planejaram muitas manifestações, que acabam por agitar as principais cidades do país contra a repressão. Para tentar coibir essas ações, um “fato provocou comoção: a invasão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro por tropas da polícia militar que espancaram e prenderam centenas de estudantes." (REIS FILHO,1988, p.13) Ou seja, quanto mais os estudantes se manifestavam, mais a polícia, a mando dos militares, agia com intolerância. 
No ano de 1967, mesmo com o clima de derrota, a UNE organizou um congresso em São Paulo; o movimento seguia em escala nacional, articulava-se melhor e pensava nos próximos passos. Os estudantes perceberam que a política do governo era ao contrário do que eles desejavam. Ao invés da ampliação de matrículas, o ensino tornou-se ainda mais seletivo nas universidades públicas, também era precária a política de assistência, aos estudantes, por excemplo, os restaurantes universitários foram fechados. "As propostras de democratização da Universidade e da educação entraram em rota de colisão com os objetivos dos donos do poder" (REIS FILHO, 1988, p.13)
O ano de 1968 ainda mais conturbado, diversas manifestações aconteceram. Já em janeiro e fevereiro aconteceram as primeiras lutas, em março cresceram as manifestações por vagas nas cadeiras universitárias. A força agora vinha de São Paulo e Rio de Janeiro estudantes da Fundação Getulio Vargas, da Filosofia da Usp da PUC e de outras universidades.
No dia 28 de março os estudantes preparavam uma manifestação, armados de faixas e bandeiras, sairam as ruas para protestar. Essa passeata seria só mais uma manifestação se não fosse a ação da polícia, que invadiu o restaurante calabouço. Foi um conflito entre estudantes desarmados e policias armados. Ao entrar no restaurante, a polícia começou a dar tiros, um desses acertou um estudante secundarista de 17 anos, Edson Luis de Lima Souto. A partir desse acontecimento, deu-se o estopim para o desencandeamento de diversas manifestações contra o regime militar.
Com esse episódio o movimento estudantes ganhou força, foram realizadas passeatas em todo o país. No dia seguinte ao velório de Edson Luis, que aconteceu na Assembléia Legislativa, 50 mil pessoas sairam as ruas para acompanhar o enterro de Edson.
No dia 4 de abril foram realizadas duas missas para o estudante na Candelária. Nesse mesmo momento, as ruas do Rio de Janeiro eram mais um vez transformados em um palco de guerra, no céu os aviões militares, intimidaram o povo e a pressão era feita pelos policiais e agentes do Dops.
 Num prédio da Avenida Presidente Vargas, com suas luzes apagadas, os esdudantes lançavam pedras contra os policias. No final da missa, Padres formaram um cordão em volta do cortejo para evitar que os militares fizessem um novo ataque aos estudantes, foi naquele ambiente encontrava-se os policiais estavam prontos para agirem, se preciso. 
No Rio, os militares continuaram a fazer vítimas, com mais uma morte e muitos feridos. Já em São Paulo, o clima foi outro, estudantes organizaram uma manifestação, que foi realizada no dia 1 de abril, com o intuito de protestar sobre o acontecimento no Rio, do assassinato do estudante Edson Luís. No inicio da passeata tudo corria bem, porém o movimento se dividiu, a ex- presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes), Catarina Melloni, defendia a idéia do confronto com a polícia, e o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), José Dirceu, acreditava que os objetivos já tinham sido alcançados, proprondo a retirada a fim de evitar novos conflitos. Mesmo com a oposição, os estudantes moderados atenderam ao presidente, acabando com o evento.
No Rio de Janeiro, no dia 20 de junho de 1968, a polícia cercou a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, tinham o objetivo de prender os líderes estudantis. Porém os estudantes não esperaram, armaram-se de pau, pedras e forçando a saída em meio as núvem de gás lacrimogênio. Foi inútil a tentativa. Ao final do conflito muitos estudantes foram presos, e levados ao estágio de futebol do Botafogo. Ali, amontoados, foram submetidos a torturas, sentindo medo e insegurança. As atrocidades foram divulgadas pelos meio de comunicação, o jornal denunciou violência vivida pelos estudantes. Os jornais estapavam fotografias, fazendo com que as pessoas pudessem ver o tamanho da crueldade, cometida despertando revoltas em massa.
No dia seguinte houve mais um conflito que recebeu o nome de "Sexta-Feira Sangrenta", os estudantes que protestavam pelos acontecimentos do dia anterior, sofreram a resposta da polícia que foi imediata, chegaram atirando, fazendo desta vez muito mais vítimas.
Desta vez, no entanto, a cidade reagiu como pôde usando paus, pedras, objetos contudentes jogados do alto das janelas, fios de arame para derrubar cavalos. A batalha durou mais de sete horas e levou a prisão mais de mil pessoas. Mas a policia também foi obrigada a contar suas baixas:1 morto, 35 feridos, mais de dez camburões incendiados (REIS FILHO, 1988, p.16,17)
Ainda no ano de 1968 a polícia continuava em outros estados, como a agir na Universidade de Brasilia, que foi cercada e invadida. As tropas policiasi també invadiram o campus da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. O clima era de tensão em todo o país. 
O governo, por conta da opinião pública,saiu de cena, sumindo por um pequeno tempo das ruas, com isso criou-se a oportunidade única para a maior manifestação popular já até então realizada pelos estudantes, a Passeata dos cem Mil. 
No dia 26 de junho de 1968, com a presença de políticos, artistas, intelectuais, trabalhadores e, obviamente, uma massa estudantil, a sociedade civil marcava sua presença contra o regime militar, no evento conhecido como Passeata dos Cem Mil. (NAPOLITANO, 1998, p. 32)
Esse evento foi muito importante pois contava com a participação não só dos estudantes. Durante a passeata, foi escolhida uma comissão para uma audiência com o Marechal Costa e Silva, com o objetivo de fazer negociações a favor dos estudantes que havia sido presos em outros eventos e também a reabertuta do Calabouço. No entanto, o Marechal sabia o motivo real das manifestações feitas pelos estudantes e não estava disposto a afroxar suas ações contra o movimento.
As manifestações seguiram no decorrer de todo o ano de 1968. No mês de outubro, iniciou-se um conflito diferente em São Paulo. No dia 2 de outubro, ocorreu um embate entre os alunos da Universidade Mackenzie e os da Faculdade de Filosofia da Usp. Esse confronto recebeu o nome de "Maria Antônia", pelo fato do conflito ter acontecido na rua Maria Antônia, a rua que separava as duas faculdades. No Mackenzie, os estudantes eram da direita, alguns faziam parte do CCC, Comando de Caça aos Comunistas, já os estudantes da Usp, eram da esquerda "mais atuante". Os estudantes que estavam na Faculdade de Filosofia, arrecandavam fundos para a organização do Congresso da Une, e foram supreendidos pelos estudantes de extrema direita, do Mackenzie. Esse evento acabou por transformar a rua em um palco de guerra. O conflito continuou durante o dia todo, de direita usavam armas exclusivas das Forças Armadas. A tarde um tiro foi disparado dos telhados do Mackenzie, atingindo um estudante secundarista de apenas 20 anos, José Guimarães. Os estudantes da Usp, em resposta, sairam em passeata em direção ao vale do Anhangabaú; no caminho carros foram queimados e pessoas feridas.
No dia 6 de outubro, os estudantes da Usp bloquearam as duas entradas do conjunto Residencial da Cidade Universitária, que foram guardados por estudantes atiradores armados de "Winchester" 44. Eles se escondiam no mato ao lado, pois temiam um ataque do CCC. Esse comando era um setor de extrema direita, que apoiava as ações realizadas pelo regime militar. Eles passaram a perseguir os estudantes, atores, músicos, bem como invadir peças de teatro e outros lugares que eram redutos da oposição. Passaram não só a perseguir, mas a como fazer agressões contra as pessoas que pertenciam a esses grupos.
[...] a intensificação da repressão, tentando aproveitar o refluxo para desarticular o movimento: prisão de lideranças, condenações de estudantes presos em passeatas, mobilizações maciças de tropas para impedir manifestações, invasões de universidades, espancamentos, utilização de forças parapoliciais para provocar e matar estudantes, como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) [...]. ( REIS FILHO, 1988, p.18)
Os estudantes estavam vivendo sobre forte pressão desde o início do ano. Estava cada vez mais difícil, realizar novas manifestações. Os estudantes e os líderes do movimento estudantil desaparecem um pouco das ruas, já pensando na realização do Congresso da UNE:
Já no segundo semestre do próprio ano de 1968, os estudantes davam claros sinais de que estavam recuando. Somente os setores mais radicais, alguns poucos milhares de jovens, mantinham o ânimo, frente a repressão desencadeada. No conjunto, a grande massa refluía. Estava disposta a reivindicar e a denunciar, mas não a ponto de arriscar-se em um vale tudo de vida ou morte (REIS FILHO, 2000, p.51)
 
Estava tudo preparado para acontecer o XXX Congresso da UNE, que seria realizado na clandestinidade no mês de outubro de 1968 em Ibiúna, São Paulo. A polícia acabou por desconfiar da ação a ser realizada pelos estudantes, pois seus principais líderes haviam a alguns dias saído das ruas e estavam calados, o que despertou ainda mais os militares. Acabaram descobrindo o local da reunião e durante o evento chegaram para prender todos ali presentes, além das prisões dos líderes, foram presos aproximadamente setecentos estudantes.
O ano de 1968 foi muito conturbado para o movimento estudantil, eles estavam sendo muito perseguido e sofrendo repressão por parte dos policiais. Mesmo com o ano quase acabando os estudantes agora passaria por uma das perdas mais difíceis do movimento. 
Logo após essa perseguição o movimento estudantil perdeu suas forças e muitos estudantes nesse momento acabaram por entrar nas organizações de lutas armadas clandestinas, principalmente pela falta de espaço nas escolas e universidade e para que pudessem articular as suas manifestações. 
Segundo Marcos Napolitano:
A partir de 13 de dezembro de 1968, o Brasil entrava numa era de "terror de Estado", tornando legal a nona lei. Além da cassação generalizada de parlamentares e cidadãos, o AI-5 suspendia o hábeas-corpus de presos políticos, reforçava a centralização do poder no Executivo federal diminuindo a força política dos governadores, permitia a decretação de estado de sítio, sem prévia autorização do congresso em 1969, o governo regulamentou a censura prévia sobre os meios de comunicação e sobre produtos culturais como um todo (NAPOLITANO, 1998, p.33)
Os estudantes se movimentavam a todo o momento, além de greves, manifestações e passeatas, eles participavam da vida política e cultural do país nos Centros Populares de Cultura (CPC) existentes desde início da década de 1960. Os estudantes, com suas atividades artísticas nos CPCS, levaram a discussão política nos setores populares da sociedade. Eles buscavam assim conscientizar a população do que se passava na política brasileira, usando a música, o teatro e o cinema como voz, como forma de contestação e crítica.
Em São Paulo, o Teatro de Arena era um sucesso. Os autores nacionais realizavam discussões sobre a realidade política do país, isso estimulou outros grupos teatrais para encenar peças com temas da realidade nacional. Já em outros lugares do Brasil, como Recife, surgiam grupos amadores que, mesmo sem cursos, dispunha-se a popularizar esse tipo de espetáculo.
Do lado do teatro engajado brasileiro, estava o Teatro Oficina, fundado no ano de 1958 pelos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. O Teatro Oficina dava lugar para a repercussão de temas políticos das décadas de 1960 e 1970. No ano de 1974, o Teatro passou a ter poucas montagens devido o exílio de José Celso Martinez, diretor do grupo, os trabalhos só foram reiniciados na década de 1990, por conta do período da censura durante a ditadura.
Na segunda metade da década de 1960, surgiram os festivais de músicas brasileiros, que buscavam lançar novos talentos. Esses eventos tiveram grande sucesso graças a dois fatores, a expansão da televisão no Brasil, com o surgimento das grandes emissoras como a Globo e a Record, que promoviam os festivais, e o momento político vivido pelo país, com a juventude percebendo nas letras das canções um meio de manifestar-se politicamente.
Entre 1965 e 1969, os festivais estimularam o surgimento de uma nova geração de compositores e interpretes da Música Popular Brasileira, a MPB, com Geraldo Vandré, Edu Lobo, Chico Buarque, entre outros. Lado a lado aos festivais de MBP, também foram realizados festivais universitários e o festival internacional da Canção, cuja primeira edição foi apresentada pela TV Rio e depois pela TV Globo.
No tenso ambiente da política brasileira, das disputas dos festivais, da eloquência das canções de protesto e da música engajada, surgiram dois importantes movimentos no cenário musical: o Tropicalismo e a Jovem Guarda. 
O movimento Tropicalista nasceu com a proposta de assimilar influências, ritmos e formas musicais que estavam em evidencia em outras partes do mundo. Para eles o objetivo era mesclar temasbrasileiros com as inovações estéticas estrangeiras, sem rejeitar nenhum gênero musical nacional e internacional.
 Os artistas e os grupos musicais como Tom Zé, Os Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros, absorviam elementos de diferentes gêneros musicais (rock, bolero, samba etc.), e recorriam à guitarra elétrica em substituição ao violão, com o objetivo da necessidade de modernização e internacionalização da música.
Já a Jovem Guarda, cujo surgimento estava ligado ao programa de mesmo nome apresentado na TV Record, a partir de 1965, foi um movimento musical que basicamente repercutia e incorporava características do rock, influência sobretudo de grupos como os Beatles e os Rolling Stones. A assimilação deu origem ao chamado “iê, iê, iê”, o rock brasileiro da década de 1960.
Conseguiram enfraquecer o movimento dentre os lideres presos, estava José Dirceu, mais tarde ele foi solto quando foi trocado pelo embaixador americano Charles Burke Ellbrick, sequestrado no ano de 1969, assim, a polícia conseguiu calar a voz de um dos únicos movimentos contra o regime: o movimento estudantil.
Em 1977 ocorreu um fato muito importante: o renascimento do movimento estudantil que estava desarticulado desde 1968, devido à repressão do regime militar. Passaram-se dez anos e os estudantes voltaram às ruas com o objetivo de exigir a democratização do país e a convocação de uma Assembleia Constituinte. De acordo com Napolitano:
Ao longo do ano de 1977, certos acontecimentos traduziram a reconquista do espaço público de manifestação por parte da sociedade civil e, consequente, o rompimento do círculo do medo. A luta por “liberdades democráticas” se ampliava casa vez mais, como expressão da oposição ao regime militar. (NAPOLITANO, 1998, p. 62)
Muitas passeatas e atos públicos foram novamente reprimidos, os líderes do movimento estudantil foram presos, a Universidade Católica (PUC) de São Paulo foi invadida pela polícia militar, em represálias a um evento que buscava a reconstrução da União Nacional dos Estudantes, tal qual afirma Napolitano (1998, p. 65): “a brutal invasão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) – uma das poucas instituições de ensino que desenvolvia um pensamento crítico sem o controle do regime [...].” Segundo Napolitano, “a violência policial não ficou só na depredação das instalações físicas da universidade: provocou inúmeros feridos entre estudantes, funcionários e professores.” (IBIDEM, p. 65)
 Depois da posse do presidente Geisel em 1974, iniciou-se um processo de abertura política, nesse momento a UNE entendeu que esse era o cenário ideal para retomar a postura ativa dos estudantes. O movimento estudantil que se encontrava “adormecido” desde o ano de 1969, com a prisão de seus líderes, ressurgiu com XXXI Congresso da UNE, na Bahia, esse evento marcaria de vez a volta do movimento.
Nesse contexto de luta, um novo grupo político também surgia, porém, sobretudo cabia aos estudantes levantar a voz e irem busca de conquistar novas pessoas, novos aliados, que com as forças renovadas reivindicariam em 1984 as eleições diretas.
A UNE participou ativamente da campanha das “Direitas Já”, optando por apoiar a candidatura de Tancredo Neves, assim reafirmando o desejo pela a abertura política. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A História no século XIX era positivista e esse viés foi levado ao ensino, transformando-o em um estudo voltado somente para a memorização. Os historiadores concentravam-se nos feitos dos grandes homens, nos estadistas, nos generais ou ocasionalmente nos líderes eclesiásticos. Escreviam a história a partir de documentos oficiais, buscando descrever os fatos como (acreditavam) realmente aconteceram, sem interpretá-los.
No decorrer do século XX a produção historiográfica passou a disputar espaço com as novas ciências sociais. Na busca da compreensão da sociedade, novas ciências eram utilizadas, especialmente a sociologia, a antropologia e a economia. Como consequência dessa disputa, houve uma renovação nos estudos, nas pesquisas, com novos paradigmas que visavam ultrapassar o historicismo. No Brasil, infelizmente, foi só a partir da década de 1980, com o fim da Ditadura Militar, que o ensino positivista foi superado, dando lugar a uma nova perspectiva crítica da História.
Nosso trabalho buscou pesquisar o movimento estudantil no Brasil de 1968 e suas inúmeras manifestações. As mobilizações dos estudantes questionaram a Ditadura Militar e atraíram outros muitos setores sociais para as manifestações que estavam também descontentes com o Regime Militar. 
No entanto, apesar dessas novas perspectivas, o ensino de História continua, muitas vezes sendo focado nas histórias dos heróis, o professor mesmo com novos métodos continua a dar ênfase, dar importância a datas, fatos e aos grandes nomes de heróis que são destacados. No momento em que se vai discutir o período da Ditadura Militar, continua dando mais ênfase aos movimentos das guerrilhas e o próprio regime militar, quase não se fala dos movimentos de contestação, dos movimentos estudantis no Brasil de 1968, sendo esse último praticamente deixado de lado no ensino de História. 
No decorrer de nossa pesquisa consideramos que é possível discutir, analisar o período da Ditadura Militar desconsiderando a aula positivista, onde os alunos decoram datas, nomes e fatos. Podemos sim, trabalhar com esse período de uma maneira crítica, contribuindo para que esses alunos possam conhecer o contexto e entendê-lo, pois, muitas vezes o que ocorre é: o assunto ficando muito vago. É importante compreender como que mesmo com todas as represálias vividas, existiram grupos que não aceitaram calados o que lhes eram impostos.
Assim, o trabalho com as novas linguagens, neste caso o uso da música na sala de aula, pode proporcionar ao professor uma ferramenta que contribua para que o ensino de História seja de fato significativo e problematizador, proporcionando aos alunos o pensar ao invés de memorizar. 
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2009. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FAGANELLO, Decléia Maria (coord.). Apresentação de Trabalhos Acadêmicos: orientações. Universidade de Mogi das Cruzes: Mogi das Cruzes, 2007.
HILL, Christopher. O Mundo de Ponta-Cabeça: idéias radicais na Revolução Inglesa de 1640. 3.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro: 1964-1985. 3. ed. São Paulo: Atual, 1998.
____________________. Cultura Brasileira. Utopia e massificação. São Paulo: Contexto, 2001, p. 73. 
PALMA, Cintia Mara de Souza. O tempo no ensino de História. Universidade Federal do Paraná, 1996. Mimeografado.
PONTES, José Alfredo Vidigal; CARNEIRO, Maria Lúcia. 1968: do sonho ao pesadelo. São Paulo: O Estado de São Paulo, 1968.
REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura militar: esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
_______________________. 1968: a paixão de uma utopia. Rio de janeiro: Espaço e tempo, 1988.

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