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Doença autoimune Profª vanessa Rodrigues vanessatavrodrigues@gmail.com •MECANISMOS DE IMUNIDADE: INATA E ADQUIRIDA •MECANISMOS DE TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA . RELEMBRAR... IMUNIDADE INATA X ADQUIRIDA: Mecanismos externos: pele, vilosidades, muco, pH... Mecanismos internos: células fagocitárias, sist. complemento... Imunidade Humoral Imunidade Celular Os mecanismos de imunidade inata fornecem defesa inicial contra infecções. A resposta imune adaptativa desenvolve-se posteriormente e consiste na ativação dos linfócitos. Tolerância Central: -Seleção positiva; -Seleção negativa: • Apoptose (deleção); • Mudança de receptores; • Formação de células Treg Tolerância Periférica: -Seleção positiva; -Seleção negativa • Apoptose (deleção); • Anergia (inativação dos sinais); • Supressão (pela Treg) TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA: linfócito T TOLERÂNCIA Central: MEDULA ÓSSEA TIMO Os LT maduras reconhecem Ag próprios presentes nos tecidos periféricos e ausentes no timo levando à inativação funcional (anergia), morte celular ou supressão imunológica. linfócito T TOLERÂNCIA periférica: linfócito B TOLERÂNCIA Central: linfócito B TOLERÂNCIA periférica: Falhas no mecanismo de tolerância = Auto-imunidade = Resposta imunológica a antígenos próprios Falha da auto-tolerância Pode se dar por: Anormalidades intrínsecas nos linfócitos, anormalidades na natureza e na apresentação dos antígenos próprios; Fatores genéticos, infecções. Doença autoimune Doença auto-imune: doença causada pela falha da auto-tolerância • 1-2% dos indíviduos sofrem de doenças auto-imunes • Heterogêneas e multi-fatoriais • Podem ser causadas por anticorpos (LB) ou células auto-reativas (LT) • Que antígenos induziu a auto- imunidade???? disbiose intestinal???? Desencadeadores da doença autoimune Principalmente mutações ou polimorfismo no MHC/HLA MHC/HLA Moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) São proteínas especializadas codificadas por gene chamado de Complexo Principal de Histocompatibilidade. A ação fisiológica do MHC é codificar proteínas de superfície que reconhecem e apresentam antígenos próprios ou externos as célula T. Antígeno leucocitário humano Fatores genéticos na autoimunidade Associação com alelos do locus do MHC Associação com genes não MHC GATILHOS DA AUTOIMUNIDADE: DOENÇAS AUTOIMUNES Exemplos: • Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES); • Artrite Reumatoide; • Doença celíaca; • Psoríase; DÇ. AUTOIMUNES: SISTÊMICAS Exemplos: • Diabetes Mellitus Tipo 1; • Tireoidite de Hashimoto; • Doença de Crohn; DÇ. AUTOIMUNES: ÓRGÃOS ESPECÍFICAS Caracterizada pela produção de autoanticorpos, formação e deposição de imunocomplexos, inflamação em diversos órgãos e dano tecidual; •Pode ocorrer em qualquer idade e em todas as raças; •Início principalmente entre 16 e 55 anos; •Afeta predominantemente mulheres: relação mulher / homem = 10 a 15:1 •Incidência estimada no mundo todo: 1 a 22 casos/100.000 por ano; LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: • Fatores genéticos e ambientais (dieta, estresse, envelhecimento, toxinas), hormonais... contribuem para quebra da tolerância imunológica, levando a formação de imunocomplexos. Esses começam a se depositar em tecidos, causando injuria, inflamação e destruição. Ex.: glomerulonefrite Patogenese LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: • Medicamentos (hidralazina, penicilina, contraceptivos orais); • Infecção pelo vírus Epstein Barr; • Radiação ultravioleta; • Fatores hormonais (relação aumentada estrógeno / andrógenos - Modular estrógenos); • Infecções e processos inflamatórios. Gatilhos LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: • O LES é altamente variável. Os sintomas iniciais podem ser inespecíficos, incluem fadiga, mialgia, náuseas, vômitos, cefaleias, depressão, equimoses ou sintomas mais específicos ou qualquer combinação destes. • Pode ser leve ou grave, transitório ou persistente. sintomas • PRINCIPAIS MEDICAMENTOS: - Antimaláricos (hidroxicloroquina, cloroquina); - AINES (anti-inflamatórios não esteroidais); - CORTICOSTERÓIDES (pulsoterapia); - Drogas citotóxicas endovenosas (ciclofosfamida, azatioprina); - Poupadores de glicocorticóides (azatioprina e metotrexato); - Imunossupressores; TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: CORTICOTERAPIA CRÔNICA NA LES: ➢Efeitos colaterais: Podem ser observados a partir de 1 a 2 meses de uso - Face cushingoide; - GANHO DE PESO; - HAS; - Acne; - Fragilidade capilar; - Osteoporose; - Catarata; - Hirsutismo; - HIPERGLICEMIA; - RI; - Hipocalemia; - Irritabilidade; - Miopatia; - Predisposição à infecções - DISLIPIDEMIAS; ESTRATÉGIA NUTRICIONAL: ➢ Aumentar ingesta de AOX da dieta; ➢ Adicionar fontes e/ou suplementar complexo B; ➢ Controlar a carga glicêmica das refeições; RISCO CARDIOVASCULAR NA LES: • Processo inflamatório associa-se à dislipidemia, obesidade, HAS e SM; • Piora do perfil lipídico quando doença está em atividade: Expressão de Lipase Lipoprotéica (LPL) Aumento de TG e VLDL e HDL Perfil de lipoproteínas pró-aterogênicas RISCO CARDIOVASCULAR ESTRATÉGIA NUTRICIONAL: ➢ Qualidade alimentar ➢ Hipo a Normocalórica; ➢ Normoproteíca e normolipídica; ➢ Priorizar mono e poli- insaturadas; ➢ Controlar CG e IG; DISBIOSE E LES: Observado taxa Firmicutes / Bacterioidetes significativamente mais baixas em pacientes com LES. Microbiota pode impactar nos sintomas e progressão. ESTRATÉGIA NUTRICIONAL: ➢ Modular microbiota intestinal; - Fontes de fibras prebióticas; - Probióticos; Contribuem p/ formação de AGCC → citocinas anti- inflamatórias → inibe COX e aumentam IL10 → modulação de respostas autoimunes NUTRIÇÃO E LES: NUTRIÇÃO E LES: • Propriedades anti-inflamatória; • Redução da produção de citocinas inflamatórias (IL-6, TNF-α) • Supressão da produção de autoanticorpos; • Melhora do perfil lipídico (redução de TG, LDL e aumento de HDL); • Amenizam a severidade da autoimunidade; • Pode reduzir proteinúria e promover ação protetora renal; OUTROS NUTRIENTES IMPORTANTES PARA MODULAÇÃO DA LES: ▪ SELÊNIO, ZINCO E COBRE ✓Concentração sérica de Selênio, Zinco e relação Zn/Cu são essenciais para controle da atividade da doença. ✓ Modula Sistema imune; ✓ Modula citocinas inflamatórias; ✓ Modula citocinas inflamatórias; ✓ Estresse oxidativo; ✓ Perfil aterogênico ✓ Sistema imune. ✓ Priorizar B6, B9 e B12, pois são cofatores metabólicos para redução de Hcy (redução de RCV); ✓ B6 – melhora autoimunidade; ARTRITE REUMATÓIDE ARTRITE REUMATÓIDE: Doença inflamatória sistêmica crônica autoimune que ataca primariamente os tecidos sinoviais • Envolve pequenas e grandes articulações das extremidades, incluindo dedos, ombros, cotovelos, joelhos e tornozelos. • Prevalência de 1% em adultos de todo o mundo • Prevalência em mulheres é de 2 a 3x maior do que em homens. • Ocorre em qualquer idade, mas incidência aumenta com a idade. • Incidência estimada em 40/100.000 em mulheres e 20/100.000 em homens . PATOGÊNESE: Caracteriza-se pela inflamação da sinovial associada à destruição da cartilagem articular e osso, apresentando um quadro morfológico indicativo de resposta imunológica local. • A AR é uma doença autoimune em que fatores genéticos e ambientais contribuem p/ quebra da tolerância imunológica. • Células CD4 Th1, Th17 e linfócitos B ativados, plasmócitos, macrófagos e outras células inflamatórias são encontradas nas sinóvias. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Articulares [pequenas e grandes articulações. Quando destrói o tecido, ele se deforma e cicatriza da forma que dá]; • Extra-articulares [características sistêmicas como fadiga e febre baixa podem ocorrer e são comuns em pacientes com fator reumatoide positivo]. Principais acometimentos - Pele [nódulos subcutâneos] - Cardíaco [pericardite, aterosclerose prematura, vasculite] - Oftalmológico [ceratoconjuntivite seca] - Neurológica[neuropatia por aprisionamento – síndrome no túnel do carpo. A TRATAMENTO: O uso de corticoides também é comum em pacientes com AR. • Atentar p/ efeitos colaterais da corticoterapia crônica: - Dislipidemias; - RI; - Hiperglicemia; - Osteoporose; - Ganho de peso; • Perda óssea na AR é ainda maior nos pacientes em uso de glicocorticoides Minimizar esses efeitos por meio da dieta p/ esses indivíduos. NUTRIÇÃO NA AR: ✓ Aumentar consumo: - Dieta mediterrânea – frutas, vegetais, legumes, azeite, cereais... ZERO industrializados; - Suplementos: Ômega 3, vitamina C, Vitamina D, Zinco, gingerol, açafrão, chá verde... ✓ Provável efeito benéfico: - Suplementos: Vitamina E, Selênio, resveratrol, óleo de borragem (GLA) e isoflavonas. ✓ Reduzir consumo: - Carnes vermelha, café e suplementação de ferro; ✓ DIETA VEGETARIANA?! anti-inflamatórios não esteroides NUTRIÇÃO NA AR: ✓ Controle de peso (controlar efeitos da corticoterapia); ✓ Dietas vegetarianas são boas p/ todas as doenças autoimunes: alto teor de fitoquímicos. ✓ Rica em frutas e vegetais ✓ Baixa em açúcares e gorduras inflamatórias ✓ Modular AOX; ✓ Rica em ômega 3 + Óleo de borragem ou prímula [ácido gamalinolênico-GLA]; ✓ Óleo de krill; ✓ Modular microbiota – Probióticos; ✓ GLA: Em estudos, o uso de w3 foi capaz de reduzir a rigidez matinal, e o GLA é capaz de diminui dor e aumentar flexibilidade; ✓ ÓLEO DE KRILL: Estudos mostram que o óleo de krill tem efeitos positivos comparados ao w-3, reduzindo infiltrados articulares, melhorando toda a clínica da AR [mobilidade, menos dor]. ✓ PROBIÓTICOS: A disbiose pode gerar translocação bacteriana, favorecendo infiltração articular, além de aumentar a expressão de Th17 no intestino. DIABETES MELLITUS TIPO 1 DIABETES: “Hiperglicemia persistente decorrente de defeitos na produção da insulina ou na sua ação, em ou ambos os mecanismos” • Tipo 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune das células β comprovada por exames laboratoriais; • Tipo 1B: deficiência de insulina de natureza idiopática • O DM1A compreende 90% dos casos de diabetes infantil e 5% a 10% na idade adulta; • Predomina na raça branca; • Cerca de 30% da população geral apresenta algum grau de predisposição genética, mas apenas 0,5% evolui para DM1A→ refletindo diferentes genes de suscetibilidade e fatores ambientais desencadeantes. PATOGÊNESE: • O DM1A tem início quando ocorre um desequilíbrio nos mecanismos de tolerância aos antígenos próprios, resultando em insulite (inflamação das ilhotas pancreáticas); • As células β pancreáticas tornam-se infiltradas por linfócitos T e B, macrófagos e células dendríticas, levando à inflamação. Esta infiltração de linfócitos pode resultar na destruição das células betas produtoras de insulina das ilhotas e no diabetes clínico. • A abertura do quadro do DM1 acontece quando 80% das células beta já foram perdidas; GATILHOS: Para crianças com base genética é ESSENCIAL dar o suporte adequado de vitamina D, reforçar aleitamento materno e expor a variados ambientes, para que tenha uma microbiota diversa e protetora. ➢ Excesso de peso (obesidade) ➢ Infecções (uso excessivo de antibióticos e manifestações alérgicas); ➢ Deficiências nutricionais; ➢ Microbiota intestinal; ➢ Exposição precoce a alimentos alergênicos (glúten e leite de vaca); ➢ Estresse psicológico; ➢ Parto cesáreo; • 1.835 crianças do DAISY Study • 143 desenvolveram autoimunidade contra ilhotas→ 40 desenvolveram DM1 RESULTADOS: - Maior ingestão leite bovino foi associada ao aumento risco autoimunidade contra ilhotas em crianças geneticamente susceptíveis; - Ingestão leite bovino associada com maior progressão para DM1; - Quanto mais cedo a introdução maior a influência da PLV como fator ambiental causal; DISBIOSE E DM1A: Análise intestinal e fecal em crianças DM1: ↑ Bacteroidetes e ↓ Firmicutes→ Disbiose ↑ permeabilidade e inflamação intestinal: ↑ ICAM-1, ↑ IL-1α, ↑ IL-4 → ↑ inflamação ↓ células Treg→ ↓ tolerância imunológica ↓ vilosidades e tight junctions→↓ integridade mucosa UMA DOENÇA AUTOIMUNE PODE DESENCADEAR OUTRAS??? • Maior prevalência de DC em DM1 ➔ ⅔ dos diabéticos tipo 1 com diagnóstico DC são assintomáticos; • Apenas 10% pacientes DM1 com DC apresentam sintomas Gastrointestinais; • DC+DM1 é 5 a 7x mais prevalente do que DC isolada; PREVENÇÃO / TRATAMENTO NO DM1: ✓ Incentivar o parto vaginal e aleitamento materno exclusivo; ✓ Adequada introdução de alimentação complementar; ✓ Modulação da microbiota intestinal; ✓ Evitar deficiências de nutrientes imunomoduladores; ✓ Ômega 3; ✓ Vitamina D; ✓ Vitamina A; ✓ Entre outros... VITAMINA D E DM1: Afeta as predisposições genéticas ao DM1; As propriedades imunomoduladoras atuam de forma profilática / terapêutica no DM1 Sua deficiência está associada com alta prevalência de início precoce de DM1 Suplementação no início da vida diminui os riscos futuros de DM1 VITAMINA A E DM1: Dietas ricas em polifenóis e vitamina A têm efeitos protetores contra o ataque inflamatório autoimune às células beta, tendo potencial de reduzir o surgimento e a patogênese do DM1. Um estudo feito com ratos (em que se induziu DM1 pelo uso de droga que destrói células beta) a suplementação de vitamina A, carotenoides e ômega-3 foi capaz de prevenir a abertura do quadro, porque previne estresse oxidativo na membrana das células. ÔMEGA 3 E DM1: . Incorporação do ômega-3 nas membranas celulares, aumentando a fluidez e habilidade em manter água, nutrientes e eletrólitos dentro das células PROTEÇÃO CONTRA DANOS OXIDATIVOS São utilizados na produção de substancias bioquímicas que reduzem inflamação e a excessiva resposta imunológica contra as células IMUNOMODULAÇÃO ÔMEGA 3 E DM1: • DAISY Study – 1994 a 2006 • 1.770 crianças geneticamente susceptíveis a DM1 • Ingestão W-3 a partir do 1a vida x Autoimunidade RESULTADOS: - Omega-3 inversamente associado ao risco de autoimunidade (p=0,002) Ingestão dietética de ômega-3 associada ao risco reduzido de autoimunidade contra ilhotas em crianças geneticamente susceptíveis ao DM1 TRATAMENTO EXTRANUTRICIONAL: 1) Insulinização plena e intensiva 2) Planejamento e orientação familiar + atividade física 3) Automonitorização diária 4) Educação nutricional + aconselhamento psicológico TIREOIDITE DE HASHIMOTO A tireoide é uma glândula muito sensível a contaminantes e o EO local gerado pode ser um gatilho p/ autoimunidade. NUTRIÇÃO E HASHIMOTO: As brássicas, brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas, couve-manteiga, nabo, rabanete, repolho, além de alho e cebola são fontes de glicosinolatos. Quando esses alimentos são cortados crus, ocorre interação entre os glicosinolatos e a enzima mirosinase, que catalisa a formação do tiocianato, isotiocianato e nitrila. O tiocianato e o isoticianato competem com o iodeto pela entrada nos folículos tireoidianos, o que pode comprometer a síntese de HTs e induzir o surgimento de bócio e do hipotireoidismo em pacientes com baixa ingestão de iodo. Glicosídeos cianogênicos, estão presentes em plantas tropicais como a mandioca, o feijão, a linhaça, em brotos de bambu e na batata doce. Este também pode ser metabolizados para tiocianatos e também competem com o iodo para serem absorvidos pela tireoide. Até o momento, não há estudos que definam a quantidade de brássicas que pode afetar significativamente a síntese hormonal. NUTRIÇÃO E HASHIMOTO: Mostrou que precisaríamos consumir uma quantidade muito grande de brássicas para que esta interferisse na tireóide. O consumo de 100 gramas ao dia, por exemplo, representa um risco mínimo de problemas. , 2016.
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