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resenha O Planejamento da pesquisa qualitativa em educação

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Resenha 
ALVES, Alda Judith. O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Caderno de Pesquisa. São Paulo (77): 53-61, maio 1991. 
	O artigo busca orientar quanto à metodologia da pesquisa qualitativa, abordando aspectos peculiares a este tipo de abordagem que tornam complexa a aplicação desta metodologia. No trabalho, a autora busca caracterizar a pesquisa qualitativa na intenção de que os leitores sejam conhecedores das potencialidades e incongruência relacionadas a este tipo de abordagem. Também são discutidas questões referentes ao planejamento e elaboração de projetos de pesquisa com o objetivo de se compreenda que, tanto quanto a escolha de uma boa metodologia de pesquisa a construção de um projeto adequado ao problema que se quer responder é responsável pelo sucesso da pesquisa. 
	O trabalho surgiu da necessidade, observada pela autora, de orientar quanto à utilização adequada da abordagem qualitativa visto que um estudo de caráter qualitativo exige certo nível de aprofundamento para que não sejam relatos superficiais do que esta sendo pesquisado. A falta de literatura sobre o assunto, justamente porque a pesquisa qualitativa é muito recente, faz com que muitas pesquisas ditas qualitativas sejam pouco abrangentes e não abordem aspectos relevantes do objeto de estudo. Assim, traçar um planejamento adequado e cuidadoso, abordando de forma critica e ampla o objeto de estudo é de caráter essencial para conseguir dados que representem com relevância a qualidade que se deseja.
	Comumente a abordagem mais usada em uma pesquisa qualitativa é a hermenêutica que tem por pressuposto que este tipo de pesquisa esta influenciado pelas crenças, valores, sentimentos e percepções do avaliador. Este tipo de abordagem engloba tudo que esta no processo interpretativo, incluindo formas verbais e não-verbais de comunicação, proposições e pressupostos. Neste tipo de pesquisa quem interpreta e dá sentido aos dados obtidos é o sujeito, que leva em consideração o contexto histórico envolvido. 
A autora nos remete às idéias de Patton (1986) que pressupõe a interferência natural do pesquisador e indica três aspectos do estudo qualitativo: a) A pesquisa qualitativa deve ter uma visão holística da ação, uma vez que só se pode compreender e interpretar tais ações se abrangermos todos os aspectos envolvidos que corroboram com o conteúdo no resultado final. b) A abordagem indutiva prevê que os interesses surgem livremente durante o processo de investigação, para tanto, o pesquisador deve despir-se de pressupostos e planos estanques. c) Já a investigação naturalística é a que o pesquisador intervém o mínimo possível na pesquisa. 
Na pesquisa qualitativa, para que se obtenha uma descrição rica e detalhada de situações, eventos e acontecimentos, é necessário que o pesquisador tenha contato direto e prolongado com o campo, uma vez que ele é o principal objeto de investigação. A realidade é uma construção social na qual o pesquisador participa. Assim os fenômenos só podem ser compreendidos na perspectiva holística que considera todos os componentes de uma situação, incluindo interações e influencias recíprocas, obviamente não lineares. Pesquisador e objeto de estudo estabelecem relação tão intima que esta interação precisa ser valorizada, visto que ela faz com que o foco de estudo seja ajustado constantemente.
A pesquisa qualitativa admite certo grau de variabilidade em relação a estruturação prévia do estudo. Existem argumentos que se posicionam a favor de uma estruturação mínima da pesquisa, assim como os que defendem pesquisas mais estruturadas. Porém, sabe-se que o planejamento da pesquisa leva a obtenção de resultados de qualidade. Outro fasto que corrobora para a estruturação da pesquisa é que a abordagem indutiva apresenta um nível de dificuldade que deve ser considerada até mesmo por pesquisadores mais experientes. Como defende a autora “quanto menos experiente for o pesquisador, mais ele precisará de estrutura”, uma vez que o volume de dados e as conexões existentes entre eles podem não fazer sentido nenhum para ele. 
Visto que os fenômenos observados possuem “muitas características próprias”, nenhuma teoria previamente selecionada contempla de forma ampla e específica o objeto de estudo. Estas definições a priori limitam e induzem o pesquisador a ponto de que ele não seja capaz de perceber aspectos relevantes que possam não se encaixar nas delimitações previas. Por outro lado, no inicio de suas pesquisas todo pesquisador possui um objetivo específico que é motriz da pesquisa, assim como possui suas ideias e orientações em relação ao que será pesquisado, por tanto, é importante que estas questões iniciais que originaram a pesquisa sejam abordas. A falta de um planejamento pode fazer com que ser perceba muito tempo, perda de foco e dificuldade de interpretação dos dados obtidos. 
Acredito que a saída não seja adotar um ou outro ponto de vista, mas sim buscar um consenso no uso destes pontos de vista, que deve contemplar da melhor forma o objetivo do estudo. Planejamentos menos estruturados são mais adequados para estudos de realidades mais complexas. Porém, para que se possa definir o método de pesquisa a ser utilizado é importante, primeiramente, delimitar o projeto de pesquisa, indicando o problema central que deverá ser respondido com o estudo, sua relevância e a metodologia de trabalho. 
A delimitação do problema de pesquisa é necessária para balizar a amplitude da pesquisa, bem como orientar o pesquisador quanto à importância das informações coletadas. A relevância da pesquisa pode ser medida a partir da qualidade e dos atributos do problema de pesquisa. Em relação à metodologia escolhida é necessário que se opte por um método adequado a responder o problema de pesquisa. Deve-se ter cuidado ao traçar a metodologia da pesquisa qualitativa, uma vez que uma das características deste tipo de análise é justamente o fato de ela ser delimitada ao longo do trabalho. Assim, para uma boa delimitação da metodologia, se faz necessário que o pesquisador tenha contato prévio com o campo onde a pesquisa será realizada. Os resultados desta visita prévia devem ser analisados para que seja definida a metodologia a ser usada. 
No que tange a coleta de dados, a autora chama a atenção para a importância do pesquisador como instrumento do processo uma vez que ele deve observar, selecionar e interpretar os eventos que ocorrem no momento da coleta de dados. A relação com os participantes, suas atitudes, postura e comportamento são avaliados e relatados pelo pesquisador. As técnicas mais utilizadas em uma pesquisa qualitativa são a observação, a entrevista e a análise documental, muitas vezes complementadas por outras técnicas. Normalmente a pesquisa qualitativa origina um grande volume de dados a serem analisados e compreendidos, para tanto é necessário identificar categorias, tendências, relações e padrões a fim de revelar sentidos. 
Diante do exposto, pode-se inferir que a leitura deste artigo é imprescindível para pesquisadores que pretendem utilizar a abordagem qualitativa uma vez que ele esclarece e desmistifica este método, explicando as vertentes existentes e apontando direções a ser seguidas, fornecendo definições e indicando o potencial deste tipo de investigação. Visto que existem muitas formas de se produzir uma pesquisa qualitativa, pois, nela há várias abordagens a serem seguidas. Recomenda-se o artigo a acadêmicos, devido a possibilidade em ampliar conhecimentos sobre a metodologia qualitativa. O estudo deste trabalho traz considerações que produzem uma compreensão rica e abrangente, essências para a escolha e utilização deste tipo de pesquisa. 
A autora do artigo é a Drª. Alda Judith Alves Mazzotti, formada em Pedagogia pela antiga Universidade do Brasil e em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez mestrado em Educação nesta mesma universidade, possui doutorado em Psicologia Educacional - New York University. Atualmente é professora titular da Universidade Estácio de Sá e PesquisadoraAssociada do Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade - CIERS-Ed/ Cátedra UNESCO vinculado à Fundação Carlos Chagas atualmente voltado para o tema da Profissionalização Docente. Sua produção acadêmica está vinculada à área Tópicos Específicos de Educação, tendo ultimamente desenvolvido trabalhos sobre seguintes temas: saberes docentes, formação e trabalho docente, identidade docente, representações sociais e práticas educativas, fracasso escolar, aluno da escola pública, trabalho infanto-juvenil.
Simara Gheno
Doutoranda do programa pós graduação em ensino de ciências e matemática - ULBRA

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