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SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73s Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de responsabilidade civil geral / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de José Eduardo Teixeira Arias. –26. ed. – Rio de Janeiro : ENS, 2021. 124 p. ; 28 cm 1. Seguros de responsabilidade civil. I. Arias, José Eduardo Teixeira. II. Título. 0021-2559 CDU 368.41.016.1(072) 26ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2021 REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA JOSÉ EDUARDO TEIXEIRA ARIAS – 2021/2020 JOÃO MARCOS BRITO MARTINS – 2019/2018/2017 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 1. RESPONSABILIDADE CIVIL: ASPECTOS JURÍDICOS 8 INTRODUÇÃO 9 A Obrigação de Indenizar 9 A SUBSCRIÇÃO DO RISCO NOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL 10 O Risco Moral 11 O Risco Físico 11 O Risco Jurídico 11 DIFERENÇA ENTRE RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL 13 ELEMENTOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 14 Ação ou Omissão do Agente 15 Culpa ou Dolo do Agente 16 Nexo de Causalidade entre a Ação/Omissão do Agente e o Dano 17 Dano experimentado pela vítima 17 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL: RESPONSABILIDADE OBJETIVA E RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 18 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL 20 Responsabilidade Contratual 20 Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana 21 TERCEIROS 21 PRESCRIÇÃO 21 JURISPRUDÊNCIA 22 FIXANDO CONCEITOS 1 23 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 2. CONHECENDO AS CARACTERÍSTICAS E OS PRINCÍPIOS DO SEGURO DE RCG 27 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 28 REEMBOLSO 28 BENEFICIÁRIO 29 TIPOS DE APÓLICES 29 Apólice à Base de Ocorrência 30 Apólice à Base de Reclamação 30 OBJETO DO SEGURO 34 LIMITES DE ATUAÇÃO DO SEGURO DE RCG 35 Riscos Não abrangidos pelo RCG 35 Exclusões de Riscos 37 LIMITES DE RESPONSABILIDADE 40 Limite de Responsabilidade por Sinistro 41 Limite Agregado 41 REINTEGRAÇÃO DO LIMITE MÁXIMO E INDENIZAÇÃO 43 GARANTIA DE REEMBOLSO 43 FIXANDO CONCEITOS 2 44 3. DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS GERAIS 47 CONHECENDO AS DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS GERAIS 48 Proposta e Questionário 48 Garantia Única 49 Prazo do Seguro 49 Pluralidade de Coberturas 49 Critérios Adotados para o Cálculo dos Prêmios 50 Franquias 53 FIXANDO CONCEITOS 3 56 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 4. RESPONSABILIDADE CIVIL MODALIDADES E CONDIÇÕES ESPECIAIS 58 MODALIDADES E CONDIÇÕES ESPECIAIS 59 MODALIDADES DE RCG MAIS UTILIZADAS NO MERCADO BRASILEIRO 61 RC – Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais 61 RC – Empregador 63 RC – Riscos Contingentes – Veículos Terrestres Motorizados 64 RC – Produtos no Território Nacional 65 RC – Produtos no Exterior 69 RC – Condomínios, Proprietários e/ou Locatários de Imóveis 70 RC – Guarda de Veículos de Terceiros 72 RC – Obras Civis e/ou Serviços de Montagem e Instalação de Máquinas e/ou Equipamentos 75 RC – Prestação de Serviços em Locais de Terceiros 78 RC – Familiar 80 OUTROS RAMOS DO GRUPO DE RESPONSABILIDADE CIVIL 81 RC – Profissional 81 RC – Profissional de Corretores de Seguro 82 RC – Administradores e Diretores (D&O) 84 FIXANDO CONCEITOS 4 86 5. RISCOS AMBIENTAIS 88 INTRODUÇÃO 89 LEGISLAÇÃO 91 Cobertura Adicional de Poluição Súbita 92 Cobertura de Poluição Súbita em RC – Produtos 93 RC – POLUIÇÃO AMBIENTAL 93 Objeto do Seguro 93 Riscos Excluídos 95 Obrigações do Segurado 95 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Liquidação de Sinistros 96 Renovação 96 FIXANDO CONCEITOS 5 97 6. SINISTROS 99 NOÇÕES DE REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS 100 Características Básicas do Regulador 101 Documentação Pertinente à Regulação 101 Providências na Regulação 102 Utilização de Checklist 103 Regras para Liquidação de Sinistros 104 FIXANDO CONCEITOS 6 108 ESTUDOS DE CASO 110 ANEXOS 112 Anexo 1– Exemplo de Seguro de RC – Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais 112 Anexo 2 – Referências Importantes 119 Anexo 3 – Glossário da circular susep 437/12 120 GABARITO 121 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 124 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 8 UNIDADE 101 ■ Compreender os aspectos jurídicos aos quais os futuros clientes estejam expostos, interpretando como se processa a formação da responsabilidade. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ INTRODUÇÃO ⊲ A SUBSCRIÇÃO DO RISCO NOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL ⊲ DIFERENÇA ENTRE RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILDADE PENAL ⊲ ELEMENTOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ⊲ TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ⊲ RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL ⊲ TERCEIROS ⊲ PRESCRIÇÃO ⊲ JURISPRUDÊNCIA ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE RESPONSABILIDADE CIVIL: ASPECTOS JURÍDICOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 9 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO A Circular SUSEP 437, de 14 de junho de 2012 estabelece as regras bási- cas para a comercialização do Seguro de Responsabilidade Civil Geral e disponibiliza, no endereço eletrônico da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP (www.SUSEP.gov.br), as condições contratuais do Plano Padronizado deste seguro. A circular não determina normas de precificação às seguradoras; daí não conter disposições tarifárias referentes à efetivação do cálculo do prêmio, ficando por conta da seguradora tal prerrogativa. Este manual não está configurado, completamente, com o Plano Padronizado, em razão de as seguradoras não estarem obrigadas a adotá-lo. Não obs- tante, o estudo das modalidades e assuntos tratados é suficiente para que os alunos possam compreender os pressupostos e nuanças do seguro de Responsabilidade Civil Geral (RCG), de tal modo que estejam capacitados a operar com qualquer tipo de plano, ou com os contratos novos de Planos Padronizados e os contratos novos de Planos não Padronizados. — A Obrigação de Indenizar Vamos entrar num mundo fascinante. Diz respeito ao modo como as pes- soas devem tratar umas às outras de forma que, em convivência pacífica, possam evitar danos a si mesmas. Mas como isso é possível? Na socieda- de moderna onde as grandes cidades estão apinhadas de gente e quase não há lugar para todos, fica difícil viver sem estar sujeito a causar proble- mas a outras pessoas, ainda que sem intenção. http://www.susep.gov.br 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Realmente, não é tarefa das mais simples, sobretudo porque sabemos ser responsabilidade do poder público traçar políticas públicas com objetivo de solucionar ou ainda, tentar evitar as consequências decorrentes dos problemas surgidos nas interações humanas. Nem sempre os governos, no entanto, estão suficientemente preparados para agir a contento de demandas como essa. Carros velozes, produtos perigosos, prédios inseguros, indústriascom controle de qualidade que deixa a desejar, serviços nem sempre presta- dos com a segurança requerida, crianças criadas com poucos limites, são aspectos, enfim, cujo entrelaçamento é capaz de constituir-se em poten- cial de dano à coletividade. Muito bem, surgidos os problemas, sobretudo aqueles de natureza econô- mica, vem à mente uma questão. Quem responderá por eles? Mais objeti- vamente, quem pagará por eles? Em termos gerais, nas catástrofes o poder público é chamado a intervir. Já no âmbito das pessoas, sejam naturais ou jurídicas, cada um deve responder pelos prejuízos a que derem causa. E aí reside o problema. Cada vez mais os acidentes acontecem com gran- de potencial de dano. Os cidadãos e as empresas nem sempre estão preparados para, em âmbito particular, suportar condenações judiciais decorrentes de atos danosos por ele praticados. A solução, portanto, é a contratação de um seguro de responsabilidade civil, onde o potencial de causar danos a terceiros possa ser reparado por conta de uma seguradora, a reparação devida. O cidadão, a indústria, a loja, o produto vendido, o filho menor do chefe de família, o shopping center, o restaurante, enfim, todos eles, e cada um de per si, podem não ter recursos financeiros para indenizar eventuais prejuí- zos por eles causados, mas, certamente, terão como pagar o prêmio de seguro requerido para esse fim. É disso que vamos tratar: responsabilidade. A SUBSCRIÇÃO DO RISCO NOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL Há três fatores, entre outros, dependendo do risco, que devem ser conside- rados para fins de subscrição do seguro: 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL ■ Risco Moral. ■ Risco Físico. ■ Risco Jurídico. Tais dimensões, em conjunto, fornecerão ao subscritor as variáveis e seus respectivos pesos, determinantes à aceitação, ou não, do risco. O corretor não precisa ser um especialista em subscrição, até porque cada seguradora tem normas específicas para cada risco. Ele precisa entender, contudo, de aspectos gerais pertinentes ao tema, de tal maneira que pos- sa pensar como o segurador. É nessa direção que vamos analisar alguns aspectos centrais, os quais podem nos revelar, com clareza, as chances de o contrato ser aceito pelo segurador. — O Risco Moral A seguradora deve examinar detidamente a vida patrimonial do segurado. Os requisitos de honestidade, probidade e retidão são importantes aspec- tos na apreciação da aceitação do risco, no tocante ao risco moral. A propensão do segurado em causar danos a terceiros, com o objetivo de se locupletar dolosamente do contrato, pode existir (fraude). É hipótese a ser considerada. Não se trata de conceito subjetivo, portanto sujeito à opinião e/ou interpretação do analista. É análise vital no contrato de res- ponsabilidade civil, pois se trata de seguro de responsabilidade. — O Risco Físico Qual será o risco objeto do contrato? Um produto, uma indústria, um hos- pital, uma escola, um hotel, uma igreja, enfim, seja o que for, há específica propensão ao risco que deve ser objeto de análise e aí, de forma pontual, já que é objeto de mensuração. As seguradoras exigem o preenchimento de um questionário de análise de risco, que será complementado por uma vistoria a ser realizada, em regra, sobretudo nos riscos que exijam maiores cautelas. — O Risco Jurídico Não menos relevante é o risco jurídico. Há empresas cuja responsabilida- de se caracteriza por meio da apuração de culpa. Em outras, porém, bas- tam apenas o fato e a relação de causalidade, para que se configure a obri- gação de indenizar. Nada obstante, durante a apuração da culpa podem surgir as chamadas excludentes de responsabilidade, que desobrigarão o causador do dano de qualquer responsabilidade. 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Muitas vezes o pagamento do sinistro vai depender de interpretação judi- cial. Outras variáveis, no entanto, podem surgir. Seja sobre a cobertura propriamente dita, seja sobre as condições gerais que excluem determina- da causa que a justiça entenda ser objeto de pagamento, enfim, quando adentramos no campo da interpretação ficamos à disposição do intérprete, que nem sempre entende o contrato da forma que foi concluído pelas par- tes (cia. de seguros e segurado). Estudaremos a seguir as principais legislações que devem ser objeto de análise. DO SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL “Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segu- rado a terceiro.” O seguro de responsabilidade civil é espécie do seguro de dano. Os seguros de responsabilidade civil são aqueles em que o segurado transfere ao segurador as perdas que possam advir ao seu patrimônio, resultante de indenizações que tenha de satisfazer a terceiros em razão de danos causa- dos a eles. O segurado transfere, portanto, as perdas financeiras resultan- tes da ocorrência do risco. O risco, no seguro de responsabilidade civil, caracteriza-se pela obrigação que o segurado possa vir a ter para com terceiros (obrigação de indenizar) que por sua vez está prevista no conjunto das leis brasileiras que disciplina a questão da responsabilidade civil. O Código de Defesa do Consumidor O Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, criou o sistema de proteção e defesa do consumidor que impôs profunda alteração ao orde- namento jurídico nacional. A lei determina a responsabilidade objetiva (independentemente da existência de culpa) de todas as empresas forne- cedoras de produtos e/ou prestadoras de serviços, como segue em alguns artigos transcritos parcialmente, a saber: A lei é taxativa quando afirma que “independentemente da existência de culpa”. O causador do dano responderá pelos prejuízos causados, o que caracteriza a responsabilidade objetiva (teoria do risco) onde, ainda que não tenha sido culpado, deverá reparar o dano, o que torna, portanto, irre- levante a apuração da culpa. A única exceção a essa regra, relativamente à prestação de serviços, diz respeito à responsabilidade do profissional liberal, consoante os termos da lei: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”. O profissional liberal responderá, por- tanto, com base na responsabilidade subjetiva; a saber: somente se for comprovada a sua culpa no evento danoso. 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Convém chamarmos a atenção, para a repercussão dessa norma nos Seguros de RCG, pois a imensa maioria de nossos segurados, pessoas jurídicas (empresas industriais, comerciais e prestadoras de serviços), está enquadrada na definição do Código do Consumidor, ou seja, respondem independentemente da existência de culpa (responsabilidade objetiva, teoria do risco). É fácil concluir que, após o advento do Código do Consumidor, inúmeros sinistros que não previam cobertura passaram a prevê-la, o que alterou, significativamente, o modo de análise e subscrição de risco das empre- sas seguradoras, já que passaram a reembolsar os segurados pelos danos causados aos consumidores, independentemente da existência de culpa; danos esses reconhecidos em sentença judicial ou por acordo com prévia e expressa autorização das seguradoras. Saiba mais Leitura recomendada ALBERTIN, Alberto Luiz. Comércio eletrônico: modelo, aspectos e contribuição de sua aplicação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CAVALIERI, F. Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 12ª ed. 2015 – Editora Atlas. DIFERENÇA ENTRE RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL A Responsabilidade Penal nasce da violação à norma constante da lei penal, enquanto que a Responsabilidade Civil emerge do prejuízo causado, que viola também o equilíbrio social, mas não exige as mesmas medidas, no sen- tido de restabelecê-lo. A reparação civil reintegra o prejudicado na situação patrimonial anterior; ao passo que a sanção penal tem por finalidade restituir a ordem social ao estado anteriorà infração. Nosso ordenamento, como regra, dispõe no artigo 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal; não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”. 14 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Então, se houver condenação para ato criminoso, não há o que se discutir no juízo cível. Porém, em sentido contrário, a premissa não é verdadeira. Havendo absolvição no crime, pode haver condenação no juízo cível. A rigor, existem discussões sobre essa interpretação, e nem poderia ser diferente, pois há valores distintos em jogo e apenas o caso concreto con- duzirá o julgador na interpretação mais adequada. VAMOS RESUMIR? RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE PENAL Emerge do Prejuízo Surge da violação à norma Reintegra o Patrimônio Restitui a ordem social Ação da vítima Ação da Sociedade Tende à Reparação Civil Tendente à Punição Atenção: sempre que você se deparar com a expressão “reparação civil”, sig- nifica que haverá pagamento em dinheiro (ou equivalente) a alguma vítima de ato danoso. A expressão indica sempre a necessidade de indenizar-se alguém. ELEMENTOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL O interesse em restabelecer o equilíbrio econômico-jurídico alterado pelo dano é a causa geradora da responsabilidade civil. Na caracterização da obrigação reparatória, devem estar presentes os seguintes elementos: I. Ação ou omissão do agente II. Culpa ou dolo do agente III. Nexo de causalidade IV. Ocorrência do dano. Presentes esses elementos, ficará caracterizada a obrigação em reparar o dano por parte daquele que o causou, lembrando que a responsabilidade objetiva (teoria do risco) dispensa o elemento “culpa”, ou melhor, sua veri- ficação se torna desnecessária haja vista exigir a simples presença dos elementos “ dano” e “nexo causal”. 15 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL — Ação ou Omissão do Agente A ação (ato comissivo) e a omissão (ato omissivo) constituem o primeiro pressuposto da responsabilidade civil, que, originando danos a terceiros, geram o dever de reparação. A responsabilidade pela reparação do dano pode surgir: a) por fato próprio, b) por fato da coisa, c) por fato de outrem, d) por fato do produto e/ou do serviço. a) Responsabilidade por fato próprio ou direta Tal responsabilidade é oriunda de danos que o cidadão possa causar a terceiros por meio de ações ou omissões praticadas por ele mesmo, sem o emprego de coisas que estejam sob a sua esfera de vigilância ou guarda, como exemplo, os crimes contra a honra das pessoas. b) Responsabilidade por fato da coisa O título sugere que a “coisa” possa causar prejuízos a terceiros por si mes- ma, o que não é verdade, pois o que se quer afirmar é que os prejuízos são causados por intermédio delas. Tal classificação é empregada largamente nos meios jurídicos, particularmente quando se trata de danos causados pelos automóveis, aviões, trens, embarcações, indústrias, produtos etc. c) Responsabilidade por fato de outrem A doutrina utiliza amplamente o termo para designar a responsabilidade de pais, tutores, curadores, patrões, dentre outros, pelos danos que aqueles que estão sob a esfera de vigilância, proteção ou fiscalização tiverem cau- sado a terceiros, assim o patrão responde por atos de seus empregados. d) Responsabilidade por fato do produto e do serviço A lei 8078/90, Código de Proteção e Defesa do Consumidor, em seus arti- gos 12, 13 e 14, estabelece a responsabilidade objetiva dos fornecedores de produtos e serviços. Caracterizada a relação de consumo, não há o que discutir relativamente à culpa do agente fornecedor, vez que essa é legal- mente presumida. 16 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR: Implica admitir que o consumidor é a parte frágil da relação, como regra. Imagine o consumidor diante de um grande banco, de uma empresa multinacional, por exemplo, tentando fazer valer seus direitos. A desproporção é flagrante. No sentido de contornar essa desvantagem, digamos assim, o Código do Consumidor, no capítulo da proteção contratual, em seu artigo 47, dispõe: “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. — Culpa ou Dolo do Agente A Culpa ou dolo do agente é definida como o desvio de uma norma de conduta. A culpa, em termos genéricos, desdobra-se em dolo e culpa pro- priamente dita. O dolo reflete o ato da intenção de causar o resultado, enquanto na culpa o resultado não é o desejado pelo agente e decorre da falta de diligência na observância da norma de conduta. Da culpa, caracterizada no art.186 do Código Civil decorrem outras noções; a saber: negligência, imprudência e imperícia. ■ Negligência: decorre da inobservância de normas que exigem que operemos com atenção e discernimento. Ex.: a enfermeira deixou de ministrar o remédio ao paciente, que, em decorrência, veio a falecer. ■ Imprudência: decorre da falta de cautela na execução de qual- quer ato, cujas consequências poderiam ser previstas pelo agente. Ex.: o motorista, num dia chuvoso, na pista molhada, desenvolve velocidade muito acima da permitida para o local. ■ Imperícia: decorre da falta de habilidade do agente no exercício da atividade profissional requerida. Ex.: o médico prescrever ao doente um medicamento em dose incompatível com o seu estado de saúde, vindo o paciente a falecer em razão disso. Registre-se que, na prática, essas limitações humanas (negligência, impru- dência e imperícia), por vezes, revelam-se entrelaçadas, tornando difícil a sua classificação. Mas, de maneira geral, a dificuldade não altera a direção da responsabilidade, pois o agente responderá pelos atos ilícitos que cometer, independentemente dessa ou daquela classificação. 17 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL — Nexo de Causalidade entre a Ação/ Omissão do Agente e o Dano A relação de causa e efeito entre o ato danoso e suas consequências pre- cisa ficar estabelecida com clareza, pois se esse requisito não for atendido, não haverá obrigação de indenizar. A respeito do tema, destaque-se o estudo da Teoria da Causalidade Adequada, no qual se estabelece que causa constitui o antecedente necessário e adequado à produção do evento. Trata-se de causa relevante, portanto, que produziu efeito direto e evidente (relação de causa e efeito). O vínculo de causalidade não oferece maiores problemas quando a causa é simples. A dificuldade tende a ampliar-se quando houver mais de um fator concorrente para o evento. É a situação em que uma ou várias circuns- tâncias ou condições concorrem para o evento, sem que seja possível determinar qual delas foi a preponderante. Outro ponto de particular interesse para o presente estudo refere-se às Excludentes de Responsabilidade, que emergem da investigação sobre o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o efetivo resultado danoso. É pertinente esclarecer que nem sempre o causador do dano deu origem a ele, assim como o fator gerador do evento teve origem na ação ou omissão do agente. — Dano experimentado pela vítima Quando pensamos na noção de dano, assumimos que ele constitui condi- ção indispensável para que o ato ilícito alcance repercussão na esfera do direito civil. O dano é definido pela diminuição ou subtração de um bem jurídico que abrange não só o patrimônio. Pode atingir também a vida, a saúde, a honra, dentre outros. As espécies de danos podem ser resumidas em: dano patrimonial e dano moral. Consoante o artigo 402 do Código Civil, a reparação do dano patrimonial deve abranger o dano emergente (o que a vítima efetivamente perdeu) e o lucro cessante (o que razoavelmente deixou de lucrar). Na avaliação do lucro cessante, relativamente à fixação do valor da indenização, recorre- mos ao princípio da razoabilidade. O dano moral, por sua vez, consiste na lesão a um interesseque visa à satisfação ou ao gozo de um bem jurídico extrapatrimonial, situado no âmbito dos direitos da personalidade; a saber: a vida, a integridade corpo- ral, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem; ou, nos atributos da pessoa. 18 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Uma classificação simples e resumida de dano: ■ Dano corporal: refere-se à lesão corpórea ou à doença sofrida por pessoa física (inclusive morte ou invalidez) em decorrência de ação ou omissão de outra pessoa; ■ Dano material – quando se refere a dano físico à propriedade, ani- mais, deterioração de objetos tangíveis, destruição de substâncias; e ■ Dano imaterial – quando se refere a dano resultante da privação de um direito, da interrupção de uma atividade ou da perda de um bene- fício. Nos casos de interrupção de uma atividade, existem os danos de natureza pecuniária, como os lucros cessantes e/ou esperados. O seguro de Responsabilidade Civil Geral, resumidamente, é um tipo de seguro que indeniza o dono de alguma coisa, ou o responsável por alguma pessoa, por danos que essa coisa ou pessoa possam causar a terceiros. Por exemplo: o fabricante de TV cujo aparelho explode causando danos à família deverá indenizar esses danos. Da mesma forma, o aluno que foi feri- do na escola porque escorregou na escada que estava sendo lavada pela servente, deverá ter eventuais danos pagos pelo dono da escola. Então, o seguro de RCG que foi contratado por essas organizações, irá reembolsar aqueles que o contrataram. TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL: RESPONSABILIDADE OBJETIVA E RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Com base no elemento culpa, surgiram as teorias da responsabilidade subjetiva e da responsabilidade objetiva. Ou seja, há de se responsabilizar o causador do dano segundo uma ou outra teoria, consoante regras de direito, naturalmente, previamente estabelecidas. A Responsabilidade subjetiva refere-se à estrita necessidade de verifica- ção da culpa, tal como expresso no art. 186 do Código Civil, ao estabelecer: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. O legislador reforça a garantia do ofendido, no art. 942 do mesmo código, quando prescreve: Atenção Não há que se falar em Responsabilidade Civil sem que haja a produção de um dano. O dano é elemento fundamental na configuração da obrigação de indenizar. 19 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.” Portanto, a regra no direito pátrio é a da aplicação da teoria subjetiva. Já a Responsabilidade Objetiva, também conhecida como a Teoria do Risco, prescinde da verificação do elemento culpa, bastando a comprovação do dano e do nexo de causalidade. Dessa forma, aquele que prejudicar alguém deve ressarcir o dano, independentemente da existência de culpa, na medi- da em que, segundo pressupostos dessa teoria, a culpa é presumida, o que torna desnecessária a sua investigação e prova. É comum dizer-se que a teoria objetiva se filia ao princípio da causalidade; ou seja, a culpa é configurável em face de suficiente relação de causa e efeito entre o fato causador do dano e a efetividade dos prejuízos. A teoria objetiva, com o advento da máquina e a transformação completa das relações humanas, nasceu no final do século XIX na Europa. Em segui- da passou a ser aplicada também no Brasil, notadamente em processos relativos a acidentes de trabalho, bem como em relação aos transportes aeroviários e ferroviários e naqueles que envolviam a responsabilidade civil do Estado. A queda de objetos de uma casa e o fato do locatário responder pelo incêndio no prédio, são exemplos, da jurisprudência que consagram a teo- ria objetiva. O Código Civil brasileiro referenda a questão quando insere tal teoria no artigo 927: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvol vida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. 20 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL Na responsabilidade civil contratual, antes mesmo de surgir a obrigação de indenizar por parte do inadimplente, existe um contrato, um vínculo jurídico de convenção entre as partes envolvidas. Por outro lado, na responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana (o ter- mo se origina da Lex Aquilia do direito romano), nenhuma relação jurídica existe entre o causador do dano e a vítima. Portanto, a responsabilidade extracontratual advém, independentemente da existência de um contrato pré-celebrado. Exemplos: a marquise que desaba ferindo pedestres; o martelo que des- penca de uma obra na cabeça de quem passa; o botijão de gás que explo- de na cozinha de um shopping etc. Então, surgirá, para o causador do dano, a obrigação legal de ressarcir a(s) vítima(s) em relação aos danos causados. — Responsabilidade Contratual Nas questões inerentes à responsabilidade contratual cabem comentários acerca das obrigações de meio e de resultado. As obrigações de meio conduzem o agente a envidar todos os esforços necessários ao cumprimento da obrigação, sem, contudo, estar obriga- do ao alcance do resultado esperado. É o caso do médico, do advogado, entre outros. As obrigações de resultado são aquelas que exigem do agente o cumpri- mento da obrigação nos termos do estipulado no contrato. Tem que dar certo. Construção de prédios e transportes são exemplos. Embora seja perceptível, até mesmo ao leigo, o que seja obrigação de resultado e obri- gação de meio, há ocasiões em que elas se misturam. Nessa hipótese, só o caso concreto permitirá a correta interpretação. RESUMINDO: não estão cobertos por apólice de seguro os contratos que extrapolam a natureza do seu objeto. Atenção Um contrato não precisa ser necessariamente escrito. Quando pegamos um ônibus existe um contrato de transporte previsto em lei, mas não assinamos nenhum papel e devolvemos ao motorista, não é mesmo? Quando entramos num restaurante existe um contrato de fornecimento por parte do estabelecimento, mas não assinamos nenhum papel antes de almoçar, não é mesmo? Atenção Algumas cláusulas de certos contratos não são cobertas por apólice de seguro de responsabilidade civil. Por exemplo, se o dentista segurado prometer ao cliente que a prótese vai torná-lo mais bonito e isso não ocorrer, a apólice de responsabilidade civil profissional não reembolsará o dentista do valor a ser pago em juízo numa possível condenação. Da mesma forma o cirurgião plástico, segurado por apólice de responsabilidade civil profissional, que promete devolver o dinheiro cobrado à cliente em caso de insucesso da cirurgia. Esse valor não será reembolsado pela seguradora. 21 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL — Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana Como visto, na responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana (o termo se origina da Lex Aquilia do direito romano), nenhuma relação jurídica exis- te entre o causador do dano e a vítima, até que a ação ou omissão daquele desperte o mecanismo obrigacional reparatório. A doutrina dominante entende que ela pode surgir por fato próprio, por fato da coisa, por fato de outrem e por fato do produto ou do serviço. Reforçando os conceitos, a responsabilidade extracontratual pode surgir por ação do próprio segurado, ou por algo pelo qual ele responda juridica- mente, por exemplo: seu barco, seu avião,sua fábrica, ou por alguma pes- soa por quem ele responda por força de lei, por exemplo: seus filhos, seus empregados ou por algum serviço prestado e/ou produto fornecido. Esta última categoria foi destacada para que se dê ênfase à importância que tem a relação de consumo na sociedade atual, em face da complexidade e de riscos pertinentes. TERCEIROS Para o Seguro de Responsabilidade Civil, o terceiro é um elemento de aparição incidental e que sofre o dano. Pode ser qualquer pessoa, desde que não seja o próprio segurado, seus ascendentes, seus descendentes, seu cônjuge, pessoas que dependam economicamente ou que residam ou que tenham sociedade econômica ou emprego com o segurado. Com a exclusão dessas pessoas das coberturas das apólices de RCG, por não se enquadrarem na definição de terceiro, evita-se que o segurado seja tentado a agravar o risco, prejudicando o segurador. Evita-se, também, que o causador do dano se beneficie do ato ilícito que cometeu. PRESCRIÇÃO A prescrição extintiva, em síntese, ocorre quando o titular de um direito subjetivo patrimonial deixa de acioná-lo dentro de um determinado espaço de tempo previsto na lei. Assim, perde-se o direito de ação. A prescrição Atenção A responsabilidade extracontratual é objeto de cobertura no ramo de Responsabilidade Civil Geral, dentro, evidentemente, dos riscos contratados. 22 UNIDADE 1 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL constitui medida de segurança jurídica para a sociedade de forma a evitar que certas pendências se prolonguem indefinidamente. DIREITO DE AÇÃO: O cidadão não deverá entrar em juízo após passado o prazo previsto em Lei. A prescrição acha-se disciplinada no Código Civil nos artigos 189 a 206. A prescrição só poderá ser interrompida uma única vez, a teor do artigo 202, que enumera as causas que a interrompe. RESUMINDO: ■ Prazo Geral: 10 (dez) anos. ■ Ação do Segurado X Segurador: 1 ano ■ Reparação de Danos: 3 anos ■ Do Beneficiário de Seguro: 3 anos ■ No CDC: 5 (cinco) anos por fato do produto ou do serviço. JURISPRUDÊNCIA Resumidamente: é o conjunto das decisões e interpretações das leis fei- tas pelos tribunais superiores, aplicando as normas às situações de fato. Podem dar origem às súmulas vinculantes, que passam a ter repercussão geral, ou seja, aplicabilidade direta em casos semelhantes aos julgados. Vamos transcrever, neste manual, alguns julgados do Superior Tribunal de Justiça, para que o corretor possa ver a materialização dos conceitos estu- dados, em sua aplicabilidade no cotidiano. 23 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta 1. Quais os fatores mais importantes a serem considerados para subscri- ção de um seguro de responsabilidade civil? (a) Risco de exclusão de ilicitude. (b) Os riscos Moral; Físico e Jurídico. (c) Risco de danos a terceiros. (d) Risco eventual e objetivo. (e) Risco eventual e má fé. 2. Como se caracteriza o Risco no seguro de Responsabilidade Civil? (a) Pela prática de atos intencionais praticados pelo segurado. (b) Pela obrigação de indenizar que o segurado possa vir a ter para com terceiros (c) Pela comprovação da culpa por parte do segurado. (d) Pela comprovação da responsabilidade subjetiva. (e) Exclusivamente pelos atos praticados por empregados do segurado. Correlacione as colunas abaixo e depois marque a alternativa correta 3. A ação culposa caracteriza-se pela ausência do desejo de prejudi- car. A culpa pode ser caracterizada, também, pelas modalidades abaixo. Relacione os conceitos a suas respectivas situações: 1) Negligência. ( ) Ação praticada sem a habilita- ção ou competência requerida a um profissional. 2) Imperícia. ( ) Ação do sujeito sem a habilida- de técnica que deveria possuir como profissional. ( ) O agente se omite num dever que lhe competia executar. ( ) Omissão na realização de determinada tarefa. Agora assinale a alternativa correta: (a) 1,1,1,2. (d) 2,1,1,2. (b) 1,1,2,2. (e) 2,2,1,1. (c) 1,2,1,2. 24 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Marque a alternativa correta 4. Uma enfermeira esqueceu-se de dar um medicamento a um paciente em um hospital, o que agravou sensivelmente o seu estado de saúde. Tec- nicamente, dizemos que houve: (a) Ação dolosa (b) Ação culposa (c) Omissão dolosa (d) Omissão culposa (e) Imprudência 5. O empregado de um posto de gasolina danificou um veículo durante a operação de abastecimento. De acordo com o Código Civil Brasileiro, a solução a ser dada para este caso, no tocante à reparação dos prejuízos no carro do cliente, é a seguinte: (a) O empregado deverá pagar o prejuízo. (b) O dono do posto deverá pagar o prejuízo, porque o patrão responde pelos atos de seus empregados. (c) Não há obrigação de indenizar, pois a conduta do empregado foi intencional. (d) Não há obrigação de indenizar, pois a conduta do empregado foi involuntária. (e) O dono do posto não tem obrigação de indenizar, pois quem deve pagar é quem causou o prejuízo. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 6. Relativamente às teorias da Responsabilidade Civil, podemos dizer que: I) A teoria objetiva implica a existência do elemento culpa. II) Na teoria subjetiva, o autor do dano só responderá se tiver sua culpa comprovada. III) Para a configuração da teoria objetiva, é irrelevante saber se o agen- te agiu ou não agiu com culpa. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente III é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 25 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Marque a alternativa correta 7. Considere o fato de um empregado ter causado danos materiais a um cliente de um estabelecimento comercial. Certamente, o patrão responde- rá pelos prejuízos com base em que princípio: (a) Obrigação de resultado. (b) Responsabilidade Penal. (c) Obrigação de meio. (d) Responsabilidade subjetiva. (e) Responsabilidade por fato de outrem. Marque a alternativa correta 8. Relativamente ao estudo da Responsabilidade Civil, uma ação dolosa é caracterizada da seguinte forma: (a) O dano é causado independentemente da vontade do agente. (b) A intenção do agente não é relevante. (c) O autor age com intenção de causar o dano. (d) A conduta do agente é involuntária. (e) Só pode ser analisada após o resultado da ação. 9. Para que a responsabilidade objetiva fique caracterizada, é suficiente que estejam presentes os elementos abaixo: (a) Ação ou omissão, culpa e nexo de causalidade. (b) Ação ou omissão, culpa, dano e nexo de causalidade. (c) Ação ou omissão, dano e nexo de causalidade. (d) Ação ou omissão, imprudência, negligência e nexo de causalidade. (e) Ação ou omissão e nexo de causalidade. Correlacione as colunas abaixo e depois marque a alternativa correta. 10. O dano é elemento fundamental para a configuração da Responsabili- dade Civil. Não há repercussão do ato ilícito sem a produção de um dano. Entre suas espécies destacamos as seguintes, com as quais devem ser feitas as correlações devidas: 1) Dano pessoal. ( ) Lesão corpórea. 2) Dano material. ( ) Doença. ( ) Lesão a um animal. ( ) Dano a um objeto. 26 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Agora assinale a alternativa correta: (a) 1, 2, 1, 1. (b) 1, 1, 2, 2. (c) 1, 2, 2, 1. (d) 1, 2, 1, 2. (e) 2, 2, 1, 1. SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 27 UNIDADE 202 CONHECENDO AS CARACTERÍSTICAS E OS PRINCÍPIOS do SEGURO DE RCG ■ Entender as características e os princípios do seguro de RCG, interpretando os tipos de apólice, qual é o objeto do seguro, seus limites de atuação e de responsabilidade, bem como a reintegração do LMI e as garantiasde reembolso. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ CONSIDERAÇÕES INICIAIS ⊲ REEMBOLSO ⊲ BENEFICIÁRIO ⊲ TIPOS DE APÓLICES ⊲ OBJETO DO SEGURO ⊲ LIMITES DE ATUAÇÃO DO SEGURO DE RCG ⊲ LIMITES DE RESPONSABILIDADE ⊲ REINTEGRAÇÃO DO LIMITE MÁXIMO E INDENIZAÇÃO ⊲ GARANTIA DE REEMBOLSO ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE 28 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL CONSIDERAÇÕES INICIAIS Vamos agora estudar os Seguros de RCG e seus fundamentos. No desenrolar dos assuntos, ficará claro que existem modalidades de Seguros de Responsabilidade Civil cujas coberturas nem sempre darão garantias ao segurados contra todas as suas obrigações, as quais estão explicitadas nos fundamentos jurídicos da Responsabilidade Civil no Direito Brasileiro. Em outras palavras, a responsabilidade do segurado é ampla, enquanto que a cobertura da apólice pode ser restrita. Cada modalidade possui coberturas e exclusões específicas que atenderão aos princípios básicos do seguro. Além disso, dentro da diversidade de cláusulas, deve o pro- fissional de seguro estar atento ao fato de que cada seguradora tem a liberdade de criar planos próprios, que nem sempre serão iguais aos de outras seguradoras. Os temas apresentados a seguir seguem um padrão de conduta geral, isto é, explicitados segundo um modo de operação aceito pela maioria dos operadores no mercado securitário. A seguir você vai conhecer a definição das expressões mais usadas nos seguros de RCG. REEMBOLSO No Brasil, a maioria das apólices de outros ramos são à base de indenização. Porém, no caso da Responsabilidade Civil, elas são à base de reembolso. 29 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL O princípio do reembolso determina que o segurado primeiro pague ao ter- ceiro reclamante para depois, então, ter direito ao reembolso com o segurador. A exceção a essa regra encontra-se no Código Civil, a saber: “Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obriga- tórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador direta- mente ao terceiro prejudicado. Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para integrar o contraditório.” Os seguros de responsabilidade civil legalmente obrigatórios encontram-se discriminados no Decreto-Lei 73/66 e em algumas outras legislações mais específicas. Resumo: BENEFICIÁRIO Os Seguros de Responsabilidade Civil são considerados patrimoniais, por- que uma de suas funções é a de proteger o patrimônio do segurado. Quando um segurado causa um dano a um terceiro, a lei o obriga a repa- rar esse dano com os seus bens. Sendo assim, o objetivo do Seguro de RCG é proteger o patrimônio, pois, ao reembolsar o segurado no valor do sinistro, a apólice restabelece o patrimônio do segurado no mesmo pata- mar anterior ao sinistro. TIPOS DE APÓLICES As apólices de RCG podem ser classificadas como apólice à base de ocorrência (occurrence basis) e apólice à base de reclamação (claims SEGURADO TERCEIRO PAGA SEGURADOR SEGURADO REEMBOLSA Importante Nas apólices de RCG, apenas o próprio segurado pode ser o beneficiário, pois, por ser um seguro patrimonial, não pode ser estipulado em favor de terceiros. 30 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL made). Essa tipologia guarda relação direta com o prazo que o segurado tem para reclamar reembolso e, por via de consequência, do terceiro em ver seu prejuízo ressarcido. O que determinará qual o tipo a ser oferecido pela seguradora, naturalmente levando em conta aspectos mercadológi- cos, comerciais e atuariais de sua conveniência, é a especificidade dos riscos, objeto do contrato da apólice de responsabilidade civil. — Apólice à Base de Ocorrência Na apólice à base de ocorrência, é imprescindível que o dano ocorra durante a vigência da apólice e que a reclamação pelo segurado e/ou terceiro reclamante, quando for o caso, seja apresentada até o fim do prazo prescricional legal. O prazo prescricional começa a partir da data da ciência do dano. Para que fique mais bem compreendido, esse tipo de apólice, como regra, é o mesmo adotado nos seguros em geral (ramos incêndio, automóvel, vida, entre outros). O conceito é similar. E o prazo prescricional é aquele estipulado no Código Civil Brasileiro. Observe no gráfico como ocorre: Início da vigência da apólice Fim da vigência da apólice Reclamação Fim do prazo prescricional Ocorrência do dano — Apólice à Base de Reclamação Nessa apólice, o dano deve ocorrer durante a sua vigência, e a reclamação deve ser também apresentada durante a sua vigência. No entanto, a partir da primeira renovação, aplica-se a retroatividade de cobertura para as apó- lices anteriores, ou seja, quando a apólice é renovada, aquela ocorrência da primeira apólice poderá ser reclamada até o final da nova apólice, e assim por diante, desde que não haja interrupção de cobertura. Nota O prazo para reclamar faz parte dos dois tipos de apólice: Apólice à Base de Ocorrência (prazo prescricional do Código Civil) e Apólice à Base de Reclamação (prazo complementar e/ou suplementar, se houver, constantes da apólice). 31 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Importante Essa retroatividade é definida de acordo com os seguintes parâmetros: ■ Na primeira vigência, não é permitido ao segurado estipular retroatividade; e ■ A partir da primeira renovação e em todas as outras subsequentes, desde que não haja interrupção de cobertura, será aplicada a retroatividade, sempre a partir da data de início de vigência da primeira apólice. Observe como acontece, acompanhan- do os gráficos a seguir. COBERTURA/VIGÊNCIA 1º ANO COBERTURA/VIGÊNCIA 2º ANO COBERTURA/VIGÊNCIA 3º ANO Os prazos complementares são automáticos, estão expressos na apólice e não existe cobrança de prêmio adicional. Exemplos de apólice à base de reclamação: Um segurado não irá renovar sua apólice de RCG. A apólice que está por terminar tem o seu fim de vigência em 30/06. Um sinistro ocorrido durante a vigência pode ser reclamado até 1 ano após a data de 30/06 para ser reembolsado. Uma outra situação é a de o segurado descobrir que cometeu um dano contra um terceiro e que, provavelmente, haverá uma reclamação por aquele dano. Entretanto, até aquela data, não houve reclamação oficial do terceiro contra ele. Nesse caso, o segurado notifica à seguradora que cometeu um dano contra terceiros e que esse sinistro poderá ser reclama- do no futuro. Essa notificação deve ser feita durante a vigência da apó- lice, e os eventuais terceiros notificados, que tenham sofrido danos referentes ao evento, têm prazo de 1 ano para reclamar. 32 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Nos dois exemplos, o prazo complementar é iniciado após o término da vigência da apólice ou após o seu cancelamento (em alguns casos). O segurado, no entanto, se desejar, pode dilatar o prazo automático, con- tratando o prazo suplementar, desde que, para isso, pague um prêmio adicional. Nas apólices de reclamações, o prazo suplementar é adotado, indepen- dentemente do número de renovações, quando: ■ A apólice de reclamações não é renovada na mesma seguradora, pois o segurador da nova apólice pode não aceitar o período de retroatividade da apólice vencida; ■ O segurado decide não renovar o seguro. Exemplo: um segurado que manteve apólices à base de reclamação por dez anos resolve encerrar suas atividades no país. Assim, para se pro- teger de qualquer reclamação feita contra ele por danos causados no período de retroatividade da apólice (dez anos), esse segurado contrata suplementação do prazo automático pelo período estabelecido entre o segurado e a seguradora. O prazo suplementar inicia logo após o término do prazo complementar e pode ser concedido por um período de até três anos. Critérios para a Contratação de Apólices à Basede Reclamação ■ As apólices deverão, necessariamente, conter cláusula garantindo ao segurado prazo complementar mínimo de 1 ano, contado a partir do término de vigência da apólice ou de seu cancelamento, com vistas a amparar sinistros ocorridos na vigência da apólice e no período de retroatividade de cobertura. ■ É obrigatória a inclusão, nas condições contratuais do seguro – quer se trate de apólice inicial, quer de renovação –, de cláusula garantindo ao segurado o direito à obtenção de prazo suplemen- tar. As seguradoras poderão cobrar prêmio adicional para o prazo suplementar. ■ O direito do segurado à obtenção de prazo suplementar não é aplicável aos casos de cancelamento do seguro por determinação legal ou por falta de pagamento do prêmio ou, ainda, por ter sido atingido o limite agregado. ■ Deverá ficar expressamente indicado, nas condições contratuais do seguro, que a concessão de prazo suplementar somente poderá prevalecer: 33 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL I. se o seguro for renovado em outra sociedade seguradora e esta não admitir, na cobertura contratada, o período de retroatividade da apólice anterior; e II. se o segurado não renovar o seguro ou se o renovar sob a for- ma de apólice à base de ocorrências, seja na mesma sociedade seguradora ou em outra. ■ Nas renovações sucessivas em uma mesma sociedade segura- dora, é obrigatória a concessão do período de retroatividade da cobertura e do prazo complementar, bem como a previsão quanto à possibilidade de obtenção de prazo suplementar. ■ Renovada a apólice à base de reclamações, em outra sociedade segu- radora que não aquela da apólice vencida, a nova sociedade segura- dora poderá, mediante cobrança de prêmio adicional e desde que não tenha havido solução de continuidade do seguro, admitir o período de retroatividade de cobertura considerado na apólice anterior. ■ A apólice à base de reclamações deverá indicar, expressamente, em destaque, além de sua vigência, o período de retroatividade de cobertura ou a data retroativa de cobertura. Estarão cobertos os sinistros ocorridos entre a data retroativa de cobertura e o tér- mino de vigência da apólice, desde que reclamados durante seu período de vigência ou no prazo complementar previsto ou, ainda, durante o prazo suplementar para a apresentação de reclamações no caso de ter sido ele adotado. ■ Deverá ser incluída cláusula, nas condições contratuais do seguro, estabelecendo qual dos critérios a seguir indicados será adotado, na hipótese de aceitação, pela sociedade seguradora, de aumento do limite máximo de garantia da apólice, durante sua vigência ou mesmo na renovação: » o novo limite prevalecerá, integralmente, durante a vigência da apólice e a respectiva data retroativa, se houver, inclusive para as reclamações relativas a sinistros já ocorridos e que não sejam de conhecimento do segurado; » será determinado que o novo limite será aplicado, apenas, a sinistros efetivamente ocorridos a partir da data de sua imple- mentação, prevalecendo o limite anterior para os sinistros já ocorridos, sejam eles de conhecimento ou não do segurado. ■ Não é permitida a utilização de apólices à base de reclamações para Seguros de Responsabilidade Civil, contratados por período inferior a 12 meses, salvo se for para fins de unificação de vigên- cia com outras apólices de seguro pertencentes ao segurado ou, ainda, para aquelas modalidades não sujeitas ao risco de latência prolongada ou sinistros tardios. Atenção Após o estudo dos tipos de apólices utilizados em Responsabilidade Civil, podem sur gir algumas ques tões relevantes, a saber: qual o melhor tipo de apólice? Quem escolhe a modalidade? A seguradora ou o segurado? Qual o critério a ser adotado na escolha? 34 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Não há, portanto, tipo melhor ou pior. Não é essa a questão. Existe um tipo que melhor atende às conveniências das partes. Como um risco cujo sinistro ocorra com dia, hora e local determinados, por sua própria nature- za. Exemplo: um risco comercial, RC – Operação, que apresenta eventos cujos danos são perfeitamente visualizados e mensurados de pronto e assim certamente terá cobertura por apólice à base de ocorrências. Já um Seguro de RCG – Produtos, que cubra danos causados a tercei- ros por remédios fabricados pelo segurado, certamente terá sua apólice à base de reclamações, pois trata-se de objeto segurado sujeito ao ris- co de latência prolongada ou sinistros tardios. Ressalta-se: aqueles riscos cujos danos vão surgir, em muitos casos, muito tempo depois de ocorrido o evento, já que tais danos nem sempre são de fácil percepção. Quando se trata de Responsabilidade Civil, nem sempre o dano surge imedia- tamente após a ocorrência do evento. Pode levar meses e até anos. Por exem- plo, os efeitos colaterais de um remédio. Os produtos químicos, ao entrarem no organismo humano, podem mascarar determinadas reações e, durante algum tempo, dificultar qualquer identificação. Outros exemplos: riscos de poluição, responsabilidade de dentistas, médicos, fisioterapeutas, entre outros. OBJETO DO SEGURO Uma apólice de RCG objetiva cobrir o risco da responsabilidade civil do segurado perante terceiros. Nas Condições Gerais da apólice, define-se o que está sendo segura- do, ou seja, o objeto do seguro: “O presente seguro tem por objetivo reembolsar o segurado, até o limite máximo da importância segurada (LMG), das quan- tias pelas quais vier a ser responsável civilmente, em sentença judicial transitada em julgado ou em acordo autorizado de modo expresso pela seguradora, relativas a reparações por danos invo- luntários, corporais e/ou materiais causados a terceiros, ocorri- dos durante a vigência deste contrato e que decorram de riscos cobertos nele previstos.” LMG quer dizer limite máximo de garantia, que corresponde ao valor máxi- mo de indenização a ser pago pela seguradora por sinistro. Tal expressão é a constante do Código Civil. Tem como sinônimos mais comuns: impor- tância segurada, quantia segurada e valor segurado. Sentença judicial transitada em julgado Decisão definitiva em processo judicial em relação à qual não cabe mais qualquer recurso. 35 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL LIMITES DE ATUAÇÃO DO SEGURO DE RCG — Riscos Não abrangidos pelo RCG Teoricamente, os Seguros de Responsabilidade Civil serão tantos quantas forem as atividades humanas. Mas, por diversos motivos, alguns Seguros de Responsabilidade Civil não são abrangidos pelo ramo RCG, como os vinculados à circulação de veículos, por exemplo. Alguns riscos de Responsabilidade Civil que não se enquadram nos limites de atuação do Ramo RCG, por estarem amparados em outros ramos de Seguro mais específicos e assim foram destacados tendo em vista a busca de melhor tratamento técnico-atuarial, já que apresentam características marcantes e grande número de unidades expostas ao risco, o que requer gerenciamento e subscrição diferenciados. ■ Proprietários de veículos – RCF-V; ■ Transportador rodoviário – carga – RCTR-C; ■ Transportador rodoviário – internacional – RCTV-I; ■ Transportador aéreo – RETA; ■ Transportador aéreo – carga – RETA-C; ■ Armador – carga – RCA-C; ■ Operador de usinas nucleares – riscos nucleares; ■ Prestador de serviços técnicos de prospecção e exploração de petróleo – riscos de petróleo; ■ Prestador de serviços que envolvem danos a aeronaves – aero- náuticos; ■ Construtor de imóveis financiados pelo SFH – habitacional; ■ Promotor de provas desportivas com veículos motorizados – RCF-V; e ■ Construtor naval – cascos. No tocante à legislação, nomeadamente o Código Civil Brasileiro e o Códi- go de Defesa do Consumidor, para citar as principais e diretamente aplicá- veis, todos os ramos acima enumerados terão sinistros com apuração de responsabilidades baseada nas citadas leis, à exceção de algumas legisla- ções próprias de navegação aérea e/ou marítima e/ou terrestre, que serãoaplicadas juntamente com as já citadas. 36 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Existem, ainda, outros ramos de seguros que operam modalidades de Segu- ros de RCG, com coberturas e subscrição quase idênticas ao Ramo RCG, diferenciando-se somente em pouquíssimos pontos, em razão da praticida- de da carteira. Tais modalidades são operadas nos seguros inerentes aos Riscos de Engenharia e nos Seguros Compreensivos Padronizados. Seguros de Riscos de Engenharia: Seguros de Obra Civil em Construção e Instalação e Montagem Além dos riscos cobertos pelas apólices de Seguros de Riscos de Enge- nharia, existe uma série de coberturas adicionais não obrigatórias que podem ser utilizadas como ampliação das coberturas básicas, de acordo com a conveniência do segurado. As coberturas adicionais são contratadas juntamente com a cobertura básica mediante solicitação expressa do segurado e cobrança do respec- tivo prêmio adicional. É necessário que se tenha a cobertura básica para contratar as coberturas adicionais. A vantagem principal das coberturas adicionais é ampliar a garantia neces- sária para cada tipo de risco, devido aos diversos fatores presentes numa obra, como: clima, topografia, tipo de solo, vizinhança, distância, possíveis despesas extras. As cláusulas que regem as coberturas adicionais oferecidas nos Seguros de Obra Civil em Construção e Instalação e Montagem, que dizem respeito ao Ramo RCG, são as seguintes: Cláusula 211 – Cobertura de Responsabilidade Civil Geral A cobertura de Responsabilidade Civil Geral cobre os danos mate- riais e pessoais causados a terceiros em decorrência dos trabalhos pertinentes à obra. Todos os funcionários e bens dos empreiteiros e subempreiteiros envolvidos na obra não estão abrangidos por essa cobertura, já que não são considerados terceiros. A segura- dora responsabiliza-se por indenizações até o limite estabelecido na garantia da apólice. O critério para a taxação da cobertura leva em consideração os seguintes parâmetros: ■ A classificação do risco quanto à vizinhança; ■ A verificação, no contrato, se os serviços são de execução com projeto ou de montagem com o fornecimento de equipamentos; e ■ A definição do coeficiente de agravação de taxa em função do limite de responsabilidade escolhido pelo segurado. 37 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Cláusula 212 – Cobertura de Responsabilidade Civil Cruzada A cobertura de Responsabilidade Civil Cruzada estende-se aos participantes da apólice: segurado, empreiteiros, subempreitei- ros e contratados, como se cada um deles tivesse contratado uma apólice separadamente. Assim, todos são considerados terceiros entre si. Essa cobertura tem como justificativa maior o fato de serem usuais as ocorrên- cias de danos pessoais e materiais (equipamentos envolvidos na execução do projeto) que os empreiteiros sofrem durante a obra. A responsabilidade da seguradora fica limitada à garantia estabe- lecida na apólice. Essa cobertura é um complemento da cláusula de Responsabili- dade Civil Geral – Cláusula 211 (RCG) e não pode ser contratada separadamente. — Exclusões de Riscos As exclusões de riscos fazem parte das apólices de qualquer ramo e ser- vem para delimitar a amplitude das coberturas concedidas. Para se adap- tar à realidade do mercado, as seguradoras podem alterar essas exclusões (reduzindo ou ampliando) à medida que isso se torne necessário. “1. O presente contrato não cobre reclamações por: a) danos decorrentes de atos de hostilidade ou de guerra, tumul- tos, greve, lockout, rebelião, insurreição, revolução, confisco, nacionalização, destruição ou requisição, decorrentes de qualquer ato de autoridade de fato ou de direito, civil ou militar e, em geral, todo e qualquer ato ou consequência dessas ocorrências; b) danos decorrentes de atos praticados por qualquer pessoa, agindo por parte de, ou em ligação com qualquer organização cujas atividades visem a derrubar, pela força, o governo ou instigar a sua queda, pela perturbação da ordem política e social do país, por meio de atos de terrorismo, guerra revolucionária, subversão e guerrilhas, saque ou pilhagem; c) danos a bens em poder do segurado, para guarda ou custódia, transporte, uso ou manipulação ou execução de quaisquer trabalhos; d) responsabilidades assumidas pelo segurado, por contratos ou convenções, que não sejam decorrentes de obrigações civis legais; e) danos consequentes do inadimplemento de obrigações por força exclusiva de contratos e/ou convenções; 38 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL f) danos resultantes de dolo ou culpa grave do segurado, bem como os decorrentes de atos por ele praticados em estado de insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas. Se o segurado for pessoa jurídica, esta exclusão aplica-se apenas aos atos praticados pelos sócios controladores da empre- sa segurada, seus diretores ou administradores; g) multas impostas ao segurado, bem como as despesas de qual- quer natureza, relativas a ações ou processos criminais; h) radiações ionizantes ou quaisquer outras emanações ocorridas na produção, transporte, utilização ou neutralização de materiais físseis (nucleares) e seus resíduos; e quaisquer eventos decorren- tes de energia nuclear, com fins pacíficos ou bélicos; i) qualquer perda, destruição, dano ou responsabilidade legal, direta ou indiretamente causados por, resultantes de, ou para os quais tenha contribuído material de armas nucleares; j) danos causados pela ação paulatina de temperatura, umidade, infil- tração e vibração, bem como por poluição, contaminação e vazamento; l) perdas financeiras, inclusive lucros cessantes, não decorrentes de dano corporal e/ou dano material, sofridos pelo reclamante e cobertos pelo presente contrato; m) danos decorrentes da circulação de veículos terrestres fora dos locais de propriedade, alugados ou controlados pelo segura- do e, ainda, os danos relacionados à existência, ao uso e à conser- vação de aeronaves e aeroportos; n) extravio, furto ou roubo; o) danos causados ao segurado, seus ascendentes, descendentes e cônjuge, bem como a quaisquer parentes que com ele residam ou dele dependam economicamente e, ainda, os causados aos sócios controladores da empresa segurada, seus diretores ou administradores; e p) danos genéticos, bem como causados por asbestos, talco asbestiforme, diethilstibestrol, dioxina, ureia formaldeído, vacina para gripe suína, dispositivo intrauterino (DIU), contraceptivo oral, fumo ou derivados, danos resultantes de hepatite B ou Síndrome de Deficiência Imunológica Adquirida (AIDS). 1.1 Não caberá qualquer indenização por este seguro quando, entre o segurado e o terceiro reclamante, existir participação acionária ou por cota, até o nível de pessoas físicas que, isoladamente ou em conjunto, exerçam ou tenham possibilidade de exercer controle comum da empresa segurada e da empresa reclamante. 39 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 2. O presente contrato não cobre, ainda, salvo convenção em contrário: a) danos causados a empregados ou prepostos do segurado quando a serviço; b) danos a veículos sob guarda do segurado; c) danos causados pela circulação de veículos eventualmente a serviço do segurado; d) danos causados pelo manuseio, uso ou por imperfeição de produtos fabricados, vendidos, negociados ou distribuídos pelo segurado, depois de entregues a terceiros, definitiva ou provisoria- mente, e fora dos locais ocupados ou controlados pelo segurado; e) danos relacionados à prestação de serviços profissionais a terceiros, tais como serviço médico, odontológico, de enferma- gem, advocacia, engenharia, arquitetura, auditoria, contabilidade, processamento de dados e similares; f) danos morais. 3. Em hipótese nenhuma, estarão cobertas as indenizações a título de punição (punitive damage) ou a título exemplar (exemplary damage).” Das exclusões apresentadas, quatro devem ser observadas com mais detalhe: Danosa Bens de Terceiros sob a Responsabilidade do Segurado O segurado que tem a posse direta de bens de terceiros deve, por lei, pre- servá-los como se fossem seus. A cobertura para esses riscos encontra-se nos seguros mais específicos, como os de Incêndio, Roubo, com cláusula beneficiária em favor do proprietário do bem. Essa exclusão faz com que o segurado assuma o risco do seu próprio negócio (business risk), pois não é função do Seguro de RCG transferir para a seguradora riscos ligados ao interesse do próprio segurado com terceiros, embora em algumas modalidades do Seguro de RCG isso seja admitido, como nos casos de RC – Guarda de Veículos, RC – Guarda de Embarcações e RC – Armazéns Gerais. Responsabilidades Assumidas pelos Segurados O objetivo dessa exclusão é evitar que o segurador tenha que acatar algu- ma obrigação civil, além do ordenamento jurídico, assumida pelo segura- do, uma vez que não pode previamente dimensioná-la. 40 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Exemplo: se um segurado garantir, em propaganda, que se responsabili- zará pelo pagamento em dobro por algum tipo de dano corporal que seu produto cause ao cliente, a seguradora só terá que reembolsar (caso haja cobertura) o valor do dano, enquanto o valor prometido em dobro terá que ser assumido pelo segurado. Inadimplemento de Obrigações Contratuais As apólices de RCG atuam, basicamente, na esfera da Responsabilida- de Civil Extracontratual. As responsabilidades civis contratuais podem ser cobertas por meio do Ramo Garantia de Obrigações Contratuais. Perdas Financeiras Só existe cobertura para perdas financeiras e lucros cessantes quando esses riscos são diretamente decorrentes de danos corporais e/ou mate- riais cobertos pelo contrato de seguro. Exemplo: uma fábrica explode e danifica uma fábrica vizinha, que fica sem produzir por 1 mês. Aquele vizinho atingido teve um lucro cessante, decor- rente da explosão da fábrica do segurado. Nesse caso, haverá cobertura, pois o lucro cessante foi consequência de um risco coberto (explosão). LIMITES DE RESPONSABILIDADE O Seguro de RCG apresenta peculiaridades que nos conduzem a raciocí- nios técnicos diferentes dos demais ramos. O principal deles se situa no campo da fixação do limite máximo de garantia, mais comumente chamado de valor segurado ou importância segurada. Num Seguro contra Incêndio, sabemos que o valor segurado deve corres- ponder ao valor da casa segurada. Num Seguro de Automóvel, sabemos que o valor dele no mercado é a base para os cálculos do prêmio. E no Seguro de RCG? Qual seria o limite máximo de garantia? Que aspectos devemos considerar para a sua fixação? A resposta não é simples. Por quê? Porque o limite máximo de garantia deverá corresponder a um valor monetário condizente com a potencialidade do segurado em causar danos a terceiros. Ou seja, qual o potencial de prejuízo implícito em suas operações. Não há resposta pronta. Isso porque a questão é subjetiva. Vai depender da consideração de uma série de aspectos relativos, quase nunca absolutos. Superada essa dificuldade inicial e uma vez determinados os limites a segurar, para fins de identificação das garantias seguradas, os limites segu- rados se apresentam assim na apólice: 41 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL ■ Limite de responsabilidade por sinistro; e ■ Limite agregado. — Limite de Responsabilidade por Sinistro É o limite máximo de responsabilidade da seguradora por sinistro ou série de sinistros decorrentes de um mesmo evento, independentemente do número de reclamações. Corresponde à importância segurada da apólice. — Limite Agregado É o total máximo indenizável pela apólice durante a sua vigência. Deter- mina-se, no limite agregado, quantas vezes o limite por sinistro poderá ser utilizado. Observe a aplicação prática a seguir. Aplicação prática Em uma apólice de RCG, temos a seguinte situação: Limite de responsabilidade por sinistro (importância segurada): R$ 100.000 Limite Agregado: 3 vezes (R$ 100.000 × 3 = R$ 300.000) Teto = R$ 300.000 1º sinistro: R$ 50.000 – reembolso no valor de R$ 50.000 2º sinistro: R$ 150.000 – reembolso no valor de R$ 100.000 3º sinistro: R$ 100.000 – reembolso no valor de R$ 100.000 4º sinistro: R$ 200.000 – reembolso no valor de R$ 50.000 R$ 500.000 R$ 300.000 Observe que, no 2º sinistro, o limite máximo indenizável foi o limite de responsabilidade por sinistro e que, no 4º sinistro, foi reembolsado o saldo final do limite agregado, que nessa apólice era de R$ 300.000. Em qualquer situação, o limite máximo de garantia sempre será o limite máximo indenizável por sinistro ou evento. Não obstante os conceitos acima, tradicionalmente aplicados nas apóli- ces de Responsabilidade Civil Geral ao longo dos anos, a SUSEP, em Con- dições Padronizadas no seu Glossário de Responsabilidade Civil Geral, conceituou de forma própria os Limites de Responsabilidade acima men- cionados. Vejamos: 42 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL “Limite agregado (LA): No Seguro de Responsabilidade Civil, não há, normalmente, pre- visão de reintegração, após a liquidação de um sinistro, do Limi- te Máximo de Indenização da cobertura cuja garantia tenha sido reivindicada. Para contornar, ao menos parcialmente, a ausência da reintegração, e eventualmente cobrir sinistros independentes abrigados pela mesma cobertura, utiliza-se o Limite Agregado, que representa o total máximo indenizável pelo contrato de seguro, relativamente à cobertura considerada. O seu valor, previamente fixado, é normalmente estipulado como o produto do Limite Máxi- mo de Indenização por um fator maior do que 1, como 1,5, ou 2, ou 3. Não é, no entanto, obrigatório que esse fator seja maior do que 1, considerando-se, nesses casos, que o Limite Agregado é igual ao Limite Máximo de Indenização. Os Limites Agregados estabeleci- dos para coberturas distintas são independentes, não se somando nem se comunicando. Quando o contrato opta pela garantia trípli- ce, não há Limite Agregado. Ver ‘Garantia Única’, ‘Garantia Tríplice’ e ‘Reintegração’. Limite máximo de indenização por cobertura con- tratada (LMI) Limite máximo de responsabilidade da Seguradora, por cobertu- ra, relativo à reclamação ou série de reclamações decorrentes do mesmo fato gerador. Os limites máximos de indenização estabele- cidos para coberturas distintas são independentes, não se soman- do nem se comunicando. Limite de Responsabilidade No Seguro de Responsabilidade Civil, há, em geral, dois limites de responsabilidade para cada cobertura contratada: o Limite Máxi- mo de Indenização e o Limite Agregado. O primeiro corresponde à indenização máxima a que se obriga a Seguradora no caso de sinistro, ou série de sinistros, com o mesmo fato gerador, abrigados pela cobertura. O segundo representa o total máximo indenizável quando se consideram todos os sinistros ocorridos independen- temente, garantidos pela mesma cobertura. Ver “Limite Agrega- do”. Há, ainda, a possibilidade (opcional) de estipulação do Limite Máximo de Garantia da Apólice, a ser aplicado no caso de sinistro garantido por mais de uma das coberturas contratadas.” 43 UNIDADE 2 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL REINTEGRAÇÃO DO LIMITE MÁXIMO E INDENIZAÇÃO Como regra, sobretudo na prática diária das seguradoras, em caso de sinistro, nos Seguros de RCG, o valor do limite máximo de indenização não voltará ao seu valor original (que constava antes do sinistro) de forma automática. GARANTIA DE REEMBOLSO O Seguro de RCG pode reconhecer a obrigação da seguradora de reem- bolsar o segurado de duas maneiras: através de sentença judicial, transitada em julgado, e/ou através de acordos extrajudiciais celebra- dos com o terceiro reclamante, com a anuência da seguradora (o que é muito comum). Em qualquer um dos casos, as Condições Gerais da apólice condicionam a apuração e a liquidação do sinistro à concordância do segurador, já que é ele quem arca com o montantedos prejuízos. Assim, evita-se que o segu- rado faça acordos, nem sempre justos ou adequados, para se livrar rapida- mente da reclamação do terceiro. Organizando as Ideias Proteger o patrimônio do segurado, em decorrência da sua responsabilidade civil perante terceiros, é o objetivo principal de uma apólice de RCG. É, portanto, nessa apólice, em suas Condições Gerais, que o objeto do seguro é explicitado, ou seja, é definido o que está sendo segurado. No Brasil, as apólices de RCG reembolsam, enquanto as apólices de outros ramos inde- nizam. Em outros termos, o Seguro de RC visa reembolsar o segurado (único beneficiário das apólices) até o limite máximo de indenização. Vale lembrar que, nessa transação, primeiramente o segurado paga ao terceiro reclamante para, depois, ter direito ao reem- bolso. Trata-se, portanto, do princípio do reembolso. Não obstante, nada impede que a seguradora pague ou repare o bem do terceiro, diretamente. Isso deve ocorrer sempre com a comunicação prévia do segurado, que informará todas as minúcias do acidente. Para as apólices à base de reclamações, é importante estar atento às situações de renovação do seguro, de retroatividade e do prazo suplementar, assim como aos limites de atuação do Seguro de RCG e aos limites de responsabilidade. 44 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL FIXANDO CONCEITOS 2 Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta 1. Relativamente aos Seguros de Responsabilidade Civil no Brasil, à exce- ção dos seguros legalmente obrigatórios, vige o princípio do reembolso. Sua principal consequência é a de que o terceiro não tem ação direta con- tra o segurador. Além disso, sobre tal modalidade, podemos dizer que: I) A indenização deverá ser paga ao terceiro pelo segurado, e só depois disso ele deverá solicitar o reembolso ao segurador. II) O terceiro reclamante paga ao segurado o valor dos prejuízos. III) O reclamante não pode reclamar diretamente ao segurado. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente III é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 2. Analise se as proposições são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta: O tipo de apólice denominado apólice à base de reclamação originou-se do Ramo RCG e vem atender a particularidades próprias do ramo, tendo em vista a ocorrência de sinistros cujos danos, por vezes, surgem muito tempo depois do fato gerador. Algumas das características básicas desse tipo de apólice são: ( ) A partir da primeira renovação, aplica-se a retroatividade de cober- tura às apólices anteriores. ( ) Os prazos complementares são concedidos por meio de cobrança de prêmio adicional. ( ) Nos prazos complementares, não existe cobrança de prêmio adicional. Agora assinale a alternativa correta: (a) V,V,V. (b) V,F,V. (c) V,V,F. (d) F,V,V. (e) F,V,F. 45 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 3. Marque a alternativa que preencha corretamente a(s) lacuna(s): LMI quer dizer limite máximo de indenização, que corresponde ao valor máximo de ___________a ser pago pela seguradora por ____________, cujo sinônimo mais comum é importância segurada. (a) indenização / sinistro (b) indenização / terceiro (c) importância / dano material (d) importância / dano corporal (e) indenização / pessoa 4. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: Sobre a apólice à base de reclamação, há critérios a serem utilizados quan- do de sua contratação, entre os quais se destacam, resumidamente: I) Deve constar cláusula garantindo ao segurado prazo complementar mínimo de 1 ano. II) Garantia de prazo suplementar sob cobrança de prêmio adicional. III) O prazo suplementar deverá ser concedido mesmo nos casos de cancelamento por falta de pagamento de prêmio. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente III é proposição verdadeira. (d) Somente I e II são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 5. Marque a alternativa correta A utilização de apólice à base de ocorrência ou apólice à base de recla- mação, nos Seguros de Responsabilidade Civil, tem aplicação específica. Então, sobre isso, podemos dizer que: (a) Sua utilização é indiferente, pois ambas são adequadas a qualquer tipo de risco. (b) A apólice à base de ocorrência é indicada para sinistros de latência prolongada. (c) O critério a ser adotado depende do limite máximo de garantia. (d) Sua aplicação é determinada em função da característica do risco. (e) A apólice à base de ocorrência é sempre melhor do que a apólice à base de reclamação. 46 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 6. São riscos excluídos nos Seguros de Responsabilidade Civil Geral, entre outros: ( ) Danos decorrentes de guerra. ( ) Danos decorrentes de revolução. ( ) Pagamento efetuado a terceiro com expressa autorização da seguradora. ( ) Danos causados ao segurado, seus ascendentes, descendentes e cônjuge. Agora assinale a alternativa correta: (a) V, F, F, F. (b) V, V, F, V. (c) F, V, V, F. (d) V, V, V, V. (e) F, V, V, V. SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 47 UNIDADE 3 DISPOSIÇÕES 03 TARIFÁRIAS GERAIS ■ Conhecer as disposições tarifárias gerais, interpretando-as claramente para uma melhor noção dos prêmios a serem cobrados. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE ⊲ CONHECENDO AS DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS GERAIS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 48 UNIDADE 3 CONHECENDO AS DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS GERAIS As disposições tarifárias gerais abrangem definições relativas à pro- posta, aos questionários, às garantias, aos prazos, às modalidades de cobertura, aos critérios para taxação de riscos, às franquias e às parti- cipações do segurado nos prejuízos (PSP). — Proposta e Questionário Como em qualquer ramo, a proposta antecede a apólice de seguro. A proposta é encaminhada pelo interessado (ou seu representante) à seguradora para que esta possa fazer avaliação criteriosa e, se necessá- ria, inspeção do risco no local a ser segurado. Observação O exemplo de questionário – Anexo 1 – no Seguro de Responsabilidade Civil con- tém subsídios importantes para que a seguradora analise o risco a ser segurado e calcule o prêmio do seguro. Tendo em vista o valor dessas informações, o ques- tionário deve ser datado, assinado (pelo segurado ou corretor) e, obrigatoriamente, anexado à proposta. Atenção É recomendável que o corretor exija que o segurado assine a proposta de seguro e o questionário, sob pena de ele, corretor, ser responsabilizado por questões judiciais de- correntes das informações constantes nesses documentos. O segurado poderá alegar que não disse ou não informou aqueles dados. 49 UNIDADE 3 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL — Garantia Única O mercado brasileiro trabalha hoje, basicamente, com a Garantia Única. Isso significa que um único capital segurado abrange o reembolso por danos corporais e/ou materiais causados a terceiros. Exemplo: se o segurado derruba um muro do vizinho e esse muro cai em cima de uma pessoa, os danos causados pelo segurado foram materiais (muro) e corporais (pessoa atingida). Nesse caso, a importância segura- da pagará os dois tipos de danos, independentemente dos valores indivi- duais, obviamente limitados à própria importância segurada (limite máximo de indenização). — Prazo do Seguro Geralmente, os Seguros de RCG são emitidos pelo prazo de 1 ano, salvo algumas exceções. Para prazos inferiores a 1 ano, devem ser utilizados os percentuais da Tabela de Prazo Curto e, para prazos superiores a 1 ano, os percentuais da Tabela de
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