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O transtorno específico da aprendizagem, manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática em crianças O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neuro desenvolvimento com uma origem biológica, que compreende uma inábil idade específica, como de leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do espera do pa ra seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual. Assim, de forma simples, trata-se de uma condição neurobiológica que afeta as capacidades de aprendizagem escolar dos indivíduos e que assim, implicam em diversos prejuízos durante seu desenvolvimento. O transtorno específico da aprendizagem combina os diagnósticos do DSM-IV de transtorno da leitura, transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno da aprendizagem sem outra espe cificação. Agora, os déficits de aprendizagem nas áreas de leitura, são utilizados, porém, como especificadores separados. Basicamente, foi mantida uma categoria única de TEAs, sendo adotados códigos espe cíficos, conforme o domínio acadêmico afetado. Os termos discalculia dislexia e disgrafia são uma forma “popular” (FUENTES et al., 2014). As habilidades acadêmicas básicas, incluem leitura exata e fluente de palavras isoladas, compreensão da leitura, expressão escrita e orto grafia, cálculos e raciocínio matemático; domínios esses, que estão potencialmente afetados no transtorno. Diferentemente de andar ou falar, que são os marcos adquiridos no desenvolvimento (e estão pre judicados em transtornos como a DI) as habilidades acadêmicas preci sam ser ensinadas e aprendidas de forma explícita, e são justamente todas essas habilidades acadêmicas que estão prejudicadas no TEAs. Nos transtornos da aprendizagem, os padrões normais de aquisi ção de habilidades acadêmicas estão perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento, ou seja, não são adquiridos em decorrência de falta de estimulação adequada (FUENTES et al., 2014), falta de oportunidade de aprendizagem, educação escolar inadequada, questões emocionais, familiares, problemas em órgãos sensoriais etc... Esses fatores externos constituem as dificulda des de aprendizagem e não um transtorno específico (TEAs) O transtorno pode ser suspeitado naquela criança que apre senta ausência de alterações motoras ou sensoriais, nível socioeconômico “normal”, apoio familiar, nenhum adoeci mento crônico ou passageiro, ajustamento emocional e estrutura pedagógica adequada, e mesmo assim apres enta os “problemas” de aprendizagem específicos. O diagnóstico é clínico e baseia-se na síntese da história médica, de desenvolvimento, educacional e familiar do indivíduo; na história da dificuldade de aprendizagem, incluindo sua manifestação atual e prévia; no impacto da dificuldade no funcionamento acadêmico, profissional ou social; em relatórios escolares prévios ou atuais; em portfólios de trabalhos que demandem habilidades acadêmicas; em avaliações de base curricular; e em escores prévios e atuais resultantes de testes individuais padronizados de desempenho. Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme indicado pela presença de ao menos um dos sintomas a seguir que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar da provisão de intervenções dirigidas a essas dificuldades: 1. Leitu ra de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço; 2. Difi culdade para compreender o sentido do que é lido; 3. Dificuldades para ortografar;4. Dificuldades com a expressão escrita; 5. Difi culdades em fatos numéricos ou cálculo; 6. Dificuldades no raciocínio. 1. Lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las; 2. Pode ler o texto com precisão, mas não compree nde as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido; 3. Pode adicionar, omitir ou substituir vogais e consoa ntes; 4. Comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases, ideias sem clareza; 5. Dificuldades para dominar fatos numéricos ou cálculo; 6 Grave dificuldade em operações matemáticas. As habili dades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a ida de cronológica do indivíduo, causando interferên cia significativa no desempenho acadêmico ou profissi onal ou nas atividades cotidianas, confirmada por meio de medidas de desempenho padronizadas administradas individualmente e por avaliação clínica abrangente. Sendo assim, é abaixo do que se era esperado. Como é exemplificado no critério B, o transtorno implica de forma significativa no desempenho acadêmico (escolar) e em suas atividades cotidianas. Assim, como afirmam Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2015), a dificuldade não se apresenta só na escola, mas também no uso das habilidades específi cas (leitura, matemática...) em sua própria casa por exemplo As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas habilidades acadêmicas afetadas excedam as capacidades limita das do indivíduo. Assim, um transtorno específico da aprendizagem só pode ser diagnosticado após o início da educação formal, mas, a partir daí, ele pode ser diagnosticado em qualquer momento em crianças, adolescentes e adultos desde que haja evidência de início durante os anos de escolarização formal (durante seu período do desenvolvimento). As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por defici ências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros tra nstornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada. O critério D, basicamente afirma que esse “problema” de aprendizado, não pode ter como causa, fatores externos como desva ntagem econômica ou ambiental, problemas familiares ou outros tran stornos como o transtorno do desenvolvimento intelectual por exemplo. Diferentemente do que ocorre na DI, que apresenta déficits intelecto ais e adaptativos, as incapacidades de aprendizagem específicas no TEAs não são parte de uma dificuldade de aprendizagem global. O tran storno pode ocorrer em indivíduos identificados como intelectualme nte "talentosos" onde existe uma discrepância entre o desempenho escolar em um ou mais domínios acadêmicos e a habilidade cognitiva ge ral do indivíduo, que pode conseguir manter um funcionamento acadê mico aparentemente adequado até que as exigências se tornem altas O diagnóstico de transtorno costuma ocorrer durante os anos do ensino fundamental, quando as crianças precisam aprender a ler, ortografar, escrever e calcular. Precursores, porém, como atra sos ou déficits linguísticos, dificuldades para contar ou dificulda des com habilidades motoras necessárias para a escrita costumam ocorrer na primeira infância, antes mesmo do início da escolarização formal. Permanece ao longo da vida, mas seu curso e expressão clínica variam, dependendo da sua gravidade e das intervenções Crianças pré-escolares podem, falar como bebês, pronunciar mal as palavras e ter dificuldade para lembrar os nomes de letras, números ou dias da semana. Elas podem não conseguir reconhe cer as letras do próprio nome e ter problemas para aprendera contar. Além disso, podem não ser capazes de reconhecer e esc rever as letras; podem não ser capazes de escrever o próprio nome; ou podem usar combinações inventadas de letras, ter problemas para conectar letras e seus sons, os fonemas etc... Dificuldade muito acentuada para aprender a correspondência entre letra e som, decodificar as palavras com fluência, ortografar ou compreender fatos matemáticos; a leitura em voz alta é lenta, imprecisa e trabalhosa, algumas crianças sofrem para compree nder a magnitude que um número falado ou escrito representa, Elas podem cometer erros de leitura, dificuldades para colocar números e letras em sequência, em operações matemáticas de adição, subtração e na realização de problemas aritméticos etc.. As dificuldades de aprendizagem podem ser chamadas de obstáculos, causados por problemas externos como escola e/ou a família. Porém, a presença de uma dificuldade de aprendizagem não implica necessariamente um transtorno, que se traduz por um conjunto problemas na aquisição e desenvolvimento de funções cerebrais que estão envolvidas no aprendizado da criança (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO,2015) Deve-se especificar os domínios e sub-habilidades acadêmicas prejudicadas. As antigas dislexia, disgrafia, discalculia e disortografia, agora são colocadas como especificadores: com prejuízo na leitura, prejuízo na expressão escrita e com prejuízo na matemática O prejuízo na leitura, também conhecido como dislexia (termo alterna tivo usado como referência) é caracterizado por dificuldades na leitura de forma precisa ou fluente em relação a correção, velocidade ou compreensão (RODRIGUES; CIASCA, 2016 apud TISSER, 2018), que es tão substancialmente abaixo do esperado para a idade e escolaridade Na classificação do DSM, os seguintes critérios para o diagnóstico do transtorno da leitura devem ser obedecidos: Leitura de forma impre cisa ou lenta e com esforço e Dificuldade para compreender o sentido Este transtorno compreende apenas a ortografia ou caligrafia (conhe cido como disgrafia e disortografia). Existem dificuldades em compor textos escritos, evidenciada por erros de gramática e pontuação, má organização dos parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou fraca caligrafia, entre outros prejuízos na expressão escrita. De acordo com os critérios diagnósticos do DSM, corresponde a dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) e dificuldades com a exp ressão escrita, geralmente com uma combinação de ambos os tipos. A reabilitação de crianças e adolescentes com transtornos de apren dizagem é uma questão complexa devido à heterogeneidade e às com orbidades. O tratamento deve ser planejado a partir dos resultados da avaliação neuropsicológica, considerando o contexto biopsicossocial da criança (FUENTES et al., 2014). Não demandam tratamento farma cológico (apenas na apresentação de outros transtornos) devendo ser tratados por recursos pedagógicos e de reabilitação neurocognitiva e o psicólogo atua quando existem problemas emocionais subjacentes. De acordo com DSM V, é transtorno específico de aprendizagem de ve ser especificado, de acordo com o nível de gravidade, que pode variar de acordo com qual o seu impacto na funcionalidade acadêmica. Existe alguma dificuldade para aprender em um ou dois domínios acadêmicos. O indivíduo consegue se adaptar e compen sar a funcionamento através de adaptações e com serviço de apoio Existem dificuldades acentuadas em aprender em um ou mais domínios acadêmicos. Algumas adaptações ou serviços de apoio por pelo menos parte do dia na escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para completar as suas atividades Existem dificuldades graves em aprender, afet ando vários domínios acadêmicos. Improvável que o indivíduo aprenda sem um ensino individual. Mesmo com adaptações, o indivíduo pode não ser capaz de completar atividades e desenvolvê-las de forma eficiente. O prejuízo na matemática, também conhecido como discalculia (te rmo alterna usado como referência) não é relacionado à ausência de habilidades matemáticas básicas, como contagem, e sim à for ma com que a criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca, como dificuldades com o senso numérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou cálculos o seu raciocínio mate mático, ou a dificuldade para contar corretamente que estão abai xo do esperado para a sua idade e escolaridade correspondente. A dislexia como a discalculia são altamente comórbidas entre si e também com o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Estima-se que até cerca de 70% dos indivíduos com TEA apresentem algum tipo de comorbidade. Entre as comorbidades, ainda podem ser ressaltados os transtornos adversativos de co mportamento e as questões internalizantes associados à ansied ade e à baixa autoestima (TISSER,2018). Além disso, dentre as suas apresentações, a mais prevalente são os prejuízos na leitura. O transtorno difere de dificuldades gerais de aprendizagem asso ciadas a deficiência intelectual, por que as suas dificuldades para aprender ocorrem na presença de níveis normais de funcionam ento social e prático. Difere do TDAH, pois nessa condição os pro blemas podem não necessariamente refletir dificuldades específi cas na aprendizagem acadêmica (leitura, escrita e matemática) mas sim, ser reflexos da hiperatividade e da desatenção e impul sividade que está presente no Déficit de atenção e hiperatividade Mudanças na manifestação dos sintomas ocorrem com a idade, de modo que um indivíduo pode ter um conjunto persistente ou mutável de dificuldades de aprendizagem em seu ciclo de vida. As sim, adultos com o transtorno têm problemas contínuos de ortog rafia, leitura lenta e trabalhosa ou problemas para fazer inferên cias importantes a partir de informações numéricas, e podem evitar atividades de lazer e profissionais que demandem leitura ou escrita ou usar estratégias alternativas para então conseguir
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