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COMUNICAÇÃO e EXPRESSÃO (1)

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO UNIDADE 2 
Elaboração de Respostas 
Em nossos atos de comunicação, ocorram eles oralmente ou por escrito, em 
muitos momentos, somos levados à necessidade de elaborar uma resposta, 
aqui entendida como aquilo que se diz ou é escrito para responder a uma 
pergunta. 
Inicialmente, é preciso que se entenda que a elaboração de uma resposta 
compreende a organização de um texto e, como tal, deve seguir alguns 
princípios, e responder a algo não pode ocorrer de forma automática; como 
produção de texto, a resposta deve ter clareza e deve ser organizada, de modo 
que o interlocutor perceba que há um começo, um meio e um fim bem 
esboçados. 
Em qualquer ato de interlocução, trabalhamos com os chamados elementos 
da comunicação, são eles: a mensagem em si, ou seja, a informação 
transmitida; o emissor, aquele que emite uma mensagem; o receptor, aquele 
que recebe a mensagem; o canal, ou seja, o meio escolhido para o envio da 
mensagem; o código, que compreende o sistema de sinais empregados no 
envio da mensagem; o referente, objeto ou situação a que a mensagem se 
refere. 
Além da necessidade do conhecimento do código escolhido, da escolha de um 
canal adequado e que não possua interferências (chamadas de ruídos em 
comunicação), nossos interlocutores dependem da clareza, da organização e 
da expressão dos nossos pensamentos para a compreensão das mensagens 
enviadas. 
No momento em que elaboramos uma resposta, somos os emissores que 
querem conquistar a compreensão de nossa mensagem e, levando em conta 
nossos receptores, o contexto em que nos encontramos, nosso domínio sobre 
o conteúdo a que se refere a pergunta feita e a forma como organizamos 
nossos pensamentos, haverá facilidade ou não para que o receptor 
compreenda o que desejamos com o envio da mensagem. 
Também, precisamos lembrar que “o destinatário da comunicação não é um 
receptor passivo, mas um intérprete que decodifica e compreende a 
mensagem de acordo com sua experiência humana e cultural” (ALVAREZ; 
BARRACA, 2002, p. 47); isto quer dizer que, durante o processamento da 
mensagem enviada, pode ocorrer um afastamento entre a intenção do 
emissor e o entendimento da parte do receptor. Por isso, os indicadores 
enviados precisam ser claros para quem recebe a informação, no entanto, é 
preciso ressaltar que o repertório de conhecimentos também pode interferir 
no processo, pois os esquemas mentais e os conhecimentos adquiridos têm 
caráter bastante individualizados. 
Se a situação do ato comunicativo é direta, através do diálogo, o emissor pode 
contar com a comunicação não verbal, usando gestos e expressões, ou até 
mesmo reformulando a mensagem. 
CITANDO 
Ora, quando falamos com alguém, não é só a palavra que está comunicando, 
e sim, a soma de gestos, a intensidade da voz, as expressões faciais etc. Além 
disso, uma conversa se constrói no momento que está ocorrendo. Tanto é que 
sentimos que nosso interlocutor não está entendendo bem. Sabemos que 
tanto os produtores de mensagens quanto os destinatários são, na verdade, 
intérpretes, ambos sujeitos ativos na comunicação, que realmente só ocorre 
quando se dá a troca entre eles, quando interagem efetivamente ao ato de 
comunicação (ALVAREZ; BARRACA, 2002, p. 47). 
Entretanto, se o ato comunicativo ocorre através da escrita, o emissor deve 
fazer todo o possível para que a mensagem não tenha a necessidade de ser 
refeita, pois nem sempre poderá contar com essa oportunidade. 
Ao se deparar com um raciocínio desorganizado e sem clareza, o receptor não 
conta com as pistas necessárias para o entendimento da informação enviada 
e, mesmo que compreenda o código escolhido, terá dificuldades para chegar 
à compreensão do enunciado pelo emissor, ou até mesmo não chegará a ela. 
Em situações de avaliação, comuns na esfera escolar, por exemplo, o professor 
depende da clareza e da organização da resposta elaborada pelo aluno para 
sua avaliação. Desse modo, o sucesso comunicativo de uma resposta está 
atrelado aos cuidados que envolvem sua elaboração, quanto à forma como é 
elaborada e quanto ao seu conteúdo. 
 
AS CONVERSAÇÕES 
As conversas costumam ter características mais ou menos informais, 
envolvendo nossas esferas de atividades, entre amigos, entre colegas de 
trabalho, nos ambientes de estudo e, sejam os falantes portadores de 
formação escolar ou não, a comunicação pode ocorrer observando a fala e 
algumas formas básicas de comunicação. 
Especificamente, as conversações envolvem acordos e negociações para as 
tocas de turnos de interlocução, isto é, unidades que compreendem a 
participação de cada um, auxiliando na formulação de textos dialogais, mas 
nem sempre um interlocutor toma a palavra ao término da enunciação do 
outro. Por vezes, ocorrem interrupções. 
Terra e Nicola (2008) ressaltam características particulares dos textos 
conversacionais como: 
• 1 
o Emprego de linguagem verbal e de linguagem não verbal, com a 
utilização de entonações, expressões faciais, gestos, olhares, 
movimentos, e até as roupas, postura, penteados e adereços 
contribuem de alguma forma; 
• 2 
o Emprego de expressões fáticas, ou seja, aquelas que enfocam o 
canal de comunicação, com uso de frases interjetivas, como 
“Certo?”, “Tudo bem?”, “Claro!”, entre outras; 
• 3 
o Negociação constante para a troca de turnos de fala, muitas 
vezes naturalmente, outras de forma sutil e, às vezes, de modo 
grosseiro. 
 
Assim, em situação de comunicação oral, a elaboração de respostas está 
sujeita às características dos textos dialogais ora mencionados, cabendo aos 
interlocutores a sua observação dialogais ora mencionados, cabendo aos 
interlocutores a sua observação. 
 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
Segundo Saussure (2012), a língua é a parte social da linguagem e o indivíduo 
não pode modificá-la sozinho, uma vez que ela existe por conta de um 
“contrato” entre todas as pessoas que fazem parte da comunidade em 
questão. Apesar disso, ele também afirma que a fala é sempre individual e que 
a língua é necessária para que a fala produza seus efeitos. 
A utilização da fala e da linguagem dependem das competências 
comunicativas dos participantes do ato comunicativo, formulando enunciados 
(emissor/falante) ou atribuindo-lhes significados (receptor/ouvinte ou leitor). 
Além disso, a ideologia e a cultura dos interlocutores também se evidenciam 
na formulação e na leitura que fazem dos enunciados. Somam-se ao processo 
as influências de aspecto psicológico dos indivíduos no momento exato do ato 
comunicativo, tais como humor e capacidade de tolerância, que podem 
interferir tanto na enunciação quanto na interpretação, além da formulação 
dos enunciados, de modo que permitam ao interlocutor o reconhecimento de 
suas formas (TERRA; NICOLA, 2008). 
Desse modo, encontramos, no que se refere à fala em sua produção, seja oral 
ou escrita, dois mecanismos que participam do processo de escolha e seleção 
das palavras e que interferem na organização e na combinação das mesmas, 
conforme a determinação do falante e seus objetivos: a denotação e a 
conotação. A utilização desses recursos depende das competências 
comunicativas dos interlocutores. 
Entendemos por denotação a relação direta de significado que um nome 
estabelece com um objeto da realidade. O uso denotativo de uma palavra 
refere-se ao seu uso literal, restrito e objetivo, com o significado normalmente 
encontrado nos dicionários. 
Por outro lado, a conotação faz referência a algo que uma palavra ou coisa 
sugere, como se fosse uma ampliação do significado “comum”. O uso 
conotativo de um termo exige que o interlocutor faça associações com 
elementos de seu repertório, para que encontre sentido no enunciado. O uso 
conotativo de um termo indica que o falante tem intenção literária e subjetiva. 
 
➢ DENOTAÇÃO: sentido literal 
➢ CONOTAÇÃO: sentindo figurado 
 
Observe o trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), 
poeta e contista brasileiro: 
A noite dissolve os homens 
A noitedesceu. Que noite! 
Já não enxergo meus irmãos. 
E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam. 
 A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate, 
nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total 
incompreensão. 
A noite caiu. Tremenda, sem esperança... 
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros. 
E o amor não abre caminho na noite. 
A noite é mortal, completa, sem reticências, 
a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, 
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! 
nas suas fardas. 
A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio... 
Os suicidas tinham razão. 
Aurora, entretanto eu te diviso, 
ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender 
e dos bens que repartirás com todos os homens. 
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações, 
adivinho-te que sobes, 
vapor róseo, expulsando a treva noturna. 
O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos, 
teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam na 
escuridão 
como um sinal verde e peremptório. [...] 
 
Considerando o sentido denotativo da palavra “noite”, encontramos seu 
significado no dicionário como tempo que transcorre entre o poente e o 
nascer do sol. No entanto, o poeta faz uso do termo “noite” sob outros 
aspectos, abraçando o sentido conotativo, que ainda depende da 
contextualização quanto às preocupações apresentadas no momento de 
criação do poema. “A noite dissolve os homens” é uma metáfora sobre os 
horrores do avanço nazifascista, sobre o totalitarismo que trouxe perseguições 
políticas em nosso país e o medo e a solidão do eu-lírico. 
 
Também se evidencia o uso da palavra “aurora”, que o dicionário apresenta 
como a claridade que precede o nascer do sol e no texto pode ser entendida 
como a esperança diante dos problemas percebidos pelo eu-lírico. 
Verifica-se, então, que os recursos usados causam uma transformação nos 
significados das palavras, provocando alteração do pensamento, pois os 
elementos da linguagem são desviados de seu uso normal, criando uma 
linguagem nova (CAMPEDELI; SOUZA, 2003). 
Assim, percebemos que o sucesso na comunicação e o uso que o indivíduo faz da língua 
em seus processos comunicativos dependem não só do domínio do código estabelecido 
entre os falantes e dos elementos da comunicação, mas também da competência 
comunicativa dos interlocutores, da ideologia, da cultura, do aspecto psicológico, das 
intenções e da seleção das palavras durante o uso, trabalhando com os mecanismos de 
seleção e combinação de signos, que não são aleatórios, pois estão relacionados à 
intenção do falante. 
 
COMANDOS DE QUESTÃO E ELABORAÇÃO DE 
RESPOSTAS 
 
Muitas vezes, em processos de avaliação, principalmente nos ambientes 
escolares, o indivíduo não alcança êxito por não conseguir elaborar 
respostas que correspondam às questões que lhe são propostas, mesmo 
tendo se preparado para elas. 
Uma resposta deve ser completa, como uma produção que deve fazer 
sentido para o interlocutor, além de apresentar início, meio e fim bem 
delineados. O comando de uma questão corresponde ao verbo ao redor do 
qual a pergunta se concentra, aparecendo geralmente no modo imperativo, 
como uma ordem, mas também pode estar subentendido, não aparecendo 
explicitamente. Desse modo, é relevante que se compreenda bem os 
comandos de questão e se obedeça a eles. 
Observando que, quando se menciona discurso próprio, isso quer dizer que 
se deve utilizar suas palavras, sem cópias de trechos motivadores ou outros, 
obedecendo aos padrões da norma culta, principalmente em situações de 
avaliação. 
 
• ANÁLISE: solicita um raciocínio associado ao conteúdo pedido na 
questão e exige discurso próprio. 
• COMPARE: é preciso escolher e desenvolver os aspectos comuns e 
opostos entre os seres comparados. Não se deve apresentar uma 
definição de cada elemento; exige discurso próprio. 
• DIFERENCIE: também exige discurso próprio, exigindo que se limite a 
mostrar em que aspectos os seres são diferentes entre si; não 
corresponde a definir. 
• EXPLIQUE: exige discurso próprio é solicita o desenvolvimento de um 
raciocínio. Lembrando que explicar não corresponde a exemplificar: 
explicar através de exemplos é um recurso inválido usando apenas 
para esconder a incapacidade de argumentação do indivíduo. 
• JUSTIFIQUE: é feita a partir de uma afirmativa dada e a resposta deve 
ser coerente com a afirmativa. Também exige discurso próprio. 
• TRANSCREVA: Não se tratando de discurso próprio, visto que o que 
se solicita é a cópia de algum item ou trecho, deve-se colocar entre 
aspas o trecho a ser transcrito. Para maior clareza, a resposta deve 
começar com expressões como: “o trecho é...”, “o verso é...” etc. 
 
Inúmeros são os comandos de questão utilizados em sala de aula, cabendo aos 
indivíduos que se encontram nas situações em que são apresentados buscar o 
conhecimento de seus conceitos, a fim de que resultados satisfatórios 
correspondam aos seus esforços, fazendo-se entender por seus avaliadores. 
 
RESPOSTAS SUBJETIVAS E OBJETIVAS 
 
De acordo com Houaiss (2004), o que é subjetivo está sujeito ao pessoal, não 
havendo imparcialidade, e é tendencioso, não sendo concreto, exato ou 
objetivo. Entendemos, então, que algo subjetivo é tudo o que é próprio do 
sujeito ou relativo a ele, pertencendo ao comando de sua consciência e 
baseado na sua interpretação individual e, sendo assim, pode não ser válido 
para os demais. Além disso, o uso conotativo dos termos contribui para a 
presença da subjetividade nos textos. 
Desse modo, entende-se que uma resposta subjetiva pode apresentar 
elementos que podem interferir num processo comunicativo, 
comprometendo situações de avaliação, por exemplo, pois possibilitam 
interpretações que dependem do repertório individual de emissor e receptor, 
ou pode apresentar um juízo de valor que não é compartilhado pelo receptor. 
Desejando fazer uso de uma resposta subjetiva, precisamos verificar se há 
condições de entendimento, dentro do contexto, de acordo com o canal e o 
código escolhidos, além das características de nosso interlocutor; ainda, se há 
oportunidade para esse uso, o que nem sempre ocorre em situações de 
avaliações na esfera escolar. 
Observando a possibilidade, precisamos garantir que ocorram pistas em nosso 
texto, oral ou escrito, que permitam a recuperação do sentido desejado e se 
há organização entre as partes que o compõem, para que o interlocutor 
compreenda as opiniões e interpretações que nele apresentamos. 
Quanto à objetividade, de modo contrário à subjetividade, compreende a 
qualidade daquilo que dá, ou pretender dar, uma representação fiel de um 
objeto ou fato (HOUAISS, 2004), sendo assim, trazendo o uso dos termos que 
exploram a denotação. 
Quando desejamos fazer uso de respostas objetivas, buscamos 
a verossimilhança com base na realidade para a apresentação de nossos 
conteúdos, de forma isenta e impessoal, ou seja, sem a presença de nossas 
opiniões ou sentimentos. 
Nesse caso, a organização e a concatenação das informações apresentadas, 
além de sua veracidade, são elementos relevantes que devem ser preservados 
e, para que não haja comprometimento quanto ao que é apresentado, a 
coesão entre as partes da resposta, considerando início, meio e fim bem 
marcados, formulados com clareza, forma e conteúdo, devem levar o 
interlocutor à apropriação do sentido do texto elaborado. 
Verossimilhança 
O conceito de verossimilhança prende-se à característica do que 
é verossímil, ou seja, que aparenta ser ou é considerado 
verdadeiro. 
Comunicação e expressão 
Comunicar é partilhar informações, pensamentos, sentimentos e opiniões, 
tendo como objetivo principal a influência entre os interlocutores no processo 
comunicativo. 
Fazem parte da interação humana a comunicação falada, a ilustrada, feita por 
gestos, realizada em grupos, com o falante consigo mesmo, por ações, 
considerando grandes grupos (comunicação de massa), por sons,pelas artes e 
pela escrita (BERLO, 2003). 
A comunicação através da escrita exige bem mais do falante do que a 
comunicação oral e, muitas vezes, seu trabalho é tal que se assemelha a uma 
espécie de tradução dentro da própria língua, devendo ser considerados vários 
fatores para a elaboração de textos escritos carregados de sentido para os 
interlocutores. Entre eles, encontramos a textualidade. 
A expressão escrita tem se tornado cada vez mais frequente em nossa 
sociedade, em função do avanço da tecnologia, exigindo uma comunicação 
rápida e de compreensão facilitada. Isso quer dizer que o compartilhamento 
de informações exige que o usuário da língua tenha um domínio cada vez 
maior dos diversos sistemas de códigos disponíveis, para que seus textos 
sejam compreendidos tanto na esfera pessoal quanto na esfera profissional. 
A capacidade de síntese, de organização e de clareza em seus enunciados 
também têm sido condições para que as situações de interação escrita 
definam o êxito dos diversos usos dos textos escritos. Igualmente, é preciso 
que tenha conhecimento e condições de discernir quais os níveis de linguagem 
apropriados para os diferentes meios de expressão. 
 
TEXTO E TEXTUALIDADE 
 
Segundo Santos, Riche e Teixeira (2012), o texto é como um elemento de 
interação marcado pela coesão entre os seus elementos; ou seja, várias frases 
não podem ser chamadas de textos se elas não possuírem um significado 
juntas. Só podemos afirmar que foi elaborado um texto se suas partes 
estiverem ligadas e organizadas de tal modo que apresentem sentido. 
Como integrantes de uma sociedade, fazemos parte de uma comunidade 
linguística quando fazemos uso de um mesmo idioma dentro dessa 
comunidade, ou seja, partilhamos uma mesma língua e seus códigos de 
expressão, fazendo uso deles para nossas atividades de interação. 
A língua, em sua organização, possui um léxico, ou seja, um vocabulário, que 
é usado de acordo com um conjunto de regras que chamamos de gramática. 
O uso da língua deve obedecer, também, regras de textualização, ou seja, 
normas de composição de textos, e normas sociais de atuação, na situação 
interativa (SARMENTO, 2012). 
Quando nos deparamos com um conjunto de palavras ou frases soltas que não 
obedecem aos padrões de organização da língua, dizemos que não há 
textualidade ou textura, por isso não apresenta sentido, pois não observa os 
elementos de textualização necessários, não ocorrendo coesão, coerência, 
informatividade e intertextualidade. 
Portanto, para que tenhamos um texto, a coesão é estabelecida com a ligação 
entre as palavras, as frases, as orações e os períodos do texto. A coerência 
contribui para o sentido não apresentando elementos em contradição entre 
suas partes ou ideias; a informatividade apresenta a relevância das 
informações fornecidas e a intertextualidade fornece a relação com outros 
textos. Além disso, devemos considerar o a situação em que o texto está 
inserido. 
 
COESÃO>COERÊNCIA>INFORMATIVIDADE>INTERTEXTUALIDADE>TEXTO 
TIPOS DE DISCURSO E CONTEXTO 
O contexto em que um texto está inserido precisa ser observado, visto que 
uma mesma frase pode apresentar significados diferentes em situações 
distintas e para interlocutores distintos. Por isso, muitas vezes, observamos 
alguém reclamar que não foi compreendido em suas intenções, pois sua frase 
foi descontextualizada, ou seja, não foram observadas as condições em que 
foram proferidas, acarretando interpretações indesejadas. 
Além disso, temos que considerar o discurso escolhido, entendendo o termo 
discurso como o uso da língua em uma determinada situação de comunicação 
entre interlocutores, constituindo o conjunto de enunciados de um emissor e 
seu interlocutor, em um determinado momento em que se faz o uso da língua 
(SARMENTO, 2012). 
O texto dá origem ao discurso e o discurso materializa a produção textual. 
Cabe ao emissor do texto escolher a forma de apresentação de suas ideias 
sobre temas diversos e a forma de manifestação de seu discurso. 
 
NÍVEIS DE LINGUAGEM 
Um fato que deve ser considerado universal é que toda língua apresenta 
variações, isto é, dependendo da situação de comunicação, naturalmente, o 
seu uso acontece de forma variada devido ao seu caráter social. 
Geralmente, o usuário de uma língua reconhece a necessidade de adequação 
às condições de uso em determinadas situações de interação comunicativa, 
além de reconhecer quais os modelos mais prestigiados e a necessidade de 
empregá-los em textos escritos. 
 
São denominados como níveis de linguagem, também chamados de níveis de 
fala, os diferentes registros que o falante pode escolher em seus atos 
comunicativos, fazendo uso da linguagem de acordo com os contextos em que 
se encontra, seus interlocutores e suas intenções comunicativas. 
Entretanto, a formação do emissor da mensagem e seu grau de escolaridade 
podem interferir em suas escolhas, visto que os principais níveis de linguagem 
compreendem o registro culto e o registro coloquial, sendo que o primeiro 
exige aprendizagem nos bancos escolares. 
O registro culto costuma ser observado em situações formais, predominando 
na linguagem escrita, seguindo as normas estabelecidas pela gramática. Por 
outro lado, o registro coloquial predomina em situações informais do nosso 
cotidiano, quando a interlocução tem características descontraídas entre os 
familiares, amigos e conhecidos. 
No entanto, é possível que o registro culto seja exigido em situações de 
interlocução oral, como em palestras, por exemplo, e o registro coloquial 
encontre espaço em textos escritos, como forma de aproximação com o 
interlocutor, como percebemos em campanhas publicitárias. 
 
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA 
A língua, como um produto de interação social, apresenta mudanças 
contínuas, recebendo novos termos em seu léxico, apropriando-se de palavras 
de outras línguas, ocorrendo criações do falante (neologismos) que passam a 
ser aceitas pela comunidade linguística como um todo, por isso essa 
comunidade precisa garantir a manutenção de seu idioma. Para isso, em geral, 
as escolas são encarregadas de apresentar as regras de seu uso em sociedade, 
considerando o padrão de registro de maior prestígio, no caso, a norma 
padrão. 
Assim, fica estabelecida uma forma de manutenção da norma padrão, 
correspondendo àquilo que o falante utiliza com maior frequência, valorizada 
socialmente e mais utilizada na esfera pública por imprensa, comércio, 
indústria, universidade, governo etc. 
Entretanto, não podem ser desconsideradas as variações linguísticas, pois não 
existe apenas uma norma totalmente correta ou melhor que outra, mas 
diferentes variantes cujo emprego deve se adequar às condições de 
comunicação, para que ocorra a interatividade entre os interlocutores 
(SARMENTO, 2012). 
 
Explicando 
Neologismo corresponde a uma palavra criada na própria 
língua ou adaptada de outra, ou a uma palavra antiga 
sendo utilizada com sentido novo (MICHAELLIS, 2009). 
 
VARIANTES LINGUÍSTICAS E ESTILO 
 
Variações linguísticas são as diferentes variações regionais, sociais e 
históricas dentro de uma mesma língua. Entre elas, encontramos os 
dialetos e os registros. 
 
Os dialetos são resultantes de fatores regionais, com palavras e 
construções que caracterizam os falantes de determinados espaços 
geográficos; de fatores sociais, com a expressão de linguagem própria de 
grupos com interesses comuns, caracterizando jargões profissionais, por 
exemplo, e formas de expressão características de grupos de falantes de 
diferentes condições sociais, econômicas ou culturais; de fatores 
relacionados às diferentes faixas etárias; e de fatores relacionados ao sexo 
do falante, que escolhe palavras diferentes, conduzindo conversas de 
modo distinto (SARMENTO, 2012). 
 
Em geral, essas diferenças acontecem no campo lexical, pela escolha do 
vocabulário, e no campo fonético, pois há mudanças na pronúncia e na 
entonação usadas pelos falantes, ou seja,há os sotaques, facilmente 
observados nos falantes de diferentes regiões. 
 
 Além disso, escolhas individuais resultam em estilos próprios, bastante 
observados em textos literários, e estilos de época, observados pelo uso 
de palavras e referências a determinados contextos, nos quais são 
verificados recortes temporais, considerando épocas específicas e fatores 
históricos. 
 
A variação histórica permite que percebamos a mudança que a língua 
sofre no decorrer do tempo, ocorrendo quanto à grafia (escrita), à 
pronúncia, à semântica (significado), ao léxico (vocabulário) e à sintaxe da 
língua (organização dos termos nas frases). 
 
Composição 
A composição de textos depende das intenções do emissor, que faz escolhas 
que precisam se adequar aos diferentes contextos e aos interlocutores 
envolvidos ou previstos, e dos objetivos que pretende alcançar com sua 
produção. 
De modo geral, nossas enunciações têm o objetivo de narrar fatos, realizar 
descrições, argumentar em favor de nossas opiniões, ou dissertar, quando 
explanamos nossas ideias e interpretações. 
A partir da determinação dos objetivos de nossos enunciados, buscamos 
esquemas de produções textuais que as caracterizam e definimos as funções 
que pretendemos com elas, considerando funções estéticas ou funções 
utilitárias. 
A função estética ocorre quando exploramos as diversas potencialidades de 
significado que as palavras carregam, utilizando a função poética e a 
conotação, dando ênfase ao modo de dizer algo, de forma significativa e 
diferente da usual, tentando impressionar nossos interlocutores. 
A função utilitária está presente em textos cujo maior significado encontra-se 
no que é dito, utilizando a função referencial e a denotação, quando buscamos 
a exatidão e as palavras designam os elementos aos quais tradicionalmente 
estão associadas. 
 
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE TEXTOS 
 
A elaboração de um texto não corresponde a um trabalho fácil. É necessário 
planejamento do que será colocado no papel, para que sejam garantidos os 
elementos que tragam a textualidade que levará nossos pensamentos de 
modo concatenado, com clareza, organização e sentido que permitam que o 
interlocutor o recrie em si, confirmando o alcance de nossos objetivos com a 
produção textual. 
A leitura e a retomada constantes de cada frase, oração, período ou parágrafo, 
exigindo trabalho perseverante e atencioso, devem acompanhar o processo 
de elaboração do texto a todo momento. É importante ressaltar que o hábito 
de leitura de textos diversos contribui para que assimilemos formas de 
composição que atendam a objetivos diferentes. 
Por fim, a revisão com a confirmação de que o planejamento foi seguido ou se 
houve necessidade de reformulação de objetivos deve ser um momento de 
igual importância, o qual retomamos nossas ideias e verificamos se 
oferecemos ao interlocutor as condições para a compreensão do registro que 
fizemos de nossos pensamentos. 
Além disso, a revisão sobre as regras que caracterizam o padrão culto e de 
prestígio da língua deve ser alvo de especial estudo e atenção, pois o desvio 
de determinadas regras leva abaixo o trabalho de produção e ao descrédito o 
produtor do texto. 
 
TEMA 
O tema é o assunto que é desenvolvido no texto, seu desenvolvimento 
depende dos conhecimentos adquiridos pelo emissor e do repertório que este 
adquiriu até o momento da produção. 
É certo que, dependendo da etapa de escolarização de um indivíduo, da sua 
falta de contato com um ensino formal ou da sua experiência de vida, há 
fatores que podem acarretar limitações quando ao desenrolar de 
determinados temas e subtemas, isto é, assuntos a eles relacionados. 
Entretanto, também é certo que podemos discorrer sobre os mais diversos 
assuntos, de modo superficial ou específico, dependendo do contato que 
tivemos com as informações em pauta, encontrando maior ou menor 
facilidade para a elaboração de textos sobre eles. 
O ideal é que o emissor tente ampliar seu repertório constantemente, não se 
limitando aos bancos escolares, mas buscando conhecimentos que ampliem 
constantemente sua bagagem cultural através de leituras e pesquisas, 
tentando conhecer diferentes linguagens e produções culturais, sempre que 
possível, tomando contato com produções teatrais, musicais ou filmes e 
buscando livros e revistas de conteúdos diversos para que possa com 
segurança escrever sobre os mais diversos temas. 
 
Coesão textual 
Diz-se que um texto coeso é o que se apresenta bem concatenado em suas 
partes (CAMPEDELI; SOUZA, 2003), isto é, consegue estabelecer uma 
sequência lógica e harmoniosa entre os seus elementos, ocorrendo ligações 
que auxiliam o entendimento do texto. 
A coesão textual permite que as ideias de um texto apresentem uma 
amarração entre si, admitindo maior eficiência na produção de textos quanto 
à comunicação, pois apresentam sentido para o interlocutor. 
Vários são os elementos linguísticos que se colocam a serviço da coesão 
textual, cabendo ao enunciador sua melhor utilização, pois sua ruptura 
provoca falta de sentido e consequente falta de entendimento por parte dos 
interlocutores que recebem as mensagens. 
Esses elementos linguísticos referem-se ao uso de pronomes, sinônimos, 
regências, concordâncias, inadequações e ambiguidades, entre vários outros. 
O seu uso incorreto acarreta graves problemas no ato comunicativo. Observe 
um exemplo que demonstra falta de coesão textual: 
“Eu sou um jogador onde que sempre sei que vou fazer muito. 
Fazem cinco anos que estou na seleção brasileira. 
Eu sou um jogador e aí é o problema, todos os jogos que joguei lutei muito 
para marcar. 
Numa copa do mundo falta pouquíssimo tempo. Acho que estou dentro desse 
grupo, não sei se vou entrar lá, essa copa é para o meu pai. Eu sou uma pessoa 
que desde cedo, eu sabia que eu ia lá estar jogando, defendendo o meu país, 
onde que se nós todos quiséssemos nenhuma vez a copa estaria perdida" 
(CAMPEDELI; SOUZA, 2003, p. 41). 
Facilmente percebemos que os problemas apresentados pela falta de ligação 
adequada entre as ideias desse texto, evidenciando problemas em sua 
construção, comprometem não só o sentido do mesmo para o interlocutor, 
mas também a imagem e o prestígio atribuído ao seu enunciador como falante 
da língua. 
Aquele que escreve deve ter em mente que precisa fazer escolhas a cada passo 
dado no texto, mantendo o raciocínio encadeado para que o outro o 
compreenda. Não havendo coesão textual, esse trabalho fica perdido e, 
havendo o domínio dos mecanismos linguísticos disponíveis na língua, o que 
ocorre aos poucos, com maior fluidez, pode-se externar com sucesso seus 
pensamentos no papel. 
 
CITANDO 
A sustentação de um texto se dá na coesão em dois sentidos: o gramatical e o 
semântico. O primeiro visa à articulação dos elementos linguísticos, 
observando a estrutura e as regras das relações sintáticas possíveis e 
coerentes dentro de um texto; o segundo, a articulação de elementos 
linguísticos que fazem referência a um determinado campo semântico 
(NICOLA; TERRA, p. 98). 
O campo semântico trabalha com os sentidos que uma única palavra 
apresenta quando inserida em contextos diversos. Ele é, portanto, o conjunto 
dos diversos sentidos que uma única palavra pode apresentar (PACHECO, 
2019), lembrando que a semântica estuda o significado de cada termo que 
existe em uma língua. 
Desse modo, uma mesma palavra, dependendo da forma como é utilizada e 
do contexto em que ocorre essa utilização, pode adquirir diferentes 
significados. Podemos citar como exemplo o termo “partir”: em seu campo 
semântico, podemos relacionar “sair”, “ir embora”, “dar o fora” “sumir”, 
“morrer”, “quebrar”, “espatifar” etc. (PACHECO, 2019). 
Muitas vezes, o campo semântico é mencionado quando estudamos campos 
lexicais, ocorrendo diferenças entre eles, visto que o léxico corresponde ao 
conjunto de palavras utilizadas ou pertencentes a uma determinada língua. 
Operamos com diferentes campos lexicaisdurante a elaboração de textos, 
observando que as palavras, nesse caso, pertencem a uma mesma área de 
conhecimento, como o campo lexical do termo “trabalhar”, que pode ser 
formado por palavras como “trabalhador”, “funcionário”, “patrão”, “salário”, 
“sindicato”, “profissional”, “operário”, entre outros (PACHECO, 2019). 
O conhecimento e a ampliação de nosso repertório quanto ao uso de campos 
lexicais e de campos semânticos permitem que exploremos melhor os 
recursos de coesão textual, evitando repetições de palavras, ocorrência que 
prejudica a progressão textual e incomoda o interlocutor. 
Observe o problema de coesão apresentado devido à repetição dos termos no 
exemplo a seguir: 
Mariana tentou desvendar as emoções da irmã e fazer a 
irmã confessar seus sentimentos por Edward. 
- É uma pena que Edward não aprecie muito as aquarelas 
– disse ela, pois sabia da paixão de Elinor por pintura e 
quanto gostava de desenhar e, para Marianne, pessoas 
enamoradas devem apreciar as mesmas coisas na vida. 
- Como disse isso, Marianne? Edward não pinta ou 
desenha, mas sabe bem avaliar o que os outros produzem 
(CAMPEDELLI; SOUZA, 2002, p. 42). 
 
Percebe-se que a sensação que temos é a de que o texto não sai do mesmo 
ponto, não apresentando ideias novas, ou seja, não apresentando progressão 
textual. Os interlocutores esperam que ocorra um processo de articulação 
entre os termos, que provoque retomadas entre as informações lançadas e, 
ao mesmo tempo, traga novas informações, ocorrendo, então, coesão e 
progressão textuais. 
 
TIPOS DE COESÃO TEXTUAL 
 
A maioria dos falantes de um idioma consegue produzir oralmente textos com 
razoável construção da textualidade, entretanto, nem sempre isso ocorre 
durante a elaboração de textos escritos. 
 
CITANDO 
Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo 
encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que 
damos o nome de textualidade. O encadeamento que produz a textualidade 
chama-se coesão. Podemos definir coesão, mais especificamente, dizendo que 
se trata de uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo 
presente em uma sentença A (ABREU, 2004, p. 13). 
Durante as produções orais, as retomadas sem o devido processo de coesão 
textual são mais toleradas e, facilmente, nós nos deparamos com construções 
do tipo a seguir: 
“Vá à feira e compre laranjas. Coloque as laranjas na sacola e, quando estiver 
em casa, não se esqueça de colocar as laranjas sobre a mesa da cozinha, para 
que as crianças, quando quiserem laranjas, possam pegar as laranjas”. 
Evidentemente, o termo A, ou seja, “laranjas”, não é recuperado de outra 
maneira nas demais sentenças do texto, ocorrendo sério problema de falta de 
coesão textual. 
Na escrita, esse tipo de ocorrência não é tolerado e, em geral, os mecanismos 
de coesão gramatical ocorrem por substituição, por conexão e por omissão. Já 
os mecanismos de coesão semântica podem ocorrer por repetição lexical, uso 
de sinonímia, de hiperônimos ou hipônimos, nesse caso, trabalhando com 
campos semânticos e campos lexicais. 
Conhecer os recursos de coesão oferecidos pela língua faz parte da 
preocupação de quem deseja apresentar textos cuja coesão trabalhe a favor 
de uma elaboração que possibilite um texto com sentido para o interlocutor. 
A REFERÊNCIA TEXTUAL - RELAÇÕES 
ANAFÓRICAS E CATAFÓRICAS 
Inicialmente, precisamos conhecer a base das referências que ocorrem em um 
texto, chamadas de relações anafóricas e relações catafóricas, pois são muito 
importantes para a coesão do texto, articulando e relacionando as 
informações nele presentes (NICOLA, 2010). 
As relações baseadas na anáfora apresentam a retomada de referentes que 
aparecem antes delas. Observe o exemplo: 
“Maria pedira aos pais um cãozinho. Em poucos dias, eles perceberam que o 
pequeno animal seria um problema para a arrumação da casa.” 
O termo “pais” aparece antes da retomada feita pelo pronome “eles". O 
mesmo ocorre como termo “cãozinho”, que também aparece antes da 
retomada feita com a palavra “animal”. Por outro lado, as relações baseadas 
em uso de catáfora têm o referente apresentado depois, como no exemplo: 
“Finalmente, elas chegaram. Minhas velhas amigas vieram para meu 
aniversário.” 
Observe que o pronome “elas” vem explicitado posteriormente, ou seja, o seu 
referente é “minhas velhas amigas”. 
Considerando as referências feitas, o uso de anáforas e catáforas é observado 
quando ocorrem dentro do texto, tratando-se de referências endofóricas. Mas 
também é possível a referenciação extratextual, ou seja, aquelas que fazem 
referência a elementos que estão fora dele e que preenchem os significados, 
remetendo-nos a situações do processo comunicacional, ou seja, as 
referências são encontradas fora do texto e são chamadas de referências 
exofóricas. Observe o exemplo: 
“Esse livro está sem identificação, mas é meu.” 
Fazemos uso dos pronomes demonstrativos “este(s)”, “esta(s)” e “isto” 
quando nos referimos a algo que está próximo do falante, mas fazemos uso 
dos pronomes “esse(s)”, “essa(s)” e “isso” quando nos referimos a algo que 
está próximo do nosso interlocutor. Nesse caso, é possível entender que o livro 
em questão se encontra próximo do interlocutor do emissor da mensagem. 
Essa informação não se encontra no texto, mas no contexto, ou seja, na 
situação e, conhecendo o uso desses pronomes, é possível compreender a 
mensagem que ele apresenta. 
Desse modo, com o uso de anáforas ou catáforas, quando utilizamos ideias de 
espaço e tempo, sem definição, explorando pronomes demonstrativos ou 
advérbios, tendo como objetivo fazer a localização de um fato em um 
determinado espaço ou em um determinado tempo, usamos dêiticos. Alguns 
deles são “lá”, “aqui”, “onde”, entre outros. 
 
RECURSOS DA COESÃO TEXTUAL 
 
Conhecer os recursos de coesão textual oferecidos pela língua é importante 
para o falante em usos de textos verbais realizados oralmente, mas, 
primordialmente, em textos verbais escritos. Desse modo, chamaremos a 
atenção quanto a alguns desses recursos com base em Viana (2011), Terra e 
Nicola (2010). Assim, temos: 
• Uso de pronomes do caso reto (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) e do 
caso oblíquo (átonos: me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes, se; 
tônicos: mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, ele, ela, nós, conosco, vós, 
convosco, si, consigo, eles, elas). Os pronomes pessoais retos podem 
exercer a função de sujeito de uma oração, isso quer dizer que são os 
elementos sobre os quais se faz uma declaração. Os pronomes pessoais 
oblíquos, na maior parte das ocorrências, completam os sentidos de 
verbos. 
Os pronomes pessoais têm carga significativa plena quando relacionados a 
substantivos, por exemplo: 
“Maria é nossa prima, ela viajará conosco para a Europa na semana que vem.” 
“Gostei do aspecto daquele doce. Comprei-o para o nosso lanche.” 
• Uso de pronomes possessivos: aqueles que associam a ideia de posse 
às pessoas do discurso, relacionando a coisa possuída com a pessoa do 
possuidor, por exemplo: 
“João presentou suas ideias à gerência do banco.” 
• Uso de pronomes relativos: aqueles que retomam um termo 
antecedente, introduzindo orações, veja: 
“Comprei os livros de que precisava para meus estudos.” 
• Uso de pronomes demonstrativos: aqueles que, no contexto textual, 
relacionam-se a uma pessoa do discurso e indicam a posição do 
substantivo em relação ao que se declara dele: 
“Preciso que esta caneta esteja sempre comigo.” 
O uso de “esta” indica que a caneta está próxima do falante. 
• Uso de pronomes indefinidos: são aqueles que se referem à terceira 
pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado e genérico, 
conforme o exemplo: 
“Choro, lamentação, reclamação, nada o fará mudar de ideia.” 
É importante ressaltar que, no caso de uso de palavras fóricas, isto é, de 
palavras que preenchem seu significado pela associação a um referente, como 
é o caso dos pronomes, odistanciamento entre a palavra fórica e seu referente 
pode provocar ambiguidade, ou seja, duplo sentido, ou até mesmo a ruptura 
da sustentação coesiva (TERRA; NICOLA, 2010), portanto a leitura e a releitura 
constantes devem tentar evitar problemas desse tipo. 
• Exploração de elipse: a elipse é a omissão do termo que fica 
subentendido, mas cuja recuperação é fácil dentro do texto, como 
ocorre em: 
“Comprei muitas frutas ontem.” 
A desinência verbal de “comprei”, demonstrando a flexão do verbo na 
primeira pessoa do singular, indica que o agente da ação corresponde ao 
emissor da mensagem: “eu”, mas isso não está escrito no texto, ocorrendo um 
apagamento de um termo. 
• Uso de advérbios: termos que dão as coordenadas sobre localização no 
espaço e no tempo dos elementos a que se referem e que podem 
aparecer no contexto textual, como no exemplo: 
“As crianças brincaram muito no parque; elas sempre se divertem muito lá.” 
Observando a coesão por conexão, temos o uso de conectivos, ou seja, 
conjunções e preposições, responsáveis pela ligação de elementos linguísticos 
como palavras, frases, orações e períodos, não desempenhando funções 
sintáticas, mas estabelecendo ligações e carregando noções semânticas (de 
sentido). O uso indevido de conectivos pode trazer ao texto problemas sérios 
de sentido. 
Temos ainda expressões que funcionam como ordenadoras dentro dos textos, 
tais como “em resumo”, “por um lado”, “por outro lado”, “então” etc. Elas se 
encarregam da organização das informações no texto. 
Os principais mecanismos da coesão semântica, ou seja, relacionadas ao 
sentido, correspondem a: 
• Repetição de um mesmo item lexical: consiste na reiteração de um 
termo ou de termos pertencentes a uma mesma família lexical. É bom 
ressaltar que essa exploração é comum em textos literários e pouco 
recomendável em textos de caráter objetivo. 
• Uso de sinonímia: baseia-se na substituição de um termo por outro ou 
por uma expressão que possua equivalência de significado. 
• Uso de hiperonímia: a exploração de hiperônimos consiste no emprego 
de uma palavra de sentido genérico que designa toda uma classe ou 
todo um conjunto. 
• Uso de hiponímia: a exploração de uma palavra que que designa 
elemento pertencente a uma classe ou a um conjunto. 
A exploração da coesão semântica é resultante do conhecimento de diferentes 
campos lexicais e de diferentes campos semânticos, já que se baseia no 
emprego de termos pertencentes a um repertório associado a uma 
determinada realidade, ciência ou estudo (TERRA; NICOLA, 2010). 
Podemos "elencar" ainda outros recursos usados para a coesão, tais como o 
uso de uma parte de um nome ou só o sobrenome para evitar repetições, uso 
de perífrases, ou seja, expressões formadas por várias palavras que ficam em 
lugar de outra, termos genéricos, associações, paráfrases, entre outros. 
Cabe ao falante da língua procurar conhecer seu idioma e os mecanismos que 
regem sua utilização, para que tire melhor proveito da língua como 
instrumento de produção e retomada de sentidos. 
 
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