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CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL PROFESSORA: KELLY MAIA MAGALHÃES A CONSIDERAÇÃO DOS AMBIENTES ALIMENTARES PARA AS PRÁTICAS DE CUIDADO O trabalho na APS nos mostra que as práticas em saúde só ganham sentido quando estão pautadas na realidade dos indivíduos e das comunidades. Essa realidade é moldada pelo território e pelas formas devida que ali se estabelecem, e é sob a compreensão deste contexto que os cuidados em Alimentação e Nutrição precisam se dar. É preciso reconhecer que a situação alimentar e nutricional da população no território é atravessada por condicionantes, que determinam a disponibilidade, o acesso e utilização dos alimentos, que consequentemente repercutirão sobre seu estado de saúde e nutrição. Trata-se de compreender que “o comportamento alimentar das pessoas não é completamente autônomo, é o resultado da vida cotidiana em um ambiente alimentar, que por sua vez resulta de uma cadeia de suprimentos alimentares” (SOUZA et al., 2021, p. 62), ou seja, que fazem parte de um sistema alimentar. É importante reconhecer o território enquanto um espaço multifacetado e vivo, que se coloca simultaneamente como suporte da organização das práticas de saúde, dos serviços de saúde e da vidadas CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL PROFESSORA: KELLY MAIA MAGALHÃES pessoas e que configura sob um perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico, político, social e cultural próprios, expressando um território em permanente construção (MONKEN etal., 2008; PEREIRA; BARCELOS, 2006). Nessa dinâmica se inclui as diversas práticas alimentares presentes entre os lugares e territórios, que exercem influência direta na saúde e no adoecimento dos indivíduos, de suas famílias e comunidades. Logo, a identificação do ambiente alimentar como parte do diagnóstico do território desponta como um elemento essencial para a construção de práticas de cuidado em Alimentação e Nutrição contextualizadas que contribuam para a atenção integral à saúde. O processo de territorialização é uma etapa fundamental de conhecimento do território pelas equipes de saúde na APS, que permite a ampliação da possibilidade de reconhecimento das condições de vida e situação de saúde da população, em suas potencialidades ou riscos coletivos, e possibilita um planejamento mais contextualizado do processo de trabalho dos profissionais na área adscrita (BRASIL,2017). A PNAN incentiva que as equipes da APS identifiquem locais de produção, comercialização e distribuição de alimentos, costumes e tradições alimentares locais, entre outras características do território que moldam a disponibilidade e conveniência de alimentos de maior ou menor qualidade na comunidade e geram impacto nos hábitos alimentares e situação nutricional dos indivíduos (BRASIL,2012; FORTES et al., 2018). Chama-se de ambiente alimentar o conjunto dos meios físico, econômico, político e sociocultural,bem como oportunidades e condições que influenciam as escolhas alimentares e o estado CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL PROFESSORA: KELLY MAIA MAGALHÃES nutricional das pessoas (SWINBURN et al., 2013). O ambiente alimentar é, portanto, um fator determinante para o acesso e consumo alimentar da população e devemos compreendê-lo a partir das suas várias dimensões e níveis de complexidade (GLANZ et al., 2005 apud BORGES et al., 2018). É importante destacar que esse movimento de disponibilidade de alimentos e escolhas alimentares está atravessado pelos determinantes comerciais da saúde, que compreendem práticas corporativas e interesses comerciais que causam impactos na saúde dos indivíduos e populações, por meio de influências nas políticas públicas, alterando os ambientes e moldando as preferências individuais e os padrões alimentares populacionais (OPAS, 2011; KICKBUSH et al., 2016). Assim, o desenvolvimento de iniciativas de educação em saúde que dialoguem com a população sobre publicidade de alimentos não saudáveis, rotulagem de alimentos e riscos dos produtos ultraprocessados, entre outras temáticas que ampliem a autonomia das pessoas para fazer escolhas alimentares promotoras de saúde, contextualizadas aos saberes e à realidade local, deve ser incorporado ao processo de trabalho das equipes de APS (SANTANA, et al., 2021).
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