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RESENHA CHALMERS, A.F. O que é ciência, afinal?; Tradução de Raul Filker. São Paulo, Editora Brasiliense, 1993. Mateus Pacheco Braga Evangelista A obra é de autoria de Alan Francis Chalmers, um filósofo britânico, que nasceu no ano de 1939, em Bristol, Inglaterra, onde consegui o grau de bacharel em Física pela Universidade de sua cidade natal. Além disso tem os graus de mestre em Física, pela Universidade de Manchester e de PhD, onde sua tese foi a teoria eletromagnética de James Clerk Maxwell. No ano de 1971 se mudou para Austrália onde, por alguns anos, trabalhou na Universidade de Sydney. Chalmers tem três publicações, sendo o best-seller “What Is This Thing Called Science? ”, onde foi traduzida para diversas línguas. Aqui no Brasil, essa tradução foi feita por Raul Filker e levou a intitulação de “O que ciência, afinal? ”. O livro tem, ao todo, 14 capítulos. Cada capítulo traz seções a respeito do título tratado no mesmo. As ideias apresentadas no livro são diversas. O Indutivismo é o primeiro capítulo da obra, que está subdividido em cinco partes. A princípio, Chalmers traz a questão do senso comum sobre ciência, o que é aceita de forma razoável. Seguindo uma linha a partir dessa primeira parte, ele apresenta informações sobre indução, objetividades e outros. Ao longo dos demais capítulos, o autor traz outras questões como a problemática da Indução, o Falsificacionismo, onde apresenta em três capítulos o conceito, as vertentes e as limitações dessa doutrina para a ciência. Nota-se que a obra é dividida em duas partes, onde na primeira é apresentada as visões diferentes a respeito da ciência. A partir do sétimo capítulo, o autor começa a explorar a segunda parte da obra. O que foi apresentado nos primeiros capítulos serviu como base fundamental para as discussões dos temas posteriores, como a objetividade do conhecimento científico. Nesse segundo momento, o autor expõe sua visão, através das teorias e que servem para aflorar temas como a racionalidade. A bom modo, o livro pode ser considerado uma espécie de manualque introduz ao leitor as variantes da natureza científica. Na última seção do livro, o autor chega, em sua conclusão, indagando os motivos do indivíduo se “incomodar” com essa busca pelo conceito ideal de ciência. O autor acredita que sua obra serve para desmistificar o que ele denomina de “ideologia da ciência”, que seria o conceito adotado pela sociedade atual. Essa ideologia acaba envolvendo um conceito ambíguo sobre ciência, o que favorece a defesa de algumas posições, como a conservadora. Ao fim, o autor afirma que não existe um conceito universal e atemporal da ciência, pois ainda não temos os recursos que seriam necessários para ter-se essa noção correta. Ele acredita que as ideias sobre a ciência não devem se prevalecer uma acima da outra, mas que podem ser desenvolvidas de uma forma controlada. Na composição de sua obra, Chalmers utilizou de dois métodos, que podem ser notados em cada parte da obra: o método indutivo e o comparativo. O método indutivo é regido durante toda a obra, pois considera diferentes casos particulares como a questão do indutivismo, do falsificacionismo, objetivismo, racionalismo, entre outros, e que chegam a um resultado comum na conclusão que o autor tem a respeito do tema. O método comparativo se torna mais perceptível na segunda parte da obra, quando o autor começa as suas pesquisas baseadas nos conceitos obtidos na primeira parte. Nesse sentido, ele faz uma breve comparação entre Lakatos (1922 – 1974) e Kuhn (1922 – 1996) onde cada um propõe teorias através projetos de pesquisas e noções de paradigmas, respectivamente. O autor trouxe como referência ao seu livro as teorias defendidas por Imre Lakatos e Thomas Khun, onde suas explicações, dizem que muitas das teorias científicas são consideradas complexas e que, na verdade são como estruturas compostas de premissas e técnicas de observação onde elas podem ser consultadas em pontos específicos para ajudar a encontrar soluções. A partir disso, as vertentes são separadas, sendo desse modo mostrando o a apreciação e ao estilo utilizado pelos dois defensores. Lakatos defende uma metodologia de projetos de pesquisa, onde nesses, devem contar os princípios gerais que a teoria venha a propor, além de uma variável de hipóteses que servem como auxílio, podendo ser modificadas de acordo com cada cientista que vier a utilizar tal teoria. Já Khun, apresenta uma vertente baseada em noções paradigmáticas, onde mostra, em linhas gerais um modelo de orientação que vem sofrendo constantes crises e sendo substituídas por demais paradigmas, renovando sempre a tradição científica. Como já dito, o autor trouxe como objetivo uma desmistificação da ideologia a respeito da ciência. A obra traz como contribuição para o leitor, um pensamento mais crítico e a busca por conceitos que possam explicar o tema de forma mais coerente, dando mais clareza a respeito do que o senso comum aborda. Sendo bastante rica em detalhes, consegue ser objetiva ao tema proposto, trazendo um segmento introdutório para o leitor. A princípio, pode se haver um sentimento de confusão durante a leitura inicial, porém, ao passar os capítulos pode se ver que cada conceito vai montando uma ligação com o próximo para que a conclusão da obra seja entendida de forma mais específica. A obra é dirigida, especificamente, a acadêmicos ingressos em primeira estância (alunos de 1º período) onde esse conceito de ciência tem de ser explicado de forma coerente, pois a partir disso, o pensamento pode se tornar mais crítico e as atividades a serem realizadas, passam a ter bases científicas. Pode ser abordado em disciplinas como Metodologia, que propõem o conhecimento para elaboração de trabalhos em cunho científico, assim como em disciplinas específicas da área de Filosofia.
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