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FÍSICA III A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Rubens Lábios dos Santos Física III / SANTOS, R. L. dos - Multivix, 2020 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS UNIDADE 2 Tabela 1: Constante dielétrica dos materiais 49 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 Figura 1: Âmbar fossilizado, também utilizado em joias 14 Figura 2: Representação da atração vítrea e resinosa 15 Figura 3: Atração e repulsão entre cargas elétricas 17 Figura 4: Elétrons emitem e absorvem energia para mudar de camada 18 Figura 5: Choque devido ao contato com objeto eletrizado 19 Figura 6: Indutor é posto próximo ao corpo neutro 21 Figura 7: Indutor torna o corpo neutro induzido 21 Figura 8: Aterramento ligado ao induzido 22 Figura 9: Aterramento desconectado do induzido 22 Figura 10: Representação do movimento segundo Aristóteles 25 Figura 11: Balança usada por Coulomb 26 Figura 12: Representação de campos elétricos gerados por cargas elétricas 28 Figura 13: Placas carregadas gerando um campo uniforme 29 UNIDADE 2 Figura 1: Linhas de campo elétrico gerado por duas cargas 33 Figura 2: Campo elétrico uniforme 33 Figura 3: Carl Friedrich Gauss 35 Figura 4: Superfície gaussiana 37 Figura 5: Esquema da energia potencial gravitacional 39 Figura 6: Potencial gerado por uma barra carregada 40 Figura 7: Diferença de potencial elétrico 41 Figura 8: Condutor em equilíbrio eletrostático 43 Figura 9: Superfície gaussiana cilíndrica em condutor 44 Figura 10: Representação de um capacitor 45 Figura 11: Exemplos de capacitores 45 Figura 12: Circuito elétrico 46 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 13: Associação de capacitores em série 48 Figura 14: Associação de capacitores em paralelo 48 UNIDADE 3 Figura 1: Corrente elétrica em um condutor 53 Figura 2: Representação de resistores em um circuito 59 Figura 3: Tipos de resistores 59 Figura 4: Código de cores 60 Figura 5: Exemplo de resistor 61 Figura 6: Circuito composto por resistor e bateria 61 Figura 7: Associação de resistores em série 63 Figura 8: Associação de resistores em paralelo 65 Figura 9: Fios condutores de comprimentos diferentes 67 Figura 10: Fios condutores de espessuras diferentes 68 UNIDADE 4 Figura 1: Circuito elétrico simples 72 Figura 2: Esquema do funcionamento de geradores 75 Gráfico 1: Comportamento do gerador real 77 Figura 3: Exemplos de receptores elétricos 78 Figura 4: Esquema do funcionamento de receptores 79 Gráfico 2: Comportamento do receptor 80 Figura 5: Circuito elétrico 81 Figura 6: Símbolos dos componentes de circuitos elétricos 82 Figura 7: Circuito elétrico simples 83 Figura 8: Lei dos Nós 85 Figura 9: Circuito elétrico com duas malhas 86 UNIDADE 5 Figura 1: Domínios magnéticos 90 Figura 2: Campo magnético do ímã 92 Figura 3: Campo magnético da Terra 93 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 4: Atração e repulsão magnética 96 Figura 5: Aplicação da Lei de Ampère 98 Figura 6: Experimento de Faraday 101 Figura 7: Regra da mão esquerda 104 Figura 8: Força magnética entre fios 106 UNIDADE 8 Figura 1: Processo de autoindução 112 Figura 2: Fluxo magnético em espiras 113 Figura 3: Regra da mão direita para Lei de Lenz 114 Figura 4: Gerador de indução 117 Figura 5: Transformador 119 Gráficos 1 e 2: Correntes contínuas 125 Figura 6: Símbolo de corrente alternada 125 Gráfico 3: Corrente senoidal 126 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 11 1 CARGAS E CAMPOS ELÉTRICOS 13 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 13 1.1 TIPOS DE CARGAS ELÉTRICAS 13 1.2 INTERAÇÕES ENTRE AS CARGAS 16 1.3 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO 19 1.4 QUANTIDADE DE CARGA 23 1.5 LEI DE COULOMB 25 1.6 CAMPO ELÉTRICO 27 2 POTENCIAL ELÉTRICO E OS CAPACITORES 32 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 32 2.1 FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO 32 2.2 LEI DE GAUSS 35 2.3 POTENCIAL ELÉTRICO 39 2.4 CONDUTORES CARREGADOS 42 2.5 CAPACITÂNCIA 44 2.6 CAPACITORES E DIELÉTRICOS 48 3 CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA 52 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 52 3.1 CORRENTE ELÉTRICA 52 3.2 RESISTÊNCIA ELÉTRICA 56 3.3 RESISTORES 58 3.4 PRIMEIRA LEI DE OHM 61 3.5 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES 63 3.5.2 ASSOCIAÇÃO EM PARALELO 64 3.6 SEGUNDA LEI DE OHM 67 4 CIRCUITOS REAIS 71 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 71 4.1 FORÇA ELETROMOTRIZ 71 4.2 GERADORES ELÉTRICOS REAIS 75 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4.3 RECEPTORES ELÉTRICOS 77 4.4 CIRCUITOS ELÉTRICOS 80 4.5 CIRCUITOS DE CAMINHO ÚNICO 83 4.6 LEIS DE KIRCHHOFF 85 5 LEIS DO MAGNETISMO 89 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 89 5.1 MAGNETISMO DOS ÍMÃS 89 5.2 O CAMPO MAGNÉTICO 92 5.3 FORÇA MAGNÉTICA 95 5.4 LEI DE AMPÈRE 97 5.5 LEI DE FARADAY 101 5.6 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CARGAS 104 6 MAGNETISMO E ENERGIA ELÉTRICA 109 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 109 6.1 INDUTÂNCIA 109 6.2 LEI DE LENZ 112 6.3 GERADORES DE INDUÇÃO 115 6.4 TRANSFORMADORES 118 6.5 OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS 121 6.6 CORRENTES ALTERNADAS 125 5UNIDADE 6UNIDADE 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Em Física III, vamos estudar o eletromagnetismo, ou seja, todas as relações entre eletricidade e magnetismo, fenômenos envolvidos, equações, conceitos e aplicações. A ordem de estudo dos conteúdos de física se faz necessária, uma vez que, no estudo do eletromagnetismo,vamos utilizar muitos concei- tos já vistos em mecânica (Física I). Para se ter uma ideia da importância do eletromagnetismo no mundo de hoje, basta lembrar o que ocorre quando falta energia em uma casa, mes- mo que seja por algumas poucas horas. As pessoas praticamente não conse- guem fazer nada sem a energia elétrica. As luzes se apagam, os eletrodomés- ticos não funcionam, deixamos de ter a TV e a internet, não se pode tomar um banho quentinho. Se o tempo sem energia elétrica se prolonga, as coisas se complicam, os alimentos da geladeira estragam e temos outras dificuldades com a falta de luz. As descobertas feitas por grandes físicos nos últimos sécu- los trouxeram transformações imensas na forma como vivemos, e no futuro ainda teremos grandes avanços tecnológicos graças a eles. UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III > identificar os tipos de cargas elétricas e como elas interagem; > compreender de que forma podem ocorrer os processos de eletrização; > entender de que modo é possível quantizar a carga elétrica de um corpo; > determinar as forças entre as cargas elétricas pela Lei de Coulomb; > identificar o campo elétrico como responsável pelas interações elétricas, suas aplicações e sua importância. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 1 CARGAS E CAMPOS ELÉTRICOS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Vamos dar início ao estudo do eletromagnetismo de modo a abordar a causa fundamental de todas as interações eletromagnéticas: as cargas elétricas e seus campos. Cada carga elétrica gera um campo elétrico, que pode interagir com outras cargas por meio de forças, que vamos poder calcular. De maneira inicial, podemos pensar que o conteúdo é complexo, mas essa impressão será descartada já no início dos estudos desta unidade. Isso por- que muito do que será discutido aqui você identificará como parte de algu- ma experiência do cotidiano, com cargas e campos elétricos. Um exemplo é quando sentimos os cabelos se eriçarem ao tirarmos uma blusa de lã que usamos por certo tempo ou quando levamos um pequeno choque na maça- neta do carro. Esses fenômenos se devem às cargas elétricas, assim como os para-raios, que protegem as residências das enormes descargas elétricas, por meio de um sistema muito simples, direcionando as cargas para a Terra, onde se dissipam sem causar danos. (JEWET JR.; SERWAY, 2017). 1.1 TIPOS DE CARGAS ELÉTRICAS Os primeiros estudos relacionados a eletricidade foram realizados por volta do século IV a.C. Acredita-se que Tales de Mileto, ao atritar âmbar rapidamente em um pedaço de pele animal, constatou que os materiais passaram a atrair pequenas partículas de palhas e penas. Em grego, âmbar é denominado de elektron e daí vem o nome para eletricidade. (BAUER; WESTFALL; DIAS, 2012). 14 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1: ÂMBAR FOSSILIZADO, TAMBÉM UTILIZADO EM JOIAS Fonte: Pixabay (2020). Âmbar: Resina de arbustos fossilizada. Os primeiros conceitos sobre a eletricidade foram descobertos há muitos anos, mas foi só a partir do século XVI que seus estudos começaram a ser mais apro- fundados. William Guilbert, físico e médico, descobriu que, além do âmbar, ou- tros materiais podiam adquirir propriedades de atração após serem atritados. (GUSSOW, 2009). Mais tarde, o físico francês Du Fay, ao atritar uma grande gama de materiais, descobriu que haviam diversos materiais que também ficavam eletrizados. Ao atritar âmbar com lã, ele percebeu que o âmbar eletrizado repelia um ou- tro pedaço de âmbar que havia sido atritado anteriormente com lã, mesma forma isso ocorria com o vidro atritado com lã. Mas uma coisa despertou nele grande espanto: ao aproximar o âmbar do vidro, estes se atraíam. Assim, Du Fay propôs uma classificação: a eletrização do vidro como vítrea e a do âmbar com resinosa. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO DA ATRAÇÃO VÍTREA E RESINOSA VIDRO RESINA – Lã + Lã + – Movimentação de Elétrons Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Somente no século XVIII, Benjamin Franklin propôs a vítrea como positiva e a resinosa como negativa. (CHABAY; SHERWOOD, 2018) Modelos atômicos Demócrito, filósofo grego, acreditava no limite da fragmentação material, ou seja, ao subdividir um corpo, seria alcançada uma partícula indivisível. 1. Modelo atômico de Dalton Dalton propôs que o átomo deveria obedecer aos seguintes postulados: • Toda e qualquer porção de matéria é constituída por átomos. • Os átomos da mesma substância são idênticos e conferem as suas propriedades. • Átomos não podem ser criados ou destruídos. • Qualquer reação química é uma reorganização e mistura de átomos. 16 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2. Modelo atômico de Thomson Estudando as propriedades dos raios catódicos, Thomson propôs a existência de uma partícula que constituiria o átomo, denominada elétron e de carga negativa. O elétron estaria incrustrado no átomo positivo. Este modelo ainda não explicava o espaçamento que existia entre as partículas. 3. Modelo atômico de Rutherford Rutherford, após realizar experimentos de bombardeamento de elétrons em uma fina chapa de ouro, propôs que os elétrons negativos estariam orbitando um núcleo positivo. 4. Modelo atômico de Bohr O modelo de Bohr propõe que, além de estar orbitando o núcleo, os elétrons seguiam órbitas específicas, dependendo de suas energias. Este modelo é o que gerou toda a física quântica. Para nossos estudos desta unidade, vamos nos interessar pelas cargas positi- vas, que para o átomo são os prótons encontrados no núcleo, e pelas negativas, no caso os elétrons, que orbitam o átomo. 1.2 INTERAÇÕES ENTRE AS CARGAS A experiência com objetos carregados mostra que há dois tipos de interação: a atração e a repulsão. Um modo fácil de eletrizar alguns materiais é o atrito, que revela uma situação que levou os primeiros estudiosos a acreditarem na existência de dois tipos de carga. Dois objetos feitos do mesmo material, após serem atritados com um segun- do tipo de material e postos próximos um ao outro, interagem com forças de repulsão. Já materiais diferentes, quando também atritados e aproximados, sentem uma força de atração. Com materiais iguais, é fácil perceber que de- vem ter a mesma carga; por sua vez, materiais diferentes só podem ter cargas também diferentes. 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Essa situação foi confirmada quando provada a lei da conservação das cargas, ou seja, as cargas não podem ser criadas nem destruídas. Assim, temos a se- guinte definição para as interações entre corpos carregados: • Corpos carregados com cargas de mesmo sinal se repelem. • Corpos carregados com cargas de sinais opostos se atraem. FIGURA 3: ATRAÇÃO E REPULSÃO ENTRE CARGAS ELÉTRICAS Atração F F F F F FRepulsão Repulsão Fonte: Elaborada pelo autor (2020). A força nuclear forte Temos agora uma questão interessante. Se cargas de mesmo sinal se repelem, como pode o núcleo atômico ser tão estável com tantas cargas positivas juntas em um espaço minúsculo? A resposta está numa interação não elétrica entre os prótons, denominada de “força forte”. Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 18 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Surge então uma nova questão: de que modo a carga sente essas forças, já que a eletrostática as repele e a força forte as atrai? Para essa questão a respostaé simples, já que a interação dada por essas forças depende da distância entre as cargas. Para a interação ser do tipo forte, as cargas devem estar extremamente próximas, que é o que ocorre nos núcleos atômicos. Para a interação eletrostática, a distância deve ultrapassar um limite. Se na natureza temos corpos neutros, eletrizados positivamente e eletrizados negativamente, deve haver processos, quer sejam naturais, quer em situações forçadas, pelos quais os corpos passam, a fim de modificarem sua configura- ção eletrônica. No átomo, em seu estado fundamental, ou seja, no estado neu- tro, as quantidades de elétrons e prótons são idênticas. Caso haja diferença, o átomo se torna um íon. Para átomos em que o número de prótons é maior que o número de elétrons, temos um íon positivo, denominado de cátion. Para a situação em que o número de elétrons supera o número de prótons, temos um íon negativo, o qual recebe o nome de ânion. No átomo, os prótons se en- contram fortemente fixados no núcleo. A quantidade de prótons de um átomo só pode ser alterada se ele passar por uma reação nuclear, a qual fissiona ou funde núcleos. No entanto, essas reações alteram a identidade atômica. Um átomo que passa por uma reação nuclear se torna um átomo de uma outra substância. Já que alterar a quanti- dade de prótons está fora de questão, nos resta os elétrons. Essas partículas, como já vimos anteriormente, orbitam o núcleo positivo. Segundo Bohr, os elétrons ocupam níveis de energia. FIGURA 4: ELÉTRONS EMITEM E ABSORVEM ENERGIA PARA MUDAR DE CAMADA Absorção E1 E2 E1 > E2E1 > E2 E1 E2 Emissão Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Quanto mais energia o elétron tiver, mais afastado ele fica do núcleo. Caso o elétron ganhe energia suficiente, ele pode escapar da órbita, e o átomo per- de este elétron, tornando-se então um cátion, uma vez que a quantidade de prótons ultrapassa a quantidade de elétrons. O oposto também é válido. Caso o elétron perca energia, ele se incorpora a uma órbita nuclear, de forma que o átomo ganha um elétron e passa a ser um ânion. 1.3 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO Sabemos agora que basta alterar, aumentar ou reduzir a quantidade de elé- trons para termos átomos carregados. Existem três processos pelos quais um corpo pode ganhar ou perder elétrons e ficar carregado. Eletrização por contato: quando um corpo está carregado, a repulsão entre as cargas em excesso faz com que elas fiquem o mais afastado possível umas das outras. Assim, quando um corpo neutro entra em contato com um corpo carregado, boa parte das cargas passam para este corpo, a fim de aliviar a repulsão entre as cargas. O corpo que estava neutro passa a ficar carregado com cargas de mesmo sinal que o carregado. Quando os dois objetos são idênticos, as quantidades de cargas ficam as mesmas. Um bom exemplo é quando encostamos em um objeto carregado e levamos um choque. FIGURA 5: CHOQUE DEVIDO AO CONTATO COM OBJETO ELETRIZADO Fonte: Pixabay (2020). Eletrização por atrito: para que os elétrons sejam ejetados ou incorporados a um átomo, é necessário que se modifique a sua quantidade de energia. Uma das maneiras para que isso ocorra é o fornecimento de energia cinética e térmica, atritando vigorosamente dois corpos com tendências elétricas di- 20 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ferentes. A tendência elétrica é uma propriedade de cada elemento químico de perder ou ganhar elétrons; ela deve ser diferente para que as cargas sejam trocadas, obedecendo ao princípio de conservação da carga elétrica. Quem tem a tendência de perder cargas passa essa para quem tem a tendência de ganhar cargas elétricas. Nesse tipo de processo de eletrização, os corpos ficam com sinais opostos. (JEWET JR.; SERWAY, 2017). Série triboelétrica Os diversos materiais foram organizados em tabela que mostra a tendência de ganhar ou perder elétrons de matérias. Não se pode concluir que um material sempre perde ou sempre ganha elétrons, depende do material com que aquele interagiu. Pele humana seca Couro Pele de coelho Vidro Cabelo humano Fibra sintética Lã Chumbo Pele de gato Seda Alumínio Papel Algodão Aço Madeira Âmbar Borracha dura Níquel e cobre Latão e prata Ouro e platina Poliéster Filme de PVC Poliuretano Polietileno (�ta adesiva) Polipropileno Vinil (PVC) Silicone Te�on Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Materiais mais acima na tabela têm maior tendência de ficarem positivos, ao passo que os materiais mais abaixo têm a tendência de ficarem negativos. 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Eletrização por indução: nesse processo, um corpo previamente carregado induz um corpo neutro a se eletrizar por meio do aterramento. Esse processo pode ser descrito em quatro etapas: • Etapa 1: o corpo neutro é aproximado do corpo carregado, denominado de indutor. FIGURA 6: INDUTOR É POSTO PRÓXIMO AO CORPO NEUTRO A Indutor Neutro B Fonte: Elaborada pelo autor (2020). • Etapa 2: a carga do indutor faz com que as cargas do corpo neutro se separem, formando polos, tornando este induzido (lembrando que o corpo neutro tem cargas positivas e negativas, mas essas estão na mesma proporção, o que o torna neutro). FIGURA 7: INDUTOR TORNA O CORPO NEUTRO INDUZIDO A Indutor Induzido B Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 22 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Etapa 3: um fio de aterramento é ligado ao corpo induzido. Devido ao excesso de cargas positivas em um dos polos do corpo, elétrons livres da Terra sobem pelo fio condutor de aterramento, tornando a face neutra novamente. FIGURA 8: ATERRAMENTO LIGADO AO INDUZIDO A Indutor (mantido próximo) B Elétrons Fonte: Elaborada pelo autor (2020). • Etapa 4: o aterramento é desconectado do corpo induzido, agora carregado com cargas de sinal negativo. O indutor já pode ser afastado. FIGURA 9: ATERRAMENTO DESCONECTADO DO INDUZIDO A B Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Ao final do processo, os dois corpos estão carregados com cargas opostas. Caso o indutor tivesse carga elétrica negativa, o processo se tornaria reverso. Pelo aterramento, os elétrons desceriam e o induzido ficaria com carga final positiva. 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 1.4 QUANTIDADE DE CARGA Sabemos que, quando um corpo está eletrizado, as quantidades de cargas positivas e negativas são diferentes. Seria possível descobrir qual a quantida- de de elétrons em excesso ou falta no material? Graças a um aspecto muito interessante dos elétrons, a resposta é sim! Todos os elétrons possuem um valor idêntico de carga elétrica, sendo de 191,6 10−× C. Dessa forma, conhecen- do-se a carga total do corpo, medida no caso por eletroscópio, é possível de- terminar a carga do corpo ao final de uma eletrização. (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016). Jarra de Vidro Folha de Chumbo Haste de Bronze 1. Garrafa de Leyden A garrafa de Leyden, criada por Von Musschenbroek na região de Leyden, na Holanda, é uma garrada com uma esfera na parte superior e varetas condutoras, que levam cargas até duas finas folhas metálicas no fundo da garrafa. As folhas se abrem quando um objeto carregado toca a esfera da garrafa. 2. Versorium de Gilbert Para medir cargas elétricas, William Gilbert, em meados do século XVI, criou um equipamento que podia verificar se um objeto estava carregado. O equipamento era dotado de uma haste horizontal orientada que podia girar livremente quando se aproximava de um objeto carregado. 24 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada noD.O.U em 23/06/2017 A relação entre a carga de um corpo e o número de elétrons em excesso ou falta é dada por: Q n e= ⋅ (equação 1) Q : quantidade de carga elétrica, medida em coulombs (C); n : número de elétrons; e : carga elementar do elétron. Vamos praticar uma questão com essa formula para que você se sinta mais seguro para seguir adiante. Um corpo foi eletrizado, de modo que perdeu 2 x 1020 elétrons. Sabendo que a carga elementar é de –1,6 x 10–19 C, determine a carga do corpo. Para resolução do problema, temos os seguintes dados: n = 2 x 1020 (número de elétrons) e = –1,6 x 10–19 C (carga elementar) Usando a equação Q - n . e, temos: Q = 2 x 1020 . 1,6 x 10–19 basta multiplicar, repetir a base 10 e subtrair os expoentes! Q = 32 C. 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 1.5 LEI DE COULOMB Os fenômenos da natureza sempre impressionaram a humanidade, que, gra- ças a essa fascinação, pôde evoluir em seus conhecimentos e entender como ocorrem os mais diversos fenômenos da natureza. Coisas que hoje parecem simples para nós levaram séculos para serem descobertas ou explicadas de forma mais plausível. O movimento dos objetos era entendido como uma coi- sa quase que mágica. Segundo Aristóteles, uma flecha só ia para frente devi- do à própria atuação do ar, que sairia da frente da flecha e faria propulsão na parte de trás, empurrando-a para frente. FIGURA 10: REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO SEGUNDO ARISTÓTELES Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Sabemos hoje que os objetos entram em movimento devido à atuação de for- ças. Esse conceito só veio a ser utilizado quando Newton abordou a dinâmica dos movimentos em suas três leis, inserindo os conceitos de força e inércia. Além das três leis da dinâmica, Newton elaborou a lei da gravitação universal, a qual explica as forças entre os corpos, causada pelas suas massas. Assim, de maneira mais simples, ele conseguiu explicar o motivo de os objetos “caírem”, que nada mais é do que a atração devido à força gravitacional. (HEWITT, 2015). Para as cargas elétricas, o fenômeno é muito parecido, pois estas se atraem ou se repelem dependendo do sinal de suas cargas. Coulomb, um físico francês, propôs por volta de 1780, por meio de um experimento utilizando uma balan- ça de torção, uma lei para determinar o valor das forças entre cargas elétricas. 26 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 11: BALANÇA USADA POR COULOMB Fonte: Nationalmaglab (2020). Após várias medidas, ele pôde obter a sua lei para a força eletrostática: 1 2 2 k Q QF d ⋅ ⋅ = (equação 2: Lei de Coulomb) Para a equação apresentada, temos que: F: força eletrostática entre as cargas, dada em Newtons (N); k: constante eletrostática que depende do meio material em que as cargas se encontram; Q1: quantidade de carga do corpo 1, dada em coulombs (C); Q2: quantidade de carga do corpo 2, dada em coulombs (C); d: distância entre as cargas elétricas, em metros (m). 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 1 Lei da gravitação de Newton Por volta de 1687, Isaac Newton enuncia a lei da gravitação universal, a qual foi capaz de explicar as órbitas dos corpos celestes e da atração entre massas, pondo fim às ideias aristotélicas arcaicas a respeito da queda dos corpos. Na lei da gravitação, a força entre dois corpos é dada pelo produto das massas dividido pelo quadrado da distância, multiplicado por um fator de ajuste, denominado de constante gravitacional. A lei foi comprovada pela balança de Cavendish. 2 Lei da força eletrostática de Coulomb Quase cem anos mais tarde, por volta de 1785, a mesma espécie de balança de torção foi utilizada por Coulomb para medir a ação elétrica entre dois objetos carregados. Percebendo as similaridades entre a força gravitacional e a elétrica, Coulomb usou o mesmo modelo de equação de Newton para criar a sua lei. Veja as similaridades: (equação 3: Lei da gravitação universal) (equação 4: Lei de Coulomb) 1.6 CAMPO ELÉTRICO As forças que atuam em cargas elétricas não necessitam de contato entre os corpos, sendo classificadas como forças de campo. Outros exemplos de forças de campo são a força gravitacional e a magnética. Sendo assim, todas as for- ças que ocorrem a distância necessitam de um campo, sendo este o conec- tor da interação. Os campos podem ser representados geometricamente; no entanto, são invisíveis. Os formatos das representações são inspirados na for- ma como ocorrem as interações com a matéria. Em um ímã, por exemplo, se colocarmos pequenos fragmentos de ferro em suas extremidades, podemos verificar que as partículas de ferro se concentram em linhas bem específicas, que são as linhas de campo. (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016). Para as cargas elétricas, a configuração do campo vai depender do sinal da carga. 28 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 12: REPRESENTAÇÃO DE CAMPOS ELÉTRICOS GERADOS POR CARGAS ELÉTRICAS negativa positiva Fonte: Elaborada pelo autor (2020). A geometria do campo das cargas elétricas pode explicar como ocorrem a atração e a repulsão entre as cargas. Para as cargas positivas, o campo está saindo da carga, e para as negativas, o campo está entrando, sendo a intera- ção de atração. Para as cargas com mesmo sinal, os campos não conseguem se combinar, pois ambos estão entrando ou saindo, não constituindo uma interação entre as cargas. (KESTEN; TAUCK, 2015). O campo elétrico pode ser determinado de dois modos, dependendo de cada caso. Quando desconhecemos a força de interação eletrostática, devemos usar a relação: 2 QE k d = (equação 5: determinação do campo) Caso a força que atua na carga seja conhecida, a tarefa de determinar o cam- po passa a ser bem mais simples: FE Q = (equação 6: determinação do campo através da força) Nas duas equações anteriores, temos que: E: campo elétrico dado em Newtons/coulomb (N/C); k: constante eletrostática (depende do meio que a carga se encontra); Q: carga elétrica dada em coulombs (C); d: distância entre cargas (m). 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Como foi dito, o campo elétrico é representado por linhas com diversas geo- metrias, denominadas de linhas de campo. Quando essas linhas estão com espaçamento constante, o campo é classificado como campo elétrico unifor- me (CEU). Um exemplo ocorre quando temos duas placas carregadas com cargas opostas e separadas por certa distância. FIGURA 13: PLACAS CARREGADAS GERANDO UM CAMPO UNIFORME + + + + + + + + + + + – – – – – – – – – – – Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Agora já sabemos determinar o campo elétrico de uma carga elétrica e po- demos prosseguir para a ideia de campo de várias cargas. Quando em uma certa região do espaço existe mais do que uma carga, os campos entre todas as cargas interagem, produzindo um campo elétrico resultante. Como o cam- po elétrico é um vetor, para determinar o campo resultante utilizamos a soma vetorial, do mesmo modo que é feito na mecânica, com forças, velocidades e aceleração. (FOWLER, 2013). 30 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Vetor: grandezas físicas dotadas de modulo, direção e sentido. A soma vetorial para n campos de cada carga é dada por: 1 2 3T nE E E E E= + + + (equação 7: somatória vetorial dos campos) Em que: TE : campo total; 1E , 2E , 3E e nE : são os campos das cargas 1, 2, 3 e n. CONCLUSÃO Agora, ao fim da unidade, já temos conhecimento para avançar nossos estu- dos. Tivemos a oportunidade de estudar os tipos de carga e de que forma elas se encontram nos átomos,partícula que forma toda e qualquer fragmento de matéria. As cargas elétricas no interior do átomo interagem devido à ação de forças nucleares e eletrostáticas, ocupando posições diferentes de acordo com a ação de cada força. No núcleo atômico estão os prótons e nêutrons fortemente ligados, então para eletrizar um corpo devemos usar os processos de eletrização, alterando o nú- mero de elétrons no corpo. Vimos ainda que as forças eletrostáticas são origi- narias da interação dos campos de cada carga. A lei que nos possibilita deter- minar essas forças é a Lei de Coulomb. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III UNIDADE 2 > a partir dos conhecimentos sobre campo elétrico, compreender o que é o fluxo de campo elétrico; > entender a Lei de Gauss e utilizá-la para calcular o campo elétrico de uma superfície fechada; > compreender o conceito de potencial elétrico; > reconhecer o que são capacitores e como estes dispositivos armazenam cargas elétricas; > calcular a capacitância de um capacitor. 32 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 2 POTENCIAL ELÉTRICO E OS CAPACITORES INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade daremos continuidade ao estudo das cargas elétricas e suas in- terações. Para isso, alguns conceitos da unidade anterior serão citados ao longo deste conteúdo, mas não se preocupe, basta relembrar alguns conceitos sim- ples, e tudo ficará claro. A partir de agora, aprofundaremos um pouco mais os conceitos de eletrostática. Falaremos de fluxo de campo elétrico, potencial elé- trico, condutores e capacitores. Embora sejam conceitos novos, eles podem ser facilmente entendidos ao longo do texto. Assim como em unidades anteriores, o estudo da eletrostática segue uma ordem de apresentação dos conceitos. Caso se depare com tópicos estudados anteriormente e que não estão assimi- lados, volte na unidade anterior para esclarecer possíveis dúvidas. Bons estudos! 2.1 FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO Toda partícula eletricamente carregada gera ao seu redor um campo elétrico. É possível verificar a existência desse campo por meio da interação eletrostá- tica (repulsão ou aproximação) entre as cargas, descrita pela Lei de Coulomb. O campo elétrico pode ser gerado por uma ou várias cargas puntiformes, o que implica a existência de diferentes características de módulo, direção e sentido ao longo do campo elétrico, dependendo de sua posição. Para as car- gas positivas, as linhas de campo são de afastamento, e para as cargas nega- tivas, as linhas de campo elétrico são de aproximação. 33 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1: LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO GERADO POR DUAS CARGAS Fonte: Shutterstock (2020). Um caso mais simplificado de campo elétrico é denominado campo elétri- co uniforme. Este possui as mesmas características em toda a sua extensão, ou seja, mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido. Um exemplo de campo elétrico uniforme seriam duas placas metálicas eletrizadas com car- gas opostas, dispostas paralelamente. Nesse caso, entre as duas placas, é ge- rado um campo elétrico uniforme, como podemos ver na figura a seguir: FIGURA 2: CAMPO ELÉTRICO UNIFORME + + + + + + – – – – – – E Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 34 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Antes de definirmos o que é fluxo elétrico, podemos fazer uma analogia com uma situação de mecânica. Imagine uma mangueira por onde passa uma quantidade de água com velocidade constante. Podemos dizer que o volume de água que passa pela mangueira num intervalo de tempo é chamado de fluxo. O fluxo elétrico equivale à quantidade de campo elétrico uniforme que passa por uma superfície. Essa superfície pode ser plana ou fechada. No caso de uma superfície fechada, como uma esfera, usaremos a Lei de Gauss, que será tratada mais adiante. Para uma superfície plana, podemos usar uma equação simples, em que o fluxo do campo elétrico através da su- perfície é dado como o produto entre o campo elétrico que passa por uma região da superfície e a área da superfície em questão. E A∆Φ = ⋅∆ (equação 1) ∆Φ = fluxo elétrico; E = campo elétrico; A∆ = área da superfície; Para o caso em que a normal da superfície faz um ângulo α com a direção do campo elétrico, acrescentamos o cosseno do ângulo à equação do fluxo, ficando: cosE AΦ = ⋅ ⋅ a (equação 2) Se quisermos saber o fluxo total que atravessa essa superfície, basta somar todos esses elementos: E A∆Φ = ∑ ⋅∆ (equação 3) 35 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Uma placa plana possui área de 0,125 m² e a normal da superfície faz um ângulo de 60° com a direção do campo elétrico, que tem módulo de 7 N/C. Calcule o fluxo de campo elétrico através dessa placa. Aplicamos a equação para o fluxo elétrico: 2.2 LEI DE GAUSS Carl Friedrich Gauss foi um matemático, físico e astrônomo alemão que viveu entre 1777 e 1855. Durante sua vida, Gauss deixou muitas contribuições para a matemática e a física, dentre elas a Lei de Gauss, lei fundamental do magne- tismo que faz parte das equações de Maxwell. FIGURA 3: CARL FRIEDRICH GAUSS Fonte: Shutterstock (2020). 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Considerando uma carga elétrica q, que seja envolvida por uma superfície, esta será chamada de: superfície gaussiana. A Lei de Gauss descreve a relação entre o fluxo de campo elétrico total através de uma superfície com a carga que está envolta nessa superfície. Fluxo elétrico positivo quando uma superfície gaussiana envolve uma carga positiva, as linhas de campo saem da superfície; nesse caso, o fluxo elétrico é considerado positivo. Fluxo elétrico negativo quando uma superfície gaussiana envolve uma carga negativa, as linhas de campo entram na superfície; sendo assim, o fluxo elétrico será negativo. Fluxo elétrico nulo ocorre quando a superfície gaussiana é colocada nas linhas de campo entre uma carga positiva e uma carga negativa. Nessa situação, existirão linhas de campo entrando e saindo da superfície ao mesmo tempo, resultando em um fluxo elétrico nulo. 37 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 4: SUPERFÍCIE GAUSSIANA Fonte: Elaborada pelo autor (2020). A equação da Lei de Gauss é dada por: 0 envqΦ = ε (equação 4) Φ = fluxo elétrico; envq = carga que está envolvida na superfície; 0ε = permissividade elétrica do vácuo 12(8,8541878176 10 / )F m−× . Permissividade: é uma característica de cada meio onde o campo elétrico está imerso, correlaciona as cargas que podem ser acondicionadas em um determinado volume. 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III A Lei de Gauss também pode ser escrita relacionando a superfície gaussiana e o campo elétrico gerado pela carga envolvida, dado pela integral: 0 envE dA qε ⋅ =∫ � (equação 5) Em ambas as equações, consideramos o meio como o vácuo. Caso o meio seja outro, como o ar, devemos utilizar o valor de permissividade correspon- dente. O dA na equação anterior equivale a um elemento de área da superfí- cie gaussiana. Aplicações da Lei de Gauss Simetria cilíndrica Na situação em que as cargas elétricas estão distribuídas ao longo de uma barra de comprimento infinito, o aspecto do campo elétrico tem simetria cilíndrica; portanto, podemos utilizar uma superfície gaussiana cilíndrica. Sabendo que λ é a densidade linear de carga, a expressãopara o campo elétrico fica: (equação 6) Simetria planar Para o caso de uma placa isolante, fina e infinita com uma densidade de carga superficial, podemos aplicar uma superfície gaussiana cilíndrica, perpendicular à placa. Nesse caso, o campo elétrico é dado por: (equação 7) 39 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Simetria esférica Para uma casca esférica de raio R, a superfície gaussiana é composta de duas cascas esféricas concêntricas. Sendo assim, o campo elétrico fica: (equação 8) 2.3 POTENCIAL ELÉTRICO O termo potencial também está presente no estudo da mecânica. Temos a energia potencial gravitacional e a energia potencial elástica. No caso da ener- gia potencial gravitacional, consideramos inicialmente um objeto de massa m em repouso no solo, com energia potencial inicial 0 0U = . Ao levantarmos o ob- jeto até uma determinada altura H, ele adquire energia potencial que é capaz de ser transformada em trabalho W mgh= , onde g é a aceleração da gravidade. FIGURA 5: ESQUEMA DA ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL mg W = mgh W = work m = mass g = gravity h = height object raised Fonte: Shutterstock (2020). 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Usando como exemplo a energia potencial gravitacional, podemos criar um esquema parecido para o potencial elétrico. Para isso, consideramos um bas- tão carregado positivamente e uma carga positiva 0q , que será chamada de carga de prova. Quando a carga de prova está a uma distância infinita da bar- ra, não existe interação elétrica entre elas, ou seja, o potencial será nulo: 0U = . Para que a carga de prova se aproxime do bastão, é necessário a realização de um trabalho sobre ela, a partir do infinito: W∞ . A partir dessas informações é possível definir o potencial elétrico como: 0 0 W UV q q − ∞ = = (equação 9) FIGURA 6: POTENCIAL GERADO POR UMA BARRA CARREGADA Carga de prova Potencial V no ponto p Bastão carregado p p Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Ou seja, o potencial elétrico é a energia potencial por unidade de carga. A uni- dade de medida para potencial elétrico é J/C (Joule por coulomb), entretanto essa combinação de unidades é chamada de volt (V). Em uma mesma região, podemos ter diferentes potenciais. Se considerar- mos dois pontos A e B em uma região de um campo elétrico, cada ponto possui um potencial associado VA e VB. Colocando uma carga q no ponto A, ela adquire uma energia potencial elétrica PotAE . A carga em questão pode se deslocar até o ponto B, e adquirir uma energia potencial elétrica PotBE . Esse deslocamento ocorre devido a uma diferença de potencial na região. A diferença de potencial é dada por: PotA PotB A B E EU V V q q = − = − (equação 10) 41 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 7: DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO A B E VA VB Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Alguns animais são capazes de produzir eletricidade em seus corpos, um exemplo é do peixe amazônico chamado poraquê, mais conhecido como enguia elétrica. Esse peixe pode chegar a medir até 2,5 m de comprimento e possui em seu organismo eletroplacas, localizadas na cabeça e extremidade da calda. O poraquê utiliza desse artificio para caçar suas presas, geralmente animais menores que, ao entrarem em contado com as duas extremidades de seu corpo, recebem uma descarga elétrica que podem levá-los a morte. 42 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 2.4 CONDUTORES CARREGADOS Como já estudamos na unidade anterior, condutores são materiais que pos- suem uma grande quantidade de elétrons livres, e dessa forma conduzem bem a eletricidade. Os cabos de cobre são usados nas fiações elétricas, pois são bons condutores de eletricidade. Outros metais mais nobres como a prata e o ouro possuem excelente condutividade elétrica, entretanto o seu uso em grande escala é inviável. Não é possível que um condutor isolado apresente corrente elétrica sem fa- zer parte de um circuito elétrico. Sabemos que os condutores são materiais que possuem uma elevada quantidade de elétrons livres; logo, para que esses elétrons não gerem essa corrente, o campo elétrico no interior desses con- dutores deve ser nulo. Enquanto o condutor estiver recebendo carga, existirá campo elétrico; porém, após esse processo, todas as cargas em excesso se distribuirão na superfície do condutor, e o campo elétrico em seu interior será nulo, ou seja, o condutor estará em equilíbrio eletrostático. 43 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 8: CONDUTOR EM EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Envolvendo o interior do condutor com uma superfície gaussiana, esta tam- bém apresentará campo elétrico nulo em qualquer ponto, pois ela está no interior do condutor, e as cargas estão acumuladas na superfície do condutor. Se o condutor apresentar uma cavidade, o arranjo das cargas permanece o mesmo: na superfície externa do condutor. Essa densidade superficial de car- gas é representada por σ. Corrente elétrica: é o movimento ordenado de elétrons no interior de um condutor. As cargas se distribuem de maneira uniforme somente na superfície de con- dutores com simetria esférica, ou seja, possuem uma densidade de carga σ constante. Para os demais modelos de condutores, devemos usar um peque- no elemento de área dessa região, calculando a densidade de carga através da Lei de Gauss. Com a finalidade de calcular essa densidade, imaginamos um cilindro gaussiano em contato com essa superfície. 44 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III FIGURA 9: SUPERFÍCIE GAUSSIANA CILÍNDRICA EM CONDUTOR + + + + + + + E A E = 0 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). O único fluxo de campo elétrico que temos é na parte que está fora do con- dutor. Considerando que o campo elétrico seja constante e utilizando uma pequena área A, a Lei de Gauss pode ser escrita como: 0 AEAe s= (equação 11) e assim temos que: 0 E s e = (equação 12) Dessa forma, o modulo do campo elétrico é proporcional à densidade de car- ga presente no condutor. 2.5 CAPACITÂNCIA Um capacitor sempre será formado por dois condutores isolados um do ou- tro, aos quais damos o nome de placa (independentemente do formato se- rão chamadas placas). Primeiramente consideramos que entre as placas não existe nenhum material isolante (aquele que não permite a passagem de ele- tricidade, como vidro e borracha). Com o capacitor carregado, cada uma das placas assumirá valores de carga iguais, porém de sinais opostos: +q e -q, ou seja, a carga total do capacitor é sempre zero. 45 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Nos circuitos elétricos, os capacitores são representados como a figura a seguir: FIGURA 10: REPRESENTAÇÃO DE UM CAPACITOR Fonte: Elaborada pelo autor (2020). O potencial em toda extensão da placa condutora é constante, o que recebe o nome de superfície equipotencial. Entre as duas placas existirá uma diferença de potencial, que é representada pela letra V. A carga do capacitor é dada pela equação: q CV= (equação 13) em que C é uma constante denominada capacitância do capacitor e depen- de unicamente do formato das placas. Podemos definir a capacitância como a quantidade de carga que precisa ser armazenada para que as placas forne- çam uma diferença de potencial. FIGURA 11: EXEMPLOS DE CAPACITORES Fonte: Wikipédia (2020). 46 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III A unidade de medida para acapacitância, segundo o Sistema Internacional de Unidades (SIU), é o coulomb por volt, mas comumente usamos a nomen- clatura Farad (F): 1 Farad = 1 F = 1 coulomb por volt = 1 C/V. Para que o capacitor seja carregado, precisamos que ele seja ligado a uma ba- teria, ou seja, fazer parte de um circuito elétrico. A bateria possui uma diferen- ça de potencial entre dois pontos, fazendo com que cargas se movimentem em seu interior. Vejamos na figura a seguir a representação de um circuito: FIGURA 12: CIRCUITO ELÉTRICO V S a b CB + – Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Nesse circuito, temos: B – bateria; V – representação da diferença de potencial entre os polos da bateria; C – capacitor; a e b – placas do capacitor; S – chave: permite abrir e fechar o circuito. Com a chave fechada, as cargas (elétrons) começam a se mover no circuito devido ao campo elétrico gerado pela bateria. Dessa forma, os elétrons saem da placa a do capacitor e se movem em direção ao polo positivo da bateria. Por consequência, como a placa perde elétrons, ela fica positivamente carre- gada. Da mesma maneira, os elétrons que saem do polo negativo da bateria se acumulam na placa b do capacitor, deixando-a negativa. Quando o capaci- tor atinge o carregamento total, as cargas deixam de se mover. 47 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os capacitores são usados como componente de circuitos elétricos em vários tipos de aparelhos eletrônicos, como TVs, computadores e câmeras fotográficas. Como os capacitores têm a capacidade de armazenar cargas rapidamente, eles também podem descarregá-las rapidamente, caso o circuito necessite de um pico de corrente elétrica. O cálculo da capacitância de um capacitor depende do formato de suas pla- cas, portanto teremos três equações para a capacitância: Capacitor com placas paralelas: 0 AC d e = (equação 14) Capacitor de cascas cilíndricas coaxiais: 02 LC bln a pe= (equação 15) Capacitor de cascas esféricas concêntricas: 04 abC b a pe= − (equação 16) em que ε0 é a constante de permissividade do vácuo: 128,8541878176 10 /F m−× . Geralmente os circuitos elétricos contêm mais de um capacitor; de acordo com a forma como são associados, é possível obter maior ou menor capa- citância equivalente. Portanto, devemos saber as formas como eles podem estar associados: em série e em paralelo. Quando os capacitores estão arran- jados em série, as cargas armazenadas são iguais. A capacitância equivalente em série será menor do que a capacitância do menor dos capacitores asso- ciados. A capacitância equivalente em série, para n capacitores, é dada por: 1 2 1 1 1 1 ... 3eqC C C C = + + (equação 17) 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III FIGURA 13: ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM SÉRIE U1 U C1 C2 U2 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Para os capacitores associados em paralelo, a capacitância equivalente é a soma das capacitâncias individuais: 1 2 3...eqC C C C= + + (equação 18) FIGURA 14: ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM PARALELO U C1 C2 U U Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 2.6 CAPACITORES E DIELÉTRICOS Um dielétrico constitui-se de um material isolante, como o vidro e o plástico. Quando usamos um dielétrico para preencher o espaço vazio entre as placas de um capacitor, observamos que a capacitância aumenta, sendo multiplica- da por um fator k, chamado de constante dielétrica. Mas porque a capacitância aumenta? Quando um capacitor é conectado a uma bateria, as cargas são separadas nas placas do capacitor; se desligamos a bateria, as cargas continuam no capacitor. No momento em que colocamos um material dielétrico entre as placas, as cargas que existem no dielétrico são atraídas pelas cargas de suas placas. 49 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Essas cargas do dielétrico não passam para o capacitor, apenas se aproximam das placas, já que são materiais isolantes. Dessa forma, o dielétrico vai ficar polarizado, ou seja, com um lado positivo e o outro negativo. Esse fenômeno faz com que a ddp entre as placas diminua, pois as cargas elétricas do dielétri- co cancelam parcialmente as contribuições elétricas das cargas do capacitor. Podemos dizer que parte das cargas positivas da placa positiva está tendo a sua contribuição para a diferença de potencial cancelada, porque existem cargas negativas muito próximas a ela. Embora a carga do capacitor seja a mesma, a ddp foi diminuída, devido à po- larização do dielétrico. É possível demonstrar esse aumento da capacitância observando a equação q C V= ⋅ . Isolando a capacitância, obtemos a razão q/V; isso significa que, por mais que a carga continue a mesma, a partir do momen- to em que V diminui C deve aumentar. Nessa situação, a bateria foi desliga- da, mas se a bateria continuasse conectada ao capacitor, a capacitância ainda sim aumentaria. Com a bateria ligada, há um aumento das cargas do capacitor para evitar a queda do potencial. Com a elevação da quantidade de cargas e a voltagem sendo mantida constante, a capacitância aumenta da mesma forma. Para cada material temos um valor de k associado. A tabela a seguir apresen- ta alguns desses valores: TABELA 1: CONSTANTE DIELÉTRICA DOS MATERIAIS Material Constante dielétrica (K) Ar 1,00054 Água(25°C) 78,5 Papel 3,5 Porcelana 6,5 Etanol 25 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Todo material dielétrico tem uma rigidez dielétrica, isso significa que existe um campo elétrico máximo que ele suporta sem que ocorra uma ruptura. Essa ruptura permite a troca de cargas entre as placas do capacitor. A capaci- tância de um capacitor com dielétrico fica: 50 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 0C KC= (equação 19) Logo, para um capacitor de placas planas paralelas, a capacitância com die- létrico fica: 0K AC d e = (equação 20) CONCLUSÃO Nesta unidade, tivemos a oportunidade aprofundar nossos estudos sobre a eletrostática, essenciais para a unidade seguinte. Vimos que as cargas elétri- cas, além de gerarem um campo elétrico ao seu redor, também podem gerar um fluxo de campo elétrico através de uma superfície. A Lei de Gauss é a fer- ramenta que nos permite calcular a intensidade desse fluxo através de uma superfície, chamada de superfície gaussiana. Fazendo analogias com a mecânica e a energia potencial gravitacional, foi pos- sível entendermos que o potencial elétrico gerado por um corpo eletricamente carregado é capaz de realizar um trabalho ao mover uma carga elétrica. Concluímos que, nos condutores carregados, as cargas elétricas tendem a se manter na superfície do condutor, independentemente de sua forma. Tam- bém vimos que os capacitores são elementos importantes para a montagem de um circuito elétrico, tendo a função de armazenar cargas que podem ser utilizadas posteriormente. Com os conhecimentos adquiridos nesta unidade, estamos preparados para a unidade seguinte. Vamos em frente! OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III UNIDADE 3 > entender que a corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas; > compreender que a resistência elétrica é caracterizada como a dificuldade de passagem de corrente elétrica; > reconhecer quais as funções de um resistor em um circuito elétrico; relacionar a resistência > elétrica com a Primeira Lei de Ohm; > resolver situações com associação de resistores; > interpretar o significado da Segunda Lei de Ohm. 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 3 CORRENTE E RESISTÊNCIAELÉTRICA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, daremos um novo passo no estudo das cargas elétricas. Em nossos estudos anteriores, sobre eletrostática, as cargas elétricas eram anali- sadas em repouso em situações de atração e repulsão. Agora daremos início ao estudo da eletrodinâmica. Como você deve lembrar, nos seus estudos so- bre a mecânica, a palavra “dinâmica” significa movimento, ou seja, agora as cargas elétricas se moverão através de um condutor. Estudaremos como isso acontece dentro de um circuito elétrico. Falaremos também sobre uma nova grandeza, chamada resistência elétrica e um novo elemento que faz parte dos circuitos: os resistores. Cada vez estamos chegando mais próximo de entender situações do nosso dia a dia, por exemplo, “como nosso chuveiro aquece a água?”. Isso mostra que a física faz parte do seu cotidiano. Lembre-se de retornar ao tópico ante- rior caso esteja com dúvidas. Bons estudos! 3.1 CORRENTE ELÉTRICA Como vimos nas unidades anteriores, existem materiais isolantes e condu- tores. Os materiais isolantes são aqueles que não permitem a passagem de eletricidade, tais como: borracha, plástico, vidro, entre muitos outros. Já os materiais condutores são os que permitem a passagem de eletricidade. Mas, por que isso ocorre? Bem, os materiais condutores, como os metais, possuem uma grande quantidade de elétrons livres em sua composição. Os elétrons livres são aqueles que não estão fortemente ligados aos átomos, logo, têm mais facilidade para se mover dentro do condutor. Esses elétrons livres apresentam um movimento desordenado dentro do condutor. Isso significa que, se pegarmos um pedaço de um fio de cobre, os elétrons se moverão, mas não necessariamente que esteja passando uma corrente elétrica. 53 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1: CORRENTE ELÉTRICA EM UM CONDUTOR Bateria S i i Condutor elétrons +– Fonte: Elaborada pelo autor (2020). A corrente elétrica é caracterizada como o movimento ordenado de cargas elétricas, e esse movimento ordenado só acontece quando estão na presença de uma diferença de potencial (ddp). Para obtermos essa ddp, devemos ligar o condutor a uma bateria. Quando existe uma diferença de potencial no con- dutor, surgem campos elétricos que movimentam as cargas em um sentido, criando um fluxo de elétrons. Estes, por sua vez, movimentam-se no sentido do polo positivo da bateria. Se imaginarmos uma secção transversal S nesse condutor, durante um intervalo de tempo dt, passarão por ela uma quantida- de n de elétrons. A quantidade de carga transportada por esses elétrons pode ser calculada usando a equação: Q n e= ⋅ (equação 1) Q = quantidade de carga; n = número de elétrons; e = carga elétrica elementar 19(1,6 10 )C−× . 54 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Embora o sentido real da corrente elétrica seja o movimento dos elétrons em direção ao polo positivo da bateria, existe uma convenção que adota o sentido contrário, ou seja, o sentido das cargas positivas. Sabendo a quantidade de carga Q que atravessa um condutor em um intervalo de tempo dt, é possível determinar o valor da corrente elétrica i: Qi dt = (equação 2) Nas ilustrações de circuitos, as correntes elétricas são comumente representadas por setas, o que não deve ser confundido com um vetor, pois é uma grandeza escalar. A unidade de medida para a corrente elétrica é Coulomb por segundo (C/s) ou ampere (A). Uma grandeza escalar é definida apenas pelo seu módulo (valor) e pela unidade de medida. A corrente elétrica pode ser comparada ao fluxo de água em uma manguei- ra, deste modo, como veremos nos próximos tópicos, depende de algumas grandezas relacionadas ao condutor que a transporta, tal como o material que o constitui e suas dimensões de comprimento e espessura. Efeitos da corrente elétrica Quando uma corrente elétrica passa por um condutor, ela pode provocar alguns efeitos, entre eles: 55 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Efeito magnético se uma bússola for aproximada de um condutor onde está passando uma corrente elétrica, ela é capaz de mudar a orientação da agulha. Isso acontece porque a corrente elétrica gera um campo magnético ao seu redor. Efeito fisiológico quando uma corrente elétrica atravessa o corpo de um ser vivo, ela é capaz de provocar contrações nos músculos e danos ao coração, podendo levar a complicações ou à morte. Efeito térmico quando a corrente passa por um condutor, ela pode aquecê-lo, devido às colisões entre os elementos que compõem o condutor. Esse aquecimento é útil para alguns tipos de aparelhos, como os aquecedores. 56 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 3.2 RESISTÊNCIA ELÉTRICA Vimos no tópico anterior que, quando aplicamos uma diferença de poten- cial em um condutor, os elétrons entram em movimento ordenado, gerando uma corrente elétrica. Entretanto, os elétrons podem encontrar dificuldades para se mover ao longo do condutor, chocando-se uns com os outros. Essa dificuldade de passagem é chamada de resistência elétrica. A resistência elé- trica de um condutor pode ser obtida pela equação: VR i = (equação 3) R = resistência elétrica; V = diferença de potencial; i = corrente elétrica. A unidade de medida de resistência adotada pelo Sistema Internacional de Unidades (SIU) é volt por ampere (V/A), mas é comumente usada a unidade Ohm, representada pela letra grega ômega (Ω). Entenda mais sobre o efeito Joule. O que é o efeito Joule? O físico britânico James Prescott Joule (1818-1889) durante sua vida realizou vários estudos sobre o calor. Em um deles demonstrou que a corrente elétrica, ao passar por um condutor com certa resistência, dissipava calor, ou seja, a energia elétrica era transformada em energia térmica (calor). 57 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Provando o efeito Joule Se considerarmos um circuito simples, composto por uma bateria, um fio condutor e uma lâmpada incandescente, verificamos que, quando a corrente passa pelo filamento da lâmpada, ele se aquece. O aquecimento é tão intenso que o filamento é capaz de emitir luz. Esse tipo de lâmpada não é eficiente, pois demanda muita energia elétrica para ser transformada em calor. Aplicações do efeito Joule Muitos aparelhos domésticos utilizam o princípio do efeito Joule para seu funcionamento, como ferro de passar, aquecedor, secador de cabelo, chuveiro, sanduicheira, entre outros, cuja função principal seja o aquecimento. No chuveiro, o resistor é percorrido por água a ser aquecida; se fluxo de água for muito pequeno, a resistência pode superaquecer e fundir-se, ou, como com frequência se fala, “queimar”. Devemos ter em mente que a Primeira Lei de Ohm vale para alguns resistores que se comportam bem perante as variações de temperatura. Estes são ditos hômicos, pois obedecem a essa lei. 58 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Resistência elétrica da pele A pele humana também possui uma resistência elétrica, que pode ser da ordem de 104 com a pele seca. Mas se a pele estiver molhada, ela diminui para 103, o que significa que, na hipótese de um choque, a corrente que atravessa o corpo molhado pode ser mais perigosa e causar danos à saúde e/ou ser fatal. 3.3 RESISTORES Um circuito elétrico é composto de inúmeros elementos, em que cada um desempenha uma função específica. As baterias são responsáveis por forne- cer uma diferença de potencial, que é responsável pelo movimento das car- gas no circuito. Como vimos na unidade anterior, os capacitores são respon-sáveis pelo armazenamento de cargas. No tópico anterior, estudamos mais uma grandeza física, a resistência elétrica. Embora todos os elementos do circuito ofereçam resistência à passagem de corrente (inclusive os fios condutores), existe um elemento que visa aumentar essa dificuldade de passagem da corrente elétrica: os resistores. 59 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A função dos resistores nos circuitos elétricos é a de limitar a passagem da corrente elétrica, ou seja, quando a corrente elétrica encontra um resistor pelo caminho, ela diminui de intensidade. Nos circuitos elétricos, os resistores podem estar representados de duas formas: FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO DE RESISTORES EM UM CIRCUITO Fonte: Elaborada pelo autor (2020) Os resistores não possuem polaridade, ou seja, não possuem lado positivo e negativo, ambos são iguais e podem ser feitos de vários materiais diferentes. FIGURA 3: TIPOS DE RESISTORES Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Os resistores que são feitos de fio constituem-se de um fio resistivo enrolado em um isolante. No entanto, o uso desse tipo de resistor não é aconselhável, pois, por ter uma espécie de bobina, ele gera indutância, uma grandeza físi- 60 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III ca que veremos mais adiante, que pode prejudicar alguns tipos de circuitos. Além disso, é um modelo antigo de resistor. Existem também os resistores feitos de compostos de carbono, geralmente usados em circuitos que não necessitam de muita precisão. Há também os resistores mais modernos e precisos, feitos com óxido de metal, tendo, portanto, um custo elevado. Você deve ter notado na figura anterior que os resistores possuem pequenas faixas coloridas impressas na sua superfície. Essas faixas são responsáveis por indicar qual a resistência elétrica do resistor, pelo código de cores. Os resisto- res podem ter três, quatro, cinco ou seis faixas coloridas, e existe uma tabela de cores, onde é possível identificar o significado de cada cor. Observe a se- guir uma imagem do código cores para a identificação da resistência válido para um resistor de três faixas: FIGURA 4: CÓDIGO DE CORES cores preto marrom vermelho laranjado amarela verde azul violeta cinza branco dourado prata sem cor 1ª faixa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 2ª faixa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 nº de zeros/ multiplicador 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 x 0,1 x 0,01 tolerância ± 20% Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Para fazer uso do código de cores, devemos ainda devemos saber mais algu- mas informações: 1ª faixa: primeiro algarismo da resistência (faixa mais próxima do terminal do resistor); 2ª faixa: segundo algarismo resistência; 61 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3ª faixa: número de zeros que devem ser adicionados. Vejamos um exemplo desse código, considerando o seguinte resistor: FIGURA 5: EXEMPLO DE RESISTOR Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 1ª faixa: vermelho = 2; 2ª faixa: verde = 5; 3ª faixa: marrom = 1 (número de zeros); tolerância: sem cor = ± 20%; Valor da resistência: 250 Ω, com a tolerância de 20%, o resistor pode variar en- tre 200 Ω e 300 Ω. 3.4 PRIMEIRA LEI DE OHM Georg Simon Ohm foi um físico e matemático alemão que viveu entre 1787 e 1854. Durante sua vida, realizou estudos sobre a condução da eletricidade em circuitos, relacionando-a com teorias matemáticas. Em suas várias experiências, Ohm submetia um resistor a diferentes valores de tensão, e percebia que a corrente mudava de intensidade. Na figura a se- guir, temos a representação de um circuito elétrico, composto por bateria, fios condutores e resistor, um amperímetro, usado para medir corrente, e um voltímetro para medir a tensão. FIGURA 6: CIRCUITO COMPOSTO POR RESISTOR E BATERIA + – A i V bateria amperímetro V V R voltímetro Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 62 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Ohm observou que as variações eram proporcionais, isto é, quando ele au- mentava a tensão, a corrente aumentava, e se diminuísse a tensão, a corrente também diminuía. Podemos verificar essa proporcionalidade quando aplica- mos a equação da resistência elétrica. V R i= ⋅ (equação 4) V = diferença de potencial (ddp); R = resistência do resistor; i = corrente que atravessa o resistor. Como a tensão e a corrente aumentam e diminuem proporcionalmente, che- gamos à conclusão de que a resistência R de um resistor é constante, isto é, não altera independentemente da intensidade da tensão (ddp) aplicada nele. Entretanto, é válido salientar que nem todos os resistores obedecem a essa lei. Quando um resistor tem a resistência constante, dizemos que ele é um resistor ôhmico, quando não obedece é um resistor não ôhmico. Fazendo o gráfico da corrente em função da tensão (ddp), podemos ver que se formam curvas distintas. v (volts) resistor ôhmico i (ampéres) O gráfico da resistência de um resistor ôhmico nos fornece uma reta, mostrando que sua resistência é constante. v (volts) i (ampéres) resistor não ôhmico Já no segundo gráfico temos uma curva, mostrando que a resistência mudou de valor, ou seja, não é constante. 63 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.5 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES Assim como vimos na unidade anterior, no caso dos capacitores, os circuitos elétricos costumam ter mais de um elemento associado. Isso não é diferente para os resistores. Os resistores podem apresentar três tipos de associação: em série, em paralelo e mista (as duas associações juntas); cada uma dessas associações tem funções diferentes em um circuito. Vejamos a seguir. 3.5.1 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE Na associação em série, os resistores são colocados um em seguida do outro, fazendo com que a corrente que atravessa essa associação seja a mesma em todos os resistores. FIGURA 7: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE V + – i i V1 V2 i V3 R3 R2 R1 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Portanto, a corrente elétrica é a mesma em todos os resistores, e cada resis- tor possui uma fração da tensão aplicada pela bateria, ou seja, 1 2 3V V V V= + + . O valor da tensão aplicada em cada resistor vai depender do valor da sua re- sistência. Quando os resistores estão em série, a resistência equivalente (Req) da associação é igual à soma das resistências dos resistores associados, isto é, quando precisamos que a resistência equivalente seja maior, associamos os resistores em série. 1 2 3...eqR R R R= + + (equação 5) 64 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Vamos considerar que, na figura anterior, os valores das resistências elétricas sejam R1 = 2 Ω, R2 = 4 Ω e R3 = 6 Ω e a tensão oferecida pela bateria seja de 60 V. A resistência equivalente será: Req = R1 + R2 + R3 = 2 + 4 + 6 = 12 Ω. A corrente elétrica que passa pelos resistores, usando a Lei de Ohm: V = R . i Isolando a corrente fica: 𝑖𝑖 = 𝑉𝑉 𝑅𝑅!" = 60 12 = 5𝐴𝐴 E agora a tensão em cada resistor pode ser obtida também pela Lei de Ohm: V = R . i V1 = R1 . i = 2 . 5 = 10 V V2 = R2 . i = 4 . 5 = 20 V V3 = R3 . i = 6 . 5 = 30 V VTOTAL = 60 V (a mesma tensão fornecida pela bateria). 3.5.2 ASSOCIAÇÃO EM PARALELO Na associação de resistores em paralelo, os resistores são organizados um ao lado do outro, fazendo com que cada resistor receba parte da intensidade da corrente elétrica total e esteja sujeito à mesma tensão fornecida pela bateria. 65 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 8: ASSOCIAÇÃODE RESISTORES EM PARALELO R3R2R1 V V VV i1 i2 i3 + – Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Quando os resistores estão associados em paralelo, a corrente elétrica encon- tra mais de um caminho para percorrer. Dessa forma, a corrente total gerada pela diferença de potencial se divide entre os três resistores: 1 2 3, ,i i i . Por sua vez, o valor de cada corrente depende do valor da resistência de cada resistor. A soma destas três correntes é igual à corrente total do circuito. Já a diferença de potencial é a mesma em todos os resistores. Na associação de resistores em paralelo, o inverso da resistência equivalente (Req) é igual à soma do inver- so das resistências associadas. 1 2 3 1 1 1 1 ... eqR R R R = + + (equação 6) Nessa situação, apesar de haver uma soma, a resistência equivalente da as- sociação em paralelo sempre será menor do que o valor da resistência do menor resistor associado. 66 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III Vamos considerar que os resistores associados em paralelo da figura anterior sejam R1 = 6 Ω, R2 = 9 Ω e R3 = 18 Ω e que a tensão seja de 36 V. A resistência equivalente fica: 1 𝑅𝑅!" = 1 6 + 1 9 + 1 18 fazendo o m.m.c. dos denominadores, fica: 1 𝑅𝑅!" = 3 18 + 2 18 + 1 18 1 𝑅𝑅!" = 6 18 6𝑅𝑅!" = 18 𝑅𝑅!" = 18 6 = 3 Ω Já a corrente que passa ao longo de cada resistor pode ser calculada pela Primeira Lei de Ohm: 𝑖𝑖 = 𝑉𝑉 𝑅𝑅 𝑖𝑖 = 𝑉𝑉 𝑅𝑅 𝑖𝑖! = 𝑉𝑉 𝑅𝑅! = 36 6 = 6 𝐴𝐴 𝑖𝑖" = 𝑉𝑉 𝑅𝑅" = 36 9 = 4 𝐴𝐴 𝑖𝑖# = 𝑉𝑉 𝑅𝑅# = 36 18 = 2 𝐴𝐴 Logo, a corrente total é de 12 A. 67 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para o caso de circuitos com associações mistas, as regras são as mesmas, contudo o cálculo da resistência equivalente deve ser feito por etapas (em sé- rie e paralelo), e finalmente a resistência equivalente de todo o circuito. 3.6 SEGUNDA LEI DE OHM Vimos anteriormente que a resistência elétrica de um condutor é a medida da dificuldade da passagem de corrente elétrica através dele. Quando aplicamos a um condutor uma diferença de potencial, surge uma corrente elétrica em seu interior; usando os valores da corrente elétrica e da ddp, era possível calcu- lar o valor da resistência elétrica do condutor. Se essa resistência permanecer constante, dizemos que o condutor é ôhmico (obedece à Primeira Lei de Ohm). A Segunda Lei de Ohm também trata do estudo da resistência elétrica, po- rém leva em conta mais informações sobre o condutor em questão, como as suas propriedades geométricas, seu comprimento e sua espessura (área de secção transversal). Vamos tomar o seguinte exemplo: consideramos dois fios condutores de mesma espessura e mesmo material, mas com comprimen- tos diferentes: FIGURA 9: FIOS CONDUTORES DE COMPRIMENTOS DIFERENTES L1 L2 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). O fio mais longo terá uma maior resistência elétrica, embora sejam do mes- mo material e da mesma espessura, pois as cargas elétricas terão um cami- nho mais longo para percorrer, ficando sujeitas a mais colisões com os áto- mos que compõem o condutor. Agora consideraremos outra situação, em que os fios condutores são do mes- mo material e do mesmo comprimento, mas com espessuras diferentes: 68 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III FIGURA 10: FIOS CONDUTORES DE ESPESSURAS DIFERENTES A A Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Nesse caso, o fio mais fino terá uma resistência elétrica maior do que o fio mais grosso, pois a área que as cargas dispõem para atravessar o condutor mais fino é menor que do condutor de maior área. Ainda temos mais uma variável: o tipo de material dos condutores. Sabemos que o cobre e o ferro são ambos metais condutores, mas o cobre é ampla- mente utilizado em instalações elétricas, pois é um dos melhores condutores. A característica ligada aos condutores que implica resistência é a resistividade (ρ), valor atribuído a cada tipo de material. O ferro, por exemplo, tem resisti- vidade 71,0 10 m−× Ω. ; já o cobre tem resistividade menor, sendo 81,72 10 .m−× Ω . Quanto menor a resistividade, melhor será o condutor. Sendo assim, relacionando essas três novas grandezas, temos a equação para a resistência, levando em conta as dimensões do condutor e o material de que é feito: LR A r ⋅ = (equação 7) R = resistência elétrica (Ω); ρ = resistividade (Ω.m); L = comprimento (m); A = área (espessura) (m²). 69 FÍSICA III MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Nesta unidade, avançamos nossos estudos para a eletrodinâmica. Vimos que, quando as cargas elétricas entram em movimento ordenado dentro de um condutor, temos uma corrente elétrica, a mesma que está presente no nosso dia a dia, cada vez que ligamos um aparelho elétrico na tomada. Estudamos também que as cargas podem encontrar dificuldades para se moverem ao longo de um condutor, devido à resistência elétrica. Tivemos a oportunidade de conhecer mais um elemento dos circuitos elé- tricos: os resistores, cuja função é a de limitar a corrente elétrica em pontos específicos de um circuito, e podem ser encontrados sozinhos ou associados a outros resistores em série ou em paralelo. As leis de Ohm, por seu turno, são indispensáveis para entendermos melhor a resistência elétrica. A primeira delas afirma que os resistores mantêm a sua resistência constante, independentemente do potencial que esteja sendo aplicado a ele. Caso a resistência do resistor mude, ele não será considerado ôhmico, pois não obedece à Primeira Lei de Ohm. A Segunda Lei de Ohm evidencia que a resistência de um condutor depende se suas características geométricas e de sua resistividade. A resistividade é uma característica que cada material diferente possui, e, quanto menor o valor da resistividade, melhor será o condutor elétrico. Na próxima unidade daremos continuidade aos estudos dos circuitos elétricos. Vamos em frente! OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 70 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III UNIDADE 4 > entender o que é a força eletromotriz de um gerador; > reconhecer o que são os geradores reais; > compreender que os receptores são dispositivos que transformam a energia elétrica em outra forma de energia; > conhecer os circuitos elétricos e seus elementos; > aplicar as leis de Kirchhoff em circuitos elétricos. 71 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FÍSICA III 4 CIRCUITOS REAIS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Na unidade anterior, começamos os estudos sobre a eletrodinâmica. Vimos como era gerada uma corrente elétrica em um condutor, a resistência elétri- ca de condutores e a sua relação com resistividade elétrica dos materiais. E estudamos também a função dos resistores em um circuito elétrico. Nesta unidade, daremos continuidade ao estudo dos circuitos elétricos de maneira mais aprofundada. Estudaremos a função dos geradores nos circui- tos elétricos e a força eletromotriz, como funcionam os receptores elétricos, que são capazes de transformar energia elétrica em outras formas de energia. Analisaremos os circuitos elétricos e circuitos de caminho único e como as Leis de Kirchhoff podem nos ajudar no estudo desses circuitos. Bons estudos! 4.1 FORÇA ELETROMOTRIZ Para obtermos corrente elétrica em um circuito, precisamos que ele esteja ligado a uma fonte de tensão. Essa fonte de tensão origina uma força ele- tromotriz, que faz com que as cargas se movam, por meio de uma diferença de potencial. A força eletromotriz é representada por E; embora tenha esse nome, não se trata realmente de uma força. De agora
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