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Aula 1 - Importancia da informação para obtenção da vantagem competitiva

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AULA 1 
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES 
GERENCIAIS – SIG 
Prof. Carlos Costa Cedro 
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TEMA 1 – IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO PARA OBTENÇÃO DA 
VANTAGEM COMPETITIVA 
“Data is the new oil!” (Dados são o novo petróleo!). Essa frase, pronunciada 
em 2006 por Clive Humby (citado por James, 2019), é uma perfeita analogia sobre 
a importância da informação como vantagem competitiva para toda e qualquer 
organização da Era digital. 
Essa expressão, referenciada no mercado por executivos de todo o mundo, 
dá a ideia de que os dados (e consequentemente a informação) são tão valiosos 
quanto o petróleo, já que, bem trabalhados, podem gerar vantagem competitiva 
sobre os concorrentes. 
Por exemplo, uma das maiores redes varejistas dos Estados Unidos 
descobriu, por meio de pesquisas intensivas nos registros de vendas, que o 
aumento da venda de cervejas estava diretamente relacionado ao aumento da 
venda de fraldas (Gurovitz, 2011). Justificado por um padrão comportamental de 
que o pai da criança, ao comprar fraldas, sempre que encontrava a cerveja 
exposta no caminho até o caixa acabava comprando também mais esse produto. 
Após aproximar fisicamente os dois produtos nas lojas, a venda de cervejas 
disparou. 
Outro caso de sucesso importante é de um dos maiores bancos privados 
do Brasil (Gurovitz, 2011) que conseguiu aumentar de 2% para 30% a taxa de 
retorno para as promoções enviadas por mala direta aos seus clientes. Esse 
resultado foi possível após analisar a movimentação financeira dos seus mais de 
3 milhões de clientes, durante 18 meses, para traçar um perfil comportamental 
que tivesse maior probabilidade de interesse pelas promoções enviadas. 
Um último exemplo é de uma das empresas líderes no mercado de telefonia 
a longa distância nos Estados Unidos (Gurovitz, 2011), que desenvolveu um 
método capaz de prever com 61% de segurança a probabilidade de churn dos 
seus clientes, dentro de um período de dois meses. Com essa informação em 
mãos, foi desenvolvido um plano de marketing que conseguiu evitar a perda de 
120000 clientes, mantendo um faturamento anual de 35 milhões de dólares. 
Mas a frase de Clive Humby (citado por James, 2019) é ainda mais 
profunda. Sua frase completa é “Data is the new oil. It’s valuable, but if unrefined 
it cannot really be used”, que, em uma tradução livre significaria que, assim como 
o petróleo bruto, os dados também precisam ser refinados para gerar valor, ou
 
 
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seja, assim como o petróleo não gera um produto para o consumidor final sem as 
atividades de refinamento, os dados também não geram valor para as 
organizações sem o apoio de um processo que leve à descoberta do 
conhecimento. 
Segundo o IDC, serão gerados mais dados, entre os anos de 2021 e 2024, 
do que todos os dados gerados entre os anos de 1990 e 2020. Esse cálculo é feito 
utilizando o cálculo da taxa de crescimento anual composta ou compound annual 
growth rate (CAGR), que indica que serão gerados mais de 74 zettabytes ainda 
em 2021, o que indica um crescimento de mais de 5000% em volume de dados, 
conforme o gráfico da Figura 1. 
Figura 1 – Volume de dados gerados na fonte 
 
Fonte: Holst, 2021. 
A mecânica que gera valor por meio desses dados é o sistema, que pode 
ou não ser informatizado. Um sistema precisa basicamente de quatro 
componentes: a entrada, o processamento, a saída e a realimentação. 
Fazendo uma analogia com a produção de um bolo, a entrada representaria 
todos os ingredientes necessários para a receita, como a farinha de trigo, ovos, 
leite etc. 
 
 
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Já o processamento seria responsável por executar os passos da receita 
desse bolo, misturando e tratando os ingredientes na ordem certa e por fim 
assando e confeitando o bolo. 
A saída é o bolo pronto, ou seja, o que era esperado obter ao usar os 
ingredientes (entrada) de acordo com a receita (processamento). Se você teve 
sucesso na receita as pessoas gostarão e elogiarão o seu bolo, caso contrário 
não, essa informação é chamada de realimentação ou feedback em inglês e ela é 
o “termômetro” que vai dizer se o processo gerou o valor esperado. O 
funcionamento do sistema é apresentado na Figura 2: 
Figura 2 – Componentes do sistema 
 
Fonte: Ivelin Radkov/Shutterstock. 
Como dito anteriormente, um sistema pode ou não ser informatizado, ou 
seja, um sistema pode ou não ser executado por meio de software. Por exemplo, 
você pode utilizar uma agenda ou caderno para anotar os seus compromissos 
(essa é a sua entrada). Sempre que você precisa agendar um novo compromisso, 
você corre as folhas e busca a data desejada para o novo compromisso (esse é o 
processamento). Após encontrar a data desejada, você pode verificar se existe 
algum horário vago (essa é a saída). 
 
 
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Existe um benefício claro para o uso de sistemas informatizados, a 
agilidade no tratamento e compartilhamento dos dados. Nesse exemplo da 
agenda, utilizando algum software de correio eletrônico você poderia encontrar a 
sua disponibilidade naquele dia muito mais facilmente e poderia inclusive 
compartilhar a agenda toda do mês com o solicitante. 
Por isso, o sistema de informações gerenciais contribui para a geração de 
vantagem competitiva nas organizações, por ser sistema, facilita o processamento 
dos dados existentes, transformando-os em informações, que suportam as 
atividades gerenciais, que, por sua vez, contribuem para o sucesso da 
organização. 
TEMA 2 – CONCEITOS DE INFORMAÇÃO: PROCESSO DE TOMADA DE 
DECISÃO E UTILIDADE DA INFORMAÇÃO 
É atribuída a Isaac Newton a seguinte frase “O que sabemos é uma gota; 
o que ignoramos é um oceano”. Por isso, é preciso utilizar os sistemas de 
informações gerenciais para transformar o dado em conhecimento, como suporte 
à tomada de decisão. 
A pirâmide do conhecimento (Ackoff, 1989) é uma hierarquia informacional 
composta por quatro partes: dados, informação, conhecimento e inteligência, que 
são utilizados nos campos da ciência da informação e da gestão do conhecimento 
para gerar valor para os dados coletados, como mostra a Figura 3: 
Figura 3 – Pirâmide do conhecimento 
 
Fonte: Kowley, 2007. 
 
 
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Dado é a informação bruta, a entrada utilizada no sistema de informações 
gerenciais, mas somente com o dado não é possível tomar uma decisão assertiva. 
Informação é o dado já processado pelo sistema de informações 
gerenciais, que geralmente apresenta algum indicador qualitativo ou quantitativo. 
Conhecimento é como você interpreta a informação, que traz indicadores 
para um determinado contexto. 
Inteligência é a tomada de decisão suportada pelo conhecimento adquirido 
nas etapas anteriores. Como última etapa, é o que agrega valor aos dados 
coletados. 
Para Turban (2003), “Informação é um conjunto de fatos (dados) 
organizados modo a fazer sentido para o destinatário”. Quando você está 
caminhando pela rua, indo em direção ao seu trabalho e percebe um pingo 
molhado em suas costas, isso não significa necessariamente que vai chover, 
então você olha para o alto buscando por novos dados, como a existência de 
nuvens, relâmpagos e ventos, por exemplo. 
 O conjunto desses dados faz com que você tenha uma nova informação 
(vai chover!), já que, por experiência, você observou que quando todas essas 
condições que os dados apontam são verdadeiras, a consequência é a chuva. 
 O conhecimento é tomar ciência de que a chuva fará com que você se 
molhe e que, se isso acontecer, você não poderá chegar molhado ao trabalho, já 
que não poderá se sentar molhado na sua mesa no escritório. 
 A sabedoria é a solução que você encontra para contornar tudo isso: você 
vai comprar um guarda-chuva? Vai chamar um motorista de aplicativo? Vai se 
abrigar sob uma marquise e esperar a chuva passar? 
 Os sistemas de informações gerenciais geralmente trabalham em 
diferentes níveis hierárquicos e suportam três tipos de decisões diferentes 
(Eleutério, 2015), que variam de acordo com o nível de incertezado contexto: 
estruturadas, não estruturadas e semiestruturadas. 
 As decisões estruturadas envolvem um grau menor de incerteza e 
geralmente são suportadas por variáveis bem definidas e informações precisas, 
por isso tendem a acontecer mais rapidamente. Esse tipo de decisão acontece no 
nível operacional, como a decisão de renovar os computadores da empresa. 
 Já as decisões não estruturadas são as que envolvem maior incerteza, em 
que as variáveis são incertas e a informação é estimada ou desconhecida, o que 
torna necessário a consulta a diferentes bases de dados, por isso tendem a ser 
 
 
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decisões mais demoradas. Esse tipo de decisão acontece no nível estratégico da 
empresa, como a decisão de abrir capital na bolsa de valores, por exemplo. 
 Existem ainda decisões que têm um nível de incerteza moderado e que 
apresentam os componentes das decisões estruturadas e não estruturadas, são 
as decisões semiestruturadas. Essas decisões possuem tanto informações bem 
definidas como também estimativas e projeções. Essas decisões são tomadas no 
nível tático, como a decisão de escolher o fornecedor de suporte de TI, por 
exemplo. 
 Você consegue preencher a tabela abaixo, marcando um X para cada 
decisão estruturada, não estruturada e semiestruturada? 
Tabela 1 – Exercício sobre os tipos de decisão 
Decisão Estruturada Não Estruturada Semiestruturada 
Criar um plano de Go 
to Marketing para um 
novo produto 
 
Disponibilizar crédito 
e ofertas especiais 
para fidelizar os 
clientes 
 
Abrir novos 
mercados 
internacionais 
 
Conceber um novo 
website institucional 
 
Conceber um plano 
de marketing 
 
Desenvolver um novo 
produto inovador 
 
 
 
 
 
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TEMA 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: SISTEMAS DE PROCESSAMENTO 
DE TRANSAÇÕES (SPT) 
Para suportar a tomada de decisão estruturada, no nível operacional, 
geralmente são utilizados sistemas informatizados chamados de sistemas de 
processamento de transações, os quais geralmente trabalham no contexto de um 
departamento específico e possuem informações e variáveis bem definidas, 
focadas no curto prazo. 
 As entradas processadas pelos sistemas de processamento de transações 
são, em sua maioria, informações internas da empresa, que servem como insumo 
para a execução da regra de negócio (procedimentos internos da empresa) e que 
geram como saída a tomada decisão com pouca ou nenhuma intervenção das 
pessoas que o operam. 
 Por exemplo, a decisão de ativar ou não o processo de cobrança para um 
cliente específico tem como base dois critérios específicos: o cliente possui 
pagamento pendente e o prazo de cobrança já foi ultrapassado. Dessa forma, um 
SPT de gerenciamento de cobranças é capaz de enviar e-mails de cobrança 
automaticamente para os clientes que se enquadrem nesses dois requisitos. 
 O sistema de processamento de transações é o bastião dos dados 
corporativos, já que os dados processados e armazenados por ele serão utilizados 
por outros sistemas como os sistemas de informações gerenciais. 
 Por isso esses sistemas devem atender a alguns requisitos mínimos de 
qualidade (Munhoz, 2017): 
1. Desempenho – é medido pela quantidade de transações que o sistema é 
capaz de processar em um intervalo de tempo e estabelece o tempo de 
resposta que o sistema leva para concluir uma transação; 
2. Disponibilidade – é medido pelo percentual de tempo que o sistema 
permanece disponível para os usuários e geralmente é coberto por um 
acordo de nível de serviço (ANS) ou Service Level Agreement (SLA) em 
inglês. As medidas de disponibilidade são apresentadas em percentuais 
menores do que 100%, sendo mais comum o uso de números noves para 
o cálculo, por exemplo, um sistema com disponibilidade de 99% poderá 
ficar indisponível por 3,65 dias no ano, já um sistema com 99,9999999% 
de disponibilidade poderá ficar indisponível por 3 segundos no ano; 
 
 
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3. Integridade dos dados – é medido pela exatidão dos dados registrados 
em comparação aos dados armazenados no sistema e reflete a capacidade 
do sistema em contornar problemas de hardware ou software sem causar 
alguma perda de dados. Também avalia a capacidade do sistema em 
gerenciar o acesso simultâneo aos dados em que vários usuários tentam 
executar a mesma operação ao mesmo tempo, por exemplo, durante a 
compra de determinado item em um site de comércio eletrônico; 
4. Modularidade – é medido pela capacidade do sistema de aumentar a sua 
capacidade de forma incremental, seja por meio da inclusão de novas 
funcionalidades pela inclusão de novos módulos ou até mesmo o aumento 
do poder computacional através do aumento do hardware; 
5. Facilidade de uso – é a medida que garante o uso intuitivo do sistema 
pelos usuários, geralmente é avaliado através de pesquisas com usuários, 
entrevistas e com a aplicação de ferramentas automáticas de análise 
comportamental. 
Como os sistemas de processamento de transações suportam as 
operações do dia a dia das organizações, geralmente eles tratam com um volume 
considerável de dados. 
Esse volume de dados pode ser processado em tempo real ou em um 
momento posterior, de acordo com cada regra de negócio de cada departamento. 
Esses processos são chamados de processamento em tempo real e 
processamento em lote. 
No processamento em tempo real, os dados são processados assim que 
sejam registrados no sistema. Esse tipo de processamento é necessário quando 
há alguma obrigação legal, regulamentação ou regra de negócio que exija a 
disponibilidade dos dados no sistema no menor tempo possível. 
Com a ampla difusão de sistemas online, foi criada uma terminologia para 
o processamento em tempo real, o processamento online de transações ou OLTP, 
do inglês online transactional processing. 
Exemplos de processamento online de transações, comuns nas 
organizações são: emissão de notas fiscais dos pedidos, processamento de 
compras em sites de comércio eletrônico e envio do ponto diário dos funcionários 
para atendimento à lei do e-social. 
 
 
10 
Já no processamento em lote, os dados são coletados durante um intervalo 
de tempo predefinido e assim que essa janela de tempo é terminada, todos os 
dados são processados sequencialmente de uma só vez. 
A vantagem do processamento em lote é a preservação dos recursos 
computacionais, já que o processamento dos dados pode ser executado em um 
horário em que exista baixa demanda de processamento pelos usuários, como 
após o horário comercial, por exemplo. Dessa forma, o hardware dedicado para 
esse sistema fica menos ocioso e não há a necessidade de aumento do poder 
computacional para suportar todo o processamento diário. 
Exemplos de processamentos em lotes, comuns nas organizações são: 
processamento de folha de pagamento dos funcionários, emissão de relatórios 
programados e fechamento da contabilidade mensal. 
 Você consegue indicar alguns exemplos de sistemas de processamento de 
transações, disponíveis no mercado, para cada finalidade da Tabela 2? 
Tabela 2 – Exercício SPT 
Finalidade Sistema 
Envio de mala direta 
Controle do funil de vendas 
Gestão de clientes 
Fluxo de caixa 
Correio eletrônico 
Contabilidade 
Suporte ao cliente 
TEMA 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: SISTEMAS DE INFORMAÇÕES 
GERENCIAIS – SIG 
A necessidade de medição dos processos operacionais, como ferramenta 
de suporte à gestão, é vital para o sucesso da organização, como afirmam Peter 
Drucker (“se você não pode medir, você não pode gerenciar”) e Deming (“Não se 
gerencia o que não se mede”). 
Embora os sistemas de processamento de transações já tragam alguns 
indicadores, estes estão mais voltados para situações pontuais do dia a dia, como 
quantos chamados de clientes tenho pendente em minha fila. 
 
 
11 
Para gerenciar corretamente a organização, é preciso uma visão mais 
holística dessas informações para mostrar o desempenho atual. Por isso, os 
sistemas de informaçõesgerenciais agregam dados de fontes internas (SPT) com 
dados de fontes externas para suportar a tomada de decisão no nível tático. 
Os sistemas de informações gerenciais possuem quatro principais 
características: 
• Dados resumidos – Os dados obtidos dos sistemas de processamento de 
transações são resumidos para que o usuário tenha uma visão sobre o todo 
de uma determinada operação do dia a dia. Por exemplo, quantidade de 
chamados no SAC de todos os operadores do pós-venda; 
• Relatórios predefinidos – Como as informações geradas pelos sistemas 
de informações gerenciais são recorrentes, esses fazem uso de relatórios 
predefinidos, por exemplo, quantidade de chamados no SAC por mês ou 
quantidade de vendas do produto X na região Y no mês; 
• Programação periódica – Dado que as informações geradas pelos 
sistemas de informações gerenciais são emitidas em uma programação 
periódica, existem gatilhos que geram automaticamente esses relatórios. 
Por exemplo, o relatório do fechamento mensal de vendas pode ser 
executado automaticamente ao fim do último dia útil do mês; 
• Processamento online – Diferentemente do SPT, os sistemas de 
informações gerenciais não possuem a opção de processamento em lote, 
visto que as informações que suportam a gestão devem estar disponíveis 
a todo momento, por isso, esses sistemas geralmente funcionam online. 
Os sistemas de informações gerenciais têm como principal ferramenta a 
emissão de relatórios sobre o atual desempenho da organização. Esses relatórios 
são utilizados pela gestão para determinar ações corretivas necessárias para o 
bom desempenho dos negócios. 
A Figura 4 mostra como os dados são coletados do SPT, resumidos dentro 
do SIG e apresentados aos gerentes na forma desses relatórios: 
 
 
 
 
 
12 
Figura 4 – Como os dados são coletados do SPT, resumidos dentro do SIG e 
apresentados aos gerentes 
 
Fonte: Oliveira, 2005. 
 Os relatórios dos sistemas de informações gerenciais podem ser emitidos 
de diferentes formas: relatório programado, relatório sob demanda e relatório de 
exceção. 
 Os relatórios programados são executados automaticamente em um 
intervalo de tempo predefinido, que pode ser por hora, por dia, por semana ou por 
mês, por exemplo. Um gerente de marketing poderia observar o relatório resumido 
da taxa de conversão de leads em um SIG para determinar ações corretivas. 
 Já os relatórios sob demanda são aqueles predefinidos pelos sistemas de 
informações gerenciais, assim como os relatórios programados, mas que são 
emitidos somente quando há alguma requisição manual do usuário. Por exemplo 
o gerente de uma fábrica pode emitir um relatório de controle de estoque a 
qualquer momento para planejar a compra de novos insumos. 
 Existem ainda os relatórios de exceção, que são aqueles emitidos 
automaticamente pelos sistemas de informações gerenciais sempre que um 
determinado gatilho é ativado. Por exemplo, quando o número de produtos 
 
 
13 
rejeitados na linha de produção de uma fábrica atinge um indicador maior de 70%. 
Dessa forma, o gerente é avisado automaticamente por e-mail por meio desse 
relatório. 
 Você consegue distinguir quais informações seriam geradas pelos sistemas 
de processamento de transações e quais informações seriam geradas pelos 
sistemas de informações gerenciais na Tabela 3? 
Tabela 3 – Exercício SPT e SIG 
Informação SPT SIG 
Batida de ponto de um funcionário específico durante o mês 
atual 
 
Quantidade de produtos defeituosos fabricados na semana, 
por planta fabril 
 
Quantidade de vendas feita por um determinado vendedor na 
semana 
 
Quantidade de leads, prospects e clientes cadastrados no 
CRM durante o mês. 
 
 Os sistemas de informações gerenciais são uma importante ferramenta 
para a tomada de decisão, porém, diferente do SPT, não existe a tomada de 
decisão automática, ou seja, é preciso interpretar os relatórios gerados. 
TEMA 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO 
(SAD) E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EXECUTIVA (SIE) 
Enquanto o SPT e o SIG focam em decisões mais simples, do dia a dia, os 
sistemas de apoio à decisão e os sistemas de informação executiva tratam de 
decisões mais complexas, não usuais, que também fazem parte do cotidiano de 
qualquer organização. 
 É importante lembrar que existem softwares que agregam as funções do 
SPT, SIG, SAD e SIE ao mesmo tempo. Essa segregação teórica tem como 
objetivo explicar os diversos contextos e necessidades que existem no emprego 
dos sistemas de informação nas organizações. 
 Os softwares de ERP (enterprise resource planning) são um exemplo típico 
de agregação dessas funções, pois existem diferentes visões para diferentes 
níveis organizacionais e que geralmente são segregadas pelo perfil do usuário. 
 
 
14 
 Os sistemas de apoio à decisão também são conhecidos pelo termo 
business intelligence ou BI, pela sua capacidade de empregar modelos de análise 
de dados analíticos e estatísticos para gerar informação. 
 A principal diferença entre o SPT/SIG e o SAD/SIE é a capacidade analítica 
desses sistemas, que combinam fontes de dados internas e externas em um 
grande resumo de dados, configurável, que permite ao usuário simular cenários e 
previsões por meio de modelos de análise de dados. Esses sistemas são 
classificados como OLAP do inglês online analytical processing. A Tabela 4 
mostra as principais diferenças entre o SIG e o SAD: 
Tabela 4 – Comparação SIG e SAD 
 SIG SAD 
Tipo de informação Desempenho da 
organização 
Simulação de cenários 
Saída da informação Relatórios programados, 
sob demanda e exceção 
Consultas e respostas 
iterativas. 
Formato da informação Predefinido Customizado 
Processamento da 
informação 
Extração e resumo de 
dados 
Modelagem analítica de 
dados 
Um exemplo prático da aplicação de um sistema de apoio à decisão poderia 
ser a pandemia do Covid-19, em que um gerente pudesse simular cenários para 
prever o impacto financeiro causado pelo atraso na produção, usando 
informações internas como o planejamento de produção e informações externas, 
como o custo dos insumos necessários e a alta do dólar. 
Ou seja, enquanto o SPT e SIG trabalham com informações objetivas, os 
sistemas de apoio à decisão e os sistemas de informação executiva lidam com 
informações mais complexas e variáveis, por meio da sua capacidade analítica. A 
Figura 5 mostra como cada sistema atende aos diferentes níveis da organização: 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Figura 5 – Sistemas e níveis estratégicos criada pelo autor 
 
 Como apresentado na Figura 5, o sistema de informação executiva atende 
ao nível estratégico da organização, em que as decisões geralmente são não 
estruturadas e de alto impacto para a organização. 
 O executivo pode usar o sistema de informação executiva para simular 
tendências de longo prazo, utilizando modelos analíticos de dados, algo que seria 
impossível para o SPT ou SIG. 
 Isso porque tanto o SAD quanto o SIE utilizam o histórico de informações 
internas, somados a informações externas para prever o impacto de uma tomada 
de decisão na organização. 
 Um exemplo prático de uso de um sistema de informação executiva poderia 
ser o uso por um gerente: para realizar a simulação da previsão de vendas em um 
novo território ou para auxiliar a tomada de decisão de abertura de um novo 
mercado internacional, essa análise poderia envolver informações internas como 
o custo de produção e lead time, somadas a informações externas, como risco do 
país e linhas de crédito e fomentos disponíveis. 
 Em resumo, enquanto o SPT e SIG trabalham com informações 
determinísticas, cujo grau de incerteza é baixo, o SAD e o SIE trabalham com 
informações probabilísticas em que o nível de incerteza é muito maior. 
 Por isso, faz-se necessário o uso de sistemas como o SAD e o SIE para a 
tomada de decisões semiestruturadas e não estruturadas, dada a sua capacidade 
de aplicarmodelos analíticos para prever uma situação futura de médio ou longo 
prazo. 
 Você consegue definir qual é o melhor sistema entre o SPT, SIG, SAD e 
SIE, de acordo com cada cenário apresentado a seguir? 
 
 
16 
a. Um gerente operacional deseja emitir relatórios sobre a assiduidade dos 
colaboradores em uma determinada fábrica, para avaliar o impacto da 
pandemia do Covid-19 na produção; 
b. Um gerente tático deseja emitir um relatório sobre o funil de vendas, para 
mapear as oportunidades e estabelecer as metas comerciais para o 
próximo ano; 
c. Um gerente operacional deseja emitir relatório sobre o índice de defeitos na 
fabricação de um produto específico no último mês, que tem recebido 
muitas reclamações de clientes e pedidos de assistência técnica; 
d. O vice-presidente de uma organização deseja avaliar o custo com folha de 
pagamento para abrir uma nova filial em outro país e deseja comparar 
esses custos aos custos existentes na matriz para poder tomar a decisão; 
e. Um gerente tático deseja avaliar o impacto na produção caso os pedidos 
de produtos sejam dobrados no mês atual, devido a uma demanda 
extraordinária; 
f. O presidente da organização deseja avaliar o impacto de terceirização da 
produção de alguns componentes na Ásia, como estratégica para diminuir 
o custo de produção de um determinado produto nos próximos 5 anos. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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16, p. 3-9, 1989. 3-9. Disponível em: <http://www-public.imtbs-
tsp.eu/~gibson/Teaching/Teaching-ReadingMaterial/Ackoff89.pdf>. Acesso em: 10 
jun. 2021. 
ELEUTÉRIO, M. A. M. Sistemas de informações gerenciais na atualidade. 
Curitiba: Intersaberes, 2015. 
GUROVITZ, H. O que cerveja tem a ver com fraldas? Exame, 18 fev. 2011. 
Disponível em: <https://exame.com/revista-exame/o-que-cerveja-tem-a-ver-com-
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HOLST, A. Volume of data/information created, captured, copied, and consumed 
worldwide from 2010 to 2025. Statista, 7 jun. 2021. Disponível em: 
<https://www.statista.com/statistics/871513/worldwide-data-created/>. Acesso em: 
10 jun. 2021. 
HOWLEY, J. The wisdom hierarchy: representations of the DIKW hierarchy. 
Journal of Information Science, 1 abr. 2007. 
JAMES, J. Data as the new oil: the danger behind the mantra. The Enterprisers 
Project, 11 jul. 2019. Disponível em: 
<https://enterprisersproject.com/article/2019/7/data-science-data-can-be-toxic>. 
Acesso em: 10 jun. 2021. 
MUNHOZ, A. S. Sistemas de informações gerenciais na gestão de pessoas. 
Curitiba: InterSaberes, 2017. 
OLIVEIRA, D. D. P. R. D. Organização, sistemas e métodos: uma abordagem 
gerencial. São Paulo: Atlas, 2005. 
TURBAN, E. Administração da tecnologia da informação. Rio de Janewiro: 
Campus, 2013.

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