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ANÁLIS E TEXTUAL 9 e 10

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ANÁLIS E TEXTUAL – AULA 9
SENTIDOS METAFÓRICO E METONÍMICO
Quando estamos diante de um texto para fazer uma leitura, geralmente imaginamos que todas as informações estarão disponíveis no próprio texto, não é mesmo ?  Bem, nem sempre acontece dessa maneira. Claro que algumas vezes encontramos textos que possuem quase todas as informações presentes, e quando o leitor segue essas informações, ele consegue entender a mensagem. Porém, algumas vezes, encontramos textos em que as mensagens não estão tão evidentes, e que se tornam mais difíceis de ler, não é verdade? Esta aula irá tratar exatamente disso: os sentidos que circulam nas entrelinhas de um texto.
Um pingo de teoria...
Alguns textos necessitam mais de nossos conhecimentos, porque as palavras não se bastam sozinhas. Então, para entendermos a mensagem, necessitamos combinar às palavras mais informações, e essas informações vêm de nosso conhecimento de mundo.  
Qundo, as palavras, os elementos linguísticos, conduzem o leitor para o entendimento da mensagem, o trabalho que ele terá fundamentalmente com essas palavras, ou seja, esses elementos linguísticos conduzem o entendimento.
Quando as palavras são estrategicamente colocadas e não trazem a maior parte do conteúdo relacionada a ela e à mensagem do texto, o leitor tem mais trabalho, pois o texto não explica, mas necessita que o leitor busque o entendimento. Assim, ele precisa acionar seu”conhecimento de mundo” para fazer as conexões adequadas com as palavras e chegar ao entendimento do texto.
Recursos para atribuir efeitos de sentido: metáfora e metonímia
As interpretações que acabamos de fazer no exemplo passado foram possíveis porque acionamos vários mecanismos mentais para dar conta do entendimento. Tudo isso serve para mostrar que nem sempre as mensagens estão evidentes e compreendidas somente nos elementos lexicais (nas palavras presentes no texto).
Vamos começar a explorar outras possibilidades de produção de sentido falando de dois processos essenciais na linguagem: Metáfora e Metonímia, responsáveis por uma grande quantidade de efeitos de sentido na língua.
Conceituando metáfora...
“Metáfora é um princípio onipresente da linguagem, pois é um meio de nomear um conceito de um dado domínio de conhecimento pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa versatilidade faz da metáfora um recurso de economia lexical, mas com um potencial expressivo muitas vezes surpreendente”.
A metáfora é o emprego da palavra fora de seu sentido normal. E já que cria uma associação de sentidos de forma figurada, ela é classificada com figura de linguagem.
Ela baseia-se na transferência (metaphorá em grego significa “transporte”) de um termo para um contexto que não lhe é próprio. Quando isso ocorre, temos um processo metafórico de produção de sentido.
A metáfora entre palavras funciona a partir do estabelecimento de uma relação/comparação de sentido entre um elemento comparado e um elemento comparante. Vamos a um exemplo extraído da letra de Renato Russo para a música Monte Castelo (escrita a partir	 de um soneto de Luis de Camões):
 Elemento comparante
Amor é fogo que arde sem se ver.
Elemento comparado
Muitos verbos e expressões também são utilizados em sentido metafórico. Vamos a alguns exemplos:
Para mim essa desculpa não cola.
Colar, em sentido literal é o ato de unir
Duas partes. Em sentido figurado, significa
“funcionar”, “valer”.
Mandou o funcionário pro olho da rua.
 Uma rua não possui “olho” logo “olho da rua”
 Significa “desempregado”, “demitido”.
Muitos textos correspondem a uma metáfora. Em outras palavras, o texto é, em parte ou em sua totalidade, metafórico, pois utiliza uma construção para servir como figuração da realidade, sem descrevê-la literalmente.
Conceituando metonímia...
“Metonímia consiste na transferência de um termo para o âmbito de um significado que não é o seu, processado por uma relação cuja lógica se dá, não na semelhança, mas na contiguidade das ideias”.
Na metonímia, a relação entre os elementos que os termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.
ATENÇÃO
Na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
 Metáfora - Relação de adesão semântica entre duas palavras ou expressões, como uma comparação implícita (sem a presença do elemento comparativo).
Metonímia - Relação de aproximação,em que parte do conteúdo semântico de uma palavra ou expressão é relacionado a outra palavra ou expressão, também numa comparação implícita.
Metáfora e metonímia: aproximações e afastamentos
SENTIDO
Quando nos comunicamos, através da língua, produzimos mensagens que possam ser entendidas por quem nos ouve, certo?  Se não fosse assim, a comunicação não seria efetivada, pois nossos pares não entenderiam nosso discurso. E temos de concordar que todos nós queremos ser entendidos, ou melhor, queremos que nossas mensagens tenham SENTIDO.
Daí a importância de percebermos o que, na verdade, buscamos quando fazemos parte de uma conversa ou quando lemos informações em livros, cartazes etc:  procuramos entender o SENTIDO. Em outras palavras, desejamos saber o que o Fulano está dizendo com os enunciados que está produzindo ou o que está escrito no livro, no cartaz, no anúncio, e assim por diante.  Já percebeu que até mesmo quando estamos diante de um quadro, de uma charge, diante de algo que não contenha palavras precisamos entender a mensagem através das figuras? É importante perceber que necessitamos de uma sequência de figuras, gestos, sinais ou palavras que sejam coerentes, que comuniquem uma mensagem.
Logo,  o sentido está presente nas diferentes mensagens  que existem à nossa volta, é assim que entendemos o mundo, não é mesmo?  Desvendando os sentidos daquilo que o compõe,  porém nosso interesse está ligado a mensagens compostas com a linguagem verbal.  
Se o SENTIDO está presente nos enunciados, entendemos algo como:
HÁ UMA NECESSIDADE DE AMOR URGENTE NO MUNDO.
 Ou
FÁBIO, VOCÊ NÃO VAI PRECISAR DO DINHEIRO?
 Ou ainda
O GRANDE PARADOXO EXISTENCIAL TALVEZ SEJA TERMOS ANSEIO POR UMA VIDA SIMPLES QUE SE ENCONTRA PERMEADA DE QUESTÕES COMPLEXAS.
 E tantos outros que fossem construídos.
Você vê dificuldade de entender alguma frase?
Essas dificuldades,muitas vezes, são por conta de não conhecermos determinadas palavras, daí não fazermos ideia do que a mensagem quer dizer, não entendemos o seu SENTIDO.
Mas e quando o sentido não está claramente exposto nas palavras ou nas frases?
Podemos dizer que não há sentido nessas mensagens?
Evidentemente será mais difícil entendermos a mensagem quando o sentido não está colocado claramente. Entretanto, há sentido que, apesar de não serem ditos diretamente, estão “escondidos”, “sugeridos”. Esses sentidos são chamados de IMPLÍCITOS.
Uma formação IMPLÍCITA é uma informação que precisa ser desvendada pelo leitor ou pelo ouvinte através das pistas que o interlocutor deixou. 
“Este texto está direcionado a jovens que estão em busca do amor, que estão em busca de
uma paixão ardente, que desarrume suas vidinhas arrumadinhas... Contradição? Claro, jovem
gosta de contradizer, de se ver dentro de uma ‘saia justa’, vez por outra.  Gosta de surtar 
diante do improvável e, às vezes, diante do provável também.”
Você percebe que, neste texto, a descrição do comportamento do jovem não é muito clara? O leitor precisa fazer algumas conexões com aquilo que já sabe sobre os jovens, sobre a paixão, sobre a vida, para entender o SENTIDOdas informações.   
O sentido está, portanto, IMPLÍCITO.
SENTIDOS 	
O sentido é essencial para o entendimento da mensagem, concorda?  Já falamos sobre isso, vimos, também, que esse sentido precisa ser COMPARTILHADO entre o locutor/escritor e o ouvinte/leitor, pois para entender a mensagem o ouvinte/leitor precisa reconstruir o sentido que lhe foi passado.
Portanto, pensemos sobre o seguinte:
Quando o sentido está ESCONDIDO, IMPLÍCITO, eleprecisa ser desvendado pelo ouvinte/leitor, que o transformará em uma informação EXPLÍCITA, assim como os sentidos que estão presentes, claramente,nos elementos do enunciado.
EXPLÍCITOS
Um dos pontos que nos fazem perceber a diferença entre esses sentidos é o esforço em interpretar as mensagens.
Quando o sentido está EXPLÍCITO nos elementos do enunciado, é mais fácil interpretar a mensagem, concorda?
Exemplo:
O mundo precisa de amor.
IMPLÍCITOS
Quando o sentido está IMPLÍCITO e, portanto, não aparece claramente nos elementos do enunciado, é mais difícil interpretar a mensagem, pois o ouvinte/leitor precisa construir hipóteses sobre o assunto, tirar conclusões, fazer conexões entre o que ouve ou lê com as informações de mundo que tem, para reconstruir o sentido que está “escondido” mas não está ausente. O sentido implícito requer a utilização de uma série de estratégias mentais.
Exemplo: Maria perguntou à sua amiga se Vicente estava namorando Carla, pois tinha visto os dois numa conversa muito animada. E sua amiga respondeu:
“ É , AGUA MOLE PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA”.
Os sentidos IMPLÍCITOS também podem vir através de ironias. Podem vir através de construção com ausência, com mensagens aparentemente desconectadas, mas que fazem sentido. Veja:
“Quando deus criou os maridos, ele prometeu às mulheres que os maridos bons e ideais 
seriam encontrados em todos os CANTOS do mundo. E, depois... ele fez a Terra REDONDA!” 
(autor desconhecido)
Os elementos em maiúscula nos deixam pistas para entender que quando Deus arredondou a Terra, eliminou os cantos. Logo, não é possível encontrar maridos ideias, pois não há cantos para procurá-los.  Claro que para se chegar a essa conclusão, precisamos refletir sobre como o conteúdo está construído. O sentido está implícito.
Enfim, há diversas estratégias para os sentidos estarem implícitos, e percebemos isso pelo esforço que é necessário para interpretar determinadas mensagens.
Sendo assim, podemos concluir que interpretar é desvendar sentidos, não o que queremos, mas o que está posto na mensagem.

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