Buscar

RESPONSABILIDADE CIVIL NOVAS TENDENCIAS - APOSTILA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 134 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 134 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 134 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 1 
Apresentação ................................................................................................................................ 3 
Aula 1: Responsabilidade civil e direito de danos ......................................................................... 4 
Introdução ............................................................................................................................. 4 
Conteúdo ................................................................................................................................ 5 
Responsabilidade civil e sociedade ................................................................................ 5 
Referências........................................................................................................................... 23 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 24 
Notas ........................................................................................................................................... 31 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 32 
Aula 1 ..................................................................................................................................... 32 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 32 
Aula 2: O dano moral .................................................................................................................. 40 
Introdução ........................................................................................................................... 40 
Conteúdo .............................................................................................................................. 41 
Contextualização ............................................................................................................. 41 
Aplicação da função punitivo-pedagógica da responsabilidade civil no Brasil .. 49 
Aplicabilidade prática da função punitivo-pedagógica conforme a 
jurisprudência ................................................................................................................... 54 
Considerações finais ....................................................................................................... 56 
Atividade proposta .......................................................................................................... 58 
Referências........................................................................................................................... 62 
Notas ........................................................................................................................................... 68 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 69 
Aula 2 ..................................................................................................................................... 69 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 69 
Aula 3: A sociedade de risco........................................................................................................ 72 
Introdução ........................................................................................................................... 72 
Conteúdo .............................................................................................................................. 73 
Contextualização ............................................................................................................. 73 
Surgimento da sociedade de riscos ............................................................................. 74 
Danos Reflexos ...................................................................................................................... 82 
A responsabilidade civil por abandono afetivo .......................................................... 87 
Princípio da afetividade .................................................................................................. 88 
Referências........................................................................................................................... 95 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 2 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 101 
Aula 3 ................................................................................................................................... 101 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 101 
Aula 4: Responsabilidade civil objetiva ..................................................................................... 105 
Introdução ......................................................................................................................... 105 
Conteúdo ............................................................................................................................ 106 
Responsabilidade civil objetiva ................................................................................... 106 
Código de Proteção e Defesa do Consumidor ........................................................ 115 
Proteção da incolumidade físico-psíquica do consumidor .................................. 115 
Referências......................................................................................................................... 124 
Notas ......................................................................................................................................... 129 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 130 
Aula 4 ................................................................................................................................... 130 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 130 
Conteudista ............................................................................................................................... 133 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 3 
 
Esta disciplina tem como objetivo o estudo das novas tendências da 
Responsabilidade Civil, sempre levando em consideração a evolução dos 
institutos do Direito Civil em decorrência da proclamada Constitucionalização do 
Direito Civil e do processo de Repersonalização do Direito. 
 
Demonstraremos que as funções da Responsabilidade Civil sofreram nítidas 
mudanças, abrindo espaço para a proteção da vítima, em essencial, buscando 
alternativas de indenização que não foquem critérios subjetivos fundados na 
culpa e na punição do causador do dano. 
 
Em seguida, examinaremos os efeitos da sociedade de risco com a 
multiplicação dos danos, criando-se novas espécies de danos que exigem uma 
resposta imediata do Direito que não se coaduna com as proposições clássicas 
da disciplina. 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
1. Examinar os reflexos da Constitucionalização do Direito Civil e da 
Repersonalização do Direito no âmbito da Responsabilidade Civil. 
2. Distinguir as soluções propostas pela doutrina visando fazer frente às 
novas espécies de dano, bem como dando efetividade ao objetivo primordial da 
Responsabilidade Civil – a indenização da vítima. 
3. Analisar os novosdanos que surgem da Sociedade de Risco e as 
possíveis soluções para a prevenção e também ressarcimento da vítima. 
 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 4 
Introdução 
Em nossa primeira aula, vamos compreender os reflexos dos processos de 
Constitucionalização do Direito Civil e de Repersonalização do Direito no âmbito 
da Responsabilidade Civil. 
 
Assim, constataremos que as funções clássicas da Responsabilidade Civil se 
alteraram e o foco primordial da disciplina passa a ser a indenização da vítima, 
razão pela qual se busca alternativas para o alcance desse objetivo, como, por 
exemplo, os Seguros de Responsabilidade Civil e a criação de Fundos Públicos e 
Privados que garantam à pessoa lesada uma efetiva indenização. 
 
Perceberemos como uma disciplina nitidamente patrimonialista na sua origem, 
a qual se preocupava tão somente com o restabelecimento do status quo ante, 
o reequilíbrio do patrimônio da vítima, com a consequente punição do agente 
causador do dano, na atualidade, busca alternativas para a socialização do 
dano. Bons estudos! 
 
Objetivo: 
1. Descrever a evolução histórica da Responsabilidade Civil, examinando a 
influência do processo de Constitucionalização do Direito Civil e da 
Repersonalização do Direito Civil para a mudança de uma Responsabilidade Civil 
fundada essencialmente na culpa para um Direito de Danos; 
2. Analisar os chamados “mecanismos de socialização dos riscos”, como 
alternativas indicadas pela doutrina para alcançar de forma efetiva a 
indenização da vítima, em especial os Seguros de Responsabilidade Civil e os 
Fundos Públicos e Privados. 
 
 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 5 
Conteúdo 
Responsabilidade civil e sociedade 
Vamos fazer uma breve análise sobre a evolução da Responsabilidade 
Civil? 
 
Ao analisar a história da Responsabilidade Civil, constata-se que esse é um dos 
ramos do Direito que mais sofreu mutações no decorrer da evolução da ciência 
jurídica, pois a sua existência está intrinsecamente vinculada às relações 
sociais. 
 
É comum na doutrina se estabelecer a correlação entre a Responsabilidade Civil 
e a Sociologia, afirmando que a noção daquela é nitidamente sociológica, 
decorre dos fatos sociais, está imbricada nas relações sociais. Não raramente, 
as relações sociais provocam prejuízos às pessoas a elas vinculadas exigindo 
uma resposta por parte do Direito para restabelecer o equilíbrio dessas relações 
(AGUIAR DIAS, 1995, p. 1). 
 
A evolução da sociedade como um todo refletirá diretamente na necessidade de 
criação de institutos jurídicos que possam regular a nova realidade social. 
Sendo assim, é óbvio que a passagem de uma sociedade nitidamente ruralista 
para uma sociedade decorrente da Revolução Industrial e Tecnológica 
acarretará em mudanças significativas no Direito. 
 
Nesse contexto, entenda, a seguir, algumas passagens da história da 
Responsabilidade Civil, visando descrever os reflexos sofridos por essa disciplina 
em razão dos processos de Constitucionalização do Direito Civil e 
Repersonalização do Direito. 
 
Início da história da responsabilidade civil 
A Responsabilidade Civil se origina há milhares de anos, desde o Código de 
Hamurabi e de Manu, bem como no Direito Hebreu. Mas é no Direito Romano 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 6 
que é possível se encontrar vestígios mais evidentes desse instituto. A sua 
evolução passa pela fase da vingança e depois pela fase da composição de 
danos. Vamos entender melhor? Acompanhe. 
 
Fase da vingança 
A evolução da responsabilidade civil passa inicialmente pela fase da vingança, 
primeiramente coletiva para, posteriormente, vingança individual, representada 
claramente na Lei de Talião. De uma retaliação privada passa a ser alçada ao 
espaço público pela Lei das XII Tábuas, cabendo ao legislador definir como 
seria a retaliação. 
 
Contudo, a fase de vingança não solucionava o prejuízo sofrido pela vítima, 
pelo contrário, fazia surgir um duplo dano (AGUIAR DIAS, 1995, p. 17), razão 
pela qual surge a chamada fase de composição dos danos. 
 
Fase de composição de danos 
Na fase de composição dos danos, o agressor é chamado a indenizar a vítima, 
inicialmente por uma iniciativa voluntária e, posteriormente, em razão de 
previsão legal. 
 
Procedimento civil e procedimento penal 
Percebe-se que no período pós-clássico do Direito Romano, as funções 
punitivas e reparatórias, representadas pela pena e pela indenização, passam a 
atender a interesses diversos, de um lado o interesse público e de outro o 
interesse privado, com uma distinção nítida entre procedimento civil e 
procedimento penal (LEVY, 2012, p. 37-39). 
 
Lex Aquilia de Damno 
É com a Lex Aquilia de Damno que surgem dois fundamentos que irão 
influenciar a Responsabilidade Civil no Direito Moderno: 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 7 
a) sua função reparadora do dano por meio de uma pena pecuniária, com a 
consequente restituição do status quo ante; e 
b) a noção de culpa como requisito indispensável para surgir o dever de 
reparar, estabelecendo estrita ligação com a concepção de punição. 
 
A função reparadora do dano por meio de uma pena pecuniária, com a 
consequente restituição do status quo ante. 
 
A noção de culpa como requisito indispensável para surgir o dever de reparar, 
estabelecendo estrita ligação com a concepção de punição. 
 
São essas duas premissas que se revelaram no nosso Código Civil de 1916, sob 
nítida influência do Código Civil Francês, estabelecendo como regra a 
responsabilidade civil subjetiva, a qual tem como pressuposto indispensável a 
comprovação da culpa do agente causador do dano. 
 
Do código civil de 1916 ao código civil de 2012 
Nossa legislação civil, claramente liberal, individualista e patrimonialista, não se 
preocupava com a proteção da vítima, como pessoa, ser humano, mas voltava-
se para a proteção do seu patrimônio, aqui na sua acepção mais estrita, como 
conjunto de bens passíveis de valoração econômica. 
 
A Revolução Industrial e Tecnológica, as guerras mundiais e, principalmente, a 
Constituição de 1988 fizeram com que a legislação ficasse ultrapassada, 
influenciando de forma significativa a Responsabilidade Civil, passando a 
acontecer a Repersonalização do Direito Civil. 
 
A sociedade brasileira da época do Código Civil de 1916 era de estrutura 
eminentemente agrária, fundada na exportação de matérias-primas e 
importação de manufaturados, sendo que evidentemente as circunstâncias em 
que se fazia presente a Responsabilidade Civil eram restritas à atuação dos 
particulares, num âmbito bastante limitado pelas características daquele núcleo 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 8 
social, acabando por serem suficientes as regras de reparação fundadas na 
noção de culpa. 
 
Contudo, a história muda seu curso, esse ideário de uma sociedade liberal 
burguesa não mais consegue solucionar a nova realidade social advinda da 
Revolução Industrial e Tecnológica, bem como da Sociedade de Consumo; a 
nítida separação entre o Direito Público e o Direito Privado não mais se sustenta 
diante da necessidade de um Estado de índole social; a propriedade como 
direito absoluto e núcleo do ordenamento jurídico não mais se ajusta à 
sociedade após as duas Grandes Guerras Mundiais e o fortalecimento da pessoa 
humana como fim último de todo o Direito, representado na consagração 
internacional do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. 
 
A legislação brasileira sofre profundas modificações, em especial no âmbito 
constitucional com o advento da Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil 
de 1988, a qual vem consagrar a proteção da dignidade da pessoa humana 
como fundamento da nossa República e dedica considerável número de 
dispositivos aos direitos e garantias fundamentais, adotando os ideais de um 
Estado Social, com a intervenção do Estado nas relações privadas visando 
efetivar os objetivos de uma sociedade livre, justa e solidária. 
 
Todavia, no campo da legislação infraconstitucional, ainda permanecemos 
dentro das concepções de uma sociedade capitalista, individualista e 
patrimonialista revelada pela legislação civil de 1916. 
 
Surge, consequentemente, a necessidade de adaptação da legislação civil, já 
ultrapassada pela nova realidade social, às normas e valores constitucionais. O 
Código Civil deixa de ser a constituição do Direito Privado e a Constituição deixa 
de ter a função estruturante e limitadora do Poder Estatal. 
 
O Código Civil de 1916, ainda fundado naquele ideal burguês liberal, não se 
coaduna com os novos valores e princípios constitucionais, sendo necessária a 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 9 
sua releitura a partir das normas constitucionais, o que Paulo Ricardo Schier 
chama de “Filtragem Constitucional” (SCHIER, 2005), com o reconhecimento da 
eficácia normativa das normas constitucionais. 
 
Paulo Lobo afirma que “a constitucionalização tem por fito submeter o direito 
positivo aos fundamentos de validade constitucionalmente estabelecidos” 
(1999), ou seja, institutos como a família, o contrato, a propriedade devem ser 
relidos a partir de principios como dignidade da pessoa humana, igualdade 
entre homem e mulher, funcionalização do contrato e da propriedade aos 
aspectos sociais visando à proteção da pessoa humana e à adequação ao 
principio da solidariedade. 
 
Como consequência direta dessa interpretação das normas infraconstitucionais, 
a partir dos valores e princípios estampados na nossa Constituição Federal, 
passamos para o fenômeno chamado de Repersonalização do Direito Civil, com 
a realocação da pessoa humana como centro do ordenamento jurídico e não 
mais como mero elemento abstrato da relação jurídica, passa-se a reconhecer a 
pessoa na sua concretude, com a valorização da sua dignidade (MEIRELLES, 
1998, p. 90 e segs). 
 
Por evidente que essa nova realidade sociojurídica também possui reflexos na 
disciplina da Responsabilidade Civil, a qual passa a representar uma das facetas 
da valorização da pessoa humana, deixando apenas de se preocupar com os 
aspectos patrimoniais, no sentido clássico desta expressão, passando a ser um 
instrumento destinado à proteção da pessoa humana, ultrapassando a proteção 
dos bens jurídicos passíveis de valores econômicos, mas alçando, 
principalmente, os direitos de personalidade ao seu abrigo. 
 
A Responsabilidade Civil deixa de se preocupar essencialmente com a culpa, 
como elemento preponderante para a fixação do dever de indenizar 
(fundamento da Responsabilidade Civil Subjetiva), passando a buscar 
elementos que facilitem o alcance da reparação/compensação do dano, como, 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 10 
inicialmente, as hipóteses de presunção de culpa (essencialmente usadas no 
Código Civil de 1916), passando para a Teoria do Risco (Responsabilidade Civil 
Objetiva, agora consagrada pelo Código Civil de 2012, em seu parágrafo único 
do art. 927) e estabelecendo as primeiras linhas teóricas do chamado “Direito 
de Danos”. 
 
Nova perspectiva da responsabilidade civil 
A nova perspectiva da Responsabilidade Civil se dá pela preocupação com a 
indenização do dano, em atenção à proteção da vítima. Acompanhe. 
 
Em atenção à proteção da vítima, criam-se institutos jurídicos que facilitam o 
alcance dessa função reparatória, como as hipóteses de presunção de culpa, já 
presentes na legislação civil anterior, quando, em situações legalmente 
previstas, afastava-se a necessidade de comprovação do elemento subjetivo, 
cunhando as figuras clássicas de culpa in eligiendo, <font culpa in 
vigilando, culpa in custodiendo, entre outras. 
 
Das hipóteses de presunção de culpa, passamos à Responsabilidade Civil 
Objetiva, a qual prescinde da comprovação da culpa, visando solucionar os 
novos danos que surgem em razão da multiplicação das situações de riscos 
com a Revolução Industrial e Tecnológica, aqui abrangendo os meios de 
comunicação, as ciências biomédicas, entre outras realidades sociais que 
reproduzem de forma ilimitada as possibilidades de danos, fazendo surgir o que 
alguns autores chamam de Sociedade de Risco. 
 
Alguns exemplos citados pela doutrina são os danos ambientais cada vez mais 
frequentes e decorrentes do exercício de atividades econômicas (ou seja, 
lícitas), mas que podem engendrar prejuízos no futuro, como a contaminação 
dos solos (LEVY, 2012, p. 15); os chamados danos em série ou em cadeia, 
como o que ocorreu na cidade de Goiânia, em 13 de setembro de 1987, pela 
contaminação de milhares de pessoas em razão da radiação da bomba de Césio 
137, fato que possui reflexo danoso até nos dias atuais, não se sabendo ao 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 11 
certo qual será a sua amplitude no decorrer dos anos; situações que atingem 
muitas vezes populações inteiras, como os casos de Chernobyl e Bhopal, cujas 
sequelas muitas vezes são imprevisíveis (HOFMEISTER, 2002, p. 43-46); danos 
sofridos em razão do uso de medicamentos cujos efeitos, na época em que 
foram ministrados, sequer eram conhecidos, o que dificulta, também, a 
identificação das empresas que os colocaram em circulação, como ocorreu no 
caso americano Sindell versus Abbott Laboratories, de 1980, “envolvendo droga 
cujo princípio ativo era o diethilstibestrol (por isso ficaram conhecidos como 
casos ‘DES’), indicado para mulheres grávidas a fim de evitar o aborto 
espontâneo, mas cujos efeitos colaterais, descobriu-se posteriormente, 
potencializavam o surgimento de câncer em seus filhos” (LEVY, 2012, p. 10). 
 
Percebe-se, neste ponto, uma preocupação latente dos efeitos futuros e ainda 
imprevisíveis desses eventos lesivos, em especial, com as gerações futuras, pois 
os novos danos têm a potencialidade de ameaçar além do sujeito singular, mas 
a própria humanidade (MENEZES, 2012, p. 9). 
 
Direito dos Danos ao Direito das Condutas Lesivas 
Ainda no âmbito dos riscos e consequentes danos advindos do desenvolvimento 
das pesquisas tecnológicas e científicas, Daniel de Andrade Levy (2012, p. 17) 
afirma que: 
 
Esses riscos “não têm pátria, viajam de um país ao outro, com uma rapidez 
nunca imaginada, carregando com eles as ameaças de dano e o medo”, citando 
“o avanço da pesquisa genética, na física quântica, no enriquecimento do 
urânio” e salientando que o risco é inerente nessas atividades próprias da 
sociedade pós-moderna, sendo que a sua principal característica é o seu 
potencial de dano que ainda é “desconhecido no momento de produção do 
evento lesivo”. 
 
Como solucionar esses casos? 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 12 
Constatamos a insuficiência da categoria da culpa, o que dá surgimento às 
Teorias do Risco com o objetivo de fundamentar a responsabilização sem a 
necessidade de comprovação de culpa, como a aplicação da Teoria do Risco 
Integral nas hipóteses de danos ambientais. 
 
Portanto, há uma crescente centralização da matéria sobre a figura da vítima, 
“deslocou-se o seu eixo da obrigação do ofensor de responder por suas culpas 
para o direito da vítima de ter reparadas as suas perdas” (MORAES, 2003, p. 
12). 
 
Salientando o reflexo da Constitucionalização do Direito Civil no âmbito da 
responsabilidade civil e as suas consequênciasdiante da Sociedade de Risco em 
que vivemos, Maria Celina Bodin de Moraes afirma: 
 
O princípio da proteção da pessoa humana, determinado constitucionalmente, 
gerou no sistema particular da responsabilidade civil a sistemática extensão da 
tutela da pessoa da vítima, em detrimento do objetivo anterior de punição do 
responsável. Tal extensão, nesse âmbito, desdobrou-se em dois efeitos 
principais: de um lado, no expressivo aumento das hipóteses de dano 
ressarcível; de outro, na perda de importância da função moralizadora, outrora 
tida como um dos aspectos nucleares do instituto. 
 
Vamos exemplificar? 
Exemplificando essa nova tendência decorrente da proteção e valorização da 
pessoa humana diretamente relacionada à Responsabilidade Civil, é possível 
citar o regime de indenização dos acidentes de trabalho e de trânsito, o seguro 
obrigatório (DPVAT), o regime de indenização das vítimas de produtos 
industrializados (ou também dos riscos de desenvolvimento citados por 
Menezes, 2012), a extensão da responsabilização objetiva dos hospitais ao lado 
da responsabilidade subjetiva dos médicos, entre outras circunstâncias que 
demonstram a primordial função de nossa disciplina: a proteção da vítima. 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 13 
Essa nova realidade da Responsabilidade Civil traça uma nova nomenclatura – o 
Direito de Danos, centrado essencialmente na proteção da vítima, 
afastando da perspectiva baseada na culpa, ou seja, da sua função 
moralizadora. 
 
Daniel de Andrade Levy defende a construção metodológica independente de 
uma disciplina sob a nomenclatura de Direito de Danos, ao lado do que o 
autor chama de Direito das Condutas Lesivas. Este se preocuparia com a 
função punitiva-pedagógica e preventiva da Responsabilidade Civil, enquanto 
aquela se preocuparia essencialmente com o ressarcimento da vítima (2012, p. 
221-227). Propaga a possibilidade da construção de dois sistemas autônomos 
que permita a coexistência da reparação eficiente e da prevenção das condutas. 
Na próxima aula, faremos a análise do Direito das Condutas Lesivas, quando 
examinaremos a Responsabilidade Civil Punitiva. 
 
Vamos entender mais sobre o Direito de Danos? 
No que tange ao Direito de Danos, o qual tem como pressuposto a proteção da 
pessoa da vítima, a eficiência de sua reparação, percebe-se a propagação de 
alternativas para alcançar este objetivo, que vão muito além das demandas 
indenizatórias individuais que conhecemos com maior abrangência. Essas 
alternativas decorreriam da criação de sistemas de indenizações extrajudiciais 
ou mecanismos de socialização dos riscos (LEVY, 2012, p. 25) ou, ainda, 
mecanismos de diluição dos danos (SCHREIBER, 2012, p. 228), os quais partem 
da concepção da socialização do dano, nosso próximo objetivo nesta aula. 
 
Socialização do dano 
Como efeito imediato da Constitucionalização da Responsabilidade Civil, além 
da busca incessante pela proteção da pessoa humana (decorrente do 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana), é possível incorporar outros 
princípios constitucionais no regime dessa disciplina: o princípio da 
solidariedade social e da justiça distributiva. 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 14 
Constitucionalização da Responsabilidade Civil 
 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 
Princípio da Solidariedade Social 
 
Justiça distributiva 
Como consequência, como defende Daniel de Andrade Levy, seria necessário se 
organizar “um sistema eficiente de indenizações extrajudiciais, no qual a 
reparação não ficaria mais sempre a cargo do agente. Isso porque, se 
considerarmos que mesmo condutas lícitas ou cercadas da máxima prevenção 
poderão causar danos indenizáveis, não seria justo responsabilizar agentes que 
tudo fizeram para evitá-los” (2012, p. 25). 
 
Os instrumentos estatais atuais serão insuficientes para a 
reparação/compensação da vítima, diante da Responsabilidade Civil, como 
Direito dos Danos, voltada à indenização do dano injusto e sem dar relevância à 
existência ou não de uma conduta ilícita. 
 
Responsabilidade Civil 
 
Indenização do dano injusto 
 
Direito dos Danos 
 
Existência ou não de uma conduta ilícita é irrelevante 
 
Qual a origem do evento danoso? 
Assim, haverá casos em que não será possível identificar a origem do evento 
danoso. Não serão raros os casos em que não se conseguirá identificar a 
origem do evento danoso, como no exemplo do DES (Sindell versus Abbott 
Laboratories, de 1980), cuja identificação das empresas que colocaram o 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 15 
medicamento em circulação não era possível diante do transcurso do tempo. 
Todavia, eram evidentes os danos sofridos pelos filhos das mulheres que foram 
tratados com o medicamento para evitar aborto, quando, anos após, constata-
se a sua correlação com o desenvolvimento de câncer nessas pessoas (LEVY, 
2012, p. 10). 
 
Portanto, o tema vai além de afastar a culpa como elemento preponderante da 
Responsabilidade Civil, mas sim de até mesmo flexibilizar outros pressupostos 
do dever de indenizar, como a conduta e o nexo da causalidade. Isso aconteceu 
no exemplo do DES, pois alguns tribunais americanos determinaram a 
repartição da responsabilidade proporcionalmente à participação de mercado de 
cada uma das empresas que colocaram o medicamento em circulação (LEVY, 
2012, p. 10). 
 
Outro exemplo de nova roupagem para o nexo causal é o caso nacional das 
“pílulas de farinha”, em que o STJ, na decisão do REsp n.º 1.096.325/SP, não 
exigiu prova cabal do nexo causal, sendo que o acórdão examinou as provas a 
partir de princípios do direito material (princípio da proteção do consumidor), 
não exigindo a prova de que a consumidora teria adquirido exatamente a 
cartela de anticoncepcional que foi fabricada para teste, não contendo o 
princípio ativo. Analisando tal precedente jurisprudencial, Carlos Eduardo 
Pianovski Ruzyk salienta a sua relação direta com as concepções doutrinárias 
contemporâneas a respeito da responsabilidade civil que mira a construção de 
um Direito de Danos (2013, p. 2). 
 
Como solucionar questões como essas, como assegurar a indenização dos 
danos sofridos injustamente quando sequer se consegue indicar o causador do 
dano, ou quando a prova cabal do nexo causal é impossível? 
 
Brota aqui como fundamento principiológico para dar uma resposta a tão 
intrigantes casos a noção de socialização dos danos, a qual parte dos princípios 
constitucionais da solidariedade social e da justiça distributiva. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 16 
Analisa-se o dano não somente no seu aspecto individual, mas, sim, e, 
essencialmente, nos seus reflexos para toda a sociedade. A própria figura do 
neminen laedere – a ninguém é dado causar prejuízo a outrem – traz ínsita a 
questão social, a preocupação do Direito com a defesa da ordem constituída, 
com o equilíbrio das relações sociais. 
 
A doutrina passa a aceitar não só a responsabilização sem a culpa, fundada na 
noção do risco da atividade, mas também admite a flexibilização de outros 
pressupostos (nexo causal, conduta e dano), visando sempre ao ressarcimento 
da vítima como uma resposta ao dano injusto. E vai além, não mais se 
preocupa diretamente com o vínculo entre o agente causador do dano e a 
vítima, pretende-se se diluir os danos na sociedade, buscando aqueles que têm 
melhores condições de evitar a repetição do dano, em especial naquelas 
atividades que envolvam riscos que vão além da questão individual, 
abrangendo um aspecto nitidamente social: acidentes de trânsito, relacionados 
ao trabalho, à saúde, sempre tendo comonorte a multiplicação dos riscos 
inerentes à nossa sociedade decorrente do progresso tecnológico. 
 
Portanto, busca-se a diluição dos danos, a sua repartição ou redistribuição – 
aqui a noção de justiça distributiva – dentro dos agentes sociais que 
diretamente estão vinculado à atividade geradora do risco, atendendo ao 
interesse de toda a sociedade no ressarcimento das vítimas e na não 
prevalência de danos injustos sem reparação, alçando aqui a noção de 
socialização do dano fundada no dever geral de solidariedade previsto no art. 
3º, inciso I da nossa Constituição Federal. 
 
Há quem defenda que essa socialização dos danos acarretaria na negação da 
própria função da responsabilidade civil, a qual teria nítido caráter 
individualista, visando à responsabilização do agente causador do dano. 
Contudo, como bem adverte Anderson Schreiber (2012, p. 233), o que há é a 
transformação da responsabilidade individual para uma responsabilidade social, 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 17 
readequando a estrutura da disciplina à sua função primordial – o 
ressarcimento da vítima. 
 
Como alcançar esse ideal da efetiva reparação, mesmo diante de 
tantos entraves que podem surgir no decorrer da atribuição da 
responsabilidade? 
 
Neste caminhar da evolução da Responsabilidade Civil para um Direito de 
Danos, nascem novas figuras que visam à construção de mecanismos 
extrajudiciais de indenização, por meio dos seguros de responsabilidade 
civil e dos fundos públicos ou privados. 
 
Analisaremos inicialmente os Seguros de Responsabilidade Civil, os quais 
passam a exercer um papel auxiliar na concretização do objetivo maior da 
nossa disciplina: garantir o ressarcimento da vítima. 
 
Seguro de responsabilidade civil 
O que é o contrato de seguro de responsabilidade civil? 
 
Defende-se que o seguro tem um caráter mais distributivo. Por quê? 
 
É “o negócio jurídico bilateral por meio do qual a seguradora assume, mediante 
o pagamento de um prêmio, as consequências desfavoráveis ou danosas, no 
âmbito econômico-financeiro, que possam recair sobre o patrimônio do 
segurado, em razão do risco de responsabilização civil deste último por danos 
causados a um terceiro” (LACERDA, 2013, p. 4030). 
 
Porque é considerado um instrumento de diluição dos danos (SCHREIBER, 
2012, p. 232), pois atingiriam um maior número de agentes atuantes em 
determinada atividade geradora de riscos para a sociedade, e seria uma forma 
de garantir o ressarcimento efetivo da vítima, sem, contudo, acarretar em 
prejuízos evidentes a determinados agentes econômicos em razão da 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 18 
condenação, podendo inclusive acarretar na sua falência, a um custo social 
evidente. 
 
Por outro lado, é imprescindível se observar que os seguros permitiriam uma 
indenização mais eficiente, desviando de obstáculos comuns do atual processo 
de reparação, como a discussão sobre a conduta do ofensor e a sua falta de 
patrimônio, o que seria “adiado para uma eventual ação de regresso da 
seguradora contra o seu cliente – ou contra o causador do dano, após a 
reparação prioritária da vítima” (LEVY, 2012, p. 187). 
 
Fonte: http://nsassessoriadpvat.com.br/sobre-o-dpvat/ 
 
No Brasil, onde não possui natureza de seguro de responsabilidade civil, mas 
sim de seguro de danos, o DPVAT (Lei n.º 6.194/74) seria um exemplo de 
socialização do dano, atribuindo a todos os agentes daquela atividade 
(condução de automotores) o dever de pagar um prêmio, que será revertido 
em prol das vítimas de acidentes de trânsito. 
 
Daniel de Andrade Levy (2012, p. 186-187), além de ressaltar a importância 
dos seguros de responsabilidade civil para o novo Direito de Danos, indica os 
números de crescimento desse nicho de mercado: 
 
Se Tunc relata que, em 1978, o valor total dos prêmios dos seguros de 
responsabilidade nos EUA chegavam a 7,7 bilhões de dólares; hoje, esse 
número chega a 419 bilhões de dólares apenas no ano de 2009! No Brasil, 
relatório aponta um crescimento de 15,3% da receita dos seguros em geral, 
entre 2006 e 2007, chegando a R$ 76,2 bilhões. É impossível, diante dessa 
realidade, ignorar a importância dos seguros como premissa para a construção 
de uma nova dinâmica da reparação. 
 
No Direito Brasileiro, o Código Civil expressamente regula essa espécie de 
seguro no Artigo 787, o qual define o seguro de responsabilidade civil como o 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 19 
contrato por meio do qual “o segurador garante o pagamento de perdas e 
danos devidos pelo segurado a terceiro. O § 4º do referido dispositivo 
demonstra a preocupação com o ressarcimento integral da vítima ao 
estabelecer que subsiste “a responsabilidade do segurado perante o terceiro, se 
o segurador foi insolvente”. 
 
Fundos públicos e privados 
Ao lado dos seguros de responsabilidade civil, em especial dos seguros 
obrigatórios, podemos encontrar como mecanismo extrajudicial de diluição ou 
socialização dos danos os fundos públicos e privados de indenização. 
 
O que é fundo? 
É a constituição de receitas, recursos monetários, que são afetados a uma 
finalidade específica, sem necessária atribuição de personalidade jurídica. 
 
Lei Federal nº 4.320/64 
A Lei Federal nº 4.320/64, recepcionada pelo Supremo Tribunal Federal 
como sendo a norma mencionada no artigo 165, § 9º da Constituição da 
República, dispõe o que são fundos especiais ou de natureza financeira: 
 
“Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que, por lei, se 
vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a 
adoção de normas peculiares de aplicação.” 
 
Qual sua finalidade? 
No caso dos fundos de responsabilidade civil, a sua finalidade precípua é o 
ressarcimento dos danos sofridos pelas vítimas de determinadas atividades 
especificadas nas regras atinentes aos fundos. 
 
Fundos no exterior 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 20 
Alguns países têm se destacado na criação de fundos, em especial a França, 
os EUA e a Nova Zelândia. Na França, foram criados fundos públicos com os 
objetivos mais diversos, desde a indenização das vítimas de acidentes de 
circulação, de indenização dos danos causados por infrações penais, de 
indenização de vítimas de atentados terroristas, de indenização das vítimas de 
HIV num período em que houve a propagação da doença em razão da 
negligência do governo na permissão das doações sem análise do histórico dos 
doadores, entre outros (LEVY, 2012, p. 194-197). 
 
Nos EUA, o fundo com maior repercussão é o fundo de Compensação das 
Vítimas do 11 de setembro de 2001, criado pelas Leis n.º 107-42 e 107-34. A 
Nova Zelândia criou um sistema de fundos públicos, transferindo “para o Estado 
a responsabilidade pelas indenizações dos danos resultantes dos acidentes de 
seus cidadãos”, estabelecendo-se de forma efetiva a completa socialização dos 
riscos, sendo considerado um exemplo de sistema no que tange à criação de 
fundos, claro que dentro dos padrões sociais e territoriais daquele país (LEVY, 
2012, p. 197-207). 
 
Fundos públicos X Fundos privados 
Os fundos públicos são constituídos por dotações públicas, decorrentes dos 
orçamentos públicos, enquanto os fundos privados decorrem da contribuição, 
em regra obrigatória, por parte dos principais agentes causadores de danos, 
como, por exemplo, no caso dos acidentes de trabalho, dos decorrentes de 
danos ambientais, cuja multa aplicada pode ser revertida em prol de um fundo 
que vise à reparação do meio ambiente. 
 
Lei n.º 7.347/85 
No Direito Brasileiro, pode-se citar a Lei n.º 7.347/85 –Lei da Ação Civil 
Pública – a qual determina que as condenações decorrentes dessas ações 
deverão ser revertidas para um fundo público, o qual será usado para 
reconstituir o bem lesado. 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 21 
Outro exemplo de fundos na nossa legislação se refere ao Fundo de Defesa 
dos Direitos Difusos criado pelo Decreto n.º 1.306/94, o qual visa à 
recomposição do dano coletivo. 
 
Imprescindível se desenvolver o fundo indenizatório que cria uma pensão 
vitalícia para as vítimas do acidente nuclear em Goiânia, em razão do Césio-137 
(Lei n.º 9.425/96). 
 
A nossa legislação ainda está engatinhando na criação de fundos de 
responsabilidade civil, sendo que esta não é uma realidade presente no nosso 
ordenamento jurídico, cabendo, a esse respeito, o desenvolvimento doutrinário 
sobre o assunto. 
 
Atividade proposta 
Vamos fazer uma atividade relacionada ao tema visto anteriormente! 
ADMINISTRATIVO - TRANSPORTE - PASSE LIVRE - IDOSOS – DANO MORAL 
COLETIVO - DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA DOR E DE 
SOFRIMENTO - APLICAÇÃO EXCLUSIVA AO DANO MORAL INDIVIDUAL - 
CADASTRAMENTO DE IDOSOS PARA USUFRUTO DE DIREITO – ILEGALIDADE 
DA EXIGÊNCIA PELA EMPRESA DE TRANSPORTE - ART. 39, § 1º DO ESTATUTO 
DO IDOSO - LEI 10741/2003 VIAÇÃO NÃO PREQUESTIONADO. 
 
1. O dano moral coletivo, assim entendido o que é transindividual e atinge uma 
classe específica ou não de pessoas, é passível de comprovação pela presença 
de prejuízo à imagem e à moral coletiva dos indivíduos enquanto síntese das 
individualidades percebidas como segmento, derivado de uma mesma relação 
jurídica-base. 
 
2. O dano extrapatrimonial coletivo prescinde da comprovação de dor, de 
sofrimento e de abalo psicológico, suscetíveis de apreciação na esfera do 
indivíduo, mas inaplicável aos interesses difusos e coletivos. 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 22 
3. Na espécie, o dano coletivo apontado foi a submissão dos idosos a 
procedimento de cadastramento para o gozo do benefício do passe livre, cujo 
deslocamento foi custeado pelos interessados, quando o Estatuto do Idoso, art. 
39, § 1º, exige apenas a apresentação de documento de identidade. 
 
4. Conduta da empresa de viação injurídica se considerado o sistema 
normativo. 
 
5. Afastada a sanção pecuniária pelo Tribunal que considerou as circunstâncias 
fáticas e probatórias e restando sem prequestionamento o Estatuto do Idoso, 
mantém-se a decisão. 
 
6. Recurso especial parcialmente provido. 
 
(STJ, Recurso Especial nº 1.057.274 - RS (2008/0104498-1), Relatora: Ministra 
Eliana Calmon, DJe: 26/02/2010). 
 
Analise o caso concreto exposto na decisão da Corte Superior a partir das novas 
tendências da responsabilidade civil, isto é, da Constitucionalização do Direito 
Civil e da consequente socialização dos danos. 
 
Chave de resposta: O reconhecimento do dano moral coletivo, assim 
entendido, aquele que não atinge um indivíduo especificamente, mas toda uma 
coletividade, a qual poderá ser representada por um órgão estatal visando à 
cessação do ato danoso e até mesmo à reparação dos danos sofridos, como no 
caso, os idosos, representa não somente a ideia de socialização dos danos, 
decorrente do dever geral de solidariedade previsto no Artigo 3º, inciso I da CF, 
mas também e, necessariamente, correlacionada preocupação com a 
indenização da vítima. 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 23 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre a constitucionalização do direito civil, leia os 
artigos relacionados, disponíveis em nossa biblioteca virtual. 
 
 
Referências 
AGUIAR DIAS, José de. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1995. v. 1. 
CAVALLIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
HOFMEISTER, Maria Alice Costa. O dano pessoal na sociedade de risco. Rio 
de Janeiro: Renovar, 2002. 
LACERDA, Maurício Andere Von Bruck. O seguro de responsabilidade civil – 
aspectos gerais sobre a Lei Portuguesa do Contrato de Seguro. RIDB. ano 2 
(2013), n. 5, 4023-4067. Disponível em: http://www.idb-fdul.com/" 
http://www.idb-fdul.com/;. Acesso em: 13 ago. 2014. 
LEVY, Daniel Andrade. Responsabilidade civil: de um Direito dos Danos a 
um Direito das Condutas Lesivas. São Paulo: Atlas, 2012. 
LOBO, Paulo Luiz Netto. Constitucionalização do Direito Civil. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 3, n. 33, jul. 1999. Disponível em: 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=507. Acesso em: 13 ago. 
2014. 
MEIRELLES, Jussara Maria Leal de. O ser e o ter na codificação civil brasileira: 
do sujeito virtual à clausura patrimonial. In: FACHIN, Luiz Edson. (Coord.). 
Repensando fundamentos do direito civil brasileiro. Rio de Janeiro: 
Renovar, 1998. 
MENEZES, Joyceane Bezerra de. O direito dos danos na sociedade das 
incertezas: a problemática do risco de desenvolvimento no Brasil. 
Civilistica.com. ano 1, n. 1, 2012. Disponível em: &#60; 
http://civilistica.com/direito-dos-danos/. Acesso em: 13 ago. 2014. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 24 
MORAES, Maria Celina Bodin de. A caminho de um direito civil 
Constitucional. Disponível em: &#60; 
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15528-
15529-1-PB.pdf 
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15528-
15529-1-PB.pdf. Acesso em: 13 ago. 2014. 
_____. A constitucionalização do direito civil e seus efeitos sobre a 
responsabilidade civil. Direito, estado e sociedade. v. 9. n. 9, jul/dez 2006. 
p. 233-258. Disponível em: &#60; 
http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Bodin_n29.pdf. Acesso em: 13 
ago. 2014. 
RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski. Comentários ao Acórdão proferido no REsp 
1.096.325/SP: O “caso das pílulas de farinha” como exemplo da construção 
jurisprudencial de um “direito de danos” e da violação da liberdade positiva 
como “dano à pessoa”, 2013. Disponível em: &#60; 
http://fachinadvogados.com.br/artigos/Comenta%CC%81rios%20a
o%20Acordao.pdf . Acesso em: 13 ago. 2014. 
SCHREIBER, Anderson. Novos paradigmas da responsabilidade civil: da 
erosão dos filtros da reparação à diluição dos danos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 
2012. 
SCHIER, Paulo Ricardo. Novos desafios da filtragem constitucional no momento 
do neoconstitucionalismo. Revista eletrônica de direito do estado, 
Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, n. 4, out./nov./dez., 2005. 
Disponível em: http://www.direitodoestado.com/revista/REDE-4-
OUTUBRO-2005-PAULO%20SCHIER.pdf. Acesso em: 13 ago. 2014. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Assinale V ou F: 
( ) A tendência de objetivação da responsabilidade civil decorre da 
mudança de paradigmas do Direito Civil contemporâneo, em especial 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 25 
em razão da repersonalização das relações privadas com uma nítida 
centralização do direito na proteção da pessoa humana. 
( ) As ameaças decorrentes da Revolução Industrial e Tecnológica 
multiplicaram as possibilidades de danos, exemplo dessa Sociedade de 
Risco são as possíveis e imprevisíveis consequências decorrentes do uso 
de alimentos transgênicos. 
( ) A categoria dos direitos da personalidade, como direitos que visam em 
essência à proteção da pessoa nos seus aspectos personalíssimos, não 
possui correlação com às novas tendências da Responsabilidade Civil. 
( ) O acolhimento jurisprudencial do chamado dano moral reflexo não 
pode ser indicado como um dos exemplos dessa mudança da 
responsabilidade civil clássica, preocupada com a conduta culposa, para 
uma responsabilidade civil preocupada claramente com a proteção da 
(s) vítima (s).Questão 2 
A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que 
leva alguns autores a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula 
geral de tutela da personalidade. Partindo dessa afirmativa, bem como após 
examinar as consequências das novas tendências da Responsabilidade Civil, é 
correto afirmar que: 
a) Havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de morto, não 
é possível que se reclamem perdas e danos, visto que a morte põe fim à 
existência da pessoa natural, e os direitos personalíssimos são 
intransmissíveis. 
b) Havendo lesão a direito de personalidade de terceiro, cujo patrimônio 
não foi diretamente atingido pela conduta lesiva, não é possível a 
reparação pelo chamado dano moral reflexo. 
c) A adoção de uma cláusula geral de tutela da personalidade 
predeterminada pelo princípio da dignidade da pessoa humana não 
permite o reconhecimento do direito à indenização pela ofensa de outros 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 26 
direitos de personalidade além daqueles expressamente previstos na 
legislação civil. 
d) A criação de outras categorias de danos, como dano moral reflexo, dano 
estético, dano coletivo, etc., são reflexos do reconhecimento da pessoa 
humana como centro do ordenamento jurídico, bem como da tendência 
da responsabilidade civil em proteger o ser humano em face de 
quaisquer danos sofridos injustamente. 
 
Questão 3 
Podem ser consideradas formas de ampliar e facilitar a indenização da vítima, 
exceto: 
a) Responsabilidade subjetiva por culpa presumida. 
b) Responsabilidade objetiva, fundada nas Teorias do Risco. 
c) Imputação de responsabilidade objetiva fundada no risco integral, 
mesmo quando estão presentes hipóteses caracterizadoras de 
excludentes da responsabilidade civil. 
d) Responsabilidade objetiva do Código de Defesa do Consumidor, com a 
possibilidade de inversão do ônus da prova. 
e) Responsabilidade subjetiva em acidentes de trânsito, com a necessária 
comprovação da culpa do agente causador do dano. 
 
Questão 4 
Assinale a alternativa INCORRETA: 
a) O Direito Brasileiro ainda não possui instrumentos efetivos da tutela de 
interesses coletivos ou difusos, obrigando as vítimas a utilizarem das 
ações indenizatórias individuais, o que resulta em dificuldades na efetiva 
reparação da vítima. 
b) O estado de necessidade, como causa excludente da ilicitude, embora 
afaste a natureza de ato ilícito, mantém o dever de reparar do agente 
causador do dano, caso a pessoa lesada não for culpada pelo perigo, o 
que demonstra claramente uma preocupação maior com a vítima, 
impondo um dever de reparar mesmo em caso de ato lícito. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 27 
c) O Código de Processo Penal, após a reforma perpetrada pela Lei n.º 
11.719/2008, passou a permitir ao juízo criminal fixar, na sentença 
condenatória, o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela 
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. Tal inovação 
da legislação processual penal demonstra a tendência da legislação 
brasileira em se preocupar com a reparação dos danos sofridos pela 
vítima. 
d) A Lei n.º 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais, estabelece a fase da composição dos danos civis no âmbito do 
Juizado Criminal, inclusive prevendo como critério orientador da atuação 
junto àquele órgão a reparação dos danos sofridos pela vítima, o que 
pode ser considerado um instrumento facilitador de reparação das 
vítimas pelos danos injustamente sofridos. 
 
Questão 5 
O Direito de Danos se representa no desvio da atenção da Responsabilidade 
Civil da conduta do ofensor para a reparação da vítima. O Código de Defesa do 
Consumidor, embora de 1990, já demonstra claramente a preocupação do 
legislador brasileiro com a vítima de danos. Representa a concretização das 
afirmações anteriores, exceto: 
a) O disposto no Artigo 6º, inciso VI do CDC, o qual coloca como direito 
básico do consumidor a efetiva prevenção e reparação dos danos 
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. 
b) O disposto no Artigo 6º, inciso VIII do CDC, o qual determina a inversão 
do ônus da prova, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou 
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências. 
c) O disposto no parágrafo único do Artigo 7º do CDC, que dispõe que a 
ofensa, havendo mais de um autor, todos responderão solidariamente 
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
d) A previsão do Artigo 17 do CDC que equipara a consumidor todas as 
vítimas do evento danoso. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 28 
e) A responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais, prevista no § 4º 
do Artigo 14 do CDC. 
 
Questão 6 
Podem ser considerados exemplos da socialização dos danos, exceto: 
a) As hipóteses de responsabilidade civil solidária previstas no Código de 
Defesa do Consumidor. 
b) A flexibilização do nexo da causalidade para a fixação do dever de 
ressarcimento, em especial quando não é possível se identificar o 
causador específico, atribuindo responsabilidade solidária ou proporcional 
à sua participação no evento danoso. 
c) A criação dos chamados seguros obrigatórios, como, por exemplo, o 
DPVAT no Direito Brasileiro. 
d) A busca incessante da comprovação da culpa para a atribuição da 
responsabilidade civil ao agente causador direto do dano. 
 
Questão 7 
Assinale V ou F: 
( ) O uso de cláusulas gerais ou conceitos jurídicos indeterminados, como 
dignidade da pessoa humana, equidade, justiça distributiva, entre 
outros, pode ser instrumento de concretização dos ideais do Direito de 
Danos representado na atuação da jurisprudência. 
( ) Na França, existe um fundo público destinado à indenização das 
vítimas de acidentes médicos, independentemente da comprovação da 
culpa (LEVY, 2012, p. 196). Fundos como este acabam por impedir o 
ressarcimento da vítima. 
( ) O STJ, em acórdão proferido no REsp n.º 64.682/RJ, analisando a 
responsabilidade pela reparação dos danos sofridos pela vítima 
decorrente da arremessa de objetos da janela de edifícios, atribuiu o 
dever de reparar ao condomínio, haja vista a impossibilidade de 
identificação de qual apartamento foi arremessado o objetivo, o que 
não poderia acarretar em mais ônus à vitima. Da análise do acórdão, 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 29 
proferido em 10 de novembro de 1998, constata-se que exemplifica a 
tendência de socialização dos danos em atenção à proteção da vítima. 
( ) Exemplo do uso dos fundos públicos criados no Direito Brasileiro para 
ampliar os instrumentos de ressarcimento de vítimas, são os fundos 
estaduais ou municipais de proteção ao consumidor previstos no Artigo 
57 do Código de Defesa do Consumidor. 
 
Questão 8 
Assinale a alternativa incorreta: 
a) Os fundos públicos e privados são constituições de receitas, recursos 
monetários, que são afetados a uma finalidade específica (ex.: 
ressarcimento de vítimas por danos sofridos em razão dos riscos de uma 
determinada atividade), sem necessária atribuição de personalidade 
jurídica. 
b) A socialização dos danos é uma tendência da responsabilidade civil atual, 
quando o seu objetivo primordial – ressarcimento da vítima – será 
alcançado por outras vias, que não somente as ações indenizatórias 
individuais, como, por exemplo, pelo uso dos seguros de 
responsabilidade civil. 
c) Alguns autores defendem que a socialização dos danos acarretaria na 
negação da própria função da responsabilidade civil, a qual teria nítido 
caráter individualista, visando à responsabilizaçãodo agente causador do 
dano. 
d) O novo Direito de Danos defende a manutenção das ações indenizatórias 
individuais, pois o objetivo da responsabilidade civil é responsabilizar o 
indivíduo que praticou um ato ilícito e gerou danos a outrem. 
 
Questão 9 
Assinale a alternativa incorreta: 
a) Os fundos públicos são importantes instrumentos para assegurar a 
efetiva indenização das vítimas de danos, principalmente em situações 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 30 
em que não é possível se identificar com certeza o agente causador do 
dano. 
b) O uso dos seguros de responsabilidade civil tem reflexo tanto na 
proteção da vítima, pois assegura a esta uma efetiva reparação, como 
em relação ao ofensor, pois garante uma maior previsibilidade dos custos 
dos acidentes, evitando assim consequências econômicas que afetariam 
não somente diretamente o agente, como também toda a economia e a 
sociedade. 
c) No direito brasileiro, já existem espécies de seguro obrigatório, além do 
conhecido DPVAT, podemos citar o seguro obrigatório de 
responsabilidade civil dos proprietários de veículos automotores 
hidroviários, o seguro obrigatório de responsabilidade civil do construtor 
de imóveis em zonas urbanas a pessoas ou coisas e o seguro obrigatório 
de edifícios divididos em unidades autônomas. 
d) A criação de fundos públicos ou privados, bem como a instituição de 
seguros obrigatórios contraria os nossos princípios constitucionais, pois 
impõe o dever de reparar a pessoas que não deram causa ao dano. 
 
Questão 10 
O Artigo 7º da Lei n.º 8.441/92 estabelece que “a indenização por pessoa 
vitimada por veículo não identificado, com seguradora não identificada, seguro 
não realizado ou vencido, será paga nos mesmos valores, condições e prazos 
dos demais casos por um consórcio constituído, obrigatoriamente, por todas as 
sociedades seguradoras que operem no seguro objeto desta lei”. Nesse caso, 
temos um exemplo de: 
a) Responsabilidade civil subjetiva. 
b) Responsabilidade civil subjetiva por presunção de culpa. 
c) Socialização dos danos. 
d) Da preocupação da responsabilidade civil com a comprovação da culpa 
do agente ofensor. 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 31 
Culpa in eligiendo: O agente não toma as cautelas necessárias para a escolta 
de uma coisa e de pessoa para exercer uma atividade. 
Culpa in vigilando: Decorre da falta de atenção ou cuidado com o 
procedimento de outrem que estava sob a guarda ou responsabilidade do 
agente. 
Culpa in custodiendo: Que advém da falta de cautela ou atenção em relação 
a uma pessoa, animal ou objeto, sob os cuidados do agente. 
Lex Aquilia de Damno: O princípio pelo qual se pune a culpa por danos 
injustamente provocados, independentemente da relação obrigacional 
preexistente. 
Status quo ante: É uma expressão em latim que significa, literalmente, "o 
estado em que as coisas estavam antes da guerra". 
Código de Hamurabi: Compilação de 282 leis da antiga Babilônia (atual 
Iraque), composto por volta de 1772 a.C.. Hamurabi era o rei da época. 
Justiça distributiva: Relaciona-se à maneira como as pessoas avaliam as 
distribuições de bens positivos (renda, liberdade, cargos políticos) ou negativos 
(punições, sanções, penalidades) na sociedade. 
Lei de Talião: Consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — 
apropriadamente chamada retaliação. Essa lei é expressa pela máxima olho por 
olho, dente por dente. 
Lei n.º 6.194/74: Dispõe sobre Seguro Obrigatório de Danos Pessoais 
causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a 
pessoas transportadas ou não. 
Manu: Legislação indiana que estabelece o sistema de castas na sociedade 
Hindu. Escrito entre os séculos II a.C. e II d.C. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 32 
Princípio da solidariedade social: Refere-se à importância da função social 
da propriedade e dos negócios jurídicos, conciliando as necessidades da 
coletividade e dos interesses particulares. 
Reparação/compensação da vítima: São demandas indenizatórias em que 
é necessária comprovação da conduta – lícita ou ilícita – o dano e o nexo da 
causalidade. 
Teorias do Risco: Se alguém exerce uma atividade criadora de perigos 
especiais, deve responder pelos danos que ocasionar a outrem. 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - V, V, F, F 
Justificativa: a) Gabarito: V 
Percebe-se pelos estudos empreendidos nesta aula, bem como a partir da 
leitura dos textos indicados, que o processo de Constitucionalização do Direito 
Civil tem reflexos evidentes na disciplina da Responsabilidade Civil, com a 
centralização dos instrumentos jurídicos na proteção da pessoa humana, em 
consonância com o fundamento da República Federativa do Brasil: a dignidade 
da pessoa humana. 
 
b) Gabarito: V 
Muito se discute na atualidade sobre as consequências do uso dos alimentos 
transgênicos, bem como de outros adventos da Revolução Tecnológica (os 
problemas possíveis decorrentes do uso do celular, etc.). Ainda não se sabe e 
nem mesmo se tem certeza da segurança da utilização desses alimentos, 
restando evidente a sua ligação com o que a doutrina tem chamado de 
sociedades de risco. Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes, as sociedades 
de riscos não se vinculam diretamente somente às crescentes hipóteses de 
risco, mas, em especial, às sociedades que, diante dessa nova realidade 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 33 
decorrente dos avanços tecnológicos, passam a se preocupar com o seu futuro, 
com a sobrevivência das gerações futuras (2006, p. 237). 
 
c) Gabarito: F 
A categoria dos Direitos da Personalidade decorre de uma mudança de 
paradigmas no âmbito do sistema jurídico brasileiro, decorrendo, em especial, 
do reestabelecimento do ser humano como o centro do ordenamento jurídico, 
haja vista que os direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa 
humana, sobre os quais todos os demais direitos se apoiam. Portanto, resta 
evidente a correlação das novas tendências da Responsabilidade Civil (do 
atualmente chamado Direito de Danos), com o fortalecimento da categoria dos 
direitos da personalidade. Exemplo evidente dessa ligação é a consolidação do 
dano moral como instrumento de proteção dos direitos da personalidade. 
 
d) Gabarito: F 
O dano moral reflexo ou em ricochete consiste no dano que atinge pessoa 
indireta, gerando prejuízo a uma vítima indireta ligada à vítima direta do ato 
ilícito. 
 
A jurisprudência está se assentando no reconhecimento do dano moral 
reflexo:RECURSOS ESPECIAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL - ALUNA BALEADA 
EM CAMPUS DE UNIVERSIDADE - DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS - 
ALEGAÇÃO DE DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, CONSISTENTE EM 
GARANTIA DE SEGURANÇA NO CAMPUS RECONHECIDO COM FATOS 
FIRMADOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM - FIXAÇÃO - DANOS MORAIS EM R$ 
400.000,00 E ESTÉTICOS EM R$ 200.000,00 - RAZOABILIDADE, NO CASO - 
PENSIONAMENTO MENSAL - ATIVIDADE REMUNERADA NÃO COMPROVADA - 
SALÁRIO MÍNIMO - SOBREVIVÊNCIA DA VÍTIMA - PAGAMENTO EM PARCELA 
ÚNICA - INVIABILIDADE - DESPESAS MÉDICAS - DANOS MATERIAIS - 
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO - JUROS MORATÓRIOS - 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL - TERMO INICIAL - CITAÇÃO - DANOS 
MORAIS INDIRETOS OU REFLEXOS - PAIS E IRMÃOS DA VÍTIMA - 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 34 
LEGITIMIDADE - CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL - TRATAMENTO PSICOLÓGICO - 
APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ. 
1 - Constitui defeito da prestação de serviço, gerando o dever de indenizar, a 
falta de providências garantidoras de segurança à estudante no campus, 
situado em região vizinha à população permeabilizada por delinquência, e tendohavido informações do conflagração próxima, com circulação de panfleto por 
marginais, fazendo antever violência na localidade, de modo que, 
considerando-se as circunstâncias específicas relevantes, do caso, tem-se, na 
hipótese, responsabilidade do fornecedor nos termos do artigo 14, § 1º do 
Código de defesa do Consumidor. 
2 - A Corte só interfere em fixação de valores a título de danos morais que 
destoem da razoabilidade, o que não ocorre no presente caso, em que 
estudante, baleada no interior das dependências de universidade, resultou 
tetraplégica, com graves consequências também para seus familiares. 
3 - A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a pensão mensal 
deve ser fixada tomando-se por base a renda auferida pela vítima no momento 
da ocorrência do ato ilícito. No caso, não restou comprovado o exercício de 
atividade laborativa remunerada, razão pela qual a pensão deve ser fixada em 
valor em reais equivalente a um salário mínimo e paga mensalmente. 
4 - No caso de sobrevivência da vítima, não é razoável o pagamento de 
pensionamento em parcela única, diante da possibilidade de enriquecimento 
ilícito, caso o beneficiário faleça antes de completar sessenta e cinco anos de 
idade. 
5 - O ressarcimento de danos materiais decorrentes do custeio de tratamento 
médico depende de comprovação do prejuízo suportado. 
6 - Os juros de mora, em casos de responsabilidade contratual, são contados a 
partir da citação, incidindo a correção monetária a partir da data do 
arbitramento do quantum indenizatório, conforme pacífica jurisprudência deste 
Tribunal. 
7 - É devida, no caso, aos genitores e irmãos da vítima, indenização 
por dano moral por ricochete ou préjudice d'affection, eis que, ligados 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 35 
à vítima por laços afetivos, próximos e comprovadamente atingidos 
pela repercussão dos efeitos do evento danoso na esfera pessoal. 
8 - Desnecessária a constituição de capital para a garantia de pagamento da 
pensão, dada a determinação de oferecimento de caução e de inclusão em 
folha de pagamento. 
9 - Ultrapassar os fundamentos do Acórdão, afastando a condenação ao custeio 
de tratamento psicológico, demandaria, necessariamente, o revolvimento do 
acervo fático-probatório dos autos, incidindo, à espécie, o óbice da Súmula 
7/STJ. 
10 - Recurso Especial da ré provido em parte, tão somente para afastar a 
constituição de capital, e Recurso Especial dos autores improvido. 
(STJ, RECURSO ESPECIAL Nº 876.448 - RJ (2006/0127470-2), Relator: Ministro 
Sidnei Beneti, DJe: 21/09/2010) 
Percebe-se que o dano moral reflexo ou em ricochete aumenta o campo da 
indenização, pois admite os reflexos da conduta lesiva em terceiros que não 
diretamente à vítima, visando dar efetividade à proteção do ser humano em 
toda a sua extensão. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: Visivelmente as demais alternativas não visam concretamente 
aumentar as hipóteses de indenização das vítimas, pelo contrário, inclusive vão 
de encontro às previsões mais modernas dentro da disciplina da 
Responsabilidade Civil. A letra “a” confunde a questão da instransmissibilidade 
dos direitos da personalidade, os quais se extinguem com a morte, com a 
transmissibilidade do direito à indenização pelos danos sofridos pela pessoa, 
ainda em vida, em seu complexo de direitos da personalidade. Veja-se, a 
ofensa a um direito de personalidade pode gerar um dano moral – violação da 
imagem ou privacidade de uma pessoa, sendo que do ato ilícito surge 
imediatamente a obrigação de reparar, a qual, como direito de crédito, é 
perfeitamente transmissível. A letra “b” contraria as posições mais recentes 
sobre a possibilidade de ressarcimento do dano moral reflexo, ou seja, aquele 
sofrido por terceiro que não a pessoa que foi diretamente atingida pela conduta 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 36 
lesiva. A letra “c” está equivocada, porque exatamente a aceitação doutrinária 
de um direito geral de personalidade pressupõe que o rol de direitos previstos 
na legislação infraconstitucional é meramente exemplificativo, sendo que o 
princípio da dignidade da pessoa humana, como cláusula geral, permitiria a 
mais ampla e irrestrita indenização de quaisquer danos sofridos pela pessoa 
humana. A letra “d” mostra a tendência doutrinária e jurisprudencial de não 
enfaixar a classificação dos danos às categorias clássicas do dano moral e 
material, permitindo uma ampla extensão da proteção da vítima. 
 
Questão 3 - E 
Justificativa: As hipóteses previstas nas outras alternativas demonstram a 
criação de novos institutos jurídicos que permitam a mais ampla indenização da 
vítima, através da exclusão da prova da culpa (seja por presunção de culpa ou 
por responsabilidade objetiva), bem como flexibilização do nexo da causalidade, 
não admitindo como excludente do dever de reparar quando presente a Teoria 
do Risco Integral. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: A legislação brasileira, em especial, a Lei n.º 7.347/85 – Lei da 
Ação Civil Pública – que cria mecanismos para o ressarcimento dos danos 
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico, nítidos interesses coletivos ou 
difusos. 
 
Questão 5 - E 
Justificativa: Partindo do pressuposto de que o Direito de Danos visa ao 
ressarcimento da vítima e, para tanto, afasta os obstáculos tradicionais da 
Responsabilidade Civil como, responsabilidade subjetiva, ônus da prova em 
relação ao nexo causal, responsabilização individualizada, resta evidente que o 
§ 4º do Artigo 14, ao manter a responsabilidade subjetiva nas situações em que 
estão presentes os profissionais liberais, não retrata a adoção dessa nova 
sistemática. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 37 
Questão 6 - D 
Justificativa: As outras alternativas demonstram a intenção da legislação de 
diluição dos danos entre os fornecedores e demais agentes econômicos, no 
caso do CDC, entre os os possíveis causadores do dano, entre todos os agentes 
que exercem determinada atividade de risco, como no caso do DPVAT. A 
segunda alternativa prevê a flexibilização do nexo da causalidade, sendo esta 
teoria conhecida como “teoria da causalidade alternativa” permitindo o 
reconhecimento de solidariedade entre os diversos agentes que tenham 
contribuído de alguma forma para o evento danoso. Já na quarta alternativa, 
constata-se que o objetivo é a responsabilização individual. 
 
Questão 7 - V, F, V, V 
Justificativa: a) Gabarito: V 
O uso de cláusulas gerais ou conceitos jurídicos indeterminados possibilita a 
incidência de princípios e valores constitucionais nas relações intersubjetivas, 
permitindo ao aplicador do direito tentar alcançar os ideais de proteção da 
pessoa humana e da socialização dos danos. Neste sentido, Maria Celina Bodin 
de Moraes afirma que: 
“o mecanismo da responsabilidade civil é composto, em sua maioria, por 
cláusulas gerais e por conceitos vagos e indeterminados, carecendo de 
preenchimento pelo juiz a partir do exame do caso concreto. Como a incidência 
dos princípios e valores constitucionais se faz, em via mediata, justamente 
desta maneira, através do preenchimento valorativo destes conceitos, vê-se 
que a constitucionalização da responsabilidade civil pode se dar naturalmente. 
Já a canônica finalidade de moralização da responsabilidade civil parece ter sido 
substituída com vantagens pela concepção que vislumbra no instituto a 
presença, e a consequente realização, de um dever geral de solidariedade, 
também hoje previsto constitucionalmente (CF, Artigo 3º, I), que se encontra 
na base do aforismo multisseculardo neminem laedere, isto é, da obrigação de 
comportar-se de modo a não lesar os interesses de outrem. Trata-se aqui de 
tomar consciência de importante atualização de fundamento, fruto daquela 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 38 
historicidade, imprescindível à ciência jurídica, que se permite atribuir novo 
conteúdo a conceitos radicados.” 
 
b) Gabarito: F 
Verificamos que, visando dar azo à ampla reparação/compensação das vítimas, 
o Direito tem criado instrumentos extrajudiciais de diluição dos riscos, entre os 
quais se enquadram os fundos públicos e privados de indenização, no qual são 
aportadas dotações orçamentárias específicas ou há contribuições dos principais 
agentes causadores de danos, permitindo, com isso, o efetivo ressarcimento do 
dano, função primordial da Responsabilidade Civil, bem como evitando as 
consequências maléficas da atribuição de responsabilidade, muitas vezes sem 
exame da culpa ou até por atos lícitos, a um agente específico, o que poderia 
levar à falência desses entes econômicos com efeitos para toda a sociedade. 
 
c) Gabarito: V 
Sim, o acórdão indicado é exemplo de socialização dos danos, em nítida prática 
da noção de justiça distributiva, cuja diluição dos danos entre os condôminos 
visa ao efetivo ressarcimento da vítima. 
 
d) Gabarito: V 
O Código de Defesa do Consumidor, no seu Artigo 57, prevê que as multas 
auferidas em razão das infrações às suas normas podem reverter a um fundo 
que vise à proteção dos consumidores. 
 
Questão 8 - D 
Justificativa: No contexto do atual Direito de Danos, percebe-se que o direito 
está buscando soluções mais eficazes para o ressarcimento da vítima, 
afastando os possíveis obstáculos existentes (comprovação da culpa e do nexo 
da causalidade, ações indenizatórias individuais em situações em que há 
dificuldade de identificar o agente causador do dano). Entre esses 
instrumentos, estão os seguros de responsabilidade civil e os fundos públicos e 
privados, sendo que estes visam constituir renda através de dotações 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 39 
orçamentárias ou contribuições obrigatórias por parte dos agentes que exercem 
atividade de risco, com o fim último de servir para a reparação/compensação 
da vítima. 
 
Questão 9 - D 
Justificativa: As outras assertivas descrevem os novos instrumentos 
extrajudiciais de indenização da vítima demonstrando a nova roupagem da 
Responsabilidade Civil voltada ao Direito de Danos. A quarta afirmativa é 
incorreta, pois ao se referir aos princípios constitucionais contraria-os, haja vista 
que diante do princípio da solidariedade social e da dignidade da pessoa 
humana, os fundos públicos ou privados, bem como os seguros obrigatórios são 
instrumentos de concretização desses valores constitucionais. 
 
Questão 10 - C 
Justificativa: Esse é um nítido exemplo da aplicação do dever geral de 
solidariedade previsto no Artigo 3º, inciso I da Constituição Federal, pois visa à 
indenização de uma vítima desprotegida, com a criação de um consórcio 
constituído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que 
operem no seguro DPVAT, ampliando assim as hipóteses de ressarcimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 40 
Introdução 
Nesta aula vamos analisar a aplicabilidade da função punitivo-pedagógica da 
Responsabilidade Civil, a qual é defendida por parte da doutrina nacional, em 
comparação com a punitive damages do sistema anglo-saxão. A partir do 
exame da punitive damages, dos critérios para a sua aplicação nos EUA e na 
Inglaterra, demonstrar-se-á as posições doutrinárias favoráveis e contrárias à 
sua adoção pelo Direito brasileiro, demonstrando as diferenças entre os 
sistemas anglo-saxão e germânico-romano. 
 
Em seguida, vamos analisar a jurisprudência sobre o tema, quando você 
constatará que essa função punitiva tem sido usada como critérios para 
quantificação do dano moral, na busca de se estabelecer uma pena privada ao 
agente causador do dano, bem como servir de desestímulo para evitar a 
repetição de atos danosos tanto para o próprio agente, como para toda a 
sociedade, servindo como instrumento de novos danos. 
Bons estudos! 
 
Objetivo: 
1. Examinar a função punitivo-pedagógica da responsabilidade civil, explorando 
a categoria do punitive damages do direito norte-americano e inglês; 
2. Demonstrar que no Direito brasileiro a função punitivo-pedagógica está 
sendo aplicada, de forma subsidiária, como critério para a fixação do quantum 
indenizatório do dano moral, apontando as posições doutrinárias e 
jurisprudenciais favoráveis e contrárias a essa aplicação. 
 
 
 
 
 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 41 
Conteúdo 
Contextualização 
Vamos relembrar a aula anterior? 
 
Vingança 
Na sua origem, como vimos na primeira aula, a Responsabilidade civil fundava-
se na ideia de vingança, seja coletiva, seja individual, mas sempre como uma 
punição para o agente causador do dano, como, por exemplo, ocorria na Lei de 
Talião: “olho por olho, dente por dente”. 
 
Vítima 
Constatamos, também, que essa tendência punitiva foi dando passagem para a 
fase da composição dos danos, centrando na questão patrimonial. Percebemos 
que na atualidade cada vez mais a nossa disciplina está se voltando ao 
ressarcimento da vítima, com a criação de instrumentos auxiliares para o 
alcance desse objetivo principal. 
 
Punição 
Todavia, ao lado desta tendência marcante da responsabilidade civil, alguns 
autores defendem o fortalecimento da função punitivo-pedagógica desse 
ramo do Direito, o que gera críticas por, aparentemente, dar nova valorização 
do elemento subjetivo – culpabilidade. 
 
Retorno da culpa? 
O que esses autores realmente pensam? Percebe-se, porém, que o objetivo dos 
defensores da função punitiva da responsabilidade civil não é meramente o 
retorno da culpa como elemento preponderante da nossa disciplina, 
dificultando-se o alcance da função reparatória. O alvo desses estudiosos é o 
engenho de um Direito de Condutas Lesivas (LEVY, 2012) ao lado daquele 
que estudamos, o Direito de Danos, precipitando-se a efetivar ambas as 
funções, sem que uma seja obstáculo para a outra. 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL: NOVAS TENDÊNCIAS 42 
Vamos entender melhor? Acompanhe a seguir. 
 
Análise da retomada da culpa 
Ao falar de um Direito de Condutas Lesivas estamos dando abertura à 
retomada da culpa no exame da responsabilidade civil, pois não há como se 
separar a ideia de punição da concepção de culpa. Contudo, a questão que 
se coloca em análise é: 
 
A retomada da culpa não passaria a ser um obstáculo ao 
ressarcimento da vítima? 
Pela análise da obra de Daniel de Andrade LEVY (2012, p. 91) é possível 
responder negativamente a essa pergunta, pois defende a possibilidade de 
cisão, de bifurcação da Responsabilidade Civil, “por meio de duas diferentes 
frontes, uma concentrada na vítima, e outra, no ofensor”, demonstrando que 
cada uma destas funções não pode ser concentrada em um dos campos de 
divisão do direito (Direito Público e Direito Privado), como já o foi, quando a 
função penalizadora seria exercida pelo Direito Público (no âmbito do Direito 
Penal e Administrativo), visando o interesse da coletividade, enquanto a função 
reparatória seria efetiva pelo Direito Privado, através da Responsabilidade Civil, 
visando o interesse do particular, do indivíduo singular, na proteção do seu 
patrimônio. 
 
Veja mais detalhes sobre a análise do Daniel de Andrade Levy. 
 
Antes 
Responsabilidade civil = Responsabilidade penal

Continue navegando