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APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Aplicada à Medicina Nuclear A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que utiliza métodos seguros, praticamente indolores, não invasivos e de relativo baixo custo para fornecer informações que outros exames diagnósticos não conseguiriam, através do emprego de fontes abertas de radionuclídeos. Habitualmente os materiais radioativos são administrados in vivo, por via venosa, oral, inalatória ou subcutânea, e apresentam distribuição para órgãos ou tipos celulares específicos, não havendo risco de reações alérgicas. Esta distribuição pode ser ditada por características do próprio elemento radioativo. Outras vezes, o mesmo é ligado a um outro grupo químico, formando um radiofármaco, com afinidade por determinados tecidos. A radioatividade da maioria dos elementos empregados cai para a metade (meia vida) em questão de horas ou dias e a radiação emitida é do tipo gama, similar aos raios X. O tempo de permanência dos materiais radioativos no corpo do paciente é ainda mais reduzido considerando-se que muitas vezes ocorre eliminação deste pela urina. Tomando como exemplo o tecnécio-99m, isótopo empregado para a marcação da maioria dos radiofármacos, verificamos que sua meia-vida é de apenas 6 horas e emite radiação gama com energia de 140 keV. A dose de radiação dos procedimentos diagnósticos em Medicina Nuclear é, de uma forma geral, similar ou inferior à de outros métodos diagnósticos que empregam raios X. Nas aplicações diagnósticas, a distribuição do radiofármaco no corpo do paciente é conhecida a partir de imagens bidimensionais (planares) ou tomográficas (SPECT), geradas em um equipamento denominado câmara cintilográfica. A maior ou menor captação dos compostos permite avaliar a função dos tecidos, ao contrário da maioria dos métodos radiológicos que dão maior ênfase na avaliação morfológica dos órgãos. A avaliação funcional realizada pela Medicina Nuclear traz, muitas vezes, informações diagnósticas de forma precoce em diferentes patologias. Essas alterações podem ser detectadas quando ainda não há mudanças significativas na anatomia e mesmo antes dos sintomas aparecerem, conferindo à cintilografia elevada sensibilidade diagnóstica e promovendo melhores chances de tratamento efetivo ao paciente. Assim, estamos muito acostumados com as imagens anatômicas em exames complementares, que localizam, medem, calculam volumes, avaliam a forma em três dimensões, em cortes tomográficos e que caracterizam estruturalmente os órgãos e as lesões em estudo. Porém, a imagem funcional acrescenta uma informação diferente e o objetivo aqui é outro: conhecer o comportamento metabólico e como está a função do órgão em estudo. Outra vantagem é poder realizar, de uma só vez, exames de corpo inteiro no paciente como, por exemplo, no caso da cintilografia óssea e pesquisas de metástases. Dentre os exames em Medicina Nuclear hoje disponíveis, incluem-se análises do funcionamento do coração, cérebro, tireóide, rins, fígado e pulmões, avaliação de doenças nos ossos, além do diagnóstico de tumores nos principais órgãos do corpo. Alguns radioisótopos emitem radiação beta, com maior poder de ionização dos tecidos. Estes materiais também têm sua captação dirigida para tecidos específicos, como no exemplo do iodo-131 captado pela tireóide. Quando administrados em altas atividades, estes isótopos podem ser empregados com finalidade terapêutica (no exemplo citado, o iodo-131 permite a redução seletiva do parênquima glandular em casos de hipertireoidismo ou mesmo o tratamento de metástases do carcinoma bem diferenciado da tireóide). A Medicina Nuclear pode também auxiliar no tratamento de tumores neuroendócrinos e da dor nas metástases ósseas. Entenda Como é Realizado o Diagnóstico Por Imagem na Medicina Nuclear A Medicina Nuclear (MN) é a modalidade na Radiologia que utiliza fontes com substancias radioativas (radionuclídeos) para a formação de diagnóstico por imagem e para tratamento de patologias. Estas fontes são administradas por via oral, inalatória, venosa ou subcutânea, as fontes são distribuídas para os órgãos a serem estudados. As fontes são distribuídas para os órgãos diante da característica do elemento radioativo ou pela composição com outro elemento químico, formando um radiofármaco, este terá afinidade com determinados tecidos e assim sendo distribuído para outros órgãos. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Características dos Elementos na MN Os elementos utilizados na Medicina Nuclear emitem a radiação gama e diminuem a sua energia pela metade (meia-vida) em fração de horas ou dias, o tempo em que os elementos ficam no corpo do paciente é reduzido também pela urina. O Tecnécio 99m é o isótopo utilizado para marcação de muitos radiofármacos e diminui a sua energia de 140 keV pela metade (meia-vida) a cada 6 horas. A energia utilizada na MN para os exames de diagnóstico possuem doses de radiação iguais ou inferiores aos métodos que utilizam os Raios-X. O radiofármaco é distribuído no corpo do paciente emitindo energia e, um equipamento denominado Câmara Cintilográfica (Cintilografia) realiza a leitura desta energia, esta leitura então é transformada em imagens para o diagnóstico. Veja a definição de Radiofármaco e outros termos usados na Radiologia no nosso Glossário de Radiologia Conforme é realizada a leitura da radiação nos órgãos são captadas baixas e altas energias, isto permite avaliar a função dos tecidos, diferente de outros métodos na radiologia, onde o diagnóstico é realizado pela a imagem anatômica, a MN permite o diagnóstico pela avaliação funcional, sendo possível detectar diferentes patologias de forma precoce. O exame diagnóstico da MN avalia a imagem funcional do órgão em estudo, por isso é possível conhecer o seu comportamento metabólico e a sua funcionalidade. O exame ainda consegue visualizar a imagem do corpo inteiro do paciente para diagnóstico de metástase tumoral. A medicina nuclear é uma especialidade da medicina que faz uso de técnicas seguras e indolores para compor imagens do corpo e tratar patologias. Como terapêutica, a radiação é utilizada com o objetivo de curar patologias, como, por exemplo, algumas formas de neoplasias. Apesar de o feixe radioativo incidir exatamente sobre o tumor, vários efeitos colaterais acompanham este tipo de tratamento. Com relação ao diagnóstico de afecções, a medicina nuclear, de forma não invasiva, permite identificar uma afecção, além de fornecer informações sobre o tipo ou extensão da mesma, por meio do uso de isótopos radioativos. Estes, por sua vez, evidenciam a sua localização por emitirem radiação nuclear. A identificação, por parte de uma câmara gama, de muitos fótons gama, possibilita a composição de imagens ou filmes que expressam o estado funcional dos órgãos. Dentre os tipos de radiações usadas pela medicina nuclear observa-se: • Partícula beta: trata-se de um elétron, que pode, portanto, ser utilizado em determinadas terapias, como no tratamento de hipertireoidismo, tumores na tireóide e doença de Plummer, por meio do uso do Iodo-131. • Pósitron: trata-se de um “elétron” de carga positiva (antipartícula de elétron). Utiliza-se este tipo de radiação nos exames PET (Positron Emission Tomography- Tomografia por Emissão de Pósitrons), sendo o FDG (glicose marcada com Fluor-18) o principal radiofármaco utilizado neste tipo de exame. • Radiação Gama: trata-se de um fóton, em outras palavras, onda magnética (energia). Os raios gama originam-se nos núcleos atômicos e são utilizados na maior parte dos exames na medicina nuclear, sendo detectados pela câmara gama. Na medicina nuclear, o principal radionucleídeo que emite a radiação gama é o tecnécio. Um radiofármaco é composto por dois componentes distintos: um radionucleotídeo, que consiste em uma substância com propriedades físicas desejadas de acordo com cada procedimento; e um vetor fisiológico,ou seja, uma molécula orgânica que se fixa preferencialmente em determinado tecido ou órgão. Dentre os principais radiofármacos utilizados na medicina nuclear encontra-se: • Tecnécio-99-metaestável; APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 3 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • Iodo-123 e Iodo-121; • Tálio-201; • Gálio-67; • Índio-111; • Xénon-133; • Crípton-81m; • Flúor-18. Os exames de medicina nuclear compreendem: • Radiografia de raio-x; • Tomografia computadorizada (TC); • Tomografia de emissão de pósitron (PET); • Ressonância magnética nuclear; • Cintilografia. Medicina Nuclear A medicina nuclear é uma especialidade médica que realiza diagnóstico e terapia através da radiação emitida por elementos radioativos (radioisótopos). A descoberta da radioatividade, no ano de 1896 por Antoine Henri Becquerel, abriu as portas para o desenvolvimento dessa especialidade que teve seu reconhecimento no ano de 1971, pela Associação Americana de Medicina. Os elementos radioativos utilizados em um serviço de medicina nuclear podem ser emissores das radiações alfa, beta e gama, de tal forma que a energia transportada por elas é preponderante no diagnóstico, dando suporte na formação de imagens das estruturas internas de pacientes e na terapia, permitindo o tratamento de algumas patologias. Imagem gerada pelo serviço de medicina nuclear, à esquerda, e aparelho(Pet/Ct) responsável por gerar imagens, à direita. A utilização da radiação pode tomar vários caminhos, dependendo de quem a conduz; nas mãos de físicos e médicos, um dos resultados é essa impressionante modalidade conhecida como Medicina Nuclear. Medicina Nuclear As informações contidas nesta página são orientações gerais. Elas nunca devem substituir as especificações feitas pelo médico para o seu caso. 1. A mamografia dói? Não. As substâncias empregadas têm baixa radioatividade e, no geral, não provocam efeitos colaterais nos pacientes. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 2. O que os exames e pesquisas realizadas pela Medicina Nuclear avaliam e diagnosticam no paciente? A sua aplicação é muito abrangente e inclui o estudo de diversos sistemas do nosso organismo, como ossos (cintilografia óssea), mama e vulva (linfonodo sentinela e cintilografia mamária), rins, coração, pulmão, cérebro e tireóide, entre outros. É possível, na prática clínica, realizar diagnóstico de tumores e estadiamento de diversos tipos de câncer, além de avaliar resposta a tratamentos, complicações cirúrgicas e aplicar tratamentos. 3. Em que consiste a pesquisa de linfonodo sentinela? É uma técnica nova empregada para localizar o linfonodo principal do tumor, que utilizada um aparelho portátil de detecção de radiação (gama-probe) que é deslocado para o centro cirúrgico para ajudar o o cirurgião na sua retirada. O estudo desse linfonodo pode evitar o esvaziamento axilar em até 80% das pacientes com câncer de mama em estágios iniciais, reduzindo o tempo de cirurgia e tornando o ato cirúrgico menos agressivo. 4. Em quais casos a Medicina Nuclear é empregada como tratamento? Em alguns casos são usadas substâncias radioativas para tratamento, como o Samário 153 para dor óssea e o Iodo 131 para hipertireoidismo. 5. Quais os tipos de exames realizados na Medicina Nuclear? Cintilografia do miocárdio: estuda o fluxo sanguíneo nas artérias coronárias e mede a função cardíaca simultaneamente. Cintilografia óssea: avalia lesões ósseas, fraturas, tumores ou dor óssea sem causa desconhecida. Cintilografia da tireóide: avalia a função e captação e mostra a estrutura da glândula. Cintilografia renal: avalia as funções dos rins e vias urinárias. Cintilografia pulmonar: avalia a ventilação e a perfusão sanguínea pulmonar, assim como determinação de presença de trombos. Cintilografia hepatobiliar: determina as funções do fígado e vesícula biliar, além da obstrução por cálculos. Cintilografia para pesquisa de refluxo gastroesofágico: determina a existência, ou não, do refluxo gastroesofágico ou de aspiração pulmonar de maneira rápida e fácil, podendo ser realizado em adultos ou crianças. 6. Como é feito o exame de Medicina Nuclear? Existe uma variedade de procedimentos na Medicina Nuclear, mas, eles seguem basicamente três passos principais: administração do traçado, obtenção e análises das imagens. Os traçadores geralmente são injetados na veia, mas também podem ser inalados ou ingeridos. Logo passamos para a fase de aquisição de imagens, em que o paciente é posicionado na câmara de cintilação, que será colocada o mais próximo possível da região do corpo a ser examinada. Após o termino do exame, o médico especialista examinará e irá elaborar um laudo médico sobre a situação do paciente. 7. Para que serve a Medicina Nuclear? Além dos diagnósticos, ela também apresenta aplicações terapêuticas para certas doenças, como, por exemplo, o hipertiroidismo. A Medicina Nuclear é um método seguro, de baixo custo e indolor, que fornece informações que não são possíveis obter por meio de outros métodos. Por serem mais sensíveis, identificam as alterações muito antes de o problema se tornar aparente por outros exames. 8. Quais são os cuidados que devem ser tomados pelo pacientes após o exame de Medicina Nuclear? O paciente poderá voltar à sua rotina normal e reassumir suas atividades. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 5 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Medicina Nuclear Com mais de 70 anos de experiência na área da saúde, nomeadamente na Imagiologia Clínica, a Dr. Campos Costa rege a sua atuação através da permanente procura da excelência clínica, elevados níveis de serviços e constante adoção de moderna tecnologia, ao serviço da medicina. A Medicina Nuclear é uma especialidade médica de diagnóstico e de terapêutica. Quer os exames diagnósticos quer os actos terapêuticos realizados consistem na administração ao doente de substâncias radioactivas chamadas radiofármacos. São usados radiofármacos diferentes dependendo do órgão ou da doença que se pretende estudar/tratar. Após a administração do radiofármaco, decorrido o intervalo de tempo adequado para cada exame, são adquiridas imagens em equipamentos específicos: a gama-câmara ou o tomógrafo PET. As imagens assim obtidas são consideradas imagens funcionais ou metabólicas, por oposição às imagens fundamentalmente anatómicas fornecidas pelos estudos de Radiologia. Contudo, o tomógrafo PET-CT, permite adquirir, num só exame, a imagem metabólica de Medicina Nuclear e uma TAC da mesma região, que são fundidas digitalmente para avaliação metabólica e anatómica conjunta, permitindo, assim, usufruir das vantagens inerentes às duas metodologias num único exame. Deve fazer-se acompanhar, sempre, por relatórios médicos que tenha em sua posse e por exames anteriores (imagens e relatório) que tenha realizado, seja na Medicina Nuclear seja noutros serviços - a integração de toda a informação clínica disponível é essencial para a interpretação das imagens e para o resultado do exame. A Unidade de Medicina Nuclear A Unidade de Medicina Nuclear dispõe de instalações e equipamentos preparados para a realização de todos os exames de diagnóstico de Medicina Nuclear e realiza terapêuticas do âmbito da Medicina nuclear, excepto aquelas que obrigam a internamento. A equipa de profissionais das Unidades de Medicina Nuclear da Dr. Campos Costa – Imagiologia Clínica, conta com médicos especialistas em Medicina Nuclear, técnicos de medicina nuclear, auxiliares de acção médica e elementos de secretariado com grande experiência nesta área. Conta, ainda, com a colaboração de médicos especialistas em Cardiologia com larga experiência no campo da Cardiologia Nuclear. A Unidade de Medicina Nuclear possui duas gama-câmaras para realização de exames de Medicina Nuclear Convencional (cintigrafias /cintilografias/cintilogramas - sinónimos) e um tomógrafo PET-CT para realização de PET’s.No início de 2016, uma das gama-câmaras da Unidade foi substituída por um novo equipamento: uma gama-câmara Discovery NM630 da General Electric (GE) de última geração. Esta gama-câmara disponibiliza-nos a tecnologia e a electrónica mais avançadas do mercado, com detectores mais sensíveis, mais rápidos e com maior resolução de imagem o que permite obter imagens de excelente qualidade. Para além disso, a melhor geometria e ergonomia desta gama- câmara, permitem acesso e maior conforto a um maior leque de biótipos e de condicionantes físicas dos próprios doentes. Os Radiofármacos Podem ser utilizados radiofármacos diferentes, consoante o órgão ou a doença que se pretende estudar. Os protocolos de realização dos exames (que definem, p. ex., o intervalo entre a administração do radiofármaco e a aquisição das imagens, o número e o tipo de imagens), variam de acordo com o radiofármaco utilizado para o exame que foi requisitado pelo seu médico. Os exames de Medicina Nuclear e as terapêuticas efectuadas são considerados procedimentos não invasivos. A administração do radiofármaco é feita, na maioria das vezes, por via endovenosa (como quando colhe sangue para análise), podendo também ser efectuada por via oral ou inalatória, dependendo do exame. Nos estudos de drenagem linfática efectuam-se pequenas injecções subcutâneas ou intra-dérmicas. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR As reacções adversas aos radiofármacos usados (alergias, p.ex.) são consideradas muito raras (<1/10.000 exames). A aquisição das imagens pode, por vezes, ser demorada, mas é praticamente sempre bem tolerada pelos doentes. Os exames de Medicina Nuclear estão contra-indicados apenas em mulheres grávidas, excepto o estudo de perfusão/ventilação pulmonar e a pesquisa de gânglio sentinela da mama. Para os exames diagnósticos (cintigrafias/cintilografias/cintilogramas ou PET’s) é administrada uma dose de radiofármaco ajustada ao peso do doente. Em alguns exames pode ser pedida a suspensão de medicamentos que interfiram com a captação do radiofármaco. Esta situação é sempre orientada pela equipa médica e, sempre que necessário, o médico assistente é contactado pelo especialista em Medicina Nuclear para avaliação caso a caso. Para a realização de terapêuticas, uma vez que se pretende utilizar as propriedades da radiação para eliminar células anómalas, a quantidade de radiofármaco será superior. Os radiofármacos usados em Medicina Nuclear não são nefrotóxicos, ou seja, todos podem ser administrados com segurança a doentes insuficientes renais ou com transplantes renais. O contraste administrado para realização de uma TAC pode interferir com a qualidade dos estudos de Medicina Nuclear, pelo que, se tiverem que ser realizados no mesmo dia, a TAC deve ser marcada para depois da cintigrafia ou da PET. A Radiação As doses de radiofármaco e, portanto, de radiação, utilizadas em Medicina Nuclear estão definidas em normas de orientação internacionais e seguem, invariavelmente, o principio ALARA – “as low as reasonably achievable”, que significa: tão baixas quanto o razoavelmente alcançável. Ou seja, é sempre utilizada a dose mais baixa que permita a obtenção de imagens com a melhor qualidade técnica possível e de tratamentos o mais eficaz possível. Se lhe foi prescrito e realizado um estudo de Medicina Nuclear é porque o seu médico assistente e o especialista em Medicina Nuclear concordam que o benefício é claramente superior ao risco. Mesmo em doentes que realizam exames seriados para estudos de reavaliação, a premissa é sempre essa. Na altura do exame, ser-lhe-ão transmitidos cuidados simples de rádio-protecção a ter consigo próprio consoante o exame que estiver a realizar (p.ex. beber bastante água e urinar frequentemente). Não deve fazer-se acompanhar de senhoras grávidas ou de crianças com menos de 11 anos de idade (o feto e as crianças pequenas são mais susceptíveis aos efeitos da radiação) e, de um modo geral, deverá evitar contacto próximo e prolongado com grávidas e crianças com menos de 11 anos durante algum tempo após a administração do radiofármaco (geralmente, apenas algumas horas, mas podem ser necessários alguns dias, dependendo do exame/terapêutica realizados). Exames em Medicina Nuclear Exames de Medicina Nuclear Convencional Nota: entre aspas rectas encontra-se o nome do radiofármaco usado em cada estudo Estudos do Aparelho Osteoarticular Indicados no estudo das doenças dos ossos e das articulações - Cintigrafia óssea [99mTc- HDP] Indicada na detecção/seguimento de doenças articulares, de tumores ósseos primários, de metástases ósseas. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 7 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - Cintigrafia óssea em 3 fases [99mTc- HDP] Indicada na avaliação de situações clínicas com componente inflamatório associado como, por exemplo, na suspeita de complicações em próteses articulares (próteses da anca, dos joelhos), e de síndromes dolorosos complexos de um membro/região. Estudos Nefrourológicos Indicados no estudo dos rins e no da produção e eliminação da urina. - Cintigrafia do córtex renal [99mTc-DMSA ] Indicada no diagnóstico e seguimento de lesões/cicatrizes renais e para a avaliação percentual da função de cada rim. - Renograma [99mTc-MAG3 ou 99mTc-DTPA] Indicado no diagnóstico e seguimento de obstrução à eliminação de urina pelos rins. Também permite avaliar a função percentual de cada rim. - Renograma [99mTc-MAG3 ou 99mTc-DTPA] com Prova Diurética Indicado no diagnóstico e seguimento de obstrução à eliminação de urina pelos rins. A prova diurética consiste na administração, durante a prova, de um fármaco que estimula a eliminação de urina e, deste modo, permite melhorar a acuidade do exame, sobretudo quando há dilatação do bacinete renal. - Renograma [99mTc-MAG3 ou 99mTc-DTPA] com Captopril Indicado quando há significativa suspeita clínica de hipertensão de causa renovascular e para averiguar se eventuais estenoses (“apertos”) das artérias renais têm impacto funcional. O Captopril é um fármaco anti-hipertensor cujo método de acção ajuda a detectar esta situação. Quando o renograma com captopril revela alterações, deve ser, posteriormente, realizado um renograma basal (sem captopril) para comparação dos parâmetros e definição da probabilidade de hipertensão de causa renovascular. - Avaliação de transplantes renais [99mTc-MAG3 ou 99mTc-DTPA] Indicado para a avaliação da perfusão e da função do transplante. Nota: os radiofármacos usados em Medicina Nuclear não são nefrotóxicos, ou seja, todos podem ser administrados a doentes insuficientes renais e a doentes com transplantes. - Cistocintigrafia Directa [99mTc-DTPA] ou Indirecta [99mTc-MAG3 ou 99mTc-DTPA] Indicada para detecção/avaliação de refluxo vésico-ureteral. O método directo é feito com algaliação, permitindo, assim avaliar as fases de enchimento e de esvaziamento da bexiga. A cistocintigrafia indirecta realiza-se na sequência de um renograma, pelo que, só permite avaliar a fase de esvaziamento vesical (só pode ser realizada quando há controlo de esfíncteres, geralmente, a partir dos 2/3 anos). - Determinação da Taxa de Filtração Glomerular [99mTc-DTPA] Indicada para: 1) monitorização de doenças nefrourológicas, 2) no auxílio ao cálculo de dose de fármacos com eliminação renal e toxicidade orgânica previsível, 3) na monitorização de nefrotoxicidade e 4) para a avaliação de rins de possíveis dadores para transplante. - Cintigrafia Testicular [99mTc-pertecnetato] Indicada quando há um quadro clínico de dor testicular. Estudos Cardíacos APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 8 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - Cintigrafias de perfusão do miocárdio após prova de esforço ou prova farmacológica e em repouso [99mTc-tetrafosmina ou 99mTc-sestamibi] Indicadas no diagnóstico de doença das artérias coronárias, na avaliação funcional de uma estenose (“aperto”) conhecido de uma artéria coronária,na avaliação de risco coronário após um enfarte, na avaliação pré-operatória de risco cardíaco e na monitorização da terapêutica anti-anginosa. A prova de esforço é realizada em tapete rolante e a prova farmacológica usa um fármaco administrado por via endovenosa que simula o impacto que o exercício físico em tapete tem nas artérias coronárias. Ambas são realizadas por um dos cardiologistas do serviço. A realização de duas provas: “em esforço” e em repouso, e a comparação das imagens obtidas em ambas as condições é essencial para uma avaliação completa da perfusão do miocárdio. - Angiografia com radionuclídeos em equilíbrio (ARN ou MUGA) [99mTc-pertecnetato] Indicada na monitorização da função cardíaca em doentes tratados com fármacos cardiotóxicos (nomeadamente alguns tratamentos de quimioterapia) e em doentes com miocardiopatias e valvulopatias. Permite determinar a fracção de ejecção (função) do ventrículo esquerdo. - Cintigrafia para estudo da inervação simpática adrenérgica cardíaca [123I-MIBG] Indicada na avaliação de alguns doentes com insuficiência cardíaca, nomeadamente, para monitorização da terapêutica e para avaliação de candidatos a colocação de desfibrilhadores cardíacos implantáveis. Estudos Pulmonares - Cintigrafia Pulmonar de Ventilação e de Perfusão [Technegas® e 99mTc-MAA] Indicada no contexto de tromboembolismo pulmonar (enfarte pulmonar). Este diagnóstico requer a análise combinada das duas partes do estudo: a ventilação pulmonar e a perfusão pulmonar. - Cintigrafia Pulmonar de Perfusão com quantificação [99mTc-MAA] Indicada para avaliação quantitativa da perfusão pulmonar no contexto pré-cirúrgico (para ressecção de lesões pulmonares ou transplante pulmonar). Estudos da Tiróide e das Paratiróides - Cintigrafia da glândula tiróide [99mTc-pertecnetato] Indicada na avaliação de tireotoxicose (aumento das hormonas tiroideias no sangue, independentemente da causa) ou de hipertiroidismo (elevação das hormonas tiroideias no sangue por hiperfunção da glândula tiróide), na avaliação metabólica de nódulos da tiróide ou de outras alterações morfológicas da glândula tiróide. - Cintigrafia da glândula tiróide com 99mTc-Sestamibi [99mTc- Sestamibi] Indicada na avaliação metabólica de nódulos da tiróide hipofuncionantes cuja biópsia não foi conclusiva e na avaliação de doentes com tireotoxicose (aumento das hormonas tiroideias no sangue) induzida pela Amiodarona (fármaco usado para controlar arritmias cardíacas). - Cintigrafia das paratiróides [99mTc-Sestamibi] Indicada no contexto de hiperparatiroidismo para a localização pré-cirúrgica de glândula(s) paratiróide(s) hiperfuncionante(s). Estudos de Infecção e Inflamação - Cintigrafia com Anticorpos Anti-Granulócitos (LeukoScan®) [99mTc-pertecnetato] Indicada quando há suspeita de infecção no organismo (excepto na infecção da coluna vertebral). Obs.: ver Tomografia corporal com 18F-FDG. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 9 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - Cintigrafia corporal com Citrato de Gálio [67Ga] Indicada quando há suspeita de doenças infecciosas/inflamatórias ou auto-imunes (sarcoidose, por exemplo). Obs.: ver Tomografia corporal com 18F-FDG. Estudos de Doenças Oncológicas - Cintigrafia dos Receptores β-adrenérgicos [123I-MIBG ou 131I-MIBG] Indicada na avaliação/seguimento de tumores com origem em células da crista neural embriológica (p. ex. feocromocitomas, paragangliomas, neuroblastomas). - Cintigrafia dos Receptores da Somatostatina (OctreoScan®) [111In-Pentaoctreotídeo] Indicada na avaliação/seguimento de tumores neuroendócrinos (p. ex. tumores carcinóides, carcinomas de pequenas células, carcinomas medulares da tiróide, paragangliomas cervicais, insulinomas, gastrinomas). Obs.: ver Tomografia corporal com 68Ga-DOTANOC. - Cintigrafia do córtex das glândulas supra-renais [131I-Noriodocolesterol] Indicada na avaliação de nódulos localizados no córtex das glândulas supra-renais (produtores de cortisol, aldosterona ou hormonas androgénicas). Pode ter que ser realizado sob “tratamento” com corticóides para melhorar a acuidade do exame, mediante a suspeita clínica. - Cintigrafia corporal com Iodo [131I] Indicada na avaliação de remanescentes/suspeita de recidiva de tecido tiróideu funcionante após tiroidectomia em doentes a quem foi diagnosticado carcinoma diferenciado da tiróide. Estudos do Aparelho Digestivo - Cintigrafia das Glândulas Salivares [99mTc-pertecnetato] Indicada na avaliação da função das glândulas salivares (p. ex. no contexto de Síndrome de Sjögren). - Pesquisa de Mucosa Gástrica Ectópica [99mTc-pertecnetato] Indicada para detectar se existe tecido semelhante ao do estômago noutro local do sistema digestivo (p. exemplo num divertículo intestinal) e que possa ser a causa de dor abdominal ou hemorragia digestiva. Obs.: também conhecida como pesquisa de divertículo de Meckel. - Estudo do Esvaziamento Gástrico [99mTc-pertecnetato] Indicado quando há suspeita de que o tempo que o estômago demora a esvaziar o seu conteúdo esteja lentificado ou acelerado. - Pesquisa de Hemorragia Digestiva [99mTc-pertecnetato] Indicada para detectar e localizar o local de origem de uma eventual hemorragia em actividade no aparelho digestivo. - Cintigrafia Hepato-Biliar [99mTc-HIDA] Indicada para avaliar o funcionamento do fígado, das vias biliares e da vesícula biliar. Estudos do Baço e do Sistema Linfático - Pesquisa de baço acessório [99mTc-pertecnetato] Indicada para a detecção de tecido esplénico para além do baço. - Linfocintigrafia dos membros [99mTc-nanocolóides] Indicada na avaliação de edema das pernas ou dos braços, para avaliação da drenagem linfática. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 10 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - Pesquisa de gânglio sentinela [99mTc-nanocolóides] Indicada para a localização do gânglio sentinela de um tumor. O gânglio sentinela é o gânglio que recebe primeiro a drenagem da linfa que vem de uma determinada zona do corpo e na qual é injectado o radiofármaco (tumor da mama, melanoma, por ex.). A pesquisa de gânglio sentinela é um procedimento não invasivo e praticamente indolor que localiza esse gânglio. Estudos do Sistema Nervoso Central - Cintigrafia de perfusão cerebral [99mTc-HMPAO] Indicada na avaliação da perfusão cerebral nos vários contextos em que pode estar comprometida (demências, epilepsia, AVC’s). Obs.: ver Tomografia cerebral com 18F-FDG - Cintigrafia dos transportadores pré-sinápticos da dopamina (DaTSCAN®) [123I-FP-CIT] Indicada na avaliação de doentes com suspeita de doença do movimento (p. ex. Doença de Parkinson). - Cintigrafia dos receptores D2 pós-sinápticos da dopamina [123I-IBZM] Indicada no diagnóstico diferencial entre de Doença de Parkinson e outra doença do movimento (p. ex. Atrofia Multi-sistemas, Paralisia Supranuclear Progressiva, Degenerescência Cortico Basal). Tomografia por Emissão de Positrões (PET-CT) - Tomografia corporal com 18F-FDG (PET-CT com 18F-FDG) Indicada para avaliar o grau de utilização de glicose (metabolismo de glicose) por um tumor ou uma lesão suspeita. O metabolismo da glicose está muito aumentado nos tumores agressivos (chamados “pouco diferenciados”) e essa característica permite perceber a extensão da doença e acompanhá-la ao longo dos tratamentos. No contexto de doenças infecciosas (pneumonias, p. ex.), doenças inflamatórias (sarcoidose, p. ex.), também se verifica aumento do consumo da glicose, por isso, é extremamente importante que a equipa médica tenha disponível o historial clinico do doente, e é por isso que realizamos um questionário o mais completo possível sobre a sua história clínica. - Tomografia cerebral com 18F-FDG (PET-CT com 18F-FDG) Indicada no estudo de demências (as características da tecnologia PET-CT fazem com que as imagens tenham melhor resolução que as da Cintigrafia de perfusão cerebral com 99mTcHMPAO). Também pode ser útil no contexto da avaliação do metabolismocerebral inter-ictal em doentes com epilepsia. - Tomografia corporal com 18F-Colina (PET-CT com 18F-Colina) Indicada no estudo de doentes com o diagnóstico de carcinoma da próstata, prostatectomizados (por cirurgia ou radioterapia) e que demonstram aumento do PSA (situação chamada “recidiva bioquímica”). A colina permite identificar lesões que estejam em ritmo acelerado de divisão celular. - Tomografia corporal com 68Ga-DOTANOC (PET-CT com 68Ga-DOTANOC) Indicada na avaliação/seguimento de tumores neuroendócrinos (p. ex. tumores carcinóides, carcinomas de pequenas células, carcinomas medulares da tiroide, paragangliomas cervicais, insulinomas, gastrinomas). Os tumores neuroendócrinos têm receptores da somatostatina (que é uma hormona) e o DOTANOC é uma molécula idêntica à somatostatina – quando é administrado ao doente, fixa-se nos tumores e em eventuais metástases. As características da tecnologia PET-CT fazem com que as imagens tenham melhor resolução que as do OctreoScan®. Note que: Deve fazer-se acompanhar, sempre, por relatórios médicos que tenha em sua posse e por exames anteriores (imagens e relatório) que tenha realizado, seja na Medicina Nuclear seja noutros serviços - APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 11 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR a integração de toda a informação clínica disponível é essencial para a interpretação das imagens e para o resultado do exame. Terapêuticas em Medicina Nuclear As terapêuticas realizadas em Medicina Nuclear são consideradas terapêuticas moleculares. Nessas terapêuticas são utilizados radiofármacos diferentes dos utilizados nos exames de diagnóstico pela imagem. São diferentes porque emitem radiação na forma de partículas carregadas de alta energia que atravessam uma curtíssima distância. Isto é, essas partículas atravessam apenas algumas células nas quais depositam a sua energia, causando morte celular por danos irreparáveis no DNA apenas nessas células, ao contrário do que acontece com os tratamentos sistémicos com quimioterapia. Mais, como esses radiofármacos são compostos por moléculas específicas, dirigidas à doença, os tratamentos são, geralmente, muito bem tolerados. Para além disso, a administração é feita por via de injecção endovenosa ou por via oral, pelo que, todos os locais de doença são tratados simultaneamente, no mesmo tratamento. - Terapêuticas com Iodo [131I] – terapêutica de hipertiroidismo O 131I é usado desde os anos ’50 no tratamento do hipertiroidismo. Consiste, apenas, na ingestão de uma cápsula (ou de um líquido praticamente sem sabor) que contém 131I. É um tratamento que é bem tolerado pelos doentes e é efectuado em regime de ambulatório, ou seja, não requer internamento. Contudo, a actividade do radioisótopo, nesta situação, pode ser considerável, pelo que lhe serão transmitidos, de antemão, os cuidados que deverá ter consigo e com as pessoas com quem contacta de perto, no sentido de minimizar a exposição à radiação. - Terapêutica paliativa de carcinoma da próstata metastizado ao osso resistente à castração com Rádio-223 [223Ra] Os ensaios clínicos que avaliaram a eficácia e a segurança deste tratamento revelaram que é eficaz no controlo da dor óssea, melhora a qualidade de vida dos doentes e aumenta a sobrevida. É um tratamento que não requer internamento, é bem tolerado e não produz toxicidade hematológica que impeça a realização subsequente de outros tratamentos. Medicina Nuclear em Cardiologia Cintilografia de perfusão miocárdica Nos últimos 30 anos, a Medicina Nuclear na área cardiológica evoluiu muito. Novos radiofármacos, novos protocolos, novos equipamentos, novos softwares e, principalmente, novas aplicações na prática clínica, com particular destaque para a cintilografia de perfusão miocárdica (CPM), por ser uma técnica que permite avaliar a perfusão miocárdica de acordo com o território de irrigação coronariana. A CPM é importante por sugerir não apenas a presença de áreas miocárdicas com menor perfusão, possivelmente decorrentes de obstruções coronarianas, mas, sobretudo, por informar a magnitude (intensidade e extensão) da área acometida, o que muito auxilia o processo de decisão clínica. Se considerarmos especificamente a doença arterial coronariana, as indicações formais da CPM incluem as finalidades diagnósticas (síndromes coronarianas agudas e crônicas), a estratificação de risco de eventos cardiovasculares e, portanto, o auxílio à decisão terapêutica, o acompanhamento evolutivo da terapêutica escolhida e, ainda, a investigação de viabilidade miocárdica. Os protocolos empregados estão cada vez mais abreviados e as doses de radiofármacos, cada vez menores, tendo-se em mente redução na exposição radioativa. Os equipamentos também estão cada vez menores e mais rápidos no sentido de levar maior conforto e agilidade à realização dos exames. O radiofármaco (MIBI-tecnécio-99m e/ou tálio-201) é administrado em repouso e durante um estresse cardíaco, que pode ser físico (teste ergométrico) ou farmacológico (dipiridamol, adenosina ou dobutamina). APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 12 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Quando o indivíduo tem perfusão normal, as imagens basais e após o estresse mostram concentração homogênea do radiofármaco em ambas as fases. Nos casos de obstruções significativas nas artérias coronárias, a perfusão é normal nas imagens de repouso e diminuída nas imagens de estresse, na projeção do território irrigado por aquela artéria. Além da análise visual qualitativa, o exame traz informações semiquantitativas com a finalidade de estimar a magnitude da área isquêmica, o que é de grande valor na decisão da estratégia terapêutica a seguir. A cintilografia miocárdica oferece, ainda, informações sobre a função ventricular esquerda, tamanho da cavidade ventricular e possível presença de radiofármaco nos pulmões. Já é conhecido que indivíduos com fração de ejeção do ventrículo esquerdo reduzida, dilatação da cavidade ventricular e captação pulmonar têm pior prognóstico. Quando essas alterações estão presentes apenas na fase de esforço, ou seja, queda da fração de ejeção e/ou dilatação transitória da cavidade ventricular na fase de estresse, os pacientes podem ser portadores de doença coronariana multiarterial ou de obstrução no tronco da coronária esquerda, mesmo se a perfusão for normal ou pouco alterada. Indicações formais da CPM - Diagnóstico diferencial de dor torácica quando apenas o eletrocardiograma e a dosagem dos marcadores séricos não permite conclusão - Diagnóstico de doença arterial coronariana em pacientes considerados de probabilidade intermediária por discordância entre a clínica e a prova funcional, ou seja, com teste ergométrico positivo e sem sintomas ou sinais indicativos de isquemia miocárdica; em indivíduos que possuem eletrocardiograma não interpretável (BRE, ritmos de pré-excitação, ritmo de marca-passo, hipertrofia ventricular esquerda, etc.) ou diante de sintomas questionáveis e teste ergométrico inconclusivo - Investigação de indivíduos com alto risco ocupacional (piloto de avião, por exemplo) ou impossibilitados de realizar teste ergométrico eficaz por limitações osteoarticulares, vasculares periféricas, uso de medicações que impeçam a elevação da frequência cardíaca ou baixa capacidade funcional - Avaliação da repercussão funcional de lesões anatômicas conhecidas - Avaliação prognóstica e estratificação de risco pré-cirúrgico (principalmente para cirurgias vasculares) - Avaliação após revascularização percutânea e cirúrgica - Monitorização terapêutica e avaliação da eficácia de tratamento clínico - Auxílio ao diagnóstico diferencial das miocardiopatias (isquêmicas ou não isquêmicas) - Investigação de viabilidade miocárdica Contraindicações da CPM O exame não deve ser realizado em mulheres grávidas ou que estejam no período de aleitamento. É necessário considerar também as contraindicações associadas ao teste ergométrico (por exemplo,estenose aórtica importante, ICC descompensada e pacientes instáveis), ao dipiridamol e à adenosina (broncoespasmo, estenose de carótidas graves e/ou bilaterais e bloqueio AV avançado) e à dobutamina (hipertensão grave, arritmias complexas e estenose aórtica importante). Outros exames disponíveis na área de Medicina Nuclear em Cardiologia - Cintilografia cardíaca com gálio-67 para investigar processos inflamatórios APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 13 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR - Ventriculografia radioisotópica, que oferece informações sobre a função do VE, sendo considerada um método de excelente acurácia e, portanto, de grande valor para estudos seriados, como é o caso de avaliação da função do VE após tratamento oncológico e, ainda, de grande valor quando há discordância nos parâmetros da função do VE, entre outros métodos - Cintilografia cardíaca com MIBG-iodo-123 para avaliação prognóstica de miocardiopatias. Também pode ser usada para localizar feocromocitoma - PET/CT cardíaca para investigação de viabilidade miocárdica. Por ser o único método a informar de forma direta o metabolismo cardíaco, pode ser considerado o padrão-ouro para o estudo da viabilidade miocárdica Exames de imagem por radionuclídeos Os métodos de imagem em medicina nuclear utilizam detector especial (câmera gama) para criar a imagem após a injeção de material radioativo. Esse teste é feito para avaliar. • Doença arterial coronariana (DAC) • Distúrbios cardíacos valvares • Doenças cardíacas congênitas • Cardiomiopatia • Outras doenças cardíacas Os métodos de imagem com radionuclídios expõem o paciente a menor grau de radiação que os estudos similares com raios X. Entretanto, como o material radioativo permanece no paciente por certo período, alarmes sofisticados de radiação (p. ex., em aeroportos) podem ser deflagrados por vários dias após o exame. Tomografia computadorizada com emissão de fóton único (SPECT) SPECT em angina de início recente Imagem fornecida por James R. Corbett, MD. Técnicas planares, que produzem uma imagem bidimensional, são raramente utilizadas; SPECT, que utiliza um sistema de câmeras giratórias e reconstrução tomográfica para produzir uma imagem tridimensional, é mais comum nos EUA. Com sistemas SPECT de múltiplas cabeças, geralmente a imagem pode ser obtida em ≤ 10 min. A comparação visual entre as imagens de estresse e tardias pode ser suplementada pelas exposições quantitativas. Com SPECT, podem ser identificados: • Anormalidades inferiores e posteriores • Pequenas áreas de infarto • Vasos responsáveis pelo infarto APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 14 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR É possível quantificar a massa de miocárdio infartado e viável, auxiliando na avaliação do prognóstico. Cintilografia de perfusão miocárdica Na cintilografia de perfusão miocárdica, os radionuclídios infundidos IV são captados pelos tecidos cardíacos proporcionalmente em relação à perfusão; assim, áreas de menor captação representam as regiões de isquemia absoluta ou relativa. A atenuação da atividade miocárdica por tecidos moles sobrejacentes pode provocar resultados falso-positivos. A atenuação pelo tecido mamário em mulheres é especialmente comum. A atenuação pelo diafragma e conteúdos abdominais pode provocar defeitos espúrios na parede inferior em ambos os sexos, mas é mais comum em homens. Há maior probabilidade de ocorrer atenuação com tecnécio-99m (99mTc) do que com tálio-201 (201TI). Indicações A cintilografia de perfusão miocárdica é usada com testes de estresse para • Avaliar pacientes com dor torácica de origem incerta • Determinar o significado funcional da estenose arterial coronariana vista na angiografia • Determinar o significado funcional dos vasos colaterais vistos na angiografia • Avaliar o sucesso das intervenções de reperfusão (p. ex., cirurgia de revascularização do miocárdio [CRM], intervenção percutânea, trombólise) • Estimar o prognóstico depois de infarto do miocárdio Após IAM, a cintilografia de perfusão miocárdica pode auxiliar a estimar o prognóstico porque pode revelar a extensão da anormalidade da perfusão decorrente de IAM, extensão da cicatriz decorrente de infartos prévios e área de peri-infarto residual ou outras áreas de isquemia reversível. Protocolos e agentes utilizados em exames de imagem Vários protocolos são usados com base no agente utilizado, eles incluem • Tálio-201 (201Tl) radioativo • Marcadores com tecnécio-99m (99mCT) (sestamibi, tetrofosmina e teboroxima) • Ácidos graxos marcados com iodo-123 (123I) • I-metaiodobenzilguanidina Tálio-201 radioativo (201Tl), que age como um análogo ao potássio, era o marcador original usado em testes de estresse. É injetado no pico do esforço e captado em imagem por SPECT, seguido, 4 h depois, de nova injeção de metade da dose original durante o repouso e repetição do SPECT. O objetivo desse protocolo é avaliar os defeitos reversíveis de perfusão que podem exigir intervenção. Após o teste de esforço, o desequilíbrio de perfusão entre áreas irrigadas por artérias coronárias normais e artérias distais à estenose aparece como diminuição relativa da captação de Tl201 nas áreas irrigadas pelas artérias estenosadas. A sensibilidade do teste de esforço com Tl201 para DAC é semelhante quando se usa o método de imagem após esforço ou estresse farmacológico. Vários marcadores de perfusão miocárdica com tecnécio-99m (99mTc) foram desenvolvidos porque as características das imagens do 201Tl não são ideais para câmaras de raios gama. Marcadores incluem sestamibi (comumente usado), tetrofosmina e teboroxima ( Marcadores de perfusão miocárdica com Tc99m). Os protocolos incluem 2 dias de estresse-repouso, 1 dia de repouso- estresse e 1 dia de estresse-repouso. Alguns protocolos usam dois isótopos (Tl201 e Tc99m), embora essa abordagem seja dispendiosa. Com qualquer um desses marcadores, a sensibilidade é de cerca de 90%, e a especificidade de aproximadamente 71%. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 15 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Para os protocolos de 2 dias, é possível omitir as imagens em repouso se os testes iniciais de estresse não revelarem evidências de perfusão anormal. Quando doses mais elevadas de Tc99m (> 30 mCi) são utilizadas, pode-se realizar estudos de função de primeiro trânsito (com ventriculografia) com imagem de perfusão miocárdica. Outros radionuclídeos incluem ácidos graxos marcados com I123, que produzem cold spots (defeitos de perfusão) no local onde o miocárdio está isquêmico; citrato de Ga67, que se acumula nos locais de inflamação ativa (p. ex., miocardiopatia inflamatória aguda); e metaiodobenzilguanidina marcada com I123, um análogo de neurotransmissor captado e armazenado em neurônios do sistema nervoso simpático e utilizado em pesquisa para avaliar insuficiência cardíaca, diabetes, feocromocitoma, determinadas arritmias e displasia arritmogênica do VD. Marcadores de perfusão miocárdica com Tc99m Marcador Características Tc99msestamibi A captação miocárdica é mais lenta que a do tálio, mas existe pequena eliminação do miocárdio, permitindo flexibilidade de tempo; pacientes com sintomas agudos podem ser infundidos imediatamente com sestamibi e submetidos à obtenção de imagens horas depois. A captação depende mais do fluxo sanguíneo que do miocárdio viável e, assim, regiões viáveis com baixo fluxo sanguíneo podem ser erroneamente classificadas como cicatrizes. Os estudos podem ser realizados em um único dia ou em dias diferentes, com dose baixa inicial durante o teste de esforço, seguida por dose muito mais elevada em repouso. Com imagens sincronizadas com gated-ECG, é possível estimar movimentação da parede ventricular, espessamento da parede e fração de ejeção. Tc99mtetrofosmina Características similares ao sestamibi. Tc99mteboroxima A extração de primeira passagem pelo miocárdio é elevada, com rápida eliminação: metade da atividade de pico miocárdica termina em tornode 10 min. Em virtude da sua rápida dinâmica, é difícil a utilização de teste de esforço em esteira Estudos preliminares sugerem que o teste de redistribuição de estresse pode ser concluído em15 min de estresse farmacológico. Pode-se detectar a DAC pela análise da eliminação do traçador após a infusão em repouso, sem a necessidade de estresse. Exames de imagem Avid para infarto Exames de imagem Avid para infarto usam marcadores com radioisótopos que se acumulam em áreas de miocárdio lesado, como Tc99mpirofosfato e antimiosina (anticorpos contra miosina cardíaca marcados com In111). Normalmente, as imagens tornam-se evidentes de 12 a 24 h após IAM, e permanecem assim por aproximadamente 1 semana; elas podem permanecer evidentes se houver continuação de necrose após IM ou desenvolvimento de aneurisma. Atualmente, essa técnica é raramente utilizada porque outros exames diagnósticos para IM (p. ex., biomarcadores) estão disponíveis com mais facilidade e são menos dispendiosos; além disso, essa técnica não produz nenhuma informação prognóstica além das dimensões do infarto. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 16 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Ventriculografia com radionuclídeos Utiliza-se ventriculografia com radionuclídeos para avaliar a função ventricular. É útil para medir a fração de ejeção em repouso e após esforço na doença arterial coronariana, valvopatias e cardiopatias congênitas. Alguns médicos utilizam-na preferencialmente para avaliação seriada da função ventricular de pacientes que estão sendo submetidos à quimioterapia cardiotóxica para câncer (p. ex., antraciclinas). Entretanto, foi amplamente substituída pela ecocardiografia, que é menos dispendiosa, não requer exposição à radiação e, teoricamente, pode medir a fração de ejeção com a mesma exatidão. Injetam-se hemácias marcadas com Tc99m de maneira intravenosa. As funções ventriculares esquerdas (VE) e ventriculares direitas (VD) podem ser avaliadas de acordo com ou por • Estudos de primeiro trânsito (um tipo de avaliação batimento a batimento) • Métodos de imagem com reserva de sangue sincronizada com o ECG (ECG-gated) realizados durante vários minutos (angiografia de múltipla entrada [MUGA]) Cada um desses estudos pode ser realizado durante o repouso ou após o esforço. Os estudos de primeiro trânsito são rápidos e relativamente fáceis, mas a MUGA fornece melhores imagens, sendo utilizada de forma mais ampla. Nos estudos de primeiro trânsito, obtêm-se as imagens de 8 a 10 ciclos cardíacos à medida que o marcador se mistura com sangue e passa através da circulação central. Os estudos de primeiro trânsito são ideais para avaliação da função do VD e de shunts intracardíacos. Na MUGA, o método de imagem é sincronizado com a onda R do ECG. Obtêm-se as imagens por curto período, porções sequenciais de cada ciclo cardíaco por 5 a 10 min. A análise computadorizada gera uma configuração média de reserva de sangue para cada porção do ciclo cardíaco e sintetiza as configurações em um circuito cinemático contínuo, assemelhando-se ao batimento cardíaco. A MUGA pode quantificar vários índices de função ventricular, incluindo movimentação regional da parede, fração de ejeção, razão do volume de ejeção para volume diastólico final, índices de ejeção e enchimento, volume do VE e índices de sobrecarga relativa de volume (p. ex., índices de volume de ejeção VE:VD). Com maior frequência, utiliza-se a fração de ejeção. Praticamente, MUGA durante repouso não tem nenhum risco. É utilizada para avaliação seriada da função do VD e do VE em diversas doenças (p. ex., valvopatias), além da monitoramento de pacientes que tomam drogas potencialmente cardiotóxicas (p. ex., doxorrubicina) e para avaliação dos efeitos de angioplastia, RM, trombólise e outros procedimentos em portadores de DAC ou IM. As arritmias constituem contraindicação relativa, pois podem existir poucos ciclos cardíacos normais. Ventriculografia esquerda A MUGA é útil para detectar aneurismas do VE; a sensibilidade e especificidade são > 90% para aneurismas verdadeiros típicos com localização anterior ou anteroapical. Os métodos de imagem convencionais sincronizados ao ECG com reserva de sangue revelam aneurismas do VE inferoposteriores de maneira menos adequada que os aneurismas anteriores e laterais, necessitando de incidências adicionais. O método de imagem SPECT-gated é mais demorado (cerca de 20 a 25 min com câmera de múltiplas cabeças) que a incidência única planar gated (5 a 10 min), mas mostra todas as porções dos ventrículos. Ventriculografia direita A MUGA é usada para avaliar a função do VD de pacientes com doenças pulmonares ou infarto ventricular esquerdo inferior que pode envolver o VD. Normalmente, a fração de ejeção do ventrículo direito (40 a 55% com a maioria das técnicas) é menor do que a fração de ejeção do ventrículo esquerdo. A FEVD é subnormal em muitos pacientes com hipertensão pulmonar e em pacientes com infarto do VD ou miocardiopatia que compromete o VD. A miocardiopatia idiopática caracteriza-se, em geral, pela disfunção biventricular, diferentemente da DAC típica, a qual geralmente acarreta maior disfunção do VE que do VD. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 17 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Avaliação das válvulas A MUGA pode ser usada com protocolos de repouso/estresse para avaliar valvopatias que acarretam sobrecarga de volume do VE. Na insuficiência aórtica, a redução da fração de ejeção em repouso ou ausência de aumento da fração de ejeção com esforço é um sinal de deterioração da função cardíaca e pode indicar necessidade de substituição valvar. Também é possível utilizar a MUGA para calcular a fração de regurgitação na insuficiência de qualquer valva. Normalmente, o volume de ejeção dos dois ventrículos é igual. No entanto, em pacientes com regurgitação valvar do lado esquerdo, o volume de ejeção do VE supera o do VD em uma magnitude proporcional à fração de regurgitação. Assim, se o VD for normal, pode-se calcular a fração de regurgitação do VE a partir da razão do volume de ejeção do VE:VD. Avaliação de derivaões Com a MUGA e os programas de computadores comercialmente disponíveis, é possível quantificar as dimensões de um shunt congênito pela fração do volume de ejeção ou, durante o primeiro trânsito do marcador, pela razão da radioatividade da recirculação pulmonar inicial anormal pela radioatividade pulmonar total. Proteção Radiológica em Medicina Nuclear A Medicina Nuclear faz uso de compostos químicos radioativos como ferramenta para os procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Estes compostos são administrados aos pacientes por injeção, ingestão ou inalação e permitem, portanto, o contato direto do material radioativo com quem os manipula, o que implica a possibilidade concreta e direta de ocorrência de contaminação. Este tipo de fonte de radiação é classificado como fonte não selada ou aberta. Um dos aspectos mais importantes de Proteção Radiológica relacionados ao uso de fontes emissoras de radiação ionizante não seladas é a diferenciação dos conceitos de irradiação e de contaminação. Esta diferenciação determina condutas de proteção radiológica distintas e determina, consequentemente, as diferenças de planejamento. As fontes não seladas tipicamente utilizadas em Medicina Nuclear levam, tanto à irradiação quanto à contaminação e, portanto, o entendimento das diferenças é essencial no planejamento em um serviço de Medicina Nuclear. Inicialmente é importante entender claramente a diferença que existe entre um material radioativo e a radiação que ele emite. O Césio-137, por exemplo, é um isótopo ou material radioativo. Este isótopo radioativo tem a propriedade física de emitir radiação ionizante na forma de radiação beta e de radiação gama. Analogamente o Tecnécio-99m é um isótopo radioativo que emite radiação gama. Quando a radiação emitida por um isótopo radioativo atinge um indivíduo ou um objeto, dizemos que este indivíduo ou objetoestá sendo irradiado. Repare que neste processo não há necessidade de que haja contato físico com o isótopo radioativo. Isso implica que basta retirar o indivíduo ou objeto do raio de ação da radiação, para que cesse sua irradiação. Quando há contato direto do isótopo radioativo com um indivíduo ou objeto, dizemos que este está contaminado. Nesta situação não há como afastar o indivíduo ou objeto da fonte emissora e consequentemente não há interrupção da irradiação. Nestes casos, para que seja possível APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 18 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR interromper a irradiação é necessário remover o isótopo radioativo da região contaminada, removendo a contaminação. Estes processos são conhecidos como descontaminação radioativa. A Medicina Nuclear abrange procedimentos diagnósticos e terapêuticos e os primeiros representam a grande maioria. O planejamento adequado para a realização destes procedimentos envolve aspectos de proteção radiológica que visam principalmente a minimização da magnitude das irradiações e a minimização das probabilidades de ocorrência de contaminações. Apresentamos a seguir alguns dos principais procedimentos de proteção radiológica adotados em serviços de Medicina Nuclear e sua relação com os conceitos de irradiação e contaminação. ▪ Utilização de blindagens estruturais – As dependências de um serviço de Medicina Nuclear requerem um estudo denominado cálculo de blindagens estruturais, que visa determinar quais ambientes necessitam de blindagens adicionais em paredes, portas, visores e lajes. O objetivo da utilização de blindagens adicionais é reduzir a magnitude das irradiações nas vizinhanças. Os materiais mais comumente utilizados como blindagens adicionais são o chumbo e o concreto para paredes e lajes, o chumbo para portas, e vidros plumbíferos para visores; Porta blindada em serviço de Medicina Nuclear. Biombo de chumbo. Visor de vidro plumbífero. ▪ Utilização de luvas descartáveis, sapatos fechados e jalecos de algodão – O uso destes acessórios tem por objetivo evitar que mãos, pés e roupas sejam diretamente contaminados por materiais radioativos; ▪ Utilização de aventais de chumbo e protetores de tireoide – O uso destes acessórios plumbíferos tem por objetivo minimizar a magnitude das irradiações em situações como o posicionamento e acompanhamento de pacientes na sala de exames, a preparação e a administração de radiofármacos, e a assistência a pacientes internados submetidos a procedimentos terapêuticos; APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 19 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Aventais de chumbo. Protetor de tiróide. Óculos plumbífero. ▪ Utilização de superfícies impermeáveis – Superfícies das bancadas de manipulação de radioisótopos, pisos e paredes são confeccionadas ou revestidas com materiais impermeáveis, visando facilitar processos de descontaminação radioativa; Detalhe de piso liso e impermeável com canto arredondado. ▪ Utilização de forrações impermeáveis em procedimentos terapêuticos – Nos procedimentos terapêuticos os pacientes ingerem quantidades significativamente maiores de materiais radioativos, comparadas aos procedimentos diagnósticos. Isso significa que estes pacientes se tornam “mais radioativos” e que suas secreções (fezes, urina, saliva e suor) podem gerar contaminações significativas. Para evitar que as superfícies do quarto de internação sejam contaminadas, além das impermeabilizações de pisos e paredes, utiliza-se forrações impermeáveis, tais como plásticos sobre interruptores, maçanetas, telefones, colchões, travesseiros, vasos sanitários, torneiras, etc.; ▪ Utilização de acessórios de chumbo – Há inúmeros acessórios de chumbo utilizados em Medicina Nuclear, cuja finalidade é diminuir a magnitude das irradiações. Alguns exemplos: cofres de chumbo para armazenamento de rejeitos radioativos, blocos de chumbo e visores de chumbo para áreas de manipulação, carrinhos de transporte de fontes, porta seringas, etc.; APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 20 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Protetor de seringa. Armário blindado. Blindagens para fontes de calibração. Tijolos de chumbo de encaixe. Há diversas situações em que a avaliação das intensidades de irradiação é fundamental. Estas avaliações são representadas por grandezas como a taxa de exposição e a taxa de dose equivalente. Uma das situações que requer essa avaliação é a checagem da eficiência de blindagens, sejam estruturais, sejam de acessórios. Para a checagem da eficiência de blindagens estruturais faz-se um conjunto de medidas denominadas levantamento radiométrico. Esse levantamento pode ser efetuado utilizando-se um detector do tipo Geiger-Muller ou uma câmara de ionização. O objetivo é medir os níveis de radiação que atravessam as blindagens estruturais de uma sala (paredes, portas, lajes, visores) com o intuito de verificar se essas blindagens oferecem proteção considerada adequada. De maneira similar podem ser testadas as eficiências de acessórios utilizados como blindagens (aventais de chumbo, protetores de seringa, etc.), e verificar qual o grau de proteção que oferecem. Monitor Geiger-Muller. Outra situação que requer o conhecimento da intensidade das irradiações é a monitoração pessoal. Este tipo de monitoração objetiva conhecer as taxas de dose equivalente a que se submetem os indivíduos ocupacionalmente expostos de uma instalação. Este tipo de monitoração fornece um controle da qualidade do exercício das atividades com possibilidade de exposição. Um acréscimo não APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 21 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR previsto no valor da taxa de dose equivalente em determinado período é indicativo da ocorrência de algum erro operacional ou de planejamento, que pode ser corrigido antes que os níveis de dose atinjam valores intoleráveis. Monitor pessoal para medida de doses ocupacionais. O trabalho com fontes radioativas não seladas gera inevitavelmente rejeitos radioativos. São considerados rejeitos radioativos todos aqueles materiais que contenham radioisótopos em quantidades superiores a valores especificados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), denominados níveis de isenção, e para os quais a reutilização seja imprópria ou não prevista. Os rejeitos radioativos gerados em serviços de Medicina Nuclear compreendem seringas e acessórios utilizados na injeção de radiofármacos, papéis e plásticos contaminados, utilizados como forração de superfícies, roupas de cama utilizadas por pacientes, luvas descartáveis utilizadas pelos profissionais do setor, restos de comida de pacientes internados submetidos a tratamento terapêutico, e toda sorte de materiais contaminados. Estes rejeitos possuem, como característica comum, um tempo de meia vida curto. Isso implica que podem e devem aguardar o decaimento radioativo na própria instalação. Há inúmeras regras e recomendações para este gerenciamento e a seguir são apresentadas algumas delas: ▪ Os rejeitos radioativos devem ser segregados por isótopo; ▪ Os rejeitos radioativos devem ser segregados em sólidos e líquidos; ▪ Os rejeitos radioativos que apresentarem algum outro risco associado, tal como risco biológico ou risco químico, devem ser segregados dos demais; ▪ Rejeitos radioativos devem ser armazenados separadamente de quaisquer outros tipos de rejeitos; ▪ Recipientes que contenham rejeitos radioativos devem ser identificados e sinalizados com o símbolo internacional da presença de radiação ionizante; ▪ Recipientes que contenham rejeitos radioativos devem ser adequados às características físicas e químicas dos rejeitos; ▪ Rejeitos radioativos podem ser eliminados no sistema de coleta de lixo urbano (rejeitos sólidos) ou na rede de esgotos (rejeitos líquidos) somente quando suas atividades específicas forem inferiores aos limites para descarte determinados em norma específica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (norma CNEN-NE-6.05); Caixablindada para depósito temporário de rejeitos em Medicina Nuclear APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 22 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Depósito de Rejeitos em Serviço de Medicina Nuclear Foto de um depósito para armazenamento de rejeitos radioativos Exemplos de recipientes para armazenamento de rejeitos radioativos Proposta de método de inspeção de radioproteção aplicada em instalações de medicina nuclear O uso comprovadamente crescente e diversificado das radiações ionizantes nas áreas da medicina, indústria, agricultura, pesquisa e nas atividades nucleares relativas à produção de energia não pode, de modo algum, ser dissociado de preocupações igualmente crescentes de segurança radiológica traduzida em radioproteção. Essas preocupações que, até recentemente, pertenciam apenas a uma elite científica, estenderam-se hoje no mundo globalizado a toda a população que vem se manifestando de modo contundente através de debates, indagações e questionamentos sobre o tema. Assim sendo, as instituições que operam com radiações ionizantes devem focalizar suas pesquisas visando à incorporação e à implementação de novas tecnologias de radioproteção de forma a buscar um maior benefício efetivo ao homem(1,2). A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) tem por objetivo assegurar que as instalações que utilizam radiações ionizantes façam-no corretamente, dentro dos critérios e das normas de radioproteção. Isto vem garantir que os níveis de radiação sejam tão baixos quanto razoavelmente exequíveis, acarretando, consequentemente, a minimização da exposição às radiações ionizantes da população como um todo. A aceitação da energia nuclear e suas mais diversas aplicações por parte da população estão associadas aos benefícios decorrentes dessas atividades e à garantia de que a incorporação dessa tecnologia seja, rigorosamente, feita à luz dos critérios atuais de segurança. Existem no país aproximadamente 360 serviços de medicina nuclear (SMN) in vivo, 59% localizados na região Sudeste, 16% na região Sul, 15% na região Nordeste, 8% na região Centro-Oeste e 2% na região Norte. http://rle.dainf.ct.utfpr.edu.br/hipermidia/images/protrad/fig42.png APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 23 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR O número estimado de câmaras de cintilação (gamacâmaras) em operação no país é de 400, sendo 100 câmaras planares e 300 tomográficas (SPECT). Existem ainda no país 30 cintígrafos retilíneos em uso. Todos os SMN contam com pelo menos um medidor de atividade (curiômetro), totalizando 420 unidades. Quanto aos equipamentos tomográficos por emissão de pósitrons (PET), apesar de sua importância começar a despontar nos países mais desenvolvidos, ainda não faz parte da realidade da rotina da medicina nuclear deste país(3,4). O presente método de inspeção de radioproteção aborda as etapas da fiscalização de responsabilidade da CNEN, em SMN no país e, ao mesmo tempo, quantifica o desempenho destas instituições em termos de radioproteção, através de pontuação das irregularidades observadas. A sistemática adotada nas inspeções regulatórias ocorre com uma frequência bienal. O processo de licenciamento inicial e de renovação periódica para o funcionamento dos SMN requer uma fiscalização e um relatório técnico conclusivo(5-7). A metodologia adotada neste programa envolve aspectos de radioproteção e controle de qualidade de imagem estabelecidos na norma específica CNEN NE 3.05 "Requisitos de radioproteção e segurança para serviços de medicina nuclear"(7). Estes aspectos começam pela qualificação do responsável técnico (médico nuclear), passando pelas instalações físicas e equipamentos de radioproteção indispensáveis, chegando, até, aos procedimentos de manipulação de fontes e ao rejeito gerado. Existe, portanto, um amplo espectro de possíveis irregularidades com diferentes níveis de gravidade, devido à característica multidisciplinar da medicina nuclear(8,9). Foram, por esta razão, estabelecidos pesos para cada irregularidade, tendo-se como referência as normas regulatórias da CNEN e levando-se em consideração os riscos associados a cada item. A introdução desses pesos tornou possível a quantificação das irregularidades, considerando-se a gravidade dos riscos oriundos desta prática médica. Este método de inspeção de radioproteção possibilitou maior objetividade, imparcialidade e uniformidade da fiscalização, abrindo um amplo horizonte para que outras áreas adotem e aprimorem o referido método em seus programas de inspeção. MATERIAIS E MÉTODOS O método de inspeção de radioproteção proposto neste estudo foi aplicado em 113 instalações de medicina nuclear do país, com a introdução de pesos para cada irregularidade encontrada no serviço de não conformidade com as normas da CNEN e com recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)(10). Essa idéia de ponderar as irregularidades foi, ao longo dos anos, sendo aprimorada para realçar as mais atuais e urgentes carências da radioproteção em SMN do país, em função dos avanços tecnológicos, principalmente na área de instrumentação e de radiofármacos. A escolha dos SMN neste programa obedeceu a dois critérios básicos. O primeiro constituiu no número e diversidades de exames realizados, sendo então escolhidas instalações de médio e grande porte que atendessem a este critério. O segundo critério foi a localização geográfica, de forma a abranger as regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, possibilitando uma análise representativa das condições de radioproteção em medicina nuclear no país. Inicialmente, atribuiu-se o valor máximo de pontuação para aquelas irregularidades na presença das quais, segundo a norma 3.05 da CNEN, um SMN não pode ser autorizado a funcionar. São considerados requisitos essenciais a qualificação e certificação técnica dos profissionais do SMN, a instrumentação básica de radioproteção e as instalações físicas(11,12). A falta de qualquer um dos itens acima significa uma grave irregularidade que, segundo as normas da CNEN, acarreta a suspensão das atividades do serviço. Para esses casos, atribuiu-se a pontuação máxima de 300 pontos. Este número, que é aleatório e tem apenas valor relativo, surgiu em função do somatório das irregularidades de menor risco e de ajustes que, somados, significavam alto risco para os profissionais ocupacionalmente expostos, para o público e para o meio ambiente, principalmente nos casos de Serviços que administravam doses terapêuticas com iodo-131 (131I)(7,12). APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 24 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Em 1996, 1998, 2000 e 2002, aplicou-se este método de pontuação nas inspeções, a nível experimental. Entretanto, verificou-se, neste período, uma falha no método para os casos de serviços que apresentavam baixa pontuação e que, portanto teoricamente, poderiam conviver com pequenas irregularidades, sem a possibilidade de atingir a pontuação máxima e, consequentemente, não teriam necessidade de repará-las. Sendo assim, foi introduzido um fator multiplicativo para as irregularidades reincidentes, igual a 2n, onde n é o número de vezes em que o item foi encontrado irregular. Os serviços que apresentavam baixas pontuações, ou seja, irregularidades de baixos riscos, mas que não as reparassem, teriam a sua pontuação aumentada exponencialmente a cada inspeção realizada, podendo chegar até à suspensão das atividades. No Quadro 1 encontram-se as três faixas de pontuação utilizadas. Critérios de pontuações Os critérios utilizados para pontuar as irregularidades tiveram como ponto de partida as normas da CNEN e as recomendações da AIEA(7,12). Entretanto, a experiência prática e uma visão mais aprofundada do funcionamento de um SMN foi fundamental para a avaliação dos riscos associados a esta prática médica. Verificou-se, por exemplo, em levantamentos radiométricos na sala de manipulação de fontes, que as blindagens das fontes em uso, incluindo o gerador de tecnécio, quando insuficientes,aumentam consideravelmente os níveis de radiação ambiental do serviço como um todo. Esta irregularidade causava não só o aumento das doses individuais, mas contribuía para a perda de qualidade dos exames cintilográficos devido à grande sensibilidade das câmaras de cintilação modernas. Atribuíram-se 100 pontos para esta falha. A mesma pontuação é conferida para a deficiência de blindagem nos locais de preparo e diluição de fontes e na porta do quarto terapêutico. Alguns SMN têm o depósito de rejeito fora da área física da instalação, existindo risco de invasão por pessoas não autorizadas. Por esta razão, atribuiu-se pontuação alta à falta de segurança física do depósito de rejeito. Ainda com relação a este depósito, é comum a sua utilização para a guarda de outros materiais que não são rejeitos radioativos. Isto ocorre, principalmente, quando o serviço cresce e há falta de espaço, aumentando o risco para as pessoas que entram nesse local e se expõem, desnecessariamente, às radiações(5,8). Quanto à exigência do controle de qualidade das gamacâmaras, tanto planares quanto tomográficas, trata-se de uma medida que visa à segurança e à qualidade do exame cintilográfico. Com esta medida, obtém-se melhor qualidade de imagem, que beneficia o paciente e evita repetições. Este benefício estende-se também aos profissionais que realizam os exames com a redução da exposição às radiações. No Quadro 2 encontram-se listadas as pontuações estabelecidas nesses casos. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 25 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR No Quadro 3 encontram-se listadas as irregularidades de risco intermediário às quais foram atribuídos 50 pontos. O Quadro 3 inicia-se com os aspectos de treinamento e transporte interno. A realização de treinamento periódico de radioproteção com todo o pessoal do "staff", principalmente com os técnicos responsáveis pela manipulação, é fundamental para a redução dos riscos e a prevenção de incidentes e acidentes com fontes abertas(7,8). No que se refere ao transporte interno, alguns SMN que realizam aplicações terapêuticas devem dispor de procedimentos de radioproteção para o transporte de fontes, uma vez que as atividades envolvidas de 131I são relativamente altas. A falta desses procedimentos é, particularmente, mais grave quando se trata de um SMN que utiliza quarto terapêutico fora das dependências de sua instalação. Os dois itens seguintes do Quadro 3 referem-se à administração de radiofármacos e à sala de ergometria. No primeiro caso, a existência de lixeira blindada no local de administração de doses, bem como a segregação e guarda dos rejeitos radioativos, evitam a exposição continuada dos profissionais que trabalham nessa atividade. Quanto à sala de ergometria, com administração de radiofármacos, deve ser realizado o mesmo procedimento, seguido de monitoração de contaminação de superfície, principalmente em se tratando dos casos em que esses procedimentos se realizam fora da área do SMN. Os cinco itens seguintes do Quadro referem-se aos instrumentos de medidas de radioproteção e ao curiômetro. O encaminhamento dos monitores para calibração com frequência bienal é fundamental para assegurar a medida correta dos níveis de radiação das áreas restritas, a qual deve ser realizada quinzenalmente, com o objetivo de verificar se as barreiras protetoras se mantêm suficientes. A monitoração de contaminação de superfícies na sala de manipulação deve ser feita diariamente após a jornada de trabalho, com vistas a detectar possíveis contaminações do local e evitar que essas contaminações sejam levadas até as residências dos profissionais que manipulam as fontes. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 26 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Quanto ao curiômetro, o controle de qualidade é determinante para assegurar que a atividade administrada ao paciente seja aquela prescrita pelo médico, evitando-se doses excessivas ou doses insuficientes levando à repetições de exames ou à baixa da qualidade do diagnóstico. Os sete itens seguintes referem-se ao laboratório de manipulação — conhecido como "sala quente" —, no que diz respeito aos aspectos de instalações físicas, blindagens das fontes e equipamentos de proteção individual. O laboratório de guarda e manipulação de fontes, ou "sala quente", deve guardar algumas peculiaridades físicas, tais como paredes e pisos lisos e impermeáveis. Isto se deve ao fato de ser um local onde ocorre, com frequência, pequenos incidentes de respingo ou mesmo quebra de recipientes contendo material radioativo. Essas características facilitam a descontaminação. Quanto à blindagem das fontes e dos rejeitos, ela é fundamental para a segurança de todos os profissionais do serviço, principalmente daqueles que manipulam as fontes, mantendo os níveis de exposição os mais baixos possíveis. A mesma preocupação deve ser estendida ao laboratório de rejeito nos três itens seguintes. O quarto terapêutico, enfocado nos dez itens seguintes do Quadro 3, é de especial importância dentro de um SMN, porque se trata de um procedimento que envolve alta atividade de 131I, com risco de contaminação resultante dessa atividade(9). Os cuidados começam pela escolha do local, que deve ser restrito, de forma a evitar a circulação de pessoas próximas ao quarto. Os pisos e paredes devem ser lisos, tanto do quarto como do sanitário exclusivo. O treinamento do pessoal de enfermagem é essencial, uma vez que o local apresenta-se altamente contaminado e o paciente é uma fonte com grande poder de irradiação. Cuidados especiais de radioproteção devem ser tomados externamente, na porta do quarto, através da colocação de tabuleta contendo informações sobre o procedimento, além da colocação do símbolo internacional de radiação. Na saída do paciente, o quarto deve ser monitorado e descontaminado utilizando-se um monitor de contaminação de superfície(8). No Quadro 3 encontram-se listadas as pontuações para a falta dos atributos discutidos nos parágrafos anteriores. No Quadro 4 encontram-se listadas as irregularidades que apresentam pontuação média (30 pontos). Essa relação começa pelo uso do sanitário exclusivo, somente para pacientes com dose administrada. Uma pessoa do público ou mesmo um profissional do "staff" não deve utilizar esse sanitário, devido à grande possibilidade de contaminação. O segundo item desse Quadro diz respeito ao sistema de extração de ar. Este dispositivo é essencial para SMN que realizam estudos de ventilação pulmonar ou que manipulam substâncias voláteis. O terceiro item é referente à informação das doses individuais dos profissionais ocupacionalmente expostos. O responsável pela radioproteção deve informar sobres as doses individuais pessoalmente ou pela fixação desses resultados em quadro de aviso próprio. APLICADA À MEDICINA NUCLEAR 27 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Os itens seguintes referem-se à questão do acesso às áreas restritas do serviço, tais como sala de pacientes com doses injetadas, sala de administração de radiofármacos, sala de ergometria, sala de exames, "sala quente", sala de rejeitos e quarto terapêutico. Nesses locais, o acesso é somente permitido a pessoas com controle dosimétrico e, excepcionalmente, a pessoas autorizadas pelo responsável pela radioproteção(12). O não cumprimento dessa exigência pode levar pessoas do público a ultrapassarem os limites de dose estabelecidos em normas da CNEN, trazendo riscos de contaminação externa e interna por radionuclídeos. No Quadro 5 estão dispostas as irregularidades com pesos iguais a 20, começando pela monitoração individual externa. O SMN deve providenciar um laboratório de dosimetria autorizado pela CNEN. O segundo item do Quadro 5 trata do local de guarda do dosímetro no SMN. Este local deve localizar- se em área livre e protegido da umidade de forma a evitar que seus resultados sejam mascarados por alterações não advindas do trabalho com radiação ionizante. Os sete itens seguintes versam sobre os registros
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