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TE X TO B A SE Profª M.e Chafiha Maria Suiti Laszkiewicz METODOLOGIA DO ESTUDO E DA PESQUISA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL Portal: www.uscs.edu.br Tel.: (11) 4239-3200 Av. Goiás, 3400 – São Caetano do Sul – SP – CEP: 09550-051 Rua Santo Antônio, 50 – São Caetano do Sul – SP – CEP: 09521-160 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. EQUIPE TÉCNICA EDITORIAL Gestão da EAD: Prof. Dr. Elias Estevão Goulart Professor conteudista: Profª M.e Chafiha Maria Suiti Laszkiewicz Revisão: Marialda Almeida Projeto gráfico e capa: Renata Kuba, Luana Santos do Nascimento, Juliana Pereira Alves e Wallace Campos de Siqueira Diagramação: Henrique Siqueira DÚVIDAS? FALE CONOSCO! eadsuporte@uscs.edu.br (11) 4239-3351 ead.uscs.edu.br METODOLOGIA DO ESTUDO E DA PESQUISA Profª M.e Chafiha Maria Suiti Laszkiewicz PLANEJAMENTO DA VIDA UNIVERSITÁRIA INTRODUÇÃO ...............................................10 PLANEJAMENTO DE ESTUDOS ....................10 Gerenciamento de tempo................................................... 11 Definição de conteúdos a serem estudados: grau de dificuldade ........................................................................ 13 Compreender .................................................................... 13 Local de estudo ................................................................. 14 Técnica de leitura .............................................................. 14 LEITURA .......................................................15 Texto científico: conteúdo e raciocínio ............................... 18 Leitura seletiva .................................................................. 20 Análise textual: abordagem e compreensão do texto ......... 22 Leitura analítica: compreensão da mensagem ................... 25 Leitura interpretativa: considerações e posicionamento a respeito do texto................................................................ 28 REFERÊNCIAS ..............................................32 Unidade 1 INTRODUÇÃO Bem-vindo à primeira unidade da disciplina de Metodologia do Estudo e da Pesquisa. Esperamos que nossa proposta de trabalho seja produtiva e que o auxilie a desenvolver suas atividades acadê- micas de modo mais sistemático e, portanto, mais eficiente, já que o ingresso na universidade exige do estudante uma nova postura em relação à organização dos estudos e, consequentemente, da leitura e da escrita. Desse modo, nesta unidade, trataremos de algumas técnicas de estudo e de leitura que poderão auxiliá-lo a conduzir melhor suas atividades e prepará-lo para a realização mais adequa- da de seus trabalhos acadêmicos, suas pesquisas e projetos, bem como seu futuro exercício profissional na área de conhecimento es- colhida. PLANEJAMENTO DE ESTUDOS Constantemente, estudantes queixam-se de passarem horas e horas ou mesmo finais de semana inteiros estudando e, na hora da avaliação, as ideias parecem sumir, é como se nada tivessem es- tudado ou aprendido. Isso já aconteceu com você, estudar já se tornou sinônimo de ansiedade e estresse? Atualmente, apesar dos infinitos recursos tecnológicos, vivemos a necessidade de memorizar dados e conhecimentos teóricos se quisermos terminar adequadamente um curso superior ou mesmo alcançar um cargo a que tanto aspiramos. Quando você for buscar uma vaga no mercado de trabalho a criticidade, a capacidade de comunicação e de compreensão do mundo serão atributos importantes nessa concorrência. Lembre- se disso na hora de planejar seus estudos (RUSSO, 2004, p.15). Metodologia do Estudo e da Pesquisa 10 Unidade 1 Para resolver esse problema, é preciso saber que estudar requer organização, autoconhecimento e técnica, a fim de driblar o maior inimigo da modernidade: o tempo. Nosso objetivo é, portanto, propor algumas ações que podem aju- dá-lo nessa tarefa. A ideia é que você aprenda a gerenciar seu tem- po e a diminuir sua ansiedade diante de avaliações para que possa demonstrar todo seu conhecimento. GERENCIAMENTO DE TEMPO O primeiro passo para a organização dos estudos é definir de modo realista de quanto tempo se dispõe semanalmente para estu- dar. Sim, semanalmente, pois a primeira lição é não estudar apenas às vésperas das provas. O estudo é um processo contínuo. Em geral, os conteúdos são di- daticamente apresentados em sequência, uns como pré-requisitos de outros, assim, se um conteúdo não for assimilado, certamente, será difícil compreender integralmente o conteúdo seguinte. Desse modo, vale a regra de ouro: aula dada, aula estudada. Mas, e o tempo? Bem, voltemos à questão do gerenciamento: estudar uma aula não significa debruçar horas e horas sobre cadernos e livros; mas reler suas anotações e as atividades propostas naquela aula, isso toma em geral muito menos tempo de que se imagina. Conteúdos recém-lidos estão muito claros na memória. No caso de cursos em EaD, rever os fóruns, analisar os comen- tários de colegas e o fechamento das atividades propostas pelos tutores não toma tanto tempo assim, deve ser rotina adotada por es- tudantes de cursos a distância. Trata-se de uma leitura que cristaliza conceitos já compreendidos e que nos permite identificar conceitos ainda não tão claros e que merecem revisão. E estudar para as provas? Essa é outra questão. Como dissemos, é preciso determinar de quanto tempo se dispõe por semana para se dedicar aos estudos, a fim de que se possa destinar – e cumprir - o tempo adequado a cada uma das disciplinas, módulos ou conte- údos, no caso do EaD. Planejamento da Vida Universitária 11 Unidade 1 Independentemente da modalidade de ensino em que se esteja inserido, é importante saber que não se deve chegar à exaustão. É preciso estabelecer um tempo de descanso. Estudos apresentam tempos diferentes de dedicação ao estudo e ao descanso; o bom senso nos diz que pessoas também têm capacidade de concentra- ção diferente. Nossa sugestão é que a cada 90 minutos de estudo, 20 minutos de descanso. Nos minutos de descanso, levante-se, ca- minhe, converse um pouco, coma algo, tome um suco, mas lembre- -se em outro ambiente! O local de estudo deve destinar-se apenas a esta atividade. Em virtude de os universitários brasileiros, na sua grande maio- ria, disporem de pouco tempo para seus cursos e exercerem funções profissionais concomitantes ao curso superior, exige- -se deles organização sistemática do pouco tempo disponível para o estudo em casa, indispensável para um aproveitamento mais inteligente do seu curso de graduação(...) o essencial é aproveitar sistematicamente o tempo disponível, com uma or- denação de prioridades. Feito o levantamento do tempo dis- ponível, predetermina-se um horário para o estudo em casa. E uma vez estabelecido o horário, é necessário começar sem muitos rodeios e cumpri-lo rigorosamente, mantendo um ritmo de estudo. Quando o período de estudos ultrapassar duas ho- ras, faz-se regra geral um intervalo de meia hora para alteração do ritmo de trabalho. Esse intervalo também precisa ser segui- do à risca (SEVERINO, 2000, p. 31). De volta do descanso, antes de retomar os estudos, relaxe por alguns instantes, respire profundo, suavemente... e bom trabalho! 1 A MENTE É MARAVILHOSA. 3 técnicas simples para estudar e render mais. Dispo- nível em: <http://amenteemaravilhosa.com/3-tecnicas-simples-estudar-render>. Acesso em: 24 ago. 2015. Uma boa técnica para descan- sar é olhar “durante 10 minutos para alguma coisa que esteja a uma distância de 2 ou mais metros (...) depois relaxe os músculos da sua cabeça, ele- ve suas sobrancelhas umas cinco vezes, mantendo-as al- guns segundos tensionadas, depois relaxe.”(A MENTE É MARAVILHOSA, 20161). Você sabia ? Metodologia do Estudo e da Pesquisa 12 Unidade 1 DEFINIÇÃO DE CONTEÚDOS A SEREM ESTUDADOS: GRAU DE DIFICULDADE Um dos benefícios de estabelecer uma técnica constante de es- tudo é a possibilidade de definir qual conteúdo vai requerer maior dedicação. Nossa tendência é dedicar mais tempo àquilo que com- preendemos melhor e que nos dá mais prazer, pois o grau de difi- culdade quase não existe, o que garante a sensação prazerosa do ‘sei tudo’! Mas é preciso ser racional e dedicar um tempo maior a conteúdos que nos são menos familiares. Isso não significa repetir listas e listas de exercícios, por exemplo. Sugere-se que se inicie pelo conceito, pela busca de textos que possam esclarecer teoricamente esses conteúdos. Textos complementares são sempre bem-vindos, a lin- guagem e a organização de raciocínio de autores diferentes pode auxiliar nesse processo. COMPREENDER A compreensão do conteúdo é que garante a memorização. O ser humano tem grande capacidade de memorização, mas também tem facilidade para o esquecimento de ideias não significativas; é o uso, a possibilidade de aplicação que mantém as informações em nosso cérebro. Quando estudamos, nossa intenção é aprender e o que se apren- de não se esquece. Para isso, é preciso compreender e dar signifi- cado aos conceitos estudados. Estabelecer relação entre conteúdos, refletir sobre sua possibilida- de de aplicação em situações concretas vai transformando a informa- ção de modo a instaurá-la definitivamente nos “arquivos” cerebrais. Planejamento da Vida Universitária 13 Unidade 1 LOCAL DE ESTUDO É muito importante que o local de estudo seja destinado apenas a essa atividade. O ideal é um ambiente silencioso e, claro, em que você possa dispor todos os materiais necessários, seus cadernos, livros e computador. Desse modo, parece claro que é preciso estar longe do movimen- to da casa, da televisão ou do celular, reserve um espaço em sua casa que garanta condições de estudar. Estudo exige concentração e silêncio! A assimilação desses elementos (teóricos) é feita através do ensino em classe propriamente dito, nas aulas, mas é garan- tida pelo estudo pessoal de cada estudante. E é por isso que precisa ele dispor dos devidos instrumentos de trabalho que, em nosso meio, são fundamentalmente bibliográficos. Ao dar início a sua vida universitária, o estudante precisa começar a formar sua biblioteca pessoal, adquirindo paulatinamente, mas de maneira bem sistemática, os livros fundamentais para o de- senvolvimento de seu estudo. Essa biblioteca deve ser espe- cializada e qualificada (SEVERINO, 2000, p. 24). TÉCNICA DE LEITURA Todo estudo se dá pela leitura, portanto saber como ler é essen- cial! É preciso entender a leitura como a ferramenta fundamental do estudante. Frequentemente, ouvem-se queixas de alunos que não gostam de ler, ou que não compreendem o que leem. Se essa é uma verdade, como estudar? E o ensino a distância como pode aconte- cer? Toda leitura destinada a aprendizagem deve passar pelos seguin- tes estágios: seleção, exploração, anotação, análise, esquematiza- ção e síntese. Como esse tema é de fundamental importância, trataremos, a se- guir, cuidadosamente de cada uma das etapas da leitura. Metodologia do Estudo e da Pesquisa 14 Unidade 1 LEITURA Para iniciar os estudos sobre leitura, vamos considerar alguns pressupostos: � O ato de ler envolve motivação, contexto e sentido; � A leitura é instrumento de interação entre o indivíduo e o conheci- mento; � Do latim tardio, leitura (lectura) significa eleição, escolha. De posse desses pressupostos, fica clara a possibilidade de, por meio da leitura, o indivíduo adquirir informações que o mantenham atualizado em relação aos fatos de seu cotidiano; “dialogar” com os nomes mais eminentes da história e mais, muito mais que isso, fa- culta a seleção das informações ou conhecimentos que se pretende adquirir, descobrir ou aprofundar. Até o Ensino Médio, em geral, são estudados textos de circulação social ou literários, na maioria das vezes, pautados pela imaginação ou pela experiência objetiva, aos quais o estudante se habitua, reco- nhecendo a estrutura, a linguagem e o raciocínio. Sem dúvida, o es- tudo desses aspectos auxiliará o desenvolvimento e aprimoramento da linguagem como suporte para novos e futuros estudos como os que você vem desenvolvendo nesta etapa de estudo. Assim, é importante considerar que a entrada no ensino superior muitas vezes conduz por caminhos até então desconhecidos, ou- tros gêneros textuais passam a fazer parte de seu universo: textos teóricos e científicos, cujas características são muito diversas da estudada até então. São textos de estrutura, linguagem e raciocínio elaborados de acordo com aspectos próprios de cada área da ciên- cia o que pode dificultar a compreensão. Esse fato não pode, entretanto, ser causa de frustração do lei- tor. No âmbito universitário, a leitura tem por objetivo a descober- ta, o acréscimo de saber e o esclarecimento de dúvidas existentes. Sendo assim, a dificuldade encontrada diante de alguns textos não deve desanimar o leitor, ao contrário deve animá-lo, pois precisa ser Planejamento da Vida Universitária 15 Unidade 1 entendida como uma possibilidade de aprender mais, uma vez que foge de estruturas já internalizadas. O trabalho intenso e metódico baseado na observação, análise, reflexão e síntese são elementos que compõe técnicas de leitura que estudaremos com o intuito de desvendar as estruturas discursi- vas e os raciocínios empreendidos nos textos científicos. Como você já deve saber, uma única leitura não é suficiente para a análise e compreensão dos textos. Evidentemente, quando se fala em estudar, nossa postura já é naturalmente diferente da postura de alguém que lê uma notícia ou um romance. Levando em consideração essa postura e disposição diante de um texto que se vai estudar, propomos uma sequência de ações que o auxiliarão a selecionar, analisar, compreender e avaliar um texto. Sim, avaliar! Pois, ao estudar, vamos adquirindo conhecimen- tos que permitem posicionamento diante de ideias e estabelecimen- to de paralelos entre um estudo e outro, entre uma obra e outra. Mas só a leitura atenta e criteriosa, aos poucos, vai nos conceden- do essa possibilidade, como dissemos o trabalho é intenso – num primeiro momento – com a prática, essas técnicas vão sendo inter- nalizadas, tornando-se habituais e simples de realizar. DESAFIO Para provar que é possível desvendar qualquer texto, propomos aqui a realização de um exercício aplicado quando se ensina um idioma instrumentalmente. Trata-se de um desafio, a leitura de um texto escrito em dinamarquês. Sim, é isso mesmo! E acreditamos que irá compreendê-lo. Vamos lá: Figura 1 - CASINO AALBORG Velkommen til Danmarks mest venlige kasino Metodologia do Estudo e da Pesquisa 16 Unidade 1 Ved Stranden, 14-16 Tlf. 98 10 15 50. Glaed dig til spaendende og morsomme timer i selskab med festlige mennesker i en international atmosfaere. Aben alle ugens dage fra kl. 20.00 – 04.00. Entré DKK 50,00,-. Der er legitimationspligt i henhold til dansk lov. Ingen adgang for unge under 18 ar. (Exercício extraído de: Munhoz, Rosâsngela. Inglês Instrumental: estratégias de leitura. 2003, p.18) Questões sobre o texto: a) Qual é o horário de atendimento do cassino? b) Quanto custa o ingresso? c) Qual é o telefone do cassino? d) Quem pode frequentar o cassino? e) Como é o ambiente do Cassino? f) Qual é o endereço do cassino? Certamente você conseguiu responder as questões. Confira as respostas: O horário de atendimento do cassino é das 20h às 04h. O ingresso custa DKK 50,00. O telefone do cassino é 9810 1550. Maiores de 18 anos podem frequentar o cassino. O cassino tem atmosfera festiva e ambiente internacional. O endereço é Ved Stranden, 14-16. As respostas estavam corretas? Com certeza sim! Mesmo sem falar dinamarquês,provavelmente as respostas estão corretas. Isso ocorre, pois foram realizados alguns raciocínios que possibilitaram a identificação das respostas: � Provavelmente o texto foi lido mais de uma vez; � Houve maior atenção às informações que eram procuradas; � As evidências tipográficas como a quantidade de algarismos que Planejamento da Vida Universitária 17 Unidade 1 compõem os números, bem como sua disposição e as siglas que os acompanham e a associação com as estruturas que trazemos internalizadas (números de telefone; endereços etc.) � A ilustração também foi observada; � A verificação de palavras semelhantes a conhecidas (palavras cognatas). Essa atividade, com certeza, vai encorajá-lo a entrar no universo da leitura mais seguro e pronto para adotar as estratégias que serão propostas ao longo da unidade de estudo. Lembre-se de que um texto em língua portuguesa, ainda que so- bre temas que não dominamos ou de estrutura e vocabulário mais complexos podem ser lidos e compreendidos! Segundo Bakhtin (2003), os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana. Assim, cada tipo de texto tem um estrutura e objetivo próprios para atender às necessidades comunicativas. Se analisarmos os textos com os quais lidamos diariamente veremos que seguem a definição acima, as notícias, por exemplo, são organizadas em torno de alguns elementos: O quê? Quem? Como? Onde? Por quê? Assim os demais gêneros, uma rápida análise nos permite identificar qual a função dos textos - uma bula de remédio, um cheque, um recibo - exatamente pelos elementos que o compõem, pois são esses elementos que realizam a função social do enunciado em questão. O mesmo ocorre com os textos acadêmicos e científicos, seguem determinadas estruturas justamente para poder realizar sua tarefa comunicativa. TEXTO CIENTÍFICO: CONTEÚDO E RACIOCÍNIO São considerados textos científicos aqueles que apresentam re- sultados de pesquisas e, como tais, são elaborados a partir de ra- ciocínios mais rigorosos, ou seja, apresentam a exposição de dados Metodologia do Estudo e da Pesquisa 18 Unidade 1 objetivos e fatos encontrados ao longo de pesquisas. Em razão dis- so, seguem regras e técnicas próprias da área da ciência em que se inserem. Estão nessa modalidade também os textos pautados pelo raciocínio dedutivo que fazem exposições teóricas. Os textos dessa modalidade visam ao aprendizado e vão exigir um trabalho intenso do estudante. Muitas vezes, é preciso recorrer a outros livros, enciclopédias, dicionários ou a um professor para compreender exatamente o que o autor pretende expor. Trata-se, portanto, uma leitura apoiada na razão reflexiva e na disciplina inte- lectual, em que a imaginação e a experiência deixam de ser subsí- dios únicos para a compreensão do texto. Sendo assim, uma leitura fácil e cômoda pode acabar sendo uma grande perda de tempo, pois em nada estaria contribuindo com o avanço do estudante no que diz à aquisição de novos conceitos e teorias. A fim de desenvolver essa nova maneira de ler e raciocinar, propomos a seguir alguns procedimentos que certamente vão au- xiliá-lo nessa tarefa, levando-o a selecionar leituras e alcançar mais rápida e corretamente a análise e a compreensão dos textos. O filósofo e matemático francês René Descartes (1596 – 1650), em sua obra Discurso sobre o método, afirma ser a razão o princípio absoluto do conhecimento humano. A partir de uma abordagem puramente racional, se propõe a criar um método que permita alcançar, longe de qualquer dúvida, a certeza que a matemática proporcionava. (Santos et al, 2000:26-27) No método dedutivo, parte-se da generalização para o particular. É a partir do que já existe, do que já é lei ou norma para chegar à conclusão. Daí a lei fundamental do raciocínio dedutivo: a conclusão não pode ter extensão maior que a proposições. O raciocínio silogístico regular é uma forma de raciocínio dedutivo que parte de uma premissa (proposição) maior e uma premissa menor que levam à conclusão particular. É a relação incondicional entre as premissas que leva à conclusão. Planejamento da Vida Universitária 19 Highlight Unidade 1 Quadro 1 - Estrutura do silogismo Todos jovens (A) são alegres (B). Carlos (C) é jovem (A). Carlos (C) é alegre (B). Se todo A é B e C é A, portanto C é B. Fonte: Elaborado pela autora Assim, segundo Mezzaroba e Monteiro (2003), a questão que permeia o silogismo é a relação de lógica estabelecida entre as proposições, a fim de que a validade da conclusão não seja comprometida. LEITURA SELETIVA Segundo Parra e Santos (2002:131) “[...] como todo pesquisador trava sempre uma luta contra o tempo, é importante que ele saiba separar o que deve e o que não deve ser lido em função da proposta de trabalho”. Assim, “[...] o primeiro passo para diante de um livro é fazer uma leitura de reconhecimento, ou seja, deve-se “examinar sumariamen- te o livro cujo título [...] interessa à primeira vista” (RUIZ, 2002, p. 35). Na fase inicial do trabalho, é preciso então proceder a uma leitura seletiva a fim de identificar se o livro aborda questões que podem contribuir com o trabalho. Tomando por base a proposta de Parra e Santos (2002), sugeri- mos o seguinte roteiro de leitura para a seleção de obras, analise os seguintes aspectos: Quadro 2 - Roteiro para leitura e seleção de obras. Autores Procure conhecer a qualificação e a área de atuação, essas informações muitas vezes se encontra na orelha dos livros. Objetivos A maioria das editoras apresenta os objeti- vos fundamentais do trabalho na apresenta- ção da obra. Metodologia do Estudo e da Pesquisa 20 Unidade 1 Prefácio Em geral, o prefácio permite conhecer o conteúdo abordado no livro e também o ponto de vista adotado pelo autor. Sumário A análise do sumário permite verificar os te- mas e subtemas abordados na obra. Muitas vezes um capítulo traz o que interessa ao leitor. Índice remissivo Quando presente na obra, o índice encon- tra-se ao final do livro e traz os termos rele- vantes para o entendimento do texto. Leitura superficial Folhear o livro, ler um ou outro parágrafo do texto permite identificar algumas ideias do autor e a forma como aborda, bem como a linguagem empregada. Leitura da conclusão A leitura das últimas páginas dá uma ideia do que há de mais significativo na obra, pois as conclusões sempre trazem a reto- mada do que se discutiu na obra. Refletir Esse contato inicial permite avaliar se o livro pode ou não ser inserido na bibliografia a ser estudada. Fonte: Adaptado de Parra (2000) e Severino (2007) A leitura de artigos científicos contribui muito com o pesquisador. Atualmente, esses artigos podem ser encontrados não só em perió- dicos disponíveis nas bibliotecas das universidades, mas também na internet em sites específicos como o Scielo e o Google Acadêmico. Os artigos, as monografias e as teses também podem ser ampla- mente utilizados em suas pesquisas, para selecioná-los sugerimos o roteiro a seguir: Quadro 3 - Roteiro de leitura para seleção de artigos, monografias e teses. Autores No início dos textos, pode-se conhecer a qualificação, a área de atuação e a institui- ção a que estão vinculados os autores, bem como sua linha de pesquisa. De acordo com a ABNT (As- sociação Brasileira de Normas Técnicas), o sumário (NBR 6027) é a apresentação das seções ou divisões de um documento, apresentado no início do trabalho, oferecen- do a sequência em que os conteúdos aparecem no tex- to, ou seja, é a organização dos títulos e subtítulos e suas respectivas páginas. O índi- ce (NBR 6034) apresenta, em ordem alfabética, ao final do documento, a enumeração de- talhada dos assuntos, nomes de pessoas, nomes geográ- ficos, acontecimento, com a indicação de sua localização no texto. Você sabia ? Planejamento da Vida Universitária 21 Unidade 1 Palavras-chave As buscas na internet se dão pelaapresen- tação de palavras que permitem identificar o assunto, o tema e o recorte estabelecidos nos textos. Os textos acadêmicos apresen- tam as palavras-chave logo em seguida do resumo. Resumo Os resumos dos artigos apresentam em poucas palavras o tema, o objetivo, o problema, a hipótese, a metodologia, os resultados e a conclusão a que chega o pesquisador. Introdução Uma breve leitura da introdução deixa claro o subsídio teórico utilizado pelo autor do texto e já norteia a leitura. Discussão e conclu- são Essas seções do trabalho, como já foi dito, trazem uma retomada de todo o texto, indi- cando se os objetivos do trabalho foram ou não alcançados. Fonte: Adaptado de Parra (2000) e Severino (2007) A partir desse estudo prévio, acredita-se que os materiais mais adequados a seu trabalho foram selecionados o que permite avan- çar na análise dos textos. Segundo Severino (2007) um texto pode ser estudado em três fa- ses de leitura, por ele denominadas análise textual; análise temática e análise interpretativa. ANÁLISE TEXTUAL: ABORDAGEM E COMPREENSÃO DO TEXTO É sempre bom lembrar que toda leitura destinada ao estudo deve ser realizada pelo processo de análise e síntese. Para tanto, propõe- -se que, de posse dos textos selecionados, sejam realizadas pelo menos duas leituras: uma primeira leitura integral do texto como se o leitor iniciasse uma conversa com o autor, em que precisam ser resolvidos problemas práticos como o vocabulário, por exemplo, e Assunto: ideia ampla, genéri- ca abordada em um texto. Tema: é a delimitação do assunto, o objeto de estudo, o fato ou as relações estuda- das. Recorte: especificamente o que se deseja discutir, a perspectiva de abordagem do texto. Tese: ideia defendida pelo autor. Título: nome dado à obra, visa atrair a atenção do leitor. O ideal é que o título faça re- ferência ao tema e recorte tra- balhados pelo autor. Palavras-chave: palavras re- correntes no texto que situam o leitor na temática abordada; funcionam como trilhos que sustentam e mantém a obra na direção desejada pelo au- tor. Em geral, são retomadas por sinônimos ou modifica- das, mantendo a mesma raiz. Atenção Vale lembrar que os textos podem e devem ser divididos em partes ou seções com uni- dade de sentido. Essa divisão tem por objetivo a leitura re- alizada em etapas: somente após a análise e a compre- ensão de uma parte, inicia-se outra para que, ao final da leitura, seja possível compre- ender globalmente a obra e elaborar uma síntese do con- teúdo abordado. Atenção Metodologia do Estudo e da Pesquisa 22 Unidade 1 uma segunda leitura na qual o leitor questiona e o autor responde. Não basta ser alfabetizado para realmente saber ler. Há leitores que deixam os olhos passarem pelas palavras, enquanto sua mente voa por esferas distantes. Esses leem apenas com os olhos. Só percebem que não leram quando chegam ao fim de uma página, um capítulo ou um livro. Então devem recomeçar tudo de novo porque de fato não aprenderam a ler. É preciso ler, mas, também é preciso saber ler. Não adianta orgulhar-se que leu um livro rapidamente em algumas dezenas de minutos, se ao terminar a leitura é incapaz de dizer sobre o que acabou de ler (GALLIANO, 1986, p. 70). Para realizar a leitura textual e caminhar em direção à compreen- são do texto, siga os seguintes passos: � 1º Passo: ler integralmente cada parte do texto Essa primeira leitura vai colocar você em contato com o texto e o fará identificar a necessidade de usar o dicionário para sanar dúvi- das de vocabulário, a necessidade de retomar algum fato histórico ou autor mencionado no texto. Não é aconselhável que, nessa primeira leitura, você faça qual- quer outro tipo de anotação além do significado das palavras que não conhece, pois se ainda não conhece o texto todo, como pode julgar quais são as partes mais relevantes, não é mesmo? Então, vamos abandonar a prática de, na primeira leitura, já grifar todo o texto! � 2º passo - Releitura de seção ou capítulo: Agora sim, na segunda leitura, você já pode sublinhar as infor- mações que julgar importantes ou que estejam relacionadas a seu objetivo, procure desenvolver um código próprio para fazer essas marcações: grife com um traço ou dois, circule, utilize setas. Mas lembre-se de usar lápis, pois as canetas que iluminam os textos não podem ser apagadas e, além disso, numa futura leitura seus olhos Planejamento da Vida Universitária 23 Highlight Unidade 1 estarão concentrados apenas naquilo que grifou e trechos importan- tes podem passar novamente despercebidos! Lembre-se de que um texto é dividido em seções e que cada uma delas tem função no texto, formando um todo organizado que constitui o raciocínio do autor, isso equivale a dizer que há inter- relação entre os itens de uma obra, portanto, não se deve passar ao próximo capítulo ou item sem ter compreendido o anterior. A menor unidade do texto é o parágrafo e, em cada parágrafo, há uma frase que concentra a ideia central desenvolvida no trecho. É como se o texto fosse dividido em itens ou tópicos que são os parágrafos e que cada um deles tem uma frase-resumo que será exemplificada em seguida. Essas frases são chamadas de tópicos frasais. Reconhecer e destacar os tópicos frasais ajuda muito na compreensão e fixação do conteúdo do texto e também na organização da síntese do texto, já que são as ideias-chave! Veja um exemplo: A Confederação é uma associação de Estados independentes e autônomos com fins determinados e explícitos. Entre eles, a defesa contra inimigo comum poderoso ou a defesa de interesses econômicos comuns, por exemplo. Na Confederação, cada Estado é um Estado-Nacional, porque mantém sua autonomia interna, tanto quanto a externa. Seu órgão central é um congresso, conhecido em alguns casos como Dieta, em que os países membros se representam e tomam decisões. As decisões tomadas são implementadas não por uma administração central, mas pelas administrações dos Estados membros, que assumem livremente a decisão tomada pela Dieta, por exemplo. Os confederados não têm um Parlamento, no sentido tradicional, mas funcionam como Assembleias, de que fazem parte os seus representantes geralmente plenipotenciários. O regime desta assembleia é definido quando se constitui a Confederação, operando sob unanimidade ou sob maioria qualificada, de algum modo caracterizando a vontade expressiva dos Estados. Desse modo, evidencia-se a manutenção da autonomia dos Estados que compõem uma Confederação. Tópico frasal Desenvolvimento Conclusão Figura 2 - Exemplo de estrutura de parágrafo Fonte: Adaptada de Gurgel (2015) Metodologia do Estudo e da Pesquisa 24 Unidade 1 Se quiser ressaltar trechos longos demais, utilize traços verticais ao lado do texto. Asteriscos podem evidenciar conceitos importan- tes para a compreensão do texto; pontos de exclamação nas mar- gens podem ressaltar ideias surpreendentes ou que merecem ser revistas. Numerar as afirmações a fim de confrontá-las à medida que apa- recem no texto também é um bom artifício; fazer sínteses no rodapé da página também! Utilizar tiras de papel ou papel adesivo com anotações referentes a dúvidas acerca da leitura de certos trechos é também grande es- tratégia para garantir a eficiência e apreensão da leitura. Bem, depois de realizado esse estudo em cada uma das partes do texto, você está pronto para a próxima fase. LEITURA ANALÍTICA: COMPREENSÃO DA MENSAGEM Depois de realizado todo o processo de análise, é possível abor- dar o texto de modo geral, identificando exatamente o assunto, o tema e o recorte estabelecidos pelo autor para o desenvolvimento do trabalho. Além disso, todo texto parte de uma problematização que é a mola propulsora de todo estudo, ou seja, o questionamento, a inquietação que motivou a pesquisa apresentada no texto. A leitura cuidadosa realizada até então vai permitir quevocê con- siga também identificar o que o autor traz como “resposta” a tal questionamento, o caminho argumentativo e o método que utilizou para alcançar os resultados e conclusões a que chegou. Segundo Severino (2007), para realizar essa análise, há questões que devem ser respondidas por meio do texto. Vejamos: � Tema De que trata o texto? � Problematização Que pergunta o autor pretende responder? Planejamento da Vida Universitária 25 Unidade 1 Qual dúvida desencadeou a pesquisa? Qual problema precisa ser solucionado? � Tese Que ideia o autor defende? O que o autor pretende demonstrar? Que ideia é oferecida como resposta ao problema inicial? � Argumentação Como o autor demonstra sua posição? Como comprova sua tese? Que elementos apresenta para demonstrar seu raciocínio? � Temas e subtemas Que itens secundários são apresentados nas unidades? Que ideias são apresentadas especificamente em uma unidade do texto? São indispensáveis para a organização do todo? De posse das respostas a essas questões, tente elaborar um resu- mo das ideias e do raciocínio empreendido pelo autor e verá como o texto nasce facilmente. E melhor que isso, irá realizar um resumo de verdade, pois certamente não vai trabalhar com trechos da obra, mas com suas palavras. Vale a pena tentar! Esquematizando Figura 3: Esquema de leitura analítica Fonte Elaborado pela autora, 2015 Metodologia do Estudo e da Pesquisa 26 Unidade 1 A organização de ideias em fluxogramas é excelente método de aprendizagem. Existe uma ferramenta que auxilia na organização de registros de estudo e leitura, tornando-os significativos e lógicos, trata-se da elaboração de mapas conceituais. Na década de 70, o pesquisador Joseph Novak, com base na te- oria da aprendizagem significativa, desenvolveu a teoria dos mapas conceituais em que os conceitos, representados por palavras-chave ou breves orações, são organizados em caixas e inter-relacionados por frases. Desse modo, fica claro que para criar os mapas é preciso ter compreendido os conceitos e ser capaz de reconhecer palavras- -chave e criar frases-síntese correlacionais. A proposta de leitura até aqui apresentada possibilita a compreensão e, consequentemente, a elaboração dos mapas. Há disponível, na internet, sites que permitem o acesso gratuito à ferramenta Cmap Tools, que auxilia na construção dos mapas con- ceituais. Um deles é <http://www.baixaki.com.br/download/cmapto- ols.htm>. Para compreender melhor a utilização da ferramenta, o Centro In- terdisciplinar de Novas Tecnologias da Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, oferece um tutorial completo do uso da ferramenta que pode ser acessado pelo endereço <http://pen- ta3.ufrgs.br/tutoriais/Tutoria-CmapToolsV5/conteudo.htm>. Indicamos também a leitura do artigo Protótipos e estereótipos: aprendizagem de conceitos Mapas Conceituais: experiência em Educação a Distância, de Maria Suzana Marc Amoretti, também da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponível em <http://www.nuted.ufrgs.br/oficinas_2006/meta_cogni/prototipos_ estereotipos.pdf>. Vale a pena conhecer e utilizar, pois esses mapas garantem a re- tomada dos textos de modo imediato, otimizando o tempo e facili- tando o estudo. Planejamento da Vida Universitária 27 Unidade 1 LEITURA INTERPRETATIVA: CONSIDERAÇÕES E POSICIONAMENTO A RESPEITO DO TEXTO Esta é a última etapa da leitura de análise de um texto e o leitor já está pronto para se posicionar em relação às ideias apresentadas pelo autor e dialogar com ele acerca dos conceitos de outras fontes de leitura que discutam a mesma questão. Especificamente, o objetivo é compreender os pressupostos filo- sóficos que permitiram ao autor desenvolver seu texto e, a partir disso, analisá-lo. Trata-se da atitude crítica do leitor, de um juízo de valor acerca da obra no que diz respeito a: � Relevância temática; � Eficácia do raciocínio; � Validade na demonstração da tese; � Coerência na argumentação; � Aprofundamento da análise do tema; � Validade dos procedimentos metodológicos; � Limitações, acertos e falhas metodológicas; � Fundamentação das discussões; � Aproveitamento dos resultados; � Solidez da conclusão. À primeira vista, esse trabalho pode parecer muito complexo e, por vezes, impossível de ser realizado, pela falta de tempo ou de embasamento teórico. É justamente a prática de leitura e estudo constante que o levarão à maturidade intelectual e conhecimento que permitem empreender análises sólidas e fundamentadas. Considere também que explanar sobre esses procedimentos os tornam aparentemente mais complexos de que a efetiva realização prática das técnicas. Veja agora um exemplo de texto trabalhado segundo a proposta apresentada: Metodologia do Estudo e da Pesquisa 28 Unidade 1 � Na primeira leitura, resolver problemas de vocabulário, grifar e anotar; � Identificar as palavras chave - elaborar listas de palavras que se repetem ao longo do texto, em seguida, selecionar aquelas que possuem sentido mais amplo. Essas representam o assunto, o tema e os recortes; � Destacar os tópicos frasais; � Elaborar um fluxograma ou mapa conceitual; � Redigir um resumo. Lembre-se de que estamos trabalhando um pequeno texto como exemplo, em artigos ou livros inteiros, basta ampliar as seções, ou seja, o trabalho realizado nos parágrafos será realizado nos capítu- los ou seções do texto. Vamos lá! O cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras? //Antes de mais nada, é necessário acabar com o mito d e que o cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras.// O fato de uma pessoa ser muito boa para j ogar x adrez não s ignifica q ue ela seja m ais inteligente do que o s não j ogadores. Você p ode ser um especialista em r esolver quebra cabeças. I sso não o torna mais capacitado na arte de pensar. Tocar piano (como tocar qualquer instrumento) é extremamente complicado. O pianista tem de dominar u ma s érie d e técnicas d istintas – oitavas, s extas, t erças, t rinados, legatos, stacattos - e coordená-las, p ara que a execução ocorra de forma integrada e equilibrada. Imagine u m pianista q ue r esolva especializar-se ( ...) na técnica dos trinados apenas. O que v ai a contecer é que e le s erá capaz de fazer trinados c omo ninguém – só que e le não será capaz de executar nenhuma úi Técnicas *Tese Palavra repetidas Figura 4: Exemplo de grifos e anotações para estudo de texto Fonte Elaborado pela autora, 2015 Planejamento da Vida Universitária 29 Unidade 1 /Cientistas são como pianistas que resolveram especializar-se numa técnica só./ Imagine as várias divisões da ciência – física, química, biologia, psicologia, sociologia – como técnicas especializadas. No início pensava-se que tais especializações produziriam, miraculosamente, uma sinfonia. Isso não ocorreu. O que ocorre, frequentemente, é que cada músico é surdo para o que os outros estão tocando. Físicos não entendem os sociólogos, que não sabem traduzir as afirmações dos biólogos, que por sua vez não compreendem a linguagem da economia, e assim por diante. /A especialização pode transformar-se numa fraqueza./ Um animal que só desenvolvesse e especializasse os olhos se tornaria um gênio no mundo das cores e das formas, mas se tornaria incapaz de perceber o mundo dos sons e dos odores. E isto pode ser fatal para a sobrevivência. /O que eu desejo é que você entenda o seguinte: a ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos./ Quem usa um telescópio ou um microscópio vê coisas que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada mais são do que extensões do olho. Não são órgãos novos. São melhoramentos na capacidade de ver comum a quase todas as pessoas. Um instrumento que fosse a melhoria de um sentido que não temos seria totalmente inútil. Da mesma forma como telescópios e microscópios são inúteis para cegos, e pianos e violinos são inúteispara surdos. A ciência não é um órgão novo de conhecimento. A ciência não é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão./A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos./ Crescimento excessivo Tópico frasal Tópico frasal Tópico frasal Palavras repetidas Palavras repetidas Conclusão! É preciso organizar as palavras repetidas ou retomadas por asso- ciação de sentido ao longo do texto, organizadas em grupos: ciência especializasse conhecer capacitado cientista especialização conhecimento capaz especializada capacidade Especializar-se 2 ALVES, Rubens. In: VIANA, Antônio Carlos et alii. Roteiro de redação: lendo e argu- mentando. São Paulo, Scipione, 1998, p. 128-9 Figura 5 - Trata-se do mesmo texto da figura 4, foi dividido pela página Fonte Adaptado de ALVES (1998)2 Metodologia do Estudo e da Pesquisa 30 Unidade 1 Das palavras que se repetem, devemos selecionar a de sentido mais amplo, assim, temos: Ciência Especialização conhecimento capacidade Se pensarmos no texto como um todo, percebe-se facilmente que essas palavras sustentam semanticamente o texto – palavras-cha- ve. O autor discute a ciência vista como especialização não altera a capacidade do cientista, apenas lhe dá mais conhecimento especí- fico. É isso? Então poderíamos dizer que no texto: - O assunto é a ciência; - O tema é a especialização e - Os recortes estabelecidos são conhecimento e capacidade. Capacidade Ciência Especialização Conhecimento Se tomarmos agora as ideias centrais, ou seja, a tese, os tópicos frasais e a conclusão destacada no texto e as organizarmos em for- ma de texto, teremos a síntese das ideias do autor: Os cientistas não são mais inteligentes ou capazes que as demais pessoas, apenas aprofundam conhecimentos o que, de certa forma, pode ser prejudicial, pois passam a ter visão profunda de temas específicos sem, contudo, relacioná-los a outros elementos que poderiam oferecer uma visão mais ampla da realidade. Assim a não deve ser vista como uma capacidade nova, mas como potencializadora de capacidades comum a todas as pessoas. A partir desse exemplo, esperamos que você possa desenvolver seus estudos e lembre-se de que todas as atividades propostas nas aulas de metodologia compõem técnicas imprescindíveis para a ela- boração de trabalhos acadêmicos – sejam na graduação, sejam na Figura 6 - Fluxograma das ideias central do texto Fonte Elaborado pela autora, 2015 Planejamento da Vida Universitária 31 Unidade 1 pós-graduação, tais exercícios levam à prática e maturidade neces- sárias a um estudante de ensino superior -, uma vez que compõem as formas de aplicação das estratégias dos métodos de trabalho e estudo! REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: Informação e documentação – Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6034: Informação e documentação – Índice – Apresentação. Rio de Janeiro: 2004. BAKHTIN, M. M. O problema dos gêneros discursivos. In: Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. 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Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo, Scipione, 1998. Planejamento da Vida Universitária 33
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