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Trauma na Gestação

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Laura Bronzatto – Atm 2024.1 
TRAUMA NA GESTAÇÃO 
O trauma é responsável, anualmente, por 1 milhão de mortes no mundo todo, 
sendo a principal causa de morte materna não obstétrica nos Estados Unidos 
(EUA). 
✓ Os acidentes automobilísticos são responsáveis por 70% dos traumas 
maiores na gestação, representando a maior causa de morte traumática 
materna e fetal. 
✓ Outras causas comuns incluem quedas, agressões, trauma penetrante 
por arma de fogo e por faca. 
✓ Das grávidas admitidas no hospital por trauma, 14 a 25% evoluem para 
parto na mesma internação. 
 
ABORDAGEM INICIAL 
O objetivo primário do atendimento deve ser a estabilização cardiorrespiratória 
materna. O ABC do trauma (vias aéreas, respiração e circulação) deve ser 
seguido rigorosamente. Cabe ao obstetra auxiliar o atendimento: 
✓ determinar a necessidade de avaliação fetal 
✓ inibição do trabalho de parto pré-termo 
✓ indução do parto 
✓ a indicação ou não de uma cesariana de emergência. 
 
Qualquer tratamento necessário para a manutenção ou recuperação da saúde 
materna deve ser executado, mesmo que a intervenção possa ser nociva para o feto. 
 
✓ Sinais clássicos de hemorragia só aparecem com perda > 15 ou 20% do 
volume sanguíneo total. Na reanimação, não se deve poupar a 
administração de fluidos. 
✓ SatO2 > 95%; caso esteja em nível menor, deve-se coletar gasometria 
arterial para avaliar a PaO2 (> 70mmHg garante boa oxigenação fetal) 
✓ Corticosteroides para prevenção da doença da membrana hialina do 
neonato, devem ser administrados a pacientes em risco para trabalho de 
parto pré-termo 
Após ou concomitantemente à abordagem primária, deve-se avaliar a altura 
uterina, a idade gestacional e a viabilidade fetal (por exame físico ou 
ultrassonografia). Exames complementares: 
✓ hemograma completo 
✓ tipagem sanguínea e provas cruzadas 
✓ eletrólitos, glicemia 
✓ EQU 
✓ provas de coagulação 
✓ pesquisa toxicológica 
 
A avaliação radiológica, incluindo raio X, ressonância magnética e tomografia 
computadorizada, não deve ser postergada por preocupação com o estado fetal. 
Laura Bronzatto – Atm 2024.1 
REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA DA GESTANTE 
Compressão torácica externa é mais difícil durante a gestação, pela reduzida 
complacência do tórax → massagem em posição supina pode ser ineficiente 
após a metade da gestação. Às vezes, proceder à cesariana antes ou mesmo 
durante a massagem cardíaca é importante para que haja sucesso. 
Cesariana de emergência: 
✓ iminência de morte materna 
✓ reanimação cardiorrespiratória sem sucesso em 5 minutos. 
✓ Após a estabilização materna, se houver traçado cardiotocográfico 
(CTG) não tranquilizador 
✓ pode ser necessária durante a laparotomia exploradora → melhor 
abordagem das estruturas abdominais e pélvicas. 
Laparotomia exploradora e procedimentos cirúrgicos: Caso seja necessária 
uma cirurgia não obstétrica, devem-se manter oxigenação e perfusão maternas 
adequadas. 
 
A laparotomia não implica, obrigatoriamente, histerotomia e extração fetal. 
 
✓ Se necessário, o dreno de tórax deverá ser posicionado 1 ou 2 espaços 
intercostais acima do habitual (elevação do diafragma) 
✓ O lavado peritoneal diagnóstico pode ser realizado em qualquer fase da 
gestação, por meio de incisão supraumbilical. 
✓ A monitoração da frequência cardíaca fetal deve ser realizada 
periodicamente durante o procedimento cirúrgico e pode ser realizada 
clinicamente com sonar Doppler ou por meio de carditocografia. 
 
 
Laura Bronzatto – Atm 2024.1 
ABORDAGEM OSTÉTRICA 
Consiste na avaliação secundária da paciente após estabilização hemodinâmica. 
A maioria das pacientes que apresentam desfecho obstétrico desfavorável tem 
sintomas como sangramento vaginal, contrações ou dor abdominal persistentes. 
✓ avaliar a presença de equimoses recentes e antigas 
✓ realizar exame especular para avaliar lesões pélvicas, ruptura de 
membranas amnióticas, lesões vaginais 
✓ USS deve ser feito para documentar o estado fetal, a idade gestacional e 
a apresentação do feto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em gestações com trauma abdominal e feto viável, deve-se fazer monitoração fetal e 
uterina contínuas, com ausculta fetal e tocodinamômetro externo, para registrar 
contrações prematuras e sinais de condição fetal não tranquilizadora. 
 
MONITORIZAÇÃO FETAL: As gestantes com trauma e feto viável devem ser 
monitoradas com CTG por, no mínimo, 4 horas. Após esse período, a paciente 
pode ser liberada se: 
✓ Menos de uma contração a cada 10 minutos 
✓ Ausência de sangramento vaginal 
✓ Ausência de dor abdominal 
✓ Traçado cardiotocográfico reativo 
A monitoração deve ser continuada por 24h se: 
✓ contusão abdominal ou outras lesões 
✓ contrações regulares 
✓ sangramento vaginal 
✓ traçado cardiotocográfico não tranquilizador 
✓ dor abdominal 
✓ sensibilidade uterina 
✓ suspeita de coagulopatia 
 
A paciente não deve ser liberada até que se tenha certeza de que ela não apresenta 
DPP ou trabalho de parto prematuro. 
Laura Bronzatto – Atm 2024.1 
Ruptura uterina: Tanto o trauma penetrante quanto o contuso podem causar 
ruptura uterina. Os sinais e sintomas incluem: 
✓ Choque 
✓ Cardiotocografia não reativa ou morte fetal 
✓ Hipertonia uterina 
✓ irritação peritoneal 
✓ sangramento vaginal 
Trauma penetrante: na gestação ferimentos por arma de fogo são mais comuns 
do que por arma branca, e a mortalidade em gestantes é menor do que em não 
gestantes, provavelmente, devido às mudanças anatômicas (útero protege os 
alguns órgãos vitais). 
✓ Como o útero desloca cranialmente o intestino, a lesão desse órgão é 
mais comum em traumas do abdome superior; já se o trauma ocorrer no 
abdome inferior, há maior chance de lesão uterina e fetal. 
Descolamento prematuro da placenta (DPP): Na presença de trauma 
abdominal importante, sangramento vaginal e hipertonia uterina sugerem DPP, 
o que requer monitoração fetal e avaliação laboratorial (plaquetas, fibrinogênio). 
A ultrassonografia é útil para avaliar a presença de DPP. 
 
PROGNÓSTICO 
O trauma durante a gestação pode resultar em morte ou em dano materno ou 
fetal, além de poder resultar em todas as complicações que acontecem em 
pacientes não grávidas. Fatores que estão relacionados com mau prognóstico 
fetal incluem: 
✓ hipotensão materna 
✓ traçado cardiotocográfico não tranquilizador 
✓ trauma uterino ou fetal diretos 
✓ coma materno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: 
Freitas F, Martins-Costa S, Ramos J. Rotinas em Obstetrícia. 6ª Edição, 
Editora Artmed, 2011.

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