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Microbiologia Geral e Biossegurança Professora Dra. Aline José Maia Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 4 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M217m Maia, Aline José Microbiologia geral e biossegurança / . Paranavaí: EduFatecie, 2021. 110 p. : il. Color. 1. Microbiologia. 2. Biossegurança. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 616.079 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 AUTORA Professor Dr. Aline José Maia Doutora em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) – área de concentração Proteção de Plantas. Possui mestrado em Agronomia pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) – área de concentração Produção vegetal. É formada em Agronomia pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). O endereço de acesso: http://lattes.cnpq.br/4683408883039820 Amplo conhecimento laboratorial manutenção básica de laboratório, segurança no laboratório, esterilização e técnicas de assepsia, tipos de meio de cultura, preparo de meio de cultivo de fungos e bactérias, condições de crescimento de patógenos, métodos de isolamento de fungos e bactérias, Postulado de Koch (regras de prova de patogenicidade), técnicas de inoculação, manutenção e preservação de culturas, controle de microrganismos in vitro. E também atua nos seguintes temas: proteção de planta, propagação, fruticultura, controle fitossanitário e manejo orgânico em videiras. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Caro (a) aluno (a)! Seja bem-vindo à disciplina de microbiologia. Esta disciplina abordará diversos assuntos a respeito dos microrganismos. Os microrganismos são seres que não são observados a olho nú, nós precisamos de ferramentas para observá-los, para verificar suas diversas formas, reprodução, aspectos bioquímico-fisiológicos e seu relacio- namento com o hospedeiro sendo benéfica ou prejudicial. Para estudarmos o mundo dos organismos microscópicos, nosso curso será dividi- do em quatro unidades: Na unidade I apresenta conceito de microbiologia, um breve histórico e marcos da microbiologia. Nesta unidade, também estudaremos a classificação dos seres vivos e as características gerais dos microrganismos como bactérias, protozoários, fungos e vírus, bem como os microrganismos no cotidiano. A unidade II abordará a caracterização e controle dos microrganismos, entendendo como obtém uma cultura pura e quais os meios são utilizados para o cultivo de microrga- nismos, bem como os elementos químicos e condições físicas necessários para o cultivo de microrganismos. Para termos sucesso no isolamento é necessário saber como é feito o preparo dos microrganismos para serem visualizados no microscópio e vamos ver também como é feito o controle dos microrganismos. Na unidade III e IV vamos tratar dos principais grupos de microrganismos. Ao longo da unidade III, vamos destacar A organização celular, reprodução, crescimento, variabilidade genética e principais grupos de bactérias, assim como as principais características dos proto- zoários. Na unidade IV, vamos estudar as principais características morfológicas, fisiológicas, reprodutivas e a classificação de fungos e as principais características dos vírus. Que você alcance junto conosco, bons resultados ao percorrer esta jornada de conhecimento e que juntos consigamos alcançar os maiores sucessos em multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Abraços e excelente estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Introdução à Microbiologia UNIDADE II ................................................................................................... 23 Caracterização e Controle dos Microrganismos UNIDADE III .................................................................................................. 53 Principais Grupos de Microrganismos UNIDADE IV .................................................................................................. 83 Principais Grupos de Microrganismos 3 Plano de Estudo: A seguir apresenta-se os seguintes tópicos que você estudará nesta unidade: ● O que é microbiologia e sua aplicação; ● Histórico da microbiologia; ● Classificação dos seres e característica geral dos microrganismos; ● Microrganismos no cotidiano. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender as principais características da microbiologia como ciências. ● Conhecer a perspectiva histórica da microbiologia. ● Diferenciar célula eucarionte de procarionte ● Caracterizar os principais grupos de microrganismo ● Exemplificar a função dos microrganismos no ambiente UNIDADE I Introdução à Microbiologia Professora Dra. Aline José Maia 4UNIDADE I Introdução à Microbiologia INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a) nesta primeira unidade do livro será apresentado a microbio- logia como ciências. No primeiro tópico a ser tratado traz a compreensão que a microbiologia estuda organismos pequenos, que não são visíveis a olho nu pelo homem, somente com a ajuda do microscópio. Este foi um tópico elaborado com o intuito de sensibilizá-lo (a) sobre a im- portância da microbiologia e que sem a invenção do microscópio seria impossível observar estes seres tão pequenos. No tópico seguinte serão abordados assuntos que tratam do surgimento da micro- biologia como ciência. A descoberta do mundo microbiano inclui histórias dos primeiros cientistas que optaram por estudar a microbiologia, sendo eles motivados por suas desco- bertas, o que levou a algumas verdades serem reconhecidas. Em seguida, em um terceiro tópico, será abordado a diferença entre as células eucariontes e procariontes. Neste tópico convido você a conhecer as características dos grupos de microrganismos procariotos e as características dos grupos dos microrganismos eucariotos, uma vez que, com o avanço da microscopia foi possível distinguir a célula mi- crobiana nestas duas categorias. Para finalizar esta unidade, trataremos sobrea contribuição dos microrganismos no nosso cotidiano: fertilidade do solo, reciclagem de substâncias e participação de ciclos bioquímicos. Os microrganismos, também podem contribuir com a fabricação de produtos como iogurtes, vinhos, queijos, vinagres e pães. Além disso, tratarei de algumas informa- ções sobre os microrganismos que causam doenças em humanos, animais e plantas. Espero que seja uma leitura agradável e que contribua para o seu desenvolvimento. 5UNIDADE I Introdução à Microbiologia 1. O QUE É MICROBIOLOGIA E SUA APLICAÇÃO Para iniciarmos, vamos fazer a seguinte pergunta: O que é microbiologia? Se fragmentarem a palavra, microbiologia, vamos ver que temos um conjunto de termos que denotam micróbio. Esta palavra, micróbio, tem origem grega onde mikros signi- fica pequeno e bio significa vida. Assim, microbiologia é a ciência que estuda os organismos pequenos, e suas atividades biológicas. Organismos microscópicos são organismos que não são observados a olho nu, precisamos de uma ferramenta para observar estes organismos pequenos. Para termos noção do tamanho destes seres, vamos imaginar uma escala, e que a menor parte da escala é um angstrom que é igual a 10-10 metros, isso é muito pequeno, nossos olhos não conseguem identificar estruturas menores que um milímetro. Para isso, precisamos de técnicas que auxiliam na visualização destes microrganismos. Entre as técnicas mais usadas na microbiologia tem a microscopia de Luz e a Eletrônica. Estes equipamentos permitem visualizarmos estruturas que são impossíveis de enxergar a olho nu. Quando comparamos uma célula vegetal com a célula animal conse- guimos fazer esta diferenciação com o microscópio de Luz, se quisermos maiores detalhes, por exemplo de uma partícula viral vamos precisar de um microscópio eletrônico, pois é uma partícula muito pequena, menor bem menor que a célula vegetal e animal. 6UNIDADE I Introdução à Microbiologia Portanto, antes de surgir a microscopia, não existia a microbiologia, pois era impos- sível de visualizar os microrganismos. A partir do surgimento do microscópio foi obtendo-se maiores informações para caracterizar os microrganismos. As características que permitem classificá-los são: Carac- terísticas culturais (exigência nutricional e ambiental); Características morfológicas (forma da célula e colônia); Características metabólicas (reações bioquímicas para sobrevivência); Características antigênicas (componente celular que são semelhantes entre espécies); Características genéticas (caracterização do genoma); Potencial de causar doenças (ho- mens, animais e plantas); Características ecológicas (relação entre os microrganismos e sua ocorrência natural) e a classificação taxonômica (grupos de microrganismos). Todas estas características abrangem a microbiologia básica. E por meio do conhecimento obtido na microbiologia básica podemos utilizar estes princípios básicos e aplicar os microrganismos às suas finalidades específicas, ou seja, a microbiologia básica fornece os princípios fundamentais para a microbiologia aplicada. Enquanto que a microbiologia básica estuda a natureza fundamental, as propriedades de microrganismo, a microbiologia aplicada usa os microrganismos nas mais diversas áreas da medicina, agricultura, indústrias e ambiente. Os microrganismos são capazes de sintetizar várias substâncias químicas como ácido cítrico e antibióticos (Penicilina). Também tem microrganismos que são cultivados em grande escala para suplementação alimentar de humanos e animais. Certos microrganis- mos têm a capacidade de fermentar material orgânico, produzindo o gás metano. Além da indústria, os microrganismos podem ser utilizados para alterar ambientes específicos, como exemplo, bactérias que extraem cobre e ferro de minérios de baixa qua- lidade. Os microbiologistas de solo, que buscam microrganismos para degradar poluentes específicos como inseticidas e herbicidas. Ainda tem a área do controle biológico, na qual os microrganismos controlam pragas e doenças em plantas. Você percebe, caro aluno (a) a importância das duas áreas, microbiologia básica e aplicada? Uma vez que os microrganismos estão sempre conosco, seja na produção de substâncias químicas de interesse na indústria ou por causarem doenças. 7UNIDADE I Introdução à Microbiologia 2. HISTÓRICO DA MICROBIOLOGIA Querido (a) acadêmico (a), falamos no início do primeiro tópico que a microbiologia surgiu após a invenção do microscópio, por isso neste segundo tópico vamos abordar a trajetória da microbiologia como ciência, mencionando os cientistas que mais contribuíram para o reconhecimento da microbiologia como ciências. A história da microbiologia começa quando Robert Hooke em 1665 decide fazer algo interessante. Com um conjunto de lentes de aumento ele visualiza uma fatia de cortiça e vê grandes emaranhados e que os emaranhados são unidos por unidades que se repetem. Assim, ele compara-se com as células de animais e plantas, que são também formados por estruturas repetitivas. E Antony Van Leeuwenhoek (1632-1723), utilizou lentes de aumento acoplado a uma chapa que no lado anterior tinha um lugar para colocar água e contra a luz observou vários filamentos de tamanho variável e que se movimentavam, ele deu o nome de anima- cros para estas estruturas. Com a criação do microscópio possibilitou um avanço na biologia. Embora este microscópio fosse muito simples, adotado apenas de uma lente de vidro que permitia um aumento de 300 vezes. Assim tudo o que era invisível a olho nu tornou-se visível o suficiente para ser pesquisado. Este microscópio primitivo permitia observar bactérias de 1 a 2 micras (um milésimo de milímetros). 8UNIDADE I Introdução à Microbiologia As observações de Hooke e Leeuwenhoek levaram à descoberta da célula, mas somente em 1839 que a célula foi reconhecida como unidade fundamental de vida. Para darmos continuidade a nossa discussão sobre o histórico da microbiologia, convido você caro (a) aluno (a), a abordar os conceitos sobre a teoria da geração espontâ- nea de microrganismos. Na época, muitos pesquisadores defendiam a teoria da ABIOGÊNESE, defende que a criação de um ser vivo é a partir de matéria inanimada (sem vida). Enquanto que poucos pesquisadores defendem a teoria da BIOGÊNESE, na qual acreditava que o ser vivo surgiu a partir de outro pré-existente. Vamos a nossa discussão sobre a história da microbiologia. Francesco Redi (1626-1697), provou em um experimento, no qual ele utilizava fras- cos com carne. Alguns fracos ficaram descobertos e outros ficaram fechados impedindo a entrada de qualquer ser vivo. Com o passar do tempo ele observou que surgiram larvas na carne que estava com o descoberto, a carne já estava em decomposição. E de onde surgi- ram as larvas? Então ele observou que havia moscas que passavam pela carne deixando seus ovos, os quais davam origem às larvas. Hoje é comum ver isso no nosso dia a dia. Nas carnes que ficaram fechadas não houve interação com as moscas, as carnes ficaram intactas, ou seja, não teve o surgimento de larvas. Então, caro aluno (a) consegue perceber que a geração espontânea está incorre- ta? Se ela estivesse correta, as larvas surgirão tanto nas carnes que estavam nos frascos abertos como nos frascos fechados, nos dois frascos. Aqui ficou provado que a vida surge por meio de outro ser vivo. Mesmo com a comprovação de Redi, que os microrganismos não surgiram de material inanimado, muitos pesquisadores da época não aceitaram, outros falaram que este experimento era somente para organismos multicelulares. Então continuou a pesquisa para comprovar que os microrganismos não se desen- volviam por abiogêneses. Outro pesquisador que teve papel primordial na microbiologia foi o químico francês, Louis Pasteur (1859). Ele comprovou que o ser vivo não pode surgir de matéria inanimada. Para isso, o que ele fez? Ele realizou um experimentoutilizando um balão de vidro, onde ele colocou um caldo nutritivo, em seguida ele ferveu o material para matar todos os microrganismos que estavam ali dentro, posteriormente ele pegou este balão e entortou o gargalo, ao entortar esse gargalo o que era impedido? A entrada do microrganismo. Assim os microrganismos não atingiam o caldo nutritivo, o ar entrava mais os mi- crorganismos não, estes ficavam retidos na curva do gargalo. Depois o que Pasteur fez? 9UNIDADE I Introdução à Microbiologia Quebrou o gargalo deixando o ar em contato direto com o caldo nutritivo. E ele percebeu o desenvolvimento dos microrganismos. Com este experimento Pasteur provou que o material foi contaminado por microrganismos presentes no ar e não que o ser vivo surgiu do caldo nutritivo. Então Pasteur provou que a vida surge por meio de outro ser vivo. Essa ideia foi importante para derrubar a teoria da abiogênese que até então era dominante. Outra contribuição importante foi a técnica da pasteurização, técnica criada por Pasteur. Essa técnica é utilizada até hoje para evitar a proliferação de microrganismos. A técnica consiste no aquecimento e um rápido resfriamento. Um exemplo, é o leite pasteuri- zado, no qual o leite é aquecido a 72 graus e rapidamente resfriado a 35 graus e embalado logo em seguida de forma a não entrar em contato com outros microrganismos. Continuando, em 1796, Jenner criou uma vacina para varíola. Ele põe em prova o ditado popular que as pessoas que trabalham com animais adquiriram uma versão mais leve da doença. Ao observar mulheres que eram responsáveis pela ordenha quando expos- tas ao vírus bovino tinham mesmo uma versão mais leve da doença. Ele colocou o pus das mãos de uma das mulheres que trabalhavam na ordenha em um menino e em poucos dias observou que o menino se recuperou em poucos dias. Ele repetiu esse procedimento em vários humanos com varíola, descobrindo assim a propriedade de imunização. Técnicas antissépticas foram introduzidas por um cirurgião e pesquisador inglês, Lister (1865). Ele demonstrou que o ácido carbólico (fenol) era um agente antisséptico eficiente, pois após seu uso em cirurgias fez com que reduzisse o número de mortes por infecção pós-operatória. Hoje utilizamos o álcool etílico, hipoclorito de sódio, compostos clorados e ácido acético. Em 1876, o médico alemão, que teve grande importância para descobertas e fundamentos da microbiologia foi Robert Koch. Ele foi responsável pelo descobrimento da bactéria Bacillus anthracis, causador da doença carbúnculo, que dizimou populações inteiras de ovelhas. Em estudos desenvolvidos por Robert Koch revela que os esporos da bactéria poderiam sobreviver anos no solo, no qual Koch idealizada que os animais portadores da doença tivessem seus corpos cremados para evitar com que a doença fosse espalhada ainda mais. O médico ainda provou que cada tipo de microrganismo infeccioso provocava uma doença específica. Com estes estudos ele publicou quatro postulados que são utilizados até hoje na microbiologia. 1) Associação do microrganismo constante com a doença. 2) O Microrganismo deve ser cultivado em meio à cultura nutritiva. 3) Inocular em ser sadio suscetível 4) Recuperação do microrganismo - observar as mesmas características obtidas no postulado dois. 10UNIDADE I Introdução à Microbiologia Cumprida os quatros postulados pode se dizer que o microrganismo é o agente que causa a doença. Estas etapas dos postulados foram responsáveis pela compreensão de como as doenças são transmitidas. Koch continuou a aperfeiçoar os métodos de labo- ratório, inventou diferentes meios de cultura nutritivo entre eles o meio batata e ágar e este meio era mantido em um recipiente próprio, placas de Petri, que foram inventadas por seu amigo Richard Petri. Esta invenção é utilizada até hoje. E a pesquisa continuava, em 1892 Dimitri Ivanovski observou que o organismo que causava a doença do Mosaic taboco vírus era muito pequeno e capaz de passar por qualquer filtro que na época era utilizado para deter as bactérias. No entanto, somente em 1936 Wendell Stanly demonstrou a verdadeira natureza química do vírus causador do mosaico do tabaco. Alexander Fleming, médico oficial inglês, por volta de 1929, estudando a bactéria Staphylococcus aureus, responsável pelas abscisão em feridas abertas provocadas pelas armas de fogo, acidentalmente descobriu que o mofo oriundo do fungo Penecillium secreta uma substância que destrói a bactéria. Ainda que seja ao acaso ele criou o primeiro antibió- tico da história da humanidade, a penicilina, o que fez da medicina uma verdadeira ciência. E por fim em 1995 é anunciado a primeira sequência completa de um genoma bacteriano Haemophilis influenzae, bactéria responsável em causar pneumonia. 11UNIDADE I Introdução à Microbiologia 3. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES E CARACTERÍSTICA GERAL DOS MICRORGANISMOS Essa classificação envolve a sequência de nucleotídeos do gene que codifica para RNA ribossomo, para os ribossomos. Só para você lembrar, os ribossomos são macromo- léculas responsáveis pela síntese de proteínas. Agora você deve ter perguntado por que usa a classificação ribossomo? Pois bem, todo o ser vivo tem seu código genético na forma de uma molécula de DNA e têm genes que codificam para os ribossomos. Todo ser vivo possui ribossomo em sua célula, pois estes são responsáveis pela síntese de proteína que é uma função básica. A vida só é possível, dentro de outros aspec- tos, porque fazemos síntese proteica. Esse processo é bem controlado, não pode ocorrer muitos erros pois na síntese proteica as proteínas sintetizadas devem corresponder o mais próximo do código genético que é herdado das células parentais. Contudo, a evolução na modificação da sequência de nucleotídeos para o ribossomo é lenta, ou seja, ocorrem poucas modificações para a evolução dos seres vivos. Assim, ao analisarmos a classificação dos seres vivos, que começa com a informa- ção se é um organismo eucarioto e ou organismo procarioto é com base na comparação da sequência do DNA e RNA codificados para o ribossomo. E com isso se tem três domínios, que é o táxon máximo que engloba a classificação dos seres vivos é assim denominada, domínio, sendo o domínio Eucarioto, domínio Archaea e o domínio Bacteria. 12UNIDADE I Introdução à Microbiologia Agora, vamos dar ênfase a: quanto tempo há vida na terra. Se fizéssemos uma relação da origem da vida com um relógio veríamos que os seres humanos surgiram nos últimos segundos. Considerando que a terra surgiu há aproximadamente 4,6 bilhões de anos atrás, veja que as primeiras formas de vida surgiram a quase 4 bilhões de anos atrás e foram os microrganismos, as bactérias, procariotos, que continuam até hoje. Em seguida surgiu as bactérias fototróficas (bactérias que não precisam de oxigênio), e as bactérias cianobactérias (bactérias que liberam oxigênio) dando início a oxigenação na atmosfera e a 2 bilhões de anos atrás surgiu os eucariontes, seres mais complexos, inicialmente microrganismos unicelulares. Os eucariontes são a maioria dependente do oxigênio para seu metabolismo. Em seguida surgem as algas que começam a aumentar em termos de diversidade. Os invertebrados, as plantas e os mamíferos e por fim os humanos surgiram um pouco menos de meio milhões de anos atrás. Somente a menos de um bilhão de anos atrás que surgiram vidas mais complexas e que predominam até hoje. Assim, a raiz da árvore de ancestrais é a bactéria que foi se diversificando com a evolução durante 4 bilhões de anos e surgiu vários grupos de seres vivos. Dentro do domínio bactéria tem as bactérias Gram positivas, bactérias proteolíticas, Cianobactérias e hipertermófilos. No domínio Archaea, microrganismos que vivem em ambientes extremos, como halófilos (ambientes salinos), Metanogênicos (ambiente rico em metano) e hiperter- mófilos (ambiente com temperaturas elevadas). E nodomínio Eucarioto, tem os grupos dos animais, o qual pertencemos, o grupo dos fungos e os vegetais. Evolutivamente somos próximos dos fungos, apesar de ter uma complexidade muito diferente. E muito longe de organismos capazes de causar doenças como protozoários e giárdia. Para completar nossa discussão, os ribossomos são moléculas presentes em todos os seres vivos e que são pouco alterados ao longo dos anos, então, ele é utilizado para a classificação dos seres vivos em domínio até diferentes taxas (Unidade taxonômica). Quando temos dois indivíduos e queremos descobrir a qual domínio eles pertencem fazemos a com- paração da sequência de nucleotídeos de genes que codificam para os ribossomos. E quanto mais próxima for a sequência de nucleotídeos entre dois indivíduos que dizer que a história evolutiva foi incomum. E quanto mais convergente mais distante são os dois indivíduos. Os ribossomos das bactérias são de 70 S (S = sedimentação), com duas subuni- dades uma de 50 S (maior) e outra de 20 S (menor). A unidade de 50 S é dividida em mais duas subunidades, uma de 23 S e outra de 5 S, com 31 proteínas. O gene de DNA que codifica 23 S tem aproximadamente 2904 pares de bases e a 5 S tem 120 pares de bases. Para a unidade menor, 30S é formada por 1542 pares de bases, com 21 proteínas. Quando 13UNIDADE I Introdução à Microbiologia classificamos um indivíduo como bactéria (procarionte) se usa esta sequência de nucleo- tídeos. Os ribossomos nos eucariotos têm o coeficiente de sedimentação maior, 80 S, a subunidade 60 S (maior) e 40 S (menor). A subunidade 60 S é formada por três unidades, 28 S (4.718 pares de bases), 5,8 S (160 pares de bases) e 5 S (120 pares de bases), sendo que apresentam 49 proteínas. E a unidade 40 S tem a unidade 18 S com aproximadamente 1874 pares de bases que codificam 39 proteínas. Então quando temos o gene 18 S estamos nos referindo a subunidade menor com aproximadamente 1874 pares de bases, sequência de nucleotídeos ribossômico, que se refere aos eucariotos e não procariotos. A comparação da sequência de nucleotídeos RNA ribossômico permite identificar qualquer indivíduo que vai de domínio até espécie, veja, foram mais de 4 bilhões de anos de evolução, durante o qual os seres se diferenciam em tamanho, forma, genética e habitat, ainda se usa a morfologia para caracterizar os eucariotos, no entan- to, para identificar procariotos usa a genética (RNA ribossomo), metabólicos e bioquímicos. Mas você deve estar se perguntando, qual é a diferença entre a célula procarionte e eucarionte. Então, a seguir vamos discutir as principais diferenças entre células procariotas e eucariotas. A célula eucariótica tem um núcleo verdadeiro, delimitado por membrana, enquanto que as células procarióticas o núcleo fica disperso no citoplasma em uma região denominada nucleóide. Quanto ao tamanho da célula, geralmente a célula procariótica apresenta 0,2 a 2 micrômetro e a célula eucariótica apresenta aproximadamente 10 a 100 micrômetros. Presença de organelas revestida por membranas, os procariotos apresentam poucas or- ganelas enquanto que os eucariotos têm muitas (núcleo, lisossomo, complexo de golgi, retículo endoplasmático, mitocôndrias, cloroplastos). O flagelo presente em procariotos é composto por três partes, gancho, corpo basal e filamento, nas células eucarióticas é mais complexo pois apresenta citoplasma no seu interior, múltiplos microtúbulos para garantir o movimento. O glicocálice em procariotos é presente em forma de cápsula e camada limosa, em eucariotos é presente em algumas células sem parede celular. A parede celular geralmente presente nos procariotos e bem complexa pois contém peptidoglicano que divide as bactérias em gram-positiva (maior quantidade de peptideoglicano) e gram-negativa (menor quantidade de peptideoglicano), em eucariotos quando presente é mais simples contém celulose em vegetais e algas e quitina em fungos. A membrana plasmática em procariotos é composta por carboidratos, enquanto que nos eucariotos a principal substância são esteroides. Em procariotos o é ausente o fluxo citoplasmático e nos eucariotos ocorre o fluxo citoplasmático. 14UNIDADE I Introdução à Microbiologia E os ribossomos dos procariotos são menores (70S) quando comparado com os eucariotos que apresenta duas subunidades, a maior (80S) e a menor (70S). O material genético em procariotos apresenta um único cromossomo circular sem histonas (proteínas de enovelamento do DNA). E nos eucariotos o cromossomo é linear e com a presença de histonas. A divisão celular dos procariotos é por meio da fissão binária e não envolve recombinação sexual, somente a transferência do DNA. Enquanto que os eucariotos a divisão celular envolve a mitose e a recombinação sexual a meiose. Essas são as principais diferenças entre uma célula procariótica e eucariótica. Caro aluno (a) no decorrer do curso você vai ver que os microrganismos podem ser divididos em grupos. Aqueles que utilizam oxigênio, aqueles que não usam o oxigênio, mi- crorganismos que utilizam o carbono orgânico e aqueles que utilizam o carbono inorgânico. Então vamos deixar clara algumas definições. Os microrganismos podem usar como fonte de energia a luz, sendo denominados de fototróficos, ou utilizar compostos químicos, sendo denominados de quimiotróficos. Outra divisão é o tipo de molécula como fonte de carbono, elemento que todos os seres vivos contêm. Como fonte de carbono tem: compostos orgânicos, organismos denominados de heterotróficos; e o dióxido de carbono, organismos denominados de autotróficos. Logo temos: Quimioheterotróficos (organismos que utilizan como fonte de energia compostos químicos e fonte de carbono compostos orgânicos), Quimioautotróficos (organismos utili- zam como fonte de energia compostos químicos e fonte de carbono dióxido de carbono), Fotoheterotrófico (organismo que utiliza como fonte de energia a luz e fonte de carbono compostos orgânicos) e fotoautotrófico (organismos que utilizam como fonte de energia a luz e fonte de carbono dióxido de carbono). Organismos quimioheterotróficos, o aceptor final de elétrons é o oxigênio, são quase todos os animais, fungos, protozoários, e boa parte das bactérias. E o aceptor final de elétrons sem oxigênio são as Streptomyces e Clostridium. Os quimioautotróficos são bactérias que oxidam oxigênio, enxofre, ferro e nitrogênio. As bactérias não sulfurosas são fotoautotróficas, enquanto que organismos como plantas e algas, utilizam água para reduzir o dióxido de carbono e as bactérias sulfurosas que não usam água para reduzir para dióxido de carbono são exemplos de organismos fotoheterotróficos. 15UNIDADE I Introdução à Microbiologia 4. MICRORGANISMOS NO COTIDIANO Caro aluno (a), você sabia que os microrganismos estão presentes em todos os lugares e contribuem para a vida dos seres vivos? Os microrganismos estão presentes em várias coisas que acontecem à nossa volta. Os microrganismos estão envolvidos na fermentação, reciclagem de nutrientes, fabricação de alimentos e bebidas, na indústria farmacêutica, medicina e na agricultura. A fermentação é um processo de liberação de energia que ocorre sem a participação de oxigênio, ou seja, é a transformação da matéria orgânica em outra, liberando energia. Quem é o responsável pela transformação da matéria orgânica em outros produtos? As bactérias e fungos. Para que se tenha a fermentação alcoólica é necessário que ocorra um processo denominado de glicólise. Processo químico no qual fosfatos são incorporados na molé- cula de glicose, que forma duas moléculas de ácido pirúvico, que sofre ação da levedura (Saccharomyces cerevisae) e da bactéria (Zymomonas mobilis), resultando em etanol e dióxido de carbono. Esse tipo de fermentação alcoólica é muito comum na produção de pães, vinhos, cerveja e etanol. A fermentação lática que é realizada exclusivamente por bactérias, Lactobacillus e Streptococcus,ocorre com derivados da lactose, ou seja, o ácido pirúvico é transformado em ácido lático. Essa fermentação é comum na fabricação de iogurtes e queijos. A fermentação acética ocorre a partir da fermentação alcóolica. O etanol obtido da fermentação alcoólica entra em contato com as bactérias Acetobacter ou Gluconobacter, as quais transformam o etanol em moléculas do ácido acético, principal componente do vinagre. 16UNIDADE I Introdução à Microbiologia Os cogumelos podem ser alimentos muito nutritivos, com grande quantidade de proteínas que equivalem à carne bovina. São alimentos ricos em carboidratos e vitaminas com baixo teor de gordura. E são aliados benéficos nos tratamentos de doenças como o câncer, lúpus e HIV que afetam a humanidade. Dentre os cogumelos comestíveis podemos citar o Lentinula edodes comumente conhecido como shitake, Agaricus bisporus, popular- mente conhecido como champignon ou cogumelo de botão, Auricularia sp. Conhecida como orelha-de-pau. E as chamadas trufas, termo popular para indicar um tipo de fungo (Tuber meloporum) comestível do grupo ascomicetos. Geralmente as trufas aparecem associadas às raízes de plantas como carvalho, salgueiro, álamo e bétulas, ficando alguns centímetros da superfície das plantas. As trufas são consideradas um dos pratos mais caros da Europa, devido à dificuldade de serem encontradas. As trufas liberam substâncias químicas que somente os cães são capazes de sentir. Os queijos refinados como Roquefort de origem francesa são produzidos do leite de ovelha com veias originadas do fungo Penicillium roqueforti. O queijo de origem italiana, gorgonzola, produzido com leite de vaca, as veias de coloração cinza e azul deriva de matura- ção com o fungo Penicillium glaucum. Os queijos Camembert e Brie, também produzido com leite de vaca, sua casca apresenta uma camada branca ou cinza bem aveludada é devido a presença de fungos causadores de mofos, Penicillium candidum e Penicillium camemberti. Na indústria farmacêutica, o fungo Penicillium notatum que produz um antibiótico, composto com a capacidade de inibir o crescimento ou causar a morte de bactérias. Esse antibiótico, a penicilina, é utilizado no tratamento e profilaxia de doenças bacterianas. A penicilina inibe uma enzima chamada transpeptidase, que atua na formação do peptideogli- cano (importante componente da parede celular das bactérias). Essa inibição faz com que a penicilina provoque a rápida destruição da célula, consequentemente morte da bactéria. A produção de bacitracina por Bacillus sp. Também é um importante antibiótico pois inibe a biossíntese parede celular das bactérias. O antibiótico, a estreptomicina, é eficaz no tratamento de tuberculose. É produzido pela bactéria Streptomyces pertencente ao grupo Actinomicetos. Esse antibiótico inibe também a síntese proteica havendo, portanto, a inibi- ção do crescimento e eliminação da célula bacteriana. As descobertas que ocorrem na microbiologia ajudam os profissionais da saúde a compreender, diagnosticar e tratar doenças que não são bem compreendidas. Os conheci- mentos adquiridos foram primordiais para melhorar o tratamento de doenças como a AIDS, doença de Lyme e a doença de legionários, que são causadas por microrganismos. 17UNIDADE I Introdução à Microbiologia Os microbiologistas que trabalham o solo buscam microrganismos que degradam os poluentes como herbicidas e inseticidas. E na agricultura, na área de controle biológico, os microrganismos são usados para controlar insetos, como por exemplo Bacillus thurin- giensis no controle de larvas de lepidópteros que atacam a cultura da soja e do milho. Os microrganismos também são utilizados para o controle de doenças em plantas, como por exemplo Trichoderma sp. no controle de Sclerotinia sclerotiorum agente causal do mofo branco em soja, cultura de maior interesse agronômico. Os microrganismos também fixam nitrogênio. As bactérias do gênero Bradyrhizo- bium capturam nitrogênio da atmosfera e transforma em fertilizante para a planta. Alguns fungos e bactérias promovem a decomposição da matéria orgânica e liberação de nutrientes para o meio ambiente. Ainda tem os microrganismos que causam alteração nos produtos alimentícios. Fungos como Rhizopus stolonifer e Penicillium sp. Que causam podridão mole e consegui- mos visualizar um crescimento micelial sobre o alimento atacado. E o fungo Aspergillus sp. que é um agente produtor de micotoxinas, substâncias tóxicas para seres humanos, por esse motivo os grãos são desvalorizados. 18UNIDADE I Introdução à Microbiologia SAIBA MAIS Durante cem anos, os pesquisadores previram que as bactérias poderiam usar o man- ganês como fonte de energia para seu crescimento, mas nada foi encontrado. Até que dois microbiologistas ambientais da Caltech, Jared Leadbetter e Hang Yu, descobriram a primeira bactéria conhecida por usar o metal manganês para crescer. O principal autor, Professor Jared Leadbetter, pesquisador da Divisão de Ciências Geo- lógicas e Planetárias e da Divisão de Engenharia e Ciências Aplicadas da Caltech, dis- se: “São as primeiras bactérias a usar o manganês como fonte de energia. Um aspecto maravilhoso dos micróbios na natureza é que eles podem metabolizar materiais aparen- temente improváveis, como metais, gerando energia útil para a célula”. Os dois pesquisadores, examinaram a possibilidade de que microrganismos do ambien- te anteriormente não avaliados possam oxidar manganês para obter energia. Para essa descoberta, eles revestiram um frasco de vidro com uma pasta de carbonato de manga- nês (MnCO3) e após a pasta secar, adicionou água da torneira municipal de Pasadena, Califórnia, e deixaram incubado em temperatura ambiente. Depois de vários meses, o revestimento de carbonato de cor creme oxidou em um óxido de manganês escuro. A bactéria recém-descoberta, recebe o nome de Candidatus Manganitrophus nodulifor- mans, pertence ao filo Nitrospirae e está distantemente relacionada a espécies conheci- das dos gêneros Nitrospira e Leptospirillum. De acordo com os pesquisadores, esse achado expande a diversidade conhecida de meta- bolismos inorgânicos que suportam a vida e completam um ciclo de energia biogeoquímica para o manganês que pode fazer interface com outros grandes ciclos elementares globais. Fonte: H. Yu e J.R. Leadbetter. 2020. Quimiolitoautotrofia bacteriana via oxidação de manganês. Nature 583, 453-458; doi: 10.1038 / s41586-020-2468-5 19UNIDADE I Introdução à Microbiologia REFLITA “A microbiologia contribui para uma melhor compreensão do complexo mundo da vida que cobre a terra, sendo os microrganismos valorizados por seus produtos industriais, são temidos por causarem doenças, ou são ignorados por que não podem serem vistos, os microrganismos sempre estão conosco. E como se referenciava Louis Pasteur “O microrganismo terá a última palavra”. Fonte: Pelczar Jr, M.J. et al. Microbiologia – Conceitos e Aplicações. Vol. I. São Paulo: Makron Books Editora. 1996. 20UNIDADE I Introdução à Microbiologia CONSIDERAÇÕES FINAIS Estamos finalizando a primeira unidade do livro didático de microbiologia geral e bios- segurança. Assim torna-se importante salientar algumas discussões que foram propostas. Nossas discussões se iniciaram com o tópico ‘O que é a microbiologia e suas apli- cações’ e ao abordar esse tópico teve como objetivo apresentar conceitos e aplicações da microbiologia de que você aluno (a) necessita compreender no decorrer do curso. E ao se tratar desta abordagem inicia-se a discussão do próximo tópico da Uni- dade I, intitulado Histórico da microbiologia. Neste tópico procurei mostrar o surgimento da microbiologia como ciências, sendo necessário conhecer como ela chegou até onde estamos atualmente. Ainda dentro dos conceitos da microbiologia, foi trabalhado a Classificação dos seres vivos e a diferença das células procariótica e eucariótica que é essencial para pros- seguirmosno curso. Para finalizar esta unidade foram apresentados alguns exemplos de como micror- ganismos estão presentes no nosso dia a dia, participando de transformações de substância e produtos que contribuem para o meio ambiente e para o homem. Essa unidade tem o intuito de prepará- lo (a), caro aluno (a) para o assunto que será tratado nas próximas unidades. Passemos, então, à unidade II. 21UNIDADE I Introdução à Microbiologia LEITURA COMPLEMENTAR Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre os microrganismos no nosso cotidiano, leia as literaturas citadas abaixo intitulados: H. Yu e J.R. Leadbetter. 2020. Quimiolitoautotrofia bacteriana via oxidação de manganês. Nature 583, 453-458; doi: 10.1038 / s41586-020-2468-5. Canhos, V. P., & Manfio, G. P. (2001). Recursos microbiológicos para biotecnolo- gia. URL: http://www. mct. gov. br/Temas/biotec/Tendencias% 20_Vanderlei% 20Fina_. pdf. COLOMBO, G. D. S., MENDES, I., SOUTO, B. D. M., Parachin, N., de ALMEIDA, J. R. M., & Quirino, B. F. (2017). Descoberta de novos genes de xilose isomerase em rúmen de cabras brasileiras. In Embrapa Agroenergia-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: ENCONTRO DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA EMBRAPA AGROENERGIA, 4., 2017, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF: Embrapa, 2017.. Estas três literaturas apresentam como os microrganismos podem auxiliar nas mais diversas áreas de conhecimento. 22UNIDADE I Introdução à Microbiologia MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Microbiologia conceitos e aplicações. Autor: Pelczar Jr. E Michael Joseph. Editora: Pearson Books. Sinopse: Nesta obra os autores captaram o essencial da micro- biologia, destacando-a como uma combinação das ciências básica e aplicada. Por essa razão é interessante não só para estudantes de graduação em curso introdutório de microbiologia, mas também para alunos de outras áreas, como nutrição, enfermagem, agricul- tura, administração florestal e ciência animal. FILME/VÍDEO Título: Documentário: Introdução à Microbiologia Sinopse: Nesse antigo, porém didático documentário (Os micró- bios e o Homem), um passeio pelas descobertas que levaram ao surgimento da microbiologia. Disponível em: https://biologo.com.br/bio/introducao-a-microbiologia/ https://biologo.com.br/bio/introducao-a-microbiologia/ 23 Plano de Estudo: ● Obtenção de cultura pura e meios utilizados para o cultivo.; ● Microscopia e preparo dos microrganismos; ● Fundamentos de controle dos microrganismos; ● Controle físico e químico dos microrganismos. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer os diferentes meios de cultivo para obter uma cultura pura. ● Entender como funciona as principais partes do microscópio. ● Compreender a importância de realizar o controle dos microrganismos. UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos Professora Dra. Aline José Maia 24UNIDADE I Introdução à Microbiologia 24UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a), nesta segunda unidade do livro didático, será tratado a caracterização e controle dos microrganismos, que é um instrumento importante na com- preensão dos seres dentro da microbiologia. No primeiro tópico, será abordado a obtenção de cultura pura e os meios utilizados para o cultivo in vitro (cultivo em condições estéreis). Vamos conhecer as receitas e a elaboração dos diferentes meios de cultivo. No segundo tópico falaremos dos microscópios que auxiliam na visualização dos microrganismos e detalharemos as principais partes do microscópio de luz, sendo o mais utilizado nos laboratórios de ensino e pesquisa. E também será apresentado os diferentes modos de preparação para exame em microscopia luminosa. E nos tópicos seguintes trataremos sobre o Controle dos microrganismos, que depende do objetivo se é remover, inibir ou destruir os microrganismos em seu meio. E veremos que vários são os agentes físicos e químicos que podem ser utilizados para matar ou reduzir os microrganismos em níveis aceitáveis. Sabemos da diversidade que existe de microrganismos à nossa volta, mas procura- rei direcioná-lo a ser capaz de realizar o isolamento, a visualização e o controle dos micror- ganismos comumente manuseados em laboratório como por exemplo fungos e bactérias. É muito importante que você faça uma leitura bem apurada desta unidade, pois, ao aprender como se obtém microrganismos em cultura pura e como é feito seu controle poderá contribuir para pesquisa científica moderna. Vamos lá! 25UNIDADE I Introdução à Microbiologia 25UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos 1. OBTENÇÃO DE CULTURA PURA E MEIOS UTILIZADOS PARA O CULTIVO Ao finalizar a Unidade I de nosso livro didático, abordamos o que os microrganis- mos estão presentes no nosso dia a dia. E a pergunta que fica é: será que é possível obter o microrganismo em laboratório? Caro aluno (a), antes de iniciarmos a discussão de como obter cultura pura dos microrganismos, precisamos abordar itens que correspondem sobre as normas, regras que se seguidas ajudam a minimizar os riscos em um laboratório. Uma vez que para as técnicas para obter a cultura pura é totalmente laboratorial. Vamos lá! Primeiro vamos definir o que é biossegurança, são ações que previnem e contro- lam os riscos que estão presentes na atividade de pesquisa, que podem comprometer o homem, os animais e o meio ambiente. Os tipos de riscos encontrados no ambiente de trabalho podem ser: risco acidental, ergonômico, físico, químico e biológico. Os riscos acidentais são aqueles que afetam sua integridade moral física, por exem- plo, piso escorregadio, equipamentos sem proteção, probabilidade de explosão e incêndio. Os riscos ergonômicos são aqueles que trazem o desconforto prejudicando sua saúde, como por exemplo, trabalhos monótonos, ritmo acelerado de trabalho; os riscos físicos é quando o pesquisador fica exposto a vibrações, ruídos, radiação e materiais pontiagudos. Os riscos químicos são quando o pesquisador está sujeito a absorver pela pele ou ingestão de poeira, gases e vapores; os riscos biológicos é quando o pesquisador está exposto a bactérias, fungos, vírus e protozoários que têm persistência no meio de trabalho. 26UNIDADE I Introdução à Microbiologia 26UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos E levando em consideração a persistência e a proliferação dos microrganismos no ambiente de trabalho foi elaborado as classes de risco biológico, a classe I, a classe II, a clas- se II e a classe IV. Na classe I, encontram-se os microrganismos com pouca probabilidade de causar doenças em humanos e animais, como por exemplo os Lactobacillus. Na classe II estão presentes microrganismos que causam doenças, mas o controle é eficaz. Na classe III os microrganismos causam doenças e nem sempre o controle é eficaz, mas o microrganismo é pouco disseminado. Na classe IV os microrganismos causam doenças, o controle não é eficaz e tem elevada disseminação, por exemplo vírus Ebola (causador da febre amarela). E cada nível de risco deve seguir o grau de proteção que tem quatro níveis: Bios- segurança 1, Biossegurança 2, biossegurança 3 e biossegurança 4. A biossegurança nível 1 é o mais básico no qual deve –se ter os equipamentos de proteção e uma estrutura do ambiente de trabalho adequada. No nível de biossegurança 2 os trabalhos somente serão realizados na presença de um técnico. Os níveis de biossegurança 3 e 4 têm acesso restrito e é um sistema de segurança totalmente rigoroso. Então a finalidade da biossegurança é proteção do pesquisador e isso inclui equi- pamentos de segurança (equipamentos de proteção individual – luva, óculos e jalecos; proteção coletiva, barreiras de contenção; e boas práticas de laboratório), técnicas labo- ratoriais (treinamento), estrutura física (conhecer o que é feito em cada compartimento) e gestão administrativa (conhecer a organização das atividades, rotina e quais são os agentes biológicos que o laboratório trabalha,desenvolve a pesquisa). Agora que você, caro aluno (a), já conhece sobre os principais pontos de biosse- gurança, lembre-se que cada laboratório tem sua rotina, normas, regras a serem seguidas. No entanto, em qualquer laboratório você sempre deve entrar de jaleco, calças compridas e calçado fechado. Agora que você aluno (a), já sabe as normas básicas de um laboratório vamos discutir a respeito de como obter uma cultura pura. Primeiro vamos ver a definição de uma cultura pura. A cultura pura é quando se obtêm um microrganismo por meio de uma única célula que cresce e se multiplica no meio de cultura. A cultura pura possibilita o estudo das características morfológicas e fisiológicas dos microrganismos. Quando estamos cultivando os microrganismos empregamos meio de cultura que contém nutrientes e vitaminas necessários para o seu crescimento e reprodução. O for- necimento de nutrientes tem que atender às exigências das espécies a serem cultivadas promovendo o crescimento e ou esporulação satisfatória do microrganismo. A maior parte 27UNIDADE I Introdução à Microbiologia 27UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos dos microrganismos cultiváveis crescem em meio à cultura que contém uma fonte de car- bono e nitrogênio e em menor quantidade outros nutrientes como potássio, fósforo, enxofre, ferro e manganês. O carbono é um elemento de grande importância para o desenvolvimento de mi- crorganismos, seja no seu habitat ou em meio de cultivo. Ele é um elemento estrutural que é considerado a principal fonte de energia. O carbono é fornecido por meio de monossaca- rídeos como glicose, frutose e galactose. O nitrogênio é a parte essencial para a formação dos aminoácidos que compõem as proteínas e é fornecido de forma orgânica (asparagina, caseína e peptona) e de forma inorgânica (nitrato de sódio e nitrato de cálcio). Enquanto que o enxofre é utilizado na forma de sulfato para a biossíntese de aminoácidos como cisteínas e metionina. O enxofre na forma de sulfeto pode ser tóxico aos microrganismos. O fosfato é um componente da mem- brana e está presente na síntese dos ácidos nucleicos e ATP e é fornecido como fosfato de potássio. Os demais nutrientes são necessários em pequena quantidade e funcionam como cofatores. Entretanto, a composição do meio de cultivo depende do microrganismo que se deseja cultivar e do objeto de estudo. De modo geral quando trabalhamos com o cultivo de microrganismos caro aluno (a) saiba que o ambiente é asséptico, ou seja, ambiente livre de contaminação. E os meios de cultivo depois de preparados devem ser esterilizados, para garantir que estamos trabalhan- do somente com o microrganismo que pretendemos estudar. Agora sim, vamos falar da classificação dos meios de cultivo. Os meios de cultivo são classificados quanto: sua consistência; composição e seletividade. Quanto à consistência, o meio pode ser líquido ou sólido. O meio líquido contém todos os nutrientes necessários para o crescimento do microrganismo são dissolvidos em água. Uma vez preparado e esterilizado pode inserir o microrganismo que se pretende trabalhar em meio de cultivo. Este meio é utilizado quando se tem por objetivo obter maior massa em menor tempo, geralmente é utilizado para o crescimento de bactérias. Os meios sólidos são pre- parados a partir da adição de um agente solidificador, o AGAR na concentração de 1,5 a 2% p/v, antes de esterilização. Este tipo de meio é o mais utilizado para a obtenção de culturas puras para estudar as características morfológicas e para a estocagem de culturas puras. O meio de cultivo em relação a sua composição pode ser: Sintético, semi sintético e natural. 28UNIDADE I Introdução à Microbiologia 28UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos O meio sintético é quando sua composição química e concentrações são conheci- das. Um exemplo é o meio CZAPK (nitrato de sódio 2g L-1, sulfato de magnésio 0,5 2g L-1, cloreto de potássio 0,52g L-1, sulfato ferroso 0.01 2g L-1, difosfato de potássio 1,0 2g L-1, sacarose 30 2g L-1, e o pH final 7,2). O meio de cultivo semi sintético é a composição química é parcialmente conhecida de alguns componentes, por exemplo o meio de cultivo batata-ágar-dextrose. Sua compo- sição é 500 mL do caldo de batata (componentes desconhecidos), 20g dextrose e 20 g de ágar e completa para 1000 mL de água. Quando a composição do meio é desconhecida por completo, é denominado de meio de cultivo natural como por exemplo o meio cenoura-ágar, que é composto de 400 mL do extrato de cenoura, 20 g de ágar e completa para 1000 mL de água. O meio natural por apresentar baixo custo, acaba sendo o mais utilizado nos laboratórios de pesquisa. Os meios de cultivo podem apresentar se: seletivos, não seletivos e diferenciais. Os meios de cultivos seletivos são aqueles que você vai adicionar uma substância que favorece o desenvolvimento de um determinado organismo. Por exemplo adiciona cristal de violeta ao meio de cultivo favorecendo o desenvolvimento de bactérias Gram negativa. Os meios de cultivo que desenvolvem uma grande gama de microrganismos são denominados meios não seletivos. E os meios diferenciais, são meios que permitem, mediante a adição de reagentes, verificar o comportamento de dois ou mais microrganismos. Por exemplo quando adiciona ao meio de cultivo eosina e azul de metileno consegue ver a diferença de Escherichia coli de Enterobacter aerogenes. Caro aluno (a), quando for fazer o cultivo puro de bactérias e fungos, você precisa saber que as bactérias têm preferência a meios de cultivo próximo da neutralidade pH = 7 e ricos em proteínas, enquanto que, os fungos se desenvolvem melhor em meios de cultivo ligeiramente ácidos (pH = 5) e ricos em carboidratos. E para finalizar nosso tópico, vamos discutir a composição do meio de cultivo Ba- tata-agar-dextrose (BDA), que é considerado o meio universal pois suporta o crescimento de muitos organismos (fungos e bactérias) por isso é usado mundialmente como meio de rotina nos laboratórios para o isolamento (obtenção da cultura pura) e manutenção tempo- rária das culturas. A batata serve como importante fonte de Carboidrato, o amido é absorvido pelo microrganismo como glicose após a hidrólise enzimática. A dextrose na quantidade certa permite o crescimento do microrganismo pois é um monossacarídeo mais importante utili- zado como fonte de energia na respiração de procariotos e eucariotos. Como é preparado este meio, qual a receita do meio? O modo de preparo é simples. Primeiro passo é ferver 200g de batata em 500 mL de água por 30 minutos. Em seguida filtrar o caldo em gases. Fazer a fusão do ágar (20g) junto com a quantidade de dextrose (20g) em 500 mL de água. Em seguida adicione o caldo e complete o volume para 1000 mL de água. E o meio está pronto para ser esterilizado. Após ser este- rilizado pode ser vertido em placas de Petri, para ser feito o isolamento do microrganismo. 29UNIDADE I Introdução à Microbiologia 29UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos 2. MICROSCOPIA E PREPARO DOS MICRORGANISMOS Na unidade I, você aprendeu sobre a invenção do microscópio óptico que amplia a imagem de um pequeno objeto. Neste, segundo tópico da Unidade II, vamos apresentar a razão pela qual utilizamos a microscopia na microbiologia e também nas demais áreas de conhecimento. Em seguida vamos comentar sobre os princípios do funcionamento dos dois grandes grupos que será dividido em tipos de microscopia e por fim vamos detalhar a microscopia óptica que é o mais comumente utilizado nos laboratórios de ensino. Vamos começar a discussão se referindo quando queremos observar um microrga- nismo que tem a estrutura muito pequena e os nossos olhos têm dificuldade de reconhecer o microrganismo ou objetos menores que 1 milímetro (mm). Objetos que apresentam 100 micro- metros nossos olhos não conseguem distinguir, por isso, que precisamos da microscopia. Então, a microscopiaé uma técnica que permite a visualização de estruturas minúsculas que são invisíveis ao “olho nu”. Com o desenvolvimento da microscopia obvia- mente que teve um grande avanço em diversas áreas de conhecimento como na saúde, agricultura, entre outros. Caro aluno (a), agora você entende que existem organismos do qual nossos olhos não conseguem ver, observar. E que a microscopia é uma técnica muito importante como um todo. 30UNIDADE I Introdução à Microbiologia 30UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos Para que você entenda como os microscópios funcionam tem que entender os princípios de funcionamento de um microscópio. O microscópio tem a capacidade de aumentar a resolução das estruturas extrema- mente pequenas por meio de lentes especializadas que podem ser de vidro (microscopia óptica /luminosa) ou eletromagnética (microscopia eletrônica). Qual a diferença entre microscopia ótica e microscopia eletrônica? Então, aluno (a), elas diferem no princípio pelo qual a ampliação é produzida. Para ampliar um objeto, os microscópios ópticos modernos usam um sistema de lentes para di- recionar o caminho que um feixe de luz percorre até o objeto a ser estudado. O microscópio eletrônico utiliza um feixe de elétrons controlado por um campo magnético. Esses são os dois grupos no qual a microscopia se fundamenta para observar os diferentes grupos de microrganismos. E quando estudamos estes dois tipos de microscopia o princípio de funcionamento seria: Microscopia óptica: a luz é um tipo de onda que têm um comprimento. Esse compri- mento de onda é visível aos nossos olhos. Então conseguimos manipular essa luz, conden- sando ela a um ponto específico no qual ampliamos as dimensões. Então, temos um ponto muito pequeno e conseguimos condensar a luz neste ponto e emitir ela novamente fazendo com que ela seja capturada através de um objetiva para daí passar por um conjunto de lentes que vem até nossos olhos. Entretanto, a microscopia óptica tem um limite de resolução. E o que significa reso- lução? A resolução, caro aluno (a), é a capacidade de distinguir dois pontos distintos. Então quanto maior a capacidade de distinguir os dois pontos, maior é a resolução. E existe uma resolução máxima para a microscopia ótica. Quando queremos estudar as estruturas com maior detalhamento, que não são capazes de serem visualizadas no microscópio óptico, utilizamos o microscópio eletrônico, que utiliza feixes de elétrons para visualizar a amostra. Seu modelo de funcionamento é a passagem de feixes de elétrons por um percur- so no qual as lentes eletromagnéticas permitem que o feixe de elétrons seja direcionado à amostra. Aqui na microscopia eletrônica temos lentes e condensadores eletromagnéticos. Na microscopia de luz temos lentes de vidro que desviam o caminho da luz. No caso do microscópio eletrônico o feixe de elétrons incide na amostra, obtendo-se um perfil de imagem do produto que vamos visualizar. Nossos olhos não enxergam elétrons, tem um detector de elétrons para observar a imagem. 31UNIDADE I Introdução à Microbiologia 31UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos Caro aluno (a) este é basicamente o perfil de funcionamento dos microscópios óticos e eletrônicos. Agora vamos comentar os tipos de microscopia. Vários são os tipos de microscopia que permite avaliar diferentes estruturas dos produtos que queremos observar. Cada uma tem a sua vantagem e desvantagens. Na microscopia ótica temos alguns tipos que é bastante utilizada: Microscopia óptica composta (é a mais utilizada), microscopia de campo escuro; microscópio contraste de fase, microscopia de fluorescência e microscopia confocal. A microscopia óptica composta é possível observar os microrganismos com o em- prego de corantes, ou seja, os microrganismos são tingidos para serem observados em mi- croscópio. A maior parte dos corantes pode paralisar ou até mesmo matar o microrganismo. Outro tipo de microscopia utilizada para visualizar microrganismos transparentes que aparecem brilhantes ou iluminados sobre um campo escuro é a Microscopia de campo escuro, que é aplicada para microrganismos que exibem características morfológicas es- pecíficas quando vivos. Na microscopia de fluorescência o microrganismo é corado com uma substância fluorescente. E a microscopia confocal permite maior contraste entre materiais de espes- sura ou densidade diferentes. Aqui a luz incide em várias direções em diferentes partes do material analisado. E essa é a vantagem pois aumenta a capacidade de mostrar a estrutura celular sem utilizar corantes. E também tem a microscopia eletrônica, que existe vários tipos: transmissão, varredura, tunelamento e força atômica. A microscopia eletrônica de transmissão e varre- dura, oferecem imagens que dão aspecto físico dos microrganismos, como por exemplo a aderência de uma célula bacteriana a um objeto. A microscopia eletrônica de tunelamento como se a superfície a ser analisada fosse rastreada com uma agulha sobre um disco e entre o espaço da agulho com o disco ficam os elétrons localizando um átomo individual sobre a superfície. Enquanto, que a microscopia de força atômica aplica uma força entre a agulha e a superfície. Então, agora que definimos os vários tipos de microscopia, vamos detalhar um pouco mais a microscopia óptica simples. Para isso, caro aluno (a), vamos falar o que é o microscópio ótico composto, os principais componentes, também vamos ver como é o cálculo da resolução e pôr fim a mensuração da potência das lentes. O microscópio óptico composto é utilizado para visualizar estruturas celulares por intermédio da ampliação da luz refletida pela amostra em análise. Esse microscópio é utili- zado em laboratórios de microbiologia, para analisar as amostras. 32UNIDADE I Introdução à Microbiologia 32UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos E como a maioria das amostras tem em torno de 1 a 100 micrômetros dá para utilizar o microscópio ótico para visualizar muito bem as estruturas da amostra, não com tantos detalhes igual o microscópio eletrônico, mais conseguimos obter vários detalhes importantes para diagnosticar fungos, bactérias, protozoários e outros tipos de células. E quando falamos de composição estrutural do microscópio ótico vemos que os principais componentes deste microscópio são: Iluminador, fonte de luz que vai iluminar a amostra; Condensador, que condensa a luz em um ponto específico na amostra para que possamos avaliar; Lentes objetivas, que vão ampliar a imagem; e também as lentes oculares (Figura 1), que vão fornecer uma potência maior para visualizarmos a imagem, ou seja, imagem refletida para os nossos olhos, é observada pelas lentes oculares. FIGURA 1: PRINCIPAIS PARTES DO MICROSCÓPIO ÓTICO Fonte: A autora. Estas são as principais partes do microscópio, claro que existem outras partes que vamos citá-las logo mais. Caro aluno (a), quando você for observar uma amostra qual o primeiro passo a ser feito? Então, primeiro de tudo, quando você for observar uma amostra, ela deve ser colocada na interface do condensador e da lente objetiva. Cada parte do microscópio tem uma razão, na porção biocular, temos as lentes oculares, onde a luz será projetada para nossos olhos. As lentes objetivas na verdade é um conjunto de lentes que confere diferentes graus de resolução para a amostra a ser analisada. O condensador, tem um conjunto de lentes que vão focalizar a luz na amostra e o iluminador é que imite a luz e esta luz pode ser controlada pelo botão denominado de ajustador de luz, ou seja você consegue aumentar e diminuir a intensidade de luz que vai até a amostra. 33UNIDADE I Introdução à Microbiologia 33UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos Essa quantidade de luz depende da amostra a ser analisada. Outros componentes importantes são os parafusos macrométrico e micrométrico. O parafuso micrométrico fazajuste fino da amostra, o macrométrico faz o ajuste grosseiro da amostra. Primeiro faz o ajuste com o macrométrico e depois somente o micrométrico. E obviamente a luz vai fazer todo um trajeto, ela passa pelo corpo do microscópio para chegar nas lentes oculares, na qual observa a amostra a ser analisada. Quando fala- mos da luz que incide a amostra e as lentes objetivas tem que capturar essa luz para emitir ela até as lentes oculares para chegar nos nossos olhos. Então veja, caro aluno (a) que a luz tem um trajeto especial no microscópio ótico. O trajeto se dá da seguinte maneira: primeiro a luz sai do iluminador, que gera luz, esta luz vai percorrer por duas lentes condensadoras aí ela vai focalizar exatamente a amostra, focalizando a amostras as lentes objetivas vão capturar a luz e transmitir a luz até um prisma. Este prisma reflete a luz e faz com que essa luz refletida seja desviada até as lentes oculares, onde vamos enxergar a amostra. Caro aluno (a), veja que temos lentes que vão ampliar a imagem, ampliar a visualização, ampliar a resolução da nossa amostra. Assim temos a capacidade de enxergar estruturas com mais detalhes se compararmos com o que podemos ver a amostra a olho nu. E podemos ter algumas imagens que podemos observar no microscópio ótico, imagens de bactérias, fungos (Fgura 2) e protozoários. FIGURA 2: ESTRUTURAS DE FUNGOS, FILAMENTOS E ESPOROS Fonte: A autora. Estruturas estas que não conseguimos enxergar a olho nu, mas quando utilizamos o microscópio óptico podemos observá-las. Os fungos conseguem visualizar filamentos e esporos. As bactérias conseguem enxergar que são cocos. 34UNIDADE I Introdução à Microbiologia 34UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos Veja, caro aluno (a), temos um momento de detalhamento, e a resolução da ima- gem utilizando o microscópio óptico. E nestas duas imagens podemos observar o uso de corantes. Sabe por quê? É comum utilizar corantes para visualizar no microscópio óptico devido ao baixo con- traste das amostras não coradas. As amostras que são submetidas a visualização do micros- cópio óptico são muito delgadas (finas), por isso o contraste que elas oferecem é muito baixo. Alguns microscópios permitem a visualização sem corante, mas quando as amos- tras realmente são delgadas é importante corar as amostras para aumentar o seu contraste, para poder visualizar suas estruturas e identificar as amostras em análise. Agora falando especificamente da resolução e detalhamento da imagem. Vamos começar como a seguinte pergunta: O que significa resolução? A resolução é a capacidade de diferenciar dois pontos que apresentam uma distân- cia específica. Para melhor entender, vamos dar um exemplo de dois pontos. Esses dois pontos têm uma distância de 2 micrômetros entre eles. Daí nós queremos avaliar os dois pontos no microscópio óptico com diferente capacidade de resolução. Se formos avaliar esses dois pontos em um microscópio óptico com resolução de 1 micrômetro a gente consegue distinguir perfeitamente entre si os dois pontos com uma distância de 1 micrômetro. Se olharmos conseguimos distinguir os dois pontos e eles estão separados, porque a resolução do microscópio é menor que a distância entre os dois pontos. E mesmo se os pontos estivessem a 1 micrômetro de distância entre eles, também enxergávamos os pontos separados. Agora se utilizarmos um microscópio que tem uma resolução máxima de 4 micrô- metros e observarmos estes dois pontos, neste microscópio não iremos enxergar os dois pontos e sim um único ponto, pois a distância entre os dois pontos é de dois micrometros e esse microscópio não distingue os dois pontos que possuem distância menor que 4 mi- crômetros. Isso é muito importante quando utilizamos microscópio ótico. Caro aluno (a), observe que quanto maior for a resolução melhor é a capacidade de distinguir os detalhes da imagem. E existe uma maneira de calcular essa resolução. O cálculo para resolução segue a seguinte fórmula: 35UNIDADE I Introdução à Microbiologia 35UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos R = (0,61 x λ)/ (Ƞ x sen α) Cada ponto deste significa: R = resolução 0,61 = constante Λ = Letra grega, comprimento de onda da luz, usa-se 0,5 micrometros (varia entre 0,4 a 0,7 micrômetros) Ƞ = índice de refração (ar = 1 e o óleo de imersão 1,4). Esse índice de refração é que a luz vai sofrer quando passa pela amostra. Se usarmos óleo de imersão para visualizar a amostra o valor de refração é de 1,4. sen α = é o seno do ângulo do cone de luz (90˚= 1), que é formado no momento que incide a amostra. Normalmente utiliza-se uma lente objetiva em relação a amostra de um ângulo de 90 ˚, se fizermos o cálculo do seno de 90˚ veremos que é igual a 1. Agora podemos substituir os valores e chegaremos no valor da resolução máxima do microscópio ótico que é 0,22 micrômetros. Isso significa que partículas menores não se distinguem uma das outras. E também não quer dizer que não podemos utilizar resoluções maiores. Em alguns casos não é necessário usar uma resolução maior pois para isso temos a potência das lentes. A potência das lentes que são utilizadas no microscópio ótico pode ser mensurada pela seguinte fórmula: Pt = PLo x Piob Pt = potência total Plo = potência da lente ocular (10x) Geralmente essa potência já vem fixada. Ela consegue ampliar 10 x o tamanho da amostra. Piob = potência da lente objetiva, que pode ser diferente (4x; 10x; 40x; 100x), representado na figura 3. 36UNIDADE I Introdução à Microbiologia 36UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos FIGURA 3: LENTES OBJETIVAS DO MICROSCÓPIO ÓTICO Fonte: Schwan-Estrada et al. 2020. Então, caro aluno (a), se queremos observar uma amostra com maior detalhe, nos variamos as lentes objetivas na qual estamos fazendo a leitura da amostra. Se quiser mais detalhes utilizamos a lente de maior potência. Na maioria das vezes utiliza-se as lentes de potência de 10 e 40x. A lente de 4x tem uma análise superficial da amostra, que confere informações importantes. No caso de lente de 100x é necessário utilizar o óleo de imersão para visua- lizar a amostra, pois quando a luz incide na lente de 100x muitas vezes a luz transmitida é dispersa para o ambiente devido o índice de refração do ar. E para esse índice de refração da luz utiliza-se o óleo de imersão que acaba sendo a única maneira de observar a amostra ampliada na lente de 100x. Agora que já conhecemos as principais partes e princípios do microscópio óptica vamos deixar aqui alguns procedimentos que você aluno deve fazer ao observar correta- mente uma amostra. 2.1 Procedimento correto para focalização Primeiro você deve acender a luz do microscópio. Depois verifique a posição da alavanca quando está travada e destravada. Em seguida, gire o revólver, encaixando a objetiva de menor aumento (4X). Coloque a lâmina na platina, segurando-a com a mão direita e abrindo a presilha com a mão esquerda. Não toque no corpo da lâmina; segure-a como se segura um negativo fotográfico. Solte a presilha e verifique se a lâmina está bem encaixada. Verifique sempre se a lâmina está voltada para cima. Centralize o material no orifício da platina, utilizando os parafusos 37UNIDADE I Introdução à Microbiologia 37UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos da Charriot. Na sequência, levante a mesa (ou platina), movimentando o parafuso macro- métrico, até o ponto máximo. Quando chegar ao final, não force o parafuso, pois danifica as roscas do mesmo. Verifique se o diafragma está aberto, olhando lateralmente (se não tiver, abra-o movimentando a alavanca correspondente); o condensador deve ser mantido em sua po- sição mais alta. Agora, olhando através da ocular, com os dois olhos abertos e utilizando o parafuso macrométrico, desça lentamente a mesa até que o material a ser observado seja visto. Corrija a focalização utilizandoo parafuso micrométrico. Após percorrer o campo, passe para objetiva de aumento médio (10X) e corrija a focalização utilizando o parafuso micrométrico. Observe o campo atentamente procurando percorrê-lo totalmente utilizando os parafusos da Charriot. Feito isso, passe para objetiva de 40X. Verifique se a focalização modifica, se você abrir ou fechar o diafragma. A atividade ao microscópio é estritamente dinâmica. A postura correta, além dos dois olhos abertos, inclui o fato de a mão direita ficar nos parafusos do “Charriot”, e a mão esquerda do parafuso micrométrico. Assim você poderá percorrer e estudar o campo todo da preparação. Terminando a observação, encaixe a objetiva de menor aumento, abaixe a mesa (ou platina) com o auxílio do macrométrico, desligue a luz e retire a lâmina. 2.2 Preparações microscópicas Para visualizar a maioria dos microrganismos, é necessário prepará-los para que possam ser observados ao microscópio. O preparo deve ser de acordo com o interesse de observação: se for para visualizar os caracteres morfológicos, certos detalhes de estrutura celular, alguma função fisiológica na célula, são várias as técnicas que são utilizadas para a observação de microrganismos. Estas preparações podem ser simples (sem coloração) e trabalhosas (fixadas e coradas. As preparações simples são: sem coloração e com coloração. As preparações sem coloração são: Lâminas e Lamínulas e microcultivo. As preparações com lâminas e lamínulas consiste em uma lâmina limpa, colocar uma gota do material a ser observado e cobrir com lamínula. Se o material ainda não estiver em suspensão, colocar primeiro uma gota de água e, em seguida, com a alça de repicagem, colocar uma pequena quantidade do material e cobrir com lamínula. O Microcultivo é um microrganismo que é cultivado em um pequeno pedaço de meio de cultura colocado em uma lâmina limpa e coberto com lamínula. O conjunto (lâmina + BDA com microrganismo + lamínula) é, então, depositado em câmara úmida e incubado por, aproximadamente, 7 dias. 38UNIDADE I Introdução à Microbiologia 38UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos As preparações com coloração podem facilitar a observação tornando a célula mais visível. Em preparações a fresco entre lâminas e lamínulas, geralmente são utiliza- dos corantes vitais que não comprometem a vitalidade das células, sendo destituídos de ação tóxica. Utilizado principalmente para observação de estruturas fúngicas. As prepa- rações fixadas e coradas são preparações utilizadas na verificação das características morfológicas das bactérias. As etapas essenciais nesta preparação são: preparo do esfregaço: com a alça de platina, coletar uma amostra da suspensão bacteriana e esfregá-lo (espalhar) no centro de uma lâmina limpa e flambada; a fixação: após o esfregaço, a fixação é feita passando a lâmina três vezes diretamente sobre a chama do bico de Bunsen; e a coloração: a co- loração pode ser simples (direta ou indireta) ou diferencial. Contudo a coloração simples direta, o esfregaço fixado e corado utilizando-se apenas um tipo de corante (cristal violeta ou fucsina). Neste tipo de coloração a bactéria adquire a cor do corante e contrasta com o fundo claro (transparente) da lâmina. A coloração simples indireta: é também denominada de co- loração negativa; o esfregaço fixado é coberto com uma fina camada de tinta da China ou nanquim. Nesta coloração a bactéria permanece incolor e contrasta com o fundo escuro da lâmina. E a coloração diferencial é realizada com a aplicação de mais de uma solução corante. Ex: coloração de Gram; coloração de esporos bacterianos; coloração de flagelos, etc. 39UNIDADE I Introdução à Microbiologia 39UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos 3. FUNDAMENTOS DE CONTROLE DOS MICRORGANISMOS Caro aluno (a), quando estamos trabalhando com o manuseio de microrganismos, seja em um laboratório, um hospital, uma indústria dependemos de conhecer de como controlar os microrganismos no ambiente onde se encontram. Vários são os métodos que podem manter os microrganismos em uma população estável e a melhor a ser escolhida depende do que você quer destruir. Então neste tópico vamos discutir como iniciou o controle dos microrganismos, algumas determinações de uso corrente, as condições que podem influenciar na morte e o padrão de morte dos microrganismos. Vamos iniciar! O conceito de microbiologia é relativamente novo, no entanto o controle dos mi- crorganismos já era realizado a centenas de anos atrás. O cozimento dos alimentos é um dos métodos de preservação dos alimentos mais antigo e que é empregado até hoje com algumas modificações. Durante a quebra da teoria da geração espontânea, os cientistas da época compro- varam que a fervura poderia matar muitos microrganismos, embora bactérias esporulantes pudessem sobreviver devido à sua resistência ao calor. Os cientistas descobriram que os microrganismos poderiam ser mortos quando expostos a várias substâncias químicas ou de serem removidos do ar ou de um líquido utilizando filtros especiais. 40UNIDADE I Introdução à Microbiologia 40UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos Todas essas descobertas foram aplicadas na produção industrial de vinhos, cer- vejas, e produtos alimentícios. Para o controle de fermentação, deterioração de alimentos foram utilizados filtros de algodão e elevadas temperaturas. No século XIX, estes mesmos conceitos foram aplicados em hospitais, onde alguns médicos defendem as técnicas de limpeza, esterilização dos equipamentos cirúrgicos, entre outros. As substâncias antimicrobianas, são aquelas que matam ou inibem o crescimento dos microrganismos. Dependendo do microorganismo afetado se tornam específicos como: antibacterianos, antifúngicos, antiprotozoarios e antiviral. Os agentes antimicrobianos que matam os microrganismos são denominados de microbicidas. As denominações bactericidas e fungicidas indicam o tipo de microrganismo des- truído. E quando ocorre a destruição de todos os microrganismos presentes em um material é denominado de esterilização. No entanto tem os agentes que inibem o desenvolvimento do microrganismo, que são chamados microbiostáticos, e claro que muitas definições po- dem surgir sendo os mais utilizados fungistático e bacteriostático. Os agentes microbianos podem ser agentes físicos e químicos, que serão discutidos no próximo tópico. Neste tópico vamos discutir aspectos fundamentais que se aplicam às duas classes de agentes de controle incluindo: o padrão de morte da população microbiana, as condições que influenciam a eficácia de uma agente de controle e a forma pela qual as células microbianas podem ser lesionadas. Na microbiologia, o critério de morte do microrganismo é a sua capacidade de reproduzir, ou seja, o termo morte é definido como a perda de capacidade de reprodu- ção. Quando avaliamos a eficácia de um agente físico ou químico em uma determinada amostra contamos o número de microrganismos que sobrevivem e a capacidade destes em se multiplicarem. Os microrganismos não são mortos instantaneamente ao contato com os agentes. O tempo que leva para a morte depende do tamanho da população microbiana. Os micror- ganismos morrem em uma relação constante, em um dado período de tempo. (Morte exponencial), como apresentado na tabela 1, a qual, mostra que a taxa de morte é normalmente constante, ou seja, a cada 1 minuto- 90% da população microbiana morre. 41UNIDADE I Introdução à Microbiologia 41UNIDADE II Caracterização e Controle dos Microrganismos TABELA 1: PADRÃO CARACTERÍSTICO DE MORTE DOS MICRORGANISMOS LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O TEMPO, CÉLULAS MORTAS E AS CÉLULAS QUE SOBREVIVEM Tempo (min) Células mortas Sobreviventes 0 0 1.000.000 1 900.000 100.000 2 90.000 10.000 3 9.000 1.000 4 900 100 5 90 10 6 9 0 Fonte: Adaptado de Pelczar Jr, M.J. et al. (1996). À medida que o tempo vai passando o número
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